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segunda-feira, 29 de julho de 2013

Preview NFL 2013 - Cleveland Browns

O melhor vídeo ou comercial da história do Cleveland Browns



Para saber do que estamos falando aqui e dessas estatísticas, recomendo a leitura desse post antes
Se quiser opinioes e analises sobre o Draft, voces podem ler o Running Diary da primeira rodada ou o manual de como avaliar um Draft na NFL


Depois de terminar a série de previews da AFC East e os previews da NFC East para a temporada 2013 da NFL, falamos da AFC North com Baltimore Ravens, seu maior rival Pittsburgh Steelers, e o jovem up-and-comer Cincinnati BengalsAgora vamos terminar a divisão falando do patinho feio, o Cleveland Browns. Se você não tem ideia do que estou falando, recomendo que leia esse post introdutório. Btw, a falta de crases nesse texto é porque esse teclado não tem crase, então não reparem, ok?

Cleveland Browns

2012 Record: 5-11
Ataque ajustado: 27th
Defesa ajustada: 22nd


O Cleveland Browns é um daqueles times que é fácil fazer piada, especialmente por ser o patinho feio em uma divisão que acumula três títulos de Super Bowl nos últimos 10 anos e coloca em média dois times nos playoffs por temporada. O atual Cleveland Browns (o antigo mudou para Baltimore em 1996, draftou Jonathan Ogden e Ray Lewis com suas duas primeiras picks na nova cidade e ganhou dois Super Bowls desde então. Torcedores do Browns agora vão colocar fogo em si mesmos), desde que entrou na NFL em 1999, nunca ganhou um título de divisão, teve apenas duas temporadas acima de 50% de aproveitamento e foi aos playoffs apenas uma vez nesses catorze anos. Na verdade, desde que as divisões se realinharam em 2002 para formar as oito que conhecemos hoje, o Browns terminou acima da terceira posição na AFC North apenas duas vezes: em 2002, quando terminou em segundo e teve sua única aparição nos playoffs (perdeu na primeira rodada para o Steelers), e em 2007, quando terminou 10-6 (melhor record que teve desde 1999) mas não foi aos playoffs porque perdeu no critério de desempate para o também 10-6 Steelers na divisão e porque o Colts poupou titulares na última rodada contra o Titans, que ganhou o jogo e roubou o último Wild Card do Browns. Não foram exatamente 14 anos divertidos para os torcedores de Cleveland.

Na verdade, fica pior. Desde 2007 e seu milagroso 10-6 record com Derek Anderson de QB, (!!) que ainda foi ao Pro Bowl (!!!!!!!), nenhum técnico do Browns durou mais de dois anos no cargo (na verdade, os três HCs duraram exatamente duas temporadas cada antes de serem mandados embora), e em nenhuma das cinco temporadas seguintes a equipe conseguiu um record melhor do que 5-11 ou um ataque rankeado melhor que o 22nd melhor da NFL. Junte isso a tudo de ruim que o Browns aguentou antes de se mudar para Baltimore - The Fumble, The Drive, Red Right 88 (ironicamente, o TE que iria receber o passe? Ozzie Newsome, GM do Ravens!) - e concluímos que torcedores de Cleveland não tem muitos motivos para estarem felizes com a NFL... ou com a vida. (Se você tem preguiça de ver os vídeos e não sabe o que foram essas três coisas, entre na Wikipedia e coloque o nome que ele acha direto. Vale a pena. É a prova de que não existe time mais amaldiçoado na NFL. Confie em mim.)

Então sim, digamos que a história da franquia - especialmente desde que voltou a NFL - é uma de fracasso e que existe poucos motivos para se sentir otimista para o futuro. Então qualquer coisa de positiva que eu possa apontar aqui pode acabar sendo inútil frente a toda essa maldição e histórico de temporadas ruins e decepcionantes. Mas já que a idéia é fazer uma análise objetiva da temporada 2013 da equipe, vamos fingir que o Browns é uma franquia normal que não foi construída sobre um cemitério indígena, ok?

Apesar de mais uma temporada conturbada em 2012 que terminou com mais um record 5-11 e um técnico demitido, o fato é que o Browns não foi um time tão ruim assim como pareceram e como gostamos de acreditar. Não, é sério, pode parar de dar risada: a equipe terminou 5-11 mas com o Pythagorean Expectations de uma equipe 6-10, em parte porque a equipe acabou 3-5 em jogos decididos por uma posse de bola e porque tiveram o pior técnico da NFL na temporada passada, de longe. Pelo menos duas vezes o Browns entregou chances de manter o jogo próximo ou mesmo na frente no placar pelas decisões malucas do seu HC, e mesmo que o novo técnico da equipe seja uma incógnita, existe um potencial de melhora só por Pat Shurmur não estar mais lá.

Tirando seu Pythagorean Expectation e record em jogos decididos por uma posse de bola, um outro motivo de otimismo para a equipe é a questão das lesões. O Browns foi o sexto time que mais perdeu jogadores importantes por lesões ano passado (e mais quatro jogos sem seu melhor defensor em Joe Haden, suspenso), e embora alguns jogadores tenham mesmo um histórico de contusões (e a franquia como um todo também), em geral é um fator que costuma ser mais ou menos aleatório ano a ano e não devemos esperar que o Browns tenha novamente tanto azar com isso. Então vamos dar uma olhada mais a fundo e ver como Cleveland foi afetado por esses três fatores ao longo da temporada, e o que devemos esperar para mudar em 2013.

Primeiro de tudo, queria deixar claro de que é um mito que o Cleveland não tem talento na sua organização. Na verdade, eles tem muito mais talento do que um 5-11 time deveria ter a esse ponto, e a base para o futuro da franquia já está em estágios avançados de montagem (com uma exceção, mas já chegamos lá). Vamos mostrar que a base está montada dos dois lados da quadra para o futuro e que sim, por incrível que pareça, existe motivos para otimismo em Ohio que não envolvem Lebron voltando em 2014.

A primeira coisa que chama a atenção no Browns - pelo menos no papel - é sua defesa. Antes dessa offseason, a equipe tinha um núcleo formado por três excelentes jogadores: Joe Haden, o melhor cornerback da NFL não chamado Darrelle Revis; Phil Taylor, um DT muito forte que é excelente ocupando bloqueadores; e um dos MLBs mais versáteis da Liga, D'Qwell Jackson. Eles eram os três "keepers" da Franquia, aqueles três jogadores que iam servir de base para a equipe montar sua unidade defensiva. Embora eles precisassem de diversos complementos a esses três - mais importante de tudo, um bom pass rush e reforços na secundária - esses três seriam os mais importantes para o desenvolvimento da equipe. Então considerando que Haden perdeu cinco jogos e Phil Taylor perdeu mais oito (sem falar no resto das muitas lesões que colocaram o time como o sexto mais lesionado de 2012), o fato de que sua defesa esburacada ainda conseguiu ficar em 22nd overall é um ponto positivo. Se não acredita, é só ver que sua defesa se comportou como uma unidade acima da média em 2012 quando Taylor voltou de lesão, terminando com a 18th defesa ponderada da NFL mesmo com todos esses problemas. Então sim, foram mal, mas muitos sinais positivos estão ai no meio.

Então a defesa é realmente o ponto positivo da equipe até agora, e a diretoria com certeza sabe disso. Tanto que, nessa offseason, a equipe dedicou seu Draft quase inteiro e seu enorme espaço salarial a reforçar essa unidade, e fez isso de forma contundente: primeiro, aproveitou de ter a maior folha salarial da NFL para fazer uma oferta irrecusável a Paul Kruger, o emergente OLB de Baltimore que eles sabiam que Newsome não iria igualar. Depois, conseguiram o jogador que eles queriam no Draft em outro pass rusher, Barkevious Mingo, montando assim uma dupla para ir atrás de OLBs que tem potencial para ser uma das melhores da NFL em algum tempo (eles também foram espertos e trouxeram outro OLB mais all-around em Quentin Groves caso Kruger tenha dificuldade em se adaptar a rotina de jogar todas as descidas ou se Mingo precisar de mais tempo de adaptação). E quando a equipe falhou em reforçar a secundária quando sua oferta ao CB Keenan Lewis foi superada pela do Saints, a equipe usou uma escolha de terceira rodada em Leon McFadden (que deve ser titular oposto a Haden e se beneficiar imensamente da presença do seu colega All-Pro fechando metade do campo) e uma de sexta no safety Jamoris Slaughter (que ocupa uma posição de imensa necessidade e um talento de primeira ou segunda rodada se não fossem as lesões recorrentes e um rompimento do tendão de Aquiles que o tirou da temporada passada da NCAA).

(Tangente rápida: Barkevious Mingo e Jamoris Slaughter no mesmo time? Deve ser a melhor classe de força nominal da história do Draft!!)

