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segunda-feira, 15 de julho de 2013

Preview NFL 2013 - New York Jets

"Toma, esconde isso aqui do Mark Sanchez antes que ele chegue!"



Para saber do que estamos falando aqui e dessas estatísticas, recomendo a leitura desse post antes
Se quiser opinioes e analises sobre o Draft, voces podem ler o Running Diary da primeira rodada ou o manual de como avaliar um Draft na NFL

Continuando nossa série de preview para a temporada 2013 da NFL, que começou com o New England Patriots, o Miami Dolphins e o Buffalo Billshoje é dia de falar de outro time do último time da AFC East, uma das grandes piadas da NFL, New York Jets. Se você não tem ideia do que estou falando, recomendo que leia esse post introdutório. Btw, a falta de crases nesse texto é porque esse teclado não tem crase, então não reparem, ok?

New York Jets

2012 Record: 6-10
Ataque ajustado: 30th
Defesa ajustada: 9th


Se você quer uma prova de que os deuses do futebol americano são malucos e que em poucos esportes as coisas mudam mais rápido do que nesse, não precisa olhar mais longe do que a maior fonte de risadas maldosas da NFL, o New York Jets. Volte comigo para a temporada 2009 da NFL, quando o Jets teve uma das melhores temporadas de sua história recente. Depois de precisar derrotar um time misto do Cincinatti Bengals na última rodada para chegar aos playoffs (via Wild Card), a equipe chocou todo mundo ao vencer Bengals e Chargers antes de perder para o Colts na Final de Conferência em um jogo bastante disputado. Com um Pythagorean Expectations que superava em muito seu número de vitórias (11.5-4.5 contra 9-7), era de se esperar uma melhora da equipe para 2010 e outra chegada forte. E foi o que aconteceu: o Jets terminou 11-5 e foi aos playoffs, apesar de algumas derrotas doloridas para seu grande rival, New England Patriots. Mas nos playoffs, o time de New York aprontou de novo, derrotando os Colts de Peyton Manning e os Patriots de Tom Brady em jogos consecutivos para chegar a sua segunda Final de Conferência consecutiva. Mesmo perdendo esse jogo para o Steelers (em um jogo onde tiveram perto de conseguir a vitória), o saldo de duas temporadas seguidas chegando aonde chegaram foi muito positivo, ainda mais com um quarterback segundo-anista, então as expectativas para a equipe eram altas para o futuro. Eles tinham o melhor jogador defensivo da NFL, um dos melhores técnicos, um forte jogo terrestre, e tudo parecia bom para a franquia.

Apenas dois anos depois, o Jets é uma das maiores piadas da Liga, um time que joga no maior mercado da NFL e tem uma das torcidas mais fanáticas mas que passa o ano afundado em controvérsias, brigas, superexposição na mídia e fracassos dentro de campo. O time que chegou tão perto do Super Bowl dois anos seguidos se dissolveu e deixou no lugar um dos grupos mais desfuncionais que eu lembro de ter visto em mais de uma década de futebol americano. Mas afinal, o que deu errado para um time ir de candidato ao título a vergonha da nação em dois anos?

Lembra no preview sobre o Patriots que eu falei sobre como o sucesso continuado da equipe ao longo da década não veio da capacidade do time de fazer funcionar seu modelo de muito ataque/defesa decente, mas sim da sua capacidade de se adaptar ao que tinha nas mãos e as mudanças que a Liga sofreu ao longo dos anos? A queda do Jets se deveu a exatamente o contrário: o time foi muito bom quando Rex Ryan chegou a New York porque implementou um esquema baseado em uma defesa fortíssima, que forçava muitos turnovers, e um ataque que controlava o relógio, conseguia muitas jardas terrestres, encurtava primeiras descidas e "protegia" seu quarterback permitindo a ele trabalhar em conversões curtas e no play action. Quando o time sentiu dificuldades de executar esse modelo, quando sua defesa não era mais tão dominante, seu jogo terrestre tão seguro e o time precisou de mais ataque (em especial aéreo) o time não teve a capacidade de se adaptar ou de contornar essas dificuldades, e por isso o time sofreu essa queda brutal.

Os números corroboram essa visão. Em 2009 e 2010 combinados, o Jets teve a melhor defesa da NFL (1st em 2009, 5th em 2010, 1st combinando os dois anos), uma unidade que forçava muitos turnovers (+1 e +9 em turnover diferential, respectivamente, mesmo tendo Mark Sanchez de QB) e que era o ponto focal do time. Nesse mesmo período, o ataque do time manteve seu perfil de pouca velocidade, pouca produção, mas um forte jogo terrestre: foi apenas o 22nd melhor ataque em 2009 e o 16th melhor em 2010, mas foram o 11th melhor e o 5th melhor ataque terrestre, respectivamente (o ataque terrestre em 2009 só pegou fogo no final da temporada). Mesmo que seu ataque fosse um tanto incapaz de ganhar jogos por conta própria, era o suficiente para manter o saldo de turnovers positivo e ganhar os jogos de placares baixos proporcionados por sua excelente defesa.

Em 2011, as coisas deram uma guinada em outra direção. Embora a defesa continuasse como uma força espetacular (segunda melhor da NFL), o ataque terrestre do time sofreu uma queda brutal depois que o Jets achou uma boa ideia entregar o ataque terrestre da equipe nas mãos do Shonne Greene. Não ajudou o fato de que a troca de RT e a lesão do Nick Mangold tenham enfraquecido consideravelmente a linha ofensiva da equipe, mas o fato é que o jogo terrestre do time despencou de produtividade entre 2010 e 2011, caindo para apenas o 18th melhor da Liga e com Shonne Greene tendo muito problemas na temporada. Mesmo com uma defesa excelente que cedeu poucos pontos e roubou muitas bolas, para ganhar jogos você ainda precisa marcar pontos do outro lado da quadra para sair com a vitória. E para isso, dessa vez o time não contou com um ataque terrestre que encurtasse descidas e preservasse o QB, então precisou contar com Mark Sanchez assumindo um papel maior na equipe, lançando mais e em conversões maiores, contra defesas mais equipadas para parar o passe do que a corrida. O resultado foi o esperado: Sanchez teve muitos problemas para produzir nessas condições (37th melhor da NFL) em QBR, o ataque foi uma droga (21st da NFL) e produziu muitos turnovers, o time acabou com saldo negativo em TOs (-3), e mesmo com aquela excelente defesa o time perdeu os playoffs. Então o time foi ótimo quando conseguiu impor seu estilo de ataque e jogo terrestre/ataque conservador, mas quando precisou de produção ofensiva sem o jogo terrestre, Mark Sanchez não deu conta do recado.

Mas bom, o que tudo isso significa para as esperanças do time em 2013? Quais as esperanças do time de reproduzir seu modelo bem sucedido de 2009 e 2010 e voltar aos playoffs?

O ponto de partida aqui é saber se a defesa do Jets vai ser capaz de retornar a sua melhor forma e, mesmo que não seja aquela máquina de 2009-2011, se pelo menos vai ser uma unidade capaz de manter os placares baixos e forçar alguns turnovers para deixar seu ataque com menos responsabilidades. E aqui, pelo menos, o Jets tem algum motivo de otimismo. Ano passado, o Jets jogou a temporada inteira sem seu melhor jogador em Darrelle Revis, o jogador base no qual toda a defesa do time era montada e para quem o time não tinha um reserva além de Antonio Cromartie... E mesmo assim, a defesa terminou como a nona melhor de toda a NFL na temporada. Esse ano, como Revis saiu, muita gente vê a defesa da equipe caindo por terra, mas eu acho que a realidade é bem diferente. Ano passado o time substituiu Revis por ninguém e ainda teve a nona melhor defesa da Liga, mas esse ano vai ter o bom calouro Dee Milliner (de quem eu gosto bastante) para o lugar dele. Além disso, o Jets corretamente identificou um problema da sua defesa: muitos dos jogadores que foram importantes em 2009 e 2010 estavam ficando velhos e decadentes, sua produção caindo (ver: Scott, Bart). Nessa offseason a equipe fez o possível para se livrar de alguns desses jogadores e substituí-los por novas peças, uma medida underrated mais importante: a produção desses jogadores pode ser substituída em boa parte, mas isso limpa a folha salarial da equipe, da chance para alguns jogadores mais jovens de crescerem e também da a unidade aquele ar de "novas caras" que o time precisava urgente. Rex Ryan ainda é um gênio defensivo, aquela unidade que terminou em nono ano passado teve as adições importantes de dois calouros de primeira rodada que cobrem duas necessidades urgentes (Milliner na secundária, Sheldon Richardson na linha defensiva junto da estrela Muhammad Wilkinson), o time se livrou de algumas peças defeituosas e velhas, e alguns jovens talentos (como Wilkinson e Quinton Coples) terão mais tempo para evoluirem. Mesmo que não seja aquela unidade destrutiva de 2009 e 2010, ainda tem tudo para ser uma defesa Top5 com um pouco de sorte e adaptação rápida dos calouros, com boas perspectivas de futuro.

Do outro lado da bola, o Jets parece determinado a retomar sua diretriz de jogo terrestre como carro chefe da equipe. Embora sua linha ofensiva tivesse sido ainda boa contra o jogo terrestre em 2012 (quinta melhor em jogadas de corrida, per Football Outsiders), o time ainda foi atrás de três jogadores (dois guards e um tackle) para ela no Draft, em parte para reforçar o jogo terrestre e em parte porque ela foi muito ruim protegendo o passe. Mas talvez mais importante, o Jets trocou para trazer um novo running back a equipe. Finalmente desistindo do fraco Shonne Greene, um fracasso como RB principal da equipe nesses dois últimos anos, a equipe foi atrás de um substituto e trocou por Chris Ivory, um RB que tem números muito interessantes (5.4 jardas por tentativa ano passado, 5.1 na carreira) mas que teve pouco espaço no grupo muito cheio de RBs de New Orleans. Considerando que Shonne Greene não conseguiu passar das 3.9 jardas por tentativa em 2012 e que Ivory está saindo de uma linha ofensiva mediana para uma boa (pelo menos correndo com a bola), acho possível imaginar uma evolução do jogo terrestre da equipe (21st em 2012) para a temporada que vem mesmo esperando para ver se os números de Ivory devem piorar com um aumento da carga de trabalho.

