Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Preview - National League Divisional Series

Segunda parte do preview das semifinais de conferência (Divisional Series) da MLB. Logo abaixo está a ALDS, e agora vamos para a NLDS. As mesmas regras de noite passada continuam valendo - quando o post começar pra valer, qualquer menção ao Red Sox será varrida da minha mente (A única forma que eu achei pra superar sem recorrer ao álcool foi ler TODOS os posts do Bill Simmons sobre a lendária série de playoffs contra o Yankees em 2004 - Sim, aquela que o Red Sox virou depois de estar perdendo a série por 3 a 0 com o Yankees ganhando de 4 a 3 na nona entrada do jogo quatro e Mariano Rivera no montinho. Sim, a série na qual o Big Papi sozinho assassinou o Yankees em dois jogos seguidos. Sim, a série da meia ensangrentada do Curt Schilling. Sim, a série do Grand Slam do Johnny Damon. Sim, a série que o Derek Lowe lançou um one hitter com DOIS DIAS DE DESCANSO em pleno Yankee Stadium. Meu Deus, está fazendo efeito, vamos terminar logo com isso pra eu voltar a ler os posts. Eu juro que essa série ainda vai virar um especial do TM Warning).


Homens de verdade rebatem só com o cabo do bastão!

Arizona Diamondbacks at Milwaukee Brewers
Jogo 1: 01/10 (Sábado), 15:00 -Ian Kennedy (21-4) vs Yovanni Gallardo (17-10)
Pra variar, mais uma série equilibradíssima nesses playoffs. Esses playoffs podem ser os mais disputados dos últimos anos, nenhuma das séries tem um franco favorito. Ainda assim, Diamondbacks e Brewers seguiram um caminho diferente até aqui.

O Diamondbacks foi uma grande surpresa no começo da temporada, se aproveitou da lesão do Buster Posey e tomou a dianteira da NL West, na frente do então campeão Giants. Mas não demorou muito tempo pra todo mundo olhar pra esse time e entender o que não era tão óbvio - Esse time não é um cavalo paraguaio!! O Diamondbacks montou nos últimos anos um núcleo muito jovem, trocou seus principais jogadores por prospects e deixou seu time quieto, perdendo porque sabia que com o tempo aqueles jovens talentos iriam maturar e o time voltaria a ser relevante.E agora estamos jogadores que vieram como prospects por trocas (Ian Kennedy, Daniel Gibson, os dois melhoers pitchers do time), um astro criado no time candidatíssimo a MVP (Justin Upton, irmão do BJ Upton do Rays... E não, ele não é meu MVP da NL. Mas o MVP está nessa série.) e mais um sem-números de jogadores recém promovidos que estão tendo um começo espetacular de carreira (E sim, eu estou pensando no Paul Goldschmidt nessa) misturado a alguns jogadores revitalizados (Miguel Montero está sendo o melhor C ofensivo de toda a temporada, e ele tem apenas 28 anos!!). Ninguém esperava que tudo caisse no lugar certo para o Diamondbacks tão cedo. Hell, nem eles mesmos esperavam isso. Mas o fato é que quando começou, não parou mais - o time está empolgado, tem bons jogadores, não tem muito a perder (o que os torna mais perigosos) e tem muito futuro porque os principais jogadores tem todos menos de 28 anos!


Ainda assim, o time sofreu um pouco com consistência ao longo da temporada, o que aliás é extremamente normal para um time tão jovem e que joga junto tem tão pouco tempo. O time tem vários jogadores explosivos e rebate muitos Home Runs. O time também tem jogadores velozes (como o próprio Upton) e pode jogar com sua velocidade em alguns momentos contra defesas mais pesadas. Mas isso acontece as vezes. Várias vezes eu assisti a um jogo do D-Backs esperando Home Runs e o time não conseguiu colocar dois hits juntos. Outras Upton, Montero e Goldschmidt iam para o outro lado do muro. Essa incapacidade de manter o ritmo pode ser fatal para o time, mas pra mim é apenas o menor dos três problemas do time. O segundo e mais óbvio é que por ser um time muito jovem, ele nunca enfrentou uma série de playoffs. Jogo de playoffs é totalmente diferente: Cada arremesso vale mais, a torcida tem um papel muito mais importante e o clima é diferente como um todo. Jogar nos playoffs depende de experiência, e o D-Backs está tendo seu primeiro gostinho dos playoffs só agora. O Brewers é um time mais rodado e tem a vantagem da experiência do seu lado.


Por fim, tem a questão dos arremessadores. O D-Backs tem o melhor arremessador da série no Ian Kennedy e o Daniel Gibson pode ser muito bem o segundo melhor da série. No entanto, o grupo de titulares de Arizona não tem muita profundidade - atrás desses dois, não tem nenhum jogador confiável para jogar contra o potente ataque do Brewers. O fato do Kennedy ser o melhor pitcher é bom, mas não trás uma vantagem tão grande - ele e o Gibson formam uma dupla melhor do que Yovanni Gallardo e Zack Greinke, mas a diferença no talento não é tão grande a ponto de compensar a diferença entre os dois ataques. O ataque do Brewers é mais consistente que o do D-Backs, e a dupla de trás da rotação do Brewers é muito melhor que a do D-Backs.


O Brewers, ao contrário do D-Backs, era a grande aposta para surgir essa temporada rumo aos playoffs. O time tinha um bom ataque, bons pitchers e melhorou seu bullpen antes da trade deadline. Tudo isso foi carregado para essa série, com alguma folga desde o meio da temporada. Além disso, o Brewers tem o MVP da NL a meu ver no Prince Fielder. Ele foi a principal causa do Brewers ter ganho mais de 20 jogos em Agosto e ter conseguido gordura o suficiente para não sofrer com os avanços do Cardinals, seus números estão acima de qualquer outro jogador de playoffs (Matt Kemp não está na pós temporada) e ele foi fundamental junto com o Ryan Braun para o Brewers ser tão temido. O problema do Brewers é justamente o excesso de dependência dessa dupla, Fielder e Braun. Os dois são espetaculares, tem bom aproveitamento, sabem rebater com força, batem Home Runs e impulsionam corridas, estão entre os melhores jogadores da Liga e são uma dupla muito temida. O problema é que nos playoffs, você não ganha séries longas com dois jogadores, você precisa de pelo menos cinco - ou de uma rotação espetacular, como foi o caso do Giants em 2010. A rotação titular do time é muito profunda e regular, mas o time não tem um ás. Greinke e Gallardo tiveram um bom ano e devem continuar sólidos nos playoffs, mas o time pode sentir falta de um ás, aquele arremessador que o time recorre quando precisa desesperadamente de uma vitória. De todos os times desses playoffs, só o Brewers e o Rangers não possuem um, sendo que Rays (David Price, James Shields) e Phillies possuem dois.


Os dois times tem falhas, com certeza, e eu duvido que algum deles chegue na final. Mas pra mim a melhor dupla titular do D-Backs não vai ser suficiente pra colocar o time na frente, pelo menos no papel. Quem não garante que o Backs não vai explodir nos playoffs como o Giants fez ano passado? Mas pelo menos pra mim as fraquezas do D-Backs são mais siginficativas que as do Brewers, e por isso eu confio mais nos cervejeiros. Brewers em quatro.

Roy Halladay lançou um Perfect Game e um no-hitter nos
playoffs em 2010. Até que ele é bom. 

Saint Louis Cardinals at Philadelphia Phillies
Jogo 1: 01/10 (Sábado), 18:00 - Kyle Lohse (14-8) vs Roy Halladay (19-6)
O Cardinals foi o Rays da NL, tirando uma absurda vantagem que o Braves tinha no Wild Card na última rodada depois de um mês espetacular de Setembro. Os áses do time funcionaram - Albert Pujols, Chris Carpenter - e diversos Role Players do time começaram a acertar suas bolas (Rafael Furcal, Yadier Molina, David Freese) e de repente tudo começou a cair no lugar. Kyle Lohse, Edwin Jackson, Jaime Garcia e Jake Westbrook começaram a jogar com mais confiança, sabendo que o ataque lhes estava cobrindo. O time começou a ganhar, começou a acreditar, e o time de Atlanta - especialmente seu bullpen, sólido durante toda a temporada - não aguentou a pressão. E o Cardinals chega na pós temporada embalado, com o melhor rebatedor do jogo em talvez sua última temporada pelo Cardinals (For the record, espero que não seja. Pujols tem que ficar em Saint Louis, é onde ele pertence), um ataque que finalmente encontrou as reservas que tinham mas não usaram durante toda a temporada e está confiante porque sabe que pode vencer qualquer time na Liga. Recentemente, o Cards venceu dois de três do Phillies na Philadelphia justamente contra o Roy Halladay. Eles sabem que se existe um time embalado na NL, são eles. O Phillies está em modo de hibernação faz algum tempo (Tirando o fato de terem varrido o Braves pra tirá-los dos playoffs), o Brewers bambeou no final da temporada e o D-Backs simplesmente é inconsistente apesar de todo seu talento. O Cardinals não, o Cardinals chega embalado e pronto pra enfrentar quem vier. Nunca se pode relevar o momento dos times nos esportes. Simples assim.

Dito isso, eu quero deixar um ponto bem claro: Eu não acho que exista nenhum time nessa pós-temporada que seja capaz de vencer o Phillies numa série de playoff. O único time que tinha chance de derrotar esse Phillies sofreu um acidente em Setembro. O Phillies é simplesmente bom demais, completo demais. Você pode vencer um grande pitcher numa série de playoff. Você pode vencer Roy Halladay numa série de playoffs. Você pode vencer Cliff Lee numa série de playoffs. O Giants venceu os dois, primeiro Halladay e depois Lee, no caminho para a World Series. Ter um ás desse nível numa série é uma vantagem importante, mas não quer dizer que você não possa vencer a série como um todo. Vencer Lee é possível. Vencer Halladay é possível. Mas infelizmente, vencer Lee E Halladay ao mesmo tempo talvez seja uma tarefa impossível. O Phillies tem uma das melhores rotações de todos os tempos. Roy Halladay é o melhor pitcher da MLB (Desculpe, Justin Verlander, sua temporada foi melhor, mas precisa jogar bem nos playoffs pra mostrar que está nesse nível. Halladay é o cara que mandou um no-hitter nos playoffs do ano passado) e Lee é um dos melhores da história da pós temporada (Até a World Series do ano passado, Lee NUNCA tinha perdido um jogo de playoffs). Se você passar por eles, ainda vai enfrentar Cole Hammels e Roy Oswalt. O quinto homem dessa rotação - QUINTO - que provavelmente não vai começar jogando nos playoffs terminou com 11 vitórias e 1 derrota!!! Sinto muito, MLB, mas a rotação do Phillies é de outro mundo.

