Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

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segunda-feira, 19 de maio de 2014

Considerações sobre o Draft da NFL - AFC

Homenagem a uma das melhores escolhas de todos os tempos


Agora que acabou o Draft, entra a fase mais triste da NFL na temporada, aquele período totalmente morto entre o Draft e a pré-temporada. Mesmo quando o Super Bowl acaba, ainda tem alguma especulação de como times deverão se remontar para a temporada seguinte, troca de técnicos e dirigentes, e depois temos a free agency se aproximando, algumas trocas e contratações para especularmos e analisarmos. Depois entra na sequência do Draft, com combine, Mock Drafts, e muita especulação sem sentido até finalmente acontecer a tão esperada noite. Mas agora que o Draft passou, os times já estão montados, os melhores free agents fora do mercado, os cargos vagos de técnicos ou dirigente preenchidos, só o que nos resta são três meses de treinos, jogadores que você não conhece sendo cortados ou contratados, e esperar sentados enquanto nada acontece. Uma época muito deprimente. 

Por isso me parece uma boa hora para olhar para falar sobre o Draft. Claro, nós já falamos bastante sobre o assunto: tivemos o meu tradicional Running Diary, contando os eventos e minhas reações a primeira rodada do Draft; e tivemos uma coluna explicando sobre qual a melhor forma de se avaliar e pensar um Draft, bem como os melhores times da NFL usam isso para se manter no topo.

Então para encerrar a nossa cobertura e virar a página de vez para a temporada 2014 da NFL, vamos passar pelos 32 times da NFL com comentários rápidos sobre o que foi bom e o que não foi do seu Draft. Hoje falamos da AFC, e falaremos da NFC em uma ocasião futura.


New England Patriots

O Patriots é um dos times que melhor tem usado o Draft ao longo do ano, não só para achar bons jogadores como para maximizar valor e conseguir escolhas extras. Eles já provaram muitas vezes que dominam essa coisa de Draft, e portanto quando me ouvirem criticando alguma coisa que eles fizeram nesse sentido, leve com um grão de sal - eles definitivamente tem o benefício da dúvida.

Dito isso, eu não gostei tanto do que o Pats fez nesse Draft. Claro, é muito fácil entender o que eles fizeram e porque: Dominique Easley é um grande talento que caiu por conta de duas lesões nos joelhos, mas que se estivesse saudável poderia ser uma escolha Top15; Jimmy Garoppolo é um dos melhores QBs dessa classe que já pode ser preparado para ser o futuro substituto de Tom Brady (e foi um ótimo valor no final da segunda rodada), e eles conseguiram um excelente retorno de Jacksonville por sua escolha de terceira rodada. O time pegou bons jogadores pensando no futuro, sempre de olho no valor que podem tirar das escolhas. É compreensível.

Mas olhando agora por outro ângulo: o Patriots tem um dos 10 melhores QBs da história da NFL em final de carreira, ainda muito bom mas inegavelmente decaindo a cada temporada por conta (provavelmente) da idade. Ninguém sabe quanto ele ainda tem no tanque, e o Patriots tem que aproveitar enquanto ainda tem esse talento fora de série para levar ataques medianos nas costas (ou pegar um bom ataque e jogar um nível acima). Não seria melhor um pouco mais de urgência para aproveitar esses anos finais? Não da para criticar New England por pensar no futuro e preparar a próxima geração da franquia, mas nas três primeiras rodadas o time pegou exatamente ZERO jogadores que contribuirão em 2014, e vale lembrar que em 2013 o grande problema do time foi exatamente a falta de profundada para cobrir lesões.

No fundo o Pats fez um trade-off, apostar no futuro ao custo de não se reforçar no presente. Talvez daqui a 5 anos esse Draft pareça um grande sucesso, especialmente se Garoppolo aproveitar a falta de pressão para se desenvolver bem. Mas por outro lado, não aumenta as chances de sucesso da equipe com um QB que não vão achar um igual tão cedo.


Miami Dolphins

Por outro lado, o Miami Dolphins é um dos piores times da NFL em termos de Draft nos anos recentes. Não porque eles não escolhem bons jogadores (embora também não tenham tido sucesso nisso também), mas porque eles ignoram flagrantemente a questão do valor e do bom senso, se prejudicando no processo. Um excelente exemplo foi ano passado, quando Miami pagou um valor absurdamente exagerado para subir até a escolha #3 e escolher Dion Jordan - um jogador que não valia essa escolha, não era ideal para o esquema de Miami e não era de uma posição que o time estivesse precisando. Eles receberam muitas críticas pela troca, Jordan foi um fiasco no seu primeiro ano na NFL, boatos surgiram de que o Dolphins já queria trocar o jogador, e essa troca só solidificou seu status como uma das piores dos últimos anos.

Esse ano, o Dolphins também fez uma troca desfavorável com Oakland (uma escolha de terceira e uma de quarta rodada para subir 17 posições na terceira rodada, uma troca na qual o Dolphins deu 40% de valor a mais do que recebeu), mas não foi sua pior leitura da noite. Essa fica por conta da escolha de JaWuan James com a escolha #19. Precisando urgentemente de ajuda na linha ofensiva, Miami viu os quatro tackles de primeira rodada saírem antes de sua escolha, então ao invés de trocar para descer ou usar a escolha em outra necessidade (e um jogador mais valioso a essa escolha), Miami ignorou completamente o valor para buscar James, simplesmente porque era a posição que eles precisavam e eles colocaram isso acima de todas as outras coisas. O resultado foi que Miami, um time com diversos buracos ou necessidades, gastou uma escolha de primeira rodada em um jogador que era cotado como escolha de final de segunda rodada. Mais um fiasco na primeira rodada para Miami mesmo que James acabe sendo um sólido jogador na NFL.

Eu até gostei das demais escolhas de Miami, em especial Jarvis Landry no final da segunda rodada, um bom encaixe. Mas entre a troca com Oakland e a escolha de James na primeira rodada, é muito valor e oportunidades jogada fora para um time que ainda está bem abaixo dos melhores times da NFL.


New York Jets

O Jets entrou com uma grande necessidade nesse Draft, um WR para seu ataque recém-reformulado. Mas quando Odell Beckham Jr não caiu até sua escolha (#18), o time inteligentemente foi atrás do melhor valor disponível, aproveitando que Calvin Pryor caiu para sair com o safety perfeito para o esquema defensivo de Rex Ryan, um ótimo valor que também serve a uma necessidade imediata.

O time também, naturalmente, adereçou a necessidade de alvos para o ataque. Pegou Jace Amaro, tight end, na segunda rodada, e aproveitou que tinha uma escolha extra de quarta rodada (vinda do Bucs na troca do Darrelle Revis) para escolher dois WRs no meio do Draft. Uma abordagem inteligente, uma vez que opções melhores não se apresentaram antes - é sempre importante ter em mente as necessidades do time, mas nunca a ponto de esquecer a importância de maximizar o valor de cada escolha. No geral, um sólido Draft para um time que é bem mais completo do que parecia.


Buffalo Bills

A avaliação do Draft do Bills depende de um fator principal, que é como você avalia a troca que eles fizeram com o Browns pela escolha #4. O Bills entrou no Draft com um objetivo claro, que era achar um alvo bom para seu QB segundanista, EJ Manuel. Eles resolveram a questão subindo e pegando o melhor WR do ano, Sammy Watkins, que tem "estrela" escrito na testa, então eles certamente foram ousados resolvendo o problema. A questão é que eles pagaram muito caro por isso: duas escolhas de primeira rodada, uma desse ano (#9) e uma de 2015, certamente um resgate exagerado para subir cinco escolhas. Então eles conseguiram o que queria, mas pagaram caro por isso.

Eu acho que foi um absurdo o preço, especialmente porque Buffalo ainda se projeta como um time abaixo da média, e quanto pior a equipe for, mais alta vai ser a escolha de 2015. Bills pode muito bem ter trocado uma escolha Top10 de 2015 junto com a #9 desse ano, e por melhor que Watkins seja, nenhum WR vale esse tipo de preço. Então eu achei que foi um valor alto demais para um time que, a não ser que EJ Manuel explora, ainda está distante de brigar pelo título. Gostei da escolha, não da troca.

Fora isso, Buffalo teve um Draft sólido, achando um bom valor no meio da segunda rodada em Cyrus Kouandijo depois de ganhar uma escolha extra do Rams (sexta rodada) para descer apenas quatro posições, e em geral indo atrás de jogadores que combinam bem com o seu sistema. A pergunta mesmo é se não valeria mais a pena escolher alguém como Marqise Lee em uma troca mais modesta no começo da segunda rodada e um valor melhor (Eric Ebron?) na primeira rodada, mantendo a escolha de primeira rodada de 2015, do que apostar alto que Watkins é suficiente para fazer de você um bom time.


Cincinnati Bengals

Um time muito completo e sem grandes fraquezas definidas, o Bengals aproveitou sua posição para ter uma noite sólida, ainda que sem chamar a atenção. Eu sugeri antes do Draft que Cincy poderia (deveria?) focar em escolher os melhora jogadores disponíveis e em maximizar o valor de cada escolha.

E claro, foi o que eles fizeram. Escolheram Darqueze Dennard na primeira rodada, um jogador considerado um grande talento e que, ainda que não fosse uma necessidade imediata, adiciona estabilidade e profundidade a uma secundária já sólida em uma conferência marcada por ataques aéreos explosivos. Jeremy Hill também foi uma adição interessante na segunda rodada, um parceiro para o explosivo Giovani Bernard que pode assumir um papel mais integral no lugar do fraco Benjarvus Green-Ellis. O time fez tudo tão certinho que até conseguiu achar AJ McCarron na quinta rodada, um sólido reserva e um plano B caso Andy Dalton se machuque ou continue sem engrenar. Um time como Cincinatti pode se dar ao luxo de ter calma e pegar o que lhe é oferecido na hora do Draft, e eles fizeram bom uso disso.


Pittsburgh Steelers

Eu gostei muito do que o Steelers fez na noite do Draft. A equipe subiu ao topo da NFL ao longo da última década principalmente nas costas de uma defesa feroz que dominava a linha de scrimmage e atacava o QB, e parecem determinados a retomar esse caminho. Ryan Shazier é um OLB extremamente ágil que subiu muito chegando perto do Draft e adiciona uma muito necessária dose de explosão a um pass rush anêmico (liberando assim alguma pressão do segundanista Jarvis Jones), um ótimo encaixe. O Steelers não parou por ai, também adicionando Stephen Tuitt a linha defensiva, um possível talento de primeira rodada que foi um ótimo achado na segunda. Os dois - em particular Shazier - são jogadores para contribuir imediatamente e ajudarão a formar a nova espinha dorsal defensiva do time. Ótimas escolhas, ótimos encaixes.

Pittsburgh também aproveitou para reforçar o ataque, adicionando a um bom ataque aéreo mais um alvo, e um jogador muito explosivo pelo chão e nos passes curtos em Dri Archer, que correu as 40 jardas em 4.26 segundos. São armas menores para um ataque que já foi muito bom em 2013, mas boas adições pontuais que chegam para somar no curto prazo.

O único problema com esse Draft foi que Pittsburgh não adereçou um grande problema seu, que era a secundária - o time não pegou um defensive back até a quinta rodada, quando pegou um CB. Mas é um problema menor: Pittsburgh tinha diversos buracos, e tem um número limitado de buracos que se pode adereçar a cada Draft. E o Steelers certamente fez um ótimo trabalho com o que tinha em mãos, adicionando ótimos jogadores que encaixam na equipe. Muito bom Draft.