Então se você está acompanhando, agora o Browns tem um núcleo de defesa com Haden, Jackson e Taylor que foi na média ou um pouco acima dela quando jogaram juntos temporada passada, e que adicionou dois bons pass rushers em Kruger e Mingo e mais dois jogadores que, ainda que jovem e incógnitas, devem ser um upgrade sobre o que quer que a equipe tenha colocado de segundo CB e safety nas últimas temporadas. Ainda que ainda tenham alguns buracos a serem preenchidos com role players e jogadores mais versáteis para complementar os principais, a equipe montou um excelente núcleo de cinco jogadores com características que se complementam muito bem. A defesa terrestre da equipe temporada passada foi ok e deve melhorar com uma temporada inteira de Taylor e seus novos OLBs, e a secundária - um problema maior, 20th overall - vai ser a maior beneficiada da adição de Kruger e Mingo, já que temporada passada a equipe teve trabalho demais indo atrás do QB (conseguiu um bom número de sacks porque jogou contra times que cediam muitos sacks, mas seus números ajustados são medíocres) e mesmo que seja uma unidade com poucos talentos de NFL (pelo menos até vermos como seus calouros vão se comportar) já vai ser muito bom para ela enfrentar quarterbacks com menos tempo para lançar, especialmente se Haden jogar uma temporada inteira. Então para um time cuja menor preocupação é vencer agora e cuja maior é montar uma boa base para um futuro próximo, o Browns tem feito um excelente trabalho juntando playmakers jovens e talentosos na sua defesa. Como eles vão funcionar juntos tem um interesse secundário por ora, mas se esse grupo conseguir ficar mais saudável que ano passado, podem esperar uma defesa sólida e em constante evolução e que deve ser a cara da Franquia pelos próximos anos.

O problema maior da equipe é do lado ofensivo da bola, onde o time teve um atroz 27th overall que, por incrível que pareça, já é uma melhora em relação ao ano anterior (31st overall). O time foi tão ruim pelo ar (27th) como pelo chão (25th) e nem a defesa do Ravens de 2000 ia salvar o pescoço desse grupo, então não é a toa que o Browns foi um time fraco em 2012. E se a franquia tem alguns pontos positivos no seu ataque, ele certamente vem acompanhado de alguns problemas, e o primeiro é esse: o Browns não fez nenhum grande esforço nessa offseason para melhorar seu ataque. Apenas um jogador Draftado - um tackle na sétima rodada - foi do ataque (apesar da 2nd rounder deles ter sido usada em um, mas já chegaremos lá) e o time não usou seu enorme espaço salarial para trazer nenhum jogador que fosse fazer a diferença (especialmente um TE) e ajudar o que tem sido um grupo muito ruim desde 2007. Então mesmo com mais saúde, a expectativa de uma grande mudança para o ataque desse time em 2013 são muito pequenas, mas vamos com calma.

A boa noticia é que, do ponto de vista de montar uma base jovem para o futuro e não para a temporada que vem, o Browns tem três jogadores que podem ser pilares para o futuro. Eles tem o melhor lineman de toda a NFL em Joe Thomas com apenas 28 anos, um RB muito talentoso que foi a 3rd pick overall de 2012 em Trent Richardson, e gastaram sua escolha de segunda rodada desse Draft no Draft Suplemental (explico no final do post, só descer até o fim) de 2011 para pegar o WR Josh Gordon, um talento de primeira rodada com problemas extra-campo mas que se mostrou um excelente jogador em 2012 com 800 jardas e 7 TDs apesar de receber passes de Brandon Weeden. Então talento eles tem, três potenciais bases para o futuro em posições importantes. O que Cleveland colocou ao redor deles que é o problema. Apesar do bom começo de Josh Gordon (suspenso para os dois primeiros jogos de 2013, btw), Cleveland ainda tem necessidade de mais opções no seu corpo de recebedores. A equipe trocou uma escolha tardia de Draft pelo bom e muito underrated Davone Bess, um excelente slot receiver que vai oferecer uma opção mais segura de passe pelo meio que a equipe não tinha, e embora Gordon-Bess seja uma boa dupla junto de uma opção mais explosiva, não é o caso na equipe: sua outra opção de recebedor seria Greg Little, um WR físico que pode funcionar na end zone pelo seu tamanho mas que tem decepcionado até aqui na NFL e tem dificuldade para criar separação dos defensores, e que não tem funcionado atraindo a atenção de quem quer que seja. Isso poderia ser um problema menor caso a equipe contasse com um bom TE capaz de criar missmatches na defesa e forçar ajustes, mas não é o caso: o Browns não tem um bom tight end e nem um TE mediano, apenas um bando de jogadores abaixo da média que nunca ativeram sucesso na Liga. Isso coloca pressão demais nos dois bons recebedores da equipe, torna o ataque muito mais fácil de ser marcado e dificulta demais a vida do QB.

Além disso, tem a linha ofensiva. O grupo é bom pelas pontas e protegendo seu QB, especialmente com Thomas, mas falta profundidade e força no interior dela. Lesões afetaram demais tanto os jogadores da linha como Trent Richardson temporada passada, então leve isso com um grão de sal, mas foi um grupo que teve MUITA dificuldade correndo pelo meio e abrindo caminho na força. Curiosamente, é um time que foi bem no resto (defendendo o QB, bloqueando por zona...) mas cuja incapacidade de abrir caminho no muque pelo miolo da defesa prejudicou demais Richardson e seu ataque em geral. Um pouco mais de saúde e um bom upgrade nos seus guards pode resolver a questão, porque talento existe.

O problema maior, é claro, é a posição de QB - como alias é o caso em quase qualquer time ruim. Brandon Weeden, o QB calouro mais velho da NFL com 29, teve um 2012 muito ruim em termos de eficiência (foi o quarto pior da NFL, na frente apenas de John Skelton, Ryan Lindley e claro... Mark Sanchez). Embora é claro que uma parte disso tenha vindo da incompetência geral do ataque ao seu redor (a falta de um alvo acima da média além de Gordon, a falta de jogo terrestre, etc) o fato é que o calouro não fez nada para nos convencer de que vai ser um jogador de sucesso - ou mesmo um titular sólido - na NFL, e mesmo sendo um calouro, o fato de que ele já tem 30 anos nos faz crer que seu potencial é muito limitado. Então enquanto o Browns não arrumar um QB de verdade para hoje e para o futuro, o Browns não vai dar um salto não importa o quanto o time esteja juntando de talento. Para 2012 o Browns não deve ter um time ao redor do QB pior do que o do Redskins, por exemplo: o time de Cleveland tem uma defesa com mais potencial, uma OL melhor protegendo o QB e pior correndo com a bola, e um corpo de recebedores menos variado mas mais explosivo. Se RG3 jogasse no Browns, estariamos pensando na equipe como um potencial time de playoffs, mas como é Weeden, sabemos que o potencial desse ataque é extremamente limitado. O ponto positivo para o Browns aqui é que o time mandou embora Shurmur, um dos piores técnicos que eu vi em anos de NFL, e trouxe Rob Chudzkinski para seu lugar. Embora Chud... Hmm, embora Rob não tenha exatamente um grande histórico como HC, ele foi o coordenador ofensivo da equipe durante aquela campanha 10-6 em 2007 e que fez Derek Anderson ir para o Pro-Bowl, algo que sozinho deveria colocá-lo no Hall da Fama algum dia, então se você acredita na influência que uma troca de técnico possa ter, a chegada de Rob e de Norv Turner como seu coordenador ofensivo pode ser algo para dar otimismo a essa torcida, ainda que eu duvido demais que Weeden vá ser o QB a colocar esse time de volta nos 50% de aproveitamento.

(O que me faz pensar: e se o Browns tivesse tido cérebro para não pegar Weeden ano passado na primeira rodada, usado essa pick para reforçar a equipe, e depois pego Russell Wilson na 2nd ou 3rd round? Hmm...)

Em resumo, o Browns foi um time 6-10 em Pythagorean Expectations ano passado que melhorou consideravelmente do ano passado para esse: adicionou duas peças muito importantes na defesa e adicionou profundidade na sua secundária, mudou seu técnico (sim, pode ser que Rob seja um fiasco, mas Shurmur com certeza seria um, então...), adicionou mais uma arma ofensiva em Bess e que dificilmente vai ser tão dizimado por lesões como foi ano passado. Então se o Browns deveria ter sido 6-10 temporada passada, seu calendário continua fraco como sempre (20th ano passado, projeta o mesmo para 2013) e o time fez enormes melhorias na sua equipe sem perder nenhum jogador importante (e espera-se que fique mais saudável), não é nenhum absurdo imaginar que o Browns possa terminar algo como 7-9 ou até 8-8 se as coisas derem um pouco mais certo a favor deles e se Weeden realmente der um salto de produtividade com um novo coordenador e um novo técnico no seu segundo ano da Liga. Eu realmente não confio no Browns enquanto eles tiverem Weeden, então não vou além de um 6-10 ou 7-9 nas minhas previsões, o que já está ótimo para uma franquia que tem sido uma piada nos últimos anos e que está montando uma base muito boa para o futuro. Mas não vão brigar por nada até acharem seu QB do futuro em algum lugar fora do seu elenco atual.


Nota explicativa: Draft Suplemental é um segundo Draft que ocorre um mês depois do Draft normal, e é composto de jogadores que se declararam para entrar na NFL depois do prazo limite para o Draft  - geralmente por causa de problemas extra-campo ou de elegibilidade para a NCAA. Cada time oferece escolhas hipotéticas de primeira a sétima rodada pelos jogadores, com a maior oferta por cada um levando o jogador. Se isso acontecer, o time perde a escolha de rodada correspondente no Draft seguinte. Ou seja, Josh Gordon não se declarou para o Draft de 2012 porque queria voltar para a NCAA, teve problemas de elegibilidade por conta de suspensão por uso de maconha e se declarou tardiamente. O Browns foi o time que mais alto ofereceu por ele no Draft Suplemental de 2012, uma escolha de segunda rodada, e por isso perdeu sua escolha de segunda rodada do Draft 2013. 