Tem um outro ponto de interesse que pode indicar, também, uma possível regressão positiva do Jets para essa temporada. Embora as estatísticas que usamos até aqui indiquem que a temporada do Jets foi exatamente o que pareceu ser (Pythagorean Expectation de 6-10, 4-4 em jogos decididos por uma posse de bola e 53% de fumbles recuperados), o número que salta aos olhos nessa temporada foi o saldo de turnovers da equipe, um ridículo -14 que foi a quarta pior marca da NFL na temporada. Ainda que isso não possa ser atribuído a um azar com fumbles, a história parece estar do lado do time de New York: na história da NFL, esse patamar de turnovers dificilmente se repete por um período significativo de time. Talvez em parte porque um time que chega a esse número tenha a tendência de substituir metade do seu ataque em um piscar de olhos, mas fato é que, em média, times nesse patamar em saldo de turnovers costumam sofrer, na média, uma regressão para perto do -1 de saldo na temporada seguinte. Ainda que seja uma estatística muito menos precisa do que as que costumamos usar, é algo que pode indicar otimismo para o Jets.

Mas como o grande Bill Barnwell, da Grantland, muito bem observou, na média os times não tem um QB como Mark Sanchez. Embora eu tenha feito o possível para não citar o nome dele explicitamente, a sombra dele está por todo o texto. O alto número de turnovers da equipe, a necessidade de um jogo terrestre que escondesse ao máximo o quarterback e o permitisse jogar apenas em conversões mais fáceis, a incapacidade do time de jogar de forma explosiva no ataque, e principalmente a brutal queda de produção (e o aumento de turnovers) do ataque da equipe quando este precisou mais do jogo aéreo. Embora draftado no alto da primeira rodada em 2009, o fato é que Sanchez sempre foi um jogador medíocre cuja incapacidade de produzir qualquer tipo de valor acima da média tem sido o grande problema desse time ao longo desses últimos anos. O Jets era capaz de esconder Sanchez em 2009 e 2010, mas não em 2011 e 2012. Mas o fato de que ele sempre foi medíocre: em 2009, seu QBR foi de 31.6 (33rd entre 46 jogadores); em 2010 subiu para sua melhor marca da carreira, 48.2 (22nd entre 46) no seu melhor time; em 2011 caiu novamente para 33.6 (37th de 47); e ano passado atingiu seu fundo do poço com 23.4 (37th de 38 QBs) e a jogada mais ridícula da história da NFL. Então por melhor que seja a defesa do time, e mesmo que o jogo terrestre melhore em relação ao ano passado, o Jets ainda vai precisar do seu QB produzindo alguma coisa (mesmo que não dominando) acima do básico para brigar pelos playoffs em 2013 a não ser que a defesa volte a ser a melhor da NFL e um ataque terrestre Top5 (o que é improvável mesmo que ambas as áreas devam melhorar). Então enquanto a franquia precisar de alguma produção de quarterback, e o time tiver Mark Sanchez lá, o time não vai a lugar nenhum.

Então na verdade, as pretensões do Jets para 2013 passam pelo QB. O time deve ter novamente uma defesa muito boa e seu jogo terrestre deve melhorar, dando ao ataque algum alívio. Ainda assim, o Jets sofre com falta de talento no seu ataque (os WRs devem melhorar com a volta de Santonio Holmes e mais um ano de Stephen Hill, mas o time não tem um TE confiável e a linha ofensiva foi a terceira pior protegendo o QB em 2012) e por isso vai precisar compensar com produção da principal posição do futebol americano. A escolha da equipe se resume, basicamente, a insistir em Mark Sanchez (que nunca melhorou em quatro anos de Liga e é, a essa altura, um jogador muito abaixo da média) ou apostar no calouro Geno Smith, que mostrou toda sua imaturidade na semana do Draft mas que era cotado por muitos como o melhor QB disponível. Eu acredito que o Jets deva ir com Smith por um simples motivo: se forem com Mark Sanchez, eles já sabem o que vão receber dento de campo e sabem que isso não levará o time a lugar nenhum, enquanto com Smith é possível que recebam também essa produção decepcionante e prejudicial, mas também é possível que recebam uma mediana ou superior... E talvez um QB jogando a um nível mediano ou superior possa ser suficiente pro time voltar aos playoffs atrás de uma boa defesa.

Então, em resumo, é bem difícil projetar o Jets para 2013 pelo mesmo problema do Buffalo Bills, incerteza com um QB calouro do qual não sabemos o que esperar. O Jets é um time melhor do que muita gente da valor, tem uma defesa que deve ser muito boa e com muitos jovens talentos e seu ataque terrestre deve melhorar consideravelmente, mas para ir a algum lugar vai depender muito de como seu QB (seja ele quem for) vai ser comportar ao longo da temporada e isso é uma grande incógnita. Mas com a AFC East mais aberta do que tem estado em muitos anos, o Jets tem que arriscar para tentar conseguir essa vaga nos playoffs. Eu acho que o Jets deve terminar algo com 7-9 ou mesmo 8-8 se conseguir uma contribuição mediana de seu QB titular, o que significa que com um pouco de sorte e/ou uma produção acima do esperado da posição o time pode muito bem chegar a algo como 9-7 ou 10-6 e ir aos playoffs nessa temporada. Eu não apostaria nisso, apostaria no Jets tendo uma temporada mediana mas mais promissora que do ano passado, mas é um time interessante de se observar e que deve, pelo menos, recuperar um pouco do orgulho perdido em 2012. Mas para isso, o time precisa urgentemente guardar o orgulho na gaveta, admitir que errou com Sanchez, e seguir em outra direção. Se fizer isso, não garante playoffs nem nada, mas pelo menos permite ao time deixar pra trás um capítulo patético de sua existência e seguir em frente. E se Geno Smith mostrar alguns flashes do jogador que se esperava antes do Draft, pode dar ao Jets algo que eles perderam nos ultimos dois anos, uma esperança para o futuro da equipe que não envolva Mark Sanchez.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Preview 2013 - Buffalo Bills

Essa foto é tão massa que não precisa de legenda




Para saber do que estamos falando aqui e dessas estatísticas, recomendo a leitura desse post antes
Se quiser opinioes e analises sobre o Draft, voces podem ler o Running Diary da primeira rodada ou o manual de como avaliar um Draft na NFL

Continuando nossa série de preview para a temporada 2013 da NFL, que começou com o New England Patriots e o Miami Dolphins, hoje é dia de falar de outro time da AFC East, uma das grandes decepções da NFL no ano passsado, Buffalo Bills. Se você não tem ideia do que estou falando, recomendo que leia esse post introdutório. Btw, a falta de crases nesse texto é porque esse teclado não tem crase, então não reparem, ok?

Buffalo Bills

2012 Record: 6-10
Ataque ajustado: 20th
Defesa ajustada: 27th


Em praticamente qualquer esporte que você possa imaginar, e especialmente em futebol americano por conta do seu calendário curto e altamente sujeito a acasos, um dos maiores problemas que você vai encontrar é a questão das expectativas. Expectativas podem ser criadas por uma variedade enorme de motivos (especialmente agora que temos twitter!), mas independente deles, o que importa no final é como a performance de fato de um time corresponde as expectativas nele colocadas antes da temporada. E quando essa performance não corresponde as expectativas iniciais por qualquer motivo que seja - uma lesão chave, uma peça problemática, questões extra-campo, simples azar, etc - é quando todo mundo entra em pânico.

Essa foi, de certa forma, a história para o Bills ano passado. O time de 2011 era um time fraco, com alguns pontos interessantes mas dezenas de problemas ao longo de uma temporada que viu a equipe terminar com um record de 6-10 (sustentado pela sua Pythagorean Expectation). No entanto, também era um time jovem e com alguns jogadores interessantes, e a equipe se mostrou bastante ativa antes da temporada, draftando bem e, principalmente, trazendo o melhor jogador disponível na Free Agency em Mario Williams. Williams, um dos melhores DEs da NFL, iria se juntar ao All-Pro Kyle Williams e a terceira escolha de Draft em 2011 Marcell Dareus para formar o que deveria ser a melhor linha defensiva da NFL, o carro chefe de uma nova defesa (que contou também com as novas adições de Stephen Gilmore, CB calouro, e o LB Nick Barnett) que prometia muito. Com alguns jogadores ofensivos interessantes surgindo, parecia que o time ia dar um salto em 2012. Em Agosto, a "Buffalo Bills Bandwagon" estava a todo vapor, e eu mesmo estava entre os que viam o time brigando por uma vaga nos playoffs.

E no final, é difícil achar algo que não deu errado na temporada do Bills. O record de 6-10 foi extremamente decepcionante para quem esperava o time lá em cima na tabela, e fica ainda pior quando analisamos os detalhes da temporada. A suposta defesa da equipe, tão intimidadora antes da temporada, acabou se mostrando uma das piores unidades de toda a NFL, foi a quinta pior de toda a Liga em 2012. Sua assustadora linha defensiva com dois All-Pros e um terceiro-anista muito promissor? Oitava pior da Liga na temporada (de acordo com o estudo da Football Outsiders), ruim tanto contra a corrida como indo atrás do quarterback. E o ataque, embora tenha tido seus pontos de interesse (no caso, um forte jogo terrestre com CJ Spiller e Fred Jackson que foi o nono melhor da NFL mesmo perdendo Jackson por lesão na metade da temporada), foi um desastre pelo ar e encerrou de vez o período de Ryan Fitzpatrick como QB da equipe. Ao final da temporada, se recuperando de um fracasso quando esperavam um sucesso, o time decidiu se mexer e ir atrás da peça que eles consideravam a que faltava para a equipe e a maior necessidade do time: um quarterback.

Olha, eu não acho que esses momentos de "Ok, deu tudo errado, vamos mudar algo de forma radical!" totalmente ruins. Especialmente vindo de uma temporada onde a questão realidade vs expectativas foi tão decepcionante como a do Bills. Eu só acho que essas mudanças e essas realizações tem que vir acompanhadas de calma e ponderação, e a pior coisa que um time pode fazer é desenvolver uma visão em túnel (tunnel vision, no original) para esses problemas, esquecer de todo o resto e achar que mudando esses poucos fatores vai resolver todo o resto. É preciso avaliar o mercado, ver se tem essa peça disponível, se o valor de mercado no momento está dentro das realidades do time... E precisa ter calma caso tudo isso não esteja favorável, esperar o momento certo para maximizar as oportunidades. E o Bills não fez isso, na minha opinião, eles pularam na primeira chance de achar um quarterback que apareceu negligenciando o resto!

Pense da seguinte maneira: o quarterback do time, Fitzpatrick, teve um ano ruim em 2012. Ele foi apenas o 27th melhor QB da NFL (em 39) em QBR com 46, exagerou nos turnovers e foi de forma geral um menos nessa equipe enquanto ganhava um salário muito alto. O Bills precisava fazer um upgrade em quarterback e se livrar de Fitzpatrick por conta do seu contrato, então não foi errado o time ir atrás de um novo jogador para a posição (uma mudança de técnico também era importante, mas um passo de cada vez). O problema era outro: esse ano foi um ano ruim no mercado para quarterbacks. Tanto na Free Agency, como no Draft, como no mercado de trocas, eram poucos os quarterbacks disponíveis que valiam a aposta para um time sem espaço salarial como o Bills, e o melhor deles (Alex Smith) custaria ao time uma escolha alta de Draft. O mercado era ruim e faltava QBs disponíveis, então o Bills tinha que ser inteligente para procurar o seu jogador sem comprometer o valor dos ativos que o o time possuía. E foi exatamente o contrário do que eles fizeram: eles pularam em cima do primeiro QB possível na primeira rodada do Draft, recrutando EJ Manuel (expliquei extensamente porque isso era uma ideia horrível nesse post) ignorando totalmente o valor que ele e sua escolha de Draft possuía. Foi uma péssima manobra em termos estratégicos, ainda que Manuel seja um bom jogador.

