"Toma, esconde isso aqui do Mark Sanchez antes que ele chegue!"
Para saber do que estamos falando aqui e dessas estatísticas, recomendo a leitura desse post antes
Se quiser opinioes e analises sobre o Draft, voces podem ler o Running Diary da primeira rodada ou o manual de como avaliar um Draft na NFL
Continuando nossa série de preview para a temporada 2013 da NFL, que começou com o New England Patriots, o Miami Dolphins e o Buffalo Bills, hoje é dia de falar de outro time do último time da AFC East, uma das grandes piadas da NFL, New York Jets. Se você não tem ideia do que estou falando, recomendo que leia esse post introdutório. Btw, a falta de crases nesse texto é porque esse teclado não tem crase, então não reparem, ok?
New York Jets
2012 Record: 6-10
Ataque ajustado: 30th
Defesa ajustada: 9th
Se você quer uma prova de que os deuses do futebol americano são malucos e que em poucos esportes as coisas mudam mais rápido do que nesse, não precisa olhar mais longe do que a maior fonte de risadas maldosas da NFL, o New York Jets. Volte comigo para a temporada 2009 da NFL, quando o Jets teve uma das melhores temporadas de sua história recente. Depois de precisar derrotar um time misto do Cincinatti Bengals na última rodada para chegar aos playoffs (via Wild Card), a equipe chocou todo mundo ao vencer Bengals e Chargers antes de perder para o Colts na Final de Conferência em um jogo bastante disputado. Com um Pythagorean Expectations que superava em muito seu número de vitórias (11.5-4.5 contra 9-7), era de se esperar uma melhora da equipe para 2010 e outra chegada forte. E foi o que aconteceu: o Jets terminou 11-5 e foi aos playoffs, apesar de algumas derrotas doloridas para seu grande rival, New England Patriots. Mas nos playoffs, o time de New York aprontou de novo, derrotando os Colts de Peyton Manning e os Patriots de Tom Brady em jogos consecutivos para chegar a sua segunda Final de Conferência consecutiva. Mesmo perdendo esse jogo para o Steelers (em um jogo onde tiveram perto de conseguir a vitória), o saldo de duas temporadas seguidas chegando aonde chegaram foi muito positivo, ainda mais com um quarterback segundo-anista, então as expectativas para a equipe eram altas para o futuro. Eles tinham o melhor jogador defensivo da NFL, um dos melhores técnicos, um forte jogo terrestre, e tudo parecia bom para a franquia.
Apenas dois anos depois, o Jets é uma das maiores piadas da Liga, um time que joga no maior mercado da NFL e tem uma das torcidas mais fanáticas mas que passa o ano afundado em controvérsias, brigas, superexposição na mídia e fracassos dentro de campo. O time que chegou tão perto do Super Bowl dois anos seguidos se dissolveu e deixou no lugar um dos grupos mais desfuncionais que eu lembro de ter visto em mais de uma década de futebol americano. Mas afinal, o que deu errado para um time ir de candidato ao título a vergonha da nação em dois anos?
Lembra no preview sobre o Patriots que eu falei sobre como o sucesso continuado da equipe ao longo da década não veio da capacidade do time de fazer funcionar seu modelo de muito ataque/defesa decente, mas sim da sua capacidade de se adaptar ao que tinha nas mãos e as mudanças que a Liga sofreu ao longo dos anos? A queda do Jets se deveu a exatamente o contrário: o time foi muito bom quando Rex Ryan chegou a New York porque implementou um esquema baseado em uma defesa fortíssima, que forçava muitos turnovers, e um ataque que controlava o relógio, conseguia muitas jardas terrestres, encurtava primeiras descidas e "protegia" seu quarterback permitindo a ele trabalhar em conversões curtas e no play action. Quando o time sentiu dificuldades de executar esse modelo, quando sua defesa não era mais tão dominante, seu jogo terrestre tão seguro e o time precisou de mais ataque (em especial aéreo) o time não teve a capacidade de se adaptar ou de contornar essas dificuldades, e por isso o time sofreu essa queda brutal.