Mas além disso, o time tem ataque, especialmente depois da brilhante troca do time pelo Hunter Pence. O time trouxe um rebatedo destro pra colocar no meio dos canhotos da sua lineup, um dos melhores Right Fielders defensivos da Liga e um jogador que sabe jogar todas as facetas desse jogo - rebater Home Runs, rebater por contato, roubar bases, chamar walks, trabalhar contagens... Ele é um dos jogadores mais inteligentes e caiu como uma luva nessa lineup. Pra mim o ponto fraco do Phillies era seu ataque, que dependia demais de canhotos e só tinha um ou dois rebatedores realmente confiáveis na rotação. Sozinha, a adição do Hunter Pence resolveu esses problemas. Aquelas 102 vitórias não foram por acaso - esse é o melhor time da MLB no momento.

Então é, o Phillies vai ganhar essa série. Tem uma rotação titular história, um sólido bullpen e um forte ataque. Pra piorar, o ás do Cardinals - Carpenter - jogou o último jogo da temporada regular e só deve jogar o jogo quatro da série (caso ele ocorra). Os demais titulares do Cardinals são bons e tem jogado muito bem, em especial Jackson, mas nenhum deles tem cacife para bater de frente com Halladay e Lee. Carpenter poderia dar mais esperanças ao time eventualmente (lembrando que o verdadeiro ás do time, o Adam Wainwright, perdeu toda a temporada por causa de uma cirurgia), mas com ele só num eventual jogo quatro fica muito difícil. Até acredito que Pujols leve um jogo para casa, mas não mais do que isso. Estou me mordendo para chamar a vitória do Phillies em três jogos, mas não vou. Phillies em quatro.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Preview - American League Divisional Series

Antes de começar, vamos escalrecer algumas coisas.

1. Eu interrompi (mais uma vez) meu resumo das divisões da NFL pra tratar de um assunto totalmente diferente (playoffs da MLB). Sim, é um saco, mas os playoffs da MLB estão extremamente interessantes e a temporada regular da NFL ainda dura. Tem material pra escrever meus artigos favoritos e estou juntando pra quando tivermos tempo. Eu as vezes dou essas viajadas e mudo de assunto pra depois voltar sem prévio aviso pro assunto anterior - acreditem, meu médico disse que é normal.

2. Eu sofri pra escrever esse post. Eu tive vontade de parar umas treze vezes, vontade de sair pela casa gritando umas seis, de tacar fogo na minha camisa favorita do Red Sox pelo menos quatro e de pular da janela duas vezes. Com muita força de vontade, eu consegui sobreviver e escrever esse post. Mas um combinado: Não vou escrever mais uma linha do Red Sox até o Yankees ser eliminado. Eu odeio todo o mundo.

3. O assunto agora vai virar Baseball, e essa é a hora perfeita para começar a assistir o esporte. A temporada regular é enorme e cansativa em 80% do tempo, mas os playoffs são outra história: Séries de cinco jogos (Sete para as duas fases seguintes), mata-mata, valendo o título. Agora é pra valer, não tem mais chance de se recuperar de uma semana ruim, e eu recomendo a todos que tiverem interesse que aproveitem agora para assistir baseball. Não conhece as regras? Calma que o TM Warning já cuidou disso para vocês, é só clicar aqui pra saber como funciona um jogo de baseball.

Por hoje, vamos falar dos duelos pela American League, cujos jogos 1 serão amanhã. Amanhã voltamos para falar dos jogos da National League, que acontecem sábado. E depois a gente tenta de alguma forma terminar logo os resumos por divisão da NFL. Tenham fé que uma hora vai dar certo!


O primeiro pitcher titular MVP desde 1986? Pode apostar que sim!

Detroit Tigers at New York Yankees
Jogo 1: 30/09 (Sexta), 21:37 - Justin Verlander (24-5) vs CC Sabathia (19-8)

Durante a temporada regular, um time normalmente tem uma rotação titular de cinco pitchers, além do Bullpen. Como na pós-temporada não tem jogo todo dia e cada jogo vale mais, essa rotação é reduzida para quatro pitchers, sendo que geralmente (caso eles tenham tido o tempo adequado de descanso) o melhor pitcher de cada time começa arremessando o primeiro jogo (e eventualmente também arremessa o quinto jogo, caso aconteça). Nessa série, a situação é exatamente essa, com Justin Verlander enfrentando CC Sabathia.

Antes de mais nada, quero deixar bem claro: Pra mim, o Justin Verlander é não só o Cy Young da AL (Prêmio dado ao melhor arremessador da AL) como também o AL MVP. Os números do Verlander são impressionantes e comparáveis aos do Roger Clemens em 1986 (último arremessador titular a ganhar o prêmio de Cy Young E MVP, o que é bastante raro e só aconteceu três vezes na história), mas os números só contam metade da história. Outros jogadores também tiveram números impressionantes e dignos de MVP - Jose Bautista, Jacoby Ellsbury, Curtis Granderson e Robinson Cano - mas nenhum deles teve o impacto do Verlander: Granderson e Cano tiveram grandes temporadas, mas o Yankees teria sobrevivivo um mês sem qualquer um jogador do seu time, inclusive esses dois.

Já Ellsbury e Bautista foram fundamentais para seus times, mas nenhum deles chegou à pós-temporada, o que nos leva de volta à minha interpretação para o prêmio. Se Bautista e Ellsbury tivessem sido jogadores medianos essa temporada, ambos os seus times continuariam fora dos playoffs. Se Verlander não tivesse arremessado tão acima da média, o Tigers teria passado muito longe da pós temporada. Pra mim um MVP não pode ser medido só em números, existe muita coisa por trás que também conta. Pense em Verlander como o ás do time por cinco meses seguidos, sendo a única coisa entre uma vaga nos playoffs e uma temporada medíocre. Pense na pressão que ele tinha que enfrentar jogo após jogo após jogo, TENDO que ganhar todos os seus jogos, TENDO que arremessar pelo menos sete entradas e não podendo ter uma sequencia ruim porque sabia que isso iria afundar seu time. Não só ele passou por cima de tudo isso como virou o jogador mais temido da Liga - ninguém realmente quer enfrentar o Verlander numa série de playoffs, por mais que o time do Tigers não seja tão assustador sem ele. Números contam apenas parte da história, a outra depende de tudo que a gente não mede, mas vê. Por isso os esportes são tão emocionantes, eles possuem uma parte objetiva E uma subjetiva. O Justin Verlander tem números pra bater de frente com qualquer Fielder e foi o jogador mais indispensável para qualquer time em toda a Liga. Por isso ele é meu MVP.

Eu cito o Verlander porque ele é a chave de toda a série. Sempre que numa série de playoffs você tem o melhor pitcher, você tem uma vantagem. Claro que um pitcher sozinho não ganha um título - Na World Series de 2008, o melhor pitcher era o Cliff Lee, do Phillies. O Lee arremessou dois jogos, fez história nos dois e ganhou os dois, mas o time não conseguiu ganhar outros dois dos cinco restantes e o Yankees foi campeão - mas pode fazer muito estrago, especialmente numa série de cinco jogos. Ano passado, o Rays era o melhor time da American League, mas perdeu do Texas Rangers na Divisional Series simplesmente porque o Cliff Lee arremessou dois jogos quase perfeitos e ganhou os dois jogos que o time precisou. O Tigers tem um ataque bom, mas não de elite, e uma rotação fraca (Tirando Verlander e Doug Fister). Por isso é fundamental que o Justin Verlander domine e ganhe os seus jogos - especialmente se ele jogar o jogo cinco decisivo. A chave para o Tigers ganhar é arremessando, Verlander é o melhor pitcher da série e precisa obrigatoriamente vencer o primeiro duelo com o Sabathia. Se fizer isso, tudo que o Tigers precisa é vencer mais um jogo contra a fraca rotação do Yankees (Fister é melhor do que qualquer outro titular do Yankees que não seja Sabathia) nos três jogos seguintes para forçar o jogo cinco de desempate, novamente com o Verlander. Eu não queria ver o Verlander pela frente numa série de cinco jogos, e esse é o grande motivo.

O Tigers tem poder de fogo, Miguel Cabrera e Victor Martinez vem tendo temporadas espetaculares e o resto da rotação não só é sólida como pode explodir a qualquer instante, mas não é tão explosiva como o Yankees. O Yankees teve três jogadores que passaram dos 110 RBIs (Cano, Granderson e Mark Teixeira), tem quatro jogadores que podem explodir um Home Run a qualquer instante, tem bons rebatedores de contato e muita velocidade nas bases com a dupla Granderson e Brett Gardner. O Yankees teve o segundo melhor ataque da Liga, excede em todas as áreas do ataque (rebatida por contato, rebatida por força, velocidade, etc) e tem vários jogadores perigosos, basta um deles estar inspirado pra ver o que acontece. Se o Yankees conseguir romper o duelo de pitchers e levar o jogo pra uma disputa de ataques, New York leva a melhor.

Mas o calcanhar de Aquiles do time, que é justamente a rotação titular, é o que pode afundar tudo. O time tem um pitcher titular absoluto - Sabathia - mas não possui mas nenhum jogador seguro pra arremessar um jogo. O melhor candidato ao jogo número 2 é o Ivan Nova, mas ele é um calouro que nunca jogou um jogo de pós temporada na vida, não é a situação ideal para arremessar um jogo 2 para você contra o Doug Fister. Além de Nova (3.7) e Sabathia (3.0), o Yankees não tem nenhum pitcher titular com ERA abaixo de 4 além do Freddy Garcia (3.64). As outras duas vagas da rotação vão ser divididas entre Bartolo Colon (4.0, pode lançar um two-hitter ou ceder duas corridas na primeira entrada só com walks dependendo de que lado da cama ele acordar), AJ Burnett (5.15, tendo a pior temporada da carreira e tendo ficado dois meses sem ganhar um jogo), Garcia (Um bom ERA, mas quando você assiste dois jogos dele você percebe porque criamos estatísticas mais precisas para medir a temporada de um pitcher) e Phil Hughes (5.79, não desejo isso nem para o Yankees). Se o Sabathia realmente não conseguir dar conta do Verlander, o Yankees precisa contar com três vitórias desse meio de rotação para evitar um novo confronto contra o Verlander. No papel, o time do Yankees é melhor, mas numa série tão curta a presença do Justin Verlander pesa muito. Em todo caso, a chave dessa série é se o Verlander consegue dominar o Sabathia no jogo 1. E eu acredito no Justin Verlander. Tigers em cinco jogos.

Hi-Five!!


Tampa Bay Rays at Texas Rangers
Jogo 1: 30/09 (Sexta), 18:07 - CJ Wilson (16-7) vs Indefinido

Os Rays tiveram uma temporada absurda em 2011: Depois de terem tido ótimos anos em 2009 e 2010, como time de mercado pequeno que é o Rays não conseguiu renovar com uma porrada de Free Agents caros que saíram do time (alguns nem tentaram renovar), como Carl Crawford, Carlos Pena, Matt Garza e Rafael Soriano. Esse êxodo de jogadores deixou o time um pouco depenado e desacreditado, e ainda que tenha uma das melhores rotações titulares da AL (James Shields, David Price, Jeremy Hellickerson, Jeff Niemann, Wade Davis e, porque não, o calouro com mais culhões do que metade da Liga, Matt Moore) o time sofreu a temporada toda para conseguir anotar corridas que apoiassem esses arremessadores. O time contou com antigos jogadores do seu elenco como Evan Longoria (que passou boa parte do começo da temporada machucado mas foi fundamental para o Rays e, se o Verlander não for MVP, tem que ser o Longoria), Johnny Damon (GRAND SLAM!) e BJ Upton para formar o elenco, trouxe prospects como Desmond Jennings e apostou em jogadores pouco acreditados como Ben Zobrist e John Jaso.