No entanto, quando analisamos o que o Bills tem que melhorar, o elefante branco na sala é a defesa. Pode se esperar uma melhora da defesa simplesmente porque tem muito talento para passar um segundo ano em branco, mas 27th da NFL é algo que vai afundar seu time qualquer temporada. Os linebackers se mostraram muito deficientes ano passado, e mesmo a secundária vai precisar de muita ajuda, especialmente se a pressão no QB adversário continuar tão fraca. Ainda que QB fosse uma área que necessitasse urgente de uma melhora, será que era a mais importante nesse aspecto a ponto de sacrificar uma escolha de primeira rodada num jogador que deveria cair até a terceira? Eu não creio.

E enquanto isso acontecia, outros problemas chegavam para o Bills nas outras áreas. O melhor jogador do ataque do time e chave do bom jogo terrestre da equipe, o OG Andy Levitre, virou um Free Agent e o time de Buffalo não fez grandes esforços para mantê-lo na equipe, permitindo que ele fosse para Tennessee, enfraquecendo muito o que foi o único ponto positivo da equipe em 2012. Além disso, o melhor jogador da secundária da equipe, Jairus Byrd, está ausente dos treinamentos da equipe enquanto pede um novo contrato muito mais alto do que o seu de calouro, um contrato que a equipe não parece muito afim de lhe dar tendo em vista a complicada situação salarial da equipe. Ainda que Byrd deva acabar jogando a temporada, o Bills pode estar correndo o risco de perder seu melhor jogador da linha ofensiva E da secundária enquanto busca desesperadamente um QB mediano no Draft. Nenhum QB desse Draft será capaz de compensar tantas fraquezas na equipe, e isso antes de comentar de problemas como a falta de boas opções de passe depois do Stevie Johnson.

O que, claro, não quer dizer que o Bills não tenha alguns pontos que indiquem uma melhora em 2013. Assim como o  Dolphins, o time de Buffalo teve uma Pythagorean Expectation de acordo com seu record de 6-10, mas teve uma performance negativa em jogos decididos por uma posse de bola com 2-4. Além disso, o time teve o quinto pior saldo de turnovers de toda a NFL com -13, um número motivado pelo fato de que o Bills teve o PIOR aproveitamento de toda a Liga recuperando fumbles em 2012, recuperando apenas 30,6% das bolas que tocaram o chão (sendo que o time foi um dos melhores de 2011 com 60%). Juntando isso ao fato de que, como já foi dito, o time tem talento demais para passar duas temporadas em branco na sua linha defensiva (especialmente se for verdade que Mario Williams jogou a temporada passada machucado), existem diversos pontos indicando uma possível melhora do Bills partindo de dentro do próprio elenco.

E, claro, EJ Manuel chega para (possivelmente) assumir a posição de titular da equipe. Deixando de lado a estupidez que foi gastar sua escolha de primeira rodada com um QB que não tinha esse valor (sendo que o time já tinha Kevin Kolb para tapar o buraco no elenco) em um dos piores Drafts da posição nos últimos anos, o que isso significa dentro de campo é a esperança de uma grande melhora em relação a um QB como  Fitzpatrick. É sempre difícil avaliar o impacto que um calouro terá na NFL de imediato, especialmente um QB cru como Manuel, então essa é a parte mais difícil de avaliar para a temporada que vem. Sim, ele possivelmente será melhor que Fitzpatrick, embora eu não tenha tanta certeza disso. Não, ele provavelmente não será um jogador de impacto como Russell Wilson ou Robert Griffin. O que exatamente esperar dele?

Repartindo a diferença e dando a ele uma temporada semelhante a do Ryan Tannehill em Miami ano passado, onde isso deixa o Bills? Eles deram um upgrade na posição mais importante do jogo, mas ainda não foi um upgrade massivo. Enquanto isso, eles perderam um dos seus melhores jogadores do ataque, o que sem dúvida vai afetar muito seu jogo terrestre (lembrando que o Bills pegou Manuel porque queria usar ele correndo em options... ops!) que foi a melhor coisa da equipe em 2012, e podem ver seu melhor jogador da secundária perder alguns jogos também. Mesmo com os indicadores que indicam uma possível melhora da equipe a partir de fatores internos, eu tenho sérias dúvidas se o time será melhor em 2013 do que em 2012. Em geral, acho que outra temporada 6-10 é a hipótese mais provável, embora isso esteja atrelado demais ao desempenho do EJ Manuel esse ano. Se ele for o novo Russell Wilson, o Bills vai ter seu futuro garantido e provavelmente vai acabar 8-8 ou acima. Se ele for um fracasso e pouco acrescentar a equipe em relação ao Fitzpatrick... Bom, ai o Bills vai lamentar a fraca offseason que teve e por ter gasto tanto custo de oportunidade para pegar um QB que nunca deveria ter sido pego onde foi. Mas pelo menos, dessa vez a equipe entra na temporada sem nenhuma expectativa para destruir de forma negativa.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Preview 2013 - Miami Dolphins

Avisaram pro numero 14 "Nunca tire os olhos da bola"



Para saber do que estamos falando aqui e dessas estatísticas, recomendo a leitura desse post antes
Se quiser opinioes e analises sobre o Draft, voces podem ler o Running Diary da primeira rodada ou o manual de como avaliar um Draft na NFL

Ontem, começamos uma série de preview da temporada 2013 da NFL pelo New England Patriots. Hoje, vamos continuar nosso passeio pela AFC East, para falar de outro time bastante conhecido no Brasil, o Miami Dolphins. Se você não tem ideia do que estou falando, recomendo que leia esse post introdutório. Btw, a falta de crases nesse texto é porque esse teclado não tem crase, então não reparem, ok?

Miami Dolphins

2012 Record: 7-9
Ataque ajustado: 22nd
Defesa ajustada: 14th


De uns anos para cá, o Miami Dolphins se tornou um motivo de riso e escárnio ao redor da NFL, e até certo ponto com alguma justiça. Não por ser um time exatamente ruim, como por exemplo o Browns é de forma persistente, mas por sempre parecer tomar as decisões erradas e cometer os erros que todo mundo adora apontar. Além disso, essa percepção ganha mais força quando olhamos para a falta de sucesso recente da equipe: a última vez que o Dolphins foi aos playoffs foi em 2008, e mesmo assim isso aconteceu principalmente porque o Patriots jogou aquela temporada inteira sem Tom Brady. Então a franquia de Miami virou um alvo fácil para críticas, e as tem recebido desde então.

O que não é para dizer que as críticas sejam totalmente justas ou merecidas. O Dolphins tem evitado aquele poço sem fundo no qual times como Browns e Jaguars ainda lutam para escapar, e tem conseguido manter alguns times razoavelmente competentes desde 2008, muitas vezes flertando com o 8-8. O grande problema foi que a diretoria do time sempre parecia estar mudando os objetivos e o foco do time, e querendo abocanhar mais do que devia: Primeiro fez farol indo atrás de Jim Harbaugh, falando que o técnico era o que faltava ao time, e foi rejeitado. Depois falou demais de Peyton Manning, o salvador do time, e também ficou de mãos abanando. Matt Flynn também.

Mas para mim, o grande problema da diretoria do time foi a falta de paciência depois da temporada 2011: o dono do time e o GM ficaram irritados com uma campanha decepcionante de 6-10, e logo começaram a desmontar uma parte da sua fundação e trocar a comissão técnica para se livrar dos responsáveis pelo "fracasso" e remontar a equipe. No entanto, quando olhamos essa temporada de perto, vemos que o Dolphins teve na verdade um Pythagorean Expectations de 9-7 e terminou apenas 2-5 em jogos decididos por uma posse de bola, o que indicava um time muito melhor do que pareceu e que deu muito azar ao longo da temporada. O time tinha seus problemas, mas faltou a diretoria um pouco de paciência para identificar as coisas boas daquela temporada e construir em cima disso, ao invés de entrar em pânico, achar que tudo precisava ser refeito e mudar os rumos do time. Não a toa que os números do time cairam em 2012 em relação a 2011.

Ainda assim, isso não quer dizer que tudo tenha sido feito errado, e por isso digo que as críticas podem ser injustas. Na verdade, apesar de uma temporada 2012 medíocre e passando por uma certa reformulação, o  Dolphins é uma das equipes que tem tudo para se sentir otimista em relação a temporada 2013. Miami terminou a temporada 7-9, de acordo com sua Pythagorean Expectations, mas uma série de fatores indicam que a equipe deve evoluir em 2013. Em primeiro lugar, o time ganhou apenas 3 e perdeu 5 dos seus jogos decididos por uma posse de bola, quando 4-4 seria o esperado. Embora um jogo apenas seja pouco para indicar uma grande mudança, é algo que pode ser levado em consideração. Mas mais importante do que isso, o grande problema do Miami Dolphins em 2012 foram os turnovers: a equipe terminou com saldo de turnovers de -6, a oitava pior marca de toda a Liga. Isso em parte se deveu as interceptações de seu quarterback calouro, Ryan Tannehill, mas o principal motivo foi que o time sofreu uma grande quantidade de turnovers em fumbles, e sua defesa recuperou poucos do outro lado do campo. Olhando mais de perto, vemos que Miami foi o quinto time com pior aproveitamento recuperando fumbles, recuperando apenas 37,5% das bolas que caiam no chão, e isso sem dúvida influenciou em muito essa diferença em turnovers, que por sua vez prejudicou o ataque da equipe. Então só um pouco mais de sorte já seria o suficiente para imaginar que o time teria tido maior posses de bola.

Mas além disso, existem outros dois motivos de otimismo para o Dolphins continuar numa ascendente em relação a temporada passada. O primeiro é a base jovem do time, em especial a dupla Tannehill e Lamar Miller. O primeiro foi draftado para ser o novo QB da Franquia depois que o experimento com Chad Henne deu errado ("errado") em 2012, e o segundo para ser o running back do futuro da franquia.