Os números corroboram essa visão. Em 2009 e 2010 combinados, o Jets teve a melhor defesa da NFL (1st em 2009, 5th em 2010, 1st combinando os dois anos), uma unidade que forçava muitos turnovers (+1 e +9 em turnover diferential, respectivamente, mesmo tendo Mark Sanchez de QB) e que era o ponto focal do time. Nesse mesmo período, o ataque do time manteve seu perfil de pouca velocidade, pouca produção, mas um forte jogo terrestre: foi apenas o 22nd melhor ataque em 2009 e o 16th melhor em 2010, mas foram o 11th melhor e o 5th melhor ataque terrestre, respectivamente (o ataque terrestre em 2009 só pegou fogo no final da temporada). Mesmo que seu ataque fosse um tanto incapaz de ganhar jogos por conta própria, era o suficiente para manter o saldo de turnovers positivo e ganhar os jogos de placares baixos proporcionados por sua excelente defesa.
Em 2011, as coisas deram uma guinada em outra direção. Embora a defesa continuasse como uma força espetacular (segunda melhor da NFL), o ataque terrestre do time sofreu uma queda brutal depois que o Jets achou uma boa ideia entregar o ataque terrestre da equipe nas mãos do Shonne Greene. Não ajudou o fato de que a troca de RT e a lesão do Nick Mangold tenham enfraquecido consideravelmente a linha ofensiva da equipe, mas o fato é que o jogo terrestre do time despencou de produtividade entre 2010 e 2011, caindo para apenas o 18th melhor da Liga e com Shonne Greene tendo muito problemas na temporada. Mesmo com uma defesa excelente que cedeu poucos pontos e roubou muitas bolas, para ganhar jogos você ainda precisa marcar pontos do outro lado da quadra para sair com a vitória. E para isso, dessa vez o time não contou com um ataque terrestre que encurtasse descidas e preservasse o QB, então precisou contar com Mark Sanchez assumindo um papel maior na equipe, lançando mais e em conversões maiores, contra defesas mais equipadas para parar o passe do que a corrida. O resultado foi o esperado: Sanchez teve muitos problemas para produzir nessas condições (37th melhor da NFL) em QBR, o ataque foi uma droga (21st da NFL) e produziu muitos turnovers, o time acabou com saldo negativo em TOs (-3), e mesmo com aquela excelente defesa o time perdeu os playoffs. Então o time foi ótimo quando conseguiu impor seu estilo de ataque e jogo terrestre/ataque conservador, mas quando precisou de produção ofensiva sem o jogo terrestre, Mark Sanchez não deu conta do recado.
Mas bom, o que tudo isso significa para as esperanças do time em 2013? Quais as esperanças do time de reproduzir seu modelo bem sucedido de 2009 e 2010 e voltar aos playoffs?