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Preview NFL 2013 - Cincinnati Bengals


Jerome Simpson não concorda que futebol americano se joga com os pés no chão


Para saber do que estamos falando aqui e dessas estatísticas, recomendo a leitura desse post antes
Se quiser opinioes e analises sobre o Draft, voces podem ler o Running Diary da primeira rodada ou o manual de como avaliar um Draft na NFL


Depois de terminar a série de previews da AFC East e os previews da NFC East para a temporada 2013 da NFL, começamos a falar da AFC North pelo atual campeão, Baltimore Ravens e pelo seu maior rival, o Pittsburgh Steelers. Agora vamos falar de um dos times em ascensão da NFL, o Cincinnati Bengals. Se você não tem ideia do que estou falando, recomendo que leia esse post introdutório. Btw, a falta de crases nesse texto é porque esse teclado não tem crase, então não reparem, ok?

Cincinnati Bengals

2012 Record: 10-6
Ataque ajustado: 17th
Defesa ajustada: 10th


Em uma divisão dominada por mais de uma década pela dupla Baltimore Ravens e Pittsburgh Steelers (5 Super Bowls combinados desde 2000 e quatro desde 2005), o Cincinnati Bengals emergiu nos últimos anos como um dos times mais jovens e interessantes da NFL. Depois de uma campanha de fracasso em 2010 (4-12, mas com Pythagorean Expectation de 6-10), a equipe aproveitou suas duas escolhas mais altas de Draft e tirou uma página do manual do Detroit Lions, passando a chance de pegar um QB com uma pick alta que não merecia (Blaine Gabbert, no caso) para pegar o melhor jogador disponível (AJ Green) e adereçando sua necessidade de um QB futuramente, quando um jogador que eles gostavam - Andy Dalton - esteve disponível na segunda rodada. O Lions fez a mesma coisa em 2007, quando tinham uma escolha Top3 e uma necessidade urgente de um quarterback mas pegaram Calvin Johnson porque não tinha nenhum QB que valesse a pena naquele lugar - um ano depois pegaram Matthew Stafford com a primeira escolha. Deu certo para o Lions e, considerando que os três QBs pegos depois de AJ Green foram Jake Locker, Blaine Gabbert e Christian Ponder, eu diria que deu certo para o Bengals também.

Essa foi a base (junto do TE Jermaine Gresham, draftado um ano antes)  que o Bengals usou para reconstruir seu ataque. Entre 2011 e 2012, o Bengals também trouxe do Patriots o RB Benjarvus Green-Ellis, draftou Mohamad Sanu para fazer par com Green, e basicamente remontou quase todo seu ataque com jogadores jovens que iriam construir, juntos, esse ataque que seria o fator a levar o Bengals para frente. A defesa tinha perdido um jogador importante em Jonathan Joseph e, embora ainda tivesse alguns jogadores interessantes e jovens talentos como Leon Hall e Geno Atkins, a idéia da diretoria era que o ataque voltasse a assumir o papel de destaque que teve nos per íodos que o Bengals foi um time competitivo na divisão (inclusive no título de divisão de 2005).

Não aconteceu. Embora, claro, não de para chamar de forma alguma o plano da diretoria de fracasso: foram apenas dois anos desde que Green e Dalton chegaram a Ohio, e nesses dois anos a equipe foi duas vezes aos playoffs ganhando em média 9,5 jogos por temporada, obviamente um bom começo para essa nova fase da Franquia. O que não aconteceu de acordo com os planos foi o papel que o ataque iria assumir, especialmente em relação a defesa.

Em 2011, o ataque da equipe foi apenas o 17th melhor da temporada, a mesma colocação que teve em 2010. Estranhamente, a defesa também foi a 17th melhor da temporada 2011 depois de ter sido a 17th melhor da temporada 2010 (em eficiência total calculado pelo Football Outsiders? 17th na NFL, é claro). Boa parte da mudança de 4-12 para 9-7 na verdade aconteceu menos por causa em um grande salto de performance mas sim por causa de seu record em jogos decididos por uma posse de bola, que passou de um patético e insustentável 2-7 em 2010 para um mais comum 5-5 em 2011, e um calendário que passou de ser o segundo mais difícil da NFL para o sétimo mais fácil da Liga. Então no primeiro ano da nova geração da equipe não houve de fato uma grande melhora (imediata, é lógico) na equipe, com seu record tendo sofrido uma grande mudança por conta de fatores externos e de sorte - não a toa foram massacrados na primeira rodada dos playoffs por um Houston Texans com TJ Yates de QB.

Mas claro, com um time jovem, inexperiente e que estava apenas começando a se montar, dificilmente o primeiro ano diz muita coisa e é claro que a diretoria do time não tinha em vista uma melhora imediata quando optou por montar um ataque novo e mais jovem. Evolução dos jogadores, adaptação ao esquema tático e mesmo a chegada de novos jogadores para completar a montagem leva tempo e novas offseasons. Mas em 2012, com um ano a mais de experiência e jogadores novos na equipe, talvez comece a chamar a atenção que o ataque da equipe na temporada foi... Wait for it... Apenas o 17th melhor da NFL!

Claro, não existe motivo para pânico. Mas para um ataque que deveria ter dado uma nova cara a franquia e assumido o comando de carro chefe, é um pouco decepcionante ver o ataque estagnado por dois anos seguidos no mesmo patamar da equipe que fez a diretoria pensar "Ok, já deu, vamos reconstruir!". Esse foi, sem dúvida, um dos motivos que levou a diretoria a usar suas duas primeiras escolhas de Draft para adicionar talentos a esse lado da bola, draftando o melhor TE do Draft (Tyler Eifert) e um dos melhores RBs (Giovani Bernard, que além de tudo tem um nome muito massa) para ver se reforça seu ataque. Mas vamos olhar com mais calma e ver quais são exatamente os problemas que o Bengals tenta resolver.

Para começar, o Bengals teve o 14th melhor ataque terrestre, e olhando mais de perto, da para ver muito bem porque o time sentiu tanta necessidade de ir atrás de um RB numa rodada alta do Draft. A equipe tem praticamente zero de depth atrás do seu (provavelmente ex) titular Benjarvus Green-Ellis. Nenhum outro jogador do elenco inteiro teve mais de 50 corridas, em parte porque Bernard Scott machucou e eventualmente foi para o IR, mas o fato é que eles dependeram quase que exclusivamente de um RB medíocre que não conseguiu passar das 3.9 jardas por corrida (para efeito de comparação, o malfadado Chris Johnson teve 4.5). A chegada de Giovani Bernard não só trás depth a equipe como ele é um jogador muito mais explosivo e simplesmente melhor que Green-Ellis, deve assumir a posição de titular e deixar Scott e Ellis se revezando para aliviar sua carga. A linha ofensiva da equipe foi na verdade muito boa em 2012 tanto contra a corrida como contra o passe e o problema foi a falta de ajuda dos backs, então a chegada de Bernard deve ajudar.

O problema - e muito mais preocupante - são as dificuldades do time pelo ar. O ataque aéreo da equipe despencou para o 19th melhor da NFL em 2012, e isso é um problema. Andy Dalton, quando foi draftado, era considerado um prospect um tanto quanto "pronto", o tipo de cara com o jogo para já chegar de titular na NFL mas com pouco espaço para evoluir e sem um teto muito alto. Até agora, ele tem correspondido a essa descrição: durante seu ano de calouro todos ficamos impressionados com sua calma e presença no pocket, sua capacidade de chamar jogadas e permanecer em controle, mas no segundo ano isso parou de ser novidade e começamos a prestar atenção na sua dificuldade em converter passes longos (26.3% de passes completados quando viajam mais de 20 jardas no ar, 30th melhor na Liga), dificuldade para jogar a bola na direção de quem quer que não seja o AJ Green, falta de capacidades de improviso e outras do gênero, coisas que não evoluíram da sua temporada de calouro para essa. E isso preocupa porque trocar QB é algo muito mais difícil (especialmente sem escolhas altas de Draft, e o Bengals é um time bom para ter escolhas tão altas), e o time naturalmente não quer ir nessa direção, por isso a diretoria correu para cima de Tyler Eifert para dar mais uma arma ao seu QB e aumentar ainda mais as opções que ficou um pouco previsível ao longo da temporada e nos playoffs, quando os times começaram a dobrar (ou mesmo triplicar) a marcação em Green toda santa jogada e forçar os outros playmakers do time a vencê-los, e seja por causa da dificuldade de Dalton ou da falta de habilidade de separação de jogadores como Mohamed Sanu e Jermaine Greshan, o fato é que o ataque ficou muito estagnado e trazer Eifert - um TE extremamente dinâmico e um missmatch ambulante - é não só uma forma de dar mais alvos ao seu quarterback mas também colocar um segundo alvo de confiança para quando Green tiver quatro jogadores em cima.

