Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

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quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Algumas considerações sobre a rodada de Wild Card

Para participar do nosso mailbag, ou seja, enviar uma pergunta/comentário/dúvida/tópico de debate para ser respondida aqui no blog e no Esporte Interativo, é só mandar um email para tmwarning@hotmail.com com o título "Mailbag" que ele pode aparecer por ai. Forma de tornar isso mais interativo e próximo dos leitores. Então participem! O tema do próximo será playoffs, então aproveitem para enviar seus emails!


"Captain Luck, ao resgate!"



No próximo bimestre, começaremos uma série chamada Sports Mythbusters. A idéia é bem simples, pegar clichês, mitos ou lugares comuns dos esportes americanos e colocá-los a prova. Então estamos aceitando sugestões, e qualquer mito, frase comum, chavão ou coisa assim dos esportes que vocês querem ver testada e comprovada (ou ao contrário, que quer ver desmentida) podem mandar que vamos analisar os melhores. Mais uma chance de vocês sugerirem nossas pautas. Podem mandar emails com as sugestões para tmwarning@hotmail.com, para o twitter @tmwarning, ou simplesmente colocar nos comentários quando der na telha.
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Primeira rodada dos playoffs já está no passado, e me parece uma boa hora para passar rapidamente por alguns tópicos interessantes ou relevantes que se apresentaram nesse último final de semana de excelente futebol americano - deixando os comentários sobre os jogos do próximo final de semana para outra ocasião. Passando rapidamente por dois esclarecimentos...


Ausência forçada

Infelizmente, estando fora do país nas últimas semanas, não foi possível fazer uma cobertura decente da rodada de Wild Card. Eu até consegui acesso suficiente a internet para colocar meus palpites para a semana 17, mas depois disso não tive a oportunidade, e por isso só agora, de volta, que eu vou conseguir retomar o ritmo dos playoffs da NFL. Vamos ver se conseguimos manter o ritmo até o Super Bowl.

A outra coisa é a ausência do prometido Mailbag. Essa tem uma causa mais simples: não recebemos emails suficiente. Apenas duas pessoas mandaram perguntas, então ele foi adiado para outra ocasião - uma ocasião na qual teremos um número razoável de questões para responder e debater.

Então vamos tentar tirar o tempo perdido em relação a essa rodada de WC, começando com....


A verdade indubitável sobre os playoffs da NFL

Eu repito isso sempre que tenho a chance, e cada vez mais é verdade: nos playoffs, qualquer time que chega pode ser campeão. A natureza muito volúvel do jogo e a amostra extremamente pequena dos playoffs faz com que o nível de incerteza seja enorme, e com essa amostra pequena o impacto de diversas coisas pequenas (um quique diferente de bola em um fumble, vento que atrapalha um FG, um drop, etc) assume uma importância muito maior. Por esse motivo eu digo que qualquer time que chega aos playoffs pode ser, de fato, campeão. Não quero dizer, claro, que cada time tem chances iguais de ser campeão quando chegamos nos playoffs - quanto melhor o time, maiores as chances dele ganhar, já que esse tipo de coisa tende a ser aleatória. Mas em geral, ou pelo menos tem sido o caso nos últimos ano, tem vencido não o melhor time mas o time que pega fogo na hora certa e/ou da alguns golpes de sorte.

Se não acredita, é só fazer uma retrospectiva: em 2012, Ravens era o terceiro melhor time da AFC, mas Joe Flacco e Anquan Boldin pegaram fogo na hora certa, o time deu uma meia dúzia de golpes de sorte (a furada do Rahim Moore, a lesão de Aqib Talib, e a falta não marcada na end zone no Super Bowl) para chegar ao título - um ano depois, o time sequer foi aos playoffs. Em 2011, o Giants se tornou o primeiro time 9-7 a vencer o Super Bowl E o primeiro time com saldo de pontos negativos a vencer o Super Bowl, principalmente porque sua linha defensiva teve uma performance dominante (que nunca mais replicou), porque o time recuperou sete fumbles seguidos e porque Kyle Williams retornou alguns punts - eles não foram aos playoffs desde então. O Packers de 2010 só foi aos playoffs porque o Bucs perdeu em casa, em OT, para o Lions sem Matt Stafford na semana 16. Em 2009, o melhor time da NFC de fato venceu o Super Bowl (o Saints começou o ano 13-0 antes de perder as três últimas), mas um em quatro anos não é exatamente uma grande vantagem para os "melhores times da NFL". Você entendeu o sentido: ser bom é muito importante, mas muitas vezes quem vai ganhar o título é aquele time que ficou saudável na hora decisiva, viu alguns fumbles ou erros individuais acontecerem a seu favor, e que aproveitou melhor essas chances. É o eterno "better to be lucky than to be good", ou em um português morfético, é melhor ter sorte do que ser bom.

Um bom exemplo dessa postura nesse final de semana de Wild Card foi o jogo entre Chiefs e Colts. Antes da partida, era difícil dizer qual era exatamente o melhor time, embora muitas métricas colocassem Kansas City como o melhor dos dois. KC teve 0.5 vitórias a mais em termos de Pythagorean Wins, e DVOA colocasse o Chiefs como o sétimo melhor time da temporada regular, enquanto o Colts foi apenas o 13th. Mesmo considerando o final de temporada ruim de Kansas City usando DVOA ajustado, o time ainda se mantém como o nono melhor da NFL, enquanto o Colts cai para 21st.

O jogo, como todo mundo já sabe, terminou com o Colts vencendo por 45 a 44 depois de estar perdendo por 38 a 10, a segunda maior virada da história dos playoffs. Em um jogo decidido por tão pouco e com tantos grandes momentos decisivos, e com tantos pontos, realmente é o mais equilibrado que você chega. E ai você lembra que o Chiefs perdeu seu melhor jogador (Jamaal Charles) na sua primeira corrida da partida, que o time perdeu um dos melhores CBs da NFL (Brandon Flowers) quando o Colts começou sua reação, que Donnie Avery (segundo WR favorito de Alex Smith na temporada) saiu machucado, e que até mesmo Justin Houston não terminou a partida... e começa a pensar que o Colts não deveria ter saído com a vitória em condições normais.

E não deveria mesmo. Isso NUNCA é uma ciência exata, mas em um jogo de um ponto tão apertado como esse, é difícil imaginar que não faria diferença um Charles ou um Flowers saudável. Charles era um candidato a MVP que foi, de longe, o não-QB mais valioso de toda a NFL, um jogador responsável por 32% da produção ofensiva da sua equipe (de longe a maior marca da liga) - quão diferente teria sido o jogo com ele naquele segundo tempo, quando o time tinha uma grande vantagem e iria ficar extremamente satisfeito correndo com a bola ou fazendo checkdowns para gastar tempo e avançar passo a passo? Ao invés disso, Charles estava fora, Knile Davis saiu machucado, e o time não teve confiança para jogar nas costas de Cyrus Gray pelo chão para gastar o relógio. Charles foi segundo colocado em muitas listas para MVP por ai - eu acredito que sua saúde teria feito pelo menos alguma diferença no jogo. O mesmo para Flowers, que embora tenha saído quando o Colts já reagia, é razoável imaginar que teria feito alguma diferença em relação ao seu substituto Dunta Robinson, que tomou bola nas costas o jogo todo. Se ambos os times jogassem toda a partida com os mesmos jogadores que a começaram, Kansas City provavelmente teria ganho.

Mas não jogaram, e KC não venceu. Colts superou algumas perdas próprias, Andrew Luck lembrou no segundo tempo que é um enviado dos céus para completar viradas espetaculares na NFL, e o time jogou com muita raça para completar essa virada espetacular. Porque na NFL, não adianta ser só bom. Você tem que ser bom E dar sorte.


Ter um bom quarterback ajuda

Um dos lugares-comuns dos playoffs diz que as duas pessoas mais importantes em um time na pós-temporada são o quarterback e o técnico. Em geral eu odeio lugares-comum porque eles são uma forma de simplificar as coisas e não pensar sobre elas, o que gera todo tipo de preconceito e erro típico de quem tem preguiça de olhar as coisas direto. Mas esse lugar comum, em particular, é um que eu concordo até certo ponto. Claro, você não PRECISA de um grande QB para vencer - Eli Manning, Joe Flacco e Mark Sanchez tem mais Super Bowls e um record melhor nos playoffs nos últimos 8 anos do que Drew Brees, Tom Brady e Peyton Manning. Futebol é um jogo de 53 jogadores, não de um, e se você tem um grande QB e o resto do seu time é uma droga, você vai continuar não vencendo nada.

O que isso quer dizer, entretanto, é que ter o QB superior te da uma grande vantagem em relação ao seu adversário. Pelo menos nessa primeira rodada de WC, quatro times tinham um QB claramente superior ao adversário: Colts com Luck, Saints com Brees, Packers com Aaron Rodgers, e San Diego com Philip Rivers. Três desses eram considerados zebras em suas partidas... mas três desses quatro times com o QB superior saíram com a vitória. A única excessão foi o Packers, que perdeu do San Francisco 49ers em parte porque Colin Kaepernick vira uma mistura de Joe Montana, Steve Young e Obi-Wan Kenobi quando enfrenta seu time de infância (são três jogos contra GB, 3-0 com 300 jardas aéreas e 100 jardas terrestres de média), e mesmo assim o Niners precisou de uma campanha espetacular nos minutos finais em um jogo onde a grande diferença foram as defesas. SF tem uma linha ofensiva melhor, uma defesa mil vezes melhores, melhores STs, Colin Kaepernick foi o melhor jogador em campo... e mesmo assim foi uma partida extremamente difícil decidida no segundo final.

Um bom exemplo disso foi, de novo, Colts e Chiefs. Nessa partida, se você for olhar estatisticamente, Luck não foi o melhor QB - ele teve dois turnovers a mais que Alex Smith, que teve um jogo brilhante com mais de 400 jardas e 4 TDs. Se for para olhar no vácuo, o Colts venceu mesmo com Luck não sendo o melhor QB da partida. Mas vai ver os highlights daquele jogo, e veja o que Luck precisou fazer no segundo tempo para vencer. Quantos QBs da NFL seriam capazes de fazer isso? Quantos QBs seriam capazes de fazer, bem... isso? Com certeza não Alex Smith, e mais 90% da liga. Luck pode não ter sido o melhor QB ao longo do jogo todo, mas são pouquíssimos os jogadores que seriam capazes de virar esse jogo no segundo tempo como ele fez. Se o QB fosse 1% inferior a Andrw Luck, o Colts não vence a partida.