Depois de uma primeira metade da temporada cheia de problemas - na data limite de trocas o Rays era um dos times mais citados, especialmente quando envolvia o Upton - o Rays se encontrou, Evan Longoria pegou fogo e não apagou nunca mais, BJ Upton acertou tudo que tentou, Desmond Jennings teve uma temporada espetacular e, com a ajuda do seu forte grupo de arremessadores, o grupo nunca mais olhou pra trás, apagou uma diferença de 10 jogos no Wild Card e foi para os playoffs com uma história virada de 8 a 7 contra o Yankees depois de estar perdendo por 7 a 0 na oitava entrada e por 7 a 6 com dois eliminados na nona (Tudo bem que o Yankees entregou o jogo, mas isso não muda o fato de que foi espetacular). E agora o Rays está de volta à pós temporada, embalado como nenhum outro time da Liga (Tirando talvez o Saint Louis Cardinals) e crente que pode derrotar qualquer adversário pela frente.

Confiança em execesso? Talvez, mas o embalo do Rays justifica isso. O malfadado ataque está anotando mais corridas, o time achou um equilíbrio com sua lineup, o time é profundo o suficiente pra aguentar entradas extras (O que não é o caso, por exemplo, do Tigers) e tem uma rotação titular muito boa. Mas na verdade sua rotação titular causou um problema sério para o time para essa série. O time tem dois áses na rotação - Shields e Price - e outros quatro sólidos jogadores, mas sem a mesma qualidade de decisão desses dois. Mas como o Rays teve que suas contra o Yankees para ganhar, o time se viu obrigado a usar os dois nessa série, inclusive o Price no jogo de quarta. Ou seja, Shields não vai jogar o jogo 1 porque jogaria com apenas três dias de descanso (Deve jogar o jogo 2) e o Price só vai jogar o jogo quatro ou três, e no caso de um eventual jogo cinco o Rays corre o risco de ter que escalar o Shields com três dias de descanso novamente ou arriscar com algum outro pitcher, enquanto que o Rangers - que se classificou com antecedência - pode manipular sua rotação titular com calma para que seu melhor pitcher, CJ Wilson, fosse começar o jogo 1 com um bom descanso.

O Texans, aliás, é um time muito equilibrado. Não tem um ás do nível de Shields, Verlander ou Sabathia, mas possui uma rotação de quatro nomes muito equilibrada, se não tem nenhum que se destaca por ser muito acima dos demais, também não tem ninguém que se destaca por ser menos. Essa diferença nos arremessadores podia ser decisiva no caso de três jogos da dupla Shields-Price, mas sem isso, o Rangers tira uma vantagem do adversário. Além disso, o ataque do Rangers é mais poderoso: Adrian Beltre está tendo uma das melhores temporadas da carreira, Josh Hamilton está oscilante mas ainda é um jogador extremamente perigoso, Mike Napoli está rebatendo Home Runs a torto e a direito e o Rangers é um time extremamente perigoso com homens em base justamente porque o time é excelente em extra-base hits. O Longoria é o jogador do Rays que pode ir pau a pau (pra mim, até um pouco acima...) com esses rebatedores do Rangers, mas coloque Ian Kinsler e Michael Young e eu acho que é poder de fogo demais para o Rays. O ataque do Rays vai mandar bolas longas, vai roubar muitas bases e vai anotar pontos, mas o ataque do Rangers, ainda que menos equilibrado, é mais potente do que o do Rays. O Rays vai precisar de toda a ajuda que puder dos seus pitchers, mas como eu já disse, a necessidade de escalar Shields E Price contra o Yankees os colocou em desvantagem. Não vejo eles derrotando o ataque dos atuais campeões da AL. Rangers em quatro.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Os times - AFC North

Depois de um time do Colts ter me feito queimar a língua ontem ao falar que o Sunday Night seria um massacre chato de um time só (quando na verdade foi um jogo extremamente divertido e disputado), está na hora de postar de novo, dessa vez sobre a AFC North do mesmo Pittsburgh Steelers que quase conseguiu perder ontem. Se Deus quiser até o final da semana a gente já posta todos os times - e a partir da semana quatro já ta na hora de fazer nossas análises com um embasamento razoável.


O último Neanderthal e suas madeixas

Pittsburgh Steelers (12-4)
Os atuais vice campeões da NFL fizeram o que se espera de um time que esteve a um passo e seis pontos do título em 2010: Manteve os principais jogadores importantes e tentou trazer outros jogadores que porventura pudessem reforçar a equipe para mais uma tentativa de título. E se o time não trouxe grandes reforços de peso, o time sabe que pode esperar isso do próprio elenco: Ano passado o time perdeu um sem número de jogadores importantes por lesão, inclusive TRÊS titulares da linha ofensiva e dois da linha defensiva, sem falar que os dois melhores jogadores defensivos do time - O Safety Troy Polamalu e o OLB James Harrison - jogaram a pós temporada no sacrifício. Se as lesões não maltratarem o forte time de Pittsburgh, é um candidato muito forte ao título da temporada.

O núcleo do Steelers é um dos mais completos da Liga: Uma defesa espetacular e um ataque explosivo. A sua defesa é uma das mais fortes da Liga em muito tempo, está recheada de grandes jogadores e possui pelo menos três craques que podem fazer a diferença a qualquer momento, Polamalu, Harrison e LaMar Woodley. Polamalu em particular é um jogador fora de série, extremamente completo, faz interceptações, coloca pressão no Quarterback e é excelente reconhecendo jogadas na linha de scrimmage. Nas costas dessa defesa o time foi campeão duas vezes na última década, em 2005 e 2008, mas falar que o Steelers só depende da defesa é subestimar o poder de fogo desse ataque. Liderado por um dos QBs mais durões de toda a Liga, Big Ben Roethlisberger, o ataque possui (tirando, talvez, uma linha ofensiva um pouco suspeita) todas as peças que um grande ataque tem: Um QB muito decisivo, com um braço muito forte e extremamente competente escapando de sacks; uma dupla de RBs versátil e explosiva que se complementa muito bem e é capaz de segurar suas pontas em jogos duros; uma dupla de WRs titulares composta de um jogador de possession, aquele jogador que joga em rotas mais medianas mas que é o jogador que você procura no aperto (Hines Ward) e um burner, um monstro de velocidade que usa o braço do QB para converter jogadas longas (Mike Wallace), que também é extremamente explosivo em jogadas curtas; e um Tight End que se não é brilhante, é muito eficiente.

Ou seja, o Steelers é um time completo, cheio de estrelas (O time tem pelo menos 8 jogadores de nível All Pro: Casey Kotchman (DT), Maurkice Pouncey (C), Big Ben, Wallace, Ward, Polamalu, Woodley e Harrison) e que está jogando junto há muito tempo, o que faz muita diferença. O time é maduro e já passou por muitas pós temporadas e títulos, um time experiênte e veterano que sabe o que tem que fazer para vencer - e sabe que tem o que é preciso pra vencer. O inicio de temporada do time foi desanimador, mas ainda é um dos times mais preparados para ir longe.


Tentar estrangular o QB adversário é uma
técnica muito popular nos dias de hoje

Baltimore Ravens (12-4)
Assim como seu maior rival Steelers, o  Ravens é um time que se manteve competitivo ao longo da década com sua fortíssima defesa, sendo que a defesa do Ravens de 2000 (que foi campeã do Super Bowl mesmo com um dos piores QBs da NFL) é amplamente considerada uma das melhores de todos os tempos. Mas o Ravens é um time que ainda está tendo alguns problemas para achar um ataque que possa complementar essa defesa - que não é mais tão dominante como já foi um dia - para voltar a brigar pelos títulos.

A defesa do Ravens ainda tem jogadores que estão na elite defensiva da Liga, especialmente a dupla veterana formada pela águia magnética, Ed Reed (Safety), e Ray Lewis (MLB), que junto do Terrell Suggs (OLB) e do Haloti Ngata (DT) formam um quarteto que nenhuma defesa tem igual em termos de talento - tirando, talvez, a do Steelers. O problema é que tirando Ngata esses jogadores já estão ficando velhos, ainda dominam jogos mas não com a mesma regularidade e intensidade de outras épocas. Por isso a necessidade do Ravens de buscar um ataque explosivo pra complementar isso tudo - e o fato de ainda não ter conseguido impede que o Ravens seja realmente um competidor. O ataque do Ravens - e a analogia não é minha - estava sendo um daqueles restaurantes que oferecem 500 opções no menu, mas nenhuma é uma especialidade da casa a ponto de valor por si só uma refeição. O ataque do Ravens tinha um pouco de tudo, era capaz de fazer vários tipos de jogada, mas nos playoffs - quando os jogos são muito mais apertados, as defesas mais intensas e os jogos muito mais difíceis - o time sentia falta de uma identidade no ataque, um pequeno número de jogadas que o time se sentisse mais confortável e executasse com mais precisão. Mesmo possuindo jogadores habilidosos como o RB Ray Rice e o WR Anquan Boldin, o time não conseguiu fazer o ataque funcionar.

A esperança para essa temporada está nas costas do QB Joe Flacco e seu braço de canhão. Flacco desde que entrou na Liga mostrou que era um jogador talentoso com um braço muito forte, mas também muito inconsistente e até agora incapaz de aparecer bem em jogos decisivos. A esperança do time é que Flacco possa evoluir mais um degrau (Está indo apenas para a sua terceira temporada) e ser o líder do ataque que o time está precisando. Ele tem tido boas partidas na temporada, mas resta ver se ele consegue desenvolver a regularidade e o controle sobre o ataque que esse time precisa. O Ravens está a um grande QB de ser um time de Super Bowl, e eles esperam que Flacco possa virar um. De preferência cedo do que tarde.


Definitivamente, Papai Noel não gosta de Cleveland...

Cleveland Browns (5-11)
Mas como nenhuma divisão é perfeita, depois desses dois grandes times temos dois dos piores times da Liga em 2010, começando pelo Cleveland Browns. O Browns não está no supremo inferno, e embora estivesse a caminho dele, conseguiu se recuperar a tempo. Mas o Browns ainda está naquela situação irritante de time que está começando a sair do fundo do poço, mas ainda está longe demais da luz para ser interessante (veja o Lions do ano passado, por exemplo, que também saiu do fundo do poço mas estava muito mais bem montado e mais avançado na recuperação). O time conseguiu trocentas escolhas de Draft depois que trocou a sua sexta escolha com o Falcons, e sabe que a reconstrução do time vai levar ainda algum tempo - e não tem pressa. Na NFL, o melhor jeito de reconstruir um time é sendo ruim com paciência e aproveitando bem o Draft. E o Browns está seguindo isso ao pé da letra.