Mas no final, o que quer que o Bengals tenha planejado de grandeza para seu ataque, vai ter que passar por Dalton. O ataque terrestre deve ser melhor na temporada seguinte mas não elite, e com o talento absurdo que o Bengals está colocando junto dele - talvez o melhor WR da NFL que não tem apelido de Transformers, uma das melhores (se não a melhor) dupla de TEs da NFL, um talento emergente em Sanu - está nas mãos do Red Rifle (melhor apelido de QB da atualidade, btw) levar esse time um passo adiante. Os defensores do garoto gostam de apontar que ele foi aos playoffs nas suas duas primeiras temporadas, uma descrição que se aplica a apenas outros quatro QBs na história da NFL e inclui Dan Marino, John Elway, Ben Roethlisberger e Floe Flacco - mas também inclui Pat Haden, Bernie Kosar, Shaun King e claro... Mark Sanchez. Então não quer dizer realmente muita coisa nesse momento. Mas no momento, a amostra pequena que temos não é a mais promissora: 26th em QBR em 2011 (46.7, abaixo da média) , como calouro, e 22nd em 2012 com um fraco 50.7. Ele obviamente não é horrível e é um jogador jovem que jogou apenas duas temporadas profisisonais, então apesar de não ser o jogador com mais potencial da NFL, ele ainda tem algum espaço para evoluir. Mas em duas temporadas ele tem tido dificuldades sérias de executar as jogadas certas nas horas certas, tem tido muitos problemas quando a primeira opção de passe (leia-se AJ Green) é tirada pela defesa e exige uma adaptação, não tem força no braço (de novo, 26.3% de aproveitamento em passes de mais de 20 jardas), e não tem compensado isso com um excelente aproveitamento nos passes (63%) como Alex Smith, por exemplo. Sua média de jardas por passe de 6.9 não é horrível, mas abaixo de jogadores como Matt Schaub (7.4) e Josh Freeman (7.3). E como seu QBR nos indica, ele não tem feito um bom trabalho tirando proveito da situação das boas situações que tem sido colocado dentro do ataque do Bengals. Ainda que seja cedo demais para tirar conclusões finais sobre Dalton e achar que ele será assim pelo resto da carreira, o fato é que ele tem sido um QB mediano que tem parecido melhor do que é pelo bom time ao seu redor. E se o Bengals quiser sonhar em dar o próximo passo, vai precisar que ele melhore.

No entanto, se a história nos ensinou alguma coisa, é que podemos ter sucesso (e embora hoje em dia seja um pouco mais difícil nessa era onde passar é tão incentivado pelas regras, ainda temos casos) com um ataque bem completo, um QB mediano e uma defesa de elite. E embora a defesa do Bengals não seja de elite (ainda, pelo menos) tem mostrado muitos sinais encorajadores - alguns até demais, para ser sincero, que fazem as pessoas pensar em uma potencial regressão. Se o ataque se manteve em 17th pelo terceiro ano consecutivo, a defesa deu um salto de 17th para ser a 10th melhor defesa da NFL mesmo sem grandes mudanças no seu pessoal, mantendo a base de um ano a outro e com sua escolha de primeira rodada (Dre Kirkpatrick) e adicionando apenas alguns role players (em particular Terrence Newman e Adam "Pacman" Jones). O principal motivo dessa melhora foi, principalmente, o espetacular crescimento do DT Geno Atkins, uma escolha de quarta rodada de 2009. Em 2012, Atkins foi provavelmente o terceiro ou quarto melhor defensor da NFL (atrás de JJ Watt, Von Miller e talvez Aldon Smith) e emergiu como uma força imparável no meio da defesa 4-3 da equipe, capaz de ir atrás do QB adversário, ocupar múltiplos bloqueadores e liberar seus demais companheiros de linha para se movimentar com mais liberdade. Tirando Watt, Atkins foi talvez o defensor mais importante de qualquer time da NFL, a âncora dessa defesa que só funcionava em torno dele e quando ele estava causando estrago e tornando a vida mais fácil para todo mundo ao seu redor (ao ponto que o Bengals até deu um contrato de 40M para um pass rusher situacional que tem dois jogos como titular em três anos, Carlos Dunlap). Esse impacto foi tão grande ao longo da temporada que, embora o Bengals tenha terminado com a 10th melhor defesa da NFL no ano, esse número sobe para terceira melhor quando usamos os números ponderados do Football Outsiders (de novo, isso significa que essa estatística atribui maior peso a um jogo quanto mais tarde ele foi na temporada), o que mostra a incrível melhora dessa unidade ao longo do ano.

E aí entra a parte que pode cair para qualquer lado, e depende de como você enxerga o copo, meio cheio ou meio vazio. A performance da defesa do Bengals foi impressionante esse ano, mas ela dependeu de duas coisas, basicamente: um ano espetacular do Geno Atkins, e a performance individualmente espetacular (e totalmente surpresa) de jogadores como Adam Jones. O que chama a atenção, na verdade, é que essa melhora exponencial ao longo da temporada aconteceu sem nenhum grande motivador (como um jogador importante voltando de lesão, uma mudança de coordenador defensivo ou esquema tático, uma mudança numa posição chave ou algo parecido), foi apenas por conta de uma grande melhora na atuação mesmo, e tamanha variância sempre chama a atenção por um motivo. Então temos duas possibilidades: ou você assume que essa grande melhora ao longo da temporada foi real, representa o valor verdadeiro dessa unidade defensiva e que o nível de Atkins em 2012 é o que devemos esperar daqui para frente, ou você assume que embora uma melhora fosse esperada de um núcleo jovem com algumas adições pontuais, essa gritante melhora ao longo da temporada foi fruto de um ano fora da curva (ou de oito jogos fora da curva) que deve regredir em 2012.

Como de costume, a verdade provavelmente é algum ponto entre essas duas opções que só saberemos de fato quando a temporada estiver rolando, mas pessoalmente eu me inclino um pouco mais pela segunda hipótese. Não é algo incomum um jovem como Atkins de repente dar um salto de produtividade na carreira, mas para atingir de repente esse nível totalmente fora do comum é um pouco mais, e manter ele por mais de uma temporada ainda mais, então embora seja muito possível que Atkins realmente tenha dado um salto de produtividade, dificilmente vai conseguir manter esse nível por muito tempo. Ainda que ele deva continuar sendo muito bom, foi seu nível espetacular que elevou essa defesa ao nível que chegou, e se essa dominação sofrer uma regressão o resto da defesa vai perder muito espaço de atuação. Ainda que obviamente isso seja especulação, um monte de escritores e analistas de NFL que eu respeito muito concordam que Atkins é um dos maiores candidatos a uma regressão em 2013, e a defesa do Bengals sofreria com isso. Um outro ponto interessante é que a defesa da equipe ano passado ganhou grande contribuições de excelentes anos de jogadores como Pacman Jones e Terrence Newman, jogadores sólidos no geral mas que vinham sem boas contribuições já fazia algum tempo, e portanto são de certa forma incógnitas para repeti-las. Por conta desses dois fatos, eu espero uma certa regressão dessa boa defesa de volta a um nível mais normal, especialmente levando em conta que o time não teve que lidar com nenhuma lesão importante além de Kirkpatrick e que isso pode mudar para 2013.

Ainda assim, a defesa deve ficar bem. Eles tem bastante talento, especialmente na secundária (mesmo que Jones e Newman não repitam seu 2012, a equipe ainda tem Leon Hall e Kirkpatrick para revezar os snaps, um excelente quarteto) apesar das incertezas com os safeties, e Atkins mesmo regredindo ainda é um dos melhores DTs da NFL. Rey Maualuga lidera um grupo de LBs que vai ter que lidar com a saída de Manny Lawson, mas que deve continuar sólido e profundo. Ainda que se Atkins for menos dominante em 2013 esse grupo deva sentir os efeitos, não quer dizer que vá ser uma unidade ruim, o talento disponível ainda é muito bom e tem tudo para montar uma sólida unidade, talvez mesmo Top10 na NFL.

Por isso em 2013, o Bengals deve continuar um time bom mesmo se Dalton não der o salto de produtividade que o time precisa. Seu Pythagorean Expectations foi de 10 vitórias e, tirando um record em jogos decididos por uma posse de bola de 5-3, os números de 2012 não apresentam nenhum tipo de aberração. O time deve melhorar ofensivamente com Eifert e Bernard em 2012 e supondo alguma evolução de Andy Dalton (ainda que eu esteja pessimista em relação a um grande salto), e mesmo que a defesa regrida do nível que esteve no final da temporada, alguma melhora deve carregar em relação ao começo fraco da temporada passada (ao invés de terminar em 10th com uma variação absurda, pode terminar em 10th sem tanta variação, por exemplo), e o Bengals tem tido um bom trabalho de sua comissão técnica (especialmente na defesa) ao longo dos anos. Um dos motivos pelos quais eu acredito tanto que a AFC North esteja em aberto é justamente que tanto Ravens como Steelers são incógnitas vindo de uma reformulação, enquanto o Bengals é um time 10-6 que deve sofrer uma certa regressão defensivamente e que passa do quarto calendário mais fácil da Liga para o 12th mais difícil. Todos os três times podem muito bem terminar 10-6 como podem cair para 7-9 com um pouco de azar, mas entre os três, para mim o Bengals é o time com menor nível de incerteza e que tem talento demais dos dois lados da bola. Cair para algo como 9-7 (ou manter o 10-6) seria talvez o mais provável para essa equipe, mas ainda é minha aposta para ganhar a AFC North ou, pelo menos, arrancar uma vaga de playoffs.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Preview NFL 2013 - Pittsburgh Steelers

"Bater ou Correr em Pittsburgh", estrelando Brett Kiesel e LaMarr Woodley


Para saber do que estamos falando aqui e dessas estatísticas, recomendo a leitura desse post antes
Se quiser opinioes e analises sobre o Draft, voces podem ler o Running Diary da primeira rodada ou o manual de como avaliar um Draft na NFL


Depois de terminar a série de previews da AFC East e os previews da NFC East para a temporada 2013 da NFL, começamos a falar da AFC North pelo atual campeão, Baltimore Ravens. Agora é a hora de continuar a falar de seu maior rival, o Pittsburgh Steelers. Se você não tem ideia do que estou falando, recomendo que leia esse post introdutório. Btw, a falta de crases nesse texto é porque esse teclado não tem crase, então não reparem, ok?