Tannehill, em 2012, não esteve perto do nível mostrado por Robert Griffin, Andrew Luck e Russell Wilson, os calouros mais badalados da temporada. Ainda assim, mostrou o suficiente para encorajar os torcedores da equipe: seu braço é acima da média para um calouro (6,8 jardas por passe); ele foi um passador em volume acima da média na NFL mesmo sendo um tanto quanto "protegido" pela equipe; e mesmo sendo um calouro inexperiente e ainda bastante cru com talentos medianos ao seu redor, ainda teve um QBR (uma estatística que vai de 0 a 100 e mede o quanto ele contribui para a vitória de um time, com 50 sendo "neutro") acima da média com 52,3 nesses 16 jogos. Com mais talento ao seu redor nessa temporada (chegaremos lá) e o desenvolvimento natural esperado de um jovem talento, espera-se uma boa evolução do garoto para 2013. Ele também deve se beneficiar da evolução e do maior espaço também de Miller, que apesar do pouco espaço em 2012 atrás de Reggie Bush e de uma fraca linha ofensiva teve excelentes 4.9 jardas por corrida. O balanço entre ataque aéreo e terrestre foi um problema para Miami ano passado, e com Miller e Tannehill no comando da situação eu espero que isso melhore.

O segundo motivo de grande otimismo da torcida do Dolphins é ainda mais simples: foi um dos times que mais trouxe reforços na free agency. Embora eu discorde de algumas contratações, vou me limitar aqui a analisar o impacto que elas terão dentro de campo. E acreditem, vai ser um impacto grande. A equipe de Miami aproveitou seu bom espaço salarial para trazer jogadores de impacto em praticamente todas as áreas possíveis: trouxe dois WRs, um offensive tackle, trouxe um pass rusher, trouxe jogador da secundária, trouxe tight end, está perto de trazer um fullback... Praticamente foi as compras e voltou com um carrinho cheio.

Particularmente, eu acho que onde essas adições mais serão sentidas será do lado ofensivo da equipe. Ano passado, Ryan Tannehill teve que se virar com um elenco de apoio mediano ao seu redor, e isso claramente limitou o potencial do time e o desenvolvimento do seu jovem QB. Esse ano, vai ser diferente. O Miami cercou Tannehill com um bom numero de armas novas agora: Mike Wallace chega para ser o wide receiver número 1 que a equipe não possuia, um jogador muito veloz e explosivo que vai fazer uma boa combinação com o braço forte do seu quarterback. Além disso, o Dolphins manteve o bom e underrated Brian Hartline e trouxe Daniel Gibson para fazer dupla com ele por dentro. A combinação deve ser bastante eficiente: Wallace é melhor correndo em profundidade e tanto Hartline como Gibson preferem atuar em rotas curtas pelo meio da defesa. E para completar tudo isso a equipe trouxe o tight end Dustin Keller também, um jogador bem completo e que fornece ao time aquele recebedor fisicamente grande para receber passes seguros de first down e para servir de alvo na red zone. Então, basicamente, o ataque do Miami passou de "Hartline e um bando de aleatórios" para Hartline, um dos melhores WRs de velocidade da Liga, um sólido jogador em Daniel Gibson e um dos TEs mais completos da NFL. E isso é antes de entrar na possibilidade bastante real do time trazer Vontae Leach, que ajudaria demais o jogo terrestre da equipe e tornaria o time mais difícil de defender (especialmente porque o time também trouxe o OT Tyson Clabo). Então se o Dolphins foi as compras, fez questão de voltar bem carregado ofensivamente.

O que não significa que a equipe negligenciou a defesa. Trouxe uma peça importante para a secundária no cornerback Brent Grimes, franchise player do Atlanta Falcons em 2012. Apesar de ter perdido a temporada passada quase inteira por lesão, é um talento que chega para suprir uma posição relativamente carente na equipe. O time também trouxe dois jogadores para reforçar sua capacidade de ir atrás do quarterback, draftando Dion Jordan (leia o que eu achei sobre isso aqui) e trazendo Phillip Wheeler. O Dolphins teve problemas com seu pass rush em 2012 e isso expôs sua secundária, então a adição desses jogadores busca resolver esse problema. Mas apesar dos reforços desse lado da quadra, a expectativa é que a maior evolução da equipe venha do lado ofensivo da quadra mesmo.

Eu só tenho um red flag quanto ao que mudou: a linha ofensiva. O Dolphins teve em 2012 uma linha ofensiva medíocre, tanto correndo com a bola (21st melhor) como protegendo o passe (17th melhor). Nenhum número abismal, mas números que deveriam melhorar para ajudar Tannehill. A equipe trouxe o bom Tyson Clabo, um bom OT que deve ajudar nos dois quesitos, mas o time ainda perdeu seu LT Jake Long, que apesar das lesões ainda era um dos melhores da NFL. Clabo é um RT, o que provavelmente significa que Miami vai passar Jonathan Martin (também um RT) para o lado esquerdo de forma a proteger o lado cego da linha ofensiva do Tannehill. Eu acho um risco grande, colocar um cara sem experiência na função em uma linha que já vinha tendo problemas. Acho que Clabo foi uma grande adição, mas acho que esse lado esquerdo da linha vai ser um ponto de interrogação sério para a equipe ao longo da temporada.

No final, eu acho que Miami é um time que tem tudo para dar um bom salto de produção no ano que vem. No fundo, esse salto sempre estará ligado ao seu quarterback, e vai depender do quanto Tannehill vai evoluir no seu segundo ano de NFL. Se ele sofrer no seu segundo ano e jogar pior, o time vai empacar mesmo com todas suas melhorias, e se ele tiver uma explosão Kaepernickiana, o time pode ser um candidato ao título. Mas acho que a hipótese razoável aqui é a evolução normal que um QB cru tem depois de um ano a mais na Liga e com armas melhores, ou seja, simplesmente por continuar sua evolução num ritmo normal já deve significar uma melhora interessante em relação ao ano passado. O time trouxe gente demais, tem talento demais e deve continuar uma evolução que já vem desde 2010. Em uma AFC East que viu seu melhor time perder jogadores importantes e que pode estar mais em aberto do que nunca, o Dolphins pode aproveitar essa chance com um pouco de sorte e voltar a um título de divisão. Eu acho 9-7 uma temporada realista para Miami, e acho difícil que ganhe a divisão, mas como já mostramos, em 16 o acaso tem grande influência e, embora ainda aposte no Patriots para ganhar a divisão, eu espero ver Miami brigando por uma vaga nos playoffs essa temporada, nem que seja no Wild Card.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Preview 2013 - New England Patriots

Jogadores executam dança tribal típica de New England


Para saber do que estamos falando aqui e dessas estatísticas, recomendo a leitura desse post antes
Se quiser opinioes e analises sobre o Draft, voces podem ler o Running Diary da primeira rodada ou o manual de como avaliar um Draft na NFL

Peço perdão pelo atraso nesse preview, tive alguns problemas de ordem técnica e de saúde ontem. Mas hoje, enfim, vamos começar o primeiro dos nossos 32 preview da NFL pela AFC East, em particular por um dos times mais populares no Brasil: O New England Patriots. Se você não tem ideia do que estou falando, recomendo que leia esse post introdutório.

New England Patriots

2012 Record: 12-4
Ataque ajustado: 1st
Defesa ajustada: 15th


O Patriots é daquelas organizações que são tão sólidas e tão estáveis, por tanto tempo, que ja praticamente sabemos o que esperar delas a cada ano. No caso do Patriots, isso significa um ataque fortíssimo ancorado por um dos grandes QBs da história da NFL, Tom Brady, acompanhado de uma defesa fraca ou, no máximo, mediana. É um time que conhece suas limitações defensivas e que não se importa de tomar muitos pontos desde que tenha a oportunidade de anotar muitos pontos também, e por isso sempre preferiu jogar um estilo de jogo rápido, de muitas posses de bola e de placares elevados.

Os números recentes reforçam essa noção de time de grande ataque e defesa instável: desde a lendária temporada de 2007 do Patriots (na qual terminou a temporada regular invicto), o ataque do Patriots terminou a temporada rankeado (em números ajustados) 1st, 8th (2008 foi o ano que Tom Brady perdeu a temporada inteira com uma lesão no joelho), 1st, 1st, 3rd e 1st de novo em 2012, enquanto nesse mesmo período sua defesa foi rankeada 11th, 17th, 14th, 21st, 30th e 15th. Entao, a primeira vista, era de se esperar que o Patriots viesse para a temporada 2013 trazendo mais do mesmo.

Embora essa noção não esteja exatamente errada, ela é uma visão limitada e até mesmo um pouco injusta em relação ao que o Patriots tem feito de certo, ao longo de mais de uma decada de dominância. Na verdade, embora muitos não se lembrem (ou não acompanhavam NFL na época), mas o Patriots  começou essa dinastia no começo dos anos 2000 através de sua defesa, uma defesa forte e agressiva com um ataque conservador, que controlava o ritmo do jogo e evitava erros (pense no que o 49ers fez em 2011, por exemplo). A defesa do Patriots foi 7th, 2nd e 7th entre 2003 e 2005, e o ataque só atingiu status top10 em 2005. Os três titulos da franquia vieram nas costas de um ataque mediano, mas sólido, e de uma defesa superior.

Então por isso eu digo que o sucesso do Patriots não veio de seu sucesso com a fórmula de ataque forte/defesa mediana e da sua capacidade de aproveitar um talento espetacular no seu Quarterback para montar ataques devastadores, e sim da capacidade de Bill Belichick e de Robert Kraft de se adaptarem a cada situação que encontram pela frente e de sempre jogarem da melhor forma possível com as cartas que tem nas mãos. No final dos anos 90 e começo dos anos 2000, o Patriots era um bom time com uma defesa superior e um ataque explosivo, mas um pouco inconsistente e autodestrutivo nas maos do QB Drew Bledsoe. Com a lesão de Bledsoe, o time mudou pra um ataque mais conservador, que cuidava melhor da bola e com o mais preciso Tom Brady (ainda novinho) no controle, como a melhor forma de complementar a boa e agressiva defesa da equipe, e que eventualmente levou o time a três títulos. Quando em meados de 2004 a NFL fez alguns ajustes nas regras pra favorecer os ataques aéreos, o Belichick decidiu que era hora de dar o comando do time para seu Quarterback espetacular e deixar o ataque ser o novo carro chefe da equipe. Quando, após a decepção no Super Bowl de 2007 e de uma temporada sem playoffs na qual Brady se machucou em 2008, a maior parte dos veteranos que montaram a boa defesa do Patriots por quase sete anos se aposentaram ou sairam da equipe, deixando a defesa bastante fraca, o Patriots aumentou ainda mais seu ritmo de jogo e a velocidade do seu ataque, de forma a trazer os jogos para uma disputa de ataque (seu ponto forte). Quando o Patriots viu que Randy Moss não ia mais ser um fator e se viu incapaz de achar um novo WR explosivo que encurtasse defesas, o Patriots foi em outra direção e buscou no Draft dois Tight End hiperatléticos (que cairam por conta de problemas de lesão e extra-campo) para explorar o máximo de missmatches pelo meio da defesa que pudesse. Ao longo desses 13 anos, o New England Patriots se manteve na elite da Liga por conta da sua capacidade impar de adaptação e de entender perfeitamente em que direção a Liga caminhava.

