Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Pedra, papel, tesoura, bandeja

"... e se ele abrir a mão você joga tesoura, que não tem erro!"


Na NBA - e francamente, em qualquer outro esporte - a questão do "matchup" é sempre muito importante quando falamos sobre o resultado esperado de um determinado confronto. E claro, faz todo o sentido: qualquer time, em especial os bons times, tem um estilo de jogo preferido, um estilo ao qual eles estão mais acostumados, que tira o máximo de suas habilidades e esconde ao máximo seus defeitos, o que eles treinam mais... em resumo, um tipo de jogo no qual o time é melhor e mais eficiente. E eventualmente algum adversário pode ter um outro estilo de jogo que seja favorável a esse: ele tem condições de explorar melhor algum defeito que o time tenha, ou pode ser particularmente bom em uma determinada área que neutralize ou dificulte o estilo de jogo da equipe. Isso te força a mudar a forma como você joga para tentar compensar as deficiências, mas não é o ideal: você vai tentar jogar de outra forma que não está habituado, que cria novas forças e fraquezas que você não está tão acostumado a explorar ou esconder, te tira da sua zona de conforto. E naturalmente, isso diminui sua eficiência e, consequentemente, suas chances de sucesso.

Isso é particularmente relevante na NBA, onde todo mundo em quadra precisa executar esse plano em conjunto por causa da natureza pouco-especializada do jogo, e vai ser ainda mais importante para os playoffs de 2014. Para usar uma expressão do Bill Simmons, o Oeste desse ano é um gigantesco jogo de pedra-papel-tesoura: todos os times tem alguém contra quem são um péssimo matchup, e todos os times tem um adversário que eles absolutamente não querem enfrentar por gerar todo tipo de problema para seu estilo de jogo. Então tem uma boa chance do campeão da conferência Oeste ser decidido simplesmente por esse grande jogo de quem enfrenta quem.

Claro, matchups são sempre importantes, mas eles são especialmente importantes no Oeste esse ano porque a conferência é extremamente equilibrada. No Leste, o Miami Heat (grande favorito) tem alguns times que são matchups ruins para ele, em especial Charlotte Bobcats (defesa forte, ataque focado em um jogador que ninguém em Miami é capaz de defender) e Brooklyn Nets (que varreu a série na temporada regular), mas a diferença de nível entre Miami (e, se estiverem jogando como no começo do ano, Indiana) e o resto dos times é tão grande que o impacto dos matchups é muito menor (francamente, apenas dois times tem condições realistas de ganhar o Leste sem uma lesão acontecendo). Mas o Oeste é muito mais equilibrado, com muitos times de alto nível - o 9th colocado do Oeste seria 3rd seed no Leste. Nenhum dos times seria improvável de chegar a uma final de conferência, e uns cinco times podem muito bem vir a ser campeões. Então além de jogar seu melhor basquete, no Oeste se torna ainda mais importante evitar os determinados adversários que tem uma vantagem contra você. E se um ou dois times maiores forem eliminados por conta de um problema de matchups, isso muda toda a dinâmica da conferência, algo que não ocorre do outro lado (o que não quer dizer que um time não possa vencer um outro que seja um matchup desfavorável, claro. Só dificulta a questão).

Então isso nos deixa com a tarefa de identificar qual - ou quais - matchups apresentam um problema para cada time, e quais podem eventualmente decidir essa conferência. Quais são então os estilos de jogo que mais dão problemas para cada um dos 9 candidatos aos playoffs pelo Oeste, e quais times eles querem evitar a todo custo??

San Antonio Spurs

Mais uma vez, San Antonio foi o melhor time da temporada regular da NBA. Até o dia 14, eles lideravam a NBA em vitórias (62, quatro a mais que o segundo), saldo por 100 posses de bola (8.6, 1.1 a mais que o segundo) e foram o único time da temporada no Top5 tanto em ataque como defesa. E fizeram isso mesmo sem nenhum jogador ter mais de 30 minutos por jogo, e com praticamente todo se time titular perdendo jogos com lesões em algum ponto na temporada. Eles ainda conseguiram ter um time bom a esse ponto, e isso é impressionante.

