Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Hack a Cast - Conferência Oeste




Tem Hack a Cast novo no ar!!

Nessa edição, eu e o Vinicius Veiga continuamos nosso especial de duas partes e falamos da Conferência Oeste.

Falamos do momento do Warriors, da mudança que não é bem uma mudança do Spurs, da "pouca" atenção recebida pelo Thunder, os demais times de playoffs, e muito mais!! Confiram!!

Tabela de assuntos:

Minuto 2 – Warriors
Minuto 11 – Spurs
Minuto 26 – Thunder
Minuto 35 – Clippers
Minuto 43 – Rockets
Minuto 53 – Mavericks
Minuto 58 – Grizzlies
1h2 – Jazz
1h7 – Kings
1h14 – Blazers
1h19 – Nuggets
1h23 – Pelicans
1h27 – Suns
1h30 – Wolves
1h41 – Lakers

A coluna sobre o Warriors citada no podcast, da Revista Timeout Brasil, pode ser encontrada aqui

(Se você veio atrás do meu Team All-Two Minute Warning da NFL, é só clicar aqui!)


segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

2016 All-Two Minute Warning NFL Team

"YEEEAAHH, FIRST TEAM ALL-TWO MINUTE WARNING, BABY!"



Os leitores mais antigos provavelmente já perceberam que o ritmo de postagens por aqui - nunca um ponto forte - caiu cada vez mais ao longo do tempo. Conforme a vida avança, fica mais difícil conciliar vida profissional (e, em menor escala, social) com escrever em um blog de graça sem nenhum retorno, e como vocês sabem os textos daqui são sempre gigantes e muito técnicos (o que significa que demoram pra cacete para serem escritos). Acho que é por isso que ultimamente tenho escrito menos colunas completas (pega um assunto e faz uma coluna inteira sobre ele) e mais recorrido a gimmicks como listas, rankings e tudo mais. É mais pobre, e nunca foi minha proposta, mas infelizmente está mais de acordo com meu tempo livre hoje em dia. E acabei achando melhor recorrer a colunas assim do que ficar sem posts nunca.

Dito isso, vamos à coluna de hoje. Para quem não viu, semana passada eu publiquei meus votos para os prêmios individuais da NFL: MVP, OPOY, DPOY, OROY, DROY, etc. Ai um dos meus leitores mais antigos, Marcelo Corghi, do Araras Steel Hawks, me deu um desafio diferente: meu All-Pro Team da temporada 2015 da NFL. Challenge accepted!

Então para aproveitar o gimmick e falar mais de NFL, decidi fazer meu All-Two Minute Warning NFL Team para a temporada 2015 da NFL. Antes de começarmos, alguns esclarecimentos:

- Sim, eu odeio seu time. Não importa qual ele for. E por isso, SÓ POR ISSO, eu deixei aquele jogador que você gosta de fora. Não pelas centenas de horas que eu passei nesses últimos meses assistindo, estudando e avaliando futebol americano.

- Ofensivamente, vamos com um QB, dois RBs, um FB, três WRs, um TE, dois Tackles e dois guards (independente de lado) e um Center. Ou seja, a formação tradicional do All-Pro com um WR extra, simplesmente porque hoje todo mundo joga com 3 WRs boa parte do tempo. Se o All-Pro defensivo pode ter 12 jogadores, eu posso ter 13 jogadores no meu ataque. Formações variam demais e é isso.

- Para defesa, inventei um critério pessoal para solucionar as questões das defesas 3-4 vs 4-3: dois defensores de interior de linha (DTs em 4-3, NT/DE em 3-4s qualificam), dois linebackers "tradicionais" (qualquer ILB, mais OLBs de formação 4-3) e três jogadores de "ponta" (podem ser OLBs 3-4, DEs 4-3 ou até DEs 3-4 se jogarem assim). Sim, é confuso e subjetivo, mas depois que Kahlil Mack foi votado All-Pro em duas posições diferentes, nada é verdade e tudo é permitido.

- Para a secundária, vamos de 3 CBs e 2 safeties (sem distinção entre FS/SS) pelo mesmo motivo que temos três WRs: defesas passam muito do seu tempo hoje jogando em formações de nickel, com 5 defensive backs. Como eu disse, formações variam muito hoje e meu All-TMW Team vai computar essas variações elegendo alguns jogadores extras. Me processe. 

- Para special teams, vamos com um kicker, um punter, um kickoff returner E um punt returner. Peço perdão ao Tyler Lockett em avanço, porque ele seria o óbvio vencedor se computássemos as duas categorias juntas e ele provavelmente é o maior prejudicado aqui. 

- Estou explicando apenas minhas seleções para o 1s Team All-TMW. Para o 2nd Team só vou colocar os nomes porque pretendo acabar a coluna antes do Super Bowl.

Ok, estamos prontos. Vamos a isto.


All-Two Minute Warning 2015 NFL Team

Quarterback: Carson Palmer, Arizona Cardinals.

Eu já passei muito - MUITO - tempo falando da questão dos melhores QBs da temporada e porque Carson Palmer é meu #1 quando dissertei sobre o prêmio de MVP na coluna da semana passada. Tudo que está lá ainda vale, então se quer entender meu processo de raciocínio, é só entrar lá e ler - ficou grande demais para copiar e colar aqui. Vale a leitura. 

2nd Team: Cam Newton, Carolina Panthers


Running Backs: Doug Martin, Tampa Bay Buccaneers; Adrian Peterson, Minnesota Vikings.

Pergunta: Quem foi o melhor RB de 2015?

A resposta popular tem sido Adrian Peterson, provavelmente porque o RB de Minnesota liderou a liga em jardas terrestres no que foi um ano bastante pobre para RBs. Mas eu discordo dessa visão. Até os estágios finais dessa coluna - quando decidi deixar 2 RBs no time ao invés de um só - Doug Martin era meu 1st Team RB,  não  Peterson.

Por que? Bem, Adrian Peterson liderou a liga pelo chão na frente de Martin, 1485 a 1402, e em jardas totais, 1707 a 1673, mas isso é facilmente explicado pela maior carga de Peterson: foram 39 corridas a mais e 36 toques na bola a mais que Martin (AP liderou a liga em ambos os quesitos). Então seu total pode ter sido maior. Mas quando você começa a olhar mais a fundo, percebe que Martin foi muito mais eficiente: AP teve 4.5 jardas por corrida, a sétima primeira melhor marca da NFL entre RBs (mínimo de 110 corridas), mas Doug Martin foi segundo na liga no quesito com excelentes 4.9 jardas por corrida. E isso apesar de ter menos ajuda da sua linha: o RB de Minny teve média de 2.2 jardas por corrida ANTES do contato com a defesa, enquanto o de Tampa Bay teve apenas 1.8 e teve que brilhar quebrando tackles e acumulando jardas após o contato: foram 3.1 jardas por corrida APÓS o contato, segunda melhor marca da liga depois de Le'Veon Bell (que teve menos de metade das corridas do Pocket Hamster), enquanto Peterson teve 2.3. Então apesar de Peterson ter mais jardas, Martin foi mais dominante como corredor essa temporada.

E isso sem contar as outras áreas do jogo, cada vez mais importantes para RBs na NFL moderna - bloquear e participar do jogo aéreo. Martin não se destacou em nenhuma das duas esse ano, mas Peterson é um ponto fraco nas duas a esse ponto da carreira, só que por ser Adrian Peterson o Vikings acaba deixando-o em quadra mais o que deveria nessas áreas. Existe um motivo para Peterson ter ficado no banco no final de Vikings vs Seattle nos playoffs, quando Minny teve que recorrer ao jogo aéreo. Você pode argumentar que os números de Peterson são mais difíceis por enfrentar defesas mais voltadas para pará-lo, mas considerando todos os aspectos, Martin foi meu melhor RB de 2015.

2nd Team: Todd Gurley, Saint Louis Rams; Devonta Freeman, Atlanta Falcons.


Fullback: Patrick DiMarco, Atlanta Falcons

Mike Tolbert ganhou esse prêmio simplesmente porque ele é o FB que mais corre na NFL, totalizando 256 jardas no ano e porque a principal função de um FB na NFL - bloquear - é muito mais difícil de se avaliar. Tolbert pode ter corrido mais que qualquer outro FB no ano, mas foi para pouco expressivas 4.1 jardas por corrida mesmo jogando com Cam Newton, enquanto continuou tendo dificuldades para bloquear - sabe, o mais importante para sua posição. Correr e receber passes são ótimos aditivos para um FB, mas se você não é capaz de bloquear direito, você é basicamente um RB pouco utilizado e com médias pouco expressivas. Tolbert obviamente é um jogador útil, mas olhando alémdas estatísticas de box score, ele não é o melhor FB de 2015.

Enquanto isso, DiMarco teve um ano incrível bloqueando para Devonta Freeman, especialmente no começo do ano. Lembra aquele momento da temporada que Freeman parecia o MVP do Fantasy de 2015, anotando TDs toda semana? Volte a fita e preste atenção no trabalho de DiMarco para que isso acontecesse, e você vai entender o motivo dele estar aqui. Avaliar FBs é muito difícil, mas entre todos DiMarco foi de longe quem mais se destacou para mim.

2nd Team: Marcel Reece, Oakland Raiders.


Wide Receivers: Antonio Brown, Pittsburgh Steelers; Julio Jones, Atlanta Falcons; DeAndre Hopkins, Houston Texans.

Eu falei muito a respeito da batalha entre esses três WRs na minha coluna dos prêmios da temporada na parte de Offensive Player of the Year. 

Eis o que eu escrevi sobre as temporadas de Antonio Brown e Julio Jones na mesma coluna:

"É absurdamente difícil decidir entre os dois porque ambas temporadas foram muito parecidas. Todos os números pós 2004 de jardas aéreas ou recebidas precisam ser levadas com toneladas de grãos de sal quando comparados historicamente, pois houve uma mudança absurda das regras contra defesas e a favor do jogo aéreo que simplesmente inflou as estatísticas além do bom senso. Mas considere o seguinte: Julio Jones e Antonio Brown terminaram ambos a temporada com 136 recepções, com Jones vencendo a disputa nas jardas aéreas, 1871 a 1841. Isso significa que ambos estão empatados com a segunda melhor marca de recepções em uma temporada da HISTÓRIA da NFL (Marvin Harrison em 2002, 143), e são segundo (Jones) e quarto (Brown) em jardas recebidas em uma temporada da história da liga. Isso é muito impressionante."

Quanto a Hopkins, eu não vou repetir aqui (é só ler na coluna linkada acima), mas eu fiz também um argumento de que, considerando os QBs que jogaram com Hopkins e sua brutal diferença de qualidade para os QBs de Falcons e Steelers (mesmo considerando os jogos perdidos por Big Ben), a temporada de Hopkins talvez tenha sido ainda superior às de seus companheiros de profissão, e seus números ajustando por essa diferença em qualidade seriam ainda melhores. É um argumento hipotético, claro, mas no fundo o ponto fica: DeAndre Hopkins é muito bom. Foram inquestionavelmente os três melhores WRs de 2015.

2nd Team: Allen Robinson, Jacksonville Jaguars; Odell Beckham Jr, New York Giants; Larry Fitzgerald, Arizona Cardinals.


Tight End: Rob Gronkowski, New England Patriots.

Pois é, esse lugar é cativo do Gronk enquanto ele estiver saudável. Mesmo com algumas lesões e um ano menos chamativo que o normal, Gronk ainda termina a temporada com 72 recepções, 1176 jardas e 11 TDs, além de ser um dos melhores bloqueadores (se não O melhor bloqueador) entre TEs da NFL. Além disso, nenhum jogador ofensivo não-QB influencia tanto o jogo taticamente e força mais ajustes defensivos do que Gronkowski, e nenhum ataque depende mais de um jogador do que o de New England depende de Gronk. Então isso tem que ser levado em consideração.