Então você nunca vai querer descartar os times com grandes QBs. As regras estão DEMAIS em favor deles, e temos QBs particularmente grandes nessa pós-temporada. O Patriots está sem Rob Gronkowski e Sebastian Vollmer no ataque, sem Vince Wilfork, Jerod Mayo e Brandon Spikes na defesa... mas você vai mesmo apostar contra Tom Brady em casa? Claro, o problema agora é que - principalmente na AFC - nós estamos tendo um overload de bons QBs sobrando. Os quatro times da AFC apresentam Pro-Bowl QBs: Peyton Manning (que acabou de obliterar todos os recordes da NFL e vai ser o MVP) enfrenta Philip Rivers (o segundo melhor QB da temporada regular), e Tom Brady (que de alguma forma manteve o ataque funcionando com Julian Edelman como seu principal alvo) recebe Andrew Luck (o melhor jovem QB da NFL e... bem, vocês VIRAM o que ele fez semana passada). Manning e Brady são ainda os melhores QBs dos confrontos, mas a diferença não é tão grande assim mais, e as duas "zebras" possuem dois excelentes QBs próprios que podem pegar fogo e definir o confronto.

Curiosamente, se na AFC temos três grandes QBs veteranos e uma jovem estrela, na NFC temos o contrário. Russell Wilson, Kaepernick e Cam Newton representam a nova geração, enquanto Drew Brees é o veterano e futuro Hall of Famer do grupo. Claro, o Saints não vai ser favorito só por ter o melhor QB - na verdade são zebras por oito pontos - porque Seattle tem um ótimo ataque, defesa espetacular e tudo que você espera do time mais completo da NFC. Mas considerando a diferença que um QB do nível de Brees pode ter em um único jogo, bem, eu também não seria louco de descartar New Orleans nessa partida.


O destino dos times eliminados

Entre os quatro times que depois do final de semana passada assistem os playoffs pela TV, a verdade é que com uma exceção, os times não tem tantos motivos para se sentirem deprimidos ou entrarem em depressão por causa das derrotas. Claro, considerando a natureza imprevisível da NFL e o quão apertados e decididos em detalhes foram os jogos do Wild Card, obviamente que todos eles prefeririam muito ter ganho e continuado na disputa. Mas tirando o Bengals, os outros três times todos tem motivos para estar otimistas e não se sentirem afetados demais pela eliminação.

Dois desses times, Eagles e Chiefs, são times que começaram a se reconstruir nessa temporada depois de um 2012 decepcionante. Trouxeram novos técnicos, mudaram seus elencos, e começaram de novo depois de ambos terminarem na lanterna de suas divisões. E o resultado foi um sucesso: KC venceu 11 jogos depois de só vencer dois um ano antes, Philadelphia venceu a sua divisão e teve o segundo melhor ataque da NFL, e ambos tiveram grande sucesso em seu primeiro ano sob o novo regime. A defesa de KC acabou não aguentando nos playoffs (com ajuda de múltiplas lesões) e o ataque de Philly foi superado por um ataque liderado por um futuro HoF, mas considerando que era apenas o primeiro ano do processo de cada time, acho que vão terminar o ano com a conclusão de que foi um ano extremamente satisfatório. Kansas conseguiu se restabelecer como um time de verdade, e embora diversas lesões tenham afetado demais o time no final do ano e nos playoffs, eles tem talento demais na defesa e Alex Smith se estabeleceu como o QB do futuro da franquia depois de um excelente final de ano. O mesmo vale para Philadelphia: Chip Kelly foi brilhante comandando a equipe e impondo seu ataque veloz, que foi o segundo melhor da NFL mesmo sem ter todas as peças ideais. A defesa jovem foi muito inconsistente ao longo do ano, e o ataque teve seus momentos difíceis, mas considerando que Kelly ainda não teve tempo de reunir os jogadores que deseja ou de entrosar seu time no seu complicado esquema ofensivo, a temporada foi um enorme sucesso: ele provou que seu esquema ofensivo funciona na NFL e conseguiu fazer Nick Foles parecer John Elway. Daqui para frente é questão de reforçar a defesa, achar as peças ofensivas, e correr para o abraço. Lógico que ambos prefeririam um título, mas o saldo foi extremamente satisfatório e o caminho de ambos parece positivo para 2014.

Green Bay não pode falar que está se reconstruindo como os dois, mas considerando as circunstâncias, GB me parece satisfeito (com alguma razão) por ter chegado aonde chegou. Durante a temporada regular, eles perderam o seu melhor jogador, Aaron Rodgers, por SETE jogos. Durante esses sete jogos, seus titulares forem Seneca Wallace, Scott Tolzien, e Matt Flynn. Detroit E Chicago ultrapassaram GB nesse tempo e dependiam das próprias forças para ganharem a NFC North. De alguma forma Detroit perdeu cinco dos seus últimos seis jogos, e Chicago foi incompetente o suficiente para Rodgers voltar ainda a tempo de vencer a divisão. E mesmo que estivesse com Rodgers quando foram derrotados pelo Niners nos playoffs, eles sabiam que era uma tarefa difícil: sua defesa estava sem Casey Heyward e Clay Matthews, e diversos outros jogadores importantes estavam ou machucados ou jogando no sacrifício. Considerando que teriam que jogar sem tantos jogadores importantes o resto do ano, que possivelmente Rodgers ainda não estava 100%, e que foi preciso um pequeno milagre e MUITA incompetência dos rivais só para o Packers chegar na pós-temporada... acho que não tem tanto motivo para tristeza. Eles chegaram mais longe do que deviam com um time esburacado e sem seu melhor jogador, e foram derrubados por um time superior.

O caso do Bengals é um pouco diferente. Sim, eles tiveram múltiplas lesões - na verdade, eles perderam seu melhor jogador de secundária (Leon Hall) E seu melhor jogador defensivo (Geno Atkins) na metade da temporada - mas a temporada acaba como uma decepção muito maior. Mesmo sem Atkins e Hall, a defesa do time se manteve estável, e o ataque - no qual o time investiu recentemente escolhas altíssimas para trazer Gio Bernard, Tyler Eifert, AJ Green e Jermaine Gresham - deveria ter produzido melhor. Ai o time chega nos playoffs contra um inferior time do Chargers, em casa (onde o time estava  8-0)... e apanha de 27-10 com Andy Dalton lançando duas interceptações. Depois de gastar seis escolhas de primeira ou segunda rodada nos últimos quatro anos para fazer esse ataque se tornar um dos melhores da NFL, o time ainda não conseguiu produzir mais do que 10 pontos (e três turnovers) contra a pior defesa da NFL? Não é nada satisfatório. Green Bay e Bengals perderam diversos jogadores por lesão e não eram o time que poderiam ser, mas pelo menos Green Bay sabe que overachieved em uma pool de times muito mais forte, que foi derrotado nos detalhes por um time superior quando estava destruído por lesões, e que enquanto Aaron Rodgers estiver lá, eles vão continuar chegando. Bengals  chegou aos playoffs com tranquilidade contra adversários fracos, foi derrotado com propriedade por um time inferior, viu seu ataque se desmontar e levantou ainda mais questões sobre sua situação de quarterbacks. Ainda que saibam que poderia ter sido diferente com o time saudável, ainda foi uma atuação decepcionante em uma situação que eram os francos favoritos. Eles precisam decidir logo sobre o futuro de Dalton, que mais uma vez foi muito mal nos playoffs (agora são três jogos, um TD e seis interceptações) e tem que fazer isso com um novo coordenador ofensivo. Não tem nada de bom saindo para o Bengals desses playoffs, nenhum consolo nem nada. Só mais dúvidas.

(O que não quer dizer que o Bengals seja um time horrível que deve se reconstruir do zero, a defesa ainda é excelente e o time tem pouquíssimos buracos. Mas esse tipo de atuação é exatamente o que você não pode ficar satisfeito de ver em um time nessa situação)

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Preview NFL 2013 - Cincinnati Bengals


Jerome Simpson não concorda que futebol americano se joga com os pés no chão


Para saber do que estamos falando aqui e dessas estatísticas, recomendo a leitura desse post antes
Se quiser opinioes e analises sobre o Draft, voces podem ler o Running Diary da primeira rodada ou o manual de como avaliar um Draft na NFL


Depois de terminar a série de previews da AFC East e os previews da NFC East para a temporada 2013 da NFL, começamos a falar da AFC North pelo atual campeão, Baltimore Ravens e pelo seu maior rival, o Pittsburgh Steelers. Agora vamos falar de um dos times em ascensão da NFL, o Cincinnati Bengals. Se você não tem ideia do que estou falando, recomendo que leia esse post introdutório. Btw, a falta de crases nesse texto é porque esse teclado não tem crase, então não reparem, ok?

Cincinnati Bengals

2012 Record: 10-6
Ataque ajustado: 17th
Defesa ajustada: 10th


Em uma divisão dominada por mais de uma década pela dupla Baltimore Ravens e Pittsburgh Steelers (5 Super Bowls combinados desde 2000 e quatro desde 2005), o Cincinnati Bengals emergiu nos últimos anos como um dos times mais jovens e interessantes da NFL. Depois de uma campanha de fracasso em 2010 (4-12, mas com Pythagorean Expectation de 6-10), a equipe aproveitou suas duas escolhas mais altas de Draft e tirou uma página do manual do Detroit Lions, passando a chance de pegar um QB com uma pick alta que não merecia (Blaine Gabbert, no caso) para pegar o melhor jogador disponível (AJ Green) e adereçando sua necessidade de um QB futuramente, quando um jogador que eles gostavam - Andy Dalton - esteve disponível na segunda rodada. O Lions fez a mesma coisa em 2007, quando tinham uma escolha Top3 e uma necessidade urgente de um quarterback mas pegaram Calvin Johnson porque não tinha nenhum QB que valesse a pena naquele lugar - um ano depois pegaram Matthew Stafford com a primeira escolha. Deu certo para o Lions e, considerando que os três QBs pegos depois de AJ Green foram Jake Locker, Blaine Gabbert e Christian Ponder, eu diria que deu certo para o Bengals também.

Essa foi a base (junto do TE Jermaine Gresham, draftado um ano antes)  que o Bengals usou para reconstruir seu ataque. Entre 2011 e 2012, o Bengals também trouxe do Patriots o RB Benjarvus Green-Ellis, draftou Mohamad Sanu para fazer par com Green, e basicamente remontou quase todo seu ataque com jogadores jovens que iriam construir, juntos, esse ataque que seria o fator a levar o Bengals para frente. A defesa tinha perdido um jogador importante em Jonathan Joseph e, embora ainda tivesse alguns jogadores interessantes e jovens talentos como Leon Hall e Geno Atkins, a idéia da diretoria era que o ataque voltasse a assumir o papel de destaque que teve nos per íodos que o Bengals foi um time competitivo na divisão (inclusive no título de divisão de 2005).

