Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A volta das férias e pensamentos sobre os playoffs

Sim, caros leitores, voltei das minhas férias. Peço desculpas por ter sumido nesse momento tão crucial da NFL, mas era a única época que eu tinha. Espero que todos vocês voltem a acompanhar o blog agora.

Como fiquei fora durante duas malditas rodadas de playoffs, vou deixar aqui todas as minhas impressões sobre essas duas rodadas.


San Francisco 49ers
E é claro que o meu time tinha que ser o primeiro da lista. E eu ainda sinto um desgosto imenso de pensar naquele jogo e naqueles dois f... f... naquelas duas jogadas que nos custaram uma vaga no Super Bowl, meu sonho desde pequeno, e me fizeram passar duas horas deitado de cara pra baixo no chão choramingando ocasionalmente pra avisar aos companheiros de quarto que ainda estava vivo.

Ainda assim, a primeira coisa quando eu penso na temporada 2011 do Niners que eu sinto é orgulho. Orgulho de ter visto uma das reviravoltas mais espetaculares da história da Liga, um time que de 6-10 e muitos problemas em 2010 terminou 13-3 e que teria ido ao Super Bowl não fossem dois erros individuais. Alex Smith teve uma temporada que seria digna de Comeback Player of the Year se não fossem as 5000 jardas do Matthew Stafford, e a defesa do time - que já era muito boa - emergiu como uma superpotência digna das grandes defesas que Ravens e Steelers tiveram ao longo da década. Ver meu time voltando a ser competitivo foi sensacional.

Além disso, o Niners chegou perto... Ah, tão perto. Primeiro, venceu o New Orleans Saints - o melhor time da NFL - em um jogo de proporções épicas que merece ser reprisado por toda a eternidade junto dos grandes clássicos de todos os tempos. Quatro Touchdowns no final da partida - incluindo a The Catch III (The Grab, como Vernon Davis a chamou) - foi pra tirar o fôlego de qualquer um, e aquele TD a oito segundos do final vindo de dois jogadores que tanto tinham sofrido como símbolos de uma franquia em queda- Smith e Davis - seguido do choro do próprio Davis enquanto era abraçado pelos companheiros, um dos momentos mais sinceros de toda a temporada, com certeza entrará para a galeria de grandes TDs da história da Liga. No fundo, aquele jogo valeu por qualquer coisa que pudesse acontecer nessa temporada. Eu, você e qualquer outro que tenhamos assistido ao jogo... Nós NUNCA vamos esquecer aquilo, talvez nunca vejamos algo assim novamente. É o tipo de jogo que você leva pro resto da sua vida. Eu vou contar aos meus filhos que assisti àquilo.

Alias, curioso que eu acreditava que, se o Niners fosse perder nesses playoffs, seria porque seu Quarterback se chama Alex Smith. Não foi o caso, não só ele superou Drew Brees na primeira rodada com quatro Touchdowns (Leia essa frase de novo. Os maias avisaram) como jogou, na pior das hipóteses, de igual pra igual com Eli Manning na final de conferência. Tudo bem, ele não teve uma grande partida (Eli também não teve), os dois Quarterbacks acabaram sendo dominados pelos pass rushes dos adversários e passaram a olhar pra linha de scrimmage ao invés da secundária, o que os tirou do jogo por longos períodos de tempo, mas o Niners não perdeu aquele jogo por causa de Smith. Não fosse os dois fumbles, o Niners provavelmente teria segurado o placar em 14 a 10 já que as duas defesas estavam comendo os ataques com farinha e nas últimas três campanhas de cada time os coordenadores ofensivos já começavam a chamar jogadas quando sua defesa ainda estava jogando a terceira descida, tamanha a confiança.

Aliás, o futuro do Niners é tão bom quanto um time que tem uma defesa dominante e jovem pode ter, mesmo que seu ataque não seja grandes coisas. A linha ofensiva do time é jovem e tem melhorado (se evitar lesões tem tudo pra ser uma unidade dominante com mais um ano e uma offseason), o jogo terrestre continua firme e forte e o time já provou que pode ganhar na NFL com Alex Smith de Quarterback. Aliás, essa é a grande questão pra 2012 nesse time do Niners: Como virá Alex Smith em 2012? Em uma temporada sob o comando de Jim Harbaugh (que só não ganhará o prêmio de "Melhor Temporada de um Técnico Calouro na História da NFL" porque esse prêmio não existe - E não venham me falar do Colts de 2009 nem do Niners de 89, esses times tinham Peyton Manning e Joe Montana. Harbaugh tinha Alex Smith) - uma temporada que nem offseason não teve - Smith passou de "âncora da Franquia' pra "Sou capaz de anotar quatro TDs e vencer o melhor time da NFL em um jogo de playoffs", ainda que sofra de muita inconsistência. As vezes é capaz de jogar como um Franchise QB, outras parece que não acerta nada (Pelo menos também não entrega o jogo). A questão da temporada 2012 do Niners - porque Smith VAI voltar - é simples: Ele atingiu seu limite, ou ainda tem espaço pra crescer? Tem como melhorar sua leitura (as vezes limitada), acelerar sua tomada de decisões (segura demais a bola) e melhorar sua consistência de um modo geral pra se tornar um QB cada vez mais sólido (ao longo da temporada ele já teve uma grande evolução, especialmente em bolas em profundidade) ou ele vai continuar sendo como está agora? Se continuar como está agora, ótimo, o Niners já mostrou que é competitivo. Se ele continuar melhorando? Lucro!! Mal posso esperar, pelo menos até que o calendário brutal de 2012 me atinja (Saints, Packers, Patriots, Lions, Bears...) me atinja e eu tenha que recorrer aos antidepressivos.


Baltimore Ravens
Assim como o Niners fez com Kyle Williams, o Ravens deu um show de classe com o Field Goal errado do Billy Cundiff - que alias não foi pra mim o responsável pelo erro mais grave daquele quarto período e sim o Lee Evans, que deixou o TD da vitória cair dentro da End Zone. Ao contrário do que o Eagles fez com o David Akers ano passado quando ele errou dois FGs que poderiam ter dado ao seu time a vitória sobre o Packers nos playoffs (Eu contei um pouco da história do David Akers num post recente, sobre como sua filha havia sido diagnosticada com câncer dias antes dessa partida), os técnicos e jogadores do Ravens logo partiram em defesa do seu Kicker, que errou o FG de 32 jardas que levaria o jogo à prorrogação. Se o Ravens não podia falar que jogou melhor (caso do Niners), também em nenhum momento o Ravens foi inferior na partida, jogou de igual pra igual e também só perdeu por dois erros individuais. Muita gente esperava que os veteranos da defesa do Ravens - Ed Reed, Ray Lewis, Terrell Suggs - fossem reclamar dessa derrota, mas não. Muito pelo contrário, correram em defesa do Cundiff, deram a ele o seu voto de confiança, lembrando mais uma vez que um time ganha junto e perde junto. Chega a ser engraçado como num esporte tão coletivo, onde cada jogada depende tanto do esforço de pessoas que nem tocam na bola, seja tão importante o erro individual. Cundiff errou, Evans errou, e o Ravens perdeu. E nem por um momento os veteranos da equipe tentaram colocar a culpa no seu Kicker. Uma atitude de trabalho em equipe pra mostrar que, mesmo em um mar de fãs furiosos e ameaças aos dois jogadores (Cundiff e Williams) que poderiam ter custado a seus times uma vaga no Super Bowl, ainda tem gente que se preocupa em abraçar os companheiros.

O problema do Ravens é que, ao contrário do Niners que é um time muito jovem em franca ascensão, o Ravens é um time velho que vê seu tempo acabando a cada temporada que passa. Não que o Ravens esteja estacionado ou decadente - pelo contrário, nessa temporada finalmente vimos uma evolução do Joe Flacco, que jogou muito bem nos playoffs, e o ataque continua se reforçando: Ray Rice melhora a cada temporada, e o jogo aéreo se torna mais perigoso com a melhora do Flacco e o aumento dos alvos só ajudou o time. O Ravens é um time melhor do que era ano passado, e que por sua vez era um time melhor do que ano retrasado. Não é como se o Ravens fosse caindo de qualidade ano após ano, é um time com muitos jogadores jovens que ainda estão se desenvolvendo e que tem adicionado boas peças à equipe. O problema do time é outro, a idade (e a saúde) da sua defesa. Ed Reed, tradicionalmente, sempre se machuca e já beira os 34 anos, e o líder dentro e fora de campo do time, Ray Lewis, já está para fazer 37 anos e beira a aposentadoria. Por mais que o time tenha bons jogadores que ainda são jovens (Haloti Ngata, Suggs) o time ainda depende muito da sua forte defesa, e sua forte defesa ainda depende desses dois futuros Hall of Famers que já estão perto da aposentadoria. Eles continuam adiando essa aposentadoria para tentar uma última corrida ao título, e a cada ano que passa é um ano mais perto do final da carreira dessas duas lendas vivas.

Se eu acho que o que o Ravens será reduzido a um time fraco sem os dois? Não, acho que a defesa tem jogadores bons o suficiente pra manter um bom nível. Mas sem dúvida o time perde em poder defensivo e deixa de ser um juggernault defensivo pra ser uma boa defesa, mas não espetacular (Nunca se sabe, podem conseguir alguem bom pro lugar deles, mas ainda será difícil). Sem falar que o time perderá os seus dois principais líderes dentro e fora de campo. Isso significa que o ataque terá que assumir um papel muito mais importante pra levar o time pra frente, em especial no quesito liderança (o que vai cair nos ombros do Flacco, e por mais que eu ache ele um bom QB, ele nunca me passou confiança como lider), e eu não sei se o ataque vai ter condições de levar o time pra frente se não tiver ancorado por uma feroz defesa, como é o caso. Acho que essa janela de título imediato ainda fica aberta mais uma ou duas temporadas ao Ravens, depois disso - quando Reed e Lewis sairem - o time deve passar por uma pequena reformulação, embora dificilmente total, o time tem talento demais pra isso e sabe que está perto de um título. A um Evans ou a um Cundiff de distância.


New Orleans Saints e Green Bay Packers
Os dois melhores times da NFL, os dois times mais ferozes da Liga, os dois melhores ataques da NFL... Ambos caíram na primeira rodada dos playoffs, o Packers inclusive levando uma surra em casa. Drew Brees e Aaron Rodgers, os dois melhores QBs da temporada regular (embora eu ainda sustente que o melhor QB da NFL na atualidade seja Tom Brady), foram superados por Alex Smith e Eli Manning, e as defesas de Niners e Giants se provaram superiores às de Saints e Packers. O confronto tão esperado nunca aconteceu, e embora eu não quisesse ver o Niners perdendo, eu confesso que gostaria de ver essa partida.

O Packers jogou um jogo que deveria ser um shootout, com a fraca defesa do Packers e a fraca secundária do Giants. O Packers até tentou, e viu o Giants marcar 37 pontos (O que, sabe, configura um shootout), mas não conseguiu chegar perto de produzir o suficiente. O forte ataque do Packers acabou caindo frente à defesa do Giants, em especial a linha defensiva. O Giants dominou totalmente a fraca linha ofensiva de Green Bay, o Giants não teve vergonha de mandar blitz atrás de blitz e Rodgers cansou de comer grama, ao ponto que ele não conseguia mais manter os olhos na secundária com confiança na sua agilidade e seu scramble, ele só tinha olhos para a linha defensiva. Como já disse, quando você faz um QB parar de olhar a secundária (onde estão seus recebedores) para olhar a linha defensiva (pra evitar a pressão), você tem o controle do jogo (era exatamente esse o controle do jogo que o 49ers tinha quando Williams sofreu o primeiro fumble, e foi isso também que evitou que os dois QBs jogassem na prorrogação no mesmo jogo). A linha de frente fenomenal do Giants de Justin Tuck, Osi Umenyora e Jason Pierre-Paul entrou na cabeça de Rodgers desde o começo e evitou que o excelente QB do Packers jogasse confortável. Com o ataque controlado, a defesa do Packers foi presa fácil para o explosivo ataque de New York.

Já o Saints, que enfrentava um adversário com defesa feroz e fortíssima, conseguiu seu objetivo - isto é, levar o jogo a um placar alto. Anotou 32 pontos contra a melhor defesa da NFL (cortesia de dois TDs longos no final da partida) e, mesmo tendo passado boa parte do jogo sob controle de uma defesa extremamente feroz e agressiva que forçou cinco (!!) turnovers, conseguiu conter os avanços do Niners, não deixou esses turnovers virarem TDs durante boa parte da partida e se colocou, com os 32 pontos, em ótima situação para vencer um time cujo ataque tinha sido questionável em boa parte da temporada. A defesa do Saints é bem fraca e isso sem dúvida atrapalhou a equipe, mas não dava pra adivinhar que ia baixar o Montana no Alex Smith e ele ia conduzir duas campanhas impecáveis em tão pouco tempo pra vencer o Saints. Por mais bizarro que isso fosse, o Saints enfrentou um time que, se tirassemos os dois QBs da equação, era razoavelmente mais forte... E perdeu porque o QB do Niners jogou melhor que o seu próprio - sabe, aquele que quebrou o recorde do Dan Marino de jardas em uma temporada.

No final, esses dois times com ataque explosivos foram derrotados por maneiras diferentes, mas o que importa é que os dois estão em casa. Ano que vem é outro ano, mais uma offseason, e quem sabe o que vai acontecer com eles. Só posso dizer que estou muito ansioso pra ver Rodgers e Brees - dois QBs extremamente orgulhosos e competitivos - jogando temporada que vem com sangue nos olhos. Brees enfrenta o Niners e, se não me engano, Rodgers enfrenta o Giants durante a temporada regular. Assim como mal posso esperar pra ver o Tom Brady jogando contra o Giants no Super Bowl como se a vida dele dependesse disso...

(pausa)

Oh meu Deus, o que eu vou fazer durante esses sete meses sem NFL???


A mídia esportiva é um pé no saco
De certa forma, eu faço parte da mídia (eu acho), mas não consigo deixar de achar a mídia esportiva um tremendo saco sensacionalista em 95% dos casos. Vocês ficam putos com os sensacionalismos da mídia brasileira com o campeonato brasileiro? Eu também, mas lá fora não é diferente. No começo e meio da temporada, quando o Packers de Aaron Rodgers estava atropelando todos os times fracos e medios no seu caminho e caminhando para uma temporada invicta, o Rodgers foi chamado na imprensa de "o melhor Quarterback de todos os tempos" e disseram que ele e o Packers estavam tendo "a melhor temporada de todos os tempos" ou então que eram "o melhor time de todos os tempos". Típico sensacionalismo: O Packers estava jogando muito bem, claro, mas sua defesa estava fraca, o time tinha várias fraquezas e sua tabela era muito mais tranquila do que a do Patriots de 2007, por exemplo.