O ponto de partida aqui é saber se a defesa do Jets vai ser capaz de retornar a sua melhor forma e, mesmo que não seja aquela máquina de 2009-2011, se pelo menos vai ser uma unidade capaz de manter os placares baixos e forçar alguns turnovers para deixar seu ataque com menos responsabilidades. E aqui, pelo menos, o Jets tem algum motivo de otimismo. Ano passado, o Jets jogou a temporada inteira sem seu melhor jogador em Darrelle Revis, o jogador base no qual toda a defesa do time era montada e para quem o time não tinha um reserva além de Antonio Cromartie... E mesmo assim, a defesa terminou como a nona melhor de toda a NFL na temporada. Esse ano, como Revis saiu, muita gente vê a defesa da equipe caindo por terra, mas eu acho que a realidade é bem diferente. Ano passado o time substituiu Revis por ninguém e ainda teve a nona melhor defesa da Liga, mas esse ano vai ter o bom calouro Dee Milliner (de quem eu gosto bastante) para o lugar dele. Além disso, o Jets corretamente identificou um problema da sua defesa: muitos dos jogadores que foram importantes em 2009 e 2010 estavam ficando velhos e decadentes, sua produção caindo (ver: Scott, Bart). Nessa offseason a equipe fez o possível para se livrar de alguns desses jogadores e substituí-los por novas peças, uma medida underrated mais importante: a produção desses jogadores pode ser substituída em boa parte, mas isso limpa a folha salarial da equipe, da chance para alguns jogadores mais jovens de crescerem e também da a unidade aquele ar de "novas caras" que o time precisava urgente. Rex Ryan ainda é um gênio defensivo, aquela unidade que terminou em nono ano passado teve as adições importantes de dois calouros de primeira rodada que cobrem duas necessidades urgentes (Milliner na secundária, Sheldon Richardson na linha defensiva junto da estrela Muhammad Wilkinson), o time se livrou de algumas peças defeituosas e velhas, e alguns jovens talentos (como Wilkinson e Quinton Coples) terão mais tempo para evoluirem. Mesmo que não seja aquela unidade destrutiva de 2009 e 2010, ainda tem tudo para ser uma defesa Top5 com um pouco de sorte e adaptação rápida dos calouros, com boas perspectivas de futuro.
Do outro lado da bola, o Jets parece determinado a retomar sua diretriz de jogo terrestre como carro chefe da equipe. Embora sua linha ofensiva tivesse sido ainda boa contra o jogo terrestre em 2012 (quinta melhor em jogadas de corrida, per Football Outsiders), o time ainda foi atrás de três jogadores (dois guards e um tackle) para ela no Draft, em parte para reforçar o jogo terrestre e em parte porque ela foi muito ruim protegendo o passe. Mas talvez mais importante, o Jets trocou para trazer um novo running back a equipe. Finalmente desistindo do fraco Shonne Greene, um fracasso como RB principal da equipe nesses dois últimos anos, a equipe foi atrás de um substituto e trocou por Chris Ivory, um RB que tem números muito interessantes (5.4 jardas por tentativa ano passado, 5.1 na carreira) mas que teve pouco espaço no grupo muito cheio de RBs de New Orleans. Considerando que Shonne Greene não conseguiu passar das 3.9 jardas por tentativa em 2012 e que Ivory está saindo de uma linha ofensiva mediana para uma boa (pelo menos correndo com a bola), acho possível imaginar uma evolução do jogo terrestre da equipe (21st em 2012) para a temporada que vem mesmo esperando para ver se os números de Ivory devem piorar com um aumento da carga de trabalho.
Tem um outro ponto de interesse que pode indicar, também, uma possível regressão positiva do Jets para essa temporada. Embora as estatísticas que usamos até aqui indiquem que a temporada do Jets foi exatamente o que pareceu ser (Pythagorean Expectation de 6-10, 4-4 em jogos decididos por uma posse de bola e 53% de fumbles recuperados), o número que salta aos olhos nessa temporada foi o saldo de turnovers da equipe, um ridículo -14 que foi a quarta pior marca da NFL na temporada. Ainda que isso não possa ser atribuído a um azar com fumbles, a história parece estar do lado do time de New York: na história da NFL, esse patamar de turnovers dificilmente se repete por um período significativo de time. Talvez em parte porque um time que chega a esse número tenha a tendência de substituir metade do seu ataque em um piscar de olhos, mas fato é que, em média, times nesse patamar em saldo de turnovers costumam sofrer, na média, uma regressão para perto do -1 de saldo na temporada seguinte. Ainda que seja uma estatística muito menos precisa do que as que costumamos usar, é algo que pode indicar otimismo para o Jets.