Se esse ano eu achei que Gronk teve competição forte pelo prêmio, foi mais por causa da grande atuação de outros TEs essa temporada. Tyler Eifert (13 TDs) e Greg Olsen (1104 jardas e 7 TDs) tiveram temporadas muito chamativas para grandes times, mas ainda melhor foi a temporada extremamente underrated de Delanie Walker, que postou uma linha de 94-1088-6 (#1 em recepções e #3 em jardas entre TEs) apesar de jogar com QBs muito inferiores aos demais TEs da lista, além de ser um dos melhores bloqueadores da NFL e consideravelmente superior no quesito que todos os TEs citados exceto Gronk. No final, a dominação de Gronk fizeram valer novamente o lugar, mas a fantástica temporada de Walker merecia ser celebrada e deu um adversário digno para o camisa 87.

2nd Team: Delanie Walker, Tennessee Titans.


Offensive Tackles: Joe Thomas, Cleveland Browns; Andrew Whitworth, Cincinnati Bengals.

Joe Thomas não é só o melhor LT da NFL, ele é um futuro Hall of Famer que já está entre os melhores da posição da HISTÓRIA da NFL, só que não recebe o devido crédito por passar a carreira toda jogando do lado da Factory of Sadness em Cleveland. Em mais um grande ano, Thomas é um no-brainer em qualquer All-NFL Team.

Encontrar um parceiro para Thomas foi mais difícil, mas entre vários candidatos dignos, eu acabei ficando com Andrew Whitworth: nenhum OT na NFL em 2015 cedeu MENOS pressões no QB do que Whitworth (4 sacks, 1 hit e só 15 hurries), e o grandalhão foi o melhor jogador e peça principal de uma linha ofensiva de Cincinnati que foi discretamente a melhor da temporada 2015. Se você assistiu Cincy durante essa temporada, você viu que o ataque do time foi construído inteiro em torno da sua linha ofensiva, com um QB talentoso mas que precisa ficar longe da pressão para produzir no seu melhor. E considerando que nenhum ataque foi mais dependente da sua linha ofensiva em 2015, e que Cincinnati terminou a temporada com o melhor ataque da NFL em DVOA, acho seguro dizer que Whitworth e seus colegas seguraram muito bem a barra. Ele tem meu segundo voto.

2nd Team: Terron Armstead, New Orleans Saints; Tyron Smith, Dallas Cowboys.


Offensive Guard: Marshall Yanda, Baltimore Ravens; Zack Martin, Dallas Cowboys.

Yanda é inquestionavelmente o melhor guard da NFL, alguém capaz de proteger o QB em alto nível (cedeu apenas 1 sack e 1 hit no ano todo, melhor marca da NFL) E dominar nas trincheiras para abrir espaço no jogo terrestre. Mesmo em uma posição pouco sexy (não existe posição menos reconhecida/valorizada na NFL), é o tipo de jogador que gera muito valor para um time consistentemente. Junto a ele fica Zack Martin, que novamente teve uma excelente temporada, dessa vez menos reconhecida por jogar em uma totalmente esquecível temporada de Dallas. Martin terminou o ano cedendo apenas um sack, 2 hits e 10 pressões (segunda melhor marca da liga entre jogadores com 1000+ snaps). Martin foi draftado como tackle, mas se continuar jogando no interior da linha, vai ser um eterno candidato a times All-Pro/All-TMWs. 

2nd Team: Richie Incognito, Buffalo Bills; Josh Sitton, Green Bay Packers.


Center: Ryan Kalil, Carolina Panthers.

No começo da temporada, muita gente achava que a linha ofensiva remendada seria um grande problema para o Carolina Panthers. Ela não foi. Pelo contrário, discretamente foi uma das grandes forças do time na temporada, especialmente protegendo Cam Newton e seus scrambles. E Kalil foi o pilar disso tudo, o veterano que manteve a fundação no lugar e permitiu ao resto encaixar, alguém que foi fundamental protegendo Newton e abrindo espaços para o jogo terrestre (especialmente em jogadas curtas). Talvez alguns Cs tenha sido melhores protegendo o QB ou abrindo espaços, mas nenhum fez os dois tão bem quanto Kalil.

2nd Team: Travis Frederick, Dallas Cowboys.


Defensive Line (interior): Aaron Donald, Saint Louis Rams; Geno Atkins, Cincinnati Bengals.

Eu já falei bastante sobre Aaron Donald na coluna sobre os prêmios da temporada, principalmente sobre como deveria ser impossível para um DT com tanto papel coletivo (ocupar bloqueadores, fechar espaços, etc) também ter um impacto direto tão impressionante através de pressões, tackles para perdas e sacks. Leia a coluna para ler meus pensamentos completos sobre o jogador, mas vou deixar essa parte aqui: 

"E acima de tudo esse é o maior argumento a favor de Donald como DPOY: jogadores de meio de linha defensiva não deveriam ter todo esse impacto direto além de todo o papel coletivo (ocupar bloqueadores, quebrar o pocket, etc), e ainda assim Aaron teve o quarto maior impacto direto em jogadas de passe da liga através de pressões (11 sacks, 26 hits, 44 hurries). Isso é surreal para um DT, onde você tem normalmente menos chances de ter esse impacto direto, e um dos grandes motivos pelos quais a defesa do Rams foi tão boa na temporada."

Sobre Atkins, o DT é o principal motivo pelo qual a defesa do Bengals voltou a ser uma força depois de um ano em baixa (no qual Atkins esteve machucado). A linha defensiva sempre foi o pilar do time, com bons nomers e jogadores talentosos como Carlos Dunlap e Michael Johnson, mas toda a linha - e portanto a defesa inteira - era montada em torno do colapso que Atkins causava na linha adversária e abria espaços por onde os seus atléticos companheiros poderiam atingir o backfield e fazer jogadas. Donald é melhor atravessando a linha, atrapalhando jogadas e causando impacto direto no jogo, mas nenhum DT na NFL hoje consegue causar colapso em uma linha ofensiva melhor do que Atkins. Dunlap, Johnson e o resto da DL de Cincy deveriam dar metade do seu salário para Geno. 

2nd Team: Kawann Short, Carolina Panthers; Linval Joseph, Minnesota Vikings.

Defensive Line (ponta): JJ Watt, Houston Texans; Kahlil Mack, Oakland Raiders; Von Miller; Denver Broncos.

JJ Watt é o melhor defensor da liga e meu voto para Defensive Player of the Year, então não preciso gastar muitas palavras explicando essa. Ele liderou a liga em sacks, jogadas de pressão, tackles for loss enfrentando mais marcações duplas e triplas do que qualquer jogador, causando mais impactos táticos e forçando mais ajustes do que qualquer defensor. Ele é o melhor jogador de defesa que a NFL ve desde Lawrence Taylor. O prêmio de Defensive Player of the Year deveria ser renomeado "Prêmio JJ Watt".

Kahlil Mack teve uma ótima temporada de calouro em 2014, principalmente por seu papel dominando o jogo terrestre, mas em 2015 elevou mais um nível no seu jogo assumindo um papel mais ativo atacando o quarterback, e Mack simplesmente destruiu tudo no seu caminho em seu novo papel: foram 16 sacks (apenas Watt teve mais) e 82 jogadas de pressão (apenas Watt e Michael Bennett tiveram mais). Durante uma surreal sequência de três jogos, Mack teve NOVE sacks (inclusive um jogo com 5 só no primeiro tempo) para ajudar o Raiders a vencer dois deles por totais 6 pontos. E embora isso diga mais sobre o quão tosco é o processo de votação dos All-Pros, vale citar que Mack foi o primeiro jogador da história a ser eleito para o All-Pro Team em DUAS posições diferentes (DE e OLB). Watt e Mack foram dois no-brainers para essa posição.

O terceiro lugar foi mais difícil, com vários bons candidatos mas ninguém se destacando acima dos demais. Acabei indo com Von Miller, que certamente tem as credenciais para isso: 11 sacks, 82 jogadas de pressão (empatado com Mack no terceiro lugar da temporada) e consistente impacto no jogo terrestre não são nada para se torcer o nariz, ainda mais considerando toda a atenção e dobras que ele atrai. Ele foi o segundo melhor OLB de 2015 tirando Mack. Mas o motivo foi um pouco diferente e talvez até injusto: Miller foi de longe o melhor jogador e pilar de uma defesa que acabou sendo a melhor da temporada em 2015, e embora obviamente ele tenha tido muitos bons companheiros, você vai reparar que apenas um outro Bronco acabou aparecendo nessa lista. Miller e (SPOILER OMITIDO) são as únicas grandes estrelas dessa defesa, e sua performance fantástica foi um dos motivos pelos quais ela foi tão boa. Então eu vou com Miller sobre a concorrência - ele tem uma leve vantagem em impacto individual E em impacto coletivo.

2nd Team: Michael Bennett, Seattle Seahawks; Olivier Vernon, Miami Dolphins; Cameron Jordan, New Orleans Saints.


Linebackers: Luke Kuechly, Carolina Panthers; Anthony Barr, Minnesota Vikings.

Então ficamos com um 4-3 OLB e um ILB para nossos linebackers.

Kuechly pode ter perdido três jogos com concussões, mas apesar disso, o jogador do Panthers foi de longe o melhor ILB da NFL em 2015. Acho que a melhor forma de descrever o camisa 59 é "força da natureza" - sua antecipação e instintos são surreais, e isso junto da sua capacidade atlética colocam Kuechly em todos os lugares do campo ao mesmo tempo. Meu exemplo favorito: lembra daquela insana recepção do Julio Jones contra o Panthers? Ta vendo aquele cara branquelo que acabou de correr 50 jardas downfield para acompanhar um dos melhores e mais rápidos WRs da NFL? É Kuechly. Tirando Patrick Willis, eu acho que nunca assisti outro MLB capaz de fazer fazer essa cobertura. Claro, foi touchdown, mas isso diz muito mais sobre a jogada linda de Jones do que uma falha de Kuechly - jogadores tão grandes e fortes como o LB não deveriam ser fisicamente capazes de acompanhar JJ em uma rota dessas.

E é assim que a vida funciona para Kuechly. Ele está em todos os lugares, faz todos os tipos de jogadas e não tem nenhuma falha no seu jogo. O camisa 59 cedeu um rating de 57.8 em passes lançados na sua direção, um número absolutamente RIDÍCULO para um linebacker, foi mais eficiente dando tackles do que qualquer jogador e foi o segundo em Stop% no jogo terrestre. Ridículo. Se Patrick Willis pegou a tocha de Ray Lewis de "MLB histórico dominando a NFL", essa tocha me parece muito segura com Luke Kuechly.

Barr é um caso engraçado, alguém que chegou na NFL como um OLB pass rusher do College e nas mãos de Mike Zimmer acabou se tornando um dos mais devastadores all-around LBs da NFL. Não sei se existe hoje na NFL um linebacker tão completo quanto Barr. Embora o segundanista não se alinhe como um OLB 4-3 tradicional em boa parte do tempo, participando ativamente de pacotes e formações híbridas como pass rusher ou jogando mais próximo da linha defensiva, Barr tem um impacto em todas as áreas do jogo de forma que não é comum para um OLB 4-3: ele é devastador em jogadas de rush (4 sacks, 5 hits e 18 hurries, segundo melhor entre 4-3 OLBs apesar de ir para blitz menos que seus concorrentes mais próximos), excelente saindo para cobertura (cedeu apenas um TD no ano apesar de ser um dos OLBs que mais defendem no jogo aéreo) e ainda consegue impor sua presença em jogadas terrestres. Sua versatilidade constitui a espinha dorsal de uma das melhores jovens defesas da NFL. Você não encontrará um jogador em toda a NFL que teve mais impacto em 2015 no jogo terrestre, na cobertura E no pass rush do que Anthony Barr.

