Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

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quinta-feira, 26 de julho de 2012

O verão de Nova York, parte II (Nets)

Essa quase foi a grande estrela do Brooklyn Nets


Ontem começamos a falar dos times de Nova York, com o Knicks. Hoje, continuamos falando do outro time de NY, o recém-mudado Brooklyn Nets.

Pra quem não lembra, o Nets amargou em 2010 uma das piores temporadas da história da NBA. O time (que nem era tão ruim assim!) ganhou apenas 12 jogos, teve de longe a pior campanha da Liga e por boa parte do ano correu o risco de bater o recorde de pior campanha da história da NBA, recorde do Philadelphia 76ers de 1973 (9-73) antes de engrenar uma boa sequência no final e deixar essa honra duvidosa para trás. No final do ano, pra piorar, ficou apenas com a terceira escolha do Draft de 2011 (Derrick Favors), vendo o Wizards sair com o grande prêmio daquele Draft (John Wall, 1st Overall).

Na temporada seguinte, o Nets fez de tudo pra se distanciar dessa temporada historicamente ruim. Novos uniformes, novas cores, estádio novo, um novo logo, e até um novo dono, o bilionário russo Mikhael Prohorov. E Prokhorov, quando assumiu o controle do time, anunciou seus planos de mudar a Franquia de New Jersey para o Brooklyn, onde estava sendo construída uma nova arena. A mudança supostamente ocorreria em 2012, ao final da temporada.

Claro, um bom plano: NY é um mercado maior, muito mais atenção da mídia e muito mais atraente para jogadores do que a fraca New Jersey (onde o time colecionou fracasso atrás de fracasso ao longo dos anos, vale lembrar). Era um local para o time se distanciar de seu passado, construir uma base de fãs numa das cidades mais obcecadas por esportes dos EUA, e aproveitar da visibilidade e do dinheiro que a cidade trazia pro time pra montar times competitivos.  Esse plano só tinha um problema: O Nets não podia fazer sua grande mudança rumo (ou pelo menos o que eles esperavam que fosse) a um novo futuro mais promissor na sua nova cidade com um elenco cujas estrelas eram Devin Harris, Brook Lopez e o pirralho extremamente cru Derrick Favors sem passar vergonha. Se você vai mudar para uma cidade que já tem um time de basquete, e pior, se esse é um dos times mais tradicionais e com a torcida mais fanática da NBA, você precisa ter um time que gere interesse, que seja competitivo e que atraia torcedores, senão iria virar o Clippers de New York. E Harris-Lopez-Favors definitivamente não é um núcleo interessante ou competitivo.

Por esse motivo, em 2011, o Nets aproveitou a moda lançada em 2010 de “Estrelas saindo dos times de mercado pequeno” para sair à caça de pelo menos uma grande estrela para tornar sua mudança para o Brooklyn mais interessante e atraente para os fãs. E a principal superestrela cujo contrato terminava no final do ano, não demonstrava interesse em reassinar o contrato com seu time de mercado pequeno e que estava forçando uma troca pro time não perder seu jogador de graça era o Carmelo Anthony, que fez um dos maiores corpo moles da NBA no Nuggets pra forçar essa troca (o famoso “Não é que eu não jogue sério, eu só não estou nem um pouco envolvido no que estou fazendo” que o Dwight Howard aperfeiçoou ano passado).  O Nets juntou os ativos que tinha - uma escolha de Draft (que com certeza seria alta) junto com Derrick Favors (cru mas com muito potencial) e Devin Harris - e ofereceu ao Nuggets pelo Melo, com o argumento de “Se não aceitar nossa troca, ele vai sair de qualquer jeito no final do ano e vocês não vão receber nada por ele” para conseguir a estrela que faria a mudança do time mais… Marketable.

Mas todo mundo sabe o que aconteceu: O Knicks atravessou o negócio e ficou com Melo em troca de Danilo Gallinari, Wilson Chandler, Ray Felton, Timofey Mozgov e uma escolha de Draft (com a promessa de que assinaria uma extensão contratual por lá), enquanto o Nets de novo se viu diante da possibilidade real de se mudar para o Brooklyn sem um bom time ou uma estrela. Mas ai o Nets juntou seu pacote anterior e ofereceu ao Jazz por Deron Williams, o excelente armador que ainda tinha mais um ano no contrato pra gastar, mas que tinha causado problemas o suficientes por lá pro Jazz não esperar pra trocar o jogador antes que ele saisse de Free Agent (reinventando o time do Jazz com a troca). O problema era que Deron também não tinha se comprometido a assinar uma extensão contractual com o Nets, virando Free Agent no final da temporada 2012, quando o Nets estaria se mudando para sua nova casa. O desafio do Nets, portanto, era simples: Eles tinham que construir um time bom o suficiente pra convencer o Deron Williams a ficar com eles quando acabasse seu contrato, ou então ficariam sem a estrela e sem os ativos que mandaram para o Jazz.