Depois, quando o Packers desacelerou e perdeu a invencibilidade, o Drew Brees engatou a sexta marcha, teve um final de temporada espetacular e caminhou para destruir o recorde do Dan Marino de jardas. De repente ele era "o melhor QB da NFL' e estava tendo "a melhor temporada de todos os tempos" no lugar do Rodgers. E eu sei que já repeti um milhão de vezes, inclusive deixei isso bem claro no epílogo da temporada, mas passar pra 5300 jardas hoje em dia é muito, mas muito mais fácil do que passar para 5000 jardas em 1984, quando Marino estabeleceu sua marca. As temporadas de Brees e Rodgers foram espetaculares, nenhuma dúvida quanto a isso, mas o que Marino fez era impossível. Já comentei aqui sobre como a evolução das regras na NFL favoreceu o jogo aéreo: Quando Marino jogou, a defesa podia fazer de tudo pra parar os recebedores e atingir o QB onde bem entendesse. Agora? Não podem atingir 80% do corpo do QB, não podem encostar nos recebedores... É muito mais fácil.

Mas claro que, quando Brees e Rodgers perderam nos playoffs, e Brady foi ao Super Bowl com a chance de ganhar seu quarto Super Bowl e se igualar a Montana e Terry Bradshaw (Esquecendo totalmente que nos dois primeiros SBs - talvez até três primeiros SBs - da Franquia Brady era secundário a uma formidável defesa e que sua tarefa consistia em evitar erros e ser eficiente), de repente Brady era o melhor de todos os tempos e bla bla bla, esquecendo totalmente que números de títulos não são exatamente um indicador de qualidade - o segundo melhor QB da história nunca foi campeão (Marino), enquanto Trent Dilfer - que é muito melhor comentarista que jogador - tem o seu anel. Quando vamos parar com essa mania de sensacionalismo, lembrando que as coisas mudam com o tempo, e que existem coisas além de números? Precisamos mesmo tentar elevar os jogadores de agora a esses patamares ridiculos só para que eles pareçam melhores? O que eles estão fazendo diante dos nossos olhos - independentemente de ser ou não o que a imprensa tenta passar - não é mais suficiente, eles precisam superar tudo que veio antes senão não ficaremos satisfeitos? Eu odeio isso, odeio como isso nos leva ao eterno debate sem solução que impede que aproveitemos o que temos para ver agora. Eu não ligo se Montana e Marino eram melhores que Brees e Rodgers, tudo que me interessa é ver esses dois se enfrentando com sangue nos olhos nos playoffs do ano que vem!!

sábado, 14 de janeiro de 2012

Divisional Round - Domingo

Não deu tempo para postar aqui com a calma que eu gostaria sobre os jogos de domingo. Então, pra não ficar sem nada, vamos passar pelos dois jogos um pouco mais rapidamente que de costume. Foi mal pela pressa, mas eu viajo amanha, então as coisas ficaram corridas. O blog vai ficar um pouco mais parado até eu voltar (se conseguir acesso à internet eu continuo postando, mas não garanto que vá conseguir), espero que vocês compreendam e voltem a acompanhar o blog quando eu voltar.


Houston Texans at Baltimore Ravens
Dois times cuja maior característica é a defesa e a proficiência do jogo terrestre no ataque, dois times que buscam correr com a bola antes de passar e tem alguma desconfiança quanto ao seu QB. Eu já falei que gosto do Joe Flacco, não acho ele horroroso, mas dependendo do dia ele pode ganhar ou perder um jogo se tiver arremessos o suficiente, então o Ravens começou recentemente (e finalmente) a achar sua identidade como um time que corre antes e pergunta depois. O problema é que o Texans também é um time que corre antes, pergunta depois, corre mais um pouco e só ai vai pro passe. Como os dois times tem defesas sufocantes e jogos terrestres como o foco do ataque, esperem uma partida que vai passar voando, cada campanha gastando seis ou sete minutos do relógio e poucos pontos.

O diferencial do jogo é que o Ravens está mais confortável com o Flacco passando do que o Texans com o TJ Yates, embora o calouro não jogue mal e ele tem o melhor WR do jogo do seu lado. O Ravens vai fazer o que o Steelers tentou fazer semana passada contra o Broncos: Congestionar a linha, parar as corridas e forçar o Yates a vencer o jogo com o braço. O Steelers fracassou porque o Tim TEbow começou a acertar lançamento longo atrás de lançamento longo, leu perfeitamente a defesa e a linha ofensiva do Bronco fez um trabalho excepcional. Se o Texans quiser fazer o mesmo, o Yates vai ter que acertar seus passes, especialmente trabalhando no play action atrás daquela boa linha ofensiva. O Arian Foster vai ter que conseguir espaços, claro, mas o Ravens provavelmente estará disposto a ceder alguns passes de 20 jardas pro Yates do que deixar o Foster correr 10. A proposta de ambos os times provavelmente vai ser evitar terceiras descidas curtas parando o jogo terrestre e colocando o adversário em situações obvias de passe. E minha aposta no Ravens se dá porque eles são mais confortáveis nessas situações e porque eles jogam em casa, onde são muito melhores do que fora. 

(Mas se o Texans conseguir pressionar o Flacco, forçar algum turnover e o Yates não se assustar com o ambiente hostil e não cometer nenhum erro...)


New York Giants at Green Bay Packers
Muita gente tem falado que o Giants tem chances reais de vencer os poderosos Packers. Vamos ver exatamente porque...

A favor da vitória do Giants
O Giants tem o pessoal defensivo pra causar problemas pro Packers com sua linha de frente. Contra o Packers, não adianta uma boa cobertura da secundária se o Aaron Rodgers tiver tempo pra jogar e conseguir sair do pocket, então o importante é pressionar o Rodgers a ficar dentro do pocket (onde ele é muito menos perigoso) e tirar seu tempo pra reagir às movimentações defensivas, forçando passes rápidos e apressados e especialmente explorando a problemática linha ofensiva do Packers, que ainda tem alguns desfalques e alguns jogadores jogando com pequenas lesões. 

Na verdade, o Giants tem o pessoal pra executar o estilo de jogo que mais incomoda o Packers e que foi usado exaustivamente pelo Chiefs na única derrota dos queijeiros na temporada: Pressionar o QB pra dentro do pocket, correr bastante com a bola pra explorar o problema de linebackers do Packers, controlar o relógio, usar jogadores que consigam jardas depois das recepções curtas para explorar a dificuldade de dar tackles, e atacar bastante o meio da defesa com tight ends. O Giants tem tudo isso, tem um corpo de recebedores fantástico, tem o Eli Manning em ótima fase e vem embalado. Uma semana de descanso pode ser muito boa pra alguns times mas as vezes tira o ritmo de outros, e o Giants tem tudo pra controlar o relógio e forçar o Packers a jogar atrás no placar. O frio e o vento no Lambeau Field podem significar uma vantagem para o jogo terrestre, e o Giants corre muito melhor que o Packers.

Contra a vitória do Giants
O Giants já perdeu do Packers em casa essa temporada, a secundária é fraca par acompanhar os recebedores do Packers se Green Bay decidir jogar com passes em velocidade saindo do shotgun (até pra evitar o pass rush), está jogando num Lambeau Field congelado, está enfrentando um dos melhores QBs da Liga no Rodgers (Melhor que o Eli), e tem uma defesa que adora forçar turnovers e enfrenta um QB que tem uma mania de lançar interceptações demais, e já foi provado que se você começar a errar contra o Packers e não forçar erros deles em compensação, você não tem chance de vencer o jogo. O Packers tem tudo pra vencer a batalha dos turnovers.

Além disso, algo ainda mais menosprezado é o fato de que o Packers vai entrar nesse jogo com sangue nos olhos. É o mesmo Giants que tirou o Packers do Super Bowl em 2007, um time que quase venceu o Packers na temporada regular, e um time que todo mundo está fazendo um grande auê como sendo um possível candidato a um upset esquecendo que o Packers, apesar da tabela fácil, terminou 15-1 na temporada regular e jogou o fino da bola durante muito tempo. Além disso, está tendo muita conversa sobre como o Saints é incrível, deixando um pouco o Packers em segundo plano. Vocês conseguem imaginar os competitivos e orgulhosos Packers ficando alheios a tudo isso? Eu não, eu só consigo imaginar o time entrando com sangue nos olhos pra ganhar por 15 pontos e não deixar dúvidas sobre qual é o melhor time, além de mandar um recado ao Saints. E quando você tem um Aaron Rodgers com sangue nos olhos, você tem algo de bom. Ou um problema, no caso do Giants. Então calma: É possível um upset? Com certeza, o Giants é um ótimo time com grandes jogadores e que é um matchup dificil pro Packers. Favorito? Com certeza não, até provarem que é possível segurar o Rodgers jogando em casa.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Divisional Round - Sábado

Ao invés de dividir entre NFC e AFC, dessa vez vamos pelo dia, porque eu não tenho garantia que consigo postar até sábado de manhã sobre Niners e Saints E Broncos e Pats. E bom, sábado vai ser o melhor dia dessa rodada mesmo, então vamos falar longamente sobre esses dois jogos, e contar uma história sobre essa temporada que é uma das melhores mas foi quase totalmente ignorada pela mídia. E sim, envolve o Niners. Não, não é sobre o Alex Smith. Vai lendo que você vai descobrir...


A tradicional encarada do UFC antes das batalhas


Denver Broncos at New England Patriots
Teeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeboooooooooooooooooooow!!

Todo mundo (eu inclusive) descartou o Broncos contra o Steelers. O Tim Tebow e o resto do time vinha de três jogos ruins, o Steelers mesmo baleado ainda é um bom time, e todo mundo achava que contra aquela defesa os lançamentos erráticos do Tebow não teriam chance. 316 jardas, 3 TDs e uma vitória depois, o Broncos vai a New England enfrentar não a melhor defesa, mas o melhor ataque da AFC. Pra quem não lembra, quando o Broncos enfrentou o Bears na temporada regular, todo mundo disse "Tebowmania vai parar contra a melhor defesa que ele enfrentou!". E claro, o Broncos ganhou. No jogo seguinte, disseram que era a vez dela parar contra o melhor ataque que tinha enfrentado. E foi o que aconteceu, embora seja bom frisar que o Broncos perdeu o controle daquele jogo quando o Willis McGahee machucou, e que o ataque do Broncos ajudou o Pats com três fumbles.

Então é, o Patriots é favorito. O Broncos mostrou que pode vencer uma grande defesa, e o Patriots está muito longe de ter uma grande defesa. Na verdade, ela é uma das piores da Liga e está sem seu melhor pass rusher que fez a diferença no primeiro encontro entre os times, antes de machucar (Andre Carter). O Broncos tem condições de fazer 25 pontos nesse time do Patriots, especialmente se evitar turnovers, controlar o relógio e usar tudo que aprendeu do jogo contra o Steelers: Não se limitar a duas corridas e um passe, não ser tão previsível, passar também em primeiras e segundas descidas, não passar só do play action mas também do Shotgun pra evitar problemas com a linha ofensiva (Aqui depende de como a linha tiver jogando contra um time do Patriots que não tem pass rush. Se ela tiver bem, trabalhar no play action é bom, mas se a pressão tiver chegando fácil, o play action para de funcionar e ai o Shotgun tem que aparecer) e, claro, correr com a bola. A defesa terrestre do Pats não é horrorosa, mas também não é grandes coisas, e a secundária é simplesmente pavorosa. Se o mesmo Tebow que venceu o Steelers aparecer, ele tem tudo pra comer a secundária do Pats com farinha naqueles lançamentos longos. 

Mas questão é que não adianta marcar 28 pontos se você tomar 30. A defesa do Pats é uma vergonha, mas o ataque é excepcional, e se a defesa do Broncos não conseguir parar Tom Brady e companhia, eles não vão vencer o jogo. O grande trunfo do Broncos na temporada defensivamente tem sido o pass rush, e pra quem não lembra, Von Miller e Elvis Dumervil não conseguiram encostar no Brady no primeiro jogo. A linha ofensiva do Pats jogou muito bem, manteve o Brady com tempo no pocket e ai ele dissecou a defesa do Broncos. Se Denver quiser ter uma chance de vencer, ele tem que conseguir se impor defensivamente, e pra isso tem que começar pressionando o QB. O Broncos tem bons LBs e alguns bons jogadores na secundária, mas não a ponto de conseguir parar Wes Welker, Aaron Hernandez e Rob Gronkowsky (Sendo acionados por Brady, claro) só com a cobertura. Não podem dar espaço, o Safety tem que tar fungando no pescoço do Gronk, mas se der tempo os passes e os TDs vão acontecer. Eu disse que a pressão do Broncos tava ficando previsível pela falta de bife da linha defensiva da equipe, que tornava a pressão pela lateral de Miller/Elvis muito previsível, e foi por causa disso que esse rush não funcionou na primeira partida. Contra o Steelers eles aproveitaram de uma linha ofensiva frágil pra passar pro cima no muque e até conseguiram colocar pressão pelo meio em algumas jogadas mais elaboradas, mas a linha ofensiva do Patriots é melhor e não vai ser tão fácil conseguir isso.

Eu gosto das chances do Broncos contra a defesa do Pats, e se conseguir forçar o jogo terrestre pra controlar o relógio, pode forçar o jogo a um placar baixo. A condição necessária para isso, no entanto, é conseguir TDs pra não cair atrás no placar. Se o Broncos não conseguir, pode tentar partir pra cima, mas a condição continua: Tem que dar um jeito de desacelerar o ataque, especialmente se conseguir forçar turnovers. Tirar o Brady do pocket, pressionar os WRs na linha de scrimmage pra ganhar tempo e  chegar no QB é essencial pra que o ataque do Broncos consiga acompanhar. Eu não confio nessa capacidade, e é por isso que eu ainda acho que o Pats vá ganhar um jogo de pontuação alta. O que não quer dizer que não vá ser um jogo interessante. Eu estou muito curioso rpa ver como a defesa do Pats vai encarar o Broncos, se o Broncos vai voltar ao seu ataque medroso ou se vai continuar dando liberdade ao Tebow. Estou louco pra ver como vão ser as reações aos dois ataques, e se o Brady vai continuar jogando com sangue nos olhos por causa do adversário. No primeiro jogo entre os dois, Tebow encarou como mais um jogo (Como um sophomore em seu primeiro ano como titular devia), mas para Brady era pessoal... Ele TINHA que vencer Tebow.

E claro, tem um outro motivo para assistirmos a esse jogo. Tim Tebow. Você pode gostar ou pode não gostar dele, mas não da pra negar que ele é o atleta mais polarizador da NFL em muito tempo. CAda jogo dele é um evento, você quer assistir, ver o que está acontecendo dentro de campo, ver ele se dando bem, ver ele se dando mal... É divertidíssimo torcer pro Tebow porque ele é exatamente o tipo de herói que queremos ver: Um jogador que tinha tudo jogando contra pra dar certo na NFL, mas que continua tentando, continua treinando e continua buscando evoluir, que nunca desiste e faz o que for necessário pra equipe vencer. Ele está determinado a dar certo, e eu confio muito mais num jogador que chegou sem as habilidades necessarias mas que tem essa força de vontade do que num jogador talentoso que não se interessa em melhorar. Ver esse tipo de jogador é muito bom, porque nos lembra que qualquer um pode dar certo se tentar. Ele está fazendo isso contra os melhores. Não tem como não querer assistir Tebow jogando. Torcer pra ele é divertido demais. Você sabe disso. Você sabe que sábado estará assistindo ele jogando - seja torcendo contra ou a favor.