Mas mesmo sendo o melhor time da NBA por uma boa margem, tem um time que San Antonio absolutamente TEM que evitar se quiser ter boas chances de voltar as finais. Estou falando, é claro, do Oklahoma City Thunder. Se existe um time na NBA que aperfeiçoou ao extremo a forma de enfrentar San Antonio, foi esse: desde que San Antonio abriu 2-0 contra OKC nas Finais de Conferência de 2012, os times se enfrentaram 12 vezes diferentes, e o Thunder venceu 10 desses jogos. Essa temporada, OKC venceu os quatro jogos entre as equipes por 37 pontos no total, e o -11.8 de saldo por 100 posses foi o pior do Spurs contra qualquer time no ano. Esse é o calcanhar de Aquiles de San Antonio, e o maior obstáculo entre eles e as Finais.

A verdade é que o time do Thunder foi colocado nessa Terra para vencer o Spurs. O ataque de San Antonio é uma máquina perfeita de destruição, que se baseia muito na movimentação de bola, passes rápidos, e arremessos de três livres. Mas o Thunder tem exatamente o que é preciso para parar essa máquina: seus jogadores possuem uma combinação alucinante de wingspan (com os braços gigantes dos seus jogadores congestionando linhas de passe, gerando roubos de bola, fazendo os jogadores de San Antonio pensarem duas vezes e diminuindo a velocidade do ataque em geral) e habilidade atlética, que lhes permite atacar pick and rolls, rodar através de screens e ainda ter força física suficiente para recuperar e defender os arremessadores. É um pesadelo para San Antonio enfrentar um time assim, um que consegue atrapalhar todos os fundamentos no qual seu ataque são baseados - apenas um time segurou o Spurs a uma eficiência ofensiva menor, e nenhum (com pelo menos três jogos) causou impacto maior na relação assistência/turnover de SA. O Thunder, para piorar, ainda tem a velocidade e habilidade atlética para transformar isso para problemas do outro lado da quadra, usando os erros e turnovers do Spurs para acelerar o ritmo e conseguir pontos em transição.

Então ainda que o Spurs seja o melhor time da NBA no momento, o Thunder é perfeitamente equipado para derrotá-lo por ser um matchup vindo direto do inferno. San Antonio deve torcer todas as noites para que OKC não chegue nas Finais de conferência.


Oklahoma City Thunder

O grande problema do Thunder em termos de matchups é o seu técnico. Não que Scott Brooks seja um técnico horrível, mas ele tem uma mania que pode colocar tudo a perder: ele é extremamente conservador com seus times, mantendo a mesma base sempre que pode com Perkins e Ibaka no garrafão (ou dois jogadores de garrafão em geral), e isso pode gerar alguns problemas. Quem viu os jogos entre Miami e OKC nos últimos anos sabe do que estou falando: times que jogam com garrafões baixo são um problema constante para o Thunder. Brooks se recusa 90% do tempo a mudar sua formação "ideal" com o garrafão alto, então contra times capazes de espaçar a quadra com algum homem de garrafão na linha de três pontos (como é o caso de Chris Bosh), o time se ve forçado a tomar uma decisão difícil: usar Ibaka na defesa desse jogador longe do garrafão, tirando de perto da cesta o melhor (talvez único) protetor de aro do time (e Ibaka não tem a manha para defender esse tipo de jogador por muito tempo), ou deixar Ibaka perto do aro e mandar Perkins perseguir um jogador mais veloz pelo perímetro da quadra - uma péssima decisão porque ele não tem a menor capacidade de fazer isso. E como Perkins é um péssimo jogador ofensivo, qualquer time pode fazer isso sem maiores repercussões defensivas, especialmente se não precisar tirar um jogador de garrafão natural para causar esse espaçamento de quadra.