Baltimore Ravens

Eu sou um enorme fã do que o Ravens faz na noite do Draft: poucos times conseguem ser tão inteligentes em termos de valor, balancear necessidade com talento e se adaptar ao andar da carruagem. E Ozzie "Awesome" Newsome não decepcionou em 2014, com um dos Drafts mais interessantes da NFL. Apesar de defesa não ser a maior necessidade da equipe, Newsome não teve hesitação em escolher CJ Mosley com sua primeira rodada, um excelente jogador e bem adequado ao seu esquema tático, simplesmente porque era um grande valor por ter caído na escolha #18. O Ravens também repetiu a dose na segunda rodada, escolhendo Timmy Jernigan, um talento de primeira rodada que caiu por um teste antidoping falhado. Não eram jogadores que cobrem necessidades imediatas do time, mas aumentam o nível de talento da equipe e eram excelentes valores na posição onde foram selecionados. Uma abordagem que o Ravens adora, e sem dúvida tem executado com muito sucesso em anos recentes. Eles complementaram essas escolhas pegando o safety que precisavam na terceira rodada, e usando as rodadas finais para apostar em alguns jogadores com alto teto, dando a esse Draft um grande potencial.

Mas existe uma crítica legítima a ser feita. Embora ninguém goste da abordagem de Draft por valor do Ravens do que eu, e ter adorado as duas primeiras escolhas, chama a atenção a falta de ajuda que o ataque recebeu. O ataque de 2013 foi um fiasco do primeiro ao último homem e ainda precisa muito de talento, mas o Ravens gastou apenas algumas escolhas tardias para adicionar talentos a esse lado da bola, com apenas um (TE Crockett Gillmore) projetado para ter algum impacto em 2014. É possível que o time não tenha achado os talentos ofensivos disponíveis dignos ou que outras opções melhores estivessem dando sopa, mas não deixa de ser um fato que o Ravens falhou em reforçar seu ataque no Draft.


Cleveland Browns

O Browns foi o grande vencedor da primeira rodada do Draft, como eu escrevi no running diary. Eles poderiam muito bem ter usado sua primeira escolha de Draft no QB que tanto precisavam e queriam, e depois usado a segunda no melhor jogador disponível, provavelmente um CB, e ninguém iria reclamar. Ao invés disso usaram magistralmente suas escolhas e saíram não só com o QB que queriam, como também o cornerback mais bem cotado do Draft E ainda uma escolha de primeira rodada de 2015 de um time fraco. Foi um uso perfeito de suas escolhas.

No segundo dia ficou estranho quando foi revelado que Nate Burleson havia quebrado o braço e Josh Gordon, talvez o melhor WR de 2013, poderia perder a temporada inteira suspenso... e o que é pior, que o Browns já sabia disso! WR já era uma necessidade, mas com essa notícia, passava a ser uma causa urgente em Cleveland, especialmente pelo futuro do Gordon na NFL sendo colocado em dúvida... mas mesmo assim, o Draft passou e o Browns não pegou um recebedor sequer, ignorando completamente a questão (a mais inexplicável provavelmente foi passar Marqise Lee no #35 para pegar um Guard). Normalmente não sou quem mais critica um time por falhar em adereçar uma necessidade específica, mas o Browns teve tantas oportunidades boas e era uma necessidade tão grande (especialmente com um QB calouro precisando do máximo possível de armas para não atrasar seu desenvolvimento) que não tem desculpa para o time não ter resolvido esse problema. Foi uma mancha.

Mas a excelente primeira rodada do time já faz desse um bom Draft, e eles arrumaram jogadores talentosos e importantes nas rodadas posteriores, que suprem necessidades menores e possuem bom potencial. A falta de WR foi um problema, mas fora isso o Browns teve um ótimo Draft.


Indianapolis Colts

Eu simplesmente não consigo superar o fato de que o Colts trocou sua escolha de primeira rodada desse Draft (acabou virando Johnny Manziel nas mãos do Browns) por Trent Richardson. Isso é suficiente para gerar depressão em metade de Indiana na noite do Draft (o remédio por lá contra isso, chamado "Andrew Luck", é bem eficiente). Não ter uma escolha de primeira rodada é sempre ruim, mas não ter porque trocou por um dos piores jogadores da NFL em 2013... ouch!

As escolhas subseqüentes também não fizeram ninguém esquecer desse fato. Jack Mewhort foi uma escolha estranha no meio da segunda rodada com jogadores melhores (em especial Marcus Martin, um jogador melhor que ja é um inside lineman de origem) disponíveis e acima do seu valor projetado; Donte Moncrief é um jogador muito cru e de alto risco (que não combina com um time com tão poucas escolhas); e de modo geral o time fez muito pouco para resolver seus problemas, não tendo nenhuma escolha que chame a atenção de modo positivo, algumas confusas, e uma troca envolvendo sua primeira escolha que está entre as piores da história recente da NFL. Um Draft para se esquecer.


Houston Texans

Ter a primeira escolha do Draft pode ser uma maldição ou uma bênção, mas o Texans certamente aproveitou bem a chance. Jadeveon Clowney não é um encaixe natural na sua equipe, mas era de longe o melhor jogador disponível, e com talentos assim primeiro você seleciona e depois pensa no que faz com eles. Mas o Texans fez boas escolhas depois disso, saindo com reforços para sua linha de frente com o melhor guard do Draft e um bom TE bloqueador em Fiedorowicz, que deve imediatamente ocupar um lugar no time. E talvez mais importante, roubaram Louis Nix com a escolha #83 - a escolha que todo mundo achou que faria com a #33 e um excelente valor a essa altura. Algumas escolhas apresentam algum risco, mas foram bons valores e tornam o time melhor desde o primeiro dia.

A questão a ser debatida é se o Texans fez algo para solucionar seu grande problema de QB. Algumas pessoas dirão que não acharam um bom valor nesse sentido no topo da segunda rodada (com Derek Carr e Garoppolo) e que fizeram bem em não pular em um jogador que não gostavam, indo bem em outra direção (até certo ponto verdade) e que Tom Savage é um valor interessante na quarta rodada. Outros dirão que Savage não é a solução no curto prazo (um fato) e que, tendo já 24 anos e sendo dois meses mais velho que RG3 e dois meses mais novo apenas que Blaine Gabbert, dificilmente também tem muita margem para ser um titular no longo prazo. Esse é um ponto que varia e que afeta a maneira como alguém pode ver esse Draft, talvez sendo o diferencial final. Mas em todo o caso, não tem como questionar as ótimas peças que o Texans adicionou ao longo das sete rodadas.


Tennessee Titans

Talvez o Draft mais estranho do ano. O Titans tinha a escolha #11 do Draft e poderia ir em praticamente qualquer direção que quisesse, e foi talvez na que menos precisava, linha ofensiva. Taylor Lewan era considerado um jogador talentoso de grande potencial, e o Titans vinha querendo mesmo reforçar sua linha ofensiva. Mas ele é um jogador de alto risco (performances inconsistentes, problemas extra-campo), e o Titans não precisa de jogadores de linha ofensiva no momento. Eles já tem dois OGs de alto investimento, Michael Roos é um dos melhores LTs da NFL, e acabaram de dar um contrato para Michael Oher jogar do lado direito da linha. Taylor pode reforçar a linha e a profundidade, mas não me parece uma escolha que ajude no curto prazo e que provavelmente vai atrapalhar os investimentos recentes da equipe. Talvez o Titans pretenda deixar Roos sair ao final da temporada e que Lewan vire o LT em tempo integral, mas ainda assim me parece algo distante e irreal, e que não vale uma escolha alta em um Draft tão bom, especialmente considerando o risco que ele apresenta e a ótima quantidade de talentos ainda disponíveis.

As decisões confusas continuam na segunda rodada, quando o Titans inteligentemente desceu antes de ser o primeiro time a escolher um RB, e causou algum furor ao passar o consensual melhor RB do Draft (Carlos Hyde) para pegar Bishop Sankey, um jogador menos cotado ao redor da liga. Eu pessoalmente não vejo problema em pegar um jogador um pouco acima do que devia depois de fazer uma troca inteligente para descer e acumular valor, mas muita gente achou que poderia ter pego Sankey mais a frente se quisesse.

O resto do Draft não se destacou, tirando pela escolha de Zach Mettenberger na sexta rodada. Uma escolha que eu particularmente adorei. Zach é considerado um jogador de risco por problemas extra-campo e uma lesão recente no joelho, mas na sexta rodada o risco e o custo é muito menor, e o potencial é enorme. Jake Locker não teve sua opção para 2015 exercida, então o time precisa olhar possíveis substitutos na posição e Mettenberger tem as ferramentas para desenvolver em um bom QB (um dos meus favoritos antes de estourar o joelho), uma escolha de baixo risco e alta recompensa. Ao contrário da escolha de Lewan, que me parece alto risco, media recompensa.


Jacksonville Jaguars

Muitas pessoas (eu inclusive) gostam das escolhas que o Jaguars fez mais para o final do Draft, jogadores de alto potencial que um time em reconstrução adoraria ter, e que eles acertaram em cheio sua segunda escolha (Marqise Lee). Mas algumas, e nessas eu não me incluo, acham que isso significa que o Jaguars teve um bom Draft. E eu não posso elogiar um Draft quando um time fez besteira em duas de suas três primeiras escolhas.

A primeira e mais discutida foi escolher Blake Bortles com a terceira escolha, um erro enorme que não tem a ver com o fato de eu não achar Bortles um bom QB para a NFL. Um dos maiores e mais comuns erros do Draft da NFL é pegar um QB bem antes do que ele deveria ser pego em termos de valor, porque ele é quem mais vai afetar negativamente sua franquia se der errado (e portanto você tem ainda que lidar com a perda de valor) e esse é o caso dessa escolha. Essa escolha só pareceu pior quando a) nenhum outro time escolheu um QB até 19 escolhas depois e b) o time com a escolha exatamente seguinte a do Jaguars desceu 5 posições apenas e ganhou uma escolha de primeira rodada extra no processo. O Jaguars provavelmente conseguiria ter feito a mesma troca (porque o Bills estava desesperado por Watkins e tudo mais) e ainda pego Bortles na escolha #9, e se alguém pegasse antes, era só ter paciência com um Draft profundo e usar sua escolha de segunda rodada para pegar algum do trio Bridgewater-Carr-Garoppolo. Foi uma péssima escolha que ficou ainda pior pelas circunstâncias do Draft depois dela.

Eles também fizeram uma troca estúpida para entrar no final da segunda rodada e selecionar Allen Robinson. Eu entendo a lógica de cercar seu QB recém-draftado com armas para desenvolver, e concordo com ela, mas essa troca em particular não foi boa. Robinson chega para ser algo entre o terceiro WR (Shorts e Lee na frente) ou quinto WR (caso Blackmon não seja suspenso a temporada toda e Ace Sanders fique na sua frente), e custou a eles uma escolha de começo de terceira e de quinta rodada - mais de 20% a mais do que o valor da escolha que adquiriram, per Football Perspective. Não tem problema overpay de vez em quando por um jogador que você realmente precisa, mas não quando o seu time é o que MENOS tem talentos na NFL (e portanto precisa de cada ativo e cada escolha que puder ter) e muito menos ainda para pegar um jogador que deve ser apenas o terceiro ou quarto WR do seu time. E para toda a conversa sobre "dar a Bortles a melhor chance de sucesso", eles fizeram muito pouco para melhorar a horrorosa linha ofensiva da equipe, um problema sério que poderia ser muito ajudado se essa escolha de Robinson fosse usada em um OT. Então o Jags acertou em cheio na escolha de Lee e complementou o Draft com boas apostas no final, mas errou demais em duas escolhas cruciais para um time tão necessitado.