Mas como o grande Bill Barnwell, da Grantland, muito bem observou, na média os times não tem um QB como Mark Sanchez. Embora eu tenha feito o possível para não citar o nome dele explicitamente, a sombra dele está por todo o texto. O alto número de turnovers da equipe, a necessidade de um jogo terrestre que escondesse ao máximo o quarterback e o permitisse jogar apenas em conversões mais fáceis, a incapacidade do time de jogar de forma explosiva no ataque, e principalmente a brutal queda de produção (e o aumento de turnovers) do ataque da equipe quando este precisou mais do jogo aéreo. Embora draftado no alto da primeira rodada em 2009, o fato é que Sanchez sempre foi um jogador medíocre cuja incapacidade de produzir qualquer tipo de valor acima da média tem sido o grande problema desse time ao longo desses últimos anos. O Jets era capaz de esconder Sanchez em 2009 e 2010, mas não em 2011 e 2012. Mas o fato de que ele sempre foi medíocre: em 2009, seu QBR foi de 31.6 (33rd entre 46 jogadores); em 2010 subiu para sua melhor marca da carreira, 48.2 (22nd entre 46) no seu melhor time; em 2011 caiu novamente para 33.6 (37th de 47); e ano passado atingiu seu fundo do poço com 23.4 (37th de 38 QBs) e a jogada mais ridícula da história da NFL. Então por melhor que seja a defesa do time, e mesmo que o jogo terrestre melhore em relação ao ano passado, o Jets ainda vai precisar do seu QB produzindo alguma coisa (mesmo que não dominando) acima do básico para brigar pelos playoffs em 2013 a não ser que a defesa volte a ser a melhor da NFL e um ataque terrestre Top5 (o que é improvável mesmo que ambas as áreas devam melhorar). Então enquanto a franquia precisar de alguma produção de quarterback, e o time tiver Mark Sanchez lá, o time não vai a lugar nenhum.
Então na verdade, as pretensões do Jets para 2013 passam pelo QB. O time deve ter novamente uma defesa muito boa e seu jogo terrestre deve melhorar, dando ao ataque algum alívio. Ainda assim, o Jets sofre com falta de talento no seu ataque (os WRs devem melhorar com a volta de Santonio Holmes e mais um ano de Stephen Hill, mas o time não tem um TE confiável e a linha ofensiva foi a terceira pior protegendo o QB em 2012) e por isso vai precisar compensar com produção da principal posição do futebol americano. A escolha da equipe se resume, basicamente, a insistir em Mark Sanchez (que nunca melhorou em quatro anos de Liga e é, a essa altura, um jogador muito abaixo da média) ou apostar no calouro Geno Smith, que mostrou toda sua imaturidade na semana do Draft mas que era cotado por muitos como o melhor QB disponível. Eu acredito que o Jets deva ir com Smith por um simples motivo: se forem com Mark Sanchez, eles já sabem o que vão receber dento de campo e sabem que isso não levará o time a lugar nenhum, enquanto com Smith é possível que recebam também essa produção decepcionante e prejudicial, mas também é possível que recebam uma mediana ou superior... E talvez um QB jogando a um nível mediano ou superior possa ser suficiente pro time voltar aos playoffs atrás de uma boa defesa.
Então, em resumo, é bem difícil projetar o Jets para 2013 pelo mesmo problema do Buffalo Bills, incerteza com um QB calouro do qual não sabemos o que esperar. O Jets é um time melhor do que muita gente da valor, tem uma defesa que deve ser muito boa e com muitos jovens talentos e seu ataque terrestre deve melhorar consideravelmente, mas para ir a algum lugar vai depender muito de como seu QB (seja ele quem for) vai ser comportar ao longo da temporada e isso é uma grande incógnita. Mas com a AFC East mais aberta do que tem estado em muitos anos, o Jets tem que arriscar para tentar conseguir essa vaga nos playoffs. Eu acho que o Jets deve terminar algo com 7-9 ou mesmo 8-8 se conseguir uma contribuição mediana de seu QB titular, o que significa que com um pouco de sorte e/ou uma produção acima do esperado da posição o time pode muito bem chegar a algo como 9-7 ou 10-6 e ir aos playoffs nessa temporada. Eu não apostaria nisso, apostaria no Jets tendo uma temporada mediana mas mais promissora que do ano passado, mas é um time interessante de se observar e que deve, pelo menos, recuperar um pouco do orgulho perdido em 2012. Mas para isso, o time precisa urgentemente guardar o orgulho na gaveta, admitir que errou com Sanchez, e seguir em outra direção. Se fizer isso, não garante playoffs nem nada, mas pelo menos permite ao time deixar pra trás um capítulo patético de sua existência e seguir em frente. E se Geno Smith mostrar alguns flashes do jogador que se esperava antes do Draft, pode dar ao Jets algo que eles perderam nos ultimos dois anos, uma esperança para o futuro da equipe que não envolva Mark Sanchez.