Digo isso tudo porque essa capacidade de adaptação do Patriots vai ser muito importante se o time quiser brigar por título em 2013 depois de uma offseason, na falta de uma palavra melhor, desastrosa.

Em termos do "ponto de partida" da temporada passada, o Patriots não oferece nenhum desafio: O time terminou a temporada 12-4, um número que a maior parte das estatísticas parecem confirmar. A Pythagorean Expectation do time foi exatamente de 12-4, e o Patriots terminou 4-4 em jogos decididos por uma posse de bola. Embora o time tenha tido um calendário relativamente fácil em 2012 (21st mais forte), a previsão pra 2013 não é assustadora (15th mais forte). E eles também tiveram um ano azarado com fumbles, recuperando apenas 46% deles. Em outras palavras, o Patriots de 2012 foi exatamente o que pareceu ser, sem nenhum absurdo que indique uma regressão ou uma melhora.

O problema do New England Patriots foi sua offseason, ou o que mudou do ano passado pra este. Mais especificamente, esses são os jogadores que lideraram o Patriots ano passado em jardas recebidas por partida:


(Pros que não conseguem ver a imagem, eles são, em ordem: Wes Welker, Rob Gronkowski, Donte Stallworth, Brandon Lloyd, Aaron Hernandez, Danny Woodhead, Julian Edelman, Deion Branch, Kellen Winslow)


Entre esses nove jogadores, os principais recebedores do Patriots em jardas por jogo (mesmo aqueles como Winslow e Stallworth, que jogaram apenas um jogo), sete estão fora da organização, e o outro (Gronkowski) está se recuperando de cinco (!!!) cirurgias nessa offseason e é bastante provável que perca alguns jogos da temporada e que não volte 100%. Caso voce queira tudo mastigado, o grande problema do Patriots é que seu competente corpo de recebedores de 2012, que impulsionou o melhor ataque e o melhor ataque aereo de 2012, se desmanchou completamente: Branch aposentou, Stallworth foi pra Washington, Woodhead foi pra San Diego, Lloyd não deve voltar, Wes Welker pulou o muro e foi pra Denver jogar com Peyton Manning, e Aaron Hernandez foi preso por homicídio. Entre os que sobraram, ficam apenas Edelman (atualmente machucado) e Rob Gronkowski, que possivelmente não será em 2013 nem sombra do jogador que foi depois de tantas cirurgias tão perto da temporada.

O Patriots não ficou parado, e trouxe o competente Danny Amendola, que possui bons numeros quando saudavel mas que jogou apenas 12 jogos desde que virou titular em 2011... No total. E embora tenham tentado trazer o Free Agent restrito Emmanuel Sanders do Steelers, o time de Pittsburgh igualou a oferta (estranhamente baixa se a intenção era tirar o jogador de lá) e deixou o Pats de mãos abanando. Então assumindo que Amendola se machuque, eis o depth chart do Patriots para Wide Receiver: Donald Jones, Michael Jenkins, Aaron Dobson (calouro um pouco cru pra contribuir de imediato), Josh Boyce, LaVelle Hawkins. E se Gronkowski começar mesmo a temporada no departamento médico, eis os TEs que o Patriots poderia usar no seu playbook que utiliza amplamente formações com dois Tight Ends: Michael Hoomanawanui (eu tive que procurar isso no Google), Daniel Fells, Jake Ballard, Zach Sudfeld. So... Hm.... Yeah. As perdas de longe superam os ganhos que a equipe teve nessa offseason, especialmente se a saúde de Gronk se mostrar delicada como se espera.

Embora eu concorde que o corpo de recebedores do Patriots sempre pareça pior em Julho, quando Tom Brady não está lançando bolas pra eles, eu diria que isso tudo é uma enorme red flag. O Patriots, ultimamente, tem baseado seu ataque nas jogadas de option entre Brady e Welker e nos missmatches criados por seus Tight Ends pra obrigar a defesa a se desmontar, mas essa temporada será muito mais difícil: se Amendola e Gronk perderem um longo tempo (e em certo grau, até mesmo se não perderem) o Patriots vai ter que contar com um grande número de jogadores que não demandam marcação dupla ou ajustes da defesa, que não criam missmatches e que não tem qualquer entrosamento com Brady. Então ainda que o ataque vá funcionar com Brady de QB e Belichick no comando, é de se esperar uma grave redução na capacidade de destruir defesas que o time apresentou nas ultimas temporadas.

Por isso eu digo que a capacidade do Patriots de se adaptar a essa nova situação vai ser crucial pra temporada 2013 da equipe. Ainda que o ataque aéreo da equipe não deva ser uma atrocidade, ele dificilmente vai poder ser também a base de todo o estilo da equipe, e isso via forçar o Patriots a se adaptar. Uma coisa que eu espero que aconteça, por exemplo, é que o time comece a se fiar mais no jogo terrestre. Apesar de todo o poderio aéreo do Patriots em 2012, o ataque terrestre do time ainda foi o quarto melhor ataque terrestre de toda a NFL, e a equipe tem mostrado uma versatilidade cada vez maior na forma de utilizar seus Half Backs atrás de sua sólida linha ofensiva. Ainda que o Patriots deva manter no seu ataque um pouco do seu estilo de alta velocidade e ataques no-huddle como uma forma de compensar a falta de dinamismo dos seus recebedores e de manter a defesa desconfortável, é bem possível que o Patriots tente aliar isso a um ataque mais controlador pelo chão, que controle a posse de bola e permita ao time trabalhar no play action como forma de criar mais espaço.

Outra coisa que eu espero é que o Patriots fique ainda mais criativo com suas formações: em 2012 vimos algumas vezes jogadores como Shane Vereen alinhando no ataque como WR ou Hernandez de RB. Bill Belichick sabe como poucos tirar o máximo das habilidades de seus jogadores e não tem medo de usar formações imprevisíveis para confundir a defesa, então se a idéia é solucionar o problema de falta de explosão no ataque, espere que o time use um número ainda maior de variações ofensivas com jogadores em posições diferentes para criar os matchups que o Patriots tanto gosta. Tim Tebow pode ser um fator aqui se estiver disposto a jogar fora da sua posição favorita, ou mesmo em tricky plays envolvendo dois Quarterbacks.

Outro aspecto importante que o Patriots deve analisar é o quanto pode confiar na sua defesa. A defesa da equipe apresentou grandes melhoras em 2012, passando da terceira pior da Liga em 2011 pra 15th melhor essa temporada. É um nucleo jovem que trouxe alguns jogadores interessantes, mas dificilmente vai ter força pra ser uma unidade de elite como o 49ers ou o Seahawks, e como dessa vez a equipe não deve ter o luxo de poder simplesmente superar o adversário do outro lado no volume de ataque com tanta frequencia, vai ser interessante ver como o Patriots adapta sua defesa agressiva agora que deve ter que manter um maior controle do jogo do lado ofensivo da quadra. Meu palpite é que a equipe deve mesmo colocar um maior ênfase no jogo terrestre para controlar melhor o relógio e manter sua defesa mais fresca durante a temporada, colocando-a menos em campo.

Em resumo, existe muita incerteza em torno do que esperar do Patriots esse ano por conta da situação dos seus recebedores. Se Amendola e Gronkowski tiverem um ano saudável e produtivo e alguns jogadores secundários aparecerem bem, pode ser que o Patriots consiga manter seu ataque voando como sempre e todos os ajustes que discutimos aqui possam ser desnecessários. Mas se pelo menos um dos dois (ou possivelmente os dois) tiverem problemas e não conseguirem ficar em campo (ou produzirem no nível esperado), o time vai ter que mudar seu padrão pra se manter competitivo, mesmo com Brady por lá. Eu pessoalmente acho difícil que os dois joguem os 16 jogos em alto nível, e acredito que Belichick pense o mesmo (perder Hernandez foi um golpe de última hora que pegou todo mundo desprevinido) e esteja se preparando para isso. A consequência esperada é que o Patriots sofra uma queda na produção ofensiva da equipe sem um grande ganho defensivamente, e portanto que seja um time pior em 2013 do que em 2012, basicamente. A qualidade dos ajustes da equipe determinarão o quanto pior, e na fraca AFC East, eu espero que o Patriots ainda consiga manter um ataque sólido e um record de 10-6 (ou mesmo 11-5) rumo a um novo titulo de divisão. Mas o time está enfraquecido e a AFC East se reforça em busca da sua coroa, como vamos ver nos próximos times, e com uma certa dose de azar (e especialmente caso a defesa sofra uma regressão) é possível enxergar um outro time tirando o Patriots do topo da divisão. Ainda assim, se existe um time que sempre soube se adaptar a adversidades foi esse, e até eu ver algo que me convença do contrário, a AFC East ainda é do Patriots para ser tomada. 

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Os times - AFC East

Não, vocês não estão sonhando, nós realmente estamos postando!!

Eu prometi e infelizmente demorei para cumprir, mas agora trago a vocês um pequeno preview dos times para essa temporada. Como vocês talvez tenham notado, ta faltando tempo e por isso estão faltando posts, então a gente não ta podendo fazer aqueles posts enormes com análises que vocês tanto gostam (?), pelo menos por enquanto (Prometemos que assim que aparecer uma brecha, faremos!).

Mas esses previews tem uma função um pouco diferente dessa vez. Como muita gente nova começou a ler o blog depois do nosso Especial NFL (em sua maioria gente que não acompanhava tanto a NFL antes), nós estamos fazendo esses previews para que elas saibam a situação de cada time, como jogam, os pontos fracos e fortes, para que possam acompanhar com mais informação a temporada. Aos veteranos do site e de NFL, peço calma que as análises complicadas e quilométricas virão. Sem mais enrolação, começamos com a AFC East (lembrando que o número entre parênteses depois do nome da equipe é o record do time em 2010).



Wes Welker se recusa a soltar a carne


New England Patriots (14-2)
O Patriots é o time de grande parte das pessoas que começou a assistir NFL recentemente. O que não é de surpreender, já que o time foi um dos maiores - se não o maior - da década passada. O time levantou o troféu três vezes (2001, 2003 e 2004) e teve a primeira temporada regular invicta  (16-0) da Liga desde o Dolphins de 1972 (14-0) numa das melhores temporadas regulares de todos os tempos em 2007, quando o time bateu recorde de jardas aéreas, jardas totais, pontos marcados, TDs por um só Quarterback  e TDs recebidos por um só Wide Receiver (que, ironicamente, terminou com o invicto Patriots sendo derrotado em pleno Super Bowl). O time foi competitivo ao longo de praticamente toda a década e apresentou figuras importantes, como o excelente técnico Bill Belichick e o Quarterback Tom Brady, um dos melhores de todos os tempos, sem falar em outros como Randy Moss, Ted Bruschi e companhia. Não é a toa, portanto, que o Patriots é um time que marcou muitos dos torcedores dessa última década.