Denver Broncos

O Broncos é um time que entra na categoria do Bengals, um time muito completo e que briga por títulos sem uma enorme necessidade imediata para adereçar e que pode se dar ao luxo de ter paciência na hora H e draftar da maneira que quiser. E foi o que eles fizeram, tendo a sorte de ver o talentoso (embora cru e problemático) Bradley Roby caindo para eles no final da primeira rodada, e que ajuda a tapar talvez o maior problema do time na secundária. Ainda que seja cru e talvez não esteja pronto para contribuir em tempo integral, é um ótimo valor na escolha #31 e atende a uma necessidade. Eles também reforçaram o ataque, trazendo mais um alvo (!!!) em Cody Lattimer e um RT que eu gosto em Michael Schofield.

É o tipo de Draft sólido mas não chamativo que um time na posição do Broncos costuma fazer, sem escolhas altas para pegar os melhores jogadores mas usando bem suas oportunidades.


San Diego Chargers

O Chargers era um time com poucas escolhas e muitas necessidades, geralmente um problema, mas a equipe se saiu muito bem. Eu simplesmente adoro a escolha de primeira rodada do time, Jason Verrett - talvez tenha sido minha favorita de toda a primeira rodada. Verrett é talvez o CB mais talentoso dessa classe, caindo apenas por conta da sua altura, e além de ser um excelente valor no final da primeira rodada é um jogador feito sob medida para a defesa por zona de San Diego. Encaixe perfeito e cobre a necessidade mais urgente da equipe. Só essa escolha por mim já faria do Draft bom.

Mas eles aproveitaram a queda de Jeremiah Attaochu para pegar o pass rusher que precisavam no final da segunda rodada, e Chris Watt vai ajudar ainda mais a linha ofensiva que foi o começo da recuperação da equipe em 2013. Também gosto da aposta em Ryan Carrethers na quinta rodada, que não vem para ser titular mas adiciona uma necessária profundidade a linha defensiva. O Chargers tinha flexibilidade limitada entrando no Draft, mas usaram bem suas escolhas, saindo com bons talentos em posições de necessidade. Bom Draft.


Kansas City Chiefs

Um time como o Chiefs, que não tem uma escolha de segunda rodada (enviada na troca de Alex Smith ano passado), está em uma posição difícil para se reforçar no Draft. O mais comum é uma troca para descer e acumular ativos, ou então ir atrás de um bom valor que seja uma grande ajuda para a equipe. E o Chiefs não fez nenhum dos dois, indo atrás de Dee Ford, um pass rusher um tanto unidimensional. Foi uma escolha estranha. Entendo a necessidade do time de achar profundidade para a posição depois de Tamba Hali e Justin Houston perderem tempo em 2013 com lesões, mas não é um jogador que ajuda imediatamente salvo uma lesão, e sem uma escolha de segunda rodada era de se esperar um valor melhor ou uma necessidade maior na primeira rodada. Além disso, tinha uma certa abundância de pass rushers nesse limbo entre o final da primeira rodada e o meio da segunda, e é possível questionar que o Chiefs poderia ter trocado para descer, achado um pass rusher mais adequado mais atrás, e ainda reforçado as suas escolhas. Com Jason Verrett, Marqise Lee e Bradley Roby ainda disponíveis, bem como diversos tackles e guards que poderiam ser pegos com uma troca para descer, foi uma escolha esquisita que não ajuda muito o time em 2014.

Apesar disso, eu gostei das demais escolhas. Philip Gaines é um CB com potencial e que cobre uma necessidade, e eu particularmente achei muito bom Aaron Murray na quinta rodada. Murray é considerado por muitos, inclusive por mim, um sleeper nesse Draft com bastante potencial, e oferece alguma segurança caso tenha alguma verdade nos boatos de que Alex Smith pode não renovar com o time. É uma escolha que reforça a posição e pode eventualmente render bons frutos se ele desenvolver como pode - e Andy Reid tem alguma experiência nisso (ele fez Kevin Kolb parecer bom). É difícil draftar sem sua escolha de segunda rodada, e o Chiefs não conseguiu compensar isso com a sua escolha #1, apesar do bom final que teve.


Oakland Raiders

É um pouco estranho elogiar o Draft do Raiders, ainda mais pelo segundo ano seguido. Mas é preciso reconhecer que Oakland parece estar pegando o jeito desse negócio de Draft. Sem um claro Franchise QB na número 5, o Raiders inteligentemente deixou de lado a questão do QB para pegar o melhor jogador disponível, e ainda tiveram a chance de ver o jogador perfeito cair até eles em Khalil Mack, talvez o segundo melhor do Draft e alguém que vai contribuir como um ótimo jogador desde o primeiro dia. Foi uma ótima escolha sob qualquer ótima.

Eles continuaram com o bom trabalho pegando Derek Carr no começo da segunda rodada para ser seu QB do futuro. Muitos colocavam Carr como uma escolha de primeira rodada, e ele tem muito talento que pode ser lapidado para um dia virar o QB que o Raiders tanto busca. Mas ainda mais importante é que o Raiders pegou Carr tendo criado o ambiente certo para ele: com Matt Schaub, Carr não vai precisar entrar de cara em um ataque medíocre, vai poder passar um ou dois anos treinando e se desenvolvendo com calma enquanto o próprio Raiders se desenvolve, para então assumir o time.

O Raiders também conseguiu mais algumas sólidas escolhas, inclusive roubando o Miami na terceira rodada para conseguir uma (muito necessária) escolha extra de quarta rodada - Justin Ellis e Keith McGill são dois jogadores que tem potencial e podem contribuir imediatamente. Mas as duas escolhas principais que vão ditar o próximo passo do Raiders, e eles acertaram em cheio nelas.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

O caminho dos 32 times na offseason - AFC (parte II)


Meu QB favorito da classe, Bridgewater interessa muito a 4 dos times de hoje


AVISO IMPORTANTE: Para compensar a ausência no final da temporada, e colocar um ponto final decente na boa temporada 2013 da NFL, a idéia é fazer um mega-Mailbag daqui a uma semana. A semana que vem vai ser dedicada a olhar o caminho dos 32 times para o ano que vem, e a idéia então é que só na outra semana a gente faça o Mailbag mesmo. Qualquer tópico é válido, qualquer coisa sobre a temporada regular, playoffs, técnicos, jogadores, Free Agency e etc. Perguntas sobre o Draft também serão respondidas, mas terão menor preferência pois é um assunto que ainda vai ter sua cobertura. Então aproveitem para mandar suas perguntas/dúvidas/comentários finais da temporada para tmwarning@hotmail.com com o assunto "Mailbag", que você pode ver sua pergunta aqui e no Esporte Interativo (perguntas enviadas a Mailbags anteriores e não respondidas também serão respondidas, se ainda relevantes, btw). Então participem e vamos fazer desse último MB da temporada 2013 um sucesso.

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Depois de olhar para o passado - mais especificamente, olhar para nossos palpites de antes da temporada começar e ver quais deram certo e quais foram fiascos homéricos - é hora de olhar um pouco para o futuro de cada uma das 32 franquias da NFL. A temporada 2013 agora é passado,  e estamos entrando na pior época do ano (o tempo entre o Super Bowl e o começo do Draft e da Free Agency, que é quando por bem ou por mal a NFL começa de novo). Então é hora de pegar todos os times da NFL e ver em que ponto exatamente cada um deles se encontra nesse momento da offseason, quando estamos todos recolhendo os cacos de 2013 e se preparando para 2014. Qual a direção que cada time deve tomar para 2014? Quais mudanças devem ser feitas? Quais as incógnitas e quais as certezas? É isso que vamos tentar achar nesses posts. Serão três: um para os times de playoffs, um pra os times que não foram aos playoffs na AFC, e um aos times que não foram aos playoffs na NFC.

Começamos semana passada pelo times que foram aos playoffs e agora tentam voltar a pós temporada. Agora, é hora de falar dos times da AFC que não tiveram a honra de jogar em Janeiro.

Por conta de problemas com o blogger, esse post foi dividido em duas partes. A Parte I - falando de Dolphins, Jets, Ravens, Steelers e Bills - já está no ar desde quarta feira, e agora vamos para a Parte II.


Times da AFC fora dos playoffs (Parte I)


Cleveland Browns

Se tivessem me perguntado em Agosto do ano passado - ou mesmo lá para Outubro - qual era o time ruim que tinha o futuro mais promissor, eu teria dito Cleveland Browns. Jimmy Haslam, dono do time, finalmente tinha demitido sua incompetente e bagunçada gestão anterior e se comprometido com um projeto de gestão estável e moderna a longo prazo, contratando Joe Banner para CEO e Mike Lombardi para GM, duas figuras muito respeitadas ao redor da liga, para comandar essa reconstrução. De técnico novo, diretoria nova e rumos novos, o time ainda tinha uma boa base de talento na sua equipe, deveria ter uma escolha alta em um Draft profundo (check!) e ainda conseguiu assaltar o Colts conseguindo mais uma escolha de primeira rodada por Trent Richardson. Então a combinação de "nova e competente diretoria + escolha alta de draft + escolha extra de primeira rodada + base jovem e talentosa + toneladas de espaço salarial" parecia perfeito para um time que queria enfim sair do fundo do poço.

Bom, essa esperança durou menos de um ano. Hoje, oito meses depois, eu fico me perguntando se exista uma organização mais disfuncional que essa na NFL, decidindo enfim que fica entre Browns e Dolphins (com o Cowboys em terceiro). 

As cartas de "comprometimento a longo prazo", "paciência" e "continuidade" com o novo técnico Rod Chudzkinski foram para o saco antes até do final da temporada, com Chud sendo demitido na Semana 17 algumas horas antes do Sunday Night Football. Os motivos alegados não-oficialmente indicavam dois motivos para a separação: primeiro, que apesar da boa posição no Draft a diretoria esperava mais vitórias da equipe, e segundo que os jogadores não estariam satisfeitos ou não respeitariam Chud. Mas muitos concluíram que era uma tentativa desesperada de Banner e Lombardi para satisfazer Haslam, que não tinha gostado da temporada da equipe, e essa teoria ganhou força quando os próprios Banner e Lombardi foram demitidos pouco depois. E um abraço para o "projeto estável e paciente de longo prazo".

E claro, o time sofreu as consequências. Apesar de ser uma posição em teoria atraente, o Browns teve um trabalho imenso para achar gente que quisesse ocupar as vagas. Nenhum técnico bem cotado de College ou um bom coordenador na NFL vai querer deixar um cargo estável e bem sucedido para ir até um time onde ele não faz idéia do que esperar, sem estabilidade no emprego e a mercê de um dono incompetente. A dificuldade da equipe de repor essas vagas mostra o quão malvista é a organização nos círculos da NFL, e enquanto o Browns não parar de demitir pessoas a torto e a direito para satisfazer seu dono e se comprometer com algo sério e estável - a imagem que quiseram passar em 2013 e que agora ninguém mais está comprando - vai ser difícil a organização dar a volta por cima.