2nd Team: KJ Wright, Seattle Seahawks; Derrick Johnson, Kansas City Chiefs.


Cornerbacks: Tyrann Mathieu, Arizona Cardinals; Josh Norman, Carolina Panthers; Patrick Peterson, Arizona Cardinals.

Aparentemente, a maior parte das pessoas veem Tyrann Mathieu como um safety apesar do fato dele ter se alinhado muito mais de cornerback esse ano. A verdade é que o Honey Badger joga uma posição híbrida CB/Safety que tem se tornado cada vez mais popular na NFL (Charles Woodson, quando foi DPOY e campeão pelo Packers, fazia uma função semelhante), mas ainda é mais próximo de um CB do que de um safety. Então é como eu voto.

E apesar de Mathieu ter perdido os dois últimos jogos da temporada com um ligamento rompido (infelizmente pela segunda vez), seu impacto foi tão grande que não tem como deixá-lo de fora do 1st Team. Na cobertura, Mathieu já faria por merecer esse 1st Team All-TMW: além de estar em todos os lugares ao mesmo tempo, o camisa 32 é um dos defensores de secundária mais físicos da liga, alguém que mistura força, atleticismo, instintos e técnica para criar uma máquina de destruição em massa. Ele consegue marcar qualquer WR, de Julian Edelman a Demaryus Thomas, e os números sustentam os vídeos: 60% de passes completos e 77.6 Rating lançando na direção de Mathieu, e esses números ainda são inflados pelos snaps que Mathieu alinha mais atrás, como safety (que tendem a ser maiores). Avaliando CBs na cobertura, é comum nos maravilharmos com aqueles que não aparecem, que passam o jogo todo anulando um jogador e mal aparecem no vídeo porque ninguém lança na direção deles. Mathieu é o oposto, alguém que está o tempo todo em todos os lugares fazendo jogadas e tendo impacto em um número enorme de snaps, frequentemente cobrindo seus companheiros nessa função híbrida.

Mas assim como Barr, o maior valor de Mathieu não vem de uma coisa que ele faça muito bem, e sim do fato dele fazer TUDO em altíssimo nível. Além de suas habilidades na cobertura, Mathieu também é um dos melhores cornerbacks fazendo blitz (foi para a blitz em 39 snaps e saiu com 11 pressões, ambas as melhores marcas entre CBs), E ainda dobra como o melhor CB contra o jogo terrestre por uma enorme margem, conseguindo "Stops" em 6% das jogadas de corrida dos adversários - o segundo melhor CB da liga tem em 4.6%. A capacidade de ler e reagir às jogadas e sua velocidade indo do ponto A ao ponto B fez dele o CB de maior impacto da NFL em 2015 quando consideramos todas as áreas do jogo.

O parceiro do Honey Badger no All-TMW Team é também seu parceiro na vida real. Patrick Peterson se recuperou brilhantemente de um fraco 2014 para ter o melhor ano de sua carreira: QBs completaram apenas 47.7% de seus passes na direção de Peterson (terceira melhor marca da NFL), cedendo apenas dois TDs (e adicionando duas interceptações e seis passes desviados) e segurando QBs a um Rating de 61.8, sexta melhor marca da NFL. É claro, isso em si só não significa nada, mas da para ter uma noção do trabalho de Peterson esse ano. E ele fez isso apesar de constantemente marcar o melhor WR adversário também. Se Mathieu é uma estrela por causa de seu enorme impacto all-around, Peterson é um CB mais ortodoxo, que foca em tirar um WR do jogo. É um impacto diferente, mas não menos significante.

Por fim, o último lugar fica com aquele que foi de longe o CB mais comentado e chamativo de 2015: Josh Norman. Eis a lista de WRs que Norman marcou em 2015: Allen Robinson, DeAndre Hopkins, Brandin Cooks (x2), Mike Evans, Doug Baldwin, Jordan Matthews, TY Hilton, Randall Cobb, Justin Hunter, DeSean Jackson, Dez Bryant, Julio Jones (x2), Odell Beckham Jr.

E eis os números para QBs lançando passes na direção de Josh Norman: 51%, 9.3 jardas por passe completo (4th melhor da NFL), 2 TDs, 4 INTs, 457 jardas, e um rating de 54.0 que foi o melhor da liga entre CBs qualificados. O ano todo, foi o papel de Norman travar no melhor WR adversário, marcá-lo o jogo todo, e tirá-lo do jogo... e foi o que ele fez, mais e melhor do que qualquer outro cornerback dessa temporada. E eu não preciso te dizer o impacto que é para um ataque ter seu melhor recebedor simplesmente tirado do jogo dessa maneira. Foi uma temporada realmente fantástica para o CB do Panthers, que inclusive entrou no meu ballot para DPOY em quarto lugar.

2nd Team: Chris Harris Jr, Denver Broncos; Johnathan Joseph, Houston Texans; Richard Sherman, Seattle Seahawks.


Safeties: Harrison Smith, Minnesota Vikings; Earl Thomas, Seattle Seahawks.

Não sei se existe hoje na NFL um jogador mais consistentemente underrated do que Harrison Smith. Nos últimos dois anos, o único safety que talvez tenha sido melhor do que Smith na NFL foi Earl Thomas, que é um futuro Hall of Famer. Em 2015, Smith foi de longe o melhor safety da liga mesmo perdendo dois jogos machucado. E ainda assim, em 4 anos de NFL, Harrison Smith nunca foi a um Pro Bowl ou integrou um All-Pro Team. Por que? Eu não saberia te dizer. Só saiba que Smith é um monstro que preenche mais funções em um campo de futebol americano que qualquer outro DB (tirando talvez Mathieu) e se move com mais velocidade pelo campo fazendo jogadas que qualquer outro defensive back tirando Thomas. E ele foi mais uma vez brilhante em 2015, totalizando 11 pressões (inclusive dois sacks e quatro hits), fornecendo apoio consistente no jogo terrestre e segurando QBs a um rating impossível de 43.3 em bolas lançadas na sua área - a melhor marca da NFL inteira (não entre safeties, NFL inteira) entre jogadores que viram tantos passes quanto Smith. O camisa 22 não entrar nem no SEGUNDO time All-Pro foi um dos maiores absurdos da história recente da NFL. Um dia a NFL vai dar a Harrison Smith o valor que ele merece. Pena que não será em 2015.

Quanto a Thomas, não tem muito o que dizer. É talvez o melhor jogador no que tem sido uma das melhores defesas da história da NFL nos últimos anos. E ao contrário de Richard Sherman, que recebe mais atenção, cujo esquema do time permite isolar para maximizar suas forças, Thomas é a base em cima da qual pende todo o esquema defensivo de Seattle. Assista aos All-22 de Seattle e você logo vai ver que, apesar do esquema ser bastante simples superficialmente, a chave é que o time aproxima muito seus defensores da linha e deixa Earl Thomas as vezes quase sozinho cobrindo o fundão, uma tarefa que só é possível porque ele é uma aberração da natureza que consegue cobrir mais espaço em um campo de futebol americano do que qualquer outro jogador. E é por Thomas ser capaz de cumprir essa função que permite ao resto da defesa se focar no que eles fazem de melhor e tirar o máximo do seu estilo de jogo. Eu até acho que ETIII (Sim, ele chama Earl Thomas III) teve um ano abaixo dos seus padrões, mas mesmo um ano abaixo da média para ele é ser o segundo melhor safety da temporada.

2nd Team: Eric Berry, Kansas City Chiefs; Charles Woodson, Oakland Raiders.


Kicker: Justin Tucker, Baltimore Ravens

Quando pensamos em kickers, a primeira coisa que pensamos é em acertar FGs. E, claro, é uma parte crucial do trabalho. Analisando por esse critério, o melhor kicker de 2015 provavelmente foi Stephen Gostkowski, com uma leve margem sobre Justin Tucker. Os dois kickers empataram no segundo lugar em FGs acertados com 33 (Blair Walsh teve 34), mas o kicker do Patriots o fez com melhor aproveitamento: 33-36, contra 33-40 do kicker do Ravens.

Mas continue fuçando, e você vai perceber o motivo: FGs não são todos iguais. Um FG de 25 jardas e um FG de 55 jardas são totalmente diferentes, e logicamente você esperaria que o aproveitamento de um kicker dependeria muito do tipo de chutes que ele tenta.

Você provavelmente já entendeu aonde quero chegar. Tucker jogou para um ataque morfético, que tinha dificuldade de mover a bola e por isso forçou-o a muito mais chutes longos: 10 de seus 40 FGs foram de 50+ jardas, o dobro de Gostkowski e a maior quantidade de tentativas dessa distância da NFL. Então não é que Tucker não tenha sido tão bom quanto Gostkowski, e sim que ele foi obrigado a tentar chutes bem mais difíceis por causa da ineptidão do seu ataque. Na verdade, nos chutes mais "rotineiros" (menos de 50 jardas), Tucker foi até melhor: 29 de 30 para o kicker do Ravens, contra 29 de 31 para o do Patriots. Gostkowski merece créditos pela sua ótima precisão de 50+ e liderou todos os kickers em pontos adicionados com FGs, mas Tucker não fica muito atrás (3rd) e seu aproveitamento inferior é causado pelos chutes mais difíceis que teve de tentar. E, vale citar, nenhum dos dois errou um extra p

Mas kickers tem uma segunda tarefa além de chutar FGs, uma que frequentemente é ignorada: kickoffs. E é nessa que Turner brilha: liderou a liga em distância (72 jardas) e foi segundo em toda a liga em percentual de touchbacks com ridículos 86.5%. A distância entre Turner e o terceiro colocado, Jason Myers, foi maior (13,9 pontos percentuais) do que a diferença entre Myers e o décimo sexto do quesito, Josh Lambo (13.8 pontos percentuais). Ele também adicionou mais valor em kickoffs do que qualquer outro jogador.

Juntando os dois quesitos - kickoff e FG - tanto Gostkowski como Turner foram ótimos em ambos, mas na soma dos fatores dou uma leve vantagem para Turner por um simples motivo: a diferença a favor de Turner em kickoffs para mim é maior do que a diferença a favor de Gostkowski em FGs. Por muito pouco, mas é.

2nd Team: Stephen Gostkowski, New England Patriots


Punter: Pat McAfee, Indianapolis Colts

O engraçado é que McAfee não é só o melhor punter fazendo punts da NFL, embora ele também o seja: 47.7 de distância média (#2 da NFL), 5.28 de hang time (#8), 43.3% apenas retornados (#9) e #1 em valor adicionado. Mas você sabia que McAfee também cuida de chutar kickoffs para o Colts... e que ele é o quarto MELHOR de toda a NFL no quesito (atrás de Tucker, Gostkowski e Graham Gano) e liderou a liga em porcentagem de touchbacks? Junte a isso que ele é o melhor punter/kickoffer (existe isso?) da liga na cobertura e dando tackles, e nenhum jogador de special teams da NFL tem remotamente tanto impacto no time quanto McAfee. Ele é o melhor special teamer da liga inteira.

2nd Team: Johnny Hekker, Saint Louis (RIP!) Rams.


Kickoff returner: Cordarrelle Patterson, Minnesota Vikings

Eu até hoje não perdoei a NFL por mudar o ponto do kickoff e praticamente matar os retornos de kickoff, minha jogada favorita do futebol americano. Fuck you, Goodell.