Apenas dois anos depois, o Jets é uma das maiores piadas da Liga, um time que joga no maior mercado da NFL e tem uma das torcidas mais fanáticas mas que passa o ano afundado em controvérsias, brigas, superexposição na mídia e fracassos dentro de campo. O time que chegou tão perto do Super Bowl dois anos seguidos se dissolveu e deixou no lugar um dos grupos mais desfuncionais que eu lembro de ter visto em mais de uma década de futebol americano. Mas afinal, o que deu errado para um time ir de candidato ao título a vergonha da nação em dois anos?
Lembra no preview sobre o Patriots que eu falei sobre como o sucesso continuado da equipe ao longo da década não veio da capacidade do time de fazer funcionar seu modelo de muito ataque/defesa decente, mas sim da sua capacidade de se adaptar ao que tinha nas mãos e as mudanças que a Liga sofreu ao longo dos anos? A queda do Jets se deveu a exatamente o contrário: o time foi muito bom quando Rex Ryan chegou a New York porque implementou um esquema baseado em uma defesa fortíssima, que forçava muitos turnovers, e um ataque que controlava o relógio, conseguia muitas jardas terrestres, encurtava primeiras descidas e "protegia" seu quarterback permitindo a ele trabalhar em conversões curtas e no play action. Quando o time sentiu dificuldades de executar esse modelo, quando sua defesa não era mais tão dominante, seu jogo terrestre tão seguro e o time precisou de mais ataque (em especial aéreo) o time não teve a capacidade de se adaptar ou de contornar essas dificuldades, e por isso o time sofreu essa queda brutal.
Os números corroboram essa visão. Em 2009 e 2010 combinados, o Jets teve a melhor defesa da NFL (1st em 2009, 5th em 2010, 1st combinando os dois anos), uma unidade que forçava muitos turnovers (+1 e +9 em turnover diferential, respectivamente, mesmo tendo Mark Sanchez de QB) e que era o ponto focal do time. Nesse mesmo período, o ataque do time manteve seu perfil de pouca velocidade, pouca produção, mas um forte jogo terrestre: foi apenas o 22nd melhor ataque em 2009 e o 16th melhor em 2010, mas foram o 11th melhor e o 5th melhor ataque terrestre, respectivamente (o ataque terrestre em 2009 só pegou fogo no final da temporada). Mesmo que seu ataque fosse um tanto incapaz de ganhar jogos por conta própria, era o suficiente para manter o saldo de turnovers positivo e ganhar os jogos de placares baixos proporcionados por sua excelente defesa.
Em 2011, as coisas deram uma guinada em outra direção. Embora a defesa continuasse como uma força espetacular (segunda melhor da NFL), o ataque terrestre do time sofreu uma queda brutal depois que o Jets achou uma boa ideia entregar o ataque terrestre da equipe nas mãos do Shonne Greene. Não ajudou o fato de que a troca de RT e a lesão do Nick Mangold tenham enfraquecido consideravelmente a linha ofensiva da equipe, mas o fato é que o jogo terrestre do time despencou de produtividade entre 2010 e 2011, caindo para apenas o 18th melhor da Liga e com Shonne Greene tendo muito problemas na temporada. Mesmo com uma defesa excelente que cedeu poucos pontos e roubou muitas bolas, para ganhar jogos você ainda precisa marcar pontos do outro lado da quadra para sair com a vitória. E para isso, dessa vez o time não contou com um ataque terrestre que encurtasse descidas e preservasse o QB, então precisou contar com Mark Sanchez assumindo um papel maior na equipe, lançando mais e em conversões maiores, contra defesas mais equipadas para parar o passe do que a corrida. O resultado foi o esperado: Sanchez teve muitos problemas para produzir nessas condições (37th melhor da NFL) em QBR, o ataque foi uma droga (21st da NFL) e produziu muitos turnovers, o time acabou com saldo negativo em TOs (-3), e mesmo com aquela excelente defesa o time perdeu os playoffs. Então o time foi ótimo quando conseguiu impor seu estilo de ataque e jogo terrestre/ataque conservador, mas quando precisou de produção ofensiva sem o jogo terrestre, Mark Sanchez não deu conta do recado.