O excelente núcleo da equipe do começo da década se desmontou após a temporada 2008, e o Patrios teve então o desafio de reconstruir nas costas de Brady. O resto do time era quase todo muito jovem, inexperiênte e imaturo, e reconstruir a partir disso foi um desafio. Até que em 2010 o time teve a melhor temporada da Liga e... bom... pois é.

A questão é o quanto o time ainda pode crescer. O time de 2010 era um time mediano, ainda que promissor, e só chegou longe por causa de uma temporada espetacular do Tom Brady e do seu ataque. Eu fiz um bom post na temporada passada que mostrava como o Belichick e o Brady montaram uma forma de jogar no ataque que não só era eficiente pela pontuação como também camuflava muitas das deficiências do time. Funcionou durante a temporada regular, mas acabou sendo exposto nos playoffs, e agora o Patriots trabalha pra evoluir seu núcleo jovem de forma a se tornar um time com cada vez menos falhas e lideradas pelo gênio do Brady.

A defesa tem uma secundária cheia de gente jovem em evolução, muitos já mostraram que tem talento pra jogar no time, a linha de frente com Vince Wilfork e Albert Haynesworth tem tudo pra ser muito forte e o time tem um pass rush que, apesar de fraco nas últimas temporadas, deu sinal de vida no primeiro jogo da temporada. Mas o carro chefe da equipe ainda é o ataque, e vai ser enquanto o número 12 continuar por lá. O time aprendeu em 2010 a correr com a bola, os bons Benjarvus Green-Ellis e Danny Woodhead tem feito um bom papel pelo chão, o que é importante pra liberar o ar para o Brady. O ataque do Patriots é muito completo e um show pra assistir: Uma ótima linha ofensiva, um jogo terrestre eficiente e um show no jogo aéreo. Jogadores como Wes Welker (Um dos melhores WRs da NFL em rotas curtas) são talentosos, mas jogar com Brady faz de todos eles melhores, é só ver a obra de arte que esses dois fizeram ontem a noite. O time também tem dois Tight Ends apenas no segundo ano mas que já são uma das combinações mais mortais da Liga. Não tem como não babar em cima desse time, especialmente desse ataque. Enquanto seu QB continuar jogando do jeito que joga, o Patriots sempre será um candidato ao título e um time divertidíssimo de acompanhar.


Corrida com obstáculos: Você está fazendo errado.


Miami Dolphins (7-9)
O Miami Dolphins teve altos e baixos nas últimas temporadas. E quando eu digo altos e baixos, é pra vocês levarem a sério: Depois de terem conseguido um pífio record de 1-15 em 2007, o time deu a volta por cima, ganhou 11 jogos em 2008 e foi para os playoffs. Em 2009, o time começou bem, chegou a ter um record de 7-6 faltando três rodadas, mas perdeu as três últimas partidas e ficou de fora nos playoffs, situação que se repetiu em 2010.

Apesar do resultado abaixo da média em 2009, o Dolphins é um time bom e com futuro. Apesar do massacre de ontem a noite contra um monstro chamado Brady, a defesa que o time montou está cheia de jovens talentos - O CB Vontae Davis, o OLB Cameron Wake - e é sólida como uma unidade. Eu comentei no post anterir, que se essa defesa não vai levar o time nas costas sozinha como faz a do Jets, por exemplo, ela não vai entregar, e vai ser sólida o bastante (na maioria dos casos) para que o ataque tenha boas condições de conseguir uma vitória.

O problema é que o ataque em 2010 foi pífio. O time tinha em 2008/2009 um excelente jogo terrestre, que era o foco do ataque, o jogo terrestre aparecia menos e era mais em situações funcionais, mas o que levava o ataque pra frente era o jogo terrestre com a dupla Ronnie Brown e Ricky Williams (Quando, aliás, o Dolphins inovou e trouxe a jogada Wildcat para a NFL, uma Tricky Play na qual o Running Back, posicionado como Quarterback, recebe o Snap para enganar a defesa). Esse ataque terrestre, bizarramente, desapareceu em 2010, foi um dos piores da Liga, e aí o Chad Henne - QB jovem em sua primeira temporada como titular - foi obrigado a resolver tudo com o braço. Ele até ganhou uns jogos com a ajuda da defesa, mas era muito mais responsabilidade do que ele deveria receber nessa altura do campeonato. O time não resistiu, ficou fora dos playoffs. O ataque terrestre do Dolphins em 2011 é totalmente diferente: os dois veteranos foram embora (ao contrário do que disse sábado, falha minha), e o time trouxe Reggie "Esqueleto de vidro" Bush pra assumir um papel mais importante no jogo terrestre (e também recebendo passes curtos), dividindo as corridas com o calouro Daniel Thomas.

Mas mesmo com o jogo terrestre, se o Dolphins quer ser levado a sério, o Chad Henne vai ter que assumir um papel central no time. Em 2010 ele foi empurrado para esse papel pela ineficiência do jogo terrestre, o plano era deixá-lo um pouco mais em segundo plano ganhando experiência e rodagem, mas agora está na hora dele assumir o ataque do time. O ataque terrestre ainda está se arrumando, e pra esse time ganhar o Henne vai ter que usar seu braço forte pra avançar o time por cima. Ele não precisa ser Brady, mas ele precisa pelo menos ser capaz de ganhar jogos com alguma regularidade para poder fazer o ataque ser realmente eficiente. Como ele se desenvolve - especialmente a relação dentro de campo com o ótimo WR Brandon Marshall - vai ser a grande história a se acompanhar da temporada 2011 do Dolphins.


Tentando tirar uma casquinha do Leon Washington


New York Jets (11-5)
Uma velha máxima da NFL diz que ataques ganham jogos, mas defesas ganham campeonatos. Se é verdade ou não eu não sei, mas os Jets levam essa frase bem a sério. Ao ponto de que o próprio time do Jets é montado para vencer nas costas de sua defesa.

Quem viu o jogo domingo a noite entre Jets e Cowboys sabe do que eu falo. A vitória foi pro currículo do Mark Sanchez, mas quem virou o jogo foi a defesa. O técnico do Jets, Rex Ryan, é um coordenador defensivo de muito sucesso na Liga, montou a defesa do Ravens do começo da década que foi uma das melhores de todos os tempos, e quando virou Head Coach levou consigo sua mentalidade defensiva. A defesa do Jets é um ferrolho muito interessante, porque apesar de jogar no esquema 3-4, ela não segue o padrão básico dessa defesa (três homens de linha e os dois OLBs indo para a pressão), a esquema usa um número infinito de variações de movimentação, de blitz e de cobertura que deixam qualquer QB doido. Uma hora os cinco homens padrão do esquema estão indo pra pressão, na jogada seguinte quem vai é o ILB e o OLB faz a cobertura do meio, na outra o ILB vai pra blitz mas o DE volta para cobrir, na outra tem um safety na blitz... É uma enorme variação, a defesa do Jets tem muitos jogadores capazes de chegar no QB e eles usam todos eles com uma criatividade e inteligência absurda.

E essa loucura só funciona porque o time confia na capacidade do CB Darrelle Revis de anular o melhor WR adversário numa marcação homem a homem. Os Cornerbacks costumam defender contra o passe de duas formas, marcações individuais e por zona, mas o Revis no Jets SÓ joga na marcação individual. A ideia do time é que ele vai ser capaz de totalmente anular aquele jogador, de forma que todos os esquemas de cobertura são pensados para proteger o resto da defesa, nunca o jogador pelo qual o Revis fica responsável. Uma responsabilidade tremenda, mas ele é tão bom que parece fácil.

Já no ataque, o time tem alguns problemas. O Ravens de 2000 (que tinha o Rex Ryan como coordenador defensivo) provou que você não precisa de um grande ataque pra ganhar se tiver uma defesa sólida e um bom corredor para tirar seu QB de situações apertadas. O Jets também segue esse modelo ao pé da letra, confiando em um ataque terrestre que foi muito sólido nas últimas duas temporadas e deixando os passes do Mark Sanchez para as situações mais necessárias. Em 2009 o veterano Thomas Jones teve uma temporada espetacular correndo com a bola, e em 2010 o time mandou Jones embora pra se dedicar ao então calouro Shonne Greene. Greene não correspondeu tão bem como esperado, mas o veteraníssimo Ladainiam Tomlinson reviveu sua carreira em NY e o ataque terrestre do time mais uma vez levou o Jets para frente. Mas em 2011, Greene ainda tem que se mostrar um RB titular e muitos (eu incluso) não acreditam que LT tenha mais uma temporada dessas pela frente, então o ataque do Jets - que sempre foi fraco mas sempre conseguiu ganhar os jogos com avanços lentos e passes curtos para conversões curtas - corre o risco de afundar ainda mais e atrapalhar o time.

A solução pra essa estagnação é confiar mais no Sanchez para lançar a bola. O problema é que até agora ele não se mostrou confiável. Conseguia convertar jogadas curtas - ajudado pelas jardas do seu jogo terrestre - aproveitando dos seus bons alvos, mas não era capaz de controlar o ritmo de jogo, distribuir as jogadas, fazer o ataque render de forma explosiva e, principalmente, cuidar da bola evitando turnovers. Se ele não conseguir dar esse salto, o ataque pode afundar a temporada 2011 do Jets. Se ele conseguir dar um salto de verdade, o Jets pode até chegar a ser campeão do Super Bowl. Ou seja, pode ir até o topo ou pode cair pra fora dos playoffs. Tem uma aposta mais legal do que essa? Só esse teste dos culhões do Mark Sanchez já devem valer a temporada 2011 do Jets.


Montinhos nem sempre são amigáveis na NFL
Buffalo Bills (4-12)
Algumas pessoas simplesmente gostam de times ruins, acham divertido acompanhar seu crescimento e torcem para que eles surpreendam os times bons. Outras não tem paciência pra isso, acham um saco assistir ao jogo feio de um time sem graça e sem aspirações pra temporada e evitam esses times. Se você se enquadra no segundo grupo, portanto, recomendo que não leia o resto dessa coluna, porque o Bills simplesmente é ruim.

O Bills é um time irrelevante na Liga desde a aposentadoria do grande Jim Kelly, e nos últimos anos o Bills colecionou fracassos em todas as formas possíveis, pelo Draft, pela Free Agency, dentro de campo. O time, portanto, estava passando por mais um dos seus muitos processos de reformulação (o famoso "taca tudo no lixo e começa do zero") quando o time conseguiu algo inesperado: Um Quarterback.