O que o David Akers está fazendo aqui? Você já vai descobrir


New Orleans Saints at San Francisco 49ers
Não importa o resultado desse jogo, a temporada 2011 do 49ers já foi histórica. Não tanto pelo que mostrou dentro de campo, mas pela reviravolta nos rumos da franquia com a chegada de um novo técnico e pela forma que isso aconteceu, transformando o que antes era uma zona em um time que, clichês a parte, lembra uma grande familia. O segredo do Niners não é só sua defesa, e sim a forma como o time passou a encarar os jogos. Eles começaram a competir de verdade, acreditar em tudo que seu técnico pregava e encaravam cada jogo como uma decisão. Ninguém se preocupava com seus números, e sim com a equipe. Não lembro de nenhum time recentemente sofrendo uma mudança de postura e personalidade tão grande, com uma exceção... E sim, são os Broncos de 2011. TEEEEEEEEEEEEEBOOOOOOOOOOOOW!!

Agora o Niners enfrenta o Saints no maior desafio do time da temporada. Não se deixem enganar pelos que dizem que o Niners só foi 13-3 porque teve um calendário fácil, though. O Niners enfrentou Eagles, Bengals, Giants, Lions, Cowboys, Ravens e Steelers, e mesmo Cardinals e Seahawks se tornaram ao longo da temporada times difíceis de se vencer em casa. Mas a verdade é que nenhum desses times era de longe tão perigoso como o Saints. Nenhum time está tão embalado e nenhum time tem um QB tão bom (Tirando talvez Packers e Patriots, mas nem Brady nem Aaron Rodgers estão jogando no nível do Drew Brees atualmente) que nem o Saints nesse momento. Vai ser o confronto do melhor ataque da Liga contra a melhor defesa da Liga. E desnecessário falar que vai vencer o time que conseguir impor suas forças sobre os outros. O Niners não vai vencer marcando 35 pontos, e nem o Saints vai vencer com uma performance espetacular da sua defesa. 

A questão é ao contrário do Lions, o 49ers tem exatamente as peças para jogar o jogo seguro contra o Saints. Mais importante até é o fato de que esse é exatamente o estilo de jogo que o 49ers mais se sente confortável e vem colocando em prática a temporada toda. Correr com a bola, controlar o relógio, evitar turnovers, manter seu ataque em campo (e o adversário quieto no banco) e usar sua sufocante defesa e incríveis special teams pra conseguir turnovers e boas posições de campo. É um time que consegue pressionar o QB muito bem sem recorrer a blitzes e que não compromete na cobertura, e mais importante, um time que consegue forçar turnovers muito bem, e o ataque do Niners depende um pouco mais deles do que gostaria. Esse estilo de jogo é excelente pra vencer ataques explosivos de grandes QBs como o do Saints, mas tem um porém: Isso quer dizer que o 49ers não pode viver só de Field Goals. Esse estilo de jogo depende de um placar apertado, mas se o Niners começar a anotar FGs e o Saints responder com TDs, esse estilo de jogo joga contra o time. E você não pode dar chance pro Saints, dois TDs em duas posses de bola e o Niners já vai ter que correr atrás no placar. O estilo de jogo implementado só te leva até algum lugar - você ainda precisa executá-lo eficientemente. Isso significa não só evitar turnovers (o que o Niners faz com perfeição) como converter na Red Zone, e também segurar o ataque do Saints. Vai ajudar muito o Niners caso o Frank Gore esteja saudável, o que ele não está desde a vitória sobre o Giants.

O Saints tem que fazer exatamente o contrário: Se conseguir evitar um TD no começo e conseguir anotar pontos pra abrir vantagem, o 49ers vai ter que começar a abrir o jogo e correr atrás do placar, abandonando seu estilo de jogo e jogando pro Saints. Não que a vida do Niners vá ser fácil, a linha ofensiva do Saints tem jogado muito bem e Bress... Bem, ele é Bress, ponto. Na defesa, o Saints vai tentar forçar turnovers, mas o mais importanet é deixar o ataque do Niners se contentando com Field Goals. O ataque do Niners é eficiente e disciplinado, não comete turnovers, mas tem dificuldade para converter na Red Zone. Se a defesa conseguir limitar o Niners a isso, o seu ataque pode ser mais do que suficiente. Algumas pressões criativas - especialidade do Saints - e especialmente parar o jogo terrestre podem colocar o time em conversões longas, o que o Niners não sabe fazer bem.

A questão é que a secundária do Niners é o calcanhar de Aquiles da equipe, especialmente nos passes longos. E é isso que o Saints tem que explorar. Do jeito que o Brees ta jogando, é difícil imaginar que Darren Sproles, Jimmy Graham E Marques Colston vão passar em braco. Pelo menos um tem que aparecer, certo? Explorar as formações shotguns pra forçar o Niners a usar pacotes nickel e colocar o Colston pra jogar em cima do bom calouro Chris Culliver e tirar um dos LBs do Niners de campo pra aliviar a pressão no Brees. O Saints não vai conseguir correr com a bola, mas tem que tentar as vezes pra manter a defesa honesta mesmo que não de em nada. Pra vencer, tem que passar 50 vezes, a linha tem que fazer um bom trabalho e manter o jogo bem distribuido. E, acima de tudo, anotar TDs quando tiver a chance pra abrir a diferença. A defesa do Niners é espetacular, mas Brees também está jogando em nivel monstruoso e a verdade é que atualmente as regras favorecem mais os QBs.

Então o Saints é favorito. Ok, é verdade, talvez no fundo eu também ache que eles vão vencer o jogo. Mas considere o seguinte: O Niners tem dois MLB All-Pros pra colocar de frente com Graham e Sproles, e o Donte Whitner tem jogado bem na cobertura de tight ends. O Saints não vai ter seu eficiente jogo terrestre funcionando se tudo correr como esperado. E o Saints está jogando fora de casa (onde é invencível), num estádio aberto, em grama natural... Ou seja, em uma conjuntura que favorece muito mais o Niners. Vale lembrar que o Niners tem média de pontos maior em casa do que o Saints fora do Superdome... E o Saints nunca enfrentou uma defesa desse calibre, sem falar que perdeu pra Rams e Bucs fora de casa na temporada. Claro, o Saints é um time totalmente diferente do começo da temporada, está extremamente embalado e tem o melhor QB da NFL nesse momento. Não é a toa que eles são favoritos. Mas nada está ganho, tem muitos fatores que podem mudar esse jogo...



Tangente do dia: David Akers
E aí está a melhor história ignorada pela mídia da temporada 2011 da NFL!! O que me surpreende, porque é o tipo de história que a mídia adora sobre um jogador no fundo do poço que da a volta por cima.

Pra começar, a entrada do Akers na NFL já foi uma volta por cima. Depois de se formar na universidade, ele não encontrou emprego na NFL. Chegou a trabalhar em outros empregos, depois tentou a vida como kicker na Liga Européia, onde quase morreu com uma infecção gravíssima. Quando se recuperou, ainda sem muitas perspectivas de futuro, o então técnico de Special Teams do Philadelphia Eagles foi até lá e ofereceu a ele um contrato para jogar no Eagles, que ele aceitou imediatamente. O nome desse técnico? John Harbaugh, atual técnico do Ravens.

Depois disso, Akers teve uma extremamente bem sucedida carreira de Kicker na NFL, em 12 anos com o Philadelphia Eagles. Ele foi um dos melhores e mais consistentes kickers que eu vi jogar, ganhou bastante dinheiro, chegou a Super Bowls e viveu grandes momentos. A vida dele começou a desabar, no entanto, na semana do Wild Card Weekend, quando sua filha de apenas seis anos foi diagnosticada com um tumor maligno no ovário. A vida de Akers já estava bastante complicada por causa de um problema financeiro, já que o fundo onde ele havia investido grande parte do seu dinheiro (na casa dos milhões) foi envolvido em um Ponzi Scheme. O responsável pelo Ponzi foi preso e está cumprindo uma sentença de 17 anos de cadeia, mas Akers nunca mais viu o dinheiro que havia investido.

Foi com essa cabeça que ele foi jogar o Wild Card, Eagles contra Packers. Pra quem não lembra, o Packers venceu aquele jogo por cinco pontos, e Akers errou dois FGs que teriam eventualmente dado a vitória ao Eagles. Ao final do jogo, os companheiros de equipe - inclusive o técnico Andy Reid - colocaram a culpa no veterano Kicker, e a Franquia logo disse que iria pegar um Kicker no próximo Draft (o que ela fez). Ao final da temporada, Akers estava quase falido, tinha sido dispensado pelo time que ele tinha jogado nos últimos 12 anos e  sua filha estava correndo risco de vida.

Foi então que Akers recebeu uma ligação de outro Harbaugh, o irmão de John e atual técnico do Niners, Jim Harbaugh. Ele disse que queria um Kicker veterano para substituir o lesionado Joe Nedney, e o Niners ofereceu a ele um contrato de 3 anos, 9 milhões. Akers aceitou, e em 2011 ele teve uma das melhores temporadas para um Kicker em todos os tempos. Ele quebrou o recorde da Liga para Field Goals e para pontos marcados, e foi responsável por boa parte do ataque dos 13-3 Niners. Sua filha, depois de uma complicada cirurgia, está curada do seu tumor, que foi removido completamente. Se não é a típica história de superação que a mídia adora, eu não sei o que é. Akers foi eleito o melhor kicker da temporada (All-Pro), foi ao All Star Game, teve essa temporada espetacular e está num time que, ele mesmo disse, sempre o apoiou. E o Niners depende muito dele, então os dois acabaram dando muito mais certo do que o Eagles... Sabe, o time que perdeu do Niners por um ponto depois de ver seu Kicker calouro errar dois FGs e com Akers chutando o Extra Point da vitória - uma vitória que eventualmente custou ao Eagles uma vaga nos playoffs.

Não é a toa que Akers gosta tanto da familia Harbaugh. Foi John Harbaugh quem o buscou quando estava na pior na Europa, e foi John quem lhe deu um emprego e um time quando esteve ainda pior com sua vida no fim da carreira. Ah, o nome do homem que recrutou Akers quando ele estava saindo do High School pro College? Jack Harbaugh...

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Rodada de Wild Card

Em primeiro lugar: TEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEBOOOOOOOOOOOOOOOOW!!!

Em segundo lugar...

TEEEEEEEEEEEEEEEEBOOOOOOOOOW!!


E em terceiro lugar....

TEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEBOOOOOOOOOOOOOOOOW!! (sim, eu sei que o Tebow joga no Broncos não no Dolphins, mas só tenho o capacete do Dolphins e nao tenho camisa de Denver, então usei a do Dan Marino... Um QB quase tão bom quanto o Tebow.)

Ok, agora podemos falar calmamente dessa primeira rodada de playoffs da NFL, a rodada de Wild Card. Ou tão calmamente como alguém pode ficar depois de um épico Steelers e Broncos. TEE... Er.. Calma, ok, vamos em frente.

Essa primeira rodada dos playoffs trouxe um jogo bem fraco, um mediano, um bom e um épico. Vamos em ordem do pior pro melhor. Aliás, curiosidade da semana: Todos os times que jogaram em casa venceram os seus jogos.


New York Giants 24 vs 2 Atlanta Falcons
No pior jogo da rodada, o Giants conseguiu segurar o Falcons a apenas DOIS pontos, vindos de um Safety através de um Intentional Grounding numa jogada besta do Eli Manning. DOIS pontos, dois malditos pontos em um jogo de futebol americano, nem o Colts faria algo pior!! Na verdade esse jogo foi bem feio mesmo, o Giants foi um time superior mas sua vantagem só foi ser aberta no quarto período, até lá estava um jogo com muita defesa e ataques muito medrosos. Pareceu que os ataques estavam com mais medo de errar do que vontade de acertar, eram passes conservadores e medrosos. Acho que num primeiro momento os times estavam apenas cautelosos pra começar o jogo, tentando impor o jogo terrestre, mas com as defesas dominando os ataques - especialmente as linhas defensivas - os ataques ficaram simplesmente medrosos, os QBs pareciam se livrar da bola, ninguém ousou trabalhar do play action, e o jogo ficou numa estagnação muito chata que só foi quebrada quando o Eli Manning, pra fugir de um sack,  correu pra dentro da end zone, e depois jogou a bola pro lado no Intentional Grounding menos convincente dos ultimos anos, pra abrir o placar, 2 a 0... Pro outro time. Com esse placar, o San Francisco Giants ficaria orgulhoso!

O jogo só foi quebrar o marasmo no segundo quarto, quando o Giants voltou com uma nova postura no ataque. O time começou a jogar de forma muito mais física, correndo bastante com a bola... E aí o time percebeu que era capaz de dominar a suspeita linha ofensiva do Falcons e aproveitou até o fim do jogo. O jogo desequilibrou pro Giants quando o time começou a correr com a bola e quando conseguiu grandes avanços da sua dupla de RBs. O Giants dominou ambas as linhas de forma física, torrou o saco do Matt Ryan o jogo todo e não deixou o Falcons correr o jogo inteiro, inclusive parando duas 4th and 1. O Niners já mostrou pra todo mundo que mesmo na NFL de hoje da pra ganhar jogos no estilo old school, dominando fisicamente a linha de scrimmage dos dois lados da bola, e o Giants fez exatamente isso contra o Falcons, e se quiser vencer o Packers semana que vem, tem que continuar com esse jogo físico e descendo a lenha no QB a cada cinco minutos. Jogo bem fraco, o Falcons não fez nada e o Giants ganhou jogando feio. Vai melhorar, vai melhorar...


Houston Texans 31 vs 10 Cincinnati Bengals
Um jogo entre duas boas defesas e dois QBs calouros foi decidido exatamente como o esperado: Jogo terrestre, e turnovers. A defesa do Texans é melhor que a do Bengals, o jogo terrestre também, mas o jogo aéreo do Bengals na temporada regular foi melhor. Mas quando você coloca dois QBs calouros num jogo de pós-temporada, você vai ter dificuldades no jogo aéreo. Não é fácil, envolve muita pressão e nem todo calouro aguenta. O jogo começou bem morno pelo ar graças ao nervosismo do TJ Yates e do Andy Dalton, os dois apressando passes, cometendo erros básicos e sem conseguir dar consistência ao ataque. Mas como o ataque do Bengals depende mais do seu QB do que o Texans atualmente, o Texans teve a chance de dominar o jogo com o Arian Foster jogando bem. Mesmo assim, a defesa do Bengals e alguns flashes do ataque mantiveram o jogo equilibrado em 10 a 10 indo até o intervalo.