Pittsburgh Steelers

2012 Record: 8-8
Ataque ajustado: 19th
Defesa ajustada: 13th


Olha só, é mais um time da AFC North com um histórico de sucesso nos últimos 10 anos e que passa por uma reformulação de sua defesa veterana! Mas como no caso do Steelers essa reformulação não aconteceu logo depois de um título do Super Bowl, ela não atraiu tanta atenção nem tantas críticas como a do seu maior rival. Além do mais, o Steelers vem de uma temporada sem playoffs, onde lidou com diversas lesões em jogadores importantes. Embora seja engraçado que essa narrativa pudesse facilmente ser aplicada ao Ravens caso tivesse ficado fora dos playoffs (e ai muitas pessoas estariam elogiando a coragem do GM Ozzie Newsome ao invés de criticar quando decidiu desmontar um elenco velho e cheio de lesões e que ocupava grande espaço salarial) - especialmente considerando que o Pythagorean Expectations dos dois times foi bem próximo (9.2 contra 8.6) - o fato é que assim como defendi o que o Ravens fez quando remodelou sua defesa, também concordo plenamente que era hora do Steelers tentar buscar uma nova fase. Aproveitando que para a torcida é muito mais fácil justificar isso depois de uma temporada 8-8 do que um título, a diretoria do Steelers seguiu em frente com seu plano.

Da última vez que o Steelers foi ao Super Bowl (2010, quando perderam para o Packers), a defesa titular da equipe era: Ziggy Hood, Brett Keisel, Casey Hampton na linha; LaMarr Woodley, James Farrior, Lawrence Timmons e James Harrison entre os LBs; e Ike Taylor, Bryant McFadden,  Troy Polamalu e Ryan Clark na secundária. Voltando ao último título do Steelers em 2008, a defesa titular tinha nove desses 11 jogadores, com Larry Foote no lugar de Timmons e Aaron Smith no lugar de Hood, mas fora isso, era a mesma defesa, a mesa comissão técnica, o mesmo esquema de jogo e basicamente tudo igual. Voltando ainda mais para 2005, o primeiro título da Franquia desde os anos 70, notamos que Keisel, Hampton, Aaron Smith, Polamalu, Taylor, Foote, Farrior, James Harrison e McFadden estavam todos constituindo a espinha dorsal dessa defesa mais uma vez. E, novamente, com o mesmo coordenador defensivo (Dick LeBeau), as mesmas estratégias e formações e tudo mais que se manteve desde então. Portanto, não estou cometendo nenhum exagero ao falar que um dos grandes trunfos da defesa que foi (junto da do Ravens) a melhor da NFL ao longo destes últimos 10 anos foi uma enorme estabilidade desse lado da quadra.

Esse é um fator mais underrated do que se imagina. Olhando a trajetória de sucesso do Steelers ao longo dos últimos oito anos, é fácil reparar que seu grande motivador foi sempre uma forte e agressiva defesa. Não que seu ataque fosse como o do Jaguars e que ganhasse só as custas de uma defesa excepcional, mas a defesa sempre foi o grande trunfo da equipe e ela que estabelecia o tom dentro de campo. E nesses oito anos, muito pouca coisa mudou na defesa. O coordenador defensivo foi sempre o mesmo, LeBeau. O esquema que ele usa é o mesmo, com pequenos ajustes para se adaptar melhor a algumas características dos jogadores que tem em mãos, mas essencialmente é um esquema com as mesmas bases, fundamentos e que exige os mesmos tipos de jogadores continuamente. E claro, o Steelers fez um excelente trabalho ao longo desses anos em manter seu núcleo intacto, o que torna a implementação desse esquema muito mais fácil ao longo dos anos. Assustadores sete jogadores importantes no título de 2005 estavam presente na última ida da franquia ao Super Bowl cinco anos depois.

Uma das vantagens disso é que, com um esquema já estabelecido e suas principais peças a postos, a equipe sempre soube exatamente do que ela precisava em termos de jogador e que tipo de jogador procurar. Quando o Steelers precisava de um jogador - digamos, um OLB - eles já sabiam exatamente as características que precisavam achar, e então ao invés de ir atrás dos melhores ou mais valiosos da posição no começo do Draft, eles podiam se dar ao luxo de esperar até as rodadas do meio para ir atrás de um jogador menos cotado mas com as características que eles sabiam que eram as necessárias para a equipe. Sabendo que não precisavam que o garoto fosse uma estrela, eles pegavam um cara com as características e o treinavam e desenvolviam para fazer essa função extremamente bem e pronto, sem se preocupar se o jogador seria um craque ou coisa assim. Não coincidentemente, o Steelers foi um dos melhores times achando bons talentos defensivos fora da primeira rodada. Desde 2005, foram Bryant McFadden, Anthony Smith (2006), LaMarr Woodley e William Gay (2007), Ryan Mundy (2008), Keenan Lewis (2009), Curtis Brown e Chris Carter (2011), um aproveitamento incrivelmente grande quando lembramos que ainda tiveram bons jogadores de primeira rodada ai no meio. Essa capacidade de achar encaixes perfeitos ao seu sistema e desenvolvê-los foi crucial para Pittsburgh, e se eles foram reconhecidos como um dos melhores times trabalhando jovens jogadores na defesa ao longo dos últimos anos, podem ter certeza de que isso tudo contribuiu de forma crucial.

Mas infelizmente, isso não pode durar para sempre. Desde 2005, eis a colocação final, ano a ano, da defesa de Pittsburgh (sempre em números ajustados): 3rd (título), 9th, 3rd, 1st (título), 9th, 1st (Super Bowl), 7th, 13th. Primeira coisa óbvia a ser constatada é a correlação entre uma grande defesa e o Super Bowl, inclusive nas duas temporadas onde o time acabou com a melhor defesa da competição foram dois anos de título da AFC. Segundo, que as vezes acontecia da defesa do time ter um ano pior, caindo duas vezes para 9th. Mas talvez mais importante, o fato de que embora tivesse acontecido duas vezes da equipe ter um ano atípico (como já vimos, isso pode acontecer por diversos fatores aleatórios e fora do controle da equipe, como azar com fumbles, lesões, etc), isso nunca se manteve por mais de uma temporada, com a defesa logo se recuperando e retomando seus níveis anteriores. Isso não aconteceu em 2012: depois de uma queda em 2011, a defesa caiu ainda mais, saindo do Top10 pela primeira vez desde 2003 e com o núcleo da sua defesa parecendo ter 400 anos de idade. E não foi apenas nos números, quem quer que tenha visto o Steelers jogar essa temporada foi uma defesa que parecia um passo mais lenta, com muito menos energia do que estamos acostumados. Os números corroboram o que estamos vendo em campo, e como eu disse, a diretoria provavelmente concluiu que essa fórmula de estabilidade, pelo menos com esse núcleo, tinha chegado ao seu limite.

Na verdade, as coisas não foram horríveis na defesa em 2012. 13th é uma posição respeitável (6 posições acima do campeão Ravens, por exemplo) e é muito possível ser campeão com a 13th melhor defesa da competição se você tem um sólido ataque (Falcons estava em 12th virtualmente empatado com Pittsburgh nos números e New England estava abaixo em 15th, por exemplo). Um dos problemas foi que o ataque não foi sólido em 2012 (já chegamos lá), mas a diretoria provavelmente observou o declínio dessa defesa e de alguns de seus jogadores chave (especialmente James Harrison e Troy Polamalu) e concluiu que se fosse manter a mesma abordagem, confiar nas suas estrelas e procurar apenas os complementos com as características necessárias ao esquema de LeBeau, a tendência era que o grupo continuasse caindo de produção cada vez mais com o tempo, então quanto antes começasse a remontar sua defesa, melhor.

As primeiras causalidades vieram logo: Hampton, James Harrison, Bryant McFadden e James Farrior foram dispensados, com o último se aposentando logo depois. Keisel deve perder algum espaço com sua produção caindo e o jovem Cam Heyward por lá. LaMarr Woodley continua por lá e pela idade ainda tem muita gasolina (28 anos), mas viu sua produtividade despencar ano passado sem Harrison para atrair a atenção de todas as defesas, com seus sacks caindo de 9 para 4 e seus tackles de 28 para 27 apesar de ter jogado três jogos a mais em 2012 . Troy Polamalu ainda está na equipe, mas não consegue ficar saudável e o time já prepara para a vida sem talvez seu melhor defensor (quando saudável). Mas talvez a melhor idéia de como o Steelers está preparando uma vida nova seja essa: entre 2004 e 2012, a maior força da defesa do Steelers foi seu espetacular grupo de linebackers. Entre esse período, o Steelers pegou exatamente UM LB com uma escolha alta de Draft, Timmons em 2007 (Woodley era DE e converteu futuramente), por conta de tudo que já foi dito sobre ter um grupo no lugar, não precisar de estrelas e poder ir atrás de role players com as características certas, guardando as escolhas mais altas para outras posições. Em 2013, a escolha de primeira rodada da equipe foi Jarvis Jones, um excelente OLB de Georgia. Eles não teriam feito isso em 2010; em 2013 eles não tiveram outra escolha porque precisavam urgente de um OLB dominante para fazer essa defesa retomar seu padrão, e por isso pegaram o melhor disponível.