Em 2011/12, o Nets tentou duas abordagens que ninguém aguenta mais ouvir: Trocar por Dwight Howard (o pu-pu-platter de Brook Lopez, Marshon Brooks, escolhas de Draft e contratos expirantes), ou então limpar espaço salarial o suficiente pra assinar Dwight com um Free Agent ao final da temporada junto com Deron, já que o pivô tinha a opção de terminar seu contrato mais cedo. A segunda foi pro saco quando Dwight, cedendo à pressão dos torcedores, decidiu não terminar seu contrato mais cedo, deixando assim Deron Williams como o unico Free Agent de nome no final da temporada. Em pânico, o Nets trocou sua escolha de primeira rodada – protegida Top3 – por dois meses do Gerald Wallace, cujo contrato também acabava no final do ano. Eu não vou nem entrar nos méritos da estupidez dessa troca, uma escolha destinada a ser alta num Draft profundo por um jogador que poderia dar o fora em três meses, mas o fato é que o Nets terminou a temporada, a sua escolha de Draft (6th) foi pro Blazers, e o Nets viu Deron Williams, Wallace e Kris Humphries saindo da equipe como Free Agents. E pra piorar, o Magic não só não parecia disposto a aceitar a troca por Dwight Howard (não que eu possa culpá-los, o melhor jogador que receberiam era Brook Lopez, um pivô que não defende, pega 4 rebotes por jogo – o que Dwight pega em um quarto – não toma uma boa decisão em quadra e que teria que receber uma extensão maxima para fazer a troca funcionar) como mais times – Lakers, Rockets, Hawks – entraram na briga pelo pivô do Magic.

E ai o Nets reassinou com Wallace por 4 anos, 40 milhōes (Um absurdo! Não os 10M por ano, e sim os 4 anos – Crash tem 30 anos, um estilo que machuca demais e raramente fica saudável, qual a chance dele ainda estar jogando bem daqui a dois anos?) e fez a seguinde troca: Adquiriu Joe Johnson em troca de uma montanha de contratos expirantes e role players pouco importantes (Jordan Farmar, Johan Petro, Jordan Williams, DeShawn Stevenson, Anthony Morrow e uma escolha de primeira rodada protegida do Rockets) junto ao Hawks. E quer saber? Foi a melhor coisa que o Nets poderia ter feito.

Eu explico. O Joe Johnson é de longe o jogador mais overpaid da NBA inteira, mas pro Nets isso não é bem problema pra um time cujo dono é a versão russa do Mark Cuban. E apesar de não valer metade do que ganha, o Joe Johnson ainda é um All Star, um dos SGs mais confiáveis da Liga, um excelente arremessador, capaz de criar o próprio arremesso e que ainda é capaz de armar o jogo. O Nets mandou um monte de role players inúteis, e matou seu teto salarial, mas sabia exatamente o que adquiria: O SG mais confiável da Liga depois de Kobe e Dwyane Wade e que complementa muito bem o Deron Williams.

Talvez o mais importante aqui seja o seguinte: O Nets era uma droga, e o Nets não ia conseguir trocar por Dwight Howard – O Magic definitivamente não queria pagar um contrato máximo do Brook Lopez, tinha opçōes mais interessantes, provavelmente iria preferir segurar o pivô até aparecer algo melhor, um tempo que o Nets não tinha. E se o Nets não se mexesse, Deron Williams ia concluir que o time era ruim e que não valia a pena ficar por lá, e se mandar pra Dallas (Onde jogaria com Dirk Nowitzki, e onde ele cresceu). O Nets precisava se mexer pra adicionar mais peças pro seu time, a única disponível era JJ, e o time não pensou duas vezes antes de puxar o gatilho pra trazer JJ pro Brooklyn. Joe Johnson é overpaid? Sem dúvida. Mas a troca foi necessária. Sem ela, o Nets não traria Dwight e ainda perderia Deron (que admitiu que só voltou pro Nets por causa da troca por Joe Johnson). Ao invés disso, manteve sua estrela e a trouxe um All Star, um dos melhores SGs da NBA, pra jogar junto dela.