O que não quer dizer que o Browns não tenha NADA que preste. Eu gosto demais do jovem QB do time, o Colt McCoy, desde que ele jogava na Universidade do Texas, e acompanhei ele de perto quando fez a transição pra NFL. Entrou muito cedo pra jogar, ainda está um pouco cru e apenas aprendendo um novo sistema, mas ele é um vencedor e é extremamente competitivo, ele nunca para de treinar e evoluir e tem muito talento ainda pra queimar. A falta de um alvo confiável tem atrapalhado muito seu jogo, mas o time tem um ótimo RB (Que é importantíssimo pra tirar a pressão de um QB, ainda que o Peyton Hillis esteja machucado no momento) e uma boa linha ofensiva. Junte a isso o fato de que são todos ainda jovens, que o time tem a escolha de primeira rodada do Falcons ano que vem (além da sua, que deve ser alta) e mais uns dois ou três playmakers na defesa (Especialmente o Cornerback Joe Haden) . O time é ruim, não tem um futuro imediatamente brilhante, mas está dando os pequenos passos para sair do fundo do poço. Ta no caminho certo, vamos ver se continua até o final.


Os Patriots se curvam ao talento de Chad Ochocinco

Cincinnati Bengals (4-12)
O Bengals, assim como o Browns, foi um dos piores times de 2010. Mas ao contrário do Browns, o Bengals não está em um caminho claro que normalmente leva ao sucesso. Pelo contrário, o Bengals parece estar vagando a esmo tentando achar uma saida para a sua situação. Depois de montar um time muito eficiente em 2009 e tropeçar nas próprias pernas (Leia-se na fraca atuação do seu QB, Carson Palmer, e dos seus Wide Receivers) nos playoffs, o time achou que conseguiria o mesmo sucesso no ano seguinte mantendo a mesma base, o que foi um fracasso: Lesões na forte defesa do time evitaram que o seu bom pass rush de 2009 aparecesse mais uma vez, e o ataque não foi nem sombra do que tinha sido antes, especialmente porque o Carson Palmer odiou jogar com a dupla Chad Ochocinco (Agora no Patriots) e Terrell Owens (Agora em casa) e teve uma temporada péssima. Na offseason, o time ainda perdeu seu melhor jogador defensivo (o Cornerback Jonathan Joseph, que foi para o Bengals) e o repôs com um veterano no final da sua carreira (Nate Clements). 

Ao mesmo tempo, Palmer disse que se não fosse trocado, iria se aposentar, e que não jogaria mais pelo Bengals. O time ficou de birra e não quis trocar ele, então draftou o calouro Andy Dalton e o bom WR AJ Green pra serem a base do ataque, que manteve o RB Cedric Benson. Agora veja a situação do Bengals: O time tem uma defesa com alguns bons jogadores jovens, mas que também conta com vários veteranos, e tentou solucionar os problemas do ataque com dois calouros, pegando quem tinha na hora porque pegar um QB na segunda rodada e tacar ele pra começar de cara raramente funciona. Parece um plano previamente determinado para colocar o time no caminho da reconstrução? Pra mim não. Talvez o time não estivesse numa boa situação para começar uma reconstrução, mas o time tentou de qualquer jeito e o resultado não foi animador.

domingo, 25 de setembro de 2011

Os times - NFC South

Hoje trazemos um post duplo - sobre a divertidíssima NFC South, e sobre os jogos dos Monday/Sunday Nights. Tenham fé, a gente ainda vai retomar o ritmo de um post a cada dois dias de antes. Algum dia... Por enquanto, vamos falar de uma das divisões mais legais da NFL.


Sinto muito, mas "Lombardi Gras" (festa do Saints pós-título
de 2009) foi o melhor trocadilho de todos os tempos


New Orleans Saints (11-5)
O Saints foi a grande Feel Good Story dos últimos anos na NFL, ganhando o Super Bowl em 2009 depois de ver o Furacão Katrina atingir a cidade de New Orleans, destruir o Superdome (Que foi amplamente usado como abrigo durante o Furacão) e forçar o time a jogar uma temporada inteira fora da sua cidade, até que finalmente vimos a reconstrução da sua cidade coroada com um título. Aquele time ganhou com o QB Drew Brees sendo o MVP liderando um fortíssimo ataque de encher os olhos, com um jogo aéreo ridicualmente bom (Pelo menos quatro jogadores capazes de passar das 100 jardas qualquer dia da semana e duas vezes no domingo), um jogo terrestre consistente e uma boa linha ofensiva. O Drew Brees era completamente imparável no shotgun e a base daquele ataque ainda está no time, o que sempre dá ao Saints o status de favorito.

Mas a verdade é que o trunfo daquele Saints era sua defesa, que fez um excelente trabalho forçando turnovers, liderados por um ano incrível do Darren Sharper. Ainda que o ataque tenha deixado a desejar em 2010 (pros seus padrões), o Saints não foi longe porque sua defesa sem o Sharper não foi capaz de manter aquele ritmo de turnovers (até porque era um ritmo muito acima do normal) e isso fez do Saints um time menos competitivo. Ainda sem o Sharper, o time tentou reinventar sua defesa em 2010, ancorando a linha defensiva com o ótimo Aubralyo Franklin para tentar evitar os problemas com o jogo terrestre que teve ano passado. Contra o ótimo ataque do Packers, a falta de pressão não funcionou e Aaron Rodgers fez o que quis. No segundo jogo, a defesa foi muito bem. Se a defesa conseguir se fortalecer (o que deve acontecer com mais entrosamento e tempo junto para treinar) e o ataque mantiver o alto nível, o Saints pode brigar pelo título mais uma vez. Com uma certa urgência, porque o núcleo do time não está ficando mais jovem.

Jason Snelling fazendo pose pra mostrar que é o bom


Atlanta Falcons (13-3)
Quem - como eu - gosta de estatísticas avançadas deve ter visto que o Falcons do ano passado foi um time que chegou mais longe do que deveria com seu record de 13-3. O Falcons é um time bom, não me entendam errado, mas um time que tinha algumas falhas importantes e que foram amplamente exploradas nos playoffs, em especial a falta de um segundo Wide Receiver pra fazer par com o genial Roddy White. O Falcons era citado por muitos como um candidato sério a regredir esse ano e ficar fora dos playoffs, e tomar uma surra do Bears pra depois ganhar do Eagles só porque o Michael Vick saiu machucado não animou ninguém.

Ainda assim, o Falcons tem um time muito bom. O time precisa impor mais o jogo terrestre com o Michael Turner (O que não conseguiu fazer contra o Bears) para não colocar tanta pressão no Matt Ryan. O time está com uma nova opção ofensiva no bom calouro Julio Jones, mas se o time não conseguir aproximar as defesas da linha de scrimmage para parar a corrida o Ryan pode ter problemas para passar. O problema da defesa é que a secundária - ainda que tenha melhorado - ainda é muito fraca, e embora o time esteja colocando bastante pressão no QB adversário isso está sendo dificultado pela falta de LBs confiáveis para parar o jogo terrestre. Essas falhas que o time tem - mas conseguiu esconder com excelência em outras áreas em 2010 - não são gritantes e devem ser corrigidas em um prazo relativamente curto (um ou dois anos), mas talvez sejam o suficiente para impedir que o time tenha uma corrida séria até o Super Bowl por enquanto.

"Olha mamãe, sem os pés!!"

Tampa Bay Buccaneers (10-6)
Vocês sabiam que se o Bucs não tivesse perdido para o Lions (Lions com o TERCEIRO Quarterback e o Bucs jogando em casa) na semana 15 e na prorrogação, o Bucs teria ido aos playoffs e deixado de fora o eventual campeão Green Bay Packers?? Pode parecer bizarro que o time mais jovem da Liga tenha quase deixado de fora o eventual campeão, mas teria acontecido. Tudo bem, o Bucs teve sorte em 2010, ganhou muitos jogos apertados e não deveria ter ido tão bem, mas as pessoas que indicam que isso é um sinal de que o Bucs vai regredir em 2011 esquecem que é um time ridiculamente novo e com um potencial absurdo para evoluir. Muita gente comenta que o Calouro Ofensivo do Ano de 2010, QB Sam Bradford, deve melhorar muito no seu segundo ano, mas esquecem que o grande Josh Freeman (QB do Bucs) também está passando para o seu segundo ano como titular. E agora com um ano completo ao lado do ótimo RB LeGarrett Blount e com os WRs Mike Williams e Arrelious Benn (Os três no seu SEGUNDO ano apenas), esse ataque deve dar ainda mais um passo em direção ao sucesso.

Por outro lado, a defesa ainda tem alguns problemas. A linha defensiva draftada ano passado passou boa parte do ano machucado e ela precisa ficar saudável para dar reforço para o meio da defesa, em especial evitando as corridas, e liberar os DEs recém-draftados para irem atrás do Quarterback com mais frequência ao invés de ficarem com marcação dupla por causa da incapacidade do miolo da linha de lidar com bloqueadores. E por fim o time tem que rezar pro Aqib Talib não ser suspenso pelo Roger Goodell, ele é o melhor jogador dessa secundária, um dos melhores CBs da Liga e uma suspensão longa pode significar o fim da carreira dele na NFL.

Mas a graça desse time é que você realmente não sabe o que esperar de um time tão jovem e tão talentoso. Se o Josh Freeman der o salto de produtividade que ele deu ano passado, os WRs continuarem a evolução natural dos WRs (Que é uma posição difícil de se adaptar em relação ao College), o Blount continuar do final de temporada do ano passado, a defesa conseguir ficar relativamente saudável, o Bucs é um time de 11 vitórias e possivelmente playoffs. Caso não aconteça, não tem porque desesperar, o time é extremamente jovem e ainda tem muito espaço para crescer.


O sentimento geral dos torcedores do Panthers


Carolina Panthers (2-14)
O Panthers, ao contrário do Bucs e do Falcons, foi um time que foi pior em 2010 do que realmente é. Mau planejamento, problemas com os Quarterbacks (Consequência desse mau planejamento, que obrigou o time a colocar o Jimmy Clausen de titular muito antes do que deveria) e muitas, muitas lesões acabaram destruindo um time que, ainda que ruim, pelo menos tinha boas peças. E o time teve uma boa offseason, reassinando seus jogadores chave em contratos longos (ainda que a valores muito altos) e ainda um draft muito comentado no qual pegou o QB Cam Newton com a primeira escolha. O time agora tem o seu núcleo de volta (Mas perdeu o seu melhor jogador defensivo, o LB Jon Beason, pelo resto da temporada) e está pronto para seguir em frente com o Newton.

O Newton está chamando a atenção de todo mundo e por enquanto parece estar queimando minha língua por falar que não acreditava no seu potencial de ser um Franchise QB. Passou para mais de 400 jardas por duas partidas consecutivas e impressionou todo mundo que viu ele jogar, é o tipo de cara que pode explodir a qualquer instante. Cometeu erros de novato (as três interceptações contra o Packers, por exemplo, foram um tanto infantis), o que era extremamente esperado, mas o que impressionou foi seu talento e a força do seu braço, principalmente nos incríveis passes longos. Poucos QBs da história passaram para mais de 400 jardas em dois jogos seguidos, e Newton é o único a fazer isso nos seus dois primeiros jogos. Parece que realmente ele é um talento execpcional e tem tudo pra dar muito certo na Liga.