Ai o jogo mudou, quando o Andy Dalton foi tentar um ataque Às pressas (graças à imbecilidade dos desafios do técnico Marvin Lewis que tirou dois timeouts do time) dentro do Two-Minute Warning e foi interceptado e retornado pra TD pelo ótimo calouro JJ Watt. Eu tinha dito que a chave do jogo seria o time capaz de evitar turnovers e forçar do adversário, e foi esse jogo o que determinou o resultado do jogo. O Texans foi pro intervalo liderando por 17 a 10 com essa pick-six, mas mais importante, isso acabou com a confiança do Dalton. Quando voltou pro segundo tempo, o calouro estava assustado e nervoso, seus passes foram ainda piores e ele foi presa fácil pra agressiva defesa do Texans. O Texans aproveitou e fez o jogo inteligente, correu muito bem com a bola, evitou entregar a bola de graça pro adversário, e jogou no erro do Bengals. Forçou mais duas interceptações do Dalton, e um TD longo do Andre Johnson e uma corrida do Arian Foster terminaram de definir a partida. O time soube evitar erros e aproveitar os do adversário, e é assim que os jogos entre dois times parelhos são decididos.

O Bengals também ta de boa mesmo com a derrota. A defesa não é exatamente nova, mas também não está nas últimas como a do Ravens ou do Steelers, e o ataque ainda está emergindo. Mais um ano pro Dalton (Que apesar de ter sólidos fundamentos precisa de experiência e familiaridade com o ataque), mais um ano pro AJ Green, duas escolhas de primeira rodada em um excelente Draft... Mais um playmaker no jogo aéreo, um outro cornerback, depth pra safety... E lá vamos nós achar um time bem divertido pros próximos anos.


New Orleans Saints 45 vs 28 Detroit Lions
Quando você está enfrentando um time superior, você tem algumas diretrizes que tem que seguir se quiser vencer. E a regra básica é: Não cometa erros, e aproveite os que o adversário cometer. Um time superior pode ser capaz de vencer mesmo com turnovers, mesmo perdendo chances, mesmo sem forçar turnovers, mas um time inferior tem que fazer tudo que puder pra melhorar suas chances, e isso inclui aproveitar as oportunidades e não dar brechas para o oponente. O Lions soube desde o começo - como eu deixei claro no preview - que não tinha condições nem os jogadores pra fazer o jogo tático contra o Saints (Correr com a bola, controlar o relógio, abrir a defesa, tirar o ritmo do ataque, pressionar o QB pra fora do pocket), então o time de Detroit nem tentou e desde o começo se mostrou disposto a ir ao shootout, o estilo que o Saints mais gosta. Teve a coragem, aceitou bater de frente e apostou alto.

E o pior é que num primeiro momento, a ousadia do Lions foi recompensada. O time pontuou muito bem e, se não controlou o relógio, não permitiu ao Saints assumir o controle do jogo. Sua defesa sofreu com as corridas do Saints e os passes cirúrgicos do Drew Brees, mas continuou pau a pau com o time de New Orleans e começou a chegar no QB. E ai que chegou o problema. O Lions sabia que não ia conseguir parar o Saints, então foi agressivo e apostou nos turnovers. E conseguiu, de fato, forçar dois turnovers. Eu até comentei que se o Lions queria ganhar, tinha que conseguir posses de bola extra (Eu sugeri um onside kick, mas o time forçou dois turnovers), e o Lions conseguiu dois fumbles recuperados. E ai chegamos ao grande problema, que matou o Lions: O Lions não aproveitou esses turnovers. O Lions teve duas posses de bola a mais que o Saints, a chance de abrir 14 pontos de vantagem, a chance de controlar totalmente o jogo e o momento... E nas duas posses de bola seguindo os turnovers, o Lions foi pro punt nas duas, liderando por apenas 4 no intervalo. Na primeira posse de bola do segundo tempo, bola do Saints... Touchdown, Saints na frente. E isso colocou mais pressão ainda no ataque do Lions, e a verdade é que depois disso o Lions não foi mais o mesmo. Não conseguiu pontuar, devolveu a bola pro Saints... Que colocou de novo na End Zone. Tão fácil quanto isso o Saints já havia colocado 10 pontos de vantagem.

E ai o Lions se descontrolou. Teve boas jogadas, anotou Touchdowns, mas você claramente via quem estava com o controle do jogo. O Lions teve a chance de recuperá-lo num dos raríssimos passes ruins do Brees que caiu no colo do defensor do Lions, mas ele deixou uma interceptação que teria mudado o jogo cair no chão. Em seguinda? TD do Saints, é claro. O Saints anotou Touchdowns em TODAS suas posses de bola no segundo tempo, Brees fez o que quis com a defesa e Detroit perdeu o controle. Não é que o Lions não teve chances, o Lions teve várias. Só que o Lions não aproveitou, não conseguiu pontuar nos erros do Saints, não pegou o momento do jogo quando teve a chance, dropou uma interceptação fácil que podia mudar o rumo do jogo. Conseguir posses de bola extra é importantíssimo, mas você precisa converter isso em pontos. Quando você está em desvantagem, tem que aproveitar todas as suas chances. O Lions não aproveitou e viu o Saints controlar o jogo, e aí se descontrolou como o time jovem que é. Não sei se algum time na NFL atualmente tem capacidade de vencer esse time do Saints... E o Lions continua com seu ótimo projeto de reconstrução, precisando melhorar a defesa e o jogo terrestre, mas sabendo que está no caminho certo.


Denver Broncos 29 vs 23 Pittsburgh Steelers 
Não existe um atleta na NFL tão polarizador quanto Tim Tebow. Não sei se já houve, e não sei se ainda teremos algum. Ontem, eu achei que a internet fosse explodir ao final dessa partida. Não, sério mesmo, achei que ia ligar o PC de manhã, abrir o Chrome e encontrar uma foto de uma nuvem de cogumelos. Do TT do Twitter vinte minutos depois do fim da partida, sete tinham algo a ver com o jogo. Duas horas depois, #tebow e #john3:16 ainda estavam no TT. Foi um jogo sensacional, foi uma história sensacional... Foi Tebow Time, de novo e de novo. Quando o Steelers estava posicionado seu FG pra vencer o jogo no final, eu simplesmente ajoelhei Tebowing pra torcer por um time que até esse ano eu nunca tinha gostado! Simplesmente porque é divertido demais torcer pra Timothy Richards Tebow!

Antes de mais nada, vamos deixar uma coisa clara: Eles não venceram o mesmo Steelers que foi campeão da AFC ano passado, e nem o time que eu achava o melhor da Conferência. O Steelers que eles enfrentaram ontem estava muito baleado: Rashard Mendenhall não jogou, Ryan Clark não jogou, Maurkice Pouncey não jogou, Brett Keisel e Casey Hampton sairam durante o jogo, e Ben Roethlisberger e LaMarr Woodley jogaram machucados e claramente não estavam 100%. Isso foi importante, claro,o que também não tira o mérito do Broncos. Até porque Isaac Redman jogo muitíssimo bem e, apesar do Clark ter feito bastante falta na cobertura do Troy Polamalu (que levou um baile humilhante do Tim Tebow o jogo todo), vale destacar que foi o seu substituto que forçou o fumble do Willis McGahee que quase deu a vitória ao Steelers.

E como eu disse, isso não tira o mérito do Broncos. O Broncos na verdade tem mérito de sobra, tanto no ataque como na defesa. Mesmo com todas as lesões e desfalques o Broncos ainda era o azarão e ainda estava em clara desvantagem. O começo do jogo ilustrou bem essa desvantagem, tanto pelo plantel, como pela falta de ousadia que o John Fox vinha demonstrando, e também pelos problemas do Tebow nos ultimos jogos. O time foi previsível ao extremo com a fórmula correr-correr-passar e o Steelers não teve a menor vergonha na cara de colocar nove jogadores na linha de scrimmage pra parar a corrida. Quando recuperava a bola, o Steelers anotava pontos, ainda que só 3 de cada vez, e parecia que o jogo estava encaminhado pra ser exatamente o esperado: O Broncos derrotado pela sua falta de ousadia e diversidade, o Steelers sendo apenas eficiente e com sua defesa sufocando o Broncos pra não dar a menor chance ao azar.

Até que o Broncos - por milagre - percebeu isso, e fez o óbvio, tentou variar. Ao invés de correr-correr-passar, que a defesa estava sempre prevendo e esmagando, eles chamaram jogadas de passe para o Tebow em segundas descidas (O Broncos teve UM passe na primeira jogada do 1st down no jogo todo. Qual foi? Um TD de 80 jardas...). Era o que o Broncos tinha que fazer mesmo, mas o que pegou todo mundo de surpresa é que os passes do Tebow não foram só decentes, foram excelentes perfeitos, e em duas bombas ele anotou um TD pra virar a partida. O Broncos ganhou confiança, a torcida entrou no jogo e o momento mudou completamente. O Steelers sentiu, a defesa fez seu trabalho e logo recuperou a bola. O resultado? Mais um passe longo do Tebow, mais um acerto perfeito, e mais um TD do Broncos. O Denver fez exatamente o que precisava fazer, variou as jogadas, parou de ser previsível e deixou o Tebow lançar não só em terceiras descidas longas e prevsíveis saindo de um play action, mas colocou o garoto no shotgun e, como o John Elway tinha dito antes do jogo... Pull the trigger (Puxar o gatilho)!

O que ninguém imaginava - e que destruiu completamente o plano de jogo do Steelers - é que ele começou a acertar os passes longos com perfeição. O Steelers aproximou o Polamalu da linha de scrimmage, claramente mais preocupado com o scramble do que com os passes, e contou com a cobertura simples já que o Broncos não tinha grandes WRs, ainda mais com o Eric Decker saindo com uma lesão assustadora na perna. Eles fecharam a corrida - confiantes na corrida do Denver e na incapacidade do Tebow - e basicamente desafiaram o garoto e vencer o jogo com o braço. Mas ele começou a lançar, achar seus recebores em profundidade (lendo perfeitamente o posicionamento avançado dos safeties) e a defesa do Steelers, que estava jogando muito na frente só pra parar a corrida, teve que voltar pra cobrir a secundária, e aí o Broncos voltou a correr e controlar a partida. A impressão que deu é que a defesa do Steelers não sabia mais o que fazer, ela estava enfrentando uma situação que ela nunca teria imaginado, e o Broncos leu perfeitamente a situação, o Tebow lançou perfeitamente as bolas. A defesa do Steelers não sabia mais o que fazer, especialmente porque a linha ofensiva do Broncos - que eu sempre critico e estava jogando sem seu RG titular - teve um jogo espetacular protegendo o Tebow e abrindo pra corrida, desequilibrou o jogo e deu tempo pro Tebow lançar com calma - algo que ele não teve o ano todo.

O Steelers reagiu depois do intervalo e depois de algumas injeções de analgésicos no pé do Big Ben ele começou a jogar muito, achar seus recebedores e colocou o Steelers em condições de empatar o jogo. Mas o Tebow conduziu bem o ataque mesmo sem TDs, e o time se viu com uma vantagem de 7 pontos e com a bola faltando 7 minutos. Gastar o relógio, chutar um FG e ganhar a partida, certo? Mas claro que não seria fácil, com McGahee deixando cair a bola numa jogada onde, se ele cai ao invés de brigar por mais jardas e perder a bola, o Denver teria um 2nd and 2 na linha de 40 jardas do campo de ataque, praticamente matava o jogo. Mas o fumble deu ao Big Ben a chance do empate, e logo depois do Champ Bailey (os dois veteranos que demonstraram que estavam descontentes com Tebow, Bailey e McGahee, foram os dois que quase custaram a vitória ao time) deixou cair uma interceptação na end zone, o Big Ben acertou uma linda bomba e empatou o jogo. O Steelers teve a chance de vencer depois que o Tebow errou um passe relativamente fácil numa 3rd and 8, mas a defesa apareceu com dois sacks, um snap errado do substituto do Pouncey e o jogo foi pra prorrogação. A primeira jogada? O primeiro passe na 1st do Broncos no jogo inteiro que congelou a defesa do Steelers num perfeito play action e Tebow encontrou um Demariyus Thomas (4 recepções, 204 jardas, TD, os números dele poderiam ser mais DeSean Jackson-esques?) livre que pegou a bola em velocidade, derrubou o Ike Taylor e ganhou de todo mundo na corrida pro TD. Perfeito final pro primeiro jogo do Tebow nos playoffs, não?

A diferença do jogo foi que a linha ofensiva do Broncos deu tempo ao Tebow, e o Tebow acertou os passes perfeitos quando precisou. Graças a isso o Denver conseguiu confundir a defesa do Steelers e impor seu jogo. Quanto ao Tebow, primeiro QB a passar das 300 jardas contra o Steelers no ano, acertou três passes de 50 jardas ou mais no jogo (Na temporada inteira o Steelers cedeu seis), teve a maior média por passe completo da história dos playoffs (31.6) e teve o Rating mais alto da história da pós-temporada do Denver Broncos. Nada mau pra quem não seria capaz de lançar a bola na NFL, hein??

TEEEEEEEEEEEEEEEEBOOOOOOOOOOOOOOOOW!!

sábado, 7 de janeiro de 2012

NFC Wild Card Round (continuação)

No post de ontem ficou faltando o segundo jogo da NFC, entre Falcons e Giants. Não vou me demorar muito no jogo, mas queria compartilhar uma coisa absolutamente genial que li ontem na coluna do Bill Simmons (e que eu ia responder em forma de comentário pra Ciça no post sobre a AFC, mas achei tão legal que valia a pena compartilhar num post inteiro).

Nessa coluna, um leitor sugeriu a seguinte ideia: Na NFL, um time que está nos playoffs deveria poder "trocar" seu lugar nos playoffs. Funcionaria assim: Um time que chegou nos playoffs (O cara sugere que fosse 8-8 ou pior, eu acho que poderia ser qualquer time) poderia trocar sua vaga com qualquer outro time da sua conferência em troca de uma escolha de primeira rodada E uma escolha condicional dependendo da performance do novo time nos playoffs (Por exemplo, se perder de cara, paga apenas a escolha de primeira rodada. Se chegar na final de conferência, manda também uma escolha de segunda rodada daqui a dois anos. Se chegar ao Super Bowl, uma escolha de primeira rodada agora e uma daqui a dois anos). 

Só eu achei isso genial? Pense no Broncos, um time com algumas boas peças para o futuro mas que não tem a menor condição de disputar algo esse ano. O Broncos não trocaria facilmente essa vaga nos playoffs que não vai dar em nada (Se o Broncos ganhar domingo, o post de segunda feira trará uma foto minha Tebowing. Promessa feita) com, digamos, o Chargers? O Chargers tem um bom time e tem um técnico e uma direção desesperados, eles com certeza pagariam pra testar suas chances (Que não são das piores...) numa AFC fraca, enquanto o Broncos ganha muito mais saindo dos playoffs e coletando mais escolhas altas de Draft pra continuar reconstruindo. Genial e bom para todos os envolvidos!! Porque não pensamos nisso antes??

"Eu tenho um desses. Problem, Falcons?"