O “problema” era que essa troca tornava quase impossível trazer Dwight Howard por causa de restriçōes salariais. Teria que ser um sign and trade máximo pelo Lopez (e o próprio Brook admitiu que talvez não assinasse se fosse para ser trocado pro Magic) e teria que envolver mais QUATRO sign and trades diferentes nessa troca, extremamente improvável (e mesmo se conseguisse, o Magic mesmo assim provavelmente não trocaria). Então o Nets, sabendo que estava fora da briga por Dwight, reassinou Kris Humphries por um assalto de 2 anos, 28M e deu – adivinhe! – um contrato máximo pro Brook Lopez.

O time do Nets para 2012/13? Deron, JJ, Wallace, Humphries, Lopez. É um puta time? Definitivamente não, vai ter problemas defensivos demais, por exemplo, e vai apanhar de times mais atléticos. Ele também está alto demais no teto salarial (salario anual de cada titular: 18M, 22M, 10M, 14M, 16M. YIEEEKES!!!) e isso provavelmenta vai tirar um pouco da flexibilidade do time para se reforçar nos próximos anos. Mas ele cumpre o que o Nets tinha como o objetivo – montar um time decente e com uma superestrela para sua mudança para o Brooklyn. Se o time quisesse Dwight Howard, teria que esperar o final do ano que vem para assiná-lo como Free Agent… Mas isso significaria perder Deron e ir pro Brooklyn com Brook Lopez e Gerald Wallace de grandes estrelas. O time optou por agir antes com JJ, perdeu a chance de trazer Dwight, mas pelo menos agora o Brooklyn tem um time que deve ir aos playoffs e atrair algum interesse na sua nova casa. E quer saber? O Nets fez a coisa certa, dadas as circunstâncias. Dinheiro não é problema, Prokhorov paga as multas numa boa, e faz muito mais sentido apostar no garantido – Johnson – do que esperar por um Dwight que pode nunca acontecer. O essencial para o Nets era garantir uma estrela, e o time garantiu Deron. Tem um bom time titular (o banco é fraco, mas enfim), deve atrair interesse em sua nova casa, ir aos playoffs e pelo menos ser algo que o time não foi nos últimos oito anos: Um time de basquete de verdade.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A troca com três vencedores

Sloan e Williams combinam uma briga pra ambos darem o fora de Utah

Para quem não sabe, hoje é a Trade Deadline da NBA, ou seja, a data limite para que os times possam trocar jogadores e escolhas do draft entre si. Os times ainda têm algumas horas pra terminar suas trocas antes que o mercado se feche e só abra novamente ao fim da temporada, e geralmente é perto dessa data (ou nela) que acontece o maior número de trocas dentro da própria temporada, sem contar a offseason. A troca mais esperada e que causou maior rebuliço a gente já comentou ontem, foi a ida do Carmelo Anthony pro Knicks, Carmelo que aliás estreou fazendo 27 pontos e pegando 10 rebotes contra o Bucks. Bom? Sim, ótimo, mas o Knicks conseguiu tomar 108 pontos desse mesmo Bucks, o que mostra que a idéia do Knicks é realmente atacar muito e não defender ninguém, aposto que o Bucks só não fez mais porque os jogadores estavam num dia ruim, eles tem o ataque mais triste da Liga. Mas acontece que ontem o Nets também fez uma troca megalômana e conseguiu trazer uma estrela: Deron Williams.