Não aconteceu. Embora, claro, não de para chamar de forma alguma o plano da diretoria de fracasso: foram apenas dois anos desde que Green e Dalton chegaram a Ohio, e nesses dois anos a equipe foi duas vezes aos playoffs ganhando em média 9,5 jogos por temporada, obviamente um bom começo para essa nova fase da Franquia. O que não aconteceu de acordo com os planos foi o papel que o ataque iria assumir, especialmente em relação a defesa.

Em 2011, o ataque da equipe foi apenas o 17th melhor da temporada, a mesma colocação que teve em 2010. Estranhamente, a defesa também foi a 17th melhor da temporada 2011 depois de ter sido a 17th melhor da temporada 2010 (em eficiência total calculado pelo Football Outsiders? 17th na NFL, é claro). Boa parte da mudança de 4-12 para 9-7 na verdade aconteceu menos por causa em um grande salto de performance mas sim por causa de seu record em jogos decididos por uma posse de bola, que passou de um patético e insustentável 2-7 em 2010 para um mais comum 5-5 em 2011, e um calendário que passou de ser o segundo mais difícil da NFL para o sétimo mais fácil da Liga. Então no primeiro ano da nova geração da equipe não houve de fato uma grande melhora (imediata, é lógico) na equipe, com seu record tendo sofrido uma grande mudança por conta de fatores externos e de sorte - não a toa foram massacrados na primeira rodada dos playoffs por um Houston Texans com TJ Yates de QB.

Mas claro, com um time jovem, inexperiente e que estava apenas começando a se montar, dificilmente o primeiro ano diz muita coisa e é claro que a diretoria do time não tinha em vista uma melhora imediata quando optou por montar um ataque novo e mais jovem. Evolução dos jogadores, adaptação ao esquema tático e mesmo a chegada de novos jogadores para completar a montagem leva tempo e novas offseasons. Mas em 2012, com um ano a mais de experiência e jogadores novos na equipe, talvez comece a chamar a atenção que o ataque da equipe na temporada foi... Wait for it... Apenas o 17th melhor da NFL!

Claro, não existe motivo para pânico. Mas para um ataque que deveria ter dado uma nova cara a franquia e assumido o comando de carro chefe, é um pouco decepcionante ver o ataque estagnado por dois anos seguidos no mesmo patamar da equipe que fez a diretoria pensar "Ok, já deu, vamos reconstruir!". Esse foi, sem dúvida, um dos motivos que levou a diretoria a usar suas duas primeiras escolhas de Draft para adicionar talentos a esse lado da bola, draftando o melhor TE do Draft (Tyler Eifert) e um dos melhores RBs (Giovani Bernard, que além de tudo tem um nome muito massa) para ver se reforça seu ataque. Mas vamos olhar com mais calma e ver quais são exatamente os problemas que o Bengals tenta resolver.

Para começar, o Bengals teve o 14th melhor ataque terrestre, e olhando mais de perto, da para ver muito bem porque o time sentiu tanta necessidade de ir atrás de um RB numa rodada alta do Draft. A equipe tem praticamente zero de depth atrás do seu (provavelmente ex) titular Benjarvus Green-Ellis. Nenhum outro jogador do elenco inteiro teve mais de 50 corridas, em parte porque Bernard Scott machucou e eventualmente foi para o IR, mas o fato é que eles dependeram quase que exclusivamente de um RB medíocre que não conseguiu passar das 3.9 jardas por corrida (para efeito de comparação, o malfadado Chris Johnson teve 4.5). A chegada de Giovani Bernard não só trás depth a equipe como ele é um jogador muito mais explosivo e simplesmente melhor que Green-Ellis, deve assumir a posição de titular e deixar Scott e Ellis se revezando para aliviar sua carga. A linha ofensiva da equipe foi na verdade muito boa em 2012 tanto contra a corrida como contra o passe e o problema foi a falta de ajuda dos backs, então a chegada de Bernard deve ajudar.

O problema - e muito mais preocupante - são as dificuldades do time pelo ar. O ataque aéreo da equipe despencou para o 19th melhor da NFL em 2012, e isso é um problema. Andy Dalton, quando foi draftado, era considerado um prospect um tanto quanto "pronto", o tipo de cara com o jogo para já chegar de titular na NFL mas com pouco espaço para evoluir e sem um teto muito alto. Até agora, ele tem correspondido a essa descrição: durante seu ano de calouro todos ficamos impressionados com sua calma e presença no pocket, sua capacidade de chamar jogadas e permanecer em controle, mas no segundo ano isso parou de ser novidade e começamos a prestar atenção na sua dificuldade em converter passes longos (26.3% de passes completados quando viajam mais de 20 jardas no ar, 30th melhor na Liga), dificuldade para jogar a bola na direção de quem quer que não seja o AJ Green, falta de capacidades de improviso e outras do gênero, coisas que não evoluíram da sua temporada de calouro para essa. E isso preocupa porque trocar QB é algo muito mais difícil (especialmente sem escolhas altas de Draft, e o Bengals é um time bom para ter escolhas tão altas), e o time naturalmente não quer ir nessa direção, por isso a diretoria correu para cima de Tyler Eifert para dar mais uma arma ao seu QB e aumentar ainda mais as opções que ficou um pouco previsível ao longo da temporada e nos playoffs, quando os times começaram a dobrar (ou mesmo triplicar) a marcação em Green toda santa jogada e forçar os outros playmakers do time a vencê-los, e seja por causa da dificuldade de Dalton ou da falta de habilidade de separação de jogadores como Mohamed Sanu e Jermaine Greshan, o fato é que o ataque ficou muito estagnado e trazer Eifert - um TE extremamente dinâmico e um missmatch ambulante - é não só uma forma de dar mais alvos ao seu quarterback mas também colocar um segundo alvo de confiança para quando Green tiver quatro jogadores em cima.

Mas no final, o que quer que o Bengals tenha planejado de grandeza para seu ataque, vai ter que passar por Dalton. O ataque terrestre deve ser melhor na temporada seguinte mas não elite, e com o talento absurdo que o Bengals está colocando junto dele - talvez o melhor WR da NFL que não tem apelido de Transformers, uma das melhores (se não a melhor) dupla de TEs da NFL, um talento emergente em Sanu - está nas mãos do Red Rifle (melhor apelido de QB da atualidade, btw) levar esse time um passo adiante. Os defensores do garoto gostam de apontar que ele foi aos playoffs nas suas duas primeiras temporadas, uma descrição que se aplica a apenas outros quatro QBs na história da NFL e inclui Dan Marino, John Elway, Ben Roethlisberger e Floe Flacco - mas também inclui Pat Haden, Bernie Kosar, Shaun King e claro... Mark Sanchez. Então não quer dizer realmente muita coisa nesse momento. Mas no momento, a amostra pequena que temos não é a mais promissora: 26th em QBR em 2011 (46.7, abaixo da média) , como calouro, e 22nd em 2012 com um fraco 50.7. Ele obviamente não é horrível e é um jogador jovem que jogou apenas duas temporadas profisisonais, então apesar de não ser o jogador com mais potencial da NFL, ele ainda tem algum espaço para evoluir. Mas em duas temporadas ele tem tido dificuldades sérias de executar as jogadas certas nas horas certas, tem tido muitos problemas quando a primeira opção de passe (leia-se AJ Green) é tirada pela defesa e exige uma adaptação, não tem força no braço (de novo, 26.3% de aproveitamento em passes de mais de 20 jardas), e não tem compensado isso com um excelente aproveitamento nos passes (63%) como Alex Smith, por exemplo. Sua média de jardas por passe de 6.9 não é horrível, mas abaixo de jogadores como Matt Schaub (7.4) e Josh Freeman (7.3). E como seu QBR nos indica, ele não tem feito um bom trabalho tirando proveito da situação das boas situações que tem sido colocado dentro do ataque do Bengals. Ainda que seja cedo demais para tirar conclusões finais sobre Dalton e achar que ele será assim pelo resto da carreira, o fato é que ele tem sido um QB mediano que tem parecido melhor do que é pelo bom time ao seu redor. E se o Bengals quiser sonhar em dar o próximo passo, vai precisar que ele melhore.

No entanto, se a história nos ensinou alguma coisa, é que podemos ter sucesso (e embora hoje em dia seja um pouco mais difícil nessa era onde passar é tão incentivado pelas regras, ainda temos casos) com um ataque bem completo, um QB mediano e uma defesa de elite. E embora a defesa do Bengals não seja de elite (ainda, pelo menos) tem mostrado muitos sinais encorajadores - alguns até demais, para ser sincero, que fazem as pessoas pensar em uma potencial regressão. Se o ataque se manteve em 17th pelo terceiro ano consecutivo, a defesa deu um salto de 17th para ser a 10th melhor defesa da NFL mesmo sem grandes mudanças no seu pessoal, mantendo a base de um ano a outro e com sua escolha de primeira rodada (Dre Kirkpatrick) e adicionando apenas alguns role players (em particular Terrence Newman e Adam "Pacman" Jones). O principal motivo dessa melhora foi, principalmente, o espetacular crescimento do DT Geno Atkins, uma escolha de quarta rodada de 2009. Em 2012, Atkins foi provavelmente o terceiro ou quarto melhor defensor da NFL (atrás de JJ Watt, Von Miller e talvez Aldon Smith) e emergiu como uma força imparável no meio da defesa 4-3 da equipe, capaz de ir atrás do QB adversário, ocupar múltiplos bloqueadores e liberar seus demais companheiros de linha para se movimentar com mais liberdade. Tirando Watt, Atkins foi talvez o defensor mais importante de qualquer time da NFL, a âncora dessa defesa que só funcionava em torno dele e quando ele estava causando estrago e tornando a vida mais fácil para todo mundo ao seu redor (ao ponto que o Bengals até deu um contrato de 40M para um pass rusher situacional que tem dois jogos como titular em três anos, Carlos Dunlap). Esse impacto foi tão grande ao longo da temporada que, embora o Bengals tenha terminado com a 10th melhor defesa da NFL no ano, esse número sobe para terceira melhor quando usamos os números ponderados do Football Outsiders (de novo, isso significa que essa estatística atribui maior peso a um jogo quanto mais tarde ele foi na temporada), o que mostra a incrível melhora dessa unidade ao longo do ano.