O Quarterback é a peça central de qualquer ataque, e o jeito mais fácil de melhorar um time é melhorando o seu Quarterback. O time acabou trazendo Ryan Fitzpatrick para o time, e colocando o moleque de titular. Fitzpatrick começou devagar, mas foi melhorando, melhorando e acabou terminando muito bem a temporada 2010, e começou ainda melhor a temporada 2011. Ou seja, o Bills está convencido de que achou seu Franchise Quarterback no Fitzpatrick e que ele é bom o bastante pra aguentar a reconstrução do time. Mas o ouro que o time achou está no fato (caso ele seja mesmo um Franchise QB) é muito jovem, e pode acompanhar o processo de reconstrução. Aos trancos e barrancos, o time está juntando um bom nível de talento: O WR Steve Johnson, o RB CJ Spiller, os DTs Kyle Williams e Marcell Dareus, e o Safety Jairus Byrd. O time está num processo de reconstrução, o que significa que eles ainda vão ser ruins por mais algum tempo antes de terem a chance de serem realmente bons. Times como Lions e Bucs tiveram saltos grandes com seus novatos, então o Bills pode sonhar, mas a probabilidade é que o time demore ainda uns anos antes de voltar aos playoffs. Ou seja, jovem e interessante por um lado, fraco e cansativo por outro. Escolha o seu!

terça-feira, 19 de julho de 2011

Análise do Draft da NFL - AFC East


Fala "Não" pro Marcell Dareus pra você ver o que acontece

Finalmente!! Sim, não é uma ilusão, estamos realmente falando do Draft da NFL!! Para quem não lembra, o Draft da NFL aconteceu num momento importante da NBA e com o lockout ainda pronto pra durar mais algum tempo, então deixamos o coitado um pouco de lado para falar da NBA - playoffs!! - e adiamos pra quando estivessemos mais perto do fim do lockout. Eu até queria fazer isso junto com a Free Agency, mas se a gente não começar agora isso não fica pronto nunca. Então, sem mais delongas, começamos a análisar, time por time, o Draft de 2011 da NFL, começando pelos times da AFC East.



New England Patriots
Nota: A-
Escolhas:
1st round, 17th pick: Nate Soldier, OL, Colorado
2nd round, 33rd pick: Ras-I Dowling, CB, Virginia
2nd round, 56th pick: Shane Vereen, RB, California
3rd round, 73rd pick: Stevan Ridley, RB, LSU
3rd round, 74th pick: Ryan Mallett, QB, Arkansas
5th round, 138th pick, Marcus Cannon, OL, TCU
5th round, 159th pick, Lee Smith, TE, Marshall
6th round, 194th pick, Markell Carter, LB, Central Arkansas
7th round, 219th pick, Malcolm Williams, DB, TCU

Análise: Existe um motivo pro Patriots ser o time que melhor Drafta da NFL, e ele se chama Bill Belichick. Todo mundo sabe que eu adoro o Belichick e acho ele um ótimo técnico e um dos melhores da Liga, mas quando o assunto é conseguir bons jogadores e manipular as escolhas do Draft com trocas pequenas, ele é disparado o melhor. O Patriots não só conseguiu Draftar bons jogadores, como também conseguiu uma escolha de primeira rodada em 2012 vinda do Saints com sua mania de trocar sempre por escolhas de primeiras rodadas futuras, que quando chegam a hora de serem usadas são novamente trocadas (Boatos de que o objetivo oculto do Patriots é ter toda a primeira rodada do Draft 2018).

Mas além de conseguir mais escolhas futuras rumo ao seu objetivo megalômano, o time também conseguiu fortificar sua linha ofensiva draftando o Nate Soldier. Soldier é daqueles tackles que tem um jogo bom o suficiente pra ser um titular quando chega mas tem o potencial de ser um Pro Bowler, e mesmo se não chegar a isso e ficar no meio termo entre os dois já está ótimo. A grande pedra no sapato do Patriots é o New York Jets, e o Jets venceu o Patriots nos últimos playoffs porque conseguiu usar seus esquemas de blitz pra colocar pressão contínua no Tom Brady. Não só isso, o Brady tem problemas sérios no joelho, então quanto menos sacks ele levar melhor. Por falar em Brady, a escolha do Ryan Mallett pra mim foi uma das melhores desse Draft, o caso do jogador certo no lugar certo. O Brady ainda joga uns cinco anos em alto nível se não tiver nenhuma lesão séria, mas o Mallett está pronto pra assumir o lugar dele. Era um talento de primeira rodada com problemas de atitude e um jogo um tanto cru para jogar com os profissionais. Agora ele terá muitos anos para aprender com o melhor QB da Liga na atualidade (Desculpe Peyton Manning, a tocha foi passada) e sob a batuda do Bill Belichick, que tem um histórico de desenvolver jovens talentos e não vai deixar sua cabeça problemática atrapalhar seu jogo. Quando o Brady pendurar as chuteiras, o Patriots já pode ter outro grande QB pronto pra assumir.

E se tratando de defesa, o Ras-I Dowling é minha aposta pra ser o novo Devin McCourty. Pra quem não acompanhou, o McCourty foi um CB draftado pelo Patriots na segunda rodada e foi possivelmente o segundo melhor calouro defensivo de 2010 (O primeiro começa com S e joga no Lions), superando todas as espectativas e solidificando uma defesa antes frágil. O Ras, além de ter o nome mais estranho desse Draft, é um CB que tinha tudo pra ser um dos melhores do Draft se não fossem muitas lesões ao longo do seu último ano no College. O Patriots pode se dar ao luxo de apostar na saúde do moleque, porque se ele ficar saudável ele é um dos três melhores CBs desse Draft.

 O que eu não gostei e impediu a nota A+ do time, no entanto, também tem a ver com defesa. Apesar dos problemas na secundária, a grande fraqueza na defesa do Pats foi o pass rush. A enorme dificuldade de chegar até os QBs adversários causou ainda mais problemas para uma secundária inexperiente, e todo mundo esperava um DE ou OLB chegando via Draft. Mas nenhum chegou, e o Pats agora vai ter que se virar com o que tem e com a Free Agency. Eles podiam ter apostado no Da'Quan Bowers, que apesar das lesões pode ser um dos melhores jogadores desse Draft, e que caiu até o meio da segunda rodada. Mas do jeito que ficou está bom, porque o time do Patriots já está jovem, montado e agora só precisa de algumas peças para encaixar. Faltam duas (Um bom WR principal e um pass rusher), mas o time parece ainda melhor do que ano passado e é meu favorito pro título.


Buffallo Bills
Nota: B-
Escolhas:
1st round, 3rd pick: Marcell Dareus, DT, Alabama
2nd round, 34th pick: Aaron Williams, CB, Texas
3rd round, 68th pick: Kelvin Sheppard, LB, LSU
4th round, 100th pick: Da'Norris Searcy, S, North Carolina
4th round, 122nd pick, Chris Hairston, OL, Clemson
5th round, 133rd pick, Johnny White, RB, North Carolina
6th round, 169th pick, Chris White, LB, Miss. State
7th round, 206h pick, Justin Rogers, CB, Richmond
7th round, 245th pick, Michael Jasper, DT, Bethen (TN)

Análise: Difícil criticar um time que sai com talvez a escolha mais segura de todo o Draft, o DT Marcell Dareus, que eu teria escolhido em primeiro se fosse o Panthers. Ele é um cara pronto pra entrar e jogar, tem um ótimo físico e locomoção e se eu desse apelidos para os jogadores o dele com certeza seria "âncora", ele é perfeito pra ser um DT nos profissionais.

Mas tirando ele, o draft foi apenas mediano. Eu gosto bastante do Aaron Williams e do Kelvin Sheppard, dois jogadores que tem condições de entrar e jogarem desde o começo, estão prontos pra NFL e são sólidos, mas nenhum dos dois parece que vai evoluir em nada além disso. São escolhas um tanto seguras demais pra um time que precisa sair do buraco. Talvez valesse a pena ter apostado em um QB ou em jogadores mais completos, que teriam condições de evoluirem em algo mais. Parece que pegaram dois jogadores que se dariam melhor em times já montados que precisassem de uma ou outra adição, o que definitivamente não é a situação do Bills. O time precisa montar uma base, talvez fosse a hora de ter pego jogadores que poderiam virar algo mais, como o Colin Kepaernick ou o Bowers, ainda que a um risco maior. Mas serviu pra melhorar o time - ainda é o pior da divisão - e conseguiram um Franchise DT no Dareus, então não foi de todo ruim.



Miami Dolphins
Nota: B
Escolhas:
1st round, 15th pick: Mike Pouncey, OG, Florida
2nd round, 62nd pick: Daniel Thomas, RB, Kansas State
4th round, 111th pick, Edmond Gates, WR, Abilene Christian
6th round, 174th pick, Charles Clay , TE, Tulsa
7th round, 231st pick, Frank Kearse , DT, Alabama A&M
7th round, 235th pick, Jimmy Wilson, DB, Montana

Análise: Eu amo times que entram no Draft com um plano específico e cumprem ele até o final. A defesa do Miami Dolphins não era perfeita, mas o diagnóstico do Tony Sparano - a meu ver, muito correto - era de que o time não precisava melhorar a defesa para vencer, e sim melhorar o ataque. A defesa tem o Cameron Wake, tem o Vontae Davis e consegue segurar a onda, ainda que não vá ganhar muitos jogos sozinha como a do Steelers ou a do Jets. Mas o ataque foi o calcanhar de Aquiles, e o time tinha como prioridade reforçar o jogo terrestre, a força do time nos anos anteriores e que foi uma desgraça em 2010. Tanto o Ronnie Brown como o Ricky Williams, dois corredores ágeis e velozes, vão ser Free Agents e o time só deve manter um deles. Para reforçar então o jogo terrestre, pegaram um Guard, o Mike Pouncey, irmão gêmeo do Maurkice Pouncey, do Steelers. O Maurkice foi um tremendo jogador pro Steelers, protegeu o QB muito bem e ainda abriu muitos espaços pras corridas, foi um achado espetacular. O irmão é gêmeo e também parece muito bom, se ele conseguir fazer no Dolphins o que o irmão fez no Steelers já ta ótimo pro RB que renovar. Além disso, pegaram o Daniel Thomas, um RB mais de força pra complementar tanto Brown como Williams, quem ficar.

Arrumado esse problema, foram pro outro: alvos. O time tem o Brandon Marshall, que quando quer é excelente, mas sentiu demais a falta de outros alvos. O TE Anthony Fasano quebra um galho e o Davone Bess tem seus bons momentos, mas muitas vezes só tinha o Marshall pra receber. O Edmond Gates pode ser um sólido playmaker devido à sua velocidade e explosão, o que vai abrir espaço para o Fasano e o Charles Clay de TE, o Bess e suas rotas saindo do slot, mais curtas, e pro astro do ataque que é o Marshall.