Atlanta Falcons at New York Giants
O Falcons é, estatisticamente, o time mais consistente da história da NFL. É sério, e observando o Falcons por umas três semanas consecutivas da facilmente pra entender porque. Ele é um time bom e que faz muitas coisas bem... Mas não faz nada excepcionalmente. Típico time que ganha fácil de times fracos, ganha apertado de times medianos e perde de times fortes. O time lança bem a bola... Mas não demais. O time corre bem com a bola... Mas não demais. O time consegue pressionar o QB bem com o John Abraham, mas não o suficiente com essa fase ruim do Ray Edwards. A secundária não é uma peneira, mas também não vai vencer jogos. É um time simplesmente mediano em todos os aspectos!!

Do outro lado, o Giants é um time totalmente inconsistente, que mescla momentos de genialidade e momentos dignos do Colts. É um time que perde pro Seahawks ANTES do Marshawn Lynch engatar a quinta marcha e pro Redskins, mas que domina totalmente Jets, Cowboys e outros times medianos (eu até acho o Dallas melhor que "mediano") e que pra mim, se tem um time fora do top 6 (Niners, Packers, Saints, Ravens, Steelers e Patriots) capaz de surpreender, jogar em modo Berserk e chegar ao Super Bowl (Todo ano tem um time que muda totalmente quando chegam os playoffs e assusta todo mundo) o Giants seria minha aposta. Eles tem um jogo aéreo muito bom com o Eli Manning atingindo um novo nível e com o Victor Cruz aparecendo com um playmaker extremamente dinâmico e tem uma linha de frente extremamente forte se saudável com Osi Umenyora, Justin Tuck e o meu favorito, Jason Pierre-Paul. A secundária está bem destruída por lesões mas tem tido alguns bons jogos, se não é uma força pelo menos não é a peneira que era algum tempo atrás.

A consistência do Giants preocupa pra essa partida, sem dúvida. Mas se o Giants jogar bem - apenas bem - provavelmente vai ser o suficiente pra ganhar uma partida em casa contra os medianos Falcons. Do Falcons a gente já sabe o que vai obter, exatamente o que eles mostraram nos outros 16 jogos da temporada, então esse jogo vai depender de que time do Giants aparece para jogar.  Considerando que o jogo é em casa, que o Giants não vai precisar executar nenhum tipo de plano de jogo mirabolante (só o que costuma fazer, correr com a bola e abusar do West Coast offense com o Victor Cruz conseguindo jardas após a recepção e o Ahmad Bradshaw recebendo screen passes, pressionar o QB...) pra conseguir dominar o Falcons. A minha única preocupação é se o Eli Manning não vai entrar num modo de auto-destruição que as vezes ele inicia, mas não acho que vá porque a) Ele não vai precisar ganhar o jogo sozinho; b) porque ele não está num embalo absurdo que deixe muita gente confiante e c) porque o Giants não é um favorito absoluto pra essa partida. O que sempre faz o Giants jogar que nem o time aqui do bairro é quando eles tem muita confiança, muito favoritismo e, portanto, muita pressão do tipo "Se destruir não fez mais que obrigação, se perder é vexame". Não tem isso dessa vez, é playoffs, e então eu acho que o time vá aparecer pra jogar.

Muita gente me perguntou se aquela história dos jogadores do time estarem 'desistindo" do técnico Tom Coughlin. Eu já disse que não acredito isso, o time não teria vencido seus dois últimos jogos se seu time não estivesse focado e determinado. Eu acredito na evolução do Eli como líder do time, e acredito que o time tenha muitos valores jovens pra fazerem esse tipo de coisa, jogadores que ainda precisam se firmar. Pra mim o Giants é o melhor time, está jogando em casa e tem os melhores jogadores (Manning, Cruz e Paul) do confronto. Claro, o Giants eventualmente vai ter problemas com o trio de Roddy White pela lateral, Tony Gonzales pelo meio e Julio Jones em profundidade, é inevitável, mas pra mim vai ter muito mais condições de resposta. O Giants só corre o risco de perder para ele mesmo, por causa da sua eterna mania de regredir quando mais parece que eles estão jogando perto do seu potencial.

Aliás, o que faz do Giants tão perigoso pra esses playoffs é justamente que, passado esse jogo, ninguém espera nada mais do Giants. O Giants não tem nada a perder, não tem nenhuma pressão para vencer o Packers e portanto pode jogar livre daquilo que tanto faz o time se atrapalhar. Um Giants a vontade, jogando sem nada pra perder e sem pressão é um Giants perigoso. Se cuida, Packers, se cuida...

Aliás, uma tangente rápida. Ninguém tem mais a perder nesse jogo que o Giants, mas alguém tem mais coisa a provar do que o Matt Ryan? Um bom QB, joga bem no final das partidas, jovem, promissor... Mas que nunca conseguiu jogar bem nos playoffs? O Eli tem mais a perder, mas ele tem um Super Bowl e não precisa provar mais nada pra ninnuém. O Ryan está precisando provar que pode ser um Franchise QB capaz de levar um time ao título. Depois da ótima temporada do ano passado (com um pouco de sorte, mas sólida) do time, o Falcons trocou a casa pelo Julio Jones porque parecia ser a peça que faltava pra um título, só pra ver o time regredir e estacionar num patamar decente, mas mediano. Eles não tem a escolha de primeira rodada dessa temporada. O Ryan não está precisando urgentemente dar um sinal pro time de que não foi tudo em vão e de que ele vai conseguir dar o próximo passo e levar a Franquia adiante? E ele não tem que fazer isso na temporada regular, e sim nos playoffs, fora de casa, contra o forte Giants.

Palpite: Giants

NFC Wild Card Round

Yep, estamos em cima da hora, eu sei. Hora de dar uma passada pelos playoffs por parte da NFC. E como nunca é demais lembrar, a NFC é uma conferência muito melhor que a AFC, motivo pelo qual eu acho que esses jogos vão ser muito mais divertidos que os da outra conferência.

Duvida? Pense na 6th Seed da NFC, o Detroit Lions. Se ele estivesse... Digamos, no lugar do Texans... Você realmente duvidaria da possibilidade do Lions ser campeão de Conferência? Você ia pelo menos pensar duas vezes, perguntar pro seu amigo, olhar os cruzamentos e ver o quão saudável está o tornozelo do Big Ben Roethlisberger antes, certo? Na NFC, ninguém considera essa posibilidade. Pense bem, os três melhores times da NFL jogam na NFC, e o 6th Seed da NFC seria o quarto melhor time da AFC por muito pouco, e dependendo de como a defesa se comportar ele pode eventualmente disputar com Pats e Ravens o posto de o melhor!! Pra mim isso indica alguma disparidade de forças entre as conferências. Eu como meu chapéu do Indiana Jones se um time da AFC for campeão.

Na NFC, temos as seguintes Seeds: 1. Packers 2. 49ers 3. Saints 4. Giants 5. Falcons 6. Lions. Saints recebe o Lions, e Giants recebe o Falcons. O vencedor de maior seed enfrenta o Niners, o de pior o Packers. 

Alias, só eu acho que ao invés dessa regra de "o pior seed pega o 1st", a deveriam criar uma que diz que  "o 1st seed tem o direito de escolher quem ele quer enfrentar"? Se o Lions vencer e o Falcons também, eu tenho certeza que o Packers prefere jogar o Lions pro Niners e enfrentar o Falcons. Mas seria o contrário. Não parece injusto? Bem, chega de divagar, vamos aos jogos.


Um preview do jogo de sábado que vale mais que mil palavras...

Detroit Lions at New Orleans Saints
Antes de mais nada, preciso deixar claro que eu não tenho absolutamente nada contra o Matthew Stafford. Na verdade, acho ele muito bom. Ele as vezes é um pouco descuidado com a bola, mas ele é muito prolífico, tem um braço muito forte e se desenvolveu muito durante a temporada, especialmente achando os recebedores do seu time que não chamam Calvin Johnson e poderiam jogar de ala de força no Detroit Pistons. Na verdade, o ataque aéreo é a única coisa nesse confronto que não me preocupa pro lado do Lions. Tudo bem, eles vão ter que fazer melhor do que o 2-13 em conversões de terceiras descidas que tiveram no primeiro confronto contra o Saints, mas não é a maior preocupação pra um Quarterback que passou das 5000 jardas aéreas na temporada. A defesa do Saints não é nada demais e, embora a aérea tenha alguns bons jogadores, ainda é uma unidade bem vulnerável pela falta de pass rush e de safetys que façam a cobertura eficientemente à boa dupla de Cornerbacks da equipe. Ficaria surpreso se o Stafford tivesse muitas dificuldades ao longo do jogo.

O problema do ataque do Lions é que ele não pode, sob hipótese alguma, se limitar ao jogo aéreo. O Saints é bom demais e tem um ataque explosivo demais pro Lions tentar a sorte num jogo rápido de pontuação muito alta. Se o Lions jogar o jogo do Saints, vai perder. Nenhum time na NFC joga o jogo do Saints melhor que ele, tirando talvez o Packers, e possivelmente nem ele. Eu sei que o jogo aéreo é o forte do Lions, e não estou falando que eles devem deixar o jogo aéreo de lado - pelo contrário, sempre que houver a chance eles devem passar, perder a chance de marcar TDs é ruim - mas eles não podem se comprometer exclusivamente com ele. Pelo contrário, na medida do possível devem buscar desacelerar o jogo. Esse é o ponto fraco do Detroit, especialmente para brigar contra Saints e Packers: A falta de um jogo terrestre. Desde a lesão do Jahvid Best, o time ficou sem um RB confiável. Tudo bem, o time com o Best não era tuuuudo isso, mas tinha alguém pra função. Desde então, o time tentou várias alternativas e o que chegou mais perto do sucesso foi o Kevin Smith... Que, claro, machucou. Independentemente de quem seja, o Lions vai ter que sair da zona de conforto pra tentar evitar o ataque explosivo do Saints. Jogar pelo chão, encurtar as descidas e especialmente controlar o relógio é o caminho pro sucesso.

Claro que o time tem que ganhar jardas pelo ar, acionar o Calvin Johnson e pontuar sempre que tiver a oportunidade, mas entre conseguir uma first down de 12 jardas através de dois passes errados e um certo e duas corridas e um passe curto, o Lions sem dúvida deve pegar o segundo. Quanto mais tempo o Lions tiver a bola, menos tempo Drew Brees vai ter dentro de campo pra destruir a defesa do Lions. Porque o problema aqui é justamente a incapacidade da defesa do Lions de parar o ataque do  Saints. Essa é a mesma defesa que tomou 480 jardas e 6 TDs do MAtt Flynn semana passada!! Tudo bem que o ataque do Packs é excelente e o Flynn é um bom jogador, mas isso é um pouco demais pra tomar do QB reserva sem seu melhor WR. A verdade é que a defesa do Lions tinha uma grande força, que era a pressão no QB, ams nem isso essa defesa tem conseguido mais. Está ajudando que o Ndamukong Suh está tendo mais destaque pelas confusões que pelo futebol e não está sendo o jogador dominante que foi. Se o Lions tivesse uma secundária fosse capaz de se aguentar sozinha, ótimo, jogue pra quantidade. Mas o Lions não tem isso e não está nem podendo contar com um pass rush, especialmente porque a linha ofensiva do Saints está jogando bem demais. Sabia que o Brees só foi sackado cinco vezes nos ultimos oito jogos da equipe, todas vitórias?

O Lions tem o roteiro estabelecido pra vencer um time como o Saints: Correr com a bola, avançar lentamente, sempre que der pontuar, controlar o relógio, manter o ataque adversário no banco... E quando esse ataque entrar você tem que jogar em cima do QB, babando no cangote dele e evitando que ele pegue o ritmo. É possível visualizar o Lions executando esse plano de jogo eficientemente? Eu acho difícil. Vocês estão vendo percebendo aonde chegamos? O Lions, pra conseguir maximizar suas chances de vencer, tem que jogar em um estilo de jogo que eles não conseguem executar! Eles não tem o pessoal, eles não tem a prática, eles não tem a menor condição de colocar isso em prática contra o Saints, fora de casa. Não vai acontecer - o que quer dizer que o Lions vai partir pro duelo de pontos e confiar no braço do Matthew Stafford e no talento de dizer "Jogue pra cima que eu pulo e pego!' do Megatron. Eles estão batendo de frente contra um time que é muito superior a eles, fora de casa, num Dome, com o segundo time mais indisciplinado de toda a Liga, que não só se autodestrói com faltas mas também com jogadas imbecis e erros infantis... E jogando no estilo que o adversário mais gosta!!

Do lado do Saints? Eles são o time mais embalado da NFL no momento (eu, como torcedor do Niners, tenho mais medo deles que do Packers), tem o ataque mais devastador da Liga (eu coloco eles um teco na frente do Packers e do Patriots nesse momento porque nenhum outro QB está jogando como o Brees e porque é um time que consegue correr bem com a bola), e são absolutamente invencíveis em casa. Sinto muito, mas é verdade, nenhum time é capaz de vencer esse  Saints jogando no Superdome, e é por isso que a vantagem do mando de campo é tão importante pra Niners e Packers. Você está colocando o Brees e um ataque que tem destruído adversário atrás de adversário (Giants e Lions, dois bons times, estão na sequencia) contra uma defesa que foi destruída pelo Matt Flynn semana passada e que ainda vai deixar o Saints jogar no estilo que mais é eficiente? Eu até acredito que exista uma chance do Lions conseguir destruir a defesa do Saints logo de cara, conseguir uma ou duas posses de bola extra (Um onside kick de repente, um turnover oportuno...) e montar uma vantagem até que a falta de um RB pra administrar a vantagem pese no final, mas é a mesma chance do... Digamos, do Giants ganhar o Super Bowl do Patriots em 2007. Aconteceu, é possível, mas se o jogo se repetisse 20 vezes, o Pats venceria 19. Não é que o Lions não tenha chance... Mas eu não consigo ver o Lions vencendo o Saints, com o Brees nessa fase tão boa, em New Orleans, incapaz de correr com a bola ou se impor na defesa. Eu simplesmente não consigo.

Palpite: Saints, e não vai ser por pouco... O Spread de Vegas (-10,5) até me parece pouco.


A ideia aqui era falar dos dois jogos, mas acabei chegando tarde e me alongando demais nesse aqui. Amanhã cedo sai a segunda parte.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

AFC Wild Card Round

Finalmente aqui estamos, os playoffs da NFL!! Demorou 17 semanas, pelo menos 13 delas com um jogo do horário nobre totalmente inassistível, mas aqui estamos, os playoffs. Pra falar dessa primeira rodada de Wild Cards, vamos separar em AFC e NFC, começando com o primeiro. 

Os playoffs da AFC tem as seguintes Seeds: 1. Patriots 2. Ravens 3. Texans 4. Broncos 5. Steelers 6. Bengals. Ou seja, os confrontos serão Bengals at Texans, e Steelers at Broncos, com o melhor colocado que passar dessa rodada pegando o Ravens e o pior, o Patriots. Vamos rapidamente passar pelos jogos, e vocês podem saber o que eu penso de cada um desses times lendo minhas duas últimas colunas sobre os times.


Denver Broncos mostrando a definição de jogo coletivo


Pittsburgh Steelers at Denver Broncos
Rashard Mendenhall não joga, rompeu o ligamento do joelho. Ryan Clark não joga por problemas respiratórios relacionados à altitude de Denver. E será que existe alguém que mesmo assim não considera o Steelers favorito??