Mas ok, vamos falar do que acontece dentro de campo. Supondo que todos esses problemas de bastidores se resolvam, quem herdar as cadeiras de Lombardi e Chud vai ter uma situação promissora e um tanto desafiadora nas mãos. O Browns é um time recheado de talentos, especialmente na defesa: a linha defensiva com Phil Taylor, John Hughes e mesmo o especialista em corridas Ahtyba Rubin foi muito bem em 2013, Jabaal Sheard vem de um ótimo ano, e Joe Haden e TJ Ward (free agent, mas que deve ficar na equipe) estão entre os melhores CBs e safeties (respectivamente) da NFL. A defesa não foi tão bem assim em 2013, foi apenas um pouco acima da média, mas o talento está ai para fazer grandes coisas quando seus buracos forem tapados: o time não tem pass rush além de Sheard (embora a evolução de Barkevious Mingo e um ano a mais de Paul Kruger possam resolver a questão), a cobertura pelo meio (tanto passe contra corridas) foi muito ruim e vai ficar ainda pior sem o veterano D'Quell Jackson, e a secundária ainda depende demais de Haden e Ward resolverem tudo sozinhos pela falta de ajuda na cobertura. Mas com um cap space que chega a 62M e um caminhão de escolhas de draft - além de suas próprias escolhas, todas altas dentro da rodada (incluindo a 4th overall) o time ainda tem uma 1st round e uma 4th round extras do Colts, e uma 3rd round extra do Steelers - não faltam meios para reparar pelo menos parte desses problemas e tornar essa unidade em uma defesa muito boa.

Mas o problema (ok, um dos) dessa mudança repentina de diretoria é que não sabemos mais qual a direção que a franquia quer tomar. A gestão de Lombardi e Banner deixou claro seu objetivo primário: conseguir um Franchise QB para Cleveland, de preferência pelo profundo draft de 2014 (que ficou menos profundo desde então sem Marcus Mariota, mas enfim), e com a 4th pick e tantas escolhas extras, o time estava em uma ótima posição para realizar seu objetivo. Mas agora que mudou a diretoria, ninguém sabe o que esperar. Será que o time vai manter seu objetivo original, usando sua 4th pick em um dos três QBs mais bem cotados da classe (Bridgewater, Bortles ou Manziel) ou mesmo trocar para subir no draft e escolher o QB específico que eles querem? Será que usarão essa escolha em outra posição (Sammy Watkins?) e tentarão resolver o problema do QB em rodadas futuras? É difícil dizer. O que eu sei com certeza é que o time tem uma excelente linha ofensiva (especialmente se renovar com Alex Mack), dois alvos espetaculares em Jordan Cameron e Josh Gordon, mas precisa urgentemente de um quarterback que possa fazer uso de tudo isso. Um RB e mais alvos são importantes, mas o QB é a peça central que falta para esse ataque.

O problema é que, infelizmente, talvez tudo isso tão promissor dentro de campo signifique muito pouco se os problemas no topo da organização continuarem. Quando uma franquia é muito ruim por muito tempo, muitas vezes não é por acaso...


Tennessee Titans

Como eu sou um ser humano extremamente vingativo, me permitam um parágrafo antes de ir para o que interessa. Ano passado, no preview sobre o Titans, um leitor chamado Diego veio reclamar de forma muito pouco educada do que eu escrevi, ressaltando que "ainda bem que ninguém entra nesse blog". Ele reclamou da minha crítica a decisão do Titans de draftar o Jake Locker, ressaltando que era o QB do futuro do time, reclamou da minha crítica a contratação do Shonn Greene falando que foi uma boa contratação para decolar o ataque terrestre do Titans, e que o Titans ia ser um time bom que estava em ascensão. Depois de terminar 20th em DVOA, de ver a diretoria demitir o técnico, supostamente declinar a player option do contrato de Locker (ainda não oficialmente), Shonn Green não chegar a 300 jardas ou 3.8 YPC, o ataque terrestre continuar medíocre, Chris Johnson estar a beira de ser dispensado, e tudo mais... yeah. So there.

Enfim, Tennessee Titans. Apesar da temporada medíocre, a boa noticia é que o time tem uma base boa de talento em mãos. Depois de investir pesado no ataque nessa última offseason (com sucesso parcial), o time tem uma sólida linha ofensiva, ancorada por Andy Levitre e Michael Roos do lado esquerdo e, apesar da temporada ruim de novato de Chance Warmack (7 sacks e 26 hurries, números muito ruins para um Guard), ele é calouro e o Titans acha (eu concordo) que ele vai melhorar e se tornar um sólido jogador. Eles também tem um grupo de WRs interessante, com Kendall Wright e o promissor Justin Hunter, e Nate Washington saindo de um 2013 muito produtivo. Em outras palavras, parece o cenário ideal para um QB se desenvolver, especialmente considerando que o Titans focou seus esforços nos últimos anos para priorizar o ataque terrestre na força bruta, abrindo assim espaços para o QB. Só tem um problema.

Os RBs da equipe foram atrozes em 2013. Tanto Chris Johnson como Shonn Greene jogaram atrás de uma sólida linha ofensiva, mas ambos tiveram temporadas muito ruins, com ambos ficando abaixo das 4.0 jardas por corrida. Com Greene já tendo se provado ao longo da carreira um jogador mediano e Chris Johnson provavelmente sendo dispensado ainda essa offseason (o que abriria 6M na folha salarial da equipe), a busca do time por essa identidade ground-and-pound parece ter que começar de novo, em uma classe de RBs particularmente fraca no draft. 

E o Titans também tem uma decisão importante para fazer em relação a sua situação de QB. Jake Locker é o atual titular da equipe e foi (dependendo de para onde você olhar) um QB mediano ou um pouco acima da média em 2013, que jogou apenas 7 jogos por lesões e nunca jogou uma temporada inteira na carreira. Locker tem uma player option de 13M para 2015, e uma decisão precisa ser feita até Maio por parte do Titans, mas todos os sinais e reports indicam que o time vai recusar essa opção, e portanto Locker vai ter em 2014 seu último ano de contrato. Claro que nada impede que o time traga o QB de volta como free agent, mas não é exatamente um grande voto de confiança no garoto, e com um técnico novo e uma diretoria impaciente, é bem possível que 2014 seja sua última chance, e não estranhem se o Titans já começar a procurar um plano B nesse draft mesmo.

(Em tempo: porque diabos o Titans, que tem um grande ponto de interrogação na posição de QB, trouxe Ken Whisenhunt para ser técnico, um inteligente coordenador ofensivo que também é o pior técnico da história recente da NFL desenvolvendo jovens QBs?!)

O Titans também esbarra em outra questão, a salarial. O time tem apenas 13M de espaço salarial para 2014, e embora esse número possa chegar a 19M caso CJ seja mesmo dispensado, ainda é pouco considerando que um dos melhores defensores da equipe, Alterraun Verner, é um free agent que vai exigir muita grana no mercado. A defesa do Titans melhorou em 2013 mas ainda terminou 19th em DVOA e 22nd em DVOA ajustado, e agora pode perder dois dos seus melhores jogadores em Verner e Bernard Pollard - e se quiser mantê-los, vai ter que gastar grande parte desse espaço salarial escasso. Considerando que a defesa dependeu DEMAIS de Jurell Casey em 2013 e dificilmente ele vai manter o nível para 2014, o time precisa reforçar o resto das posições se quiser ter chances de continuar evoluindo, e perder seu melhor jovem CB em Verner não ajudaria. E mesmo assim, essa é só a segunda decisão mais importante do time em 2014.


Jacksonville Jaguars

Ah, a tristeza... Pelo segundo ano consecutivo, o Jaguars terminou como um dos dois piores times da NFL em DVOA, e sua Pythagorean Expectation de 3-13 é ainda pior do que seu pobre record de 4-12. E o Jaguars é mais um time preso em uma reconstrução que não acaba nunca.

Um bom exemplo do que faz o Jaguas tão ruim é esse: apesar da falta incrível de talento, o Jaguars tinha 42M do seu salary cap em 2013 comprometido com jogadores que sequer estavam na equipe, consequências de contratos péssimos e gestões incompetentes. Então se vamos começar as boas notícias, é por aqui: esse ano, todo esse dinheiro morto finalmente saiu da folha salarial, o que deixou o time com cap space de verdade, de quase 56M. O dinheiro morto do cap em 2014 é de apenas 6M, e embora esse número deva subir se o time dispensar Marcedes Lewis (3M de dinheiro morto, 5.5M de espaço) ou Uche Nwaneri (2M dinheiro morto, 4M espaço), o Jaguars agora vai ter legítimo espaço para contratar free agents e remontar sua equipe como se deve. Considere esse o primeiro passo, saindo do fundo do poço rumo a algo melhor.

Claro, dinheiro na free agency não é tudo - uma parte dos problemas do Jaguars e todo esse dinheiro morto no cap era justamente gastar dinheiro mal na FA - e o time tem buracos demais para resolver só com contratações, mas é um começo. A verdade é que o Jaguars não tem uma solução, é um time que tem talento de menos e bagagem demais, então precisa começar do zero, passo por passo. E flexibilidade salarial e a terceira escolha no draft não são lugares ruins para começar.

Ofensivamente nada no Jaguars se salva - os únicos jogadores acima da média no time em 2013 foram Cecil Shorts e Justin Blackmon, os dois WRs, e Blackmon foi suspenso pelo ano todo depois de falhar teste para drogas - mas pelo menos agora o time tem a chance de recomeçar, e recomeçar com um QB de verdade. Com a 3rd pick do Draft, o time tem a chance de escolher um dos três melhores QBs dessa classe, e talvez até mesmo ser a primeira equipe a escolher um QB caso Houston decida por Clowney. A busca por um Franchise QB tem sido um problema em Jacksonville, um problema que envolveu gastar uma escolha top10 em Blaine Gabbert (não que eu culpe o Jags por isso, ele era considerado o segundo melhor QB do draft e acharam ele um steal em 10th). E considerando que o time tem excelentes chances de sair dessa primeira rodada com Bridgewater ou Manziel (Bortles definitivamente está na conversa também, mas acho que ele parece demais o Gabbert para o Jags ficar confortável), acho que não vão deixar passar a chance. Para começar um capítulo novo (novo dono, novo GM e novo técnico), nada melhor do que um bom QB.

Fora isso, o Jags não tem muito que esperar em 2014 que não seja outra escolha alta de draft. O time até tem arrumado alguns jogadores interessantes nos drafts dos últimos anos - Shorts e Blackmon são bons jogadores, Luke Joeckel vai ter a chance de jogar na sua posição de origem em 2014, Dwayne Gratz teve ótima temporada de calouro e Johnathan Cypren mostrou algum potencial - e vai precisar continuar acertando e investindo no draft nos próximos anos se quiser montar um time vencedor. E acima de tudo, de paciência. De muuuuita paciência.


Houston Texans

A temporada do Texans em 2013 foi, para mim, a coisa mais inexplicável da temporada. Depois de dois ou três anos de candidato ao Super Bowl, o time chegou em 2013, ganhou dois jogos... e perdeu 14 seguidos, terminando com o terceiro pior DVOA e pior record da temporada. Seus QBs foram um problema magistral, tudo deu errado, e o Texans acabou aproveitando isso para garantir a 1st pick nesse draft extremamente interessante.