A parte negativa? Não podemos usar jardas aéreas como uma estatística com o mesmo valor dos outros anos nesse começo de temporada porque as secundárias são de longe as que mais perdem eficiência sem o training camp (que não aconteceu por causa do lockout), é uma coisa que exige demais entrosamento e isso se perde muito sem um tempo longo de preparação, não é a toa que vemos tantos QBs com jardas aéreas absurdas. Além disso, o talento do Newton nunca foi questionável (Apesar dele estar me impressionando nisso), a questão era se ele tinha a cabeça e a disposição pra tirar o máximo proveito dele, e isso a gente ainda não vai poder falar nada porque precisamos ver como ele evolui ao longo de alguns anos. Lembrem-se que o Vince Young foi calouro do ano e capa do Madden 2008, por causa do seu incrível talento, mas a ele faltou a cabeça para se fixar no jogo e agora ele é um reserva desacreditado... Em geral, acho que o Newton será melhor do que eu pensava e que eu subestimei o garoto, mas está muito cedo pra tirar qualquer tipo de conclusão. Assistam o Newton e formem sua própria opinião, mas muito cuidado ao tomar isso como um sinal do que está por vir.




Por fim, sobre os jogos noturnos dessa rodada:
Pittsburgh Steelers (1-1) at Indianapolis Colts (0-2)
O Steelers tem uma das melhores defesas da Liga, um dos melhores QBs, um dos melhores ataques... Enfim, é um excelente time, extremamente completo e candidato ao título. Já o Colts é um time extremamente mediano que está sem o jogador que os torna um time competitivo de verdade só por estar em campo, e no seu lugar está um veterano em decadência. Ou seja, vai ser um massacre, não tem nem o que explicar desse jogo porque vai ser de um time só. Nem vou gastar nosso tempo comentando em detalhes esse jogo porque o Steelers é muito superior em todos os aspectos possíveis.


Washington Redskins (2-0) at Dallas Cowboys (1-1)
Eu já comentei aqui sobre a NFC East, como ela está em aberto para quase qualquer time tomar a frente. A verdade é, o Redskins lidera essa divisão com 2-0 e os outros três times estão 1-1. Divisões muito apertadas normalmente são decididas nos jogos entre os times da própria divisão (Em 2010, por exemplo, o Bengals deixou Steelers e Ravens pra trás para vencer a divisão porque ganhou os seis jogos que disputou contra os times da própria AFC North - dois contra Ravens e dois contra Steelers), então só por isso o jogo já vale bastante.

O Dallas ainda não sabe se seu Quarterback Tony Romo vai poder jogar, ele teve uma lesão no pulmão na vitória contra o 49ers e, apesar de estar recuperado dela, ainda não foi oficialmente liberado pelo departamento médico (embora ele deva jogar). E o inconsistente Dallas - três ótimos primeiros quartos contra Jets, só pra entregar a vitória num péssimo quarto quarto, seguido de três fracos quartos contra 49ers só pra recuperar a vitória num ótimo quarto período mais overtime - enfrenta agora um suspeito time do Redskins, com um QB que já mostrou no passado que não é confiável, um jogo terrestre aos trancos e barrancos mas uma boa defesa. Pra mim, as chaves da partida serão duas: Como o Dallas jogará nos momentos decisivos da partida (lembrando que mesmo que Romo jogue ele deve estar sem seus dois melhores WRs, Miles Austin e Dez Bryant) e como Rex Grossman vai conseguir explorar a secundária do Dallas. A secundária do Dallas é fraca, mas é melhor do que as que o Grossman enfrentou até agora (Giants e Cardinals) e esse é o caminho da vitória para o Redskins. O Dallas vai entrar sabendo que o Redskins provavelmente vai usar blitzes pra se aproveitar da falta de alvos capazes de fazer estrago no mano a mano e o Romo vai ter que abusar dos passes curtos pro TE Jason Witten se não quiser ficar correndo a noite toda, já que a secundária do Redskins é muito boa e ele não vai poder confiar o tempo todo nos seus reservas para enfrentá-la.

Por incrível que pareça - eu ainda não acredito no Redskins pra temporada - eu vou apostar na derrota do Dallas aqui. O Romo é muito bom e não tem problema de jogar machucado, mas ele não deve estar 100% e ainda vai estar sem seus melhores WRs. Se o Dallas conseguir impor seu jogo terrestre com o Felix Jones, o Dallas vai conseguir uma brecha e pode sair com a vitória, mas o Redskins está completo e se conseguir aproveitar os desfalques do rival pode sair com uma vitória muito importante. Vai ser interessante também como a linha ofensiva dos dois times suporta Demarcus Ware (Dallas) e Brian Orakpo (Washington), mas como a secundária do Redskins é melhor, Grossman tem menos a temer quando soltar a bola. Com alguma reserva, acho que Redskins leva.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Os times - AFC South

Passou a primeira prova (de cinco) e para comemorar, temos post novo, falando mais sobre os times da AFC South. E ela é a divisão que foi dominada nos últimos 12 anos por um mesmo time e que finalmente está vendo o fim dessa dominação (ainda que temporária) graças à lesão do grande Peyton Manning, QB do Indianapolis Colts. O Colts foi na última década o time a ser batido na AFC South graças ao incrível talento de Manning, mas como Manning está machucado e irá perder pelo menos um mês de temporada, os outros times estão vendo a brecha para subir ao topo da conferência. Quem tem chances? Bem...



Como não gostar de um time com tanto estilo??

Houston Texans
Em termos de elenco, é o herdeiro natural do título da AFC South. No papel, tem o melhor ataque e uma defesa que não é exatamente forte mas que está melhorando. O time tem um Franchise QB no auge de sua forma, o que ninguém mais tem. Ou seja, é a escolha lógica para o título. No papel...

O problema do Texans nos últimos anos foi que o time sempre estava pronto para grandes feitos no papel mas nunca os atingiu. Desde que o time colocou junta a dupla de QB-WR com Matt Schaub (Um dos mais underrateds grandes QBs da Liga) e Andre Johnson (Top5 em qualquer lista de Wide Receivers), o Texans sempre foi o candidato a Sleeper, aquele time que surgia do nada, sem pompa mas que surpreendia e ia aos playoffs (Engraçado que geralmente Sleeper é um termo usado para um time pouco acreditado, mas quando todo mundo te aponta como Sleeper, voce deixa de ser um, certo?) e nunca ia. Era sempre "No próximo ano o time estará mais maduro" ou "Com a chegada de tal jogador eles vão sem dúvida aos playoffs", mas nunca dava. O time juntou um grande número de ótimos jogadores mesmo, como Demeco Ryan e Brian Cushing (LBs), Mario Williams (Antes DE, agora OLB) e ainda achou ouro com o RB não draftado Arian Foster (Lider da Liga em 2010 em jardas terrestres). Mesmo assim, o time não engrenava e sempre morria na praia, talvez porque a secundária do time em 2010 era uma das piores de todos os tempos.

O time sabia que o ataque estava garantido com o trio Schaub-Foster-Johnson, um trio extremamente competente e explosivo que pode duelar com qualquer outro ataque da Liga (Ainda que possa usar mais um alvo confiável para recepções, estranhei o time não indo atrás do Steve Breaston na Free Agency), então buscou reforçar sua defesa. Trouxe o ótimo Cornerback Jonathan Joseph (nosso querido PANIC MOVE) e um competente coordenador defensivo (e péssimo Head Coach) no Wade Phillips, ex-Dallas, que implementou uma nova defesa 3-4, que deu muitos resultados na pré-temporada e especialmente nas duas primeiras rodadas (Meu estagiário está me avisando que foram contra Colts e Dolphins, então não contam). A defesa cedeu poucos pontos, conseguiu colocar muita pressão no Quarterback e mesmo com Foster machucado a ótima dupla de RBs reservas aguentou o tranco. É o melhor time da divisão e é o favorito ao título. No papel...



Cortland Finnegan em ameaça de extinção

Tennessee Titans
Depois do fiasco do Vince Young em Tennessee (QB draftado na primeira rodada, estrela no College, muito talentoso, calouro do ano... Mas infelizmente sem cabeça nenhuma), que acabou com ele e o técnico Jeff Fisher saindo do time, o Titans buscou vida nova e fez tudo certo na Free Agency: Trouxe um talentoso QB no Draft no Jake Locker (apesar de ter sido escolhido muito cedo para o seu valor de verdade, a grande falha do time, que só vamos poder perdoar daqui a uns anos caso a aposta de certo...) e um veterano competente (Meu querido Matt Hasselback, um dos melhores da Liga antes das sucessivas lesões) para ser o títular por algum tempo enquanto o pirralho aprendia nos bastidores. Juntando isso a um time com um dos melhores RBs da Liga (Chris Johnson, de contrato novo), um grupo de WRs talentosos liderados pelo excelente (e infelizmente desmiolado) Kenny Britt, uma das melhores linhas ofensivas de toda a NFL e uma defesa sólida, o Titans até tinha pose de quem poderia brigar pelo título da divisão ou até por uma vaga Wild Card.

De fato ele pode, mas o Titans ainda inspira mais desconfiança. A defesa é boa, mas perdeu muitas peças importantes recentemente: Stephen Tulloch que ta jogando muito em Detroit, Jason Babin foi pro Eagles, e alguns coordenadores responsáveis pelas boas defesas de antes. Além disso, a saúde do Hasselback preocupa e o fato do Chris Johnson ainda estar jogando muito mal (depois de ficar algum tempo fora do time pedindo um contrato novo) não ajuda o time, que mostrou suas deficiências numa derrota para o bizarro time do Jaguars (ver abaixo). Por outro lado, mostrou sua força ao derrotar o Eagles com boa atuação da defesa e do Matt Hasselback. Acho que esses dois jogos refletem bem o que o Titans é atualmente: Um time com bons jogadores, mas que ainda está começando a jogar junto e ainda não se encontrou, que tem grandes momentos mas que também pode se perder a qualquer instante. É um time jovem que tem talento pra fazer estrago agora, mas que deve ficar pronto em algum tempo. Até lá, uma vaga de Wild Card (ou até o topo da divisão, dependendo do Texans e da inconsistência do time) não está fora de alcance.


"Só mais um ano que a gente chega lá!"

Jacksonville Jaguars
Outro exemplo de time muito jovem (mais jovem que o Titans) que está montando uma boa base para o futuro é o Jaguars. E também é um time com talento pra conseguir alguma coisa no presente, ainda que esteja numa realidade um pouco abaixo do Titans, a meu ver. O time do Titans não é tão novo mas está mais pronto e mais formado do que o Jaguars, e o Jaguars não pode reclamar caso fique em terceiro na divisão (embora uma vaga de Wild Card não seja de todo impossível).