Do que eu estava falando? Ah sim... Cordarrelle Patterson. Ele liderou a liga em jardas por retorno de kickoff (31.9), segundo em jardas totais (1020), e foi o único jogador da NFL a levar dois kickoffs para a casa. Então ele teve o maior impacto médio E touchdowns, que seria o impacto máximo. Bom suficiente para mim.

2nd Team: Ameer Abdullah, Detroit Lions.


Punt returner: Darren Sproles, Philadelphia Eagles

Eu realmente queria pedir desculpas ao Tyler Lockett aqui. Se fosse simplesmente uma posição chamada "Kicks returner", ele seria o óbvio número 1, tendo sido fantástico retornando tanto punts como kickoffs. Mas quebrando, temos jogadores que se destacaram mais nos componentes específicos. Fica a menção honrosa a Lockett aqui então (bem como um 2nd Team All-TMW).

De volta a Sproles, sua temporada fantástica retornando acabou ofuscada por um ruim e disfuncional time do Eagles, mas os números falam por si só: 37 retornos (#3 na NFL), 436 jardas (#1 na NFL), 11.8 jardas por retorno (#3 na NFL) e 2 touchdowns (único da NFL com mais de um). Temporada incrível. E talvez seja só eu, mas sempre achei Sproles um dos jogadores mais aleatoriamente excitantes de se assistir, pelo tamanho, velocidade, explosão e o fator de comédia não-intencional de um baixinho de um metro e meio correndo no meio de mamutes de 150kg. Então bônus para ele.

2nd Team: Tyler Lockett, Seattle Seahawks.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Prêmios e previsões da temporada 2015 da NFL

E o prêmio de pior jogada de 2015 vai para... (Gif do genial Dave Rappoccio)


Para quem não lembra, no começo do ano eu fiz um post com minhas muitas previsões embasadas para a temporada 2015 da NFL E uma coluna para o Spin Bet com minhas apostas de Vegas para a temporada. Então antes de partir para nossa tradicional coluna distribuindo os prêmios individuais do futebol americano - sabe, os velhos MVP, Offensive Player of the Year e por ai vai - vamos dar uma olhada em como eu me sai nos meus palpites da preseason.


Palpites da preseason

O Time Que É o Grande Candidato A Regressão: Detroit Lions

Bem, o Lions de 2014 terminou 11-5, mas com uma tabela fácil (9th mais fácil da NFL) e com 9-7 de Pythagorean Expectation, um famoso sinal de regressão. Além disso, o time perdeu dois dos seus principais jogadores da sua maior força (a defesa), Ndamukong Suh e Nick Farley (e, pra piorar, DeAndre Levy teve uma lesão não muito bem esclarecida na preseason e acabou perdendo a temporada toda). Era um alvo fácil para regredir em 2015. Dito e feito, Detroit regrediu dos dois lados da bola, sofreu defensiva e ofensivamente com as perdas que teve, e terminou o ano com um decepcionante (mas previsível) 7-9 que está alinhado com sua Pyt Expectation. Então começamos bem.

(Minha menção honrosa da coluna? Arizona Cardinals. Vamos fingir que isso nunca aconteceu?)


O Time Que Promete Explodir Mas Decepciona: Miami Dolphins

I'm on fire!!

Antes da temporada começar, eu citei que apesar da bombástica contratação de Ndamukong Suh o Dolphins não me passava confiança. Para justificar esse ponto, argumentei que o time estava comprometendo muito dinheiro para um jogador só, sendo que a equipe ainda tinha muitos buracos a serem tapados (e não teriam mais cap para corrigir isso com o contrato monstruoso de Suh ocupando tanto espaço), comprometendo a profundidade da equipe. Também citei que a famosa "evolução" de Ryan Tannehill em 2014 tinha sido bastante overrated, mais devido a um novo esquema tático que a  uma evolução do jogador, e que não deveríamos esperar uma explosão do jovem QB em 2015.

Bem... bingo! Apesar da inconsistência, Suh teve uma temporada dominante, mas isso não foi suficiente para impulsionar uma defesa que simplesmente carecia de talento atrás de sua nova estrela, especialmente depois que Cameron Wake foi parar no IR. Tannehill também me fez parecer um profeta, regredindo em todas as áreas do jogo e tendo uma desastrosa temporada, terminando o ano com QBR de 43 (32nd entre 37 QBs qualificados). Foi um ano jogado fora: o técnico caiu logo no começo do ano, o GM seguiu antes do fim da temporada, e agora parece que o próprio Tannehill pode deixar o time em breve (a informação que chega é que essa decisão estará nas mãos do novo técnico, o que não é exatamente um voto de confiança para o QB). Eu apostei contra o time, mas não esperava esse desastre.

Vale citar também que eu acertei também na minha menção honrosa, o Buffalo Bills, mas por motivos bem diferentes do que eu imaginava. Achei que o fator limitante seria o ataque liderado por Tyrod Taylor, mas bizarramente o Bills teve um dos melhores ataques da liga (#9 na NFL), Taylor foi uma revelação (63.7%, 8.0 Y/A, 20 TDs, 6 interceptações, 67.84 QBR) e o que derrubou o time foi justamente sua famosa defesa, que terminou como #2 da liga ano passado mas despencou para #24 nessa temporada depois de se juntar a um HC que é uma das melhores mentes defensivas da história da NBA. Extremamente bizarro. 


O Jogador Desconhecido Que Explode No Lugar Certo: Joseph Randle

Esse foi um grande fiasco. Apostei no Randle por confiar na linha ofensiva de Dallas, que poderia fazer um RB decente ter números de estrela e ganhar algumas ligas de fantasy. Mas não deu nada certo: Romo se machucou (e afundou o ataque de Dallas junto), Randle teve apenas 73 corridas em 6 jogos para 313 jardas (fracas 4.1 jardas por corrida), batalhou problemas extra-campo antes de ser dispensado na semana 7 e agora acaba a temporada sem time. Funhé.


Jogador Subvalorizado Que Estoura Na Situação Certa: DeAndre Hopkins

Já fazia um ano que Hopkins era um dos melhores WRs da NFL, mas por ainda dividir alvos com o futuro Hall of Famer Andre Johnson (e por jogar no fraco Texans) pouca gente prestava atenção no quão incrível Hopkins estava se tornando. Sem Johnson, Hopkins finalmente explodiu e recebeu a atenção nacional que merecia já faz um ano: 111 recepções (#3 na NFL), 1521 jardas (idem), 11 Touchdowns (#7 na NFL) e algumas das recepções mais incríveis da temporada. E isso tudo passando a temporada recebendo passes do verdadeiro festival que foi a posição de QB do Texans: Brian Hoyer, Ryan Mallett, TJ Yates, Brandon Weeden e BJ Daniels (eu juro que não inventei esse nome) chegaram a jogar atrás do Center por Houston essa temporada. Imagina o quão bom esse cara poderia ser com um QB de verdade. Considerando essa seleção de QBs, é possível argumentar que Hopkins na verdade foi o melhor WR de 2015 apesar dos números piores que Antonio Brown e Julio Jones (hold that thought...). Talvez não seja eu a fazê-lo, mas o argumento existe. Regardless, foi uma temporada fantástica que enfim colocou Hopkins no mapa do fã casual de NFL. E já era hora!


A Grande Contratação Que Fracassa: Julius Thomas

Eu juro por tudo que é sagrado que eu tinha DeMarco Murray como minha aposta nessa seção até a revisão final da coluna, mas não tive os culhões para ir até o fim apostando no fracasso do ex-RB de Dallas. Me chutei o ano todo por isso. Pelo menos acertei a menção honrosa citando outra contratação do Chip Kelly que deu errado, Byron Maxwell, que recebeu 50M de dólares para ser o CB #1 da equipe e cedeu um rating de 100.3 para QBs que lançaram na sua direção. Obrigado pelos alvos fáceis, Chip. 

Sobre Julius Thomas, basicamente aconteceu o que eu esperava dele: um jogador totalmente unidimensional que não bloqueia, não move as correntes e só serve basicamente como alvo na end zone. 46 recepções para 455 jardas não são desprezíveis para um TE, mas também não valem um contrato de 46M em nenhum lugar do mundo para um jogador que não contribui em outras áreas. Por outro lado, Thomas pegou 5 TDs, então ele cumpriu parte do papel pelo qual está sendo pago, ainda que o Jaguars possivelmente esperasse algo mais próximo dos 12 que teve de média nos últimos anos em Denver. Não foi totalmente inútil, mas por 46M por ano, é muito pouco. Não sei o que o time esperava de diferente com essa contratação, para ser sincero.


O Jovem Time Que Explode de Produção: Minnesota Vikings

Essa foi a aposta mais divertida de acompanhar ao longo do ano. No começo da temporada, tirando uma derrota para San Francisco que fica mais inexplicável a cada dia que passa, o Vikings parecia que me faria parecer esperto, ganhando vários jogos e liderando a divisão... mas eu não estava satisfeito, porque assistindo aos jogos parecia bem claro que o time não estava JOGANDO tão bem assim, não estava produzindo como eu esperava em quadra. Sempre defendi que número de vitórias na temporada é um critério fraco pra avaliar nível de jogo de um time. O time estava ganhando, mas não jogando bem.

Dai passou um ponto da temporada onde o calendário do Viks apertou, o time começou a perder mais jogos... mas eu estava absolutamente feliz porque finalmente Minny estava jogando como eu esperava. Mesmo com múltiplas lesões a alguns dos seus melhores jogadores (Harrison Smith, Anthony Barr, Linval Joseph, Adrian Peterson), o time evoluiu dos dois lados da bola, Bridgewater voltou a parecer o Franchise QB do final do ano passado (65.3% de aproveitamento, 7.2 Y/A, 62.71 QBR na temporada sem receber NENHUMA atenção da mídia apesar de não ter um bom grupo de WRs ou uma linha ofensiva decente), e o time subiu de 27th DVOA para 11th ao final da temporada. Eventualmente, Minnesota venceu Green Bay na semana 17 para conquistar seu primeiro título da divisão desde 2009, coroando sua temporada. Mas, mais importante para mim, estão jogando como o jovem time em ascensão que eu queria ver desde Agosto.


O Nome Grande Que Cai Em Um Time Novo: LeSean McCoy

Difícil dar um parecer sobre essa. Eu esperava que McCoy caísse em Buffalo atrás de uma linha ofensiva que vinha sabotando seus próprios RBs e sem um QB competente para abrir espaços, jogando em um esquema ofensivo que não jogava a favor das suas forças. E não foi bem o que aconteceu - ainda que ninguém vá dizer que McCoy teve um grande ano, difícil dizer que ele foi um fracasso completo. O maior problema de Shady foram as lesões, perdendo 4 jogos e vários outros snaps, dividindo mais toques do que o antecipado e em geral não participando tanto do ataque quanto em Philly. No final, terminou com 12 jogos, 895 jardas corridas e 292 recebidas, além de medianas 4.4 jardas por corrida com 5 TDs e 2 fumbles. Não foi um destaque, mas também não foi um desastre depois de um começo que parecia indicar nessa direção. McCoy caiu de fato de produção, mas não tanto quanto eu esperava, e parte disso veio de lesões... e por outro lado, ele provavelmente foi pior na temporada que Karlos Williams atrás da mesma linha ofensiva. Então meio certo para mim.


Então foram cinco acertos, um erro grosseiro, e um meio certo. Estou bem satisfeito com meu desempenho, afinal. Vamos passar rapidamente pelas apostas de Vegas antes de ir para os prêmios da temporada...