A pergunta que fica é essa: existe motivo para pânico no Texans? Para mim, não. Sim, a temporada 2013 foi um desastre, mas temos evidências de sobra de que anos outliers em que tudo acontece no pior cenário possível não necessariamente significam que seu time precise ser desconstruído (ver: Red Sox, Boston). Para mim esse foi o ano do Texans, e não só por ter terminado a temporada 2 vitórias baixo da sua Pythagorean Expectations e pelo óbvio potencial de regressão positiva desse time, eu estou otimista que podem dar a volta por cima em 2014.

Para começar, o time ainda tem uma sólida defesa que conta com o melhor defensor da NFL (JJ Watt) e diversos jogadores bons como Jonathan Joseph, Brian Cushing (quando saudável), e Antonio Smith (mais dele em um minuto), o que é um bom núcleo. A defesa caiu ao longo da temporada por conta de lesões, diversos jogadores jogando muito abaixo do que poderiam (principalmente Brooks Reed), falta de interesse e nenhuma contribuição dos LBs depois que Cushing machucou, mas com algum sangue novo, saúde e alguns reforços pontuais (mais regressão positiva) tem tudo para voltar a ser dominante. Ofensivamente o time se afundou na péssima atuação dos QBs e também em lesões, mas o time ainda conta com um fantástico núcleo da linha ofensiva (Duane Brown, Chris Myers e Brandon Brooks), uma boa dupla de WRs (DeAndre Hopkins e Andre Johnson) e, quando saudável, um bom TE em Owen Daniels. Então a base está em seu lugar, e esse foi um time extremamente sólido por dois ou três anos que manteve a maior parte do núcleo. Não vejo porque de repente todo mundo desaprenderia a jogar. É só encaixar novas peças aonde precisa.

Claro, isso também não significa que vai ser fácil. O principal obstáculo é a questão salarial: o Texans está apenas 9M acima do salary cap, e isso lembrando que Antonio Smith é um free agent e vai exigir um salário alto. O Texans já manifestou desejo de trazer Smith de volta, mas isso vai exigir todo tipo de mudanças no salary cap, e não está fácil criar espaço nessa folha salarial. Os maiores candidatos a dispensa não resolvem o problema porque são jogadores que ou carregam um cap hit alto em caso de dispensa (10.5M do Matt Schaub, 7.5M do Arian Foster, 3M do Whitney Mercillus) ou são jogadores cujo contrato é pequeno demais para ter grande impacto (TJ Yates 600 mil, Brian McCain 900 mil, Derek Newton 1.3M). O time sempre pode pedir para algum jogador como Andre Johnson (16M em 2014) reestruturar seu contrato ou dar a jogadores como Owen Daniels (6M, 4.5 de economia se for cortado), Danieal Manning (idem) ou Kareem Jackson (4.5M salário, 3M economia) um ultimato para aceitar uma redução salarial ou serem dispensados depois de temporadas decepcionantes. Mas entre tudo isso vai ser difícil imaginar o Texans liberando uma grande quantidade de espaço salarial, e o dinheiro (que da para chegar a uns 20M dispensado alguns titulares e mantendo outros) seria principalmente usado para reassinar com Smith e alguns outros FAs menores e garantir o dinheiro das escolhas de Draft. E considerando os buracos que a equipe tem hoje - faltam dois jogadores na linha ofensiva além de Brown/Myers/Brooks, o time pode precisar de um TE novo, o pass rush depende demais de Watt e precisa de mais um componente (especialmente porque Mercillus foi um tremendo bust), a secundária precisa de reforços, e os safeties foram uma desgraça desde que Glover Quin saiu - é difícil ver o time adereçando todos esses problemas de uma vez, seja internaemente ou não.

A vantagem para o Texans é ter a 1st pick do Draft, e com ela eles podem ir em duas direções diferentes. A primeira era resolver seu grande problema atual, e selecionar um QB, seja ele Manziel, Bortles ou Bridgewater. Matt Schaub vem piorando vertiginosamente desde sua lesão em 2011, e não parece ter condições de continuar jogando bem depois de um PÉSSIMO 2013, e Case Keenum não convenceu muito como a solução para a equipe, então substituir essa posição extremaemente carente por um sólido QB jovem pode ser o upgrade que colocará o time de volta na briga pelos playoffs e dar a perspectiva para o futuro que eles procuram. A outra direção é pegar a aberração Jadeveon Clowney, colocar ele do lado o posto a JJ Watt e ter a dupla defensiva mais dominante da NFL nos últimos anos, o que deve resolver boa parte dos problemas de pass rush da defesa e dar uma perspectiva muito melhor para esse grupo em 2014. O problema desse último caminho é que ele ainda deixa a incógnita na posição mais importante do jogo, então a não ser que o time esteja contando com Keenum ou Schaub para segurar a barra no curto prazo, eles terão que resolver esse problema ainda esse ano, talvez aproveitando a profundidade para pegar um jogador como Zach Mettenberger na segunda rodada. Não existe uma direção certa, mas a decisão de como usar essa 1st pick é o que vai determinar quando a equipe voltará a disputar vaga nos playoffs e qual a direção futura da franquia.


Oakland Raiders

Pense em um viciado em drogas pesadas. Ele passou um longo período escravo do vício, desperdiçando seus anos. Enfim ele percebe o problema, e passa por um difícil e sofrido processo de desintoxicação e reabilitação. Por fim, livre do seu problema, ele parte para novos horizontes e recuperar o tempo perdido.

Essa é basicamente a história do Oakland Raiders nos últimos anos. Um dono meio maluco e uma série de GMs incompetentes prenderam o time a uma série de contratos ruins e times medíocres da qual estavam impossibilitados de escapar e mantiveram o time por tanto tempo na mediocridade, só que ao invés de admitir o problema e procurar resolvê-lo, tentaram consertar com mais contratos e drafts ruins e decisões equivocadas, que se tornaram uma bola de neve e mantiveram o time refém dessa mania. Atualmente, o Raiders está passando pela fase de desintoxicação: eles ainda estão em processo de se libertar de todos os jogadores e contratos horríveis que sobraram e limpar seu salary cap. Por fim, concluído isso, o Raiders pode pensar em se reerguer como a franquia importante que é e tentar voltar a ser relevante.

E acho que nada ilustra melhor esse processo de "desintoxicação" do Raiders melhor do que o seguinte dado: ao final de 2013, o Raiders tinha 55.6M do seu salary cap destinado para jogadores ativos na sua equipe... e 56M para jogadores que não jogavam mais pelo Raiders (incluindo Carson Palmer, que não só ocupava 9M da sua folha salarial para jogar pelo Cardinals como custou uma escolha de primeira rodada e uma de segunda). Esse ano esse dinheiro morto cai para apenas 9M, e nenhum desse dinheiro será carregado para 2015 (por enquanto). Então literalmente, o Raiders está tentando se livrar ainda do desastre e das péssimas condições deixadas pelos anos anteriores da franquia.

Feito isso, o Raiders está basicamente na condição do Jaguars, problemas demais para resolver com pouco tempo, mas pelo menos uma escolha boa no draft, uma folha salarial limpa e a chance de um novo começo. Ao contrário dos Jaguars, no entanto, o Raiders não tem um caminho claro até um QB, que seria a primeira peça da reconstrução. Jaguars, Browns e Texans, os três escolhem antes do Raiders, e todos eles possuem necessidades na posição, e portanto o Big Three de QBs pode estar fora do draft antes de chegar a vez do Raiders. Se acontecer, é fácil: escolher o melhor jogador disponível (seja ele Sammy Watkins, Jadeveon Clowney ou Greg Robinson) e esperar o resto do time encaixar em torno disso nos próximos anos. Se algum dos três cair, acho possível que o Raiders se sinta tentado pela ideia de finalmente arrumar um bom QB (algo que o time não tem desde... Rich Gannon?), mas não acho que o time precise ter pressa. Não existe uma saída rápida do buraco para o Raiders mesmo com um bom QB, e é melhor pegar uma certeza do que arriscar em um QB que eles não tem tanta confiança. Eles também podem gastar algum dinheiro para manter alguns dos seus melhores free agents (em particular LaMarr Houston), embora não ache que isso vá acontecer - o caminho do Raiders para o sucesso não é tão curto assim, e acho que a diretoria já teve o suficiente de pagar demais para jogadores que não devia e sofrer com as consequências. 

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Pontos importantes da semana 5 da NFL

Esquecemos isso ano passado, mas Luck foi 1st pick por um motivo


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Mais uma semana na NFL chega ao fim, uma semana interessantíssima que envolveu dois times perdendo a invencibilidade, algumas zebras, dois jogos de domingo a noite, e alguns jogos verdadeiramente sensacionais que tivemos a sorte de assistir na TV (dica: não estou falando de Niners-Texans). Como sempre, vamos agora dar uma passada por alguns dos pontos mais interessantes ou importantes do que passou nesses últimos dias.

Para os perdidos de plantão a idéia aqui é a seguinte: isso aqui NÃO é um recap da rodada, e o nosso intuito não é passar por todos os jogos ou falar de todos os jogadores, bons ou não. Outras pessoas podem fazer isso, mais rápido e melhor do que eu, e eu também não acho que isso se enquadre na proposta do blog. A proposta aqui é para dar uma olhada nos fatores, dentro de cada jogo, que são relevantes ao maior cenário da NFL. Vamos olhar a performances que foram importantes mas receberam pouco crédito, fatores pouco observados que estão influenciando alguns pontos importantes, e por ai vai. Então de novo, o objetivo não é passar por todos os jogos e falar alguma coisa relevante: muitas vezes teremos dois ou mais pontos sobre um mesmo jogo, e jogos sem comentário nenhum. 

Então vamos logo que temos muito a dizer hoje, começando com...

O eterno problema das narrativas pré-determinadas


E se eu te dissesse o seguinte: tem um QB que, no jogo da sua equipe esse domingo que passou para 506 jardas completando 25 de 36 passes, além de cinco TDs com apenas uma interceptação. Ele se tornou apenas o 16th QB da história da NFL a atingir a marca de 5000 jardas, e no processo quebrou dois recordes históricos, precisando do menor número de arremessos de qualquer QB para atingir a marca de 500 jardas E terminou o jogo com o maior número de jardas por passe (14.1) que um QB já teve lançando pelo menos 30 passes. Suas proezas ofensivas foram responsáveis por 48 pontos para sua equipe, mantendo seu time pau a pau na partida contra o melhor ataque dos últimos 50 anos da NFL e jogando melhor que o melhor QB da NFL na atualidade, em uma partida onde sua defesa foi quase inexistente, incapaz de registrar um sack OU um hit no QB adversário... e tudo isso sem seu segundo melhor WR e enfrentando o melhor time da NFL. Se eu te dissesse isso, você certamente iria concluir, acertadamente, que foi uma das melhores performances de um QB nos últimos tempos, que fez tudo que era humanamente possível para manter seu time no jogo contra um ataque extremamente dominante e com muito pouco apoio de uma defesa que foi totalmente dominada, e cuja vitória não foi possível certamente não por conta de sua performance. Essa é a única conclusão que pode ser tirada depois do QB ter jogado dessa maneira.

A não ser, é claro, que você seja Tony Romo.