Mas bom, o que tudo isso significa para as esperanças do time em 2013? Quais as esperanças do time de reproduzir seu modelo bem sucedido de 2009 e 2010 e voltar aos playoffs?
O ponto de partida aqui é saber se a defesa do Jets vai ser capaz de retornar a sua melhor forma e, mesmo que não seja aquela máquina de 2009-2011, se pelo menos vai ser uma unidade capaz de manter os placares baixos e forçar alguns turnovers para deixar seu ataque com menos responsabilidades. E aqui, pelo menos, o Jets tem algum motivo de otimismo. Ano passado, o Jets jogou a temporada inteira sem seu melhor jogador em Darrelle Revis, o jogador base no qual toda a defesa do time era montada e para quem o time não tinha um reserva além de Antonio Cromartie... E mesmo assim, a defesa terminou como a nona melhor de toda a NFL na temporada. Esse ano, como Revis saiu, muita gente vê a defesa da equipe caindo por terra, mas eu acho que a realidade é bem diferente. Ano passado o time substituiu Revis por ninguém e ainda teve a nona melhor defesa da Liga, mas esse ano vai ter o bom calouro Dee Milliner (de quem eu gosto bastante) para o lugar dele. Além disso, o Jets corretamente identificou um problema da sua defesa: muitos dos jogadores que foram importantes em 2009 e 2010 estavam ficando velhos e decadentes, sua produção caindo (ver: Scott, Bart). Nessa offseason a equipe fez o possível para se livrar de alguns desses jogadores e substituí-los por novas peças, uma medida underrated mais importante: a produção desses jogadores pode ser substituída em boa parte, mas isso limpa a folha salarial da equipe, da chance para alguns jogadores mais jovens de crescerem e também da a unidade aquele ar de "novas caras" que o time precisava urgente. Rex Ryan ainda é um gênio defensivo, aquela unidade que terminou em nono ano passado teve as adições importantes de dois calouros de primeira rodada que cobrem duas necessidades urgentes (Milliner na secundária, Sheldon Richardson na linha defensiva junto da estrela Muhammad Wilkinson), o time se livrou de algumas peças defeituosas e velhas, e alguns jovens talentos (como Wilkinson e Quinton Coples) terão mais tempo para evoluirem. Mesmo que não seja aquela unidade destrutiva de 2009 e 2010, ainda tem tudo para ser uma defesa Top5 com um pouco de sorte e adaptação rápida dos calouros, com boas perspectivas de futuro.
Do outro lado da bola, o Jets parece determinado a retomar sua diretriz de jogo terrestre como carro chefe da equipe. Embora sua linha ofensiva tivesse sido ainda boa contra o jogo terrestre em 2012 (quinta melhor em jogadas de corrida, per Football Outsiders), o time ainda foi atrás de três jogadores (dois guards e um tackle) para ela no Draft, em parte para reforçar o jogo terrestre e em parte porque ela foi muito ruim protegendo o passe. Mas talvez mais importante, o Jets trocou para trazer um novo running back a equipe. Finalmente desistindo do fraco Shonne Greene, um fracasso como RB principal da equipe nesses dois últimos anos, a equipe foi atrás de um substituto e trocou por Chris Ivory, um RB que tem números muito interessantes (5.4 jardas por tentativa ano passado, 5.1 na carreira) mas que teve pouco espaço no grupo muito cheio de RBs de New Orleans. Considerando que Shonne Greene não conseguiu passar das 3.9 jardas por tentativa em 2012 e que Ivory está saindo de uma linha ofensiva mediana para uma boa (pelo menos correndo com a bola), acho possível imaginar uma evolução do jogo terrestre da equipe (21st em 2012) para a temporada que vem mesmo esperando para ver se os números de Ivory devem piorar com um aumento da carga de trabalho.