Dois times na briga pelos playoffs do Oeste se enquadram nessa descrição e ainda possuem um PG que pode atacar a cesta a partir do drible e do pick and roll (outra coisa que o Thunder odeia - eles são apenas o 18th time mais eficiente defendendo pick and rolls finalizados pelo ballhandler na temporada). Um é o Phoenix Suns, um time que tem dois armadores diferentes atacando o aro (Goran Dragic e Eric Bledsoe) e tem tido muito sucesso usando Channing Frye, um dos melhores PFs arremessadores da liga que forma com Dragic o combo de pick and roll/pick and pop mais eficiente da NBA. O outro é o Dallas Mavericks, que tem o melhor big man arremessador da história da NBA em Dirk Nowitzki. E não é então de se surpreender que, entre os três times que mais deram problemas para OKC essa temporada, Dallas é o adversário contra quem eles tem a pior eficiência (-7.9), e Phoenix o terceiro (-4.3).

A causa desses problemas é a mesma em ambos os casos. A defesa do Thunder, quarta melhor da NBA cedendo 100.8 pontos a cada 100 posses de bola, mas simplesmente é destruída por esses dois. Ela cedeu 108.1 pontos por 100 posses contra Dallas (equivalente a defesa do Lakers, terceira pior da NBA) e incríveis 115.1 pontos por 100 posses contra o Suns, seis pontos pior do que a pior defesa da NBA (do Jazz). OKC simplesmente não consegue defender Channing Frye, Dirk Nowitzki ou qualquer outro arremessador grandalhão com Perkins e Ibaka (ou qualquer outra combinação de big men), e não só Scott Brooks odeia mudar o estilo de jogo da equipe usando lineups mais baixas e flexíveis, como o time também não está habituado a isso: apenas uma lineup de OKC que não tem dois homens de garrafão jogou mais que 55 minutos TOTAIS essa temporada, e mesmo essa jogou apenas 83. Vai ser interessante ver como OKC se desdobra para enfrentar um time assim, se Brooks vai ser rápido para tirar Perkins e confiar no talento de seus jogadores para compensar a falta de entrosamento e prática das lineups mais baixas (só fez uma vez o ano todo) ou se vai insistir nisso e arriscar uma surpresa.

Um rápido comentário: O Warriors aparece como um sleeper nesse quesito para OKC. O fraco Mark Jackson, apesar de ter alguns dos melhores arremessadores do mundo no seu time, também tem uma enorme relutância em usar lineups baixas que espaçam a quadra, insistindo com dois homens de garrafão mais do que devia - algo que limita em muito o talento e potencial desse time. Mas com David Lee e Andrew Bogut lidando com lesões, é possível que Jackson não tenha escolha senão improvisar um pouco e usar um time mais baixo que arremesse muito de três, e nesse caso vai ser interessante ver se o Warriors - que teve muito sucesso ofensivamente contra OKC na temporada regular - consegue emular esse tipo de problema para o Thunder.


Los Angeles Clippers

O Clippers é um time que, apesar de boa defesa, se baseia principalmente em seu ataque para vencer jogos, terminando a temporada regular como o melhor ataque da competição. E esse ataque tem três principais focos: as jogadas de contra-ataque (#1 na NBA), Chris Paul atacando a cesta e distribuindo depois do pick and roll (#1 na NBA) e concentrando o ataque no seu grande garrafão de Blake Griffin e DeAndre Jordan, que tem a força, tamanho e habilidade atlética para desmontar as melhores defesas adversárias.  Então se você quer ser um matchup ruim, a primeira coisa que você tem que ter é um garrafão com tamanho e força o suficiente para contra-balancear Blake e DeAndre lá dentro, neutralizar seus espaços e evitar que o Clippers ataque a partir de post ups (foram #5 na temporada regular em post ups) - de preferência um que possa devolver na mesma moeda do outro lado da quadra, já que LAC teve todo tipo de problema na temporada defendendo homens de garrafão. Não foi a toa que o time que mais abusou do Clippers na temporada regular foi o Pacers.