Muitas pessoas associam uma reconstrução (ou remodelação, talvez mais apropriado no caso) a uma piora grande em desempenho, mas eu não sei se será o caso. As vezes, o veterano que está sendo substituído estava sendo tão improdutivo e mantendo seu lugar por nome que a simples troca dele por um jogador diferente já possa dar um boost na equipe. Da mesma forma, trocar alguns jogadores mais velhos e lentos por jogadores sem a mesma técnica, mas com mais energia e atleticismo pode causar uma mudança no padrão e compensar de certa forma essa piora. Então mesmo que seja de se esperar uma regressão da defesa no curto prazo, eu não acho que vá despencara de 13th para 22nd, por exemplo. Existe bastante incerteza sobre como as novas peças vão se encaixar no esquema de LeBeau, se alguma delas vai evoluir na estrela que atrai a atenção dos ataques e permite que o resto da defesa encaixe nos seus respectivos lugares (como Harrison e Polamalu faziam), quais as melhores combinações, se LeBeau vai ter que fazer pequenos ajustes para cobrir novas falhas... Basicamente, a questão aqui é que essa mudança trás muita incerteza, mas não necessariamente uma grande piora. Alguma queda deve ser esperada para 2013, especialmente em virtude de um calendário mais forte, mas muitos desses jogadores já estavam contribuindo muito menos do que antes e se tem um time que sabe desenvolver talentos na defesa, é o Steelers. Então no médio prazo, essa reconstrução vai ser bem lembrada. No curto prazo, talvez precise de paciência.

Mas como eu disse antes, o grande problema de Pittsburgh esse ano foi o ataque, por conta de três fatores diferentes. Como os dois últimos estão relacionados, vamos falar primeiro sobre o jogo aéreo da equipe, e os problemas de Ben Roethlisberger. No papel, o Steelers deveria ter um grande ataque, ou pelo menos um bom. Tem um dos melhores quarterbacks da NFL em Big Ben, e tinha um bom trio de WRs com Emmanuel Sanders, Mike Wallace e Antonio Brown, jogadores jovens e muito explosivos, sem falar em uma dupla interessante de TEs (o bom recebedor Heath Miller e o bom bloqueador Matt Spaeth). Mas não foi bem assim, em parte devido a Brown e principalmente Wallace sofrerem com quedas de produção (Wallace, em particular, regrediu grosseiramente, não conseguiu passar das 850 jardas depois de somar mais de somar 2400 nas duas temporadas anteriores e teve seu pior aproveitamento em recepções com 54%), um dos motivos pelos quais Pittsburgh não fez muito esforços para segurar Wallace na Free Agency. Mas talvez mais importante, especialmente indo para frente, está o fato de que Big Ben simplesmente não consegue ficar saudável uma temporada. Em 2012, ele perdeu três jogos (duas derrotas) por lesão e passou tantos outros limitado, e não joga uma temporada completa desde o título de 2008. Ainda que lesões sejam muitas vezes aleatórias de um ano para outro, o histórico de Big Ben já chama a atenção e é mais do que significativo, especialmente considerando seu estilo muito físico, sempre saindo do pocket, improvisando e levando trombadas atrás de uma linha ofensiva medíocre já faz alguns anos. Ben tem perdido quase dois jogos por temporada desde que entrou na NFL, e não tem motivos para acreditar que isso vá mudar agora que ele passou dos 30 anos. Então enquanto Ben ainda seja um dos melhores QBs da NFL, a perda de seu melhor WR e seu histórico de lesões colocam uma limitação importante em cima de um ataque que teria que carregar sua defesa por uma temporada.

Os outros dois problemas estão relacionados a esse e entre si, e embora tenham sido problemas muito maiores em 2012, também tem melhor perspectiva para o futuro. Em resumo, o jogo terrestre da equipe foi horrível temporada passada, o segundo pior ataque terrestre da NFL depois do patético ataque do Cardinals. E além de ser patético, ele também foi de longe o ataque que mais entregou a bola de presente, com os RBs da equipe combinando para 12 e o ataque como um todo combinando para 33, segunda pior marca da NFL inteira atrás apenas do Eagles. Mas ao contrário do Eagles, eles não podem usar a carta do "tivemos um aproveitamento recuperando fumbles entre os piores da NFL nos últimos anos!" porque o Steelers na verdade teve um aproveitamento de 51%. Eles simplesmente sofreram fumbles demais mesmo e isso voltou para assombrar a equipe.

Mas além do problema incrível dos fumbles, o ataque terrestre simplesmente foi uma droga em si mesmo. Apenas um RB do elenco inteiro (e o time usou cinco) teve aproveitamento de jardas por corrida de 4.0 ou superior, e foi Johnathan Dwyer - um jogador com tantos fumbles como touchdowns -com um 4.0 exato. A média da equipe foi de 3.7 jardas por carregada, e a segunda corrida mais longa de toda a temporada do Steelers foi de 31 jardas por um QB terceiro reserva de 33 anos. A linha ofensiva da equipe foi, per Football Outsiders, a sexta pior da Liga bloqueando corridas e apenas três times da NFL inteira tiveram um pior aproveitamento em jardas por corrida. Então sim, foi uma desgraça que precisa melhorar para 2013 se o ataque como um todo quiser voltar a ser bom (espcialmente porque todos já devem saber a esse ponto que quanto pior seu ataque terrestre, mais atenção a defesa adversária coloca no jogo aéreo e torna a vida do QB mais difícil).

O lado positivo é que existem alguns fatores que indicam que sim, o ataque terrestre pode (ou deve) melhorar. Primeiro de tudo, a equipe correu para trocar seu RB titular, deixando Rashard Mendenhall sair na Free Agency e trazendo LaRod Stephens-Howling (a maior força nominal da NFL). Não que a troca em si vá mudar a vida da equipe, Howling vem de uma temporada muito ruim (embora, em defesa dele, o Cardinals de 2012 tivesse uma das piores OLs da história da NFL) em 2012. Mas também teve uma temporada assim Mendenhall, que apesar de passar das 1000 jardas duas temporadas seguidas só uma vez na carreira teve um aproveitamento por corrida acima de 4.0 (em 2009) e que vinha de uma temporada decadente em 2011 e muitas lesões em 2012, enquanto Howling é muito mais barato e permitiu ao time criar espaço salarial para manter Emmanuel Sanders apesar do interesse do Patriots. O que eu acho interessante de Howling é que ele é de um estilo diferente de Dwyer e do calouro Le'Veon Bell (que devem disputar o cargo de principal RB da equipe), um jogador mais explosivo e change-of-pace com a bola nas mãos, não com a mesma força para abrir buracos na linha mas melhor recebendo passes e trabalhando com um campo aberto (funciona muito bem de retornador, também). Eu acho isso interessante porque o maior problema da linha ofensiva do Steelers não foi na linha de scrimmage e sim no segundo nível (os linebackers), então Howling é uma aposta interessante para funcionar como o RB alternativo do time atrás de Dwyer e Bell (pense em Darren Sproles). Também tem o fato, menor mas importante, de que a taxa de fumbles dos running backs da equipe esteve em níveis absurdamente altos em 2012 e deve regredir para níveis mais normais em 2013.

O terceiro e talvez mais importante ponto positivo aqui provavelmente é a questão da saúde. Não de Big Ben, acho que todo mundo já desistiu de ver ele saudável por uma temporada inteira, mas sim da linha ofensiva. Ano passado, a equipe viu suas duas primeiras escolhas de Draft - o guard David DeCastro e o RT Mike Adams - perderem combinados mais de 17 jogos combinados (incluindo DeCastro perdendo os 11 primeiros e todo o training camp), sendo que DeCastro era esperado para ser o G titular do time desde a primeira semana e Adams deveria brigar pela titularidade na sua posição. DeCastro e Adams devem voltar agora para a temporada 2013, e considerando o fiasco que foi sua linha ofensiva temporada passada, é de se esperar uma melhora significativa dessa unidade, especialmente contra o jogo corrido (especialidade de DeCastro, considerado o melhor guard de sua classe). Então esse pouco mais de saúde na linha ofensiva e um pouco de regressão devem ser o suficiente para tirar o jogo terrestre da equipe do fundo do poço, especialmente considerando que esse mesmo grupo foi o sexto melhor da NFL em 2011. Não espero que suba tão alto, mas é de se esperar que no mínimo melhore em relação a esse nível, e podemos esperar que isso tenha um impacto importante também em um jogo aéreo que precisa de alguma ajuda depois de perder Wallace. Btw, inteligente manobra da equipe indo atrás de Bruce Gradkowski, um sólido QB reserva para Big Ben que não afunde a equipe quando inevitavelmente o titular se machucar.

Em resumo, o Steelers é um time que viu necessidade de remodelar sua defesa, mas ao contrário do Ravens, não tinha o teto salarial para trazer de fora alguns substitutos de forma a manter o nível. Eu não espero uma queda brutal desse lado da bola porque muitos dos veteranos estavam produzindo menos do que o esperado e sangue novo pode ajudar muito essa defesa velha, mas é de se esperar um período de adaptação aos novos jogadores e uma regressão nesse sentido, especialmente porque boa parte dessa remodelação terá que vir de dentro da própria equipe. A comissão técnica sempre foi excelente desenvolvendo talentos, então não existe muito motivo para pânico, só a aceitação natural nos esportes de que até mesmo as unidades de maior sucesso precisam passar por reformulações. Do outro lado, o jogo terrestre do Steelers deve ser consideravelmente melhor em 2013 depois do fiasco da temporada passada, mas com a perda de Mike Wallace e as dúvidas de sempre sobre a saúde de Big Ben, não espero que essa melhora no jogo terrestre seja suficiente para colocar o ataque num patamar onde seja capaz de carregar sua defesa por 16 jogos em um calendário mais difícil. Outra temporada 8-8 seria a hipótese mais provável em 2013 (com teto um pouco maior caso Big Ben jogue com menos lesões), embora como seja o caso de qualquer time com tantas mudanças, as muitas incógnitas (especialmente na defesa) possam balançar esse número para qualquer um dos lados em uma divisão muito em aberto. Esperem um Steelers forte em 2014 depois de um 2013 de adaptação.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Preview NFL 2013 - Baltimore Ravens

"120 milhões, fuck yeah!!"