Baltimore Ravens vencendo a divisão (2.5)

Meu pior erro da temporada - o Ravens foi a maior decepção de 2015, o Bengals um dos melhores times, e o Steelers chega nos playoffs milagrosamente apesar de uma temporada marcada por lesões. Não tem nem o que falar aqui.


New England Patriots vencendo a divisão (1.5)

Absurdo (e duplamente em retrospecto dado como a temporada acabou) pensar que o Patriots vencendo a divisão pagava mais em Agosto/Setembro do que Colts, Seattle ou o Packers vencendo as suas, embora fosse a mais segura das quatro apostas. So there. Eu entendo que o fenômeno Deflategate tenha influenciado aqui, mas uma vez que a suspensão de Tom Brady foi revertida, não deveria ter nenhuma margem para dúvida de que essa divisão já tinha dono. De novo. Aposta mais fácil da temporada.


Carolina Panthers vencendo a divisão (3.75)

Bizarramente, eu confiava no Saints vencendo a divisão, mas a diferença nas odds (3.75 para o Panthers, menos de 2.8 para Falcons e Saints) me fez acreditar que valeria mais a pena apostar no Panthers e sua defesa do que nos adversários. A defesa do Panthers fez valer minha aposta... só que dai o ataque também, e Cam Newton jogou como um MVP, e de repente o Panthers estava 14-0 e caminhando para uma temporada invicta. E eu vou fingir de agora em diante que apostando neles significava que eu acreditava desde o começo. E vocês também, se alguém perguntar.


Minnesota Vikings vencendo a divisão (8.0)
Green Bay Packers #1, Minnesota #2 na NFC South (3.6)

Hell yeah baby!!

Essa era uma aposta dupla - eu achava que Green Bay levava a divisão, mas achava que seria apertado o suficiente sem Jordy Nelson para os 8 para 1 de Minny valerem a pena. E para quem não via chance do Packers perder, tinha a segunda parte que te garantia um retorno mais seguro. Ao total, eu tinha 99% de certeza que uma delas estaria certa salvo um desastre, então apostando nas duas você tinha quase certeza de lucro. Com Minny e Green Bay se enfrentando na semana 17 valendo a divisão, de repente é a semana mais divertida da minha vida de apostador, com um payoff de 8 para 1 na linha e a certeza de ganhar no final. E Minnesota me vindicou vencendo a divisão com estilo. So there!


Tom Brady para MVP (19.0)

Eu odeio apostar em prêmios individuais por ser tão imprevisível (que tinha Cam Newton e Carson Palmer disputando o MVP na Semena 17?!), mas a 19 para 1 e revertida sua suspensão o payoff era grande demais para não valer a pena. E durante algum tempo parecia que eu tiraria a sorte grande nessa. Dai Gronk e Edelman machucaram, o Patriots caiu, o Panthers não e Cam Newton continuou elevando seu jogo. Uma pena, foi uma boa aposta, mas só um milagre salva.


Mark Ingram liderando a liga em jardas terrestres (41.0)

É, essa foi péssima. Era só uma aposta long-shot pelas odds. Mas Ingram terminou o ano no IR e com 769 jardas na temporada, o que passou bem longe de fazer valer minha aposta.

O que mais me irrita é ver que Ingram teve 4.6 jardas por corrida - número maior que Adrian Peterson, que lidera a liga pelo chão - e sonhar que Ingram teria uma chance se a defesa do Saints não fosse uma vergonha histórica e o time tivesse o tempo todo que jogar atrás no placar. E se Mark Ingram não tivesse pernas de papiê-machê. Ou é o que eu digo para mim mesmo. 


DeAndre Hopkins liderando a liga em jardas recebidas (23.0)

Hopkins terminou o ano em terceiro apesar do souflé de mediocridade que foi a posição de QB da sua equipe, e possivelmente teria vencido a aposta se a) Brian Hoyer não se machuca e b) Julio Jones e Antonio Brown não fossem marcianos. Acontece. A 23 para 1 achei uma ótima aposta mesmo já sabendo de antemão das dificuldades de quarterback da equipe.


Resultado final
Apostados: U$ 180,00
Retorno: U$ 375,00
Saldo: U$ 195,00

Obrigado, Minnesota!

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Bem, essas foram minhas apostas das preseason. Digamos que eu mandei bem até. E agora, sem mais enrolar, vamos passar para os prêmios individuais da temporada 2015 da NFL. Como sempre, vamos deixar de fora Coach of the Year porque eu detesto esse prêmio, mas se quiserem discutir nos comentários se o vencedor deveria ser Ron Rivera ou Bruce Arians, fiquem a vontade.

Prêmios individuais para a temporada 2015 da NFL


Comeback Player of the Year: Eric Berry

É, eu sei que esse é um prêmio extremamente subjetivo, que tem diversas interpretações, que cada um pode usar seus próprios critérios... que seja. Só saiba que, se Eric Berry não ganhar esse prêmio depois de vencer um câncer e voltar para ser um dos melhores safeties da NFL em 2015, nós cometemos um erro e é isso.


Defensive Rookie of the Year: Leonard Williams

Não foi a melhor corrida para Defensive Rookie of the Year que eu já vi. Ao final do ano, pelo menos tínhamos dois bons candidatos ao prêmio, mas a profundidade da disputa deixou um pouco a desejar. Bons jogadores, alguns com bons números, mas poucas performances dominantes. Ou vai ver eu que fiquei mal acostumado depois da classe com Kahlil Mack, Aaron Donald e Chris Borland ano passado (btw, dois desses ainda aparecerão nessa coluna. Fiquem ligados!). Pode ser isso.

Entre os calouros defensivos, quem mais chamou a atenção foi o CB Marcus Peters, de Kansas City, que quase gerou uma revolução nas minhas menções no twitter quando deixei ele de fora do prêmio. Peters chamou a atenção principalmente por liderar a liga em interceptações (com 8) e TDs defensivos (2), o tipo de jogador que faz jogadas espetaculares, aparece bastante nos highlights da rodada e atrai o olhar dos fãs, ao ponto que foi o único calouro defensivo a ir para o Pro Bowl (Todd Gurley e Tyler Lockett os outros). Mas eu tenho minhas dúvidas sobre Peters: o calouro sem dúvida foi um fator no jogo aéreo, jogando de forma muito agressiva nas linhas de passe... mas até demais. Sua agressividade gerou interceptações e touchdowns, mas também tirou Peters de posição vezes demais, tornando-o o tipo de jogador tudo-ou-nada, ou chegava na bola pra cortar o passe ou tomava uma big play nas costas. Pelo tanto que ele trouxe para o time, ele também teve um custo alto: ele foi o segundo CB que mais cedeu TDs (8) e jardas (939) na temporada, e o sétimo com mais faltas (9). Para ser justo, Peters melhorou bastante nisso ao longo do ano, mas avaliando o total, sua temporada não foi tão impressionante quando pareceu à primeira vista apesar de todo seu talento.

Se estamos discutindo CBs calouros, eu prefiro a temporada de Ronald Darby (Bills), que não se destacou tanto em interceptações ou jogadas de efeito, mas teve um impacto muito mais sólido e consistente ao longo da temporada, marcando WRs tops, cedendo poucas jardas (apenas 6.2 jardas por passe lançado na sua direção, mesma marca do candidato a DPOY Tyrann Mathieu), segurando QBs a um rating de 78 e cometendo pouquíssimos erros no processo - foi simplesmente uma temporada mais eficiente, que agregou mais o time do que o estilo 8-ou-80 do Peters. Avaliar CBs depende muito de assistir aos jogos, e assistir Peters e Darby foram duas experiências muito divertidas (e diferentes) ao longo do ano, mas a impressão que eu tive é que Darby simplesmente foi melhor ao longo do ano. Isso não quer dizer que ele seja um jogador melhor, ou que será um jogador melhor, mas se estamos avaliando 2015, Darby foi superior. Ele é meu segundo colocado no ballot com méritos.

Mas meu voto vai para Leonard Williams, o DE do Jets que bizarramente caiu para #6 no Draft apesar de ser considerado amplamente o melhor jogador do recrutamento. Desde o primeiro dia Williams foi uma força no interior da linha do Jets, alguém que comanda (e desmonta) marcações duplas e é um mastodonte contra o jogo terrestre, conseguindo "stops" em quase 10% das jogadas de corrida e atrapalhando sei lá quantas outras, alguém que raramente é movido fora de posição e fecha espaços mesmo quando não está fazendo o tackle... e se não fosse o suficiente, Williams ainda totalizou 4 sacks, 19 hits e 27 knockdowns na temporada (ou seja, 50 jogadas de pressão), excelentes números para um DE 3-4. É o tipo de impacto dual e consistente que você espera de uma estrela na linha defensiva. No final, ele foi o calouro que mais impacto teve em 2015, e por isso ele é meu DROY.

Ballot: 1. Leonard Williams; 2. Ronald Darby; 3. Marcus Peters; 4. Henry Anderson; 5. Arik Armstead.




Offensive Rookie of the Year: Amari Cooper

Desde cedo, essa competição se desenhou como uma disputa de dois homens entre Amari Copper (WR, Raiders) e Todd Gurley (RB, Rams), e ambos tiveram grandes momentos e algumas questões ao longo da temporada suficiente para fazer argumentos nas duas direções.

Gurley provavelmente teria meu voto se jogasse a temporada completa, mas perdeu efetivamente quatro jogos por conta de lesões, o que diminui seu impacto total na temporada. O calouro ainda teve uma grande temporada, com 1106 jardas (#3 na NFL, ainda que em um ano notavelmente fraco para RBs) e 10 touchdowns, digna de vencer esse prêmio. Ainda assim, apesar de tudo, o calouro mostrou bastante inconsistência no ano: nos seus primeiros quatro jogos completos, Gurley totalizou 566 jardas em 88 corridas, uma fantástica média de 142 por jogo e 6.4 por corrida onde foi o melhor RB da liga... e em seguida emendou uma péssima sequência de 5 jogos onde totalizou menos de metade disso, 280 jardas em 79 corridas (52 jardas por jogo e 3.3 por corrida). Terminou o ano alternando grandes momentos (140 jardas contra Detroit), péssimos momentos (48 jardas em 21 corridas contra Tampa Bay) e momentos pouco expressivos (83 jardas em 19 corridas contra Seattle). Foi uma temporada cheia de altos e baixos, com um bom resultado final. Os altos (e foram muito altos) acabaram marcando mais do que os baixos, e por isso a percepção da temporada do Gurley provavelmente acabou um pooouco alta demais em relação ao que foi de fato.

Cooper também teve seus altos e baixos na temporada, embora seja mais fácil identificá-los ao longo do ano. Nos seus primeiros 9 jogos, Cooper pegou 4 touchdowns e teve média de 86 jardas recebidas por jogo. Nos últimos 7, foram 2 touchdowns e 48 jardas de média. Parte disso veio do fato de Carr ainda estar mais confortável com o veterano Michael Crabtree (que liderou o time em passes lançados na sua direção), e parte disso veio de Carr perdendo gás ao longo da temporada, mas Cooper também não se destacou tanto assim nessa reta final. Then again, para um calouro uma linha de 72-1070-6 (recepções, jardas e TDs) é bastante impressionante, o tipo de impacto consistente que abre os olhos, e isso sem contar as jogadas que Cooper fez que poucos WRs da NFL conseguiriam (tirando Hopkins, não sei se teve outro WR que fez mais recepções contestadas do que Cooper no ano) e sua habilidade tão importante para o jogo de Oakland de arrancar jardas depois da recepção (383 YAC na temporada, 13th melhor marca da NFL).