Engraçado que o time reforçou as áreas deficiantes do seu ataque, mas não procurou reforçar seu QB. O Chad Henne foi muito contestado ano passado e não jogou bem, mas pelo visto a aposta do time é que com um jogo terrestre consistente e mais alvos ele consiga ser mais eficiente. Ou então eles vão buscar o Kevin Kolb assim que abrir pra trocas, também pode ser. No geral, usou bem as poucas escolhas que tinha e reforçou seu ataque como tinha planejado, resta ver se o diagnóstico foi correto ou não.


New York Jets
Nota: B-
Escolhas:
1st round, 30th pick: Muhammad Wilkerson , DT, Temple
3rd round, 94th pick: Kenrick Ellis, DL, Hampton
4th round, 126th pick, Bilal Powell , RB, Louisville
5th round, 153rd pick, Jeremy Kerley, WR, TCU
7th round, 208th pick, Greg McElroy , QB, Alabama
7th round, 227th pick, Scotty McKnight , WR, Colorado

Análise: O Jets tem um time sólido e bem montado, e usou relativamente bem as poucas e baixas escolhas que tinha. Gastou as duas primeiras em dois bons jogadores pra linha defensiva, talvez nenhum deles vá ser titular (eu aposto que o Muhammad Wilkerson vá ser até que bastante utilizado) mas os dois adicionam alguma profundidade à posição, um tanto carente quando o Kris Jenkins se machucou ano passado. Mas como o Jenkins vai voltar, acho meio exagero gastar duas escolhas com a posição. Até entendo, mas eu pegaria um OLB ou um DE pra melhorar o pass rush. O Jets ganha seus jogos colocando pressão nos QBs, graças aos esquemas insanos do Rex Ryan. Quanto mais gente, melhor pros esquemas, e portanto acho um OLB mais importante do que outro DL. Não que o Ryan não possa usar um DL enorme como o Kendrick Ellis, mas eu acho que um OLB era mais urgente.

Além disso, o time buscou dois WRs porque Braylon Edwards e Santonio Holmes são Free Agents e dificilmente os dois vão renovar, provavelmente só um deles ou até nenhum dos dois. Nenhum dos dois parece que vai conseguir ser grande coisa sem um QB de elite, o que o Mark Sanchez não é, mas os dois podem jogar como retornadores e o Jeremy Kerley parece uma opção interessante pro slot caso o Jericho Cotchery tenha que jogar mais longe da linha de scrimmage.

No geral, foi conservador com suas escolhas e procurou corrigir falhas no time. O Jets já tem sua base montada, então o que vier é praticamente lucro. Não são jogadores que vão causar grande impacto, mas podem ter sua utilidade.

Atualização: Segundo o twitter do Adam Shefter, um dos mais importantes ligados à NFL, o Kris Jenkins está pra anunciar a aposentadoria. Se for confirmado, aí a ideia do Jets de draftar dois defensive tackles faz mais sentido. Ainda falta um outro jogador pra dar mais opções de blitz, que poderia ter vindo por exemplo no lugar do Bilal (vamos poupar vocês dos trocadilhos) Powell, mas aí a nota do Jets sobe para B, já que cobrir o miolo da linha vira a prioridade do time.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Analises dos times - AFC East

Como prometido, estou trazendo pra cá uma analise que ja fiz na comunidade que eu falei no post anterior, a FEIA.
A ideia era simples: Muitas pessoas na comunidade haviam vindo porque gostavam de NBA (Criamos a comunidade durante os playoffs) e não conheciam direito futebol americano. Depois de muita (e bota muita nisso) insistência da minha parte e do Marcelo, a galera começou a ficar mais de olho em NFL, e muita gente começou (até por causa dos fantasys) a acompanhar NFL agora nessa pré-temporada. Só que muita gente ainda nao tinha uma noção dos times, do que esperar, que time valia a pena acompanhar, etc. Por isso eu fiz um resumo de cada um dos times da NFL por lá. A ideia, no começo, era simplesmente falar dos pontos fortes e fracos de cada time, curiosidades e por ai, para que as pessoas pudessem criar interesse (ou não, dependendo do time) pelas franquias. Os resumos começaram assim, mas conforme eu fui prosseguindo e me empolgando, comecei a escrever analises cada vez maiores e mais profundas(O que nao significa que elas SEJAM profundas), comecei a contar histórias recentes sobre as franquias e por ai vai. O resultado voces vão ver logo logo.
Antes de começar, quero só avisar uma coisa: Escrevi esses resumos logo após a primeira rodada da NFL, tirando um deles (Que voces verão mais pra frente), e portando tudo que eu escrevi reflete, acima de tudo, minhas expectativas ANTES da temporada começar e com alguns detalhes após a primeira semana. Avisando que como eu postava uma divisão por dia, algumas foram postadas após a segunda rodada, e portanto eu coloquei alguns adendos nos resumos, mas sme mudar o panorama geral.
Entao começando, vamos começar com a forte AFC East.

"E pensar que eu podia tar com a Gisele agora..."


New England Patriots
As duas ultimas temporadas foram bem abaixo do esperado pra principal franquia da década que passou. Sem Brady, sem Welker, sem defesa, etc. Eu sempre defendi que um time que tem Tom Brady nunca pode ser dado como morto. E a prova veio essa semana, um massacre em cima do forte time do Bengals.
O ataque tem Tom Brady e Wes Welker, e isso basta. Mas ainda tem dois calouros talentosos na posição de TE, Julian Edelman e mais uma equipe de qualidade em volta dele. Os problemas nesse time são dois. Randy Moss nao está motivado. Ja se disse insatisfetio e que sairá ao fim do seu contrato. Só que se Moss nao jogar, os Patriots nao tem uma deep threath nem um WR com caracteristicas de nº1. E outro problema é o jogo terrestre. Fred Taylor voltando de contusao deve ajudar bastante, mas o PAtriots precisa estabelecer um jogo terrestre. Botar pressao demais num QB nao é bom, mesmo com os melhores. Só ver o que rolou com Peyton Manning essa semana.

A defesa é uma incognita problematica. Perdeu Leigh Booden, e está recheada de calouros e sophomores. A defesa é talentosa mais ainda nao está madura. Bill Belichik é um excelente técnico e que fará a pirralhada amadurecer até os playoffs. E o ataque segura a barra!

Rating: A-
Enquanto Brady e Welker estiverem saudaveis e Bill Belichik for o tecnico, nada é impossivel para o Patriots. O que preocupa é Moss e a evolução dessa defesa jovem.


"Ninguem me segura!"


New York Jets
Eu falei ha muito tempo que acho que Jets desse ano não é tudo isso. O ataque perdeu dois dos principais jogadores em Alan Faneca e Thomas Jones. LT foi um dos melhores RBs da história, mas embora ainda seja capaz de contribuir, nao é o mesmo. A chegada de Santonio Holmes da ao Jets mais uma arma perigosa no jogo aéreo pra complementar Jericho Cotchery (0300-Cotchery), Braylon Edwards e Dustin Keller. Mas de nada vai adiantar se o Quarterback nao conseguir lançar a bola! Sanchez teve um playoff muito bom mas sem aquele fantástico jogo terrestre, nao levará o Jets longe por conta própria, a não ser que ele evoluia muito mais do que o esperado.
A questão do Jets é a defesa. A defesa do Jets é excelente, uma das melhores (se nao a melhor) da NFL. Mas ainda acho que ela nao está tao forte quanto ano passado: O time perdeu o ótimo Kerry Rhodes e ganhou Antonio Cromartie. Muita gente acha que agora a defesa aérea do Jets fica insuperavel, mas eu acho que a perda de Rhodes vai ser mais sentida que a adição do Cromartie. E pra piorar, o time perdeu o NT Kris Jenkins para a temporada. Eu acho que essa defesa é inferior àquela do ano passado. Ainda assim, é uma excelente defesa que deve ser temida, e se Darrelle Revis conseguir repetir a performance do ano passado, é o melhor Cornerback da NFL.

Rating: B+
Nunca se pode menosprezar um time com uma defesa tão boa quanto a do Jets, e Rex Ryan é um gênio defensivo. E eu acho que o ataque terrestre do Jets, em especial Shonne Greene, vai melhorar depois de uma horrivel estreia. Mas nao boto fé no time como um todo e principalmente no Mark Sanchez. Ainda assim, nao pode ser descartado.
"Pelo menos meu time tem cheerleaders... Olha só!"


Buffallo Bills
Uma piada. A linha ofensiva é horrorosa, o Quarterback nao consegue ser constante, os WRs nao sao nada diferenciado. O ataque nao tem forma: Os lançamentos nao dao em nada porque o QB e os WRs sao limitados, e as corridas sao limitadas pela fraquissima linha ofensiva. CJ Spiller tem talento pra ser um superstar, mas nao vai conseguir isso com uma linha desse naipe.
A defesa nao é das piores, e Jayrus Bird é um puta safety, apesar da pouca idade. E nao compromete em outras áreas.Mas voce nao ganha sem pontuar, e isso o Bills absolutamente nao sabe fazer.

Rating: D
Nao da pra levar o time a sério. Sem ataque e a defesa nao resolve nada.
"De peixinho!"


Miami Dolphins
O Miami Dolphins é um time bizarro. De uma patética temporada de 1-15 em 2007 saem pra ganhar a divisao com 11-5 ano seguinte. Ano passado o time perdeu o Quarterback (o ótimo Chad Pennington) pra lesão, Ronnie Brown e Ricky Williams perderam parte da temporada... E continuaram ganhando!! Agora o Miami Dolphins tem um time realmente respeitável.
A força motriz do time sempre foi e deverá continuar sendo o jogo terrestre, que continua com a dupla Ricky Williams e Ronnie Brown, no famoso Wildcat. Brandon Marshall foi uma aquisição excelente, conseguiu 3 temporadas consecutivas de 100 recepções em Denver. Anthony Fasano e Devone Bess sao coadjuvantes decentes. A questão fica na posição de Quarterback. Com a contusão de Pennington, Chad Henne assumiu o time e fez um final de temporada promissor. Penningtou voltou, mas apenas para ser o mentor do jovem Henne. Henne nao teve um bom começo, mas acredito que vá evoluir. Se nao, o vovô volta!


A defesa tem Mike Nolan como coordenador defensivo e adicionou Carlos Dansby. Perdeu em Tracy Porter seu melhor pass rusher, mas a dupla de cornerbacks, sophomores, incluindo o ótimo Vontae Davis, teve um excelente ano passado e vai crescer. Como essa defesa evoluirá será chave ao longo do ano, mas tem muito potencial.

Rating: B+
O ataque impõe respeito e a defesa está mais forte. Se Henne jogar o que é esperado dele, esse time vai longe.