A primeira reação de muita gente deve ter sido "Cacete, mais uma grande estrela mudando de time, ta na moda!", e a segunda talvez seja algo como 'Cadê o amor à camisa, a identificação com a franquia que draftou e onde o jogador cresceu??'. Mas a verdade é que existe uma diferença fundamental nessa troca em relação à do Carmelo Anthony: Williams não queria ser trocado. Ele gosta do Jazz, gosta de morar em Salt Lake City, e sempre deixou claro que o time era sua prioridade. Queria ir longe, ser campeão com o Jazz. Ele não fez lobby pra ser trocado, e mesmo seu contrato acabando no final da próxima temporada, ele não declarou sua intenção de sair do time explicitamente. Mas ele é uma estrela, é um grande jogador e é muito competitivo, quer ser campeão, como todo mundo quer. E ele sempre cobrou isso do time de Utah, queria um elenco que fosse capaz de chegar longe, ir para as Finais, ganhar um troféu. E isso sempre foi uma causa de enorme descontentamento por parte do Deron, porque o Jazz nunca conseguiu isso e nem tentou, pra ser sincero. O Jazz é um time que vive preocupado com dinheiro, e que não sente vergonha em mandar jogadores embora apenas para economizar o salário. Foi o que o time fez com o Ronnie Brewer, que foi mandado pro Grizzlies e que gerou muita revolta no Deron, que até comentou que 'Os outros times fazem trocas pra ficarem melhores, só o nosso faz trocas pra ficar pior'. O Jazz também mandou o Eric Maynor, PG calouro e muito promissor, a preço de banana para o Thunder, novamente para economizar. Também não igualou a proposta do Blazers pelo Wesley Matthews. Tudo bem, a proposta era enorme e absurda até, mas o Matthews ta fazendo muita falta por lá e ta destruindo tudo e todos em Portland. Ou seja, o Jazz é uma franquia que não está disposta a grandes gastos, quer economizar seu dinheiro, e pra você montar um time vencedor você tem que gastar, pagar salários altos, manter vários jogadores caros. O Jazz não tem esse perfil de equipe vencedora, e isso sempre incomodou o Deron Williams.

Mas o Deron Williams sempre deu tempo ao tempo. Disse que tinha até o final do seu contrato pra jogar em um time competitivo, ou seja, deixou bem claro que só ia sair se não houvesse uma condição de melhora. O Jazz sentiu o perigo de perder sua grande estrela, como o Nuggets sentiu, por exemplo, mas o time ainda tinha um ano pra conseguir contratar jogadores e convencer o Williams a ficar, pra daí trocar ele se desse errado. Mas o Jazz não era um time que faria isso, não faria grandes gastos elevados, e portanto sabia que o Deron iria querer dar o fora dali quando visse que não ia ter chances de títulos dessa forma. E o Deron não é burro e sabia disso, e começou a pensar em jogar em NY, mas no Knicks, junto com a recém formada dupla Melo - Amare Stoudamire. Mas o Jazz trocou o armador pro primo pobre de NY, algo como flertar com o Lakers e ir parar no Clippers. Mandou o Deron para o Nets, uma franquia decadente e com remotíssimas chances de playoffs.

O Nets é uma das franquias mais fracassadas nos últimos anos e ano passado quase teve o pior recorde da NBA em todos os tempos. Esse ano, no entanto, o Nets tem um novo dono, o bilionário russo Mikhail Prokhorov, que é daqueles donos que está afim de gastar e gastar pra tornar seu time um grande time, no melhor estilo Mark Cuban. As motivações podem ser diferentes, mas a vontade é parecida. E o Prokhorov, que vai levar o Nets para o Brooklin daqui a dois anos, queria trazer uma grande estrela para dar novo ânimo para a franquia, ser o símbolo do time nessa ida para New York e liderar uma volta por cima. Eles queriam mesmo o Carmelo, mas o Melo sempre deixou claro que queria ir para o Knicks e o Nuggets não aceitou as propostas do Nets. O Melo acabou indo pra onde queria, e ai o Nets juntou tudo que tinha oferecido pelo Carmelo - Devin Harris, o calouro e terceira escolha do draft Derrick Favors, uma escolha de primeira rodada deles mesmos em 2011 e uma escolha do Warriors de primeira rodada de 2012 - e mandou tudo isso para Utah em troca do Deron Williams. O Jazz não está disposto a grandes gastos, sabia que não iria conseguir montar um grande time e que por isso corria o risco de perder o Deron Williams a troco de nada no final da próxima temporada. Assim, o Jazz apenas antecipou o que seria inevitável, trocar o Deron pra não sair de mãos abanando, e preferiu fazer isso agora pra não ter que pagar o salário de 16 milhões pro armador na próxima temporada, mais as multas por estar acima do teto salarial. E o Nets conseguiu sua estrela, que fará um ótimo núcleo jovem com o Brook Lopez, e que será o centro da reconstrução que o Nets vai fazer agora, e o Prokhorov não vai economizar, vai gastar seus centavos pra contratar jogadores, encher o ginásio, vender camisetas e fazer uma transição de sucesso pro Brooklin. O time vai agora se entrosar um pouco, esperar o final da temporada, pra ai atacar todo jogador que estiver sem contrato pra montar um time forte em volta desses dois. Não é uma proposta tão segura, talvez uma reformulação a longo prazo fosse melhor, mas com tudo em consideração, foi a escolha que eles preferiram.