E aí entra a parte que pode cair para qualquer lado, e depende de como você enxerga o copo, meio cheio ou meio vazio. A performance da defesa do Bengals foi impressionante esse ano, mas ela dependeu de duas coisas, basicamente: um ano espetacular do Geno Atkins, e a performance individualmente espetacular (e totalmente surpresa) de jogadores como Adam Jones. O que chama a atenção, na verdade, é que essa melhora exponencial ao longo da temporada aconteceu sem nenhum grande motivador (como um jogador importante voltando de lesão, uma mudança de coordenador defensivo ou esquema tático, uma mudança numa posição chave ou algo parecido), foi apenas por conta de uma grande melhora na atuação mesmo, e tamanha variância sempre chama a atenção por um motivo. Então temos duas possibilidades: ou você assume que essa grande melhora ao longo da temporada foi real, representa o valor verdadeiro dessa unidade defensiva e que o nível de Atkins em 2012 é o que devemos esperar daqui para frente, ou você assume que embora uma melhora fosse esperada de um núcleo jovem com algumas adições pontuais, essa gritante melhora ao longo da temporada foi fruto de um ano fora da curva (ou de oito jogos fora da curva) que deve regredir em 2012.

Como de costume, a verdade provavelmente é algum ponto entre essas duas opções que só saberemos de fato quando a temporada estiver rolando, mas pessoalmente eu me inclino um pouco mais pela segunda hipótese. Não é algo incomum um jovem como Atkins de repente dar um salto de produtividade na carreira, mas para atingir de repente esse nível totalmente fora do comum é um pouco mais, e manter ele por mais de uma temporada ainda mais, então embora seja muito possível que Atkins realmente tenha dado um salto de produtividade, dificilmente vai conseguir manter esse nível por muito tempo. Ainda que ele deva continuar sendo muito bom, foi seu nível espetacular que elevou essa defesa ao nível que chegou, e se essa dominação sofrer uma regressão o resto da defesa vai perder muito espaço de atuação. Ainda que obviamente isso seja especulação, um monte de escritores e analistas de NFL que eu respeito muito concordam que Atkins é um dos maiores candidatos a uma regressão em 2013, e a defesa do Bengals sofreria com isso. Um outro ponto interessante é que a defesa da equipe ano passado ganhou grande contribuições de excelentes anos de jogadores como Pacman Jones e Terrence Newman, jogadores sólidos no geral mas que vinham sem boas contribuições já fazia algum tempo, e portanto são de certa forma incógnitas para repeti-las. Por conta desses dois fatos, eu espero uma certa regressão dessa boa defesa de volta a um nível mais normal, especialmente levando em conta que o time não teve que lidar com nenhuma lesão importante além de Kirkpatrick e que isso pode mudar para 2013.

Ainda assim, a defesa deve ficar bem. Eles tem bastante talento, especialmente na secundária (mesmo que Jones e Newman não repitam seu 2012, a equipe ainda tem Leon Hall e Kirkpatrick para revezar os snaps, um excelente quarteto) apesar das incertezas com os safeties, e Atkins mesmo regredindo ainda é um dos melhores DTs da NFL. Rey Maualuga lidera um grupo de LBs que vai ter que lidar com a saída de Manny Lawson, mas que deve continuar sólido e profundo. Ainda que se Atkins for menos dominante em 2013 esse grupo deva sentir os efeitos, não quer dizer que vá ser uma unidade ruim, o talento disponível ainda é muito bom e tem tudo para montar uma sólida unidade, talvez mesmo Top10 na NFL.

Por isso em 2013, o Bengals deve continuar um time bom mesmo se Dalton não der o salto de produtividade que o time precisa. Seu Pythagorean Expectations foi de 10 vitórias e, tirando um record em jogos decididos por uma posse de bola de 5-3, os números de 2012 não apresentam nenhum tipo de aberração. O time deve melhorar ofensivamente com Eifert e Bernard em 2012 e supondo alguma evolução de Andy Dalton (ainda que eu esteja pessimista em relação a um grande salto), e mesmo que a defesa regrida do nível que esteve no final da temporada, alguma melhora deve carregar em relação ao começo fraco da temporada passada (ao invés de terminar em 10th com uma variação absurda, pode terminar em 10th sem tanta variação, por exemplo), e o Bengals tem tido um bom trabalho de sua comissão técnica (especialmente na defesa) ao longo dos anos. Um dos motivos pelos quais eu acredito tanto que a AFC North esteja em aberto é justamente que tanto Ravens como Steelers são incógnitas vindo de uma reformulação, enquanto o Bengals é um time 10-6 que deve sofrer uma certa regressão defensivamente e que passa do quarto calendário mais fácil da Liga para o 12th mais difícil. Todos os três times podem muito bem terminar 10-6 como podem cair para 7-9 com um pouco de azar, mas entre os três, para mim o Bengals é o time com menor nível de incerteza e que tem talento demais dos dois lados da bola. Cair para algo como 9-7 (ou manter o 10-6) seria talvez o mais provável para essa equipe, mas ainda é minha aposta para ganhar a AFC North ou, pelo menos, arrancar uma vaga de playoffs.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

AFC Wild Card Round

Finalmente aqui estamos, os playoffs da NFL!! Demorou 17 semanas, pelo menos 13 delas com um jogo do horário nobre totalmente inassistível, mas aqui estamos, os playoffs. Pra falar dessa primeira rodada de Wild Cards, vamos separar em AFC e NFC, começando com o primeiro. 

Os playoffs da AFC tem as seguintes Seeds: 1. Patriots 2. Ravens 3. Texans 4. Broncos 5. Steelers 6. Bengals. Ou seja, os confrontos serão Bengals at Texans, e Steelers at Broncos, com o melhor colocado que passar dessa rodada pegando o Ravens e o pior, o Patriots. Vamos rapidamente passar pelos jogos, e vocês podem saber o que eu penso de cada um desses times lendo minhas duas últimas colunas sobre os times.


Denver Broncos mostrando a definição de jogo coletivo


Pittsburgh Steelers at Denver Broncos
Rashard Mendenhall não joga, rompeu o ligamento do joelho. Ryan Clark não joga por problemas respiratórios relacionados à altitude de Denver. E será que existe alguém que mesmo assim não considera o Steelers favorito??

Olha, o Broncos tem alguns pontos fortes interessantes, o Tim Tebow não é totalmente horrível e este é um grupo focado e que está jogando com vontade. Isso foi o suficiente pra ganhar sete de oito jogos, até que todo mundo percebeu que o Broncos só tem uma forma de jogar tanto no ataque como na defesa e que se você responder do jeito certo, o Broncos é um time extremamente vulnerável e que depende demais de algo que o próprio técnico do time  não quer usar, os passes sem ser por play action.

O Broncos tem uma defesa razoavelmente decente, mas ela só tem um fator que é uma força capaz de alterar jogos, que é o pass rush dos seus dois OLBs fora de série, Elvis Dumervil e Von Miller. O resto da defesa até tem bons jogadores, mas nem de longe para mudar um ataque ou segurar um adversário por muito tempo. O que os times descobriram é que se você parar a dupla Miller e Dumervil (ajuda que o Miller está com uma lesão séria na mão) a defesa do Broncos está totalmente dominada. O time não tem ninguém decente no meio da linha defensiva pra ficar pressionando o QB pelo meio (alias era esse motivo que me fez pedir que draftassem o Marcell Dareus no lugar do Miller), então se você coloca mais alguém pra reforçar a linha (mantém um TE, mantém o RB, etc) e consegue segurar os dois que vem pela lateral, a linha defensiva do time é fraca demais pra causar problemas ao QB, que fica com muuuito tempo pra lançar a bola. A cobertura do Broncos não é horrível, mas também não é espetacular e tem problemas para dar tackles, com tempo para lançar qualquer QB acima da média vai conseguir jogar contra essa secundária. Essa defesa estava sendo espetacular porque estava conseguindo muitos sacks e forçando muitos arremessos precipitados por causa da pressão, mas essa pressão só vinha dos OLBs. Se você parar esses dois, a defesa do Broncos perde o que tem de espetacular, e não tem outra forma de ser agressiva. 

O ataque do  Broncos também sabia jogar de uma maneira apenas. Correr com a bola, usar e abusar do option e do atleticismo do Tebow, e recorrer ao play action pra passar quando a defesa se aproximar da linha de scrimmage. O time fazia isso por causa da falta de confiança nos passes do Tebow under center, ele ainda está cru para isso e por isso jogam num esquema que mistura play actions e shotgun para se aproximar de um ataque de College. O problema é que o Broncos tem um problema, que é sua linha ofensiva. Play actions são uma ótima maneira de confundir a secundária e até os linebackers, mas eles também demoram mais para ser executado, e por isso exigem uma linha ofensiva capaz de segurar o adversário por mais tempo. Mas a linha ofensiva do Broncos é muito fraca protegendo contra o rush, especialmente quando há blitzes pelo meio. Isso significa que se você aproximar mais defensores da linha de scrimmage você vai travar o jogo terrestre e, se mandar todo mundo pra cima do QB, a linha ofensiva não vai conseguir proteger por tempo suficiente pra completar o play action, resultando em sacks ou passes apressados. Naturalmente isso abre sua secundária para passes under center ou saindo de shotgun, mas isso era exatamente o que o Broncos estava evitando a todo custo. Pra passar saindo do play action com pressão, você precisa de passes rápidos e curtos, mas o Tebow não tem o jogo de pernas ou a precisão (e nem os recebedores capazes de forçar separação na linha de scrimmage, e pode ter certeza que eles serão pressionados nela) pra executar esse ataque eficientemente. O próprio John Fox evita ao máximo chamar jogadas de passe, limitando-as a terceiras descidas quando necessário. E as vezes nem isso!

Ou seja, o Steelers tem tudo pra controlar o jogo mesmo com os desfalques. O time de Pittsburgh tem seus problemas, mas tem muito mais soluções do que o Broncos. Tudo que ele tem que fazer é congestionar as laterais da linha no ataque pra impedir a pressão pelas pontas, e mandar oito jogadores pra cima da linha de scrimmage quando estiver na defesa pra parar a corrida e tirar o tempo do play action. E com a defesa que o Steelers tem, parar o ataque do Broncos como é hoje é tarefa fácil.