Para sorte do Clippers, o Oeste não tem muitos times assim. Mas acontece que ele tem UM time exatamente assim, o seu nêmesis recente que não só tem um garrafão físico e perfeitamente equipado para bater de frente com Griffin e Jordan, como também tem um dos melhores defensores de perímetro individuais para cutucar e atrapalhar CP3 o dia todo: o Memphis Grizzlies.

Os times se enfrentaram três vezes na temporada, com Memphis vencendo as duas partidas na qual ambos os times estavam completos, e Clippers vencendo a partida na qual Marc Gasol não jogou, machucado. Memphis também foi o time que venceu Los Angeles nos playoffs de 2013, então estão 6-3 contra o Clippers nos últimos 9 jogos (6-1 se contar os últimos 7). Podem ter certeza que se tem um time que o Clippers quer evitar a todo custo é esse.

O que faz do Memphis um carrasco tão grande para o Clippers não é só a forma de jogar. Claro, essa ajuda demais: Gasol e Randolph formam um dos garrafões mais físicos e fortes da NBA, algo que incomoda e atrapalha demais o garrafão do Clippers, tirando a liberdade e a forma inside-out da equipe jogar e forçando ajustes. Assim a bola tem que passar mais tempo nas mãos de CP3, mas Tony Allen é de longe o marcador que mais incomoda Paul, e passar uma série de seis ou sete jogos sendo incomodado por Allen é um cenário péssimo para o Clippers. Então a forma de jogar do Grizzlies afeta as duas principais armas da equipe sim. Mas além disso, o Memphis tem uma atitude mental que bate de frente com a do adversário. O Clippers é um time com uma certa atitude de bad boys, um time mais forte e mais rápido que vai enterrar na sua cabeça, te olhar feio, te provocar e fazer de tudo para tirar do sério. Isso incomoda muita gente, mas não o Grizzlies, um time extremamente físico que devolve tudo isso, que não para de dar trombadas e incomodar os adversários, e que acaba tendo no Clippers o mesmo efeito que o Clippers tem nos demais times: os jogadores começam a ficar nervosos, a sair do seu jogo e se preocupar demais com o adversário - especialmente quando o seu jogo de garrafão começa a não funcionar. É uma combinação péssima para Los Angeles, e eles farão o possível para evitar o Grizzlies.


Houston Rockets

O Rockets é um time que se remontou muito em 2014, então não tem tanto tempo para tirarmos conclusões sobre o seu modo de jogar e os times que mais tem lhe dado trabalho até então. Mas o que sabemos sobre eles até agora é o seguinte: Rockets é um time que gosta de jogar baixo e veloz no ataque, espaçando bem a quadra em torno do seu pivô (seja ele Dwight Howard ou Omer Asik). Para isso, eles gostam sempre de usar jogadores baixos na posição 4, seja ele Terrence Jones, Omri Casspi ou mesmo Chandler Parsons. Eles não possuem um verdadeiro stretch-4 no time, então se sentem mais confortáveis com formações mais baixas que lhes permitam manter seu estilo ofensivo.

E até agora, isso tem sido também um problema para a equipe. Analisando seus jogos na temporada, é fácil reparar em um padrão para os problemas da equipe. Seis equipes diferentes tem um saldo positivo contra Houston na temporada, e cinco delas são equipes famosas pelo jogo de garrafão e por ter um time alto que protege o aro na defesa e ataca o aro ofensivamente: Clippers, Thunder, Pacers, Bulls e Memphis (o Heat é a exceção). Houston tem problemas quando enfrenta uma presença mais sólida no garrafão pois isso da menos liberdade a Dwight Howard  e dificulta o ataque do time ao aro, e o segundo jogador alto no garrafão pode explorar a falta de um marcador, já que Jones não consegue marcar jogadores muito alto e fortes no garrafão e Casspi e Parsons não tem a menor chance contra um Zach Randolph ou Blake Griffin da vida - não a toa quatro desses seis times absolutamente trucidaram Houston atacando esse missmatch.