Tem um outro ponto de interesse que pode indicar, também, uma possível regressão positiva do Jets para essa temporada. Embora as estatísticas que usamos até aqui indiquem que a temporada do Jets foi exatamente o que pareceu ser (Pythagorean Expectation de 6-10, 4-4 em jogos decididos por uma posse de bola e 53% de fumbles recuperados), o número que salta aos olhos nessa temporada foi o saldo de turnovers da equipe, um ridículo -14 que foi a quarta pior marca da NFL na temporada. Ainda que isso não possa ser atribuído a um azar com fumbles, a história parece estar do lado do time de New York: na história da NFL, esse patamar de turnovers dificilmente se repete por um período significativo de time. Talvez em parte porque um time que chega a esse número tenha a tendência de substituir metade do seu ataque em um piscar de olhos, mas fato é que, em média, times nesse patamar em saldo de turnovers costumam sofrer, na média, uma regressão para perto do -1 de saldo na temporada seguinte. Ainda que seja uma estatística muito menos precisa do que as que costumamos usar, é algo que pode indicar otimismo para o Jets.
Mas como o grande Bill Barnwell, da Grantland, muito bem observou, na média os times não tem um QB como Mark Sanchez. Embora eu tenha feito o possível para não citar o nome dele explicitamente, a sombra dele está por todo o texto. O alto número de turnovers da equipe, a necessidade de um jogo terrestre que escondesse ao máximo o quarterback e o permitisse jogar apenas em conversões mais fáceis, a incapacidade do time de jogar de forma explosiva no ataque, e principalmente a brutal queda de produção (e o aumento de turnovers) do ataque da equipe quando este precisou mais do jogo aéreo. Embora draftado no alto da primeira rodada em 2009, o fato é que Sanchez sempre foi um jogador medíocre cuja incapacidade de produzir qualquer tipo de valor acima da média tem sido o grande problema desse time ao longo desses últimos anos. O Jets era capaz de esconder Sanchez em 2009 e 2010, mas não em 2011 e 2012. Mas o fato de que ele sempre foi medíocre: em 2009, seu QBR foi de 31.6 (33rd entre 46 jogadores); em 2010 subiu para sua melhor marca da carreira, 48.2 (22nd entre 46) no seu melhor time; em 2011 caiu novamente para 33.6 (37th de 47); e ano passado atingiu seu fundo do poço com 23.4 (37th de 38 QBs) e a jogada mais ridícula da história da NFL. Então por melhor que seja a defesa do time, e mesmo que o jogo terrestre melhore em relação ao ano passado, o Jets ainda vai precisar do seu QB produzindo alguma coisa (mesmo que não dominando) acima do básico para brigar pelos playoffs em 2013 a não ser que a defesa volte a ser a melhor da NFL e um ataque terrestre Top5 (o que é improvável mesmo que ambas as áreas devam melhorar). Então enquanto a franquia precisar de alguma produção de quarterback, e o time tiver Mark Sanchez lá, o time não vai a lugar nenhum.