O que o Broncos pode fazer pra evitar isso? Primeiro de tudo, ficar criativo na defesa. O pacote padrão da defesa do time (sem blitz de jogadores extras) está muito manjado e todo mundo já sabe que o fraco da defesa é o miolo. Em algumas situações previsíveis de passe é hora de mandar alguém na blitz pelo meio, usar algum cornerback... Em resumo, variar as situações de pressão pra confundir a defesa, pra linha ofensiva não se acostumar à pressão padrão do time que está manjada demais. Usar zone blitz, forçar o Big Ben Roethlisberger aos passes rápidos pressionando os recebedores na linha de scrimmage... O importante é manter a pressão, e não vão conseguir isso através da formação padrão da defesa. No ataque, o time tem que arriscar, não tem solução. Trabalhem com passes curtos logo nas primeiras descidas pra encurtar as distâncias, usem bastante o RB Draw saindo de formações shotguns pra dificultar a leitura da jogada, mas basicamente deixem o Tebow passar a bola! Não fiquem recorrendo aos passes apenas como última solução, usem isso como uma parte efetiva tanto para tentar mover a bola, encurtar as descidas e abrir o jogo terrestre, como também pra dificultar a leitura de jogada das defesas. O option offense não está mais funcionando porque todo mundo sabe que as jogadas são de corrida e não passe... Chame um fake option, faça o Tebow sair do pocket e acerte um passe de 15 jardas para ver se não vão pensar duas vezes antes de mandar a casa pra cima do QB. Os playoffs são uma péssima hora pra tentar jogar um estilo de jogo novo que você não está acostumado, mas pra mim é a única chance do Broncos, porque as últimas trÊs derrotas do time deixaram claras que o estilo que o time vinha jogando não vai mais longe.


Palpite: Pittsburgh


Matt Schaub se machucou nesse abraço, tudo parte da estratégia do Bengals


Cincinnati Bengals at Houston Texans
Engraçado que esse jogo tenha acabado se tornando um duelo entre dois QBs calouros, Andy Dalton e TJ Yates - a não ser que o Texans surte, argumente que precisa de alguém com mais experiência e coloque o Jake Delhomme de titular. A diferença entre os dois é que o Andy Dalton foi draftado para assumir a posição e formar uma boa dupla com o AJ Green (Missão cumprida), foi titular desde o primeiro dia e a nova cara da franquia, enquanto o TJ Yates foi draftado na quinta rodada pra ser o terceiro reserva do time e, de repente, tanto o Matt Schaub como o Matt Leinart estão no IR com lesões sérias e o Yates de repente  teve que assumir o time no estilo Bumba-Meu-Boi pra tentar salvar a temporada da equipe. Começou bem, ganhou alguns jogos, ganhou comparações idiotas com o Tom Brady (Draftado na sexta rodada, assumiu um time com fortíssima defesa quando o Drew Bledsoe se machucou, e levou o time ao título pra depois se tornar um dos melhores QBs de todos os tempos... Só que todo mundo esqueceu que dois jogos não levam ao Hall da Fama), mas depois caiu de produção, se machucou e o time começou a perder. A vaga já estava garantida, era só uma questão de chegar com alguma esperança nos playoffs... E essa missão não teve tanto sucesso.

Com o TJ Yates na posição principal do ataque, o time - que tinha um ataque bem versátil, com um bom jogo aéreo e um ótimo jogo terrestre - assumiu um estilo de jogo conservador retirado do manual do Niners: Correr bastante com a bola, abusar dos passes curtos para os RBs e confiar na sua defesa pra sufocar o adversário, evitar erros e jogar através das boas posições de campo. O time antes tinha condições de bater de frente com seu ataque e contar com sua defesa pra garantir que o adversário não acompanhasse - um esforço de cooperação equivalente de ataque e defesa - mas agora o time está tendo que contar com sua defesa pra manter o placar baixo, conseguir turnovers e boas posições de campo pra facilitar a vida do ataque, porque sozinho o ataque não vai vencer os jogos. Mas pra infelicidade do Texans, isso pressupõe uma defesa não só capaz de evitar pontos, mas também uma defesa que force turnovers, de muitos sacks e ganhe muitas posições de campo através do Special Teams. O Niners é capaz disso. O Ravens é capaz disso. O Texans, sem seu melhor playmaker defensivo no Mario Williams... Eu tenho minhas dúvidas.

Por outro lado, o Bengals não é exatamente um bicho papão. Como eu lembrei no último post, o Bengals perdeu quase todos os seus jogos para times com records de 50% ou acima, com a única vitória vindo contra o Titans. É uma unidade consistênte, bem completa, mas que dificilmente tem as ferramentas para dominar grandes times. Pior, a defesa terrestre do Bengals tem tido sérios problemas ultimamente, o jogo mais digno de nota foram as 170 jardas do Ray Rice semana passada num jogo que quase tirou o time de Cincinnati dos playoffs. Com o Arian Foster e o Ben Tate em grande temporada e o ataque terrestre do Texans sendo a principal força ofensiva da equipe, não seria de assustar se o Bengals mandasse a casa pra cima da linha de scrimmage pra evitar o jogo terrestre. Naturalmente isso vai abrir o ar pro TJ Yates, que não é o salvador da pátria mas é um QB com bons fundamentos e que é capaz de acertar passes contra pouca cobertura, especialmente se a boa linha ofensiva conseguir dar tempo pra ele. O Leon Hall está fora da partida, e com o Andre Johnson atraindo marcações duplas pela falta de um grande marcador pro mano a mano, o Yates provavelmente vai trabalhar com muito espaço pros passes. Contra uma defesa como Ravens, Steelers ou Niners, dificilmente isso vai consistir não problema, são boas defesas contra o jogo terrestre e que colocam pressão sem recorrerem à blitz, mas contra o Bengals, que tem uma defesa sólida mas não excepcional, talvez o cobertor seja um pouco curto no decorrer da partida.

Por isso é extremamente importante que o Yates consiga acertar os passes curtos, achar o Andre Johnson quando ele estiver no mano a mano e trabalhar bem no play action. O ataque do Texans não precisa carregar nas costas o ataque, a defesa ainda vai ter esse papel, mas ele precisa pelo menos conseguir manter a defesa do Bengals ocupada, controlar o ritmo do jogo e arrancar os pontos que conseguir. O ataque do Bengals é disciplinado, o Andy Dalton vai cometer alguns erros mas também vai acertar outros passes, então a defesa dificilmente vá poder viver de turnovers. Isso aumenta a responsabilidade do ataque de pelo menos conseguir field goals. O Broncos já mostrou que você tem que pelo menos ser capaz de manter uma defesa preocupada com um passe, e se o Texans for conservador demais e só passar nas situações Broncos de passe vai virar uma presa fácil para a defesa do Bengals, então o ataque aéreo tem  que pelo menos parecer funcionar. Isso vai permitir ao Texans ficar criativo e explorar mais o jogo terrestre e especialmente os play actions. Imprevisibilidade é uma grande parte do sucesso de um ataque de futebol americano, especialmente se não contar com um QB de elite.

Do outro lado, o ataque do Bengals não deve ser o fator determinante da partida. A não ser que o Bengals consiga abrir um grande placar logo de cara pontuando em massa - o que, francamente, eu duvido que consiga - esse jogo vai ser decidido no ataque do Texans e na defesa do Bengals. O ataque do Bengals tem é que cuidar bem da bola para não dar oportunidades de graça ao ataque e se contentar com pequenas pontuações (leia-se Field Goal) quando não der pra anotar o TD.

Aliás, pra mim esse jogo tem um interesse especial porque deve terminar o futuro dos playoffs. Eu explico: O Steelers muito provavelmente vai ganhar do Broncos. O que significa que se o Bengals ganhar ele enfrenta o Patriots e o Steelers enfrenta o Ravens. Se o Texans ganhar enfrenta o Ravens e o Patriots pega o Steelers. Só que isso é de fundamental importância porque pra mim o Steelers é um péssimo matchup pro Patriots e o Ravens é um bom matchup. Pro Patriots, pegar o Steelers é péssimo e eu acho que perde, mas pegar o Ravens é muito melhor. Se o Ravens puder enfrentar o Steelers antes do Patriots, é ótimo pro time de New England. Se o Steelers vencer o Pats antes, ótimo pro time de Baltimore. Em outras palavras, esse é o jogo que pode determinar o título da AFC, ainda que dificilmenhte ele saia desse jogo. Confuso? Um pouco, eu sei...


Palpite: Por jogar em casa e porque eu acho que o Yates vai conseguir manter o ataque equilibrado o suficiente, voto no Houston.


quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Duas longas semanas

Al Davis com certeza aprovaria a troca por Carson Palmer


Não se pode dizer que o Oakland Raiders tenha sido um time relevante nos útlimos anos na NFL. Desde que o Rich Gannon jogou sua última temporada saudável em 2002, o time foi incapaz de montar uma equipe de sucesso, e esbarrou entre muitas outras coisas na sua incapacidade de achar um novo Quarterback pra equipe e seus sucessivos fracassos no Draft. Quando juntamos essas coisas, lembramos que o Raiders foi o responsável pela maior piada da NFL na década de 2000, quando draftou Jamarcus Russell, o QB que foi um dos piores de todos os tempos e que, três anos depois, estava fora da Liga. E olha que desde Gannon, os QBs titulares que já passaram pelo Raiders incluiram Daunte Culpepper, Kerry Collins, Josh McCown, Charlie Frye, Jason Campbell, Bruce Bradkowsky (Até gostaria dele se ele ficasse saudável), Aaron Brooks e até mesmo o saudoso Marques Tuiasosopo (cruz credo!), mas nenhum deles chegou perto sequer de ser um QB para levar o Raiders para a frente (E nem um deles foi o terror que Russell foi).

A verdade é que desde 2002 e do famoso Tuck Rule Game, o Raiders passou a ser um time figurante na Liga. O time tentou sucessivamente sair desse buraco, mas muitas vezes acabou voltando ao esquecimento. A NFL tem um formato que da esperanças para os times que ficam fora dos playoffs, mas o Raiders passou nove anos sem ser relevante na NFL. Nessa temporada, a situação não estava diferente. O Raiders era um time mediocre ao extremo, bom o suficiente para vencer os times fracos da Liga mas nem de longe forte o suficiente para assustar as potências da NFL, o típico time que não vai ter uma temporada tão ruim pra pegar os principais jogadores no Draft mas não vai ser boa o suficiente para algo maior. Essa era a temporada do Raiders até o sábado antes da semana 5 da NFL.

Mas no sábado antes da semana cinco, começou uma série de eventos que acabou sacudindo o time, com a morte do seu dono Al Davis. Quem assiste NFL a pouco tempo provavelmente vai lembrar do Davis como um péssimo dono e GM, que insistia nos mesmos erros e que foi um responsável direto por manter seu time irrelevante por anos a fio. Mas quem acompanha NFL há mais tempo vai lembrar da época que o Al Davis era um dos donos mais revolucionários da Liga, que montava times extremamente competitivos e ferozes que sempre estavam disputando alguma coisa na NFL, que sempre assumia grandes riscos para conseguir grandes recompensas. Ele sempre foi uma espécie de tirano na Franquia e era extremamente difícil de jogar para ele, mas Davis também era excelente avaliando talentos, costurando acordos e montando times muito físicos. Se nos últimos anos sua personalidade difícil e teimosia levaram o Raiders a amargarem momentos difíceis, essas mesmas características montaram grandes times.