Quando você é Tony Romo, parece que você não tem nunca salvação. Durante os primeiros 35 arremessos, Romo teve uma performance histórica e manteve sozinho o Cowboys na partida contra o todo-poderoso Denver Broncos, dono do melhor ataque da liga, em um dia em que sua defesa jogou muito mal, passando para 500 jardas e um TD. Não importa o que você diga, o fato é que o Cowboys só estava ainda disputando a partida no segundo tempo porque Romo colocou o time nas costas e começou a fazer lançamento absurdo atrás de lançamento absurdo, escapando de sacks e achando seus recebedores em espaços minúsculos. Se não fosse por uma atuação genuinamente histórica, não teria nenhum jogo apertado para perder, provavelmente acontecendo o mesmo que vimos semana passada quando o Eagles perdeu de 53 a 20 para esse mesmo Denver. Mas ao invés de focarem nisso e de exaltarem a grande partida de Romo que quase conseguiu sair com a vitória, todo mundo parece ter uma necessidade patológica de colocar a culpa nele para a derrota, focando apenas na interceptação que ele lançou com seu último passe quando o jogo estava empatado 48-48 nos minutos finais ao invés de reconhecerem o que ele fez nos outros 35. Sua interceptação aconteceu em um lançamento ruim e forçado, e levou naquele momento a derrota de sua equipe, mas colocar a culpa em Romo pela derrota é esquecer de tudo que ele fez para o jogo chegar naquele momento. É intencionalmente olhar para apenas um fator que contribuiu para o resultado final porque ele se encaixa na narrativa pré-determinada e ignorar todos os outros fatores ao longo dos outros 46 minutos de jogo que fizeram a partida ser o que foi, e ignorar toda a falta de ajuda que o Cowboys teve do jogo terrestre (50 jardas apenas) e da defesa (que não encostou em Peyton Manning, literalmente, nenhuma vez no jogo).

Claro, isso vem da necessidade que todo mundo parece ter de achar rótulos para os jogadores e querer encaixar tudo que acontece nesses rótulos. No caso do Romo, o rótulo é de que ele é amarelão, de que não conseguem ganhar jogos decisivos ou nos quartos períodos, um rótulo que também se estende ao time do Cowboys. Então quando Romo comete um erro decisivo no quarto período, todo mundo corre para encaixar isso na narrativa de que ele não consegue vencer esses jogos e corre para atribuir toda a culpa ao QB, mesmo que isso esteja muito longe da verdade. Foi a mesma coisa nessa offseason, quando muita gente correu para atribuir a (falsa) fama que Dallas tem de amarelar nas retas finais de temporada ao Romo, pedindo a saída do QB como se fosse o problema da equipe. E as pessoas fazem isso porque é muito mais fácil simplesmente encaixar os fatos numa história pré-determinada do que fazer um esforço de pensar e analisar cada fator que contribuiu para o resultado.

O problema é que essas narrativas, como sempre, são fabricadas, e depois tudo que acontece é distorcido em termos de causa e efeito para se encaixar nessa narrativa. No preview de Dallas para essa temporada, eu mostrei de perto porque essa narrativa de "amarelão" da equipe é totalmente exagerada e como todos os finais de temporadas podem ser explicados por fatores como azar ou uma tabela que por acaso ficou mais difícil no final. No caso de Romo, também existem muitas evidências apontando em fator dele contra essa sua fama. Romo liderou a liga em 2012, na verdade, em viradas no quarto período com cinco - um número que não inclui uma campanha nos segundos finais para empatar um jogo contra o Saints (eventual derrota em OT) e uma campanha que deveria ter resultado em uma virada contra o Ravens mas que terminou em um FG errado do kicker Dan Bailey. Na verdade, desde que se tornou titular em 2007, Romo possui o quinto melhor rating entre todos os QBs da NFL em quartos períodos com o jogo separado por uma posse de bola ou menos, atrás de Aaron Rodgers, Eli Manning, Peyton Manning e Drew Brees. Na verdade, desde que a estatística foi criada, Romo lidera a NFL em QBR para QBs no quarto período, e embora esse número caia quando consideramos apenas os três minutos finais dos quartos períodos, ele ainda está empatado com Tom Brady e Matt Ryan, dois QBs considerados "clutch". Mas ainda assim, continuamos distorcendo tudo que acontece para encaixar na nossa narrativa de que ele não sabe vencer jogos ou jogar nos finais de jogo. Assim como aconteceu domingo: Romo fez tudo que era humanamente possível para manter seu time no jogo praticamente sem ajuda da defesa ou jogo terrestre, jogou melhor que Manning e conseguiu deixar o jogo apertado no quarto período, mas lançou um passe ruim que determinou o fim da partida... e todo mundo foca nesse último passe para apontar que ele amarelou ao invés de lembrar tudo que ele fez para que o jogo sequer chegasse a esse ponto.

Mas claro, você ainda vai ler muito por ai sobre como Romo custou o jogo ao Cowboys e como ele é um problema, porque sempre será mais fácil repetir algo que já está estabelecido do que pensar e analisar até chegar na verdade. Isso nunca vai mudar. Só saibam que Romo tem sido um dos melhores QBs dessa temporada e que teve um jogo excepcional contra o melhor time da NFL, e que sua interceptação em nenhum momento apaga o brilho que teve no resto da partida. Se você acha que Romo é o problema do Cowboys, é melhor pensar de novo.

Andrew Luck Bandwagon


Você provavelmente já ouviu falar em "Sophomore Slump" alguma vez na sua vida, ou pelo menos algum conceito semelhante. Sophomore slump é aquele conceito segundo o qual os segundo anistas da NFL (ou qualquer outra liga, na verdade) teriam uma queda de rendimento, ou algumas dificuldades no seu segundo ano na liga. Embora algumas pessoas apresentem ou vejam isso quase como uma coisa mística governada por leis acima da nossa compreensão, a verdade é que a sophomore slump tem uma explicação bastante simples. Quando esses jogadores - em especial quarterbacks - entram na NFL, é uma incógnita como eles jogarão e como irão adaptar seu jogo a essa nova realidade, como o playbook de seus novos times vai utilizá-los. Então durante o primeiro ano desses jogadores, tudo é basicamente uma surpresa: ninguém conhece seu estilo de jogo direito, ninguém tem vídeos ou tempo para analisar com calma suas forças e fraquezas, e mesmo os times que irão te enfrentar não tem o tempo ou a amostra para analisar cuidadosamente todos os seus aspectos. Ao final da primeira temporada, é diferente. Todos os times já possuem 16 jogos de vídeos e dados para analisar, e uma offseason inteira tendo esses vídeos nas mãos para destrinchar tudo sobre o jogador, de forma que o calouro não é mais uma surpresa ou uma incógnita, todo mundo sabe agora se adaptar para melhor defendê-lo. Por isso acontece esse "sophomore slump", porque o que esse jogador fazia antes começa a ser melhor defendido e mais previsível, então ele precisa passar por um período de adaptação e transição novo para mudar ligeiramente seu jogo e se adaptar as mudanças que os adversários estão fazendo para combater seu skill set "inicial". Esse período de adaptação é o que normalmente chamamos de sophomore slump, o tempo que o segundo anista demora para contornar esse problema.

Mesmo os melhores calouros não são exceção. Ano passado, a chamada "Gang of Four" - ou seja, os três calouros Andrew Luck, Russell Wilson e Robert Griffin, mais Colin Kaepernick em seu primeiro ano como titular - colocaram fogo na NFL com sua velocidade, capacidade de improvisação e talento de maneira geral, levando seus quatro times aos playoffs, e com Kap, Griffin, Wilson e Luck terminando a temporada em 3rd, 6th, 8th e 11th em QBR, respectivamente. A expectativa então era que eles fossem explodir com um ano a mais de experiência.

Não aconteceu até agora. Na verdade, três desses jogadores tem sofrido um pouco na sua segunda temporada, seja pela sophomore slump ou por motivos diversos. Robert Griffin foi o Rookie of the Year de 2012 depois de uma temporada espetacular que o viu completar 65.6% de seus passes com 8.1 jardas por passe e um QBR de 71.4, mas não tem sido o mesmo desde que voltou da lesão no joelho, talvez por estar fisicamente desgastado, ou talvez por não ter a mesma confiança no seu corpo e seu joelho: o aproveitamento caiu para 62.4% e perdeu uma jarda por passe, suas interceptações praticamente dobraram, ele parou de correr, e viu seu QBR despencar para um horrendo 29.15. Colin Kaepernick e Wilson estão tendo um 2013 sólido mas complicado, em parte por causa dos problemas de suas equipes com wide receivers e jogadores de linha ofensiva, respectivamente: Kaepernick, assumindo um papel mais de tomar conta da bola e tomar decisões conservadoras agora que tem menos alvos para aproveitar seu bom braço, está em 11th na NFL com um QBR de 57.4, e Russell Wilson tem tido bons números se aproveitando eficientemente das boas situações criadas pela sua defesa e jogo terrestre, mas tem tido dificuldade para criar suas próprias campanhas, aparecendo em 13th apenas com um QBR de 55.3. Embora Griffin tenha um motivo claro para seus problemas, e Kap e Wilson não estejam exatamente tendo um ano ruim, os três estão sofrendo nesse começo de 2013 mais do que o esperado, sofrendo um pouco com a sophomore slump.

A exceção a isso é o QB que, apesar de ter sido a 1st pick apenas um ano atrás, acabou ficando em segundo plano no hype comparado aos seus três companheiros: Andrew Luck. Enquanto os números e mesmo a atuação dos demais QBs deram um passo atrás em 2013, a de Luck deu um tremendo passo a frente:

2012 Andrew Luck: 339/627, 54.1%, 4374 jardas, 7.0 Y/A, 23 TDs, 18 INTs, 64.99 QBR
2013 Andrew Luck: 97/156, 62.2%, 1144 jardas, 7.2 Y/A, 7 TDs, 2 INTs, 77.11 QBR
13' Luck (projetado para 16 jogos): 310/499, 62.2%, 3660 jardas, 7.2 Y/A, 23 TDs, 6 INT

E isso sem levar em consideração que Luck está sendo o segundo QB mais valioso correndo com a bola nessa temporada (atrás apenas de Michael Vick) e que enfrentou uma tabela bastante complicada até aqui, que inclui jogos contra as fortes defesas aéreas de Seahawks e 49ers (ok, um contra o Jaguars), então esses números se fossem ajustados seriam ainda mais impressionantes. De fato, o QBR de Luck é o quarto melhor da NFL e está virtualmente empatado com o segundo colocado (Drew Brees), atrás apenas do inigualável Peyton Manning.

E assim como eu defendi que o que Luck fez em 2012 não podia ser medido em números comuns (seus números "normais" são até bastante medíocres, mas quando colocados em contexto, eles são muito impressionantes), os números de 2013 contam apenas parte da história. Luck tem um time melhor ao seu redor do que a máquina de pesadelos de 2013, mas não é exatamente o 49ers de 1989: a linha ofensiva ainda é muito ruim protegendo o QB, permitindo que Luck fosse atingido mais vezes que qualquer outro QB que não seja Ryan Tannehill (outro segundo anista que está tendo dificuldades e viu seu QBR cair, btw) - e com uma das contratações feitas para melhorar esse grupo e proteger seu franchise QB fora da temporada já. Seu corpo de recebedores se beneficiou de mais um ano de TY Hilton e Coby Fleener, mas Dwayne Allen está fora da temporada. E por todo o hype que a chegada de Trent Richardson produziu, o ex-RB do Browns está sendo absolutamente medíocre (ou pior) em Indianapolis, só conseguindo 3 jardas por corrida onde Ahmad Bradshaw, Vick Ballard (ambos fora da temporada) e Donald Brown passam das 4.5 YPC cada um. É um grupo melhor do que em 2013, sem dúvida, mas não por muito.