É difícil para Houston contra-atacar esse tipo de coisa porque eles não possuem uma alternativa. Apenas duas lineups do time jogaram mais de 50 minutos juntas com dois big men de verdade: uma com Dwight Howard e Donatas Motiejunas que foi até bastante eficiente, e uma com Dwight e Asik juntos que foi um desastre completo ofensivamente. Não sei se McHale confia em Motiejunas o suficiente para usá-lo por muito tempo contra times mais fortes nos playoffs, e é um time ainda não testado nesse tipo de situação.

OKC e Clippers seriam os problemas lógicos de matchups para Houston - os dois combinaram para ganhar 7 de 8 jogos na temporada regular, com Houston tendo -11.3 de saldo por 100 posses contra ambos. Mas Memphis é um sleeper interessante: eles dividiram a série na temporada regular, com cada um vencendo dois jogos, mas as duas vitórias do Rockets vieram quando Marc Gasol esteve machucado, e mesmo assim Memphis ainda tem saldo positivo nos quatro jogos. Eles possuem um DPOY para jogar em Dwight Howard, um excelente defensor para James Harden, e Houston não tem ninguém para defender Z-Bo a não ser que McHale arrisque jogar Howard e Asik juntos. Um confronto encomendado do inferno para o Houston.


E bom, esses são os quatro melhores times e as quatro maiores seeds do Oeste, os times que seriam favoritos contra os demais mas que podem ver os matchups mudar totalmente sua história para bem ou para mal. Os outros times também tem matchups ruins, mas eles influenciam menos porque eles já são zebras para avançar. Claro, Golden State vai querer evitar San Antonio o máximo possível, Dallas sabe que não tem pernas para acompanhar Phoenix ou Golden State, Memphis tem trabalhos contra times que espaçam a quadra sem precisar abaixar de tamanho (AKA Dallas), e Portland não consegue contar a penetração de times como Phoenix ou Houston. Todo mundo no Oeste tem um matchup que adoraria evitar e faz parte desse jogo de pedra-papel-tesoura. Mas esses quatro e suas fraquezas são os que tem mais condições de alterar o panorama geral da conferência Oeste nesses playoffs.

Vamos ver quais times acabam sendo favorecidos pelos cruzamentos, e qual vai ser o impacto real desse tipo de coisa na hora de decidir uma conferência historicamente forte.

5 comentários:

  1. Eu acho que o motivo pelo qual o Rockets evoluiu defensivamente dentro da temporada (tirando nesse último mês horroroso) foi o ajuste de mudar a marcação em todos os screen and rolls que envolvem Terrence Jones. Ele é excelente defendendo jogadores de perímetro e cada vez mais vemos o Rockets com uma defesa bem estranha mas eficiente em momentos decisivos: Jones pegando um cara mais baixo (ou saindo de quadra pra dar lugar a um wing) e Harden defendendo alguém do garrafão.

    James se sente muito mais confortável defendendo alguém no post up, mesmo que tenha 10 cm e 20 kg a mais do que ele. Eu diria que ele é um dos três melhores defensores em situações de post up entre todos os atletas de perímetro da NBA, já pegando caras mais rápidos tem uma dificuldade extrema...ficar de olho nesses ajustes da defesa do Rockets.

    Já sobre as equipes que mais dificultam pra Houston, eu acho que começa pelo fato de desacelerarem o ritmo e passa pela envergadura que têm pra desviar passes e tirar a referencia de driving lanes na defesa. Times como Pacers, Heat e Grizz são ainida piores porque força o adversário a jogar pelas extremidades, tirando todo o leque de jogadas possíveis que se tem quando se ataca pelo meio.