A morte de Davis foi um choque na NFL, mas especialmente para os jogadores do Raiders. Muitos dos jogadores do elenco atual do Raiders estão lá porque foram escolhidos por Davis e, de certa forma, rejeitados pelo resto. Jogadores como Jason Campbell estão lá porque Davis apostou neles mesmo quando ninguém mais na Liga os queria. Ele também - com sua esquisita mania de pegar jogadores rápidos no Draft, ainda que sem nenhuma lógica por trás além dessa - draftou jogadores como Darius Heyward-Bey (escolhido antes de Michael Crabtree e Percy Harvin) e Jacoby Ford, mesmo tendo sido ridicularizado na Liga por suas escolhas. Os jogadores que eram escolhidos por Davis acabavam criando uma certa ligação de lealdade com o agora falecido GM, e sua morte causou um forte impacto nos jogadores. Por isso o jogo da quinta semana contra o Houston tenha, talvez, sido um dos mais emocionantes na temporada até aqui. Jogadores como Ford e Heyward-Bey acabaram sendo fundamentais para vencer um jogo disputado que terminou com uma interceptação do Raiders dentro de sua end zone quando o time estava só com 10 defensores em campo. Ou, como o técnico Hue Jackson (outra escolha de Davis) disse, o time tinha 11 jogadores em campo naquele momento, porque foi a mão de Al Davis que desviou aquela bola.

Ainda na ressaca da perda de Davis, o Raiders jogou (e venceu) o fraco time do Browns na semana seis, mas sofreu uma grande baixa com a lesão do seu QB titular Jason Campbell, que provavelmente ficará de fora o resto da temporada. O reserva Kyle Boller não foi mal, mas não tem condições de levar o time até o final e manter suas chances de playoffs vivas (4-2 com o melhor RB da temporada até aqui no Darren McFadden). Foi então que o time fez algo que deixaria seu falecido dono, famoso pelas jogadas de grande risco que realizava, orgulhoso: Trocou uma escolha de primeira rodada em 2012 e uma condicional em 2013 (De segunda rodada, que virará uma de primeira rodada caso o Raiders vença um jogo de playoff até lá) pelo Carson Palmer, que estava fora do time do Bengals desde que tinha se recusado a voltar para a equipe e exigido uma troca.

Essa troca foi claramente motivada pela lesão do Campbell e pela falta de confiança no Boller. O Palmer, depois de jogar mal em 2010 e se recusar a voltar para a nova temporada, foi afastado do Bengals e exigiu uma troca. Mike Brown, do Bengals, se recusou a trocá-lo, dizendo que se ele não queria jogar pela equipe não deveria esperar nenhum "prêmio". Times como Seahawks tentaram desesperadamente trocar por Palmer, mas Brown se recusou a trocá-lo. Até que chegou a proposta do Raiders, e bingo! Trocado em menos de dez horas!

O que aconteceu pra ele mudar de ideia foi simples. No melhor estilo Poderoso Chefão, o Raiders fez uma oferta que ele não poderia recusar. Por mais que ele quisesse segurar Palmer para sua satisfação, uma escolha de primeira rodada e uma de segunda condicional era bom demais pra se recusar. O Bengals tentou se reconstruir aos trancos e barrancos, mas de forma meio confusa. Duas escolhas altas para os próximos Drafts salvam completamente o processo do Bengals: Agora além de uma boa defesa, um bom QB e um bom WR, o time tem três escolhas de primeira rodada e três de segunda nos próximos três anos. Isso faz toda a diferença do mundo, são dois jogadores de alto nível a mais. As escolhas do Raiders provavelmente não serão top 10, mas serão top 20 muito provavelmente. Já está ótimo!

Para o Raiders, por outro lado, essa aposta do Hue Jackson (Ele que costurou a troca) foi extremamente parecido com o que o Al Davis faria: Pagou um preço muito alto por um jogador de muito talento que tem jogado mal. O preço foi alto demais. Você paga esse preço se é o Peyton Manning sem uma perna (ou sem o pescoço), mas você não paga isso por um QB problemático, de 31 anos, que não jogou bem as últimas três temporadas. O preço foi altíssimo e, o que é mais legal, o Raiders sabe disso! Eles sabem que pagaram demais pelo Palmer, que o Palmer não vale isso tudo. Mas eles fizeram mesmo assim. Fizeram a coisa errada, pagaram um preço absurdo por alguém que não vale, mas eles não ligaram. Al Davis está sorrindo em algum lugar!

Quando eu digo que o time fez errado, é basicamente porque o preço foi alto demais. Mas eles fizeram isso por vários motivos. Primeiro, o Palmer provavelmente é o melhor QB que o time tem desde o Rich Gannon. Ele não só é bem melhor do que o Boller como também é melhor que o Campbell, que sempre será um QB medíocre. Ele já teve temporadas de Pro Bowl e, contando com a ajuda do McFadden em mais uma excelente temporada, ele vai tornar o Raiders um time ainda melhor. Tudo bem, ele vem de três temporadas ruins, por isso é uma enorme, gigantesca aposta, mas se ele jogar bem, ele tem boas chances de levar esse time aos playoffs. O time ainda tem uma defesa fraca, uma secundária horrorosa e uma falta de alvos no ataque, mas o time é capaz de jogadas explosivas e agora tem uma boa combinação de QB/RB. O Chargers é um time melhor dentro da divisão e o Raiders vai ter alguma concorrência pelo Wild Card com Bills, Jets e Titans/Texans, mas agora - muito mais do que quando o QB do time era o Campbell ou, pior, o Boller - o time tem condições reais de ir aos playoffs. O RAiders é um time muito melhor com Palmer do que com Campbell, Boller, Collins, Russell ou provavelmente qualquer QB do Raiders pós-2002.

O Raiders, em resumo, é um time melhor. Um time que pode até brigar por uma vaga nos playoffs. O upgrade na principal posição de um time de futebol americano é uma medida que deve ser feita sempre que possível, 90 vezes em 100 isso vai tornar seu time melhor. Eu entendo as razões que levaram o Raiders a trocar pelo Palmer: Muito talento, a chance dele voltar a ser um Pro Bowler... E o descaso pelos riscos que fez o Al Davis tão famoso. Mas agora, vamos pensar por outro lado. O time trocou duas escolhas bem altas de Draft por um QB de mais de 30 anos, ou seja, mais perto do final da sua carreira. No entanto, ao trocar duas escolhas consecutivas altas de Draft, você está basicamente passando a chance de pegar dois sólidos jogadores que podem jogar pelos próximos 10, 12 anos. O Draft é uma forma de conseguir jogadores para os próximos anos, é uma forma de estocar talento para o futuro. Trocar escolhas de Draft para melhorar seu time é uma forma de prepará-lo para vencer agora, sacrificando de certa forma o futuro. Você faz isso quando tem uma base montada, um time competitivo e quer dar o passo final. Se fosse meu 49ers trocando três escolhas de primeira rodada em 2012, 2013 e 2014 pela primeira escolha do próximo Draft e o Andrew Luck, eu acharia ótimo: O time é extremamente jovem, tem uma excelente defesa, um ótimo jogo terrestre, bons alvos e precisa de um Franchise QB pra se tornar um candidato sério ao título nesse momento. Não tem problema trocar três escolhas de primeira rodada se você já tem a sua base montada e pronta para vencer agora e nos próximos anos.

Mas o Raiders não tem uma grande base, e nem um time que vá ficar competitivo só com essa troca. A base do Raiders é bem fraca, o melhor jogador defensivo tem 32 anos (Richard Seymour) e no ataque só o McFadden é realmente um jogador em volta do qual você pode reconstruir. O time vai ter só DUAS escolhas no Draft de 2012, e vai perder sua escolha de primeira ou segunda rodada em 2013. O time está perdendo a chance de ganhar dois possíveis titulares pelos próximos 10 anos pra ganhar um Quarterback de 31 anos que deve ter uns três anos bons pela frente, tempo insuficiente para um time sem uma boa base explodir. O Raiders não tem um grande time e não tem uma boa base. Com ou sem Palmer, o Raiders não é um time que vai competir com os grandes esse ano. O time não tem uma boa base pra ser otimista sobre ser competitivo em dois ou três anos, mais ou menos quando o Palmer estiver parando. E quando o Palmer parar, o time vai ficar sem o QB que tanto custou e vai ter deixado de acumular dois valiosos jogadores para o futuro da Franquia. Sacrificar o futuro é uma tática válida quando você tem um presente pra valer. A não ser que o objetivo do Raiders seja simplesmente ir aos playoffs e tudo está bem, essa troca não faz sentido lógico. Pra isso, o Raiders agora tem time. Pra ir pra um Super Bowl, não.

Pode-se argumentar que o Raiders drafta tão mal que é melhor que não tenha suas escolhas altas. Pode-se argumentar que ir aos playoffs (E quem sabe vencer um jogo se enfrentar, por exemplo, o Texans) já é uma vitória para esse time. O que é verdade. Mas Al Davis sempre foi um megalômano. O Raiders sempre teve uma das bases de fãs mais fanáticas da Liga. O Raiders era um time importante, que brigava por títulos. Ir aos playoffs sendo uma vitória pode ser uma realidade, mas é uma derrota para o que Al Davis fez com o Raiders por tanto tempo (tirando, claro, a última década). O Raiders é um time melhor agora, pode até ir aos playoffs, mas vai continuar sem ser relevante pelos próximos anos. Arriscar alto para receber uma recompensa alta é uma coisa, arriscar alto para uma recompensa mediana e possíveis anos de sofrimento é outra. E que, infelizmente, está se tornado a marca registrada do Raiders nos últimos anos, depois de 30 colocando medo em toda a NFL. O Raiders precisava, mais do que nunca, ter a cara do Al Davis dos anos 80. Infelizmente está assumindo a cara do Al Davis dos anos 2000.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Os times - AFC North

Depois de um time do Colts ter me feito queimar a língua ontem ao falar que o Sunday Night seria um massacre chato de um time só (quando na verdade foi um jogo extremamente divertido e disputado), está na hora de postar de novo, dessa vez sobre a AFC North do mesmo Pittsburgh Steelers que quase conseguiu perder ontem. Se Deus quiser até o final da semana a gente já posta todos os times - e a partir da semana quatro já ta na hora de fazer nossas análises com um embasamento razoável.