E juntando tudo isso está Andrew Luck, o cara que faz tudo acontecer. Assistir Andrew Luck jogar é quase como uma colagem dos melhores atributos que você encontra na NFL, e ao mesmo tempo algo totalmente diferente: ele tem a habilidade de Romo e Big Ben para achar ganhar tempo no pocket e estender as jogadas, a habilidade de Russell Wilson e Kaepernick de mudar jogos e converter jogadas com suas pernas (Luck foi o terceiro melhor QB correndo de 2012 e o segundo de 2013, btw), o braço forte e a precisão para fazer qualquer arremesso e converter qualquer jogada como Drew Brees, e o meu favorito, a capacidade sobre-humana de Aaron Rodgers de fazer arremessos perfeitos em movimento e/ou contra o movimento de seu corpo. E ao mesmo tempo, tudo que ele faz é de uma forma diferente de todos os demais e com uma graça e eficiência própria, que fez um dos meus escritores favoritos colocar que "É inútil comparar Andrew Luck ao outros jogadores, porque já ficou claro que algum dia compararemos jogadores a Andrew Luck". E em um time do Colts que evoluiu mas ainda tem muitos buracos, é o jovem QB que tem feito toda a diferença conduzindo o ataque com maestria e convertendo um número impressionante de jogadas de extrema dificuldade sendo obrigado a fugir de um sack porque sua OL errou novamente os bloqueios. Tem mais sobre o sucesso do Colts do que apenas a evolução de Luck, que vai ganhar uma coluna própria muito em breve (provavelmente na quinta que vem), mas as atuações do garoto - essa semana engolindo uma muito boa secundária do Seahawks e combinando com TY Hilton para fazer Richard Sherman parecer um jogador da CFL - são o principal motivo pelo qual esse ataque está atualmente como o quarto melhor da NFL. Se a temporada acabasse hoje, Andrew Luck seria meu MVP não chamado Peyton Manning na frente de Brees (embora eu não tenha nenhum problema se você preferir Brees). E a parte assustadora é que, contornando seu sophomore slump, elevando seu jogo a novos níveis, emergindo como um dos melhores QBs dessa temporada e levando seu time a um excelente começo de 4-1 e novamente aparecendo como um time a ser temido, Luck está apenas começando a atingir seu enorme potencial. Eu não poderia estar mais animado pelo que vem pela frente.

As lesões começam a acumular


Estamos começando a chegar no ponto da temporada onde as lesões começam a acumular e afetam o desempenho e os prognósticos futuros das equipes de forma mais definitiva. Uma lesão importante antes da temporada é um problema, mas um que pode ser contornado de certa forma já que os times tem tempo para agendar trocas, estudar free agents, remontar seu plano de jogo ou mesmo aproveitar o draft para adereçar seu problema e suas fraquezas. Uma lesão importante durante a temporada é pior, pois é um ponto onde as perspectivas de arrumar um substituto são consideravelmente menores e onde isso afeta muitos cenários distintos, incluindo as perspectivas para o resto da temporada e o desenvolvimento do plano da equipe como um todo. E são essas lesões que atualmente estão começando a preocupar alguns times que poderiam ser favoritos ou mesmo de interesse ao longo da temporada.

No primeiro jogo da rodada, quinta feira, já tivemos duas lesões significativas, com Bills e Browns perdendo seus QBs por lesões em uma partida que foi divertida mesmo com Jeff Tuel e Brandon Weeden de QBs. Entre essas duas, a lesão mais significativa foi a de Brian Hoyer: depois de trocarem seu suposto melhor jogador ofensivo em Trent Richardson (que na verdade é um jogador bem fraco e o Browns assaltou o Colts na troca, mas enfim) e ver seu QB titular (Weeden) se machucar, Hoyer assumiu um time que deveria brigar pelas primeiras escolhas do draft... e imediatamente ganhou seus dois primeiros jogos com boas atuações, colocando o Browns (empatado) no topo da AFC North e sonhando com uma vaga nos playoffs. Agora Hoyer está fora da temporada depois de romper o ligamento do joelho, e o Browns se ve novamente na difícil posição de decidir se briga pelos playoffs (o record positivo do time é o primeiro desde... wait for it... Week 17 de 2007!!!) ou se desiste e pensa no ano que vem. A primeira opção provavelmente seria a que muita gente escolheria, mas mesmo assim, eles não fizeram nenhum movimento para melhorar sua situação de QBs indo atrás de um dos jogadores dispensados essa semana (Josh Freeman ou Matt Flynn) e decidiram ficar com Brandon Weeden mesmo, que todos já sabemos que é bem ruim e tem um QBR de 24.9 mesmo depois de uma boa atuação contra a horrível segundária do Bills. Isso não quer dizer que a decisão por Weeden signifique que o time está desistindo da temporada, é claro, mas a falta de esforços para melhorar uma situação claramente problemática e que poderia colocar seu time (e sua boa defesa) nos playoffs pela primeira vez em muitos anos indica que o Browns não está com tanta pressa assim... ou não tão confiante.

A lesão de EJ Manuel, na minha opinião, é menos significativa porque o Bills tem uma janela menor para brigar pelos playoffs, mas não deixa de ser uma perda importante. A chance de brigar por um wild card fica bem menor com Jeff Tuel ou Thaddeus Lewis de QB, claro, mas no caso do Bills o problema é um pouco diferente. Manuel foi draftado para ser o QB do futuro da franquia, e é muito importante para a equipe que ele jogue o máximo possível e mostre do que é capaz para que o time saiba exatamente onde se encontra na busca pelo seu franchise QB. Apesar de muito divertido e explosivo, Manuel não vinha tendo uma grande temporada de calouro, com um QBR pobre de 42.3 (23rd na NFL), mas vinha mostrando algumas habilidades interessantes e seria bom que tivesse o máximo de experiência e rodagem possível, não apenas para se desenvolver e como para que a comissão técnica e a diretoria soubessem exatamente o que possuem nas mãos. A lesão, mais do que dar um golpe duro nas já difíceis chances de playoff da equipe, ainda atrapalham o desenvolvimento do jogador, provavelmente um problema maior para o Bills do que simplesmente a piora nas chances de pós-temporada.

Outro time cujas lesões - em particular uma lesão mais recente - sepultou de vez os sonhos de playoffs foi o Atlanta Falcons. Depois de uma dolorosa derrota em casa para o Jets que derrubou os atuais campeões da NFC South para 1-4, o golpe final veio quando soubemos que Julio Jones deve perder o resto da temporada com uma lesão no pé igual a que sofreu antes do draft de 2011. Esse foi apenas o mais novo golpe em uma temporada do inferno para o time que, no papel, deveria ter um dos ataques mais explosivos da NFL. Embora fosse claro que a defesa do Falcons fosse ser muito ruim em 2013, muita gente - inclusive eu - achava que o ataque com Roddy White, Julio Jones, Matt Ryan, Tony Gonzales e Steven Jackson fosse ser bom e explosivo suficiente para ganhar muitos jogos pelo volume puro de ataque. Mas para um time cujo elenco foi construído em torno de um núcleo de elite e um elenco em volta mediano, essa temporada não poderia ter dado mais errado. A linha ofensiva da equipe sofreu com lesões desde a pré temporada e precisou recorrer aos restolhos do elenco. Roddy White machucou o pé e não conseguiu jogar perto de 100% no ano ainda, e Steven Jackson machucou logo no início da semana 2. Isso foi suficiente para tirar muito do potencial desse ataque, e combinado com a horrível defesa do time, logo derrubou o Falcons, que não conseguia segurar seus adversários e não possuía as peças ofensivas para fazer o que dele se esperava. Agora para finalizar, JJ está fora para a temporada, o que foi o golpe final: Jones estava sendo até o momento o melhor WR da NFL, liderando a liga em recepções e segundo em jardas atrás de Jimmy Graham. Se nem com Jones fazendo sua mágica o Falcons conseguia gerar poder de fogo suficiente com seu ataque extremamente desfalcado, não vai ser sem Jones que as coisas irão melhorar. Agora só resta se conformar com uma temporada jogada no lixo e começar a se preparar para 2014.

Por fim, um último time tem tido sua própria montanha russa com lesões. Semana passada, o Patriots viu seu melhor jogador defensivo sair carregado de campo, com as notícias na manhã seguinte confirmando que Vince Wilfork não voltaria a jogar nessa temporada. Além de ser o jogador favorito da minha namorada, Wifork era ainda mais importante para essa defesa. Quando a defesa do Patriots começou a ser horrível lá para a temporada 2009, Wilfork foi o único ponto positivo, e o pilar em torno do qual Bill Belichick começou a remontar todo esse grupo e ancorava todo o sistema defensivo até hoje. Sua presença física sempre foi extremamente importante contra o jogo terrestre, e sua versatilidade de jogar tanto em esquemas 3-4 como 4-3 em altíssimo nível davam a Belichick uma flexibilidade muito especial que permitia ao técnico tirar o máximo de seus jogadores em cada situação, sabendo que Wilfork estaria fazendo o trabalho sujo no meio. E a lesão de Wilfork já se fez sentir logo no primeiro jogo, quando o Bengals direcionou seu plano de jogo para explorar o buraco deixado pelo gordinho no meio da linha defensiva de New England, e funcionou: Cincinatti correu para 163 jardas abusando desse meio da defesa, controlando o relógio, movendo as correntes e desgastando toda a defesa de New England, especialmente em um dia onde as condições climáticas não foram favoráveis ao jogo aéreo. E sem Vince Wilfork ou um substituto a altura (ou ao peso) dele, essa tática vai ser explorada por praticamente qualquer adversário que enfrente New England.