Olha, o Broncos tem alguns pontos fortes interessantes, o Tim Tebow não é totalmente horrível e este é um grupo focado e que está jogando com vontade. Isso foi o suficiente pra ganhar sete de oito jogos, até que todo mundo percebeu que o Broncos só tem uma forma de jogar tanto no ataque como na defesa e que se você responder do jeito certo, o Broncos é um time extremamente vulnerável e que depende demais de algo que o próprio técnico do time  não quer usar, os passes sem ser por play action.

O Broncos tem uma defesa razoavelmente decente, mas ela só tem um fator que é uma força capaz de alterar jogos, que é o pass rush dos seus dois OLBs fora de série, Elvis Dumervil e Von Miller. O resto da defesa até tem bons jogadores, mas nem de longe para mudar um ataque ou segurar um adversário por muito tempo. O que os times descobriram é que se você parar a dupla Miller e Dumervil (ajuda que o Miller está com uma lesão séria na mão) a defesa do Broncos está totalmente dominada. O time não tem ninguém decente no meio da linha defensiva pra ficar pressionando o QB pelo meio (alias era esse motivo que me fez pedir que draftassem o Marcell Dareus no lugar do Miller), então se você coloca mais alguém pra reforçar a linha (mantém um TE, mantém o RB, etc) e consegue segurar os dois que vem pela lateral, a linha defensiva do time é fraca demais pra causar problemas ao QB, que fica com muuuito tempo pra lançar a bola. A cobertura do Broncos não é horrível, mas também não é espetacular e tem problemas para dar tackles, com tempo para lançar qualquer QB acima da média vai conseguir jogar contra essa secundária. Essa defesa estava sendo espetacular porque estava conseguindo muitos sacks e forçando muitos arremessos precipitados por causa da pressão, mas essa pressão só vinha dos OLBs. Se você parar esses dois, a defesa do Broncos perde o que tem de espetacular, e não tem outra forma de ser agressiva. 

O ataque do  Broncos também sabia jogar de uma maneira apenas. Correr com a bola, usar e abusar do option e do atleticismo do Tebow, e recorrer ao play action pra passar quando a defesa se aproximar da linha de scrimmage. O time fazia isso por causa da falta de confiança nos passes do Tebow under center, ele ainda está cru para isso e por isso jogam num esquema que mistura play actions e shotgun para se aproximar de um ataque de College. O problema é que o Broncos tem um problema, que é sua linha ofensiva. Play actions são uma ótima maneira de confundir a secundária e até os linebackers, mas eles também demoram mais para ser executado, e por isso exigem uma linha ofensiva capaz de segurar o adversário por mais tempo. Mas a linha ofensiva do Broncos é muito fraca protegendo contra o rush, especialmente quando há blitzes pelo meio. Isso significa que se você aproximar mais defensores da linha de scrimmage você vai travar o jogo terrestre e, se mandar todo mundo pra cima do QB, a linha ofensiva não vai conseguir proteger por tempo suficiente pra completar o play action, resultando em sacks ou passes apressados. Naturalmente isso abre sua secundária para passes under center ou saindo de shotgun, mas isso era exatamente o que o Broncos estava evitando a todo custo. Pra passar saindo do play action com pressão, você precisa de passes rápidos e curtos, mas o Tebow não tem o jogo de pernas ou a precisão (e nem os recebedores capazes de forçar separação na linha de scrimmage, e pode ter certeza que eles serão pressionados nela) pra executar esse ataque eficientemente. O próprio John Fox evita ao máximo chamar jogadas de passe, limitando-as a terceiras descidas quando necessário. E as vezes nem isso!

Ou seja, o Steelers tem tudo pra controlar o jogo mesmo com os desfalques. O time de Pittsburgh tem seus problemas, mas tem muito mais soluções do que o Broncos. Tudo que ele tem que fazer é congestionar as laterais da linha no ataque pra impedir a pressão pelas pontas, e mandar oito jogadores pra cima da linha de scrimmage quando estiver na defesa pra parar a corrida e tirar o tempo do play action. E com a defesa que o Steelers tem, parar o ataque do Broncos como é hoje é tarefa fácil.

O que o Broncos pode fazer pra evitar isso? Primeiro de tudo, ficar criativo na defesa. O pacote padrão da defesa do time (sem blitz de jogadores extras) está muito manjado e todo mundo já sabe que o fraco da defesa é o miolo. Em algumas situações previsíveis de passe é hora de mandar alguém na blitz pelo meio, usar algum cornerback... Em resumo, variar as situações de pressão pra confundir a defesa, pra linha ofensiva não se acostumar à pressão padrão do time que está manjada demais. Usar zone blitz, forçar o Big Ben Roethlisberger aos passes rápidos pressionando os recebedores na linha de scrimmage... O importante é manter a pressão, e não vão conseguir isso através da formação padrão da defesa. No ataque, o time tem que arriscar, não tem solução. Trabalhem com passes curtos logo nas primeiras descidas pra encurtar as distâncias, usem bastante o RB Draw saindo de formações shotguns pra dificultar a leitura da jogada, mas basicamente deixem o Tebow passar a bola! Não fiquem recorrendo aos passes apenas como última solução, usem isso como uma parte efetiva tanto para tentar mover a bola, encurtar as descidas e abrir o jogo terrestre, como também pra dificultar a leitura de jogada das defesas. O option offense não está mais funcionando porque todo mundo sabe que as jogadas são de corrida e não passe... Chame um fake option, faça o Tebow sair do pocket e acerte um passe de 15 jardas para ver se não vão pensar duas vezes antes de mandar a casa pra cima do QB. Os playoffs são uma péssima hora pra tentar jogar um estilo de jogo novo que você não está acostumado, mas pra mim é a única chance do Broncos, porque as últimas trÊs derrotas do time deixaram claras que o estilo que o time vinha jogando não vai mais longe.


Palpite: Pittsburgh


Matt Schaub se machucou nesse abraço, tudo parte da estratégia do Bengals


Cincinnati Bengals at Houston Texans
Engraçado que esse jogo tenha acabado se tornando um duelo entre dois QBs calouros, Andy Dalton e TJ Yates - a não ser que o Texans surte, argumente que precisa de alguém com mais experiência e coloque o Jake Delhomme de titular. A diferença entre os dois é que o Andy Dalton foi draftado para assumir a posição e formar uma boa dupla com o AJ Green (Missão cumprida), foi titular desde o primeiro dia e a nova cara da franquia, enquanto o TJ Yates foi draftado na quinta rodada pra ser o terceiro reserva do time e, de repente, tanto o Matt Schaub como o Matt Leinart estão no IR com lesões sérias e o Yates de repente  teve que assumir o time no estilo Bumba-Meu-Boi pra tentar salvar a temporada da equipe. Começou bem, ganhou alguns jogos, ganhou comparações idiotas com o Tom Brady (Draftado na sexta rodada, assumiu um time com fortíssima defesa quando o Drew Bledsoe se machucou, e levou o time ao título pra depois se tornar um dos melhores QBs de todos os tempos... Só que todo mundo esqueceu que dois jogos não levam ao Hall da Fama), mas depois caiu de produção, se machucou e o time começou a perder. A vaga já estava garantida, era só uma questão de chegar com alguma esperança nos playoffs... E essa missão não teve tanto sucesso.

Com o TJ Yates na posição principal do ataque, o time - que tinha um ataque bem versátil, com um bom jogo aéreo e um ótimo jogo terrestre - assumiu um estilo de jogo conservador retirado do manual do Niners: Correr bastante com a bola, abusar dos passes curtos para os RBs e confiar na sua defesa pra sufocar o adversário, evitar erros e jogar através das boas posições de campo. O time antes tinha condições de bater de frente com seu ataque e contar com sua defesa pra garantir que o adversário não acompanhasse - um esforço de cooperação equivalente de ataque e defesa - mas agora o time está tendo que contar com sua defesa pra manter o placar baixo, conseguir turnovers e boas posições de campo pra facilitar a vida do ataque, porque sozinho o ataque não vai vencer os jogos. Mas pra infelicidade do Texans, isso pressupõe uma defesa não só capaz de evitar pontos, mas também uma defesa que force turnovers, de muitos sacks e ganhe muitas posições de campo através do Special Teams. O Niners é capaz disso. O Ravens é capaz disso. O Texans, sem seu melhor playmaker defensivo no Mario Williams... Eu tenho minhas dúvidas.

Por outro lado, o Bengals não é exatamente um bicho papão. Como eu lembrei no último post, o Bengals perdeu quase todos os seus jogos para times com records de 50% ou acima, com a única vitória vindo contra o Titans. É uma unidade consistênte, bem completa, mas que dificilmente tem as ferramentas para dominar grandes times. Pior, a defesa terrestre do Bengals tem tido sérios problemas ultimamente, o jogo mais digno de nota foram as 170 jardas do Ray Rice semana passada num jogo que quase tirou o time de Cincinnati dos playoffs. Com o Arian Foster e o Ben Tate em grande temporada e o ataque terrestre do Texans sendo a principal força ofensiva da equipe, não seria de assustar se o Bengals mandasse a casa pra cima da linha de scrimmage pra evitar o jogo terrestre. Naturalmente isso vai abrir o ar pro TJ Yates, que não é o salvador da pátria mas é um QB com bons fundamentos e que é capaz de acertar passes contra pouca cobertura, especialmente se a boa linha ofensiva conseguir dar tempo pra ele. O Leon Hall está fora da partida, e com o Andre Johnson atraindo marcações duplas pela falta de um grande marcador pro mano a mano, o Yates provavelmente vai trabalhar com muito espaço pros passes. Contra uma defesa como Ravens, Steelers ou Niners, dificilmente isso vai consistir não problema, são boas defesas contra o jogo terrestre e que colocam pressão sem recorrerem à blitz, mas contra o Bengals, que tem uma defesa sólida mas não excepcional, talvez o cobertor seja um pouco curto no decorrer da partida.

Por isso é extremamente importante que o Yates consiga acertar os passes curtos, achar o Andre Johnson quando ele estiver no mano a mano e trabalhar bem no play action. O ataque do Texans não precisa carregar nas costas o ataque, a defesa ainda vai ter esse papel, mas ele precisa pelo menos conseguir manter a defesa do Bengals ocupada, controlar o ritmo do jogo e arrancar os pontos que conseguir. O ataque do Bengals é disciplinado, o Andy Dalton vai cometer alguns erros mas também vai acertar outros passes, então a defesa dificilmente vá poder viver de turnovers. Isso aumenta a responsabilidade do ataque de pelo menos conseguir field goals. O Broncos já mostrou que você tem que pelo menos ser capaz de manter uma defesa preocupada com um passe, e se o Texans for conservador demais e só passar nas situações Broncos de passe vai virar uma presa fácil para a defesa do Bengals, então o ataque aéreo tem  que pelo menos parecer funcionar. Isso vai permitir ao Texans ficar criativo e explorar mais o jogo terrestre e especialmente os play actions. Imprevisibilidade é uma grande parte do sucesso de um ataque de futebol americano, especialmente se não contar com um QB de elite.

Do outro lado, o ataque do Bengals não deve ser o fator determinante da partida. A não ser que o Bengals consiga abrir um grande placar logo de cara pontuando em massa - o que, francamente, eu duvido que consiga - esse jogo vai ser decidido no ataque do Texans e na defesa do Bengals. O ataque do Bengals tem é que cuidar bem da bola para não dar oportunidades de graça ao ataque e se contentar com pequenas pontuações (leia-se Field Goal) quando não der pra anotar o TD.

Aliás, pra mim esse jogo tem um interesse especial porque deve terminar o futuro dos playoffs. Eu explico: O Steelers muito provavelmente vai ganhar do Broncos. O que significa que se o Bengals ganhar ele enfrenta o Patriots e o Steelers enfrenta o Ravens. Se o Texans ganhar enfrenta o Ravens e o Patriots pega o Steelers. Só que isso é de fundamental importância porque pra mim o Steelers é um péssimo matchup pro Patriots e o Ravens é um bom matchup. Pro Patriots, pegar o Steelers é péssimo e eu acho que perde, mas pegar o Ravens é muito melhor. Se o Ravens puder enfrentar o Steelers antes do Patriots, é ótimo pro time de New England. Se o Steelers vencer o Pats antes, ótimo pro time de Baltimore. Em outras palavras, esse é o jogo que pode determinar o título da AFC, ainda que dificilmenhte ele saia desse jogo. Confuso? Um pouco, eu sei...


Palpite: Por jogar em casa e porque eu acho que o Yates vai conseguir manter o ataque equilibrado o suficiente, voto no Houston.


terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Epílogo NFL - Os contenders

Parte três e final do nosso Epílogo NFL, trazendo os 12 times que pra mim são times de playoffs. Já expliquei meus motivos pra ter incluído aí um time (Dallas) que não vai aos playoffs: Pra mim esse time pertence aos playoffs mais do que Denver ou Raiders, e eu preferiria ver meu time enfrentando qualquer um desses dois ao Cowboys nos playoffs. Então eles entram no nosso top12, ainda que um deles vá pra casa. Pra mim, esses são os 12 melhores times da NFL.


12. Dallas Cowboys
Da pra encher um livro com todos os jogos idiotas que o Cowboys perdeu essa temporada, especialmente pro Cardinals. Mas na verdade essa é a história da NFC East nessa temporada, tanto ele como o Giants desperdiçaram mais chances do que tinha direito e por isso chegaram no final precisando vencer um último jogo. Se o  Dallas vence aquele jogo contra o Cards, se o Dallas não perde pro Redskins... Era só vencer semana passada (Um jogo que o Dallas não jogou a sério e descansou seus titulares porque o resultado não faria a menor diferença depois da vitória do Giants) e garantir o título sem precisar ir jogar um jogo bem difícil contra o Giants em New York no típico jogo que você já sabia que o Cowboys vai entregar.

Porque o Cowboys é um time que podia assustar? Tem um bom jogo terrestre, tem um bom Quarterback, tem bons recebedores e tem condições de pressionar o Quarterback, o que já coloca ele na frente dos outros times da NFL. Mas ao mesmo tempo o Tony Romo ttinha questões quanto à sua forma física (problemas na mão), o ótimo DeMarco Murray não voltava essa temporada e a defesa ainda tem muitos problemas, não consegue jogar bem contra o jogo terrestre e a secundária comete excesso de faltas. E também tem o seguinte: Na NFL, você tem que saber fechar jogos. Não adianta você ter um grande jogo, chegar no final e não conseguir fazer o básico (o que é basicamente a definição do Tony Romo, um QB capaz de passar facilmente pra 350 jardas e 3 TDs mas errar dois passes fáceis e decisivos no final que acabam custando o jogo), e o Cowboys não está conseguindo jogar nos finais das partidas. Tem acompanhado o time desde o começo da temporada.