Então na verdade, as pretensões do Jets para 2013 passam pelo QB. O time deve ter novamente uma defesa muito boa e seu jogo terrestre deve melhorar, dando ao ataque algum alívio. Ainda assim, o Jets sofre com falta de talento no seu ataque (os WRs devem melhorar com a volta de Santonio Holmes e mais um ano de Stephen Hill, mas o time não tem um TE confiável e a linha ofensiva foi a terceira pior protegendo o QB em 2012) e por isso vai precisar compensar com produção da principal posição do futebol americano. A escolha da equipe se resume, basicamente, a insistir em Mark Sanchez (que nunca melhorou em quatro anos de Liga e é, a essa altura, um jogador muito abaixo da média) ou apostar no calouro Geno Smith, que mostrou toda sua imaturidade na semana do Draft mas que era cotado por muitos como o melhor QB disponível. Eu acredito que o Jets deva ir com Smith por um simples motivo: se forem com Mark Sanchez, eles já sabem o que vão receber dento de campo e sabem que isso não levará o time a lugar nenhum, enquanto com Smith é possível que recebam também essa produção decepcionante e prejudicial, mas também é possível que recebam uma mediana ou superior... E talvez um QB jogando a um nível mediano ou superior possa ser suficiente pro time voltar aos playoffs atrás de uma boa defesa.
Então, em resumo, é bem difícil projetar o Jets para 2013 pelo mesmo problema do Buffalo Bills, incerteza com um QB calouro do qual não sabemos o que esperar. O Jets é um time melhor do que muita gente da valor, tem uma defesa que deve ser muito boa e com muitos jovens talentos e seu ataque terrestre deve melhorar consideravelmente, mas para ir a algum lugar vai depender muito de como seu QB (seja ele quem for) vai ser comportar ao longo da temporada e isso é uma grande incógnita. Mas com a AFC East mais aberta do que tem estado em muitos anos, o Jets tem que arriscar para tentar conseguir essa vaga nos playoffs. Eu acho que o Jets deve terminar algo com 7-9 ou mesmo 8-8 se conseguir uma contribuição mediana de seu QB titular, o que significa que com um pouco de sorte e/ou uma produção acima do esperado da posição o time pode muito bem chegar a algo como 9-7 ou 10-6 e ir aos playoffs nessa temporada. Eu não apostaria nisso, apostaria no Jets tendo uma temporada mediana mas mais promissora que do ano passado, mas é um time interessante de se observar e que deve, pelo menos, recuperar um pouco do orgulho perdido em 2012. Mas para isso, o time precisa urgentemente guardar o orgulho na gaveta, admitir que errou com Sanchez, e seguir em outra direção. Se fizer isso, não garante playoffs nem nada, mas pelo menos permite ao time deixar pra trás um capítulo patético de sua existência e seguir em frente. E se Geno Smith mostrar alguns flashes do jogador que se esperava antes do Draft, pode dar ao Jets algo que eles perderam nos ultimos dois anos, uma esperança para o futuro da equipe que não envolva Mark Sanchez.
Gostei da avaliação do Jets, porem acho que vc está muito otimista com o time.Não acredito que consigam chegar em 5th melhor defesa, a defesa contra o passe foi boa ano passado e deve continuar assim.
ResponderExcluirTbm acho o Jets bastante subestimado e muito se deve ao fato de insistirem com o Mark Sanchez que nunca mostrou sinais de ser um bom QB, mas mesmo com os problemas nos patriots não acho que devam conseguir Wildcard, na minha opinião a divisão deve ir pros patriots e os wildcards pro dolphins e Ravens/Steelers(Com o bengals ganhando a divisão)
Esqueci de falar sobre o Ivory, acho ele um ótimo RB, dos 4 que o saints usava ano passado, achava ele o mais promissor, visto que darren sproles já está velho.
ExcluirConcordo que a linha do Jets é melhor que a Saints, mas lá além de dividir bastante os snaps, contava com Bres chamando muita atenção da defesa.Ainda acho que ivory terá uma boa temporada e é uma ótima adição ao jogo de corridas, mas não espero a mesma atuação que teve no Saints.
Nao acho que o Ivory va manter os 5.4 de media do ano passado, claro, mas se conseguir uns 4.7 já é uma enorme melhora em relacao ao que o Jets andava apresentando e ao Shonn Greene.
ExcluirBUTT FUMBLE!!!!!!!!!!!!!!!!!
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