O Jaguars fez tudo certo no Draft, quando trocou para subir oito escolhas e pegou o QB Blaine Gabbert. O time tinha o bom veterano David Garrard, e parecia a situação ideal para o Gabbert ficar um ou dois anos na sombra do Garrard, crescendo junto com o time, e então assumisse quando estivessem prontos. Mas o time estragou tudo dispensando o Garrard (Nem pra trocar o cara!) e colocando o Luke McCown de titular, um jogador sem nenhum histórico relevante na Liga. O resultado foi que depois de lançar quatro interceptações contra o Jets, o Jaguars se cansou e colocou o Gabbert pra ser titular no próximo jogo. Belo plano a médio prazo, engoli tudo que falei de bom sobre o time e sua Offseason...

A sorte do time é que o Gabbert já está mais ou menos pronto para a NFL, agora vai depender do seu talento mesmo. O time tem uma linha ofensiva suspeita e não conta com grandes alvos, o que vai atrapalhar a vida do loirinho, mas também está começando a montar uma defesa bem interessante e tem um bom Running Back, o que já é ótimo para qualquer Quarterback. O time tem uma defesa com pouca idade e vários jogadores interessantes, que reforçou o meio da defesa na offseason e vem se acertando ano após ano. Mas mesmo se o Gabbert for um bom QB desde o início, não consigo ver o Jaguars pleiteando uma vaga nos playoffs. Acho que um ano de aprendizado e sem ser exatamente ruim já é um bom ano para o Jaguars.


"Você aí do TM Warning, pare de falar mal de mim!!"

Indianapolis Colts
Para falar do Colts, precisamos obrigatoramente falar de Peyton Manning. Manning é um dos melhores QBs da Liga quando saudável, está no Hall dos melhores de todos os tempos (Top 5 não, mas Top 10... Quem sabe). Ele é o QB mais inteligente da NFL em muito tempo, é incrívelmente rápido para raciocinar e tomar decisões, e tem uma precisão incrível. Ele é a alma desse time, que tem sido presença constante nos playoffs nos últimos 12 anos, sempre assustando e brigando por um título (Que só conseguiram em 2006).

Para os tarados em estatísticas, uma interessante: existe na NFL uma estatística chamada Pythagorean Theorem, que calcula com base nos pontos marcados e cedidos uma valor mais "preciso" para o real número de vitórias que um time deveria ter numa dada temporada. Se um time está acima desse valor, ele é considerado que teve sorte, e se está abaixo, azar (Depende do quanto, é claro, quanto maior a diferneça maior a significância dessa sorte ou azar). Essa estatística de modo geral mede eficientemente quando um time está acima do seu valor ou abaixo, e geralmente os times gravitam para esse valor no médio prazo. Apenas UM time nos últimos 20 anos conseguiu chutar o traseiro dessa Pythagorean Theorem, um time que nos últimos oito ganhou 13 jogos a mais do que deveria ganhar, estando acima da PT em todos eles, que foi o Colts do Peyton Manning. Para que essa superação sobre o PT seja significante para 5% de chance de erro, o time teria que fazer isso 4,3 temporadas seguidas. Com 1% de chance de erro, 6,6 temporadas seguidas. O Colts faz isso a nove. E contando.

Para esclarecer minha relação com o Manning, ela é de amor e ódio. Eu adoro o jogo dele, acho ele um jogador fora de série, sou extremamente grato por ter tido a chance de ver ele jogar e já perdi a conta de quantas madrugadas fiquei acordado só pra ver ele jogar. Ele é um dos melhores jogadores de futebol americano que eu vou ver em toda minha vida, um estudioso que só quer saber de melhorar e ganhar, extremamente dedicado, o que faz dele um dos jogadores mais fascinantes de se assistir. E é por tudo isso que, infelizmente, eu não consigo perdoar ele por só ter ganho um título mesmo tendo passado grande parte da carreira cercado por Hall of Famers (ou na pior das hipóteses All-Pros) por causa da sua incapacidade de manter o nível nos playoffs.

Mas o Colts já faz uns dois ou três anos que não é um grande time (tirando o QB), com muitas falhas e poucos jogadores que se destacam como sendo muito melhores que os demais. E quem mantem o time ano após ano forte e competitivo é o Manning. Mas nessa offseason, Manning fez uma cirurgia no pescoço... Que depois virou outra, e uma terceira, e ninguém sabe onde vai parar isso. Manning vai perder pelo menos um mês de temporada regular, e o time sem ele simplesmente desmontou. O Colts tem atualmente quatro jogadores fora de série - Dallas Clark (TE) e Reggie Wayne (WR) precisam de um QB decente para que possam aparecer para o jogo, e Robert Matthis e Dwight Freeney (DEs) são excelentes mas não vão salvar a pátria se o resto da defesa não ajudar. Com o Manning, o time vira um candidato aos playoffs. Sem Manning, um candidato a ganhar o Andrew Luck na primeira escolha do Draft. O time até tentou contratar um veterano (Kerry Collins, que vai ganhar uma fortuna quase megalomaníaca para um jogador em tal estado de decadência), mas nenhum QB mediano salvaria esse time.

As perguntas que ficam são: Por quanto tempo o Manning vai ficar fora? Se ele voltar no meio da temporada, o Colts vai optar por deixar ele no banco para ficar com a primeira escolha do Draft e pegar Luck? (Essa eu respondo, Manning NUNCA perdoaria o Colts por fazer isso se ele tivesse condições de jogo) Será que ele vai voltar a tempo de liderar o time de volta aos playoffs? Será que ele vai ter condições de algum dia voltar para a NFL? Espero que sim, porque ele é um dos grandes craques da Liga e fará falta como poucos. Merecia pelo menos mais uma chance de título.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Os times - NFC East

Pedindo mais uma vez desculpas pela extrema demora, estamos de volta, dessa vez, falando mais da NFC East, que talvez seja uma das divisões mais interessantes de toda a Liga. E talvez a mais divertida. Porque? Já pararam para pensar que essa divisão tem entre seus quatro times: um dos times mais comentados e hypeados da história da offseason da NFL, um time que todo mundo negligencia porque ele sempre arruma um jeito de entregar os jogos (estou olhando pra você, Tony Romo), e um time que foi horrível nos últimos anos e ainda contratou o Rex Grossman pra Quarterback - e que qualquer um dos quatro pode acabar levando o título da divisão (Desculpem fãs do Giants, mas esse ano não vai)?? Nenhum dos quatro times é confiável de forma alguma e qualquer um dos quatro pode facilmente terminar em último lugar (Aos fãs do Eagles que não acreditam, Vince Young está machucado e o Michael Vick se machuca duas vezes por dia e três aos domingos. Sabem quem assume o time em caso de lesão?). Como não gostar de uma divisão onde a anarquia impera (quando ela não é a NFC West, de longe a pior divisão da Liga)??


Derrubar um marcador usando o traseiro é uma arte perdida

 
Philadephia Eagles (10-6)
Como eu disse, essa divisão tem um dos times mais comentados e hypeados da história das offseasons, e ele é o Philadelphia Eagles. Se você mora num abacaxi no fundo do mar e não sabe do que estou falando, recomendo esse post sobre a equipe, mas basicamente o time saiu da Free Agency pós-lockout com o melhor jogador disponível (O Cornerback Nnamdi Asomugha), o melhor Pass Rusher (Jason Babin), trocou seu QB reserva por um Cornerback top 10 (Dominique Rodgers-Cromartie), pegou outro Wide Receiver que não só já foi um All-Star como foi vice-líder da Liga em recepções e mais uma cacetada de role players talentosos - e isso para um time que era candidato ao título do ano passado.

Isso gerou um hype imenso em torno do time que, convenhamos, seria difícil deles cumprirem (teriam que terminar a temporada 16-0, ganhar o Super Bowl por uma vantagem maior que os 45 pontos do 49ers, ganhar todos os prêmios individuais e descobrirem a cura para o câncer). O Eagles continua sendo um favorito ao título, manteve seu ataque extremamente explosivo de 2010 e juntou muito talento nessa offseason, mas o time tem alguns problemas evidentes que não foram adereçados na offseason. Em outras palavras, a defesa terrestre e a linha ofensiva de uma forma geral. O time tem uma secundária fantástica e um bom pass rush com Babin e Trent Cole, mas a defesa terrestre - especialmente pelo interior da linha defensiva - ainda é muito fraca, e o Rams mostrou isso com o Steven Jackson correndo para mais de 30 jardas no seu Touchdown antes de sair machucado. A defesa, fora isso, é boa porque quando você tem três dos 10 (no máximo 15) melhores cornerbacks, você com certeza não precisa se preocupar muito com passes, ainda mais se tiver dois Pass Rushers de elite. O Asomugha não é um cornerback que aparece muito com interceptações e grandes jogadas, ele é o típico cornerback que você não vê o jogo todo - até perceber que você não ve os jogadores que ele marca também. Pras interceptações o time tem o Cromartie e o Assante Samuel, o que torna lançar a bola contra essa defesa muito perigoso.

Outra falha? A linha ofensiva, que frequentemente deixa pressão demais chegar no ótimo Michael Vick e impede que o time tenha um ataque estável, já que o Vick está sempre precisando usar suas pernas para fugir do sack. O lado bom do ataque? O QB mais dinâmico da Liga que é uma dupla ameaça (passando e correndo), o WR mais explosivo do mundo (DeSean Jackson), um excelente jogo terrestre nas costas do LeSean McCoy, um corpo de Wide Receivers de primeira linha... Então é, não é difícil entender porque eles são favoritos. O ataque do Eagles deixa muita gente passar da linha, fato, mas é um ataque que pode a qualquer instante explodir para 80 jardas. Poucos times (Patriots? Packers?) tem ataques mais divertidos de assistir.

Eli Manning está com nojinho


New York Giants (10-6)
Um time que está praticamente fora da briga pelo título da divisão desde antes da temporada começar. O que é uma pena, porque o Giants é um time muito interessante. Um time com uma defesa muito forte e um ataque que é muito bipolar dependendo do dia no qual seu Quarterback Eli Manning se encontra. Se o Eli Manning está num jogo onde suas 25 interceptações (marca do ano passado) aparecem mais, ele é um grande jogador, capaz de dominar jogos passando e liderar seu time às vitórias. No entanto, se o que aparece mais são suas 24 interceptações, o Giants tem problemas. E infelizmente, você nunca sabe qual Eli Manning você vai ter, é como pegar aquele Bubaloo de dois sabores e tentar vencer um jogo de futebol americano com ele. Em 2007, por exemplo, ele foi o PIOR Quarterback da temporada regular com pelo menos 12 jogos, mas nos playoffs jogou demais, foi o melhor Quarterback daquela pós temporada e levou seu time ao título por cima dos até então invictos Patriots.