Ainda assim, a inconsistência e os baixos de Cooper (que liderou a liga em drops, mas não aparece nem no Top15 de jardas perdidas com eles) e Gurley (4 jogos perdidos) foram suficientes para abrir a disputa para outros competidores - como Rawls, Karlos Williams, TJ Yeldon, Steffon Diggs e o resto do meu ballot - além dessa dupla. No final, nenhum deles dominou o suficiente para superar o impacto explosivo de Gurley e a solidez da temporada de Cooper, mas criou uma conversa que parecia não existir dois meses atrás.

Eu estou perfeitamente tranquilo se você preferir dar o prêmio para o teto enorme de Gurley ao invés do impacto mais completo, consistente de Cooper ao longo do ano. Mas o WR de Oakland tem meu voto pela totalidade da sua temporada.

Ballot: 1. Amari Cooper; 2. Todd Gurley; 3. Tyler Lockett; 4. Jameis Winston; 5. David Johnson.


Defensive Player of the Year: JJ Watt

Talvez porque JJ Watt jogou três jogos com uma proteção na mão quebrada (nos quais não teve o impacto sobrenatural costumeiro), ou talvez por esse ter sido um ano excepcional em termos de temporadas defensivas fora de série, mas pela primeira vez em três anos (sim, três. É um absurdo Watt não ter ganho em 2013) Watt tem competição séria e forte pelo prêmio de defensor do ano. Na verdade, essa é a melhor disputa pelo DPOY que eu lembro da história recente da NFL. Quando Josh Norman, Tyrann Mathieu e Luke Keuchly tendo temporadas fantásticas como é o caso não entram nem no Top3, você sabe que tem algo especial nas mãos.

Eu acabei deixando Kahlil Mack (que terminou o ano com incríveis 18 sacks, 8 hits, 58 hurries e ótima defesa terrestre, atestando novamente para o quão absurdo foi esse ano) em terceiro lugar, e minha decisão final acabou ficando entre dois jogadores: Aaron Donald e JJ Watt.

Ambos possuem um bom caso a ser feito a seu favor. Então vamos fazê-los.

O caso para JJ Watt: Colocando de forma simples, JJ Watt é o jogador mais destrutivo da NFL na atualidade. Não sei se muita gente chega perto, na verdade. Mesmo jogando três jogos com uma freaking mão quebrada (lembro que a ESPN soltou uma matéria chamada "Impacto de Watt diminui jogando com mão quebrada" e meu amigo Pedro, um torcedor fanático do Pats que tem passado 90% do tempo bêbado durante intercâmbio na Bélgica , me mandou o link da matéria simplesmente com a frase "NO FUCKING SHIT!!!"), Watt ainda terminou o ano liderando a NFL inteira em sacks (18), hits (34), derrubadas de QBs (51, 14 a mais que o segundo colocado) e pressões totais (89, 7 a mais que o segundo colocado), e isso enfrentando mais marcações duplas e triplas do que qualquer jogador da NFL em uma base diária. E talvez por chamar tanta atenção como pass rusher, mas as pessoas ignoram que Watt também é um dos melhores defensores terrestres da liga, totalizando mais tackles atrás da linha de scrimmage do que qualquer outro jogador da NFL e ainda derrubando 8 passes na linha de scrimmage durante a temporada (você não vai acreditar, mas Watt também liderou a liga nesse quesito). Mesmo sendo talvez sua mais fraca temporada individual em 4 anos - resultado de uma flutuação normal, a chegada de novos playmakers no time, esquemas táticos cada vez mais desenhados para minimizar seu impacto, mais marcações duplas e triplas e, de novo, três jogos com a droga de uma mão quebrada  - Watt ainda teve mais impacto do que qualquer outro jogador defensivo da liga.

O caso para Aaron Donald: Donald foi a mais dominante força de interior da NFL esse ano, alguém que rotineiramente enfrentou dobras e ocupou bloqueadores para seus companheiros e AINDA conseguia ter um enorme impacto direto em cada rodada, liderando todos os defensores de interior com 51 "stops" (paradas?) no jogo terrestre. Como todos os bons DTs da liga, Donald é o tipo de jogador que afeta o jogo mesmo quando não está envolvido diretamente na jogada, causando o colapso do pocket, fechando espaços e liberando seus companheiros. Vendo os vídeos, é incrível como Donald faz todos os companheiros melhores, e em muitas das jogadas de sack do resto da linha defensiva você percebe que foi porque o camisa 99 estava abrindo um espaço ou puxando bloqueadores extras para os colegas. E apesar disso, Donald AINDA terminou o ano com 11 sacks, 26 hits e 43 hurries na temporada, números incríveis para um DT. Essas 80 pressões totais foram a quarta melhor marca de TODA a NFL, atrás apenas de Mack (82), Von Miller (82) e  Watt (89). A diferença é que todos esses são jogadores que jogam na ponta da linha (até Watt), enquanto que Donald faz isso como um jogador de interior, o que é ainda mais difícil. E acima de tudo esse é o maior argumento a favor de Donald como DPOY: jogadores de meio de linha defensiva não deveriam ter todo esse impacto direto além de todo o papel coletivo (ocupar bloqueadores, quebrar o pocket, etc), e ainda assim Aaron teve o quarto maior impacto direto em jogadas de passe da liga através de pressões. Isso é surreal para um DT, onde você tem normalmente menos chances de ter esse impacto direto, e um dos grandes motivos pelos quais a defesa do Rams foi tão boa na temporada.

Então por que ir com Watt sobre Donald? Por um motivo simples que é impossível de capturar diretamente em estatísticas: Watt é o único jogador defensivo que eu já vi que faz times mudarem TODO seu playbook ofensivo. Todos os times fazem ajustes no seu plano de jogo para minimizar o impacto dos principais adversários, claro, mas não lembro de ter visto algum defensor que faz ataques mudarem totalmente seu plano de jogo só para neutralizar um cara. Apesar disso, Watt ainda teve todo o impacto que teve e isso antes de considerar todo o efeito dominó que você gera quando um cara sozinho muda toda a forma de jogar do adversário.

Eu compararia Watt nesse sentido com Stephen Curry: Curry é um jogador fenomenal que causa enorme impacto direto no jogo - 30 pontos, 6 assistências, enorme eficiência, ótimos passes, etc - mas seu impacto real em quadra é muito maior do que isso porque os adversários são obrigados a mudar COMPLETAMENTE sua forma de jogar para defendê-lo, abrindo assim espaços que o resto do time e facilitando o jogo para todo mundo. Watt é igual: ele é tão único e tão dominante que força os adversários a irem a extremos muito maiores para tentar neutralizar seu impacto, ao ponto de que isso acaba criando todo tipo de espaços ou aberturas que eleva o nível do resto do time. Então Watt teve o maior impacto direto em campo e ainda foi quem mais forçou mudanças e ajustes dos adversários para ajudar o resto da equipe. Esqueça ser o DPOY, um prêmio que ele poderia estar vencendo pela quarta vez consecutiva em cinco anos de NFL - é hora de citar Watt como um dos maiores defensores da história do esporte.

Ballot: 1. JJ Watt; 2. Aaron Donald; 3. Kahlil Mack; 4. Josh Norman; 5. Luke Keuchly.


Offensive Player of the Year: Antonio Brown

Eu só tenho uma regra quanto a esse prêmio: o vencedor não pode ser alguém da mesma posição do que o MVP. Então como nosso MVP é um QB - droga, dei spoiler do final da coluna - vamos deixar quarterbacks de fora desse prêmio. E se as disputas por Offensive e Defensive Rookie of the Year não foram as melhores, as disputas por Defensive e Offensive Player of the Year (e MVP também) estão mais do que compensando.

Com QBs fora da jogada, nos viramos para dois WRs que tiveram temporadas históricas - Antonio Brown e Julio Jones - e uma zebra que corre por fora, DeAndre Hopkins. E isso sem falar em jogadores como Allen Robinson, Adrian Peterson (líder em jardas terrestres), Doug Martin (que a meu ver foi  melhor que AP esse ano) e Rob Gronkowski (que um dia vencerá esse prêmio se jogar uma temporada completa, nenhum jogador ofensivo não-QB tem tanto impacto quanto ele em campo) que poderiam muito bem merecer esse prêmio em uma temporada mais "normal". Acontece que o que Jones e Brown fizeram esse ano está em outro nível.

Eu já falei de DeAndre Hopkins, e como sua temporada foi ainda mais espetacular do que parece a primeira vista: ele foi terceiro em recepções e jardas na temporada apesar de jogar com QBs muito inferiores do que Brown e Jones; de Brian Hoyer ter se machucado (e O'Brien ter surtado com as trocas na posição) e forçado o pobre Hopkins a receber passes de TJ Yates, BJ Daniels, Brandon Weeden e Ryan Mallett; e de jogar em um ataque menos focado no jogo aéreo (56,7% das jogadas do time foram passes) do que Falcons  (59,7%) e Steelers (60,3%). Como eu disse, existe um argumento a ser feito que considerando todos esses fatores - em especial a questão da diferença brutal de qualidade nos QBs envolvidos - a temporada de Hopkins foi ainda mais impressionante do que as de Brown e Jones.

Aprofundando esse ponto: QBs de Houston completaram 57.8% de seus passes no ano para 6.6 jardas por passe e QBR de 58.3. QBs de Pittsburgh completaram 66.3% de seus passes, com 8.2 Y/A e 67.5 de QBR, e os de Atlanta tiveram 66%, 7.4 Y/A e 61.5 QBR. Então foi uma diferença muito significante. É impossível dizer com certeza como os números de Hopkins ficariam com os QBs que seus concorrentes tiveram, mas pegando as jardas por passe (7.9) e o aproveitamento (57.8%) em passes para Hopkins e aplicando a diferença dos quarterbacks de cada time, podemos estimar os seguintes números (só fixando, essa relação é obviamente não linear e isso que estamos fazendo um exercício totalmente hipotético):

Hopkins com os QBs do Falcons: 127 catches para 1705 jardas

Hopkins com os QBs do Steelers: 127 catches para 1889 jardas (líder da NFL)

Então segundo nosso exercício, se Hopkins tivesse jogado com os QBs do Steelers teria liderado a liga em jardas aéreas e chegado a 9 recepções de empatar JJ/Brown, e isso antes de considerar o aumento no percentual de passes lançados e o aumento nos touchdowns recebidos. Nada mau. Nada mau mesmo.

Claro, isso ainda é uma situação totalmente hipotética feita para ilustrar a diferença entre os QBs abaixo da média do Texans e os QBs de elite (mesmo contando os jogos perdidos por Big Ben) do Steelers. No final, por mais que eu quisesse, eu não consegui colocar Hopkins acima de Jones e Brown. Então DeAndre fica com uma menção muito honrosa e o terceiro lugar, mas eu queria antes esclarecer essa questão para mostrar o quão fantástica foi a temporada de Hopkins e como ela estava sendo menos apreciada do que deveria por comparação.

Então isso nos leva à discussão final: Julio Jones ou Antonio Brown?

É absurdamente difícil decidir entre os dois porque ambas temporadas foram muito parecidas. Todos os números pós 2004 de jardas aéreas ou recebidas precisam ser levadas com toneladas de grãos de sal quando comparados historicamente, pois houve uma mudança absurda das regras contra defesas e a favor do jogo aéreo que simplesmente inflou as estatísticas além do bom senso. Mas considere o seguinte: Julio Jones e Antonio Brown terminaram ambos a temporada com 136 recepções, com Jones vencendo a disputa nas jardas aéreas, 1871 a 1841. Isso significa que ambos estão empatados com a segunda melhor marca de recepções em uma temporada da HISTÓRIA da NFL (Marvin Harrison em 2002, 143), e são segundo (Jones) e quarto (Brown) em jardas recebidas em uma temporada da história da liga. Isso é muito impressionante.