O Cowboys agora tem que colocar ordem na casa, decidir se vai manter o Romo (pra mim devia) e o Jason Garrett (Esse eu não tenho certeza), e seguir em frente. Talento não falta, falta consistência, melhorar a secundária, um pouco de experiência a alguns jogadores e aprender a decidir jogos no final. Não vejo motivo - ainda - pra tacar tudo pro alto e recomeçar. Você terá um grande RB em 2012. Seu corpo de WRs ainda é excelente. Sua linha ofensiva vai estar melhor. É só achar um jeito de transformar todo esse talento em vitórias... Mas claro que se fosse fácil o Chargers já teria uns três títulos.


11. Houston Texans
O Texans foi um time que deu muito azar nessa temporada. Eu sei que até cheguei a botar fé no time, mas ela sumiu. Considere apenas o seguinte:

a) O Texans estará nos playoffs sem Mario Williams, seu melhor defensor e um dos grandes pass rushers da NFL. A defesa do Texans é muito sólida, mas sente falta de playmakers. E o Williams era um que tinha tudo pra levar essa defesa ao próximo nível.
b) O Texans estava jogando com seu terceiro QB (TJ Yates)... Até ele se machucar e dar lugar para o Jake Delhomme!! Jake Delhomme! Não sei se o Yates joga nos playoffs, mas lembrem-se que na última partida do Delhomme nos playoffs ele lançou quatro interceptações e um ótimo time do Panthers foi massacrado por um ótimo time do Cardinals. Ótimos times de Panthers e Cardinals, que saudade de 2008...
c) O melhor jogador ofensivo do Texans, Andre Johnson, está saindo agora de uma lesão importante, e já perdeu muitos jogos por conta disso. Não da pra garantir que ele estará em plena forma nos playoffs, e num ataque sem seus principais QBs e com alguma falta de alvos...

Olha, eu gosto do Texans. Acho um time jovem que tem uma defesa forte, bons jogadores dos dois lados da bola, um time versátil, profundo e capaz de jogar de qualquer forma que achar melhor. Mas isso quando está saudável. Você absolutamente conseguiria montar um argumento pra me convencer que o Texans tinha chances de chegar ao Super Bowl se não fossem as lesões. Era um time que tinha capacidade de se adaptar a qualquer adversário, jogar de diversas formas e explorar os pontos fracos do adver´sario sem ter que se desmontar. Agora o Texans só ficou com uma forma de jogar, controlar o relógio, jogar pelo chão, evitar erros e confiar numa defesa que está sem seu playmaker. Você conseguiria me convencer das chances do Texans sem as lesões. Não consegue me convencer o mesmo sobre o Texans atual. Com um ano a mais pra treinar e evoluir, a volta dos lesionados... Numa AFC relativamente fraca? Olho em 2012.

10. Atlanta Falcons
O típico caso do time que parece muito bom contra times ruins mas que tem dificuldade para jogar contra bons times, especialmente time com boas secundárias e capazes de fechar a corrida OU que tem um bom ataque aéreo. Tomou uma surra do Saints, foi dominado pelo Texans... Mas contra Jaguars, Tampa Bay ou Vikings o time foi bem, o Matt Ryan foi prolífico e o Julio Jones mostrou porque o Falcons trocou a casa por ele.

Olha, nos playoffs, a temporada regular ficou pra trás. São coisas totalmente diferentes, jogar bem na temporada regular não é indicador de nada pra pós-temporada, e igualmente tivemos times que não tiveram uma boa temporada regular e chegaram ao Super Bowl. Mas a temporada regular pode muitas vezes dar uma indicação de como um time está montado. E esse Falcons não está montado para vencer times fortes. As maiores fraquezas do time na última offseason (tirando WR, que eles pegaram o Jones) era a falta de outro pass rusher pra fazer par ao John Abraham e a secundária. A secundária está melhor, mas o Ray Edwards não tem feito nada. Pra piorar, a linha ofensiva não tem conseguido mais abrir espaços para o jogo terrestre ou dar o tempo ideal pro Matt Ryan, e com o jogo terrestre o time está dependendo demais do jogo aéreo e de um Matt Ryan errático que só sabe jogar em temporadas de anos pares (ainda estamos na de 2011). Difícil brigar por alguma coisa, pra mim é o pior time da NFC nos playoffs.


9. Cincinnati Bengals
O Bengals tem uma boa defesa, que joga de forma bem física, apesar de estar com a secundária toda estrupiada por lesões. Tem um bom jogo terrestre, um jovem QB que tem jogado muito bem, e o AJ Green só não será o calouro do ano porque tem um cara na Carolina que dizem que joga bem. Boa defesa, linha ofensiva boa, alvos de qualidade e QB talentoso, parece o caminho do sucesso, certo? Bom, cuidado, porque o Bengals não é exatamente o time que parece.

Sim, o Bengals tem um time muito ajeitado e completo. Eu gosto bastante do time, e acho que tem futuro graças à ajudinha que recebeu quando o Raiders mandou uma escolha de primeira e uma de segunda rodada pelo Carson Palmer numa das trocas mais bizarras da década. Mas não da pra ignorar os fatos. O Bengals chegou aonde chegou por causa da sua solidez e consistência que lhe permitiu vencer praticamente todos os seus jogos contra times inferiores, mas o Bengals sofreu contra adversários mais fortes. Tudo bem, não foi culpa sua que o time teve cinco jogos contra Ravens, Steelers e 49ers, mas o Bengals venceu apenas um jogo contra times que tinham um record positivo, e foi o Titans, que não é nenhuma superpotência. É difícil ver o Bengals tendo um jogo horroroso e consistência é importante, claro, mas também não vimos muito do Bengals se superando e vencendo adversários para mostrar presença, ainda mais agora sem o Leon Hall.

Isso não é nenhuma ofensa para um time que se montou justamente nessa temporada, não teve uma offseason e tem seus dois principais jogadores de ataque calouros. Além disso, é bom lembrar, o Bengals ainda tem a escolha de primeira rodada do Raiders ano que vem e a de segunda rodada do Oakland em 2013. O núcleo do time é bem jovem, tem boas escolhas de Draft pra reforçar ainda mais a secundária e o corpo de recebedores, e tem que continuar evoluindo o que já tem. Mas pra ser campeão o time tem que fazer três vezes seguidas o que não fez até aqui, ganhar de times fortes (tirando o Texans).


8. New York Giants
Antes de mais nada, queria pedir desculpas aos fãs do Giants por ter dito que duvidava das chances do time de ganhar a divisão. Eu achei que as lesões que o time sofreu (destruiu a secundária, atrapalhou muito a linha de frente da defesa, atacou até a linha ofensiva) iam impedir que o time tivesse uma temporada a ser levada a sério, e disse isso no preview da temporada. Realmente me enganei nessa (Em minha defesa, eu não esperava que o Victor Cruz fosse surgir como um playmaker desse nível e não achei que o Eli Manning ia dar esse salto em produtividade... E também não imaginei que 9 vitórias fossem suficientes para garantir o título da divisão em 2011).

O Giants pra mim é um time com enorme upside e que eu não duvido nem um pouco que engate uma quinta marcha e surpreenda todo mundo. O Giants faz duas coisas muitíssimo bem (passar a bola e pressionar o QB) e, graças a isso, tem um ataque explosivo o suficiente pra bater de frente com qualquer time na Liga. O ataque terrestre é errático, mas eu gosto da dupla Ahmad Bradshaw/Brandon Jacobs como um complemento ao Eli versão 2011, especialmente com o Cruz jogando o que tem jogado. É um time que tem uma ótima linha de frente, pressiona muito bem o QB e consegue jogar contra a corrida quando reforça a linha, como mostrou contra o 49ers. Além disso, é um time que fica confortável pra produzir nos quartos períodos, e isso é ainda mais importante nos playoffs. Além disso, se você quer ser campeão na NFC, tem que conseguir vencer o Packers, e o Giants tem o pessoal pra tentar colocar a teoria em prática: Ataque explosivo, pass rush muito forte que não precisa recorrer a defensores extras, e um jogo terrestre capaz de controlar o ritmo do jogo contra uma defesa que tem tido problemas contra bons RBs.

Mas ao mesmo tempo que o Giants tem potencial pra surpreender todo mundo com sua combinação de Eli Manning/Jason Pierre-Paul (ataque aéreo e pass rush), eu confesso que fico com um pé atrás com esse time. Eu disse que o Dallas perdeu jogos "ganháveis", mas o Giants também perdeu jogos bem ganháveis para Seahawks, Redskins e Eagles, em momentos onde o time - e em especial o Eli - sofriam apagões e pareciam esquecer o cérebro em casa. Ainda é um time que tem problemas com o jogo aéreo e não consegue cobrir pelo ar e pelo chão ao mesmo tempo (Contra o 49ers o time aproximou muito da linha defensiva pra parar o Frank Gore e viu o Alex Smith massacrar os azuis pelo ar) e que ainda não aprendeu a controlar os turnovers. Em outras palavras, é um time que tem o talento e os jogadores pra surpreender todo mundo... Mas podem ser uma "surpresa" justamente porque num primeiro momento eu ainda encaro esse time com muita desconfiança. O trio de ferro da NFC (Niners, Packers, Saints) mostrou muito mais consistência e são times mais completos do que o Giants, e pra mim ainda estão num patamar acima. E embora não signifique nada a essa altura, vale lembrar que o Giants já perdeu pros três.


7. Detroit Lions
O Lions está acima do Giants porque teve uma tabela mais difícil (Packers duas vezes, Saints, Niners, Bears no auge...) mas manteve um record melhor, mas principalmente porque não mostrou a inconsistência e bipolaridade que o time de NY mostrou. Pra mim o potencial de engatar a quinta marcha e surpreender todo mundo até o Super Bowl do Giants é bem maior do que o do Lions (até porque o caminho do Lions seria bem mais difícil, seria Saints, Packers e Niners), que eu tenho dificuldade em imaginar chegando ao Super Bowl no momento, mas eu também consigo ver mais facilmente o Giants não aparecendo pra jogar com o Eli lançando três interceptações do que o Lions. Eu não acho o Lions um time melhor que o Giants, mas essa posição vai pela consistência que o Giants não demonstrou durante a temporada.

O Lions é, ao exemplo do Bengals, um time muito jovem que jogou bem contra times inferiores mas teve alguma dificuldade contra times mais fortes (Perdeu seus quatro jogos contra Packers, Niners e Saints, sem falar de um jogo contra o Bears quando eles estavam jogando o fino da bola). Também é um time bem jovem que ainda tem muito a crescer. Mas ao contrário do Bengals, pra mim o Lions já está num estágio mais avançado da sua reconstrução, o suficiente pra pensar mais alto. Sua defesa ainda tem problemas na secundária e na defesa terrestre (o primeiro precisa de alguma atenção na offseason/Draft, o segundo deve melhorar com um Nick Fairley saudável), mas é capaz de colocar pressão no QB e de repente forçar alguns turnovers. Mas a força do time é o seu ataque, o Matthew Stafford está numa fase espetacular, o Calvin Johnson é uma força da natureza e agora esse ataque começou a envolver melhor seus outros jogadores ofensivos (Titus Young, Nate Burleson, etc). É um ataque extremamente explosivo e que consegue colocar pontos no placar, especialmente se a defesa engrenar e voltar a conseguir sacks.

O Lions só tem três grandes pontos de interrogação para os playoffs se quer ser levado a sério. O primeiro é a defesa, ela tem sido bem vulnerável e não está mais conseguindo os sacks que eram sua força. O segundo é o seu jogo terrestre. Se você quer vencer Saints e Packers, tem que conseguir controlar o relógio através do jogo terrestre (nenhum dos dois defende bem pelo chão), mas sem o Jahvid Best e com um ataque predominantemente aéreo, será que o Lions vai ser capaz disso quando chegar a hora?

E terceiro e mais importante, o Lions tem que parar de se autodestruir. São faltas idiotas em jogadas cruciais que destroem campanhas ou dão mais chances ao adversário, são jogadores sendo expulsos, são turnovers idiotas, são decisões imbecis... É um time nervoso e imaturo que transformou isso muitas vezes em derrotas, um time que não tem lidado bem quando pressionado e reage da pior forma possível. Talento o Lions tem, mas a grande pergunta é: eles tem cabeça pra desafiar os bichos papões da NFC?


6. Pittsburgh Steleers
Todos os 12 times desse post são, pra mim, times de playoffs. Alguns - em especial Lions e Giants - inclusive tem o talento pra surpreender, explodir e incomodar todo mundo, de repente até chegar ao Super Bowl. Mas pra mim, sendo realista, o Super Bowl está nesse momento em disputa entre seis times, os seis últimos times desta lista, começando com o Pittsburgh Steelers.

Durante a temporada, eu achava o Steelers o candidato mais provável ao Super Bowl numa AFC bem mais fraca que a NFC. Não só isso, o Steelers era o time mais completo da NFL: Tinha um grande QB, um bom corpo de recebedores, bons running backs e uma excelente defesa que viu seus cornerbacks melhorarem e muito ao longo da temporada. Era um time que estava acima dos seus concorrentes, que tinha experiência nos playoffs e que pra mim era mais sólido do que qualquer time na AFC. Ainda é, pra mim, um time que tem um ataque mais confiável que o do Ravens e uma defesa muito mais sólida que a do Patriots e por isso é o time mais completo da AFC.

Essa colocação no Power Rankings se dá por um simples motivo: Lesões. O Steelers ainda é um bom time, mas tem problemas com lesões demais. Tem problemas na defesa, na linha ofensiva... O Big Ben Roethlisberger está vindo de lesões complicadas, o Rashard Mendenhall rompeu os ligamentos do joelho... Eu não sei dizer como eles vão vir depois de uma semana de descanso que eles tiveram contra o Browns, mas o Ravens e o Patriots não são times tão fracos assim pra serem vencidos por um Steelers baleado, com o jogo terrestre afetado e com um Big Ben possivelmente no sacrifício E jogando fora de casa, num ano onde o time pareceu ter dificuldades longe do Mostardão. Não sei se o Steelers consegue ser melhor que esses dois jogando fora de casa sem estar com seu QB 100%, e pela incógnita fica com o sexto lugar.


5. Baltimore Ravens
O Ravens é um bom time, tem o Ray Rice e uma ótima defesa, mas é um time que também enfrenta algumas questões. A primeira (e graças à sua 2nd seed, menos significativa) é a dificuldade de jogar fora de casa. O Ravens tem sido um time dominante em casa, mas que tem encontrado dificuldades pra fazer o mesmo fora de casa. Como o Ravens só jogaria fora de casa na Final de Conferência, não é a maior preocupação do time.

Segundo, o time é quase tão bipolar quanto o Giants. Claro, o Ravens venceu os grandes times que enfrentou (Steelers duas vezes, Niners...) ao contrário do Giants, mas também teve derrotas para o Seahawks antes do Marshawn Lynch engatar a boa fase, para o Jaguars e também foi massacrado pelo time bipolar do San Diego (todas fora de casa). Isso se deve especialmente ao fato do Joe Flacco não ser um QB muito confiável. Ele tem um braço forte, tem bons dias onde ele é capaz de ganhar o jogo com o braço e passar das 300 jardas, mas também tem jogos ridículos onde ele não aparece pra jogar e comete muitos erros. Ele é como uma versão mais extremista do Alex Smith, quando joga bem ele é capaz de fazer uma diferença maior que o Smith com seu braço e ganhar um jogo sozinho, mas quando joga mal ele comete turnovers e atrapalha o time muito mais do que o camisa 11 do Niners.