E essa indefinição assassina o ataque do Giants por longos periodos de tempo. O time tem uma boa dupla de Running Backs com Ahmad Bradshaw e Brandon Jacobs, dois RBs de força, que geralmente são sólidos em quase todos os jogos mas nem sempre são capazes de vencer jogos sozinhos como uma dupla de elite, como DeAngelo Williams e Johnathan Stewart (Oh wait, eles jogam no Panthers, esqueçam a parte sobre ganhar!). O corpo de Wide Receivers do time era boa com a dupla Amani Toomer e Plaxico Burress, mas quando o Toomer aposentou e o Burress foi preso, o time apostou na molecada, em especial no trio Steve Smith, Mario Manningham e Hakeem Nicks, mais o Tight End Kevin Boss. Deu certo por dois anos, mas o time estava muito acima do teto salarial nessa offseason e perdeu Smith para o Eagles. Pior, perdeu Boss para o Raiders, e deixou seu corpo de recebedores (que primava pela profundidade) deficiente. Mas isso tudo só funciona se o Manning jogar bem, ele é capaz de passar pra 350 jardas e 3 TDs num jogo mas também entregar tudo com duas interceptações e um fumble. Como esquecer a temporada 2008, quando o Giants começou o ano pegando fogo, com seis vitórias seguidas e uma grande temporada do Manning, só pra depois perder 8 dos próximos 10 jogos com o Eli entregando jogo após jogo e ficar de fora dos playoffs?

Mas o forte do time - e que permite que o time se mantenha competitivo mesmo com essas oscilações absurdas do seu QB - é a defesa. Uma ótima linha de frente com jogadores como Mathis Kiwanuka e Osi Umenyora, uma sólida secundária, um grupo bem versátil no meio da defesa (que sofreu muito com a aposentadoria do Antonio Pierce, mas achou um grande jogador via Draft no Jason Pierre-Paul) e o time estava pronto para bater de frente com seus adversários. Não era tão dominante como as defesas de Steelers ou Jets, mas era forte, causava muitos turnovers e sempre oferecia ao ataque boas situações para vencer os jogos. O motivo da temporada ter acabado antes de começar para o Giants foi que o time perdeu praticamente a defesa inteira por lesão!! O time perdeu Kiwanuka e Umenyora para as primeiras rodadas, perdeu sua dupla de Cornerbacks titulares para o resto do ano por lesão (e sua escolha de primeira rodada, o Cornerback Prince Amukamara, vai perder pelo menos quatro semanas), perdeu seu MLB para o resto do ano... Ou seja, perdeu quase todo mundo de bom! Quando conseguir se arrumar novamente já vai ter perdido jogos demais para ficar na briga. Um amigo meu torcedor do Giants já disse que está até sonhando com as primeiras escolhas do Draft do ano que vem (aí é exagero, mas tudo bem, compreensível). Mas que eu duvido -e muito - da capacidade do Giants de superar essa maré de azar que começou antes da temporada, eu duvido. A não ser que o Eli Manning pare de oscilar e jogue como o irmão (Peyton Manning, QB do Colts). Ok, exagerei... como o pai já está bom!


Esse negócio de jogar futebol americano da uma fome...


Dallas Cowboys (6-10)
O Cowboys tem um simples obstáculo até o título. Que é o mesmo fator que faz 90% dos times que tem chance de título terem chance de título (os 10% restantes jogam no New Meadowlands Stadium). Ou seja, um bom Quarterback.

O Dallas é um time de um bilhardário desocupado que adora o esporte (E nem começamos a falar do Mavericks ainda!), e portanto o time nunca teve pudor em gastar muito dinheiro para montar grandes times (o que é menos vantagem na NFL do que na NBA, por isso o Mark Cuban realizou seu sonho e o Jerry Jones ainda não). Depois de dominar a década de 90, o Dallas teve bons times e boas chances para levantar o caneco, mas sempre esbarrou em alguma coisa imprevista que ninguém realmente poderia ter previsto. Portanto, o time e seu astro acabaram pegando fama de amarelão, e mesmo com um time forte ninguém bota muita fé na equipe até que provem o contrário (E pela última vez, não estou falando do Mavericks!! Deve ser algo da água da cidade, sei lá!).

O Dallas tem uma defesa muito boa perto da linha de scrimmage, um dos melhores Nose Tackles da Liga no Jay Ratliff e um dos melhores OLBs no Demarcus Ware. Ou seja, você tem garantido um pass rush frequente (pra uma defesa 3-4, mesmo sem o uso intensivo de blitzes) e uma defesa terrestre, em geral, sólida. O problema da defesa do time é que a secundária é esburacada, o time não tem nenhum cornerback ou safety acima da média que ocupe uma parte do campo, que é aliás um dos motivos do time evitar as blitzes que deixam espaços para o passe. Com uma defesa de frente forte e uma fraca secundária, é normal que os adversários tentem jogar mais com o jogo aéreo do que o terrestre, o que vai levar a jogos velozes e de placares elevados. E para ganhar jogos assim, o seu ataque tem que responder à altura, o que invariavemente vai cair na existência de um bom Quarterback. O que, como eu já disse, é um problema.

Mas não do tipo que assola, por exemplo, o meu 49ers, que é a FALTA de um bom Quarterback. O Quarterback do Dallas, Tony Romo, é um bom Quarterback, que em termos de talento provavelmente está no top 10 da Liga. Ele tem uma boa precisão, um braço forte e é o segundo melhor Quarterback de toda a Liga escapando do sack, e é capaz de ganhar jogos sozinhos com ajuda de seu bom corpo de recebedores. O problema do Romo não é falta de talento, e sim falta de cérebro. Ele é daqueles Quarterbacks que é capaz de jogar um jogo inteiro com perfeição e entregar tudo com uma jogada imbecil no final (como fez contra o Jets) ou é capaz de ser horrível um jogo inteiro e de repente pegar fogo no final (como fez contra o 49ers). Ele é uma faca de dois gumes, não pela inconsistência, mas porque ele muitas vezes comete erros estúpidos e infantis que atrapalham o seu time (eles geralmente ocorrem em situações apertadas de jogo). O Bill Simmons até sugeriu que em todo jogo fosse computada a jogada mais imbecil, infantil e idiota e o jogador responsável por ela ganhasse um "Romo", para que pudessemos argumentar ao final da temporada

-"O jogador X é um ótimo Quarterback, teve 25 Touchdowns e 4200 jardas"
- "É, mas liderou a Liga em Romos"

Se o Tony Romo jogar com confiança, calma e evitar erros imbecis, o Dallas pode chegar em Janeiro pensando no título. Se o Tony Romo deixar sua falta de cérebro levar a melhor sobre seu talento, o Dallas pode começar a pensar no Draft do ano que vem.


Santana Moss, o bailarino da NFL

Washington Redskins (6-10)
Se alguém me pedisse para rankear a chance do Redskins se dar bem em 2011 depois do dilema do time na offseason ter sido escolher entre o Rex Grossman (Meu voto para MVP do Super Bowl XL, pena que para o time adversário) e o John Beck (que fez isso aqui), ela provavelmente estaria junto com "Zach Randolph virando um Franchise Player e quase levando o Grizzlies nas costas até as Finais" em primeiro lugar. Mas depois de duas rodadas, eu estou começando - só começando - a levar esse time um pouco mais a sério.

Eu defendo já faz algum tempo que a defesa do Redskins é muito melhor do que parece, cheia de jogadores jovens e talentosos como Brian Orakpo (OLB) e LaRon Landry (S). Só que a defesa ficou tão exposta por causa do patético ataque dos últimos anos que suas estatísticas acabaram afundando e o time tomou kajilhões de pontos porque o ataque sempre perdia a bola em situações complicadas e a defesa não fazia milagres. Mas a defesa continuou se reforçando (estou adorando o Ryan Kerrigan, DE calouro, pelo que vi até agora), trouxe o OJ Atogwe, e só precisava de um ataque decente.

É difícil julgar os resultados do ataque até aqui, especialmente do Grossman. Enfrentou primeiro o Giants e sua secundária extremamente desfalcada, depois a secundária muito fraca do Cardinals, e apesar dos bons números a gente tem que lembrar as circunstâncias em torno disso (e também vale a pena destacar o alto número de interceptações). O ataque tem uns buracos, mas também tem bons jogadores, o time finalmente tem um bom grupo de recebedores, e se o Rex Grossman usar seu fortíssimo braço a favor do seu time e não contra, pode surpreender e arrancar uma vaga de pós temporada. O time não é nem um pouco confiável, mas convenhamos... Quem nessa divisão é?

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Os times - AFC East

Não, vocês não estão sonhando, nós realmente estamos postando!!

Eu prometi e infelizmente demorei para cumprir, mas agora trago a vocês um pequeno preview dos times para essa temporada. Como vocês talvez tenham notado, ta faltando tempo e por isso estão faltando posts, então a gente não ta podendo fazer aqueles posts enormes com análises que vocês tanto gostam (?), pelo menos por enquanto (Prometemos que assim que aparecer uma brecha, faremos!).

Mas esses previews tem uma função um pouco diferente dessa vez. Como muita gente nova começou a ler o blog depois do nosso Especial NFL (em sua maioria gente que não acompanhava tanto a NFL antes), nós estamos fazendo esses previews para que elas saibam a situação de cada time, como jogam, os pontos fracos e fortes, para que possam acompanhar com mais informação a temporada. Aos veteranos do site e de NFL, peço calma que as análises complicadas e quilométricas virão. Sem mais enrolação, começamos com a AFC East (lembrando que o número entre parênteses depois do nome da equipe é o record do time em 2010).



Wes Welker se recusa a soltar a carne


New England Patriots (14-2)
O Patriots é o time de grande parte das pessoas que começou a assistir NFL recentemente. O que não é de surpreender, já que o time foi um dos maiores - se não o maior - da década passada. O time levantou o troféu três vezes (2001, 2003 e 2004) e teve a primeira temporada regular invicta  (16-0) da Liga desde o Dolphins de 1972 (14-0) numa das melhores temporadas regulares de todos os tempos em 2007, quando o time bateu recorde de jardas aéreas, jardas totais, pontos marcados, TDs por um só Quarterback  e TDs recebidos por um só Wide Receiver (que, ironicamente, terminou com o invicto Patriots sendo derrotado em pleno Super Bowl). O time foi competitivo ao longo de praticamente toda a década e apresentou figuras importantes, como o excelente técnico Bill Belichick e o Quarterback Tom Brady, um dos melhores de todos os tempos, sem falar em outros como Randy Moss, Ted Bruschi e companhia. Não é a toa, portanto, que o Patriots é um time que marcou muitos dos torcedores dessa última década.

O excelente núcleo da equipe do começo da década se desmontou após a temporada 2008, e o Patrios teve então o desafio de reconstruir nas costas de Brady. O resto do time era quase todo muito jovem, inexperiênte e imaturo, e reconstruir a partir disso foi um desafio. Até que em 2010 o time teve a melhor temporada da Liga e... bom... pois é.

A questão é o quanto o time ainda pode crescer. O time de 2010 era um time mediano, ainda que promissor, e só chegou longe por causa de uma temporada espetacular do Tom Brady e do seu ataque. Eu fiz um bom post na temporada passada que mostrava como o Belichick e o Brady montaram uma forma de jogar no ataque que não só era eficiente pela pontuação como também camuflava muitas das deficiências do time. Funcionou durante a temporada regular, mas acabou sendo exposto nos playoffs, e agora o Patriots trabalha pra evoluir seu núcleo jovem de forma a se tornar um time com cada vez menos falhas e lideradas pelo gênio do Brady.