Para saber do que estamos falando aqui e dessas estatísticas, recomendo a leitura desse post antes
Se quiser opinioes e analises sobre o Draft, voces podem ler o Running Diary da primeira rodada ou o manual de como avaliar um Draft na NFL


Depois de terminar a série de previews da AFC East e os previews da NFC East para a temporada 2013 da NFL, é hora de voltar para a AFC e falar da divisão North e do seu principal representante, o atual campeão do Super Bowl, Baltimore Ravens. Se você não tem ideia do que estou falando, recomendo que leia esse post introdutório. Btw, a falta de crases nesse texto é porque esse teclado não tem crase, então não reparem, ok?

Baltimore Ravens

2012 Record: 10-6
Ataque ajustado: 13th
Defesa ajustada: 19th


Não existe time mais difícil de falar do que um time que acabou de ganhar o Super Bowl, especialmente se for um Super Bowl que poucas pessoas esperavam, como é o caso do Baltimore Ravens. Não porque exista muita incerteza como nos casos que falamos ontem sobre o Eagles, mas porque as pessoas muitas vezes não entendem como a pós-temporada tem pouco valor analítico. Algumas pessoas adoram apontar que pouca gente previa o título do Ravens antes dele acontecer e, se estamos falando que o Ravens não vai ser tão bom assim em 2013, que vai regredir ou qualquer coisa parecida, de repente é porque "não gostamos" ou "sempre subestimamos" o time porque também ninguém tinha dito que seriam campeões antes. Mas como já falamos um pouco no texto sobre o Giants, o valor amostral da pós temporada é quase zero (tirando casos extremos). Para qualquer análise de qualquer tipo, uma coisa fundamental é ter uma amostra grande, para que a quantidade de dados seja grande o suficiente para compensar tudo que foi gerado pelo acaso ou por fatores aleatórios (ou próximos disso). Como temos visto repetidamente ao longo desse preview e vamos ver muito mais indo para frente (esperem até chegarmos no Lions, no Bears e no Colts), 16 jogos é uma amostra extremamente pequena e sujeita a enormes influências de fatores além do controle das equipes. Se 16 jogos já é uma amostra pequena com influências enormes de acasos e sorte, o que dizer então de três ou quatro, especialmente quando um jogo já serve para eliminar um time? Muitos estudos (meu favorito sendo do Football Prospectus) já mostraram que a maior parte das discrepâncias entre temporada regular e playoffs na temporada dos times é majoritariamente aleatória e não se carrega de uma temporada a outra. Então sim, o Ravens teve uma ótima pós-temporada e foram campeões. Mas isso não significa nada em relação a temporada regular de 2012 e muito menos para a de 2013.

Se não acreditam, pensem da seguinte maneira. O Ravens ganhou o Super Bowl e de repente viraram a reencarnação do Niners de 1989 (o melhor time a pisar nessa Terra). Mas se na segunda rodada Rahim Moore não comete um dos erros mais grotescos dos últimos playoffs furando um quase hail mary para Jacoby Jones nos segundos finais, o Ravens teria perdido o jogo, sido eliminado, e provavelmente chamado de amarelão pelos próximos anos. Mas Moore furou (curiosidade do dia: Moore foi a pick que o 49ers enviou no Draft de 2011 para o Broncos para subir na segunda rodada e selecionar Colin Kaepernick), o Ravens empatou, ganhou o Super Bowl três semanas depois, e Joe Flacco virou Azor Azhai renascido (para quem lê Game of Thrones essa). Sem falar em todas as coisas que deram certo para o Ravens entre o TD do Jones e o título, mas basicamente toda essa história de sucesso do Ravens na pós temporada dependeu de uma jogada sob a qual eles tiveram zero controle, no caso a furada de Moore. Três centímetros a mais e aquele passe vira incompleto e todo o resto nunca acontece. Não estou falando que o Ravens não devesse ou não merecesse ser campeão, que seja um time ruim ou algo assim, que fique claro. Só estou falando que, nos playoffs, o que acontece tem uma influência de acasos muito grande em uma amostra muito pequena, de forma que o que nele acontece é muito mais irrelevante para análise do que os 16 jogos da temporada regular. Tenham isso em mente, ok?

A boa noticia para o Ravens é que, como eles ganharam o Super Bowl, eles estão praticamente garantidos nos playoffs desse ano e... Ah, espera, não é verdade também. Desde o primeiro título do Patriots em 2001, cinco dos onze campeões do Super Bowl perderam os playoffs na temporada seguinte (01' Pats, 02' Bucs, 05' Steelers, 08' Steelers, 11' Giants) e só um (03' Pats) repetiu o título, então realmente não tem nenhuma garantia nisso. O que, vamos reforçar pela milionésima vez, não quer dizer que o Ravens não possa classificar aos playoffs ou não possa repetir o título, só que uma coisa não garante a outra.

O Ravens, em particular, é um caso estranho porque foi um time que mudou muito entre seu título do Super Bowl e a temporada seguinte. Depois de mais de uma década de dominação por conta de sua forte defesa (liderada por Ray Lewis), a equipe decidiu logo após o Super Bowl se livrar de diversos dos seus veteranos e remodelar o time em diversos aspectos. Muita gente criticou duramente o Ravens se livrando de alguns jogadores, perdendo outros na Free Agency, dando um enorme contrato ao Flacco e basicamente parecendo sem energia e letárgico nessa offseason. Mas já que estou aqui, vamos aproveitar e explicar exatamente os motivos que levaram o Ravens a tudo isso, e vamos ver que, no final, faz bastante sentido. Você pode concordar ou não, claro, mas faz sentido.

Após o título do Super Bowl, o Ravens não era um time preso com o mesmo problema do Giants ou do Cowboys - ou seja, um time estourado no teto salarial que precisava se virar só para entrar no teto do ano que vem, e que precisava dispensar jogadores ou não renovar com outros para não estourar o salary cap. O problema do Ravens era outro: era um time com um núcleo velho, e com vários jogadores jovens e promissores atingindo a Free Agency (mais notavelmente Joe Flacco) e que iriam comandar contratos caros e longos caso o Ravens quisesse mantê-los. Ao mesmo tempo, o Ravens já tinha no lugar um núcleo bastante velho que ocupava uma boa parte do teto salarial, e seria impossível para franquia manter todo mundo. O que o excelente GM Ozzie Newsome provavelmente concluiu após o título é que aquele grupo liderado pelos veteranos já tinha atingido seu auge e seu limite, e que se continuasse com aquele núcleo ele só iria decair com o passar dos anos enquanto ocupava seu teto salarial. Com jovens jogadores como Cary Williams, Paul Kruger e Danell Ellerby virando Free Agents (e Flacco exigindo uma enorme extensão), a decisão de Newsome simples: limpar os veteranos da equipe, que já estavam em decadência e dificilmente contribuiriam em alto nível por mais muito tempo, como uma forma de limpar o espaço salarial para acomodar os novos contratos desses quatro.

Então foi por isso que o Ravens, aproveitando a aposentadoria de Ray Lewis, correu para dispensar Ed Reed, Bernard Pollard e trocar Anquan Boldin (eu discordo dessa última, btw, mas enfim) foi porque Newsome acreditava que seu elenco velho tinha atingido seu limite, e precisando limpar espaço salarial para os novos contratos eles foram as casualidades. Os três provavelmente ainda tinham lenha para queimar, mas se fosse para manter eles por mais um ou dois anos, perderiam a chance de renovar com seus jogadores mais jovens, e eles preferiram manter os jovens por mais tempo do que os veteranos por menos.

O Ravens logo correu para fechar a extensão de Flacco, tornando-o o jogador mais bem pago da NFL. Ainda que Flacco provavelmente não valha esse contrato todo (você tem quatro anos de evidência dele sendo um QB mediano e quatro jogos onde ele foi Tom Brady, qual é mais convincente?), não da para criticar Baltimore oferecendo essa grana a ele porque não tinham realmente a menor opção: era ou pagar, ou explicar para a torcida que estavam deixando o Super Bowl MVP da equipe ir embora para recomeçar com Caleb Hanie de QB, então eles realmente não tinham opção. Apesar da chance existente (embora muito pequena) de Flacco realmente ter dado um salto nesses playoffs que vá carregar para o resto da sua carreira, Newsome com certeza sabe que seu quarterback provavelmente nunca vá de fato valer seu salário. Mas era a única opção que a equipe tinha, e pagaram de bom grado.

Mas quando correram para fechar com Ellerbe, Williams e principalmente Kruger, as coisas saíram do plano de Newsome. Outros times, mais desesperados que o sempre calmo e paciente Ravens, correram para fazer ofertas muito altas e muito acima do valor que esses jogadores deveriam receber, com Dolphins (35M para Ellerbe), Cleveland (40M para Kruger) e Eagles (17M para Williams) inflacionando o preço dos jogadores com ofertas muito superiores as ofertas originais que Baltimore fez a esses jogadores. Embora todos deixassem claro que o Ravens tinha a opção de igualar as ofertas, isso significaria pagar um valor muito acima do mercado para jogadores que, embora jovens, talentosos e promissores, não tinham uma longa história de sucesso e titularidade para justificar esses números enormes que vieram provavelmente por causa de uma pós-temporada de sucesso.