    Acho que era mais ou menos isso que eu tinha comentado antes e o blogger censurou

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  2. Eu acho o Jones um bom defensor em geral, especialmente em pick and rolls onde eu acho ele brilhante. Mas não consigo achar que ele vai se sair bem defendendo mamutes no garrafão como Blake, Z-Bo e semelhantes por uma série inteira por melhor que ele seja (ele cedeu 0.9 PPP em jogadas de post up, btw) - existe uma limitação física ai. (Outra vantagem do Jones é que ele é rápido no perímetro, pode fazer trocas em pick and roll sem comprometer muito, mas contra Memphis ou OKC isso não é tanta vantagem).

    E Houston tem uma boa defesa, mas o perímetro é meio bagunçado quando precisa rodar demais, então quando a defesa precisa implodir para tirar um post-up, isso é um problema. Não é coincidência que os times que mais deram trabalho pra Houston na temporada tem um garrafão bem alto e/ou são bons em atacar o post.

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  3. Jones não tem só limitações físicas como também tá longe de ser experiente o bastante pra escapar de foul trouble contra esses times. Contra David Lee e LaMarcus ele também teve muitas dificuldades e o Rox vai sim pensar em colocar Asik e Howard juntos por um tempo se precisar jogar contra algum desses times. O que eu não gosto da defesa de perímetro são os gambles horríveis de Lin, Harden e Parsons, mas acho que os close outs mais agressivos é interessante pra atrair os caras pro garrafão, onde provavelmente terá Dwight ou Asik aguardando. Rockets evita arremessos de média distancia no ataque, mas também deve pensar em fazer o oponente chutar mais dali, e essa é uma boa forma de conseguir isso, embora seja bem menos manipuável do que na parte ofensiva.

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  4. Posso apontar algumas alternativas?

    Outro matchup ruim pro San Antonio é o Rockets. Não é à toa que o Houston acabou de varrer a série. A boa defesa do Spurs tem dois problemas muito sérios: defender armadores agressivos e pontuadores que infiltram e chutam bem e rebotes contra pivôs muito físicos. No momento o segundo problema é menor que o primeiro, mas esse tipo de armador - Harden, Westbrook e Conley, principalmente (CP3 parece ser uma excessão) - causa sérios danos aos Spurs. Se eu tivesse que armar um time pra enfrentar San Antonio nos playoffs forçaria o jogo totalmente em cima do Parker no ataque e treinaria defesa nas screens. Sobre essa defesa, uma palavra interessante: Times que defendiam bem o pick costumavam atormentar muito o SAS há duas ou três temporadas. Agora só defender o pick não basta. O Grizz fez isso nas Finais do ano passado, mas as duplas Parker-Duncan ou Parker-Splitter abusaram das screens que acabaram emperrando o grit and grind. O Miami conseguiu defender essas duas características do jogo do Spurs um pouco melhor e venceu a série. Não acho que Houston consiga fazer essa defesa, ainda mais porque o Harden defende bem mal, mas a alternativa a isso é cansar o Parker, e isso o barbudo consegue fazer com o pé nas costas. Daí o problema pro Houston seria se o Mills estivesse inspirado também...

    Por que o San Antonio Spurs pode ser campeão: a profundidade do elenco, que pode aprontar com os role-players torna o Spurs um time dificílimo de defender e de atacar também. Mills, Leonard, Belinelli, Diaw ou até o Splitter podem pegar fogo num determinado jogo e desequilibrarem uma partida. Kawhi é o cara perfeito pra diminuir o poder de fogo do Durant.