De certa forma, o Ravens é um time bem forte que tem várias armas e está chegando saudável aos playoffs. A defesa é agressiva e física, e o ataque tem dias onde tudo funciona perfeitamente. Mas o time também tem dias onde parece sumir, onde a defesa não consegue cobrir ninguém e quando o ataque parece que só vai ter destaque quando tomar um retorno pra touchdown. Consistência é importante na pós temporada, o Ravens ainda tem que ganhar três jogos antes de ser campeão e se o Patriots não perder antes, só um deles será em casa. Tenho minhas dúvidas se o Ravens vai conseguir jogar três jogos assim no alto nível que pode quando está totalmente focado e o Flacco aparece pra jogar, mas se conseguir é o melhor time da AFC, à frente dos lesionados Steelers e da defesa horrível de New England.


4. New England Patriots
Ao contrário dos dois concorrentes pelo título da AFC, o Patriots não é um time bipolar, e não é um time que enfrenta questões sobre se conseguirá ou não jogar no seu melhor nível nesses playoffs. O Patriots é um time que consistentemente tem jogado no seu melhor nível, e é um time no qual você sabe perfeitamente o que vai dar certo e o que vai dar errado. Você não depende do Big Ben estar saudável ou do Flacco estar num bom dia, você sabe suas forças e limitações, a questão é como elas vão se desenvolver ao longo do jogo. O voto do Patriots é pela consistência que apresenta. Pra mim, se os três times top da AFC estiverem 100% num certo dia e jogarem o que podem, o Steelers é o melhor dos três e o Patriots é o pior. Mas eu confio muito mais na capacidade do Patriots de jogar assim em um jogo do que na dos lesionados Steelers e bipolares Ravens.

A força da equipe a gente sabe qual é, o ataque. Se a NFL tem ataques que rivalizam com o de New England, eles estão em New Orleans e Green Bay apenas. Tom Brady ainda é o melhor QB da NFL e sem dúvida é o melhor da AFC atualmente e está fazendo um grupo de bons jogadores parecer uma versão ambulante do Hall da Fama. Rob Gronkowsky e Aaron Hernandez são muito bons jogadores, mas nas mãos do Brady eles parecem versões melhoradas do Shannon Sharpe e do Kellen Winslow, estão quebrando recordes atrás de recordes e está ficando cada vez mais difícil parar essa dupla, especialmente se a cobertura nos dois continuar sendo feita por linebackers. O Wes Welker também é um jogador de muita qualidade, o verdadeiro recebedor de elite dessa equipe, e é capaz de dominar o meio do campo. O pecado do ataque do Patriots é a falta de wideouts. Hernandez e Gronkowsky são capazes de estender o campo, mas são Tight Ends que usam melhor seu tamanho e velocidade em distâncias médias e pelo meio do campo, assim como Welker. Os wideouts do Patriots são Chad Ochocinco (que ainda não mostrou a que veio) e Deion Branch, dois jogadores que podem ser perigosos nas mãos de um grande QB mas que estão muito erráticos e não atraem coberturas dupla de forma alguma. A falta de jogadores pra abrir o campo pelas laterais e em profundidade (Jogadores como Marques Colston, Jordy Nelson ou Greg Jennings) é  a falha desse ataque, mas que já da o suficiente pra tirar o sono dos adversários mesmo sem isso. Nenhum ataque na AFC se compara a esse.

Já sua fraqueza a gente também conhece, a defesa que mais parece uma esponja. A defesa do Patriots não é só ruim, ela é horrorosa e ainda perdeu seu melhor pass rusher quando o Andre Carter se machucou. Ela é a pior defesa desses playoffs e já mostrou que não é capaz de segurar nenhum time a placares baixos, o Patriots tem tomado muitos pontos e só tem vencido porque seu ataque está fazendo mais do que sua defesa está tirando. Normalmente, eu duvidaria da capacidade de um time com uma defesa tão ruim chegar ao Super Bowl, mas num ano onde a AFC está tão fraca, com um Ravens inconsistente e um Steelers baleado... Talvez o Patriots consiga fazer o suficiente pra chegar lá. Como eu já disse, a 100%, o Patriots é o pior time dos três. Mas também é o único time que consegue jogar consistentemente perto desse 100%, e é o time com o melhor Quarterback. E essas duas afirmações significam alguma coisa...


3. San Francisco 49ers
Dos meus 8 melhores times da NFL nesse momento, cinco são da NFC, incluindo os três melhores. Se o Saints jogasse na NFC, estaria no Super Bowl em questão de segundos. Mas na NFC ele ainda vai ter que passar por Lions, Niners e Packers. Acontece, acompanhamos por tantos anos uma NFL onde a concentração das grandes equipes era na AFC, e agora esse balanço está totalmente revertido.

Dos quatro times do topo dessa lista, o 49ers é o único que não apresenta um ataque devastador e uma defesa relativamente fraca (chegaremos lá). Na verdade, o estilo de jogo do Niners está muito mais próximo do Ravens: Uma defesa extremamente forte, um ataque direcionado para o chão e dúvidas quanto ao Quarterback. No caso do Smith, o problema não é a inconsistência do Flacco, e sim dúvidas quanto à sua capacidade de tomar um jogo nas mãos e ganhar usando o braço caso um adversário (e na NFC temos dois grandes candidatos a forçá-lo a isso). O Niners foi um time montado para jogar um estilo de futebol que não precisa de 300 jardas e 3 TDs do seu QB pra vencer, mas precisa que esse QB evite turnovers, converta terceiras descidas curtas e posicione os field goals do David Akers. Dentro desse contexto, o Alex Smith está tendo uma ótima temporada, está tomando conta muito bem da bola, ficando longe de turnovers e até fazendo bons passes. Se o Niners continuar jogando como gosta - controlando o jogo e o relógio pelo chão, usando sua defesa e special teams fora de série pra conseguir grande posições de campo, não disperdiçando a bola - e impondo seu estilo de jogo, o Smith não vai precisar ser o diferencial pra vitória do time.

O problema é que, as vezes, você vai ser forçado a sair do seu estilo de jogo pelas circunstâncias. Packers e Saints tem um ataque explosivo demais e podem muito bem abrir um placar que obrigue o Niners a acompanhar o ritmo pelo ar, ou então cheguem no final do jogo vencendo com pouco tempo no relógio e o Niners tenha que executar um ataque de dois minutos. Nessas circunstâncias, o Niners vai ter que sair da sua zona de conforto e confiar nos passes do Smith, e é uma incógnita como ele vai se comportar. O Smith teve dois jogos onde foi forçado a passar a bola. Um onde não deu certo contra o Ravens (Embora a culpa não seja totalmente dele, a linha ofensiva foi patética e o Terrell Suggs tava com o capeta no corpo) e um onde ele teve um jogo magistral contra o Giants. A sorte do Niners é que seus maiores rivais, Saints e Packers, não possuem grandes defesas terrestres e por isso o Niners tem condições de estabelecer o seu jogo. Se eles congestionarem a linha de scrimmage como fez o Giants, aí vai abrir espaço pro jogo aéreo e Smith vai ter que mostrar que pode vencer jogos.

A questão do Patriots é: Você pode ser campeão com essa defesa? A do Niners, é o oposto: Você pode ser campeão com Alex Smith de Quarterback? Eu não tenho uma resposta. Essa é uma Liga onde o jogo aéreo está cada vez mais estimulado e por conta disso cada vez mais os Quarterbacks são essenciais para um bom time. Mas o Niners tem a melhor defesa da Liga, o melhor special teams e um excelente técnico, e você nunca pode descartar um time com essas características. Pra mim é o azarão entre os três melhores times da NFC, mas não é um time que possa ser descartado.


2. New Orleans Saints
O Saints é um time do molde do Patriots, grande ataque e defesa suspeita. A diferença entre os times é que existe uma diferença entre sua defesa ser "suspeita" e ser "crime contra o futebol americano", mas ainda é o mesmo estilo. O Drew Brees acabou de estabelecer um novo recorde para jardas aéreas quebrando o antigo do Dan Marino (Tom Brady também bateu o recorde antigo), o que só nos lembra de como é importante separar o feito da era. Passar pra 5000 jardas em 1984 era impossível, a defesa tinha muito mais recursos pra atingir o Quarterback, deter os recebedores na linha de scrimmage, atingir qualquer recebedor em direção à bola, acertar o capacete de qualquer jogador (ou os joelhos do QB, razão do Marino ter aposentado) e aquela temporada foi a melhor temporada regular de um QB em todos os tempos. Hoje? Você não pode atingir um QB na cabeça, depois que ele lançou ou no joelho; você só pode encostar no WR de leve na linha de scrimmage; não pode encostar nele em NENHUM OUTRO LUGAR até ele tocar na bola, e mesmo ai não pode atingir ele na cabeça. São dois mundos totalmente diferentes pra Quarterbacks. Não acredita? Então veja esses dados que o Bill Simmons colocou na coluna dele dessa semana:

Em 1984, um QB passou das 5000 jardas (Marino) na melhor temporada de todos os tempos. Além dele, só dois QBs chegaram nas 4000 jardas, e mais ninguém passou de 3800. Só cinco QBs em toda a Liga tentaram mais que 500 passes (Marino tentou 564). Em 2011? 10 passaram de 4000, seis passaram de 4500, e três passaram de 5000! Até a semana 16 (!!) dez quarterbacks já tinham passado mais de 500 vezes, com o Drew Brees tentando 622. Estão vendo a diferença? São épocas totalmente diferentes, não tem nem como comparar os números de hoje com os números de 25, 20 anos atrás.

O que não tira o mérito do Drew Brees pra essa temporada, não muda o fato que ele teve uma temporada espetacular, dominou esse ataque de forma brilhante e jogou as últimas semanas num nível superior a qualquer outro QB da Liga. Aliás, o ataque do Saints pode não ter tantas armas como o do Packers em termos de jogo aéreo (Eu gosto do Colston, mas prefiro Nelson ou Jennings qualquer dia da semana), mas ele é um pouco mais completo porque se sente confortável com o jogo terrestre, tem quatro bons RBs que complementam bem o ataque aéreo e permitem ao Brees trabalhar no play action e sabem receber passes, em especial o Darren Sproles que é um missmatch ambulante.

O Saints vai precisar que sua defesa também jogue bem, uma unidade que foi uma das piores da NFL no começo da temporada mas que aos poucos foi melhorando. Ainda não está no nível ideal, está tendo dificuldade para forçar turnovers e tem falhas graves na cobertura da secundária. O Saints é um time que vai transformar qualquer jogo num shootout pra contar com o braço do Brees o máximo possível, mas se enfrentar um time que controle o relógio, ganhe boas posições de campo e force turnovers - digamos, como o 49ers - pode ter sua fragilidade exposta. Mas essa é uma liga de QBs, e o Saints tem um dos melhores no Drew Brees. Eu não vejo o Packers ou qualquer time da NFL desacelerando esse ataque tirando, talvez, o Niners. E nenhum time está entrando nos playoffs mais embalado que o Saints. Nenhum.


1. Green Bay Packers
Foi o melhor time da NFL do começo ao fim. Aliás, estou agradecendo até agora pelo Matt Flynn ter ilustrado meu ponto principal sobre o ataque do Packers. Eu falei algum tempo atrás que o Aaron Rodgers era um excelente QB, estava na elite da elite da Liga, mas que ele tinha uma vida mais fácil que qualquer outro QB da NFL porque ele tinha o melhor conjunto ofensivo da NFL no que tange a jogo aéreo. Ele tinha pelo menos três jogadores que não podiam ser marcados por uma pessoa só (Nelson, Jennings e Jermichael Finley, ainda que esse último esteja começando a dropar passes demais) e mais dois bons alvos complementares (Randall Cobb e Donald Driver). Isso ajudava porque a defesa sempre ia ter um cobertor curto pra cobrir esses jogadores e, quando apertado, uma fração de segundos era tudo que demorava pra algum desses jogadores se desmarcar e dar uma opção de passe (claro que acertar o jogador nessa fração não é fácil, e o Rodgers é mestre nisso, mas ajuda muito ter jogadores capazes de darem essa opção pra ele). Claro que se fosse um bom QB mas não Rodgers - Matt Schaub, digamos - o time não seria a máquina ofensiva que é e nem estaria com os números do Rodgers, e nem estaria fazendo a Liga toda se esconder embaixo do colchão, mas o ataque ainda seria muito bom porque é um excelente conjunto. A ideia não era desmerecer o Rodgers, e sim mostrar como não era um ataque que dependia só do QB e como ele tinha uma conjuntura mais favorável do que qualquer outro QB da NFL pra ninguém sair simplesmente falando de estatisticas. Um jogo do Matt Flynn de 380 jardas e 6 TDs, contra um bom time que queria vencer a todo custo pra evitar o Saints depois... Acho que meu ponto está aí. Obrigado, Flynn, sua recompensa vai ser um contrato de 60 milhões do Seahawks ou do Redskins.

O que não muda o seguinte fato: O Packers tem o melhor conjunto aéreo da NFL, tem um dos três melhores QBs do mundo e, o que eu acho mais impressionante, é um ataque que mesmo com toda sua explosão comete muitos poucos erros. Na verdade, essa eficiência de não cometer quase nenhum erro e aproveitar todo e qualquer erro do adversário seja ainda mais assustadora do que o ataque explosivo da equipe. A defesa do Packers está jogando mal essa temporada e cedendo jardas demais - falta um outro pass rusher além do Clay Matthews, os safetys estão atrasados na cobertura, o time está errando muitos tackles e os linebackers não estão jogando bem, facilitando passes pelo meio e corridas - mas é uma defesa que está conseguindo forçar muitos turnovers, em especial interceptações. O time tem bons cornerbacks e eles são responsáveis por boa parte dessas interceptações, mas fumbles forçados, alguns passes desviados... É uma defesa que está sendo agressiva, que sabe que não é sombra do que foi ano passado mas que está compensando isso arriscando pra tentar roubar a bola, e o ataque está convertendo essas possibilidades.

O Packers é um time perfeito? Não, nem de longe. Muito menos o melhor time da história da NFL, como boa parte da mídia esportiva tanto quis passar. Mas é um ótimo time, com um grande Quarterback, um excelente ataque e uma defesa que está forçando turnovers, e é hoje o melhor time da NFL. A defesa do Packers é melhor que a de Patriots e Saints, e o ataque é muito melhor que do Niners ou Ravens. O Chiefs já nos mostrou como vencer o Packers, e Saints e Niners tem condições de o fazerem num dia bom, ou num dia ruim do Packers. É playoffs, mata mata, um jogo só... Tudo pode acontecer. Mas que agora, antes dos playoffs começarem, o Packers é o melhor time da NFL e meu candidato ao título... Sim, ele é. Que venham os playoffs!!