A defesa tem uma secundária cheia de gente jovem em evolução, muitos já mostraram que tem talento pra jogar no time, a linha de frente com Vince Wilfork e Albert Haynesworth tem tudo pra ser muito forte e o time tem um pass rush que, apesar de fraco nas últimas temporadas, deu sinal de vida no primeiro jogo da temporada. Mas o carro chefe da equipe ainda é o ataque, e vai ser enquanto o número 12 continuar por lá. O time aprendeu em 2010 a correr com a bola, os bons Benjarvus Green-Ellis e Danny Woodhead tem feito um bom papel pelo chão, o que é importante pra liberar o ar para o Brady. O ataque do Patriots é muito completo e um show pra assistir: Uma ótima linha ofensiva, um jogo terrestre eficiente e um show no jogo aéreo. Jogadores como Wes Welker (Um dos melhores WRs da NFL em rotas curtas) são talentosos, mas jogar com Brady faz de todos eles melhores, é só ver a obra de arte que esses dois fizeram ontem a noite. O time também tem dois Tight Ends apenas no segundo ano mas que já são uma das combinações mais mortais da Liga. Não tem como não babar em cima desse time, especialmente desse ataque. Enquanto seu QB continuar jogando do jeito que joga, o Patriots sempre será um candidato ao título e um time divertidíssimo de acompanhar.


Corrida com obstáculos: Você está fazendo errado.


Miami Dolphins (7-9)
O Miami Dolphins teve altos e baixos nas últimas temporadas. E quando eu digo altos e baixos, é pra vocês levarem a sério: Depois de terem conseguido um pífio record de 1-15 em 2007, o time deu a volta por cima, ganhou 11 jogos em 2008 e foi para os playoffs. Em 2009, o time começou bem, chegou a ter um record de 7-6 faltando três rodadas, mas perdeu as três últimas partidas e ficou de fora nos playoffs, situação que se repetiu em 2010.

Apesar do resultado abaixo da média em 2009, o Dolphins é um time bom e com futuro. Apesar do massacre de ontem a noite contra um monstro chamado Brady, a defesa que o time montou está cheia de jovens talentos - O CB Vontae Davis, o OLB Cameron Wake - e é sólida como uma unidade. Eu comentei no post anterir, que se essa defesa não vai levar o time nas costas sozinha como faz a do Jets, por exemplo, ela não vai entregar, e vai ser sólida o bastante (na maioria dos casos) para que o ataque tenha boas condições de conseguir uma vitória.

O problema é que o ataque em 2010 foi pífio. O time tinha em 2008/2009 um excelente jogo terrestre, que era o foco do ataque, o jogo terrestre aparecia menos e era mais em situações funcionais, mas o que levava o ataque pra frente era o jogo terrestre com a dupla Ronnie Brown e Ricky Williams (Quando, aliás, o Dolphins inovou e trouxe a jogada Wildcat para a NFL, uma Tricky Play na qual o Running Back, posicionado como Quarterback, recebe o Snap para enganar a defesa). Esse ataque terrestre, bizarramente, desapareceu em 2010, foi um dos piores da Liga, e aí o Chad Henne - QB jovem em sua primeira temporada como titular - foi obrigado a resolver tudo com o braço. Ele até ganhou uns jogos com a ajuda da defesa, mas era muito mais responsabilidade do que ele deveria receber nessa altura do campeonato. O time não resistiu, ficou fora dos playoffs. O ataque terrestre do Dolphins em 2011 é totalmente diferente: os dois veteranos foram embora (ao contrário do que disse sábado, falha minha), e o time trouxe Reggie "Esqueleto de vidro" Bush pra assumir um papel mais importante no jogo terrestre (e também recebendo passes curtos), dividindo as corridas com o calouro Daniel Thomas.

Mas mesmo com o jogo terrestre, se o Dolphins quer ser levado a sério, o Chad Henne vai ter que assumir um papel central no time. Em 2010 ele foi empurrado para esse papel pela ineficiência do jogo terrestre, o plano era deixá-lo um pouco mais em segundo plano ganhando experiência e rodagem, mas agora está na hora dele assumir o ataque do time. O ataque terrestre ainda está se arrumando, e pra esse time ganhar o Henne vai ter que usar seu braço forte pra avançar o time por cima. Ele não precisa ser Brady, mas ele precisa pelo menos ser capaz de ganhar jogos com alguma regularidade para poder fazer o ataque ser realmente eficiente. Como ele se desenvolve - especialmente a relação dentro de campo com o ótimo WR Brandon Marshall - vai ser a grande história a se acompanhar da temporada 2011 do Dolphins.


Tentando tirar uma casquinha do Leon Washington


New York Jets (11-5)
Uma velha máxima da NFL diz que ataques ganham jogos, mas defesas ganham campeonatos. Se é verdade ou não eu não sei, mas os Jets levam essa frase bem a sério. Ao ponto de que o próprio time do Jets é montado para vencer nas costas de sua defesa.

Quem viu o jogo domingo a noite entre Jets e Cowboys sabe do que eu falo. A vitória foi pro currículo do Mark Sanchez, mas quem virou o jogo foi a defesa. O técnico do Jets, Rex Ryan, é um coordenador defensivo de muito sucesso na Liga, montou a defesa do Ravens do começo da década que foi uma das melhores de todos os tempos, e quando virou Head Coach levou consigo sua mentalidade defensiva. A defesa do Jets é um ferrolho muito interessante, porque apesar de jogar no esquema 3-4, ela não segue o padrão básico dessa defesa (três homens de linha e os dois OLBs indo para a pressão), a esquema usa um número infinito de variações de movimentação, de blitz e de cobertura que deixam qualquer QB doido. Uma hora os cinco homens padrão do esquema estão indo pra pressão, na jogada seguinte quem vai é o ILB e o OLB faz a cobertura do meio, na outra o ILB vai pra blitz mas o DE volta para cobrir, na outra tem um safety na blitz... É uma enorme variação, a defesa do Jets tem muitos jogadores capazes de chegar no QB e eles usam todos eles com uma criatividade e inteligência absurda.

E essa loucura só funciona porque o time confia na capacidade do CB Darrelle Revis de anular o melhor WR adversário numa marcação homem a homem. Os Cornerbacks costumam defender contra o passe de duas formas, marcações individuais e por zona, mas o Revis no Jets SÓ joga na marcação individual. A ideia do time é que ele vai ser capaz de totalmente anular aquele jogador, de forma que todos os esquemas de cobertura são pensados para proteger o resto da defesa, nunca o jogador pelo qual o Revis fica responsável. Uma responsabilidade tremenda, mas ele é tão bom que parece fácil.

Já no ataque, o time tem alguns problemas. O Ravens de 2000 (que tinha o Rex Ryan como coordenador defensivo) provou que você não precisa de um grande ataque pra ganhar se tiver uma defesa sólida e um bom corredor para tirar seu QB de situações apertadas. O Jets também segue esse modelo ao pé da letra, confiando em um ataque terrestre que foi muito sólido nas últimas duas temporadas e deixando os passes do Mark Sanchez para as situações mais necessárias. Em 2009 o veterano Thomas Jones teve uma temporada espetacular correndo com a bola, e em 2010 o time mandou Jones embora pra se dedicar ao então calouro Shonne Greene. Greene não correspondeu tão bem como esperado, mas o veteraníssimo Ladainiam Tomlinson reviveu sua carreira em NY e o ataque terrestre do time mais uma vez levou o Jets para frente. Mas em 2011, Greene ainda tem que se mostrar um RB titular e muitos (eu incluso) não acreditam que LT tenha mais uma temporada dessas pela frente, então o ataque do Jets - que sempre foi fraco mas sempre conseguiu ganhar os jogos com avanços lentos e passes curtos para conversões curtas - corre o risco de afundar ainda mais e atrapalhar o time.

A solução pra essa estagnação é confiar mais no Sanchez para lançar a bola. O problema é que até agora ele não se mostrou confiável. Conseguia convertar jogadas curtas - ajudado pelas jardas do seu jogo terrestre - aproveitando dos seus bons alvos, mas não era capaz de controlar o ritmo de jogo, distribuir as jogadas, fazer o ataque render de forma explosiva e, principalmente, cuidar da bola evitando turnovers. Se ele não conseguir dar esse salto, o ataque pode afundar a temporada 2011 do Jets. Se ele conseguir dar um salto de verdade, o Jets pode até chegar a ser campeão do Super Bowl. Ou seja, pode ir até o topo ou pode cair pra fora dos playoffs. Tem uma aposta mais legal do que essa? Só esse teste dos culhões do Mark Sanchez já devem valer a temporada 2011 do Jets.


Montinhos nem sempre são amigáveis na NFL
Buffalo Bills (4-12)
Algumas pessoas simplesmente gostam de times ruins, acham divertido acompanhar seu crescimento e torcem para que eles surpreendam os times bons. Outras não tem paciência pra isso, acham um saco assistir ao jogo feio de um time sem graça e sem aspirações pra temporada e evitam esses times. Se você se enquadra no segundo grupo, portanto, recomendo que não leia o resto dessa coluna, porque o Bills simplesmente é ruim.

O Bills é um time irrelevante na Liga desde a aposentadoria do grande Jim Kelly, e nos últimos anos o Bills colecionou fracassos em todas as formas possíveis, pelo Draft, pela Free Agency, dentro de campo. O time, portanto, estava passando por mais um dos seus muitos processos de reformulação (o famoso "taca tudo no lixo e começa do zero") quando o time conseguiu algo inesperado: Um Quarterback.

O Quarterback é a peça central de qualquer ataque, e o jeito mais fácil de melhorar um time é melhorando o seu Quarterback. O time acabou trazendo Ryan Fitzpatrick para o time, e colocando o moleque de titular. Fitzpatrick começou devagar, mas foi melhorando, melhorando e acabou terminando muito bem a temporada 2010, e começou ainda melhor a temporada 2011. Ou seja, o Bills está convencido de que achou seu Franchise Quarterback no Fitzpatrick e que ele é bom o bastante pra aguentar a reconstrução do time. Mas o ouro que o time achou está no fato (caso ele seja mesmo um Franchise QB) é muito jovem, e pode acompanhar o processo de reconstrução. Aos trancos e barrancos, o time está juntando um bom nível de talento: O WR Steve Johnson, o RB CJ Spiller, os DTs Kyle Williams e Marcell Dareus, e o Safety Jairus Byrd. O time está num processo de reconstrução, o que significa que eles ainda vão ser ruins por mais algum tempo antes de terem a chance de serem realmente bons. Times como Lions e Bucs tiveram saltos grandes com seus novatos, então o Bills pode sonhar, mas a probabilidade é que o time demore ainda uns anos antes de voltar aos playoffs. Ou seja, jovem e interessante por um lado, fraco e cansativo por outro. Escolha o seu!