    OKC - A boa notícia pro Thunder já foi dada: eles são o time mais indicado pra vencer o único time melhor que eles no Oeste. Agora vem a má notícia: Além do Dallas sem um péssimo encontro pro OKC, o Grizzlies também pode dar trabalho. Zach Randolph é um inferno pro ótimo Ibaka, e será um lindo embate perto da cesta e tanto Z-Bo quanto Gasol podem marcar o Serge na defesa. Ibaka é um ótimo escape pra quando o Durant tá pendurado em faltas ou quando ele tá sendo bem marcado e quando o Westbrook tá amassando o aro, e não poder usar essa arma pode trazer problemas pro Thunder.
    Mike Conley é o ótimo defensor que pode por à prova o poder de fogo do Westbrook e permitir que o melhor defensor do time enfrente justamente o melhor atacante de perímetro da NBA. Se Tony Allen conseguir freiar um pouco o Durant a casa pode cair. E se a série esticar pra além de cinco jogos o físico do Westbrook - ironicamente seu anterior ponto forte - pode abrir o bico.

    Por que o Oklahoma City Thunder pode ser campeão: Porque ninguém pode parar o Durant. Quem conseguir fazer ele ficar pendurado por faltas pode diminuir um pouco o impulso ofensivo dele, mas parar ninguém vai. Porque o banco do Thunder pode acordar no meio de uma série e responder a algumas táticas do adversário. Porque o Brooks, embora insistente, consegue ajustar o time no meio de uma série. Porque o atleticismo do time tem poucos rivais em toda a Liga.

    (Continua...)

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  5. (Continuação... descobri que o Blogger não permite comentários maiores que 4096 caracteres)

    Los Angeles: O Spurs pode ser um péssimo matchup alternativo pro Clippers. Uma varrida na última série de playoffs entre os dois, e jogos nesta série e nas duas temporadas regulares desde então onde Chris Paul foi anulado pela defesa de San Antonio devem preocupar demais o Doc. E mais: o Clippers não consegue parar o Duncan. Inteiro fisicamente o Timmy é capaz de humilhar tanto o Jordan quanto o Griffin no ataque. Apesar de não ter o garrafão físico que o Clippers tanto teme, o garrafão do Spurs defende muito bem baseado na técnica, e agora tem um poderoso aliado na busca pelos rebotes (um dos diferenciais do Los Angeles), Kawhi Leonard.

    Por que o Clippers pode ser campeão: O time tem ótimos talentos, um sexto-homem capaz de obrigar uma total reestruturação defensiva no adversário, e tem um pick n' roll absolutamente mortal se você não souber defender o CP (só sei de dois times na liga que sabem fazer isso com eficiencia mediana, e já foram citados aqui).

    Houston: Já que foram citados três matchups bem ruins pro Houston, tive que fazer um exercício mental mais trabalhoso pra pensar numa alternativa, e todas elas recaem sobre o Dallas Mavericks. Isso porque o Dallas tem justamente aquele homem que vai explorar o buraco na fechadura defensiva do Rockets, o PF. Se Dirk estiver inspirado num eventual confronto entre os dois times numa série, ele vai fazer mais de 30 pontos em todos os jogos. E se o Vince Carter começar a tirar aquelas bolas de três da cartola o Harden vai ficar meio avulso na quadra defensiva.

    Por que o Houston pode ser campeão: Na realidade não creio que realmente possa, mas eles podem sonhar porque 1) James Harden é hoje o melhor SG da Liga e quando está encapetado ele pode carregar o time, 2) Dwight Howard finalmente está concentrado em jogar e não em fazer barulho, e 3) Asik é bom o bastante pra continuar dando trabalho pro ataque adversário quando o Howard vai descansar. Não acho o Houston time suficiente pra vencer uma eventual Final de Conferência, mas vai que o Parsons volta super bem da lesão, vai que o Howard resolve virar um jogador de grupo ao menos durante os playoffs, vai que a Linsanity ressuscita e vai que o Harden continua jogando tudo o que vem jogando e aprende a defender um pouquinho melhor. Tudo isso junto. Difícil? Um monte de gente funcionando na hora certa deu um título ao Dallas em 2011, será que o raio não cairia de novo no Texas?

    Pela primeira vez em muito, muito tempo, vejo o Oeste com todos os times tendo condições de chegar às Finais de Conferência. Chances vencer a Conferência acho que só dois times têm, mas chegar às Finais acho que todos tem condições.

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