O último Neanderthal e suas madeixas

Pittsburgh Steelers (12-4)
Os atuais vice campeões da NFL fizeram o que se espera de um time que esteve a um passo e seis pontos do título em 2010: Manteve os principais jogadores importantes e tentou trazer outros jogadores que porventura pudessem reforçar a equipe para mais uma tentativa de título. E se o time não trouxe grandes reforços de peso, o time sabe que pode esperar isso do próprio elenco: Ano passado o time perdeu um sem número de jogadores importantes por lesão, inclusive TRÊS titulares da linha ofensiva e dois da linha defensiva, sem falar que os dois melhores jogadores defensivos do time - O Safety Troy Polamalu e o OLB James Harrison - jogaram a pós temporada no sacrifício. Se as lesões não maltratarem o forte time de Pittsburgh, é um candidato muito forte ao título da temporada.

O núcleo do Steelers é um dos mais completos da Liga: Uma defesa espetacular e um ataque explosivo. A sua defesa é uma das mais fortes da Liga em muito tempo, está recheada de grandes jogadores e possui pelo menos três craques que podem fazer a diferença a qualquer momento, Polamalu, Harrison e LaMar Woodley. Polamalu em particular é um jogador fora de série, extremamente completo, faz interceptações, coloca pressão no Quarterback e é excelente reconhecendo jogadas na linha de scrimmage. Nas costas dessa defesa o time foi campeão duas vezes na última década, em 2005 e 2008, mas falar que o Steelers só depende da defesa é subestimar o poder de fogo desse ataque. Liderado por um dos QBs mais durões de toda a Liga, Big Ben Roethlisberger, o ataque possui (tirando, talvez, uma linha ofensiva um pouco suspeita) todas as peças que um grande ataque tem: Um QB muito decisivo, com um braço muito forte e extremamente competente escapando de sacks; uma dupla de RBs versátil e explosiva que se complementa muito bem e é capaz de segurar suas pontas em jogos duros; uma dupla de WRs titulares composta de um jogador de possession, aquele jogador que joga em rotas mais medianas mas que é o jogador que você procura no aperto (Hines Ward) e um burner, um monstro de velocidade que usa o braço do QB para converter jogadas longas (Mike Wallace), que também é extremamente explosivo em jogadas curtas; e um Tight End que se não é brilhante, é muito eficiente.

Ou seja, o Steelers é um time completo, cheio de estrelas (O time tem pelo menos 8 jogadores de nível All Pro: Casey Kotchman (DT), Maurkice Pouncey (C), Big Ben, Wallace, Ward, Polamalu, Woodley e Harrison) e que está jogando junto há muito tempo, o que faz muita diferença. O time é maduro e já passou por muitas pós temporadas e títulos, um time experiênte e veterano que sabe o que tem que fazer para vencer - e sabe que tem o que é preciso pra vencer. O inicio de temporada do time foi desanimador, mas ainda é um dos times mais preparados para ir longe.


Tentar estrangular o QB adversário é uma
técnica muito popular nos dias de hoje

Baltimore Ravens (12-4)
Assim como seu maior rival Steelers, o  Ravens é um time que se manteve competitivo ao longo da década com sua fortíssima defesa, sendo que a defesa do Ravens de 2000 (que foi campeã do Super Bowl mesmo com um dos piores QBs da NFL) é amplamente considerada uma das melhores de todos os tempos. Mas o Ravens é um time que ainda está tendo alguns problemas para achar um ataque que possa complementar essa defesa - que não é mais tão dominante como já foi um dia - para voltar a brigar pelos títulos.

A defesa do Ravens ainda tem jogadores que estão na elite defensiva da Liga, especialmente a dupla veterana formada pela águia magnética, Ed Reed (Safety), e Ray Lewis (MLB), que junto do Terrell Suggs (OLB) e do Haloti Ngata (DT) formam um quarteto que nenhuma defesa tem igual em termos de talento - tirando, talvez, a do Steelers. O problema é que tirando Ngata esses jogadores já estão ficando velhos, ainda dominam jogos mas não com a mesma regularidade e intensidade de outras épocas. Por isso a necessidade do Ravens de buscar um ataque explosivo pra complementar isso tudo - e o fato de ainda não ter conseguido impede que o Ravens seja realmente um competidor. O ataque do Ravens - e a analogia não é minha - estava sendo um daqueles restaurantes que oferecem 500 opções no menu, mas nenhuma é uma especialidade da casa a ponto de valor por si só uma refeição. O ataque do Ravens tinha um pouco de tudo, era capaz de fazer vários tipos de jogada, mas nos playoffs - quando os jogos são muito mais apertados, as defesas mais intensas e os jogos muito mais difíceis - o time sentia falta de uma identidade no ataque, um pequeno número de jogadas que o time se sentisse mais confortável e executasse com mais precisão. Mesmo possuindo jogadores habilidosos como o RB Ray Rice e o WR Anquan Boldin, o time não conseguiu fazer o ataque funcionar.

A esperança para essa temporada está nas costas do QB Joe Flacco e seu braço de canhão. Flacco desde que entrou na Liga mostrou que era um jogador talentoso com um braço muito forte, mas também muito inconsistente e até agora incapaz de aparecer bem em jogos decisivos. A esperança do time é que Flacco possa evoluir mais um degrau (Está indo apenas para a sua terceira temporada) e ser o líder do ataque que o time está precisando. Ele tem tido boas partidas na temporada, mas resta ver se ele consegue desenvolver a regularidade e o controle sobre o ataque que esse time precisa. O Ravens está a um grande QB de ser um time de Super Bowl, e eles esperam que Flacco possa virar um. De preferência cedo do que tarde.


Definitivamente, Papai Noel não gosta de Cleveland...

Cleveland Browns (5-11)
Mas como nenhuma divisão é perfeita, depois desses dois grandes times temos dois dos piores times da Liga em 2010, começando pelo Cleveland Browns. O Browns não está no supremo inferno, e embora estivesse a caminho dele, conseguiu se recuperar a tempo. Mas o Browns ainda está naquela situação irritante de time que está começando a sair do fundo do poço, mas ainda está longe demais da luz para ser interessante (veja o Lions do ano passado, por exemplo, que também saiu do fundo do poço mas estava muito mais bem montado e mais avançado na recuperação). O time conseguiu trocentas escolhas de Draft depois que trocou a sua sexta escolha com o Falcons, e sabe que a reconstrução do time vai levar ainda algum tempo - e não tem pressa. Na NFL, o melhor jeito de reconstruir um time é sendo ruim com paciência e aproveitando bem o Draft. E o Browns está seguindo isso ao pé da letra.

O que não quer dizer que o Browns não tenha NADA que preste. Eu gosto demais do jovem QB do time, o Colt McCoy, desde que ele jogava na Universidade do Texas, e acompanhei ele de perto quando fez a transição pra NFL. Entrou muito cedo pra jogar, ainda está um pouco cru e apenas aprendendo um novo sistema, mas ele é um vencedor e é extremamente competitivo, ele nunca para de treinar e evoluir e tem muito talento ainda pra queimar. A falta de um alvo confiável tem atrapalhado muito seu jogo, mas o time tem um ótimo RB (Que é importantíssimo pra tirar a pressão de um QB, ainda que o Peyton Hillis esteja machucado no momento) e uma boa linha ofensiva. Junte a isso o fato de que são todos ainda jovens, que o time tem a escolha de primeira rodada do Falcons ano que vem (além da sua, que deve ser alta) e mais uns dois ou três playmakers na defesa (Especialmente o Cornerback Joe Haden) . O time é ruim, não tem um futuro imediatamente brilhante, mas está dando os pequenos passos para sair do fundo do poço. Ta no caminho certo, vamos ver se continua até o final.


Os Patriots se curvam ao talento de Chad Ochocinco

Cincinnati Bengals (4-12)
O Bengals, assim como o Browns, foi um dos piores times de 2010. Mas ao contrário do Browns, o Bengals não está em um caminho claro que normalmente leva ao sucesso. Pelo contrário, o Bengals parece estar vagando a esmo tentando achar uma saida para a sua situação. Depois de montar um time muito eficiente em 2009 e tropeçar nas próprias pernas (Leia-se na fraca atuação do seu QB, Carson Palmer, e dos seus Wide Receivers) nos playoffs, o time achou que conseguiria o mesmo sucesso no ano seguinte mantendo a mesma base, o que foi um fracasso: Lesões na forte defesa do time evitaram que o seu bom pass rush de 2009 aparecesse mais uma vez, e o ataque não foi nem sombra do que tinha sido antes, especialmente porque o Carson Palmer odiou jogar com a dupla Chad Ochocinco (Agora no Patriots) e Terrell Owens (Agora em casa) e teve uma temporada péssima. Na offseason, o time ainda perdeu seu melhor jogador defensivo (o Cornerback Jonathan Joseph, que foi para o Bengals) e o repôs com um veterano no final da sua carreira (Nate Clements). 

Ao mesmo tempo, Palmer disse que se não fosse trocado, iria se aposentar, e que não jogaria mais pelo Bengals. O time ficou de birra e não quis trocar ele, então draftou o calouro Andy Dalton e o bom WR AJ Green pra serem a base do ataque, que manteve o RB Cedric Benson. Agora veja a situação do Bengals: O time tem uma defesa com alguns bons jogadores jovens, mas que também conta com vários veteranos, e tentou solucionar os problemas do ataque com dois calouros, pegando quem tinha na hora porque pegar um QB na segunda rodada e tacar ele pra começar de cara raramente funciona. Parece um plano previamente determinado para colocar o time no caminho da reconstrução? Pra mim não. Talvez o time não estivesse numa boa situação para começar uma reconstrução, mas o time tentou de qualquer jeito e o resultado não foi animador.

sábado, 30 de julho de 2011

Análise do Draft da NFL - AFC North

Nossa planilha de Free Agents (http://two-minutewarning.blogspot.com/2009/07/movimentacao-de-free-agents.html) continua sendo atualizada a todo vapor, mas ainda não vamos comentar as principais movimentações da Free Agency. Vamos primeiro terminar a análise do Draft e depois comentamos sobre a ida do Nnamdi Asomugha e do Cullen Jenkins pro Eagles e tudo mais. Hoje, vamos com a AFC North.


Baltimore Ravens
Nota: B
Escolhas:
1st round, 27th pick: Jimmy Smith, CB, Colorado
2nd round, 58th pick: Torrey Smith, WR, Maryland
3rd round, 85th pick: Jah Reid, OT, Central Florida
4th round, 123rd pick, Tandon Doss, WR, Indiana
5th round, 164th pick, Chykie Brown, CB, Texas
5th round, 165th pick, Pernell McPhee, DE, Mississippi State
6th round, 180th pick, Tyrod Taylor, QB, Virginia Tech
7th round, 225h pick, Anthony Allen, RB, Georgia Tech

Análise: O Ravens é o típico time que é bom demais pra conseguir escolhas muito altas no Draft. Times assim tem duas opções: Ou tentam se reforçar com o que tem, uma abordagem segura mas com recompensas as vezes mais limitadas, ou arriscam trocas para subir no Draft ou conseguir bons jogadores, como foi o caso por exemplo do Falcons. O Ravens optou por manter suas escolhas, não tentar nada mirabolante e ver o que conseguiam. E conseguiram coisa pra burro, dadas as escolhas que tinham.