E o Deron Williams ficou bravo, ele preferia ter ficado no Jazz ao invés de ir parar o Nets, mas de certa forma, a troca foi boa pra ele. Se antes ele tava num time que não estava afim de gastar, montar um super time e dar ao Deron o time competitivo capaz de buscar um título que ele tanto queria, agora ele está num que tem como plano gastar até as calças pra montar esse time, e ele tem muito mais chances de ganhar um título no Nets nos próximos anos do que ele iria ter no Jazz. É a diferença entre o time disposto a gastar muito dinheiro pra ser campeão e um que troca seus jogadores a troco de nada apenas para economizar dinheiro.

E o Jazz agora finalmente está com os bolsos limpos, mas está sem um time competitivo também. Perderam seu melhor jogador e um dos melhores da NBA, e agora vão ter que recomeçar tudo do zero. O Andrei Kirilenko e seu contrato de 17 milhões vão embora ao final dessa temporada, o Mehmet Okur deve ser mandado de volta pra Turquia via Sedex, e o elenco vai ficar limpinho e sem nenhum jogador que preste também além do Al Jefferson e do Paul Millsap, que também ganham contratos longos mas são jovens ainda, ambos tem 26 anos, e um deles pode ser trocado pra liberar espaço pro Favors jogar de titular, ganhar minutos e desenvolver seu jogo. Ele não tem sido grande coisa na temporada até aqui, até porque não tem tido muito espaço no Nets e claramente não estava nos planos deles, mas tem talento, bom defensor e que precisa de paciência, tempo, investimento e minutos pra crescer, pode chegar a ser um bom jogador. Além disso, o Jazz deve ter duas escolhas de draft relativamente altas em cada um dos próximos dois drafts, possivelmente as quatro da loteria e talvez até no top 3. Agora é a hora que o Jazz escolheu pra jogar tudo pra cima e recomeçar do zero. Com a saída do Jerry Sloan e agora do Deron Williams, o Jazz vai começar tudo de novo, um técnico novo, um elenco novo, novas estrelas, e dessa vez gastando bem menos em salários. O time vai ser ruim, ter escolhas altas no draft, montar um time com novos jogadores e novas estrelas, e tentar ser campeão antes que elas fiquem mais velhas, mais famosas e o time não queira mais pagar o salário delas. Mas a chance de recomeçar está ai, tem bons jogadores jovens, tem boas escolhas nos próximos drafts. Foi a decisão deles de sair do estado estacionário e caro onde o time se encontrava, dentro da proposta do próprio time de não gastar. Agora vamos esperar e ver como o time se sai nessa proposta de reconstrução.

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Como hoje é a trade deadline, nosso post sobre o Draft da NFL e sobre o All Star Game vai atrasar mais um pouco. Amanha a gente trás todas as trocas que aconteceram e nós não comentamos.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O fim de uma Era

Nunca uma Era teve um símbolo com mãos tão grandes

Semana passada, quando Jerry Sloan assinou uma extensão contratual com Utah, um analista da ESPN americana colocou no twitter: Jerry Sloan acabou de assinar uma extensão com o Jazz. Prova que o mundo está rodando normalmente. Agora, no entanto, é hora de ficar preocupado. Jerry Sloan não é mais técnico do Utah Jazz.