E é por isso que eu acho Newsome um dos melhores GMs da NFL nos últimos 10 anos. Ao invés de entrar em pânico por perder os jogadores que ele queria reassinar (e os jogadores pelos quais ele abriu mão de veteranos populares na cidade) e aceitar pagar esses valores quase absurdos que iriam prender o time indo para frente em termos salariais - especialmente considerando que esses salários eram apostas nesses jogadores desenvolvendo em titulares de tempo integral depois de sucesso em papeis menores ou situacionais - o ex-TE do Browns decidiu que não valia a pena fazer isso, e deixou os três irem para seus novos times e mantendo a folha salarial aberta. Embora ele tenha sido alvo de enormes críticas dentro de Baltimore e ao redor da Liga por mandar embora seus veteranos e falhar em segurar os jovens, eu acho que aqui é um caso onde temos que olhar o processo e não o resultado. Newsome assumiu um risco calculado deixando seus veteranos partirem para manter o núcleo do time nas mãos dos jovens (sabendo que o futuro da franquia estaria acompanhando Flacco, de todo modo), mas ele foi esperto de perceber que limitar sua folha salarial oferecendo contratos absurdamente altos a jogadores que ainda não se provaram como titulares na NFL é o tipo de coisa que, se desse errado, poderia prender a franquia na mediocridade por anos. Embora o resultado não tenha sido ótimo, a paciência de Newsome evitou algo pior.

E claro, Newsome não ficou parado. Ele sempre entendeu duas coisas perfeitamente: que poucos times na NFL entendem como maximizar seus ativos no dia do Draft como o Ravens (e portanto eles sempre podem contar com isso), e principalmente, que na Free Agency da NFL é muito melhor esperar a poeira baixar do que sair gastando logo de cara. Os primeiros dias da FA são geralmente marcados pelos times com maior espaço salarial (que normalmente são os times ruins em busca de talentos com potencial) inflacionando o mercado e gastando valores altíssimos (e acima do valor de mercado) em todos os jogadores jovens e muitas vezes que ainda não tem uma história longa de sucesso como jogador de tempo integral para justificar esses valores. Quando esses times (esse ano Colts, Dolphins e Cleveland foram os mais notáveis) terminam e a poeixa abaixa, sobram no mercado jogadores mais sólidos, mais veteranos e com menos potencial que são perfeitos para times com uma boa base como o Ravens, e sem os times com mais dinheiro (em cap mesmo) inflacionando o preço desses caras, eles geralmente acabam saindo em contratos muito mais razoáveis e seguros. Newsome entende isso, e por isso não entrou em pânico.

Quando os times mais desesperados levaram seus jogadores jovens, e o Ravens se viu com muito espaço salarial, o time calmamente esperou a segunda fase da Free Agency para ir atrás de veteranos como Marcus Spear (um veterano talentoso que caiu de produtividade por conta de lesões, contrato de 2 anos e 3,5M) e Chris Canty (um sólido DT que também vinha sofrendo com lesões, contrato de 3 anos e 8M) que foram dispensados de seus times para liberar espaço salarial, e Michael Huff (safety sólido que falhou ao longo da carreira a corresponder a expectativas, 3 anos e 6M) que não tinha espaço em um time em reconstrução como o Raiders. Quando Elvis Dumervil, na burrice suprema de seu agente que não conseguiu mandar um fax para o Broncos a tempo reestruturando seu contrato, foi dispensado pela equipe do Colorado, o Ravens não perdeu tempo indo atrás do veterano pass rusher com um contrato de 5 anos, 35M. Em outras palavras, Baltimore assinou com Dumervil (um jogador melhor que Kruger e mais experiente) por 5M a menos do que teria pago por Paul Kruger se não fosse a calma e paciência de Newsome. Então o saldo da equipe foi (tirando Ray Lewis, que aposentou) foi que a equipe perdeu seu bom FS de 35 anos para substituí-lo por um pior mas ainda sólido jogador de 30 anos; trocou Bernard Pollard (um sólido jogador, mas caro) pelo calouro Matt Elam, mais jovem e barato (btw, excelente Draft do Ravens, como sempre); Cary Williams era um bom CB, mas nada indispensável; perdeu o substituto de Lewis em Ellerbe (trouxeram um LB via draft e só) e seu pass rusher do futuro em Kruger, mas trouxe o superior Dumervil para jogar do outro lado do excelente Terrell Suggs indo atrás do QB (embora sim, seja uma red flag que o Broncos tenha dispensado o Dumervil apesar da situação salarial); e reforçou sua linha de frente (o Ravens foi péssimo contra a corrida em 2012) trazendo dois jogadores para jogar junto do excelente Haloti Ngata. Então mesmo que no curto prazo a equipe tenha sofrido uma pequena redução de capacidade dentro de campo com essas trocas, ela acabou com um grupo muito mais jovem e, principalmente, muito mais barato, dando a equipe boa flexibilidade salarial por algum tempo. Excelente GM, inteligente offseason.

Por isso eu acho bem razoável imaginar que, com a volta de Lardarius Webb e uma temporada inteira saudável de Suggs e Ngata, a defesa do Ravens seja melhor em 2013 do que foi em 2012. Não que precise de muito, claro, a defesa do Ravens foi bem fraca temporada passada (19th ajustada) e, embora isso possa ser atribuído em parte as multas lesões que a defesa sofreu ao longo do ano, os números ponderados da equipe não são muito diferentes dos normais (ligeiramente piores, mas pouco). Mas mesmo perdendo jogadores importantes em termos táticos e principalmente de liderança, ainda vejo a defesa do Ravens mais forte em 2013 depois de um fraco (e possivelmente até atípico) 2012. Não elite, como foi por tanto tempo, mas mais forte. A equipe manteve sua comissão técnica e esquema defensivo por tanto tempo que sabe exatamente qual tipo de jogador buscar para cumprir cada papel, e podem ter certeza que fizeram isso quando trouxeram esse pessoal na offseason.

Minhas preocupações são do outro lado da quadra. O ataque de Baltimore foi apenas decente (13th) em 2012 com um bom jogo terrestre e um jogo aéreo apenas ok. Flacco teve um dos seus piores anos como titular atrás de uma linha ofensiva suspeita (e que não deve melhorar para 2013), e agora não só deve lidar com um aumento de responsabilidades por causa de seu novo contrato e de sua defesa perdendo seus veteranos e o status de principal força do time. Antes "protegido" por ser o complemento a defesa da equipe, agora ele vai ser o ator principal na Franquia, e vai ter que fazer isso sem seu melhor recebedor. Anquan Boldin foi, depois de Ray Rice, o melhor jogador do ataque do Ravens em 2012, a jogada de segurança de Flacco e o jogador listado pelo Football Outsiders e suas estatísticas (todas ajustadas) como o 29th melhor WR total de 2012 e 31st melhor por jogo (nenhum outro Raven entra no Top40). A expectativa é que Torrey Smith assuma também um papel maior, mas além de ser um ótimo burner usando sua velocidade em profundidade, pouco vimos de Smith para indicar que ele possa assumir aquele papel de rotas mais complexas no mano a mano usando seu corpo para escudar a bola e fazer as recepções seguras (Smith recebe apenas 45% dos passes lançados para ele, contra 60% de Boldin). Não só é uma habilidade crucial para primeiras descidas, como também foi a base de todo o ataque do Ravens em três dos quatro jogos que ganhou nos playoffs, a capacidade de Boldin de usar seu tamanho e força física para vencer bolas em espaço neutro contra CBs, e nenhum jogador no elenco do time tem essa habilidade agora. Então mesmo que Ray Rice continue sendo brilhante (e eu ainda achei ele subutilizado em 2012), esse ataque vai precisar que Flacco dê um salto de rendimento para 2013. Dentro de campo e psicologicamente.

Também tem o fato de que o Ravens é um candidato a regressão. A equipe terminou 2012 com um Pythagorean Expectations de 9-7 e terminou 7-4 em jogos decididos por uma posse de bola, dois sinais de que a equipe foi um pouco melhor em 2012 do que deveria ter sido (na temporada regular). Além disso, apesar de não ter tido exatamente um calendário fácil em 2012 (16th overall), a equipe projeta ter o quinto mais difícil da temporada 2013.

Então tudo isso faz do Ravens um time delicado de se projetar para 2013. Sim, eles ganharam o Super Bowl. Não, não significa nada para 2013. Eles passaram por grandes mudanças na defesa e, embora no papel sejam até melhores que ano passado por conta dos retornos de lesão, ainda precisamos ver como essa unidade mais jovem e que nunca jogou junta vai render sem a liderança e a segurança de alguns veteranos (e sem o Pollard para machucar todo mundo do Patriots). O ataque perdeu um jogador importante e não conta com grandes melhorias, e o time tende a sofrer alguma regressão para esse ano. Apesar de toda a incerteza e possibilidades que o Ravens apresenta, essa temporada vai ser principalmente definida pelo quanto Joe Flacco vai melhorar em relação a temporada passada. Eu sou um cético que acha que quatro bons jogos não são um indicador melhor que quatro anos de mediocridade, então eu espero que o Ravens sofra um pouco mais essa temporada, caindo para 9-7 ou 8-8 apesar de tudo. Eu acho 9-7 interessante porque pode garantir uma vaga nos playoffs, e o Ravens sabe muito bem que a pós-temporada é outra coisa totalmente diferente, mas também porque a linha de frente da defesa da equipe parece extremamente interessante com Canty, Spears e Ngata ancorando a frente e Dumervil e Suggs indo atrás do QB. Então sim, eles devem ter condições de brigar nessa temporada, especialmente porque a divisão está relativamente fraca com Browns e um Steelers remontando a defesa, e porque chegando nos playoffs tudo pode acontecer. Mas não conte com nada só porque eles tem um anel novo.