O Ravens tinha dois maiores problemas pra essa temporada, sua secundária (Chris Carr era Free Agent e os cornerbacks do time não estavam confiaveis) e seu corpo de Wide Receivers, que não foi o esperado em 2010. Com a 26th pick (Que virou 27th porque o Ravens ia trocar ela com o Bears mas o Bears esqueceu de avisar o Roger Goodell a tempo e o relógio estourou) o time podia ir com qualquer uma das duas, e optou por pegar o Jimmy Smith, ótimo cornerback de cobertura e que se encaixa perfeitamente no esquema agressivo do time. Provavelmente vai entrar e ser titular de cara com o Carr (que renovou), o que já torna o Ravens um time mais  perigoso.
Mas como se não fosse o bastante, o time ainda teve a sorte de ver o Torrey Smith (que eu achava que eles iam pegar com a 27th pick) caindo até o final da segunda rodada no colo de Baltimore. Outro que é talentoso pra burro e é perfeito pro time, o Anquan Boldin rendia muito mais em Arizona quando tinha o Larry Fitzgerald pra correr as rotas longas, e agora o Ravens achou um cara rápido pro diabo que pode fazer o papel de deep threat pra liberar o Boldin pra jogar como gosta mais (O time ainda pegou outro WR na quarta rodada pra aumentar o poder de fogo do ataque). E ainda saiu com um bom reserva no Jah Reid, já que o Jared Gaither não deve renovar e o Michael Oher sofreu com lesões em 2010. Pra um time que só tinha escolhas no final das rodadas, saiu com dois talentos que devem ajudar de cara. Não arriscou e ainda saiu com bons jogadores pro time.


Cincinnati Bengals
Nota: B-
Escolhas:
1st round, 4th pick:  A.J. Green, WR, Georgia
2nd round, 35th pick: Andy Dalton, QB, TCU
3rd round, 66th pick: Dontay Moch, OLB, Nevada
4th round, 101st pick: Clint Boling, OG, Georgia
5th round, 134th pick, Robert Sands, S, West Virginia
6th round, 167th pick, Ryan Whalen, WR, Stanford
7th round, 207th pick, Korey Lindsey, CB, Southern Illinois
7th round, 246th pick, Jay Finley, RB, Baylor

Análise: Eu tenho sérias dúvidas sobre o que eu acho desse Draft. É sério. O Carson Palmer, QB do time nos últimos anos, já disse que se não for trocado vai se aposentar, então o time tem um problema de QB. Difícil acreditar que o time que foi pros playoffs jogando tão bem em 2009 foi um dos piores de 2010, mas o fato é que nada funcionou: O Palmer jogou mal, o Cedric Benson nem de longe repetiu sua performance de 2009, e a defesa não conseguiu colocar pressão no QB adversário como no ano anterior. Foi uma desgraça, e agora o time perdeu seu QB, seus dois WRs, seu RB ainda é uma incógnita (Free Agent) e o time ainda perdeu seu melhor jogador de defesa no CB Johnathan Joseph, que foi pro Texans. O time começou a se desmontar todo e parece que agora vai ter que aceitar o fato de que vai passar por uma reformulação.
Dito isso, você imaginaria que o Bengals começaria com um QB, ainda mais com o Blaine Gabbert disponível (Não pegaria o Gabbert nem o Cam Newton com a primeira escolha, mas na quarta...), mas o time preferiu pegar um WR, o AJ Green. Ninguem questiona o talento do Green, ele é um dos melhores (se não o melhor) jogador desse Draft, o tipo de jogador pra entrar, jogar e ser um dos melhores da posição pro futuro. Por um lado, acho que o Bengals deveria ter pego seu QB aqui e se preocupado com um WR depois, não adianta você ter um grande WR se não tiver quem passar pra ele.
Mas por outro lado, o time conseguiu pegar o Andy Dalton na segunda rodada (É um líder dentro e fora de quadra, muito inteligente e com raciocinio rápido. Alguns dizem que seu braço é fraco demais, mas isso não quer dizer nada, Chad Pennington ganhou uma cacetada de jogos com um braço "fraco" e o Joe Montana foi o melhor de todos os tempos sem ser nenhum gunslinger) e acho que ele pode ser um bom QB em algum tempo. O problema é que forçar ele a entrar e jogar pode prejudicar a carreira dele, ele precisaria jogar atrás de um veterano por uma temporada pelo menos, mas parece que o Palmer fala sério, e portanto o Bengals precisa pegar um veterano no mercado com um cenário pouco atraente.
Mas quando eu paro e penso, o Bengals até que fez a coisa certa num certo nível(No Draft. Deixar o Joseph ir embora foi imperdoavel). Pegou o melhor jogador disponivel pro ataque e depois pensou no QB. O Lions fez isso com o Calvin Johnson e deu certo, até porque o time tem uma boa chance de ficar com a primeira escolha do Draft ano que vem, um Draft com bons QBs. Andrew Luck e AJ Green podem evoluir numa das melhores combinações que a NFL viu em muitos anos, caso a primeira escolha fique mesmo por lá...

Cleveland Browns
Nota: B
Escolhas:
1st round, 21st pick: Phil Taylor, DT, Baylor
2nd round, 37th pick: Jabaal Sheard, DE, Pittsburgh
2nd round, 59th pick: Greg Little, WR, North Carolina
4th round, 102nd pick: Jordan Cameron, TE, USC
4th round, 124th pick, Owen Marecic, FB, Stanford
5th round, 137th pick, Buster Skrine, CB, Tennessee-Chattanooga
5th round, 150th pick, Jason Pinkston, OT, Pittsburgh
7th round, 248th pick, Eric Hagg, S, Nebraska

Análise: O Browns tinha a sexta escolha do Draft e o Julio Jones nas mãos, mas preferiu trocar sua escolha com o Falcons por duas escolhas de primeira rodada (2011 e 2012), uma de segunda rodada (2011) e duas de quarta rodada (2011 e 2012). A ideia era simples, deixar de adicionar um talento de primeira nesse Draft pra adicionar mais gente nesse ano e no próximo, de certa forma trocando qualidade por quantidade. Pra um time tão esburacado quanto o Browns, faz sentido, o time precisa do máximo possível de bons jogadores pra sair do buraco.

Com essa troca, o time trouxe uma nova âncora pra linha defensiva no Phil Taylor, grande pra burro e que é um monstro contra o jogo corrido, é fundamental na defesa 3-4 do time. E aproveitou sua escolha extra de segunda rodada para trazer dois jogadores, o DE Jabaal Sheard que vai ser o pass rusher pra combinar com o Taylor (Se bem que se era pra arriscar, traz logo o Da'Quan Bowers, que é arriscado mas muito melhor) e um WR para ser finalmente um alvo decente pro Colt McCoy, o Greg Little, que é um bom possession receiver. E com suas escolhas de quarta rodada, pegou uma proteção de FB pro Peyton Hillis e e outro alvo pro McCoy. Ou seja, o time adicionou cinco jogadores onde só teria adicionado três (E tem mais dois vindo ano que vem), realmente o time ficou bem menos esburacado do que antes e adicionou mais talentos que vão render a médio prazo.

O outro lado da moeda é justamente o Colt McCoy. Se o Browns estiver realmente convencido de que ele é o QB do futuro do time, então a troca pode ter sido problemática. O McCoy é um bom QB, um competidor e vencedor desde a NCAA e que entrou no fogo mas se saiu muito bem em 2010. O problema é que pra ele continuar a evoluir ele precisa urgentemente de um alvo realmente confiável. O Little é bom mas não vai solucionar o problema do time, pra isso o Julio Jones seria uma combinação muito melhor. Ao passar o Julio Jones, o time adicionou mais jogadores talentosos num elenco que realmente precisa, mas o custo disso foi atrasar a evolução do McCoy. O Browns claramente manda o recado de que não tem pressa, de que aceita ser ruim mais um ano pra melhorar seu elenco no médio prazo. Parece um bom plano pra mim, só espero que eles não se arrependam pelo McCoy depois.


Pittsburgh Steelers
Nota: B-
Escolhas:
1st round, 31st pick: Cameron Heyward, DL, Ohio State
2nd round, 63rd pick: Marcus Gilbert, OT, Florida
3rd round, 95th pick: Curtis Brown, CB, Texas
4th round, 128th pick: Cortez Allen, CB, Citadel
5th round, 162nd pick, Chris Carter, OLB, Fresno State
6th round, 196th pick, Keith Williams, OG, Nebraska
7th round, 232nd pick, Baron Batch, RB, Texas Tech
 
Análise: E finalmente pra fechar uma divisão morna em questões de Draft, o Steelers, um time que teve a mesma abordagem que o Ravens pra esse Draft - não arriscar em grandes trocas e conseguir o melhor possível com o que tem - mas que não teve tanto sucesso quanto seu rival nisso. Não que o Steelers tenha tido um Draft ruim, pelo contrário, conseguiu jogadores interessantes pro seu esquema. Mas não conseguiu acertar na mosca como o Ravens, que conseguiu os dois jogadores que queriam, com as caracteristicas que queriam, sem precisar trocar nenhuma escolha.
 
O Steelers saiu com jogadores interessantes desse Draft, eu adoro o Cameron Heyward e o Curtis Brown é um jogador bem completo, mas o Steelers não - por assim dizer - brilhou. Nenhum desses jogadores deve ser um titular importante desde o começo, nenhum deles vai ser uma melhoria imediata em alguma posição carente do time. O time titular do Steelers vai ser basicamente o mesmo.
 
Mas o Steelers, por outro lado, adicionou ao seu time algo muito importante, que vai além dos jogadores em si, que é profundidade. As posições de OT, CB, DL e etc foram posições que sofreram com lesões na última temporada, e o Steelers sabia que não ia conseguir grandes blockbusters no final da primeira rodada e afins, então se preocupou em pegar jogadores que vão dar profundidade a essas posições. Não vão tirar ninguém da titularidade, mas vão participar da rotação, vão tapar buracos em casos de lesões e vão permitir ao Steelers variar mais suas formações sabendo que tem bons reservas. O Steelers não vai alterar seu time titular drasticamente (Claro que todo Draft tem uma dúzia de surpresas, tou falando com base no que da pra gente imaginar nesse instante), não vai ter um upgrade grotesco, mas vai adicionar algo que pra um time pronto pra ganhar é extremamente importante.