O Jerry Sloan foi, como a maioria dos técnicos de basquete na atualidade, um jogador. Jogou no Baltimore Bullets por apenas uma temporada, e depois foi draftado pelo Chicago Bulls no seu draft de expansão, em 1966, onde ganhou o apelido de 'The Original Bull' por ter sido o primeiro escolhido. Lá jogou o resto da sua carreira, foi pro All Star Game, levou o Bulls ao seu primeiro título de divisão (único até a chegada daquele moleque chamado Michael Jordan), fez sua história na Liga e, por fim, teve sua camisa 4 aposentada pelo Chicago Bulls. Uma vez aposentado das quadras, trabalhou como olheiro para o Bulls, depois assistente e por fim chegou a técnico do time, lugar que ocupou por três temporadas. Foi demitido no seu terceiro ano após um começo ruim de temporada e foi trabalhar no Jazz. Por fim, em 1988, assumiu o posto de técnico do time de Utah, um time que contava com dois dos maiores jogadores de todos os tempos, John Stockton e Karl Malone. Durante dezesseis temporadas consecutivas, Sloan levou o time, liderado por esses dois craques, aos playoffs, e duas vezes ganhou a conferência Oeste e chegou à final da NBA, onde foi derrotado, ironicamente, pelo Chicago Bulls líderado por aquele cara chamado Jordan. Em 2004, com a saída de Malone e Stockton, Sloan finalmente ficou de fora dos playoffs. O time era jovem e contava com jogadores como Carlos Boozer, Andrei Kirilenko e, futuramente, Deron Williams. Conforme esse time foi amadurecendo, o Jazz foi voltando aos playoffs e se transformando num time a ser considerado novamente.

O esquema de jogo do Sloan é bem conhecido. Ele prega o jogo cadenciado e lento, usando e abusando do pick and roll, uma das jogadas mais básicas e mais mortais do basquete. Pra isso, o Sloan contava com o Stockton, que era um armador com uma visão de jogo e passe fora de série (é até hoje o recordista da NBA em assistências), e o Malone, um ala de força que era um pontuador sensacional (segundo da história da NBA em pontos totais) e que tinha ótima infiltração e arremesso de meia distancia. Esses dois eram os principais responsáveis por fazer o pick and roll e 90% das jogadas do time começavam com eles, enquanto o resto do time executava suas funções, como abrir espaço, atrair a marcação, se posicionar pra um chute de três ou cortar em direção à cesta pra receber um passe. Com a aposentadoria de Stockton e a ida de Malone pro Lakers, o time ficou sem as duas peças principais pro esquema de Sloan, até que ele as conseguiu novamente com Boozer e Deron Williams. E ai o time se montou novamente em volta deles, com os vários pick and rolls que o esquema fazia e os coadjuvantes executando os papeis certos nas horas certas.

Mas essa temporada, o Carlos Boozer virou Free Agent e decidiu dar o fora por conta própria, e o Jazz perdeu seu segundo principal jogador. Pro seu lugar, o time conseguiu um presente do Wolves e trouxe o Al Jefferson. Mas na prática, a mudança não foi de Boozer pro Jefferson, e sim de Boozer pro Paul Millsap. Millsap foi um ótimo sexto homem para o Jazz na reserva do Boozer, quebrando até um galho como pivô, mas com a saída do Boozer e a chegada do Jefferson, ele herdou a vaga na posição 4 e o Jefferson foi deslocado pra jogar de pivô, onde ele joga já faz algum tempo mas não é sua posição de origem, e pra mim também não é onde ele mais rende. Mas o problema é que, embora Millsap, Jefferson e Mehmet Okur formem um garrafão com características mais completas do que com o Boozer, as lesões do Okur limitaram muito as opções de garrafão do time - agravadas pela falta de um pivô reserva, ou até mesmo de um PF confiável. Além disso, o Boozer tinha um ótimo arremesso de meia distância, algo que nem o Millsap nem o Jefferson fazem com naturalidade. Eles podem acertar, mas preferem jogar próximos à cesta, e o time sentiu falta disso, tanto na forma de pontos quanto abrindo a defesa. E embora o time tenha tido ótimos jogos, o time não conseguiu desenvolver nenhuma consistência. É verdade que isso não devia ter preocupado mais do que o normal a franquia, ha anos que o Jazz consegue ir de um time totalmente medíocre pro melhor time da Liga e vice versa em questão de um mês. Mas o fato é que o time não conseguiu manter um padrão, e ultimamente vinha numa decadência acentuada. Dos últimos 10 jogos, o time perdeu seis. Os jogadores pareciam desinteressados, boatos pipocavam falando do clima no vestiário, e hoje, três dias depois de ter assinado uma extensão contratual, o Jerry Sloan disse que estava saindo do comando do time.