Com os números tão absurdamente próximos, ficou realmente difícil escolher um. Jones teve mais jardas, enquanto que Brown teve mais TDs (10 a 8), aproveitamento (71.5% a 70.6%) mas também jogou com um QB bastante superior ao longo do ano... mas com três jogos de Vick/Landry Jones. No final, eu estava basicamente procurando nitpicks para me ajudar a decidir, coisas como "Julio Jones teve menos faltas" e "QBs foram interceptados 8 vezes lançando para Brown".

Enfim, eu decidi deixar de lado a parte objetiva e deixar minha intuição responder a essa pergunta, aquela resposta que você pode não definir mas que seu cérebro subconscientemente achou através de 15 anos de conhecimentos acumulados de NFL. Apesar de alguns acharem por eu gostar de usar números e critérios objetivos na avaliação de jogadores eu não assisto aos jogos, a verdade é que eu assisto MUITA NFL - não só os jogos, como os vídeos depois e as fitas All-22 - e sempre tento juntar o lado numérico E a avaliação visual dos jogadores. Mas o problema é, objetivamente (tanto pelos números como pela avaliação de assistir aos jogos), eu simplesmente acho que não teve uma diferença significativa entre os dois jogadores nessa temporada para decidir entre eles.

Ao invés disso, então, recorri ao meu feeling. Como eu disse, eu assisti a muitos jogos de futebol americano no ano, e muito tanto de JJ como de Brown. E quando eu assistia, qual deles me parecia mais consistente? Qual deles mais me fez ficar surpreso com uma jogada impossível? Qual deles mais vezes me chamou a atenção com uma rota fantástica para abrir espaço? Qual deles me fez pensar mais vezes "Essa defesa está perfeita mas ainda não tem a menor chance de pará-lo"? Em resumo, enquanto eu assistia os dois jogando, qual deles simplesmente me passou o sentimento de ser mais impossível de parar, mais dominante?

Foi Antonio Brown. Por um fio, a largura de uma folha de papel... mas foi.

Ballot: 1. Antonio Brown; 2. Julio Jones; 3. DeAndre Hopkins; 4. Rob Gronkowski; 5. Doug Martin.


Most Valuable Player: Carson Palmer

Antes de chegar no debate Carson Palmer vs Cam Newton, queria fazer uma menção honrosa a dois jogadores que mereceriam demais o MVP em um outro ano e que ajudaram a fazer dessa uma das melhores corridas pelo MVP dos últimos tempos: Tom Brady e Russell Wilson.

Tom Brady parecia uma certeza para esse prêmio até mais ou menos a metade da temporada, quando New England estava invicto e Cam Newton ainda não tinha escalado o nível de seu jogo (e o Panthers ainda não parecia caminhar para um 16-0). Dai Rob Gronkowski machucou, Julian Edelman machucou, Dion Lewis machucou, LeGarrett Blount machucou, metade da linha ofensiva e seus reservas machucaram, o Patriots perdeu alguns jogos e todo mundo percebeu que Cam Newton estava tendo uma temporada história em meio a um time que podia terminar invicto. Por essas e outras Tom Brady não vai - e não deveria -ganhar novamente o MVP, mas isso não significa que o QB do Patriots não tenha tido uma temporada fantástica: 36 TDs e 1.1% de interceptações foram as melhores marcas da temporada, e Brady completou 64.4% de seus passes a 7.6 jardas por passe rumo a 4770 jardas totais, terceira melhor marca do ano. E fez tudo isso apesar de todas as múltiplas lesões, um medíocre jogo terrestre e todos os problemas extra-campo dos últimos meses (suspensão, Deflategate, os problemas no casamento/Nannygate, etc). Brady acabou "vitimado" por lesões, uma história mais atraente (importante na hora de decidir o MVP, mesmo que eu não goste disso) e uma competição particularmente fora de série em 2015 para acabar caindo fora da disputa pelo prêmio, mas sua temporada ainda assim foi espetacular.

(Interessante observar que Brady, apesar das lesões e dos drops, por outro lado teve "sorte" com seus WRs em 2015 em um quesito em particular: eles conseguiram cerca de 200 jardas após a recepção ACIMA da média para o tipo de recepções que eles faziam - ou YAC projetado. Você ve as recepções do time, onde foram feitas, com que velocidade, quanto tempo do snap, etc e calcula qual a média "normal" de YAC nesse tipo de recepção, e a partir disso consegue ver se um QB está sendo mais ou menos ajudado por seus WRs no quesito. E caso você queira usar a carta do "Brady é particularmente preciso e por isso leva a mais YAC de seus recebedores", vale citar para os dois anos que essa estatística existe antes de 2015 Brady teve 14 YAC acima da média "padrão"... somados. Acho isso interessante.)

Russell Wilson é outro com um 2015 espetacular que merece ser lembrado. Em particular, sua segunda metade da temporada: em 8 jogos, foram 25 touchdowns contra 2 interceptações (!!!), 67% de aproveitamento a 8.6 jardas por passe, além de liderar a liga em QBR por uma boa margem. Mesmo considerando a competição consideravelmente fraca dessa segunda metade (tirando uma semana 17 que não valia nada, Russell só enfrentou três defesas não horríveis nesse período: seus dois piores jogos - Arizona e Saint Louis - em duas derrotas, e a terceira foi uma defesa de Minnesota sem seus TRÊS melhores jogadores) ainda é uma das melhores sequências estatísticas por um QB na HISTÓRIA do esporte. Russell terminou o ano com os seguintes números: 68.1% (#3 na NFL), 8.3 Y/A, 34 TDs para 8 INTs e um QBR de 74.9 que foi o quarto melhor da temporada, e isso sem contar sua contribuição como corredor e o fato de ter jogado atrás de uma linha ofensiva horrível boa parte do ano. E se estamos discutindo a parte de "Mais Valioso" do prêmio, vale citar que Seattle enfim decolou quando Lynch (e depois Rawls) se machucou e o time colocou as chaves do ataque nas mãos de Wilson.

Insano pensar que Brady e Russell não ficaram no meu Top2 para MVP essa temporada. Mas esses lugares pertencem a Cam Newton e Carson Palmer.

Agora, eu sei que Newton muito provavelmente vai levar o MVP dessa temporada. Ele é a história "sexy" do ano, o talentosíssimo e chamativo (e, sejamos honestos, alguém que sofreu muitas críticas injustas por uma parte... ahn... retrógrada da mídia e dos fãs) jovem que deu um salto de produção, chamou a responsabilidade, jogou muita bola e liderou um ataque com um bando de anônimos para a melhor campanha da temporada. Além disso, a melhor forma de Newton na temporada aconteceu mais próximo da reta final, o que é injustamente relevante: o prêmio de MVP é para a temporada toda, mas querendo ou não nossas memórias mais frescas acabam pesando mais na hora de tomar decisões e fazer julgamentos.

E quero deixar claro que, se Newton ganhar, terá sido absolutamente merecido. Em nenhum momento eu não votar em Newton significa que ele não deveria ganhar, que não tenha tido um grande ano ou que não seja um grande jogador. Simplesmente significa que tem alguém que eu acho que merece marginalmente mais do que ele, e nesse ano tão ridiculamente forte na disputa pelo prêmio de MVP, a distância entre Palmer e Newton (e, honestamente, o resto do meu Top4) para mim é tão pequena que você pode mexer como quiser entre esses 4 que eu não vou reclamar. Essa é a beleza de uma temporada como essa (que eu francamente achei bem fraca em termos gerais): você tem múltiplos jogadores que podem ganhar o prêmio de MVP merecidamente.

Então vamos lá, Palmer e Newton. Deixando de lado performances individuais por um instante (chegaremos lá), o principal motivo que tem Newton como o MVP quase inquestionável no momento é que ele joga no suposto melhor time da liga por uma boa margem, um time que acabou com a melhor campanha (15-1) e que chegou muito perto de terminar invicto.

Esse argumento está errado por dois motivos: primeiro, porque é idiota você dar crédito a um jogador de algo que ele não fez ou influenciou, e portanto ao usar o argumento do "melhor time" você estaria dando crédito (ou, se eles fossem ruins, demérito) a Newton (ou qualquer outro) - um cara que joga apenas os snaps ofensivos da equipe - pelo que seus colegas fizeram em jogadas defensivas e de special teams das quais Newton não participou. E segundo porque o Panthers muito possivelmente sequer foi o melhor time da NFL, ou pelo menos não o foi de forma significativa e conclusiva para esse argumento funcionar.

Sim, Carolina terminou com a melhor campanha da NFL, mas vitórias são uma forma muito primitiva de medir o nível de jogo de um time. Aplicando métodos mais confiáveis, você começa a enxergar as coisas de maneira diferente. Carolina terminou o ano com Pythagorean Expectation - uma estimativa do número "real" de vitórias de um time a partir do seu nível de jogo - de 12-4, o mesmo número do Arizona Cardinals. Além disso, Carolina foi bastante beneficiado pela tabela: nenhum time enfrentou uma tabela mais fácil na temporada 2015 da NFL. Por isso que DVOA - uma medida do Football Outsiders que ajusta a atuação de uma equipe pelos adversários enfrentados - tem Carolina como o quarto melhor time da NFL em 2015, enquanto que Arizona - que enfrentou uma tabela mediana - tem o terceiro melhor DVOA da liga. São números menos "palpáveis", mas são exemplos de evidências existentes que apontam que Carolina não é o melhor time da NFL, ou que pelo menos não o é por uma diferença significativa.

Além disso, tem aquela velha questão de que um time não é composto só pelo quarterback, e sim por outros 52 jogadores além dele. E mesmo que o QB tenha mais participação do que qualquer outro jogador em campo, é difícil dar crédito a ele pela performance da defesa, por exemplo. E no caso do Panthers, embora o ataque seja ótimo, sua verdadeira força é a defesa que terminou #2 na NFL em DVOA, uma força da natureza que inclusive colocou dois jogadores no meu Top5 para Defensive Player of the Year (Norman e Keuchly). Então já que a defesa teve mais a ver com o Panthers sendo uma potência que o ataque (que também foi ótimo, #8 da NFL), eu quero saber o seguinte: qual o mérito de Cam Newton no Panthers ter Norman, Keuchly, Thomas Davis, Kawann Short e companhia para criar uma defesa Top3 da NFL? Nenhum. E exatamente por isso é idiota dar crédito a ele e contabilizar isso na hora de decidir por um MVP. Por mais que eu entenda que "Jogador Mais Valioso" seja diferente de "Melhor Jogador" e por isso é impossível separar totalmente performance coletiva da individual na mente dos votantes, me parece preguiçoso você incluir a performance total da equipe sem nenhuma distinção do que foi ou não influenciado por aquele jogador.

Analisando apenas a parte do jogo influenciada por Newton e Palmer - o ataque - a balança começa a pesar para o lado do Cardinals. Carolina teve uma ótima temporada ofensiva, terminando #8 em DVOA, só que o Cardinals terminou #4 no mesmo quesito. O Expected Points do Pro-Football Reference coloca Arizona como o melhor ataque da NFL, enquanto o do Panthers aparece em sexto. Em outras palavras, coletivamente a área comandada por Palmer foi MELHOR do que a comanda por Newton. Tem MUITOS motivos para eleger Newton como seu MVP, mas seu argumento passar por ele jogar pelo melhor time da Liga e que quase acabou 16-0 você está simplesmente errado.