O que motivou a saída do Sloan, aparentemente, foi o Deron Williams. O Williams vinha reclamando já faz algum tempo do esquema tático do Sloan, que era muito restritivo, que não estava mais fazendo ele render da mesma forma (a meu ver, sem o Carlos Boozer). E não ajudou o fato do Deron Williams estar em vias de se tornar um Free Agent em duas temporadas. Depois do carnaval de free agents dessa temporada e do The Decision do Lebron James, seguido pela marca histórica de 26 derrotas consecutivas do Cleveland Cavaliers, e da pequena novela no começo da temporada envolvendo o Chris Paul, os times estão morrendo de medo de perderem seus jogadores na free agency. O Williams reclamou e o time do Jazz não quer dar o menor motivo de ele ficar insatisfeito, ele que já reclamou bastante publicamente quando o time trocou o Ronnie Brewer ano passado apenas pra economizar a grana do seu salário, dizendo que enquanto os times faziam trocas para ficarem melhores, o time dele fazia para ficar pior. Ele já disse que não quer fazer um grande carnaval na sua free agency, como fez o Lebron, mas isso não quer dizer que ele vai ficar em Utah. E por isso, a reclamação do Deron causou preocupação em Utah, ele que é um dos grandes armadores da NBA na atualidade, e muitos até o consideram O melhor armador da NBA, e se ninguém quer perder o melhor jogador a troco de nada, imagina quando seu melhor jogador é tão bom quanto o Deron (Imagina o Cavs perdendo o melhor jogador no fim dessa temporada, não seria tão ruim. Pera, quem é o melhor jogador do Cavs?). Dizem até que a reclamação não era só do Williams, que tinha mais gente no elenco que achava que o esquema tático não tava rendendo mais, mas de longe quem tem mais voz no time é o Williams e portanto quem teve o maior impacto (ou quem levou a maior parcela da culpa) foi o armador.

E pro Jerry Sloan, a situação simplesmente encheu o saco. Ele cansou disso tudo, dessas reclamações, e decidiu se aposentar. Ele e o assistente Phil Johnson saíram do time, e quem assumiu foi o assistente técnico Tyrone Corbin. O Sloan disse que não teve nada a ver com os problemas com o Deron Williams, que ele mesmo que cansou, esgotou o que ele tinha a oferecer e saiu do time. Pode até ser verdade, e é lógico que o problema com o Deron piorou, mas se realmente ele achou que esgotou o tempo dele em Utah, ele fez em sair fora. O Sloan já está na história, já está no Hall da Fama, e embora nunca tenha ganho um título ou mesmo um Coach of the Year numa Liga onde prêmios falam mais alto do que deveriam, ele foi o primeiro técnico (e único até agora) a ganhar 1000 jogos em um único time, tem seu lugar assegurado entre os grandes técnicos de todos os tempos, e agora que sentiu que era hora de tirar o time de campo, ele fez as malas e se aposentou.

A NBA viu recentemente dois times crescerem de rendimento com trocas de técnicos cujo esquema tático não estava rendendo e que estavam perdendo o controle do elenco, o Bobcats e o Pacers. Em ambos os casos os jogadores estavam bem descontentes com o técnico por qualquer que fosse o motivo, e claramente se notavam sinais de desgaste dentro de quadra, esquemas que não estavam conseguindo extrair o máximo de seus jogadores. Embora eu seja um fã de carteirinha do Sloan, talvez seja a hora de ele realmente sair de cena, pra ele e pro Jazz. Deixa outro técnico assumir, dar ao Deron a liberdade que ele quer, envolver mais o Jefferson de costas pra cesta e o Millsap atacando o aro, motivar o Kirilenko, que quando quer é um excelente jogador, e ver aonde isso pode levar o time. Pode não levar a lugar nenhum, mas com o Sloan o time também parecia estacionado numa região intermediária do forte Oeste. Agora com o Corbin o time vai ter a chance de ver se essa troca de ambiente e esquema tático é o suficiente pra fazer o time voltar a vencer e convencer e trazer de volta o melhor basquete do Deron Williams ou se o buraco é mais embaixo. Além disso, um ambiente favorável, um técnico com quem o jogador se identifique e respeite e um esquema tático onde ele fique feliz são condições importantes pra um free agent de impacto sentir vontade de renovar seu contrato, porque o Jazz tem um elenco bom capaz de ir longe nos playoffs. E o Sloan vai poder sentar em casa, relaxar e assistir a tudo isso de longe. Mas é um técnico que vai deixar saudade, com seus pick and rolls, seus esquemas táticos sempre iguais e sempre eficientes, e também com suas mãos gigantes. E vamos ver aonde o Jazz pode chegar, sob nova direção.