Eliminados esses fatores externos e desmontado o mito de que Newton merece ganhar pela campanha do Panthers na temporada (de novo, tem muitos motivos pelos quais Cam merece ganhar o MVP, mas esse não é um deles), hora de avaliar a performance individual de Cam e Palmer para ver quem foi o melhor dos dois.

Como passador, Newton fez enormes avanços nesse ano, foi destrutivo durante períodos da temporada e mostrou uma evolução enorme mesmo ao longo do ano, mas ainda não esteve no nível de Carson Palmer: Cam terminou o ano completando 59.7% dos seus passes a 7.7 jardas por passe, com 35 TDs (7.7% dos seus passes, melhor marca da liga) e 10 TDs, e esses números não mostram a evolução de Newton ajustando jogadas, lendo defesas e otimizado chamadas, tirando o máximo de um underrated mas limitado corpo de recebedores e tudo mais. Mas Palmer teve a melhor temporada de um passador na NFL em 2015: 63.7%, 8.7 jardas por passe (melhor marca da NFL por uma boa margem), 35 TDs, 11 ints e algumas das mais bonitas bolas longas da NFL em 2015. E mesmo isso não conta toda a história, seus ajustes fantásticos e capacidade incrível de antecipar pressão e tomar as decisões corretas em alta velocidade antes que chegasse a pressão. Jogando atrás de uma das piores linhas ofensivas da NFL, Palmer era forçado a sempre antecipar a pressão, controlar uma opção curta, manter um olho na linha e outro na secundária, e tomar decisões em alta velocidade para evitar a pressão... e ele AINDA liderou a NFL em jardas por passe, jardas por passe completo E tomou apenas 25 sacks. Isso é surreal, e mostra o nível de dificuldade do que Palmer teve que fazer na temporada. Por isso que as métricas avançadas que incorporam esse tipo de situação amam Palmer ainda mais do que seus já ótimos números superficiais, liderando a NFL com folga em QBR (82.2, 5.3 pontos na frente do #2) e PFF Rating (57.3, 7 pontos na frente). É o tipo de coisa que não aparece facilmente nos números superficiais ou se você só assistiu ao jogador algumas vezes no ano, mas que foi crucial para elevar o ataque do Cardinals.

Vale mencionar também que o ataque aéreo liderado por Palmer é também o terceiro melhor da NFL, enquanto o liderado por Cam é o nono. O maior argumento pró-Newton nesse sentido é que ele teve que lidar com um grupo fraco de recebedores enquanto que Palmer teve talvez o melhor da NFL, o que é verdade até certo ponto (o grupo de WRs do Panthers jogou bem melhor do que você teria esperado no papel, e Greg Olsen é um dos melhores TEs da liga). Mas também tem que computar que Newton jogou atrás da terceira melhor linha ofensiva da liga, enquanto Palmer jogou atrás da quarta pior. No final das contas, as estatísticas básicas, as avançadas e o teste visual todas dizem a mesma coisa: Newton teve um ótimo ano como passador, um dos melhores da liga, mas Palmer foi absolutamente fora de série e em outro nível em relação aos seus companheiros de profissão.

Claro, o problema é que é impossível capturar o impacto de Newton olhando só sua atuação como passador, porque nenhum outro QB tem tanto impacto no jogo com as pernas. E mesmo assim, olhar "apenas" para suas 636 jardas e 10 touchdowns (coisa pra cacete) não dão idéia da dimensão total do seu impacto nessa frente. Newton vai correr, anotar TDs e acumular jardas com as pernas sim, mas é mais que isso: com o físico de um linebacker, Newton é a mais devastadora força de curta distância que a NFL tem na atualidade.

Em 2015, Cam Newton converteu com as pernas 30 de 36 oportunidades de conversões de 3 jardas ou menos (83%) e 26 de 30 (82%) em conversões de duas jardas a menos, inclusive ridículas 21 de 24 conversões de terceiras ou quartas descidas descidas para 5 jardas ou menos e ainda mais patéticas 17 de 18 tentativas de terceira ou quarta descidas para 2 jardas ou menos. Newton é simplesmente rápido, grande, forte e agressivo demais para ser parado nessas situações, e isso é o que levou o Panthers a terminar alguns dos mais absurdos números nessas situações: 80 de 93 oportunidades de conversões de 3 ou menos jardas (86%) e 68 de 71 conversões (96%) de duas jardas ou menos, inclusive 28 de 33 em terceiras/quartas descidas. E pior, o ataque do Panthers é CONSTRUÍDO em torno dessas conversões curtas, mantendo o time em campo e estendendo campanhas o suficiente para Newton conseguir a abertura que gosta e fazer suas jogadas explosivas. É como um jogador de poker que vai conduzindo o jogo, fazendo pequenas apostas aqui e ali, se mostrando e mantendo mantendo vivo tempo o suficiente para conseguir a mão que quer... e dai ele faz sua jogada e acaba com a mesa. Muito do sucesso do Panthers vem das conversões curtas, e elas dependem diretamente do quão bom Newton é nessas situações de conversões de curta distância.

E isso antes de considerar como essa característica de Newton faz dele uma ameaça correndo quando não existe uma boa opção de passe, ou sua capacidade de usar as pernas para fugir da pressão e estender as jogadas. Eu sei que já usei a analogia, mas que seja: assim como a presença de Ray Allen em quadra correndo por screens fazia todo mundo defender o seu time diferente, as pernas de Newton fazem o adversário sempre ter que contar com uma ameaça a mais na hora de defender, mantém os defensores mais preocupados com ele e não com os companheiros, faz os adversários jogarem com um jogador de "spy", e por ai vai. Além de correr com a bola, a simples ameaça disso abre espaços e faz a vida dos seus colegas mais fáceis - em particular Jonathan Stewart. Então Newton não só comanda o nono espaço melhor ataque aéreo da NFL, mas também é parte integral do sexto melhor ataque terrestre da liga.

Então Carson Palmer foi um passador consideravelmente superior que Cam Newton, mas Newton adiciona um valor pelo chão que Palmer não tem esperança de igualar. Esse valor adicionado com as pernas e com a ameaça de suas corridas é suficiente para compensar a diferença pelo ar? Hmm... eu não sei. Não da pra saber com certeza, não existe fórmula mágica, e no fundo é como dizer se 10 maçãs e 5 bananas são melhores que 10 maçãs. Depende muito dos critérios que você usar e da sua opinião pessoal.

Para nos ajudar, podemos recorrer a algumas métricas avançadas que incorporam ambos os impactos feitos por um QB, pelo ar e pelo chão. Nenhuma métrica no futebol americano vai algum dia servir como uma medida perfeita, capaz de compactar tudo que um jogador faz em um único número inquestionável, mas ainda oferecem informações valiosas que podem servir de guia para nos ajudar a compreender algo tão complexo. Então tem quatro métricas no mundo do futebol americano que servem para englobar tanto corridas como passes (bem como outros fatores) e que possuem uma boa base teórica e estatística por trás: QBR, DVOA, EPA e PFF Rating.

Entre eles, eu pessoalmente preferi usar EPA porque ele é o que mais claramente separa os dois impactos, então podemos comparar as diferenças com mais clareza. QBR (EPA na verdade é um componente do QBR) e DVOA também computam ambos separadamente, claro, mas em escalas diferentes e nos mostram só o resultado final (que computa ambos), e PFF Rating é uma variável mais subjetiva. Então vamos focar em EPA por enquanto (mas não se preocupem, falaremos de todos).

EPA significa Expected Points Added - em resumo, quantos pontos no total um jogador adicionou ao seu time ao longo da temporada em um determinado quesito. Então se Alex Smith tem 52.8 de EPA em passes, isso significa que ele sozinho (desconsiderando o que foi resultado de outros jogadores, WRs, linha ofensiva, etc) gerou 52.8 pontos para seu ataque no total (já descontados, por exemplo, os pontos que ele "tirou" da defesa com interceptações). É bom por colocar já todo o impacto em uma unidade comum e fácil de entender, corridas geradas, para comparar diferentes fatores.

Então como EPA coloca as proezas de Palmer e Newton em perspectiva essa temporada? Da seguinte maneira: Palmer gerou 101.3 corridas como passador, enquanto que Newton gerou 70.4. Eu esperava que a diferença fosse um pouco menor (embora por ser uma estatística contábil os 40 passes a mais que Palmer lançou ajudem a aumentar a diferença), mas não foge muito do que eu esperava, o jogador do Cardinals com uma significativa margem (ajustando pela quantidade de passes, Palmer lidera a NFL com folga no quesito com uma exceção - Big Ben, que perdeu 4 jogos).

No entanto, considerando EPA correndo com a bola, Newton tem a vantagem, como esperado: 17.5 corridas geradas, contra 2.1 de Carson Palmer. Os números são menores do que os de passe por um motivo óbvio: passes geram muito mais jardas e pontos (tanto no sentido literal quanto no analítico) do que passar a bola, algo que é ainda mais verdade na NFL de hoje onde os ataques aéreos tem ampla supremacia. Só ver que Newton gerou 3837 jardas com o braço, e só 636 com as pernas, uma diferença enorme. Por isso que, logicamente, corridas geram menos pontos em termos de EPA do que passes (e sim, EPA ajusta por situação de jogo, então esses 17.5 já estão computando suas conversões de quartas descidas).

Somando tudo, chegamos ao total nesses dois fundamentos: 103.4 para Carson Palmer contra 87.9, ainda uma boa diferença. No total (que também considera sacks e faltas), Palmer acaba com vantagem ainda maior, 100.2 (melhor marca da NFL por uma boa margem) contra 73.2 de Cam. No final, o que faz a diferença foi justamente o fato de que a área onde Palmer é consideravelmente melhor (jogo aéreo) tem um impacto extremamente maior no jogo do que a área onde Newton tem grande supremacia. Mesmo considerando que esse EPA não considera o impacto passivo de Newton (abrindo espaços simplesmente pela sua presença), a diferença ainda é significativa o suficiente para dar a vantagem para Carson Palmer.

As outras métricas seguem a mesma linha, principalmente pela diferença em impacto entre jogo aéreo e terrestre. DVOA (e sua variável cumulativa, DYAR) dizem que apesar de Newton ter sido o melhor QB gerando valor com as pernas, esse valor ainda é suficiente para tirar apenas 20% da diferença entre Palmer e Cam pelo ar (DVOA ajusta por calendário, o que tem maior impacto já que o Panthers teve a tabela mais fácil da liga). PFF Rating da uma vantagem pelo ar ao camisa 3 de 55.6 a 25.9 (que não se enganem é uma excelente nota), com Newton levando vantagem pelo chão de 14.5 a -0.2 - no final, Palmer tem a vantagem por 57.1 (melhor marca da NFL por muito) a 41.1 (terceira melhor da liga). E o QB do Cardinals também tem a vantagem sobre Cam (e o resto da NFL) em QBR, terminando o ano com um brilhante 82.2, contra 66.1 do rival. E se você quiser olhar pelo pelo lado macro, DVOA diz que o ataque aéreo do Cardinals sozinho já produziu mais valor (ajustado pelo calendário) do que o ataque aéreo e terrestre do Panthers JUNTO.

De novo, não tem nenhum problema se você quiser dar seu voto para Cam Newton: ele foi dominante e brilhante o ano todo, comandou um dos melhores times da liga e teve um enorme impacto direto E indireto no seu time. Se for o MVP, como é provável, terá sido merecido. Mas na minha avaliação, Carson Palmer foi um jogador melhor, e ganha meu voto para MVP.


Ballot: 1. Carson Palmer; 2. Cam Newton; 3. Russell Wilson; 4. Tom Brady; 5. Drew Brees