Mas o Pats tem um consolo relativo a lesões. Apesar de uma parte da torcida da equipe achar que eu tenho algo pessoal contra o time por ter escolhido o time para perder nas últimas duas semanas (o último: "patriots perder para o Bengals HAHHAAHHAHAHAHHAHA belo analista vc risos eternos", claramente mostrando que entende tudo de NFL), a verdade é que o time tem vencido mas não convencido até aqui no ano. Um dos motivos mais fáceis (e 100% verdadeiro) para explicar essas dificuldades é a falta de WRs da equipe, que perdeu Aaron Hernandez e Wes Welker e ainda viu Danny Amendola perder diversos jogos por lesão. Isso sem dúvida é real, e eu mesmo já escrevi algumas vezes sobre o assunto e como isso tem diminuído as opções ofensivas da equipe, especialmente depois que Stevan Ridley não conseguiu engrenar. Mas um outro fator oculto (e relacionado) que explica algumas das dificuldades ofensivas do Patriots é o seguinte: em toda a NFL, apenas o Jaguars tem sido pior falhando em anotar TDs dentro da red zone, com New England transformando apenas 35% das suas viagens a red zone em touchdowns (ano passado liderou a NFL com 70%). Obviamente, eu não preciso explicar porque isso é um problema: quando você caminha todo o campo até final do campo e não consegue anotar TDs, você está praticamente deixando de anotar 4 pontos a mais por campanha. E essa dificuldade do Patriots tem nome e sobrenome: Rob Gronkowski. O TE sempre foi o alvo preferido de Tom Brady dentro da red zone, um jogador com o tamanho, a velocidade e o atleticismo que faziam dele absolutamente impossível de ser marcado nessas situações. A lesão de Gronk foi sentida ano passado, por exemplo, na final de conferência contra o Ravens, quando o Pats teve duas boas posses de bola cedo (antes do jogo sair do controle) mas não conseguiu anotar TDs (se contentando com FGs) dentro da linha de 10 jardas, e continua a ser sentida essa temporada, no jogo aéreo como um todo mas especialmente dentro da red zone. Ainda que seja difícil contar com a saúde de Gronk no médio prazo, já que ele parece se machucar todo ano e está vindo de quatro cirurgias, o TE deve estar pronto para jogar já contra o Saints essa semana e sua volta vai ser uma imensa ajuda a esse time de New England. Então se eles terão que se virar sem Wilfork pelo ano inteiro e sua defesa vai sentir - como já sentiu - as consequências, pelo menos Gronk está voltando para compensar do outro lado do campo.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Palpites para a semana 5 da NFL

Phil Taylor ajudando o Goku a fazer a Genki Dama


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Para ver uma enorme análise sobre os principais prêmios da MLB (junto com minha escolha para cada), clique aqui

Para os pontos importantes da semana 4 da NFL, nossa coluna de terça feira, clique aqui

Para uma coluna sobre o Kansas City Chiefs e sua temporada impressionante, clique aqui

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Mais uma semana chegando ao fim, mais uma rodada de palpites. E preciso falar, esse não está sendo meu ano até aqui nos palpites. Depois de ganhar os dois pick'em que eu participei ano passado, esse ano está sendo um fiasco, brigando só para me manter acima de 50% (especialmente contra o spread) e tendo dificuldades para conseguir os 10 acertos semanais que dão pontos extras no NFL.com. Então esses palpites são tudo menos confiáveis e, como sempre foram, mais uma forma de passar rapidamente por cada jogo e cada time do que outra coisa.

Como algumas pessoas ainda me perguntam sobre esse "spread", uma explicação rápida: é um tipo de aposta no qual os times possuem uma margem pela qual ele tem que ganhar (ou, no caso do time adversário, uma margem que ele pode perder). Então se ontem a noite a linha era Pats (-11.5), significa que eu posso apostar em Pats a -11.5 ou Jets a +11.5 - ou seja, adicione 11.5 ao total de pontos do Jets (ou subtraia do total de pontos do Pats) e ve quem ganharia esse jogo. Basicamente, o -11.5 indica que se eu escolher o Pats, ele precisa ganhar por mais de 11 pontos, e se eu escolher o Jets (+11.5), ele pode perder por até 11. Então vamos as apostas, e como sempre, time da casa em caixa alta.

Palpites para a semana 5 da NFL

Week 4 Record: 8-7
Week 4 contra o spread: 7-8


BROWNS over Bills
Contra o spread: BROWNS (-3.5) over Bills
Começar a semana acertando um jogo de quinta feira é um bom sinal. E por incrível que pareça, foi um jogo bastante divertido no qual os DOIS QBs titulares saíram machuacdos (embora a lesão de Brian Hoyer pareça a mais séria) e Brandon Weeden duelou com Jeff Tuel até o final. Não exatamente Montana-Marino no Super Bowl XIX, mas mesmo assim o jogo não deixou de entreter e foi decidido apenas nos minutos finais. 

Quem gostou desse jogo provavelmente foi Josh Freeman, dispensado ontem mesmo pelo Tampa Bay Bucs depois que alguém na organização supostamente vazou para a imprensa que Freeman estaria no programa de drogas da NFL. Obviamente isso pegou muito mal e colocou o time sob investigação porque essa lista é confidencial, e enquanto isso certamente vai atrapalhar a vida de Freeman para achar um time, esse jogo pode ter ajudado. EJ Manuel não parece ter uma lesão séria, mas as primeiras impressões sobre Hoyer parecem indicar uma lesão que o tiraria da temporada. Considerando que o Browns pela primeira vez está com um record positivo desde 2007 e que eles lideram a divisão, se o time realmente quiser uma chance de brigar pelos playoffs, vão precisar de um QB melhor do que Brandon Weeden. Freeman está sem time e apreciaria uma chance de ser titular antes da free agency, então se Hoyer for mesmo perder a temporada e Cleveland decidir brigar pelos playoffs, Freeman tem um possível empregador a vista.


Chiefs over TITANS
Contra o spread: Chiefs (-3) over TITANS
Escrevi sobre os dois times essa semana (Chiefs ontem, Titans terça), e em ambos os casos eu ressaltei que o segredo por trás das boas campanhas de ambos tem vindo de seu saldo de turnovers, +9, melhor marca da NFL. Também escrevi que espero que essa boa sorte nesse quesito seja mais sustentável para o Chiefs que para o Titans (89% recuperando fumbles, 0% taxa de intercaptações), já que ele depende menos de fatores fora do seu controle do que seu rival e porque o esquema do Chiefs é construído justamente para viver em cima de turnovers. Então esse confronto direto é um bom lugar para começar a "normalizar" a sorte do Titans, especialmente com Ryan Fitzpatrick no lugar do machucado Jake Locker. Um bom teste para ambos os times se estabelecerem definitivamente como candidatos aos playoffs, btw.


MIAMI over Ravens
Contra o spread: MIAMI (-3) over Ravens
Eu não espero que Joe Flacco lance cinco interceptações toda vez que for jogar fora de casa, mas... hmm... o Ravens não está convencendo nesse começo de ano. Derrota para o Broncos a parte, o time sofreu muito para ganhar do Browns em casa com Trent Richardson e Brandon Weeden e perdeu do Bills semana passada. Isso não necessariamente diz que o Ravens é um time ruim, mas não está convencendo e enfrenta um bom time do Dolphins, em Miami. Ok, Miami foi exposto pelo Saints semana passada, mas isso foi fora de casa e contra um time bem superior a Baltimore. Não vai ser um jogo fácil, mas espero que Miami consiga arrancar essa vitória.

Tangente rápida: depois de um ano e quatro jogos, ainda não consigo decidir o que eu acho de Ryan Tannehill. Ele é um bom QB e tem dado muitas mostras positivas com seu braço, completando um bom número de passes (65%) para um ótimo 7.6 jardas por passe, e em geral tem feitos alguns lançamentos que me fazem voltar o streaming para ver de novo. Mas ao mesmo tempo ele tem dificuldade para ler defesas e é extremamente descuidado com a bola, liderando a NFL com seis fumbles sofridos e lançando mais cinco interceptações, de forma que seu QBR (46.5) está ainda menor do que o da sua temporada de calouro (52.2). Parte disso pode ser culpa da sua péssima linha ofensiva, que o deixou ser sackado 18 vezes (pior marca da NFL), mas essa inconsistência do garoto é um fator preocupante em um time que tem tudo para brigar por vaga nos playoffs, e fica difícil saber se ele é realmente o QB que o Dolphins espera ou não.


RAMS over Jaguars
Contra o spread: Jaguars (+11.5) over RAMS
Eu assisti em primeira mão quinta feira o quanto o Rams está mal essa temporada. Eles não conseguem parar ninguém, Cortland Finnegan parece que acabou de completar seu aniversário de 45 anos, e seu ataque parece estar tão empacado pelo chão quanto pelo ar... e enquanto isso, o time está pagando 15M de doletas para Sam Bradford comandar esse show de horrores. Não exatamente a receita para o sucesso. Ainda assim, eles enfrentam o Jaguars e o Jags tem a (des)honra de ser o pior time da liga na atualidade. Eles são simplesmente horríveis do primeiro ao último jogador e Teddy Bridgewater já deve estar pensando em passar mais um ano na faculdade para não ter que jogar em Jacksonville. Não da para escolher o Jaguars para ganhar, ainda mais fora de casa. Ainda assim, o Jaguars está 0-4 contra o spread tendo recebido mais de 10 pontos em seus últimos dois jogos (e enfrentado o Raiders no outro), e uma hora eles TEM que cobrir esse spread... certo? O Rams me parece um bom adversário para isso, com Justin Blackmon de volta. 


BENGALS over Patriots
Contra o spread: BENGALS (-1) over Patriots
Essa linha é condicional ao status do Rob Gronkowski para o jogo de amanha - em outras palavras, se for confirmado até o jogo se ele joga ou não, essa linha com certeza vai mudar. Por enquanto, fico com o -1 a favor do Bengals, por dois motivos. Primeiro, porque eu acho que Gronk não joga e embora Tom Brady esteja cada vez mais confortável com seus recebedores, eles ainda não são grande coisa. E segundo e mais importante, porque Vince Wilfork está fora da temporada, e ele é de longe o jogador mais importante dessa defesa, a peça em torno da qual todo  o conjunto defensivo do Pats é montado. Sem ele, imagino que a defesa do Pats sofra uma piora considerável e que isso vá atrapalhá-los em um primeiro momento, e fora de casa.

Curiosidade: Semana passada, quando eu escolhi o Falcons para vencer o PAts em casa, um torcedor do Patriots veio reclamando que em quatro semanas, eu tinha escolhido contra o Patriots quatro vezes. O que é engraçado, considerando que a) eu só escrevi essa coluna três vezes e b) eu escolhi o Pats para vencer nas duas primeiras. Torcedor sempre vê o que quer, e em particular os do Patriots (obviamente não todos, mas de longe são os que mais reclamam) gostam de se convencer de que todo mundo que não fica babando em cima da equipe é o Bernard Pollard disfarçado. Então pela bilionésima vez, eu não tenho nada contra nenhum time da NFL, muito menos o seu, e muito menos o Patriots, time de dois dos meus melhores amigos e da minha namorada. 


Seahawks over COLTS
Contra o spread: Seahawks (-3) over COLTS
Essa aposta só acontece por causa da minha regra "nunca aposte contra o melhor time da NFC, especialmente se ele estiver invicto". Ainda assim, está longe de ter sido uma escolha fácil: o Colts vem em uma boa temporada, e o segredo do Hawks é que eles tem sido surpreendentemente medíocres fora de casa: o ataque anotou apenas 25 pontos nos dois jogos fora de casa (tempo regular) combinados, e precisaram de um pick-six de Matt Schaub e duas faltas pessoas em OT para vencer contra o Texans sem Brian Cushing. A defesa tem sido boa, mas o ataque tem sido bem mediano longe do Jaguars - mesmo no jogo que venceram confortavelmente o 49ers, nas três campanhas que resultaram em TDs o time teve mais jardas em faltas do que com seu ataque, e só anotou três pontos antes de Eric Reid sair machucado. Então eu não estou exatamente muito animado escolhendo o Seattle para vencer essa partida, mas me parece outro desses "jogou mal, mas foi o suficiente" fora de casa. Especialmente se Trent Richardson continuar com menos de 3 jardas por corrida.


PACKERS over Lions
Contra o spread: Lions (+7) over PACKERS
O Packers está vindo de uma derrota "tudo que podia dar errado, deu" contra o Bengals, caindo para 1-2 no processo. Enquanto isso, o Lions se estabelece na NFL como uma força a ser considerada e o Bears começa o ano 3-1, o que coloca o Packers com alguma água na bunda mesmo sendo cedo na temporada. Green Bay SABE que precisa vencer aqui para não deixar a diferença acumular em uma NFC North (e NFC em geral) bastante competitiva. A defesa do Packers tem sido vulnerável e eu estou com pena de Rodgers quando sua linha ofensiva tentar - repito, tentar - segura Ndamukong Suh e Nick Fairley durante uma partida inteira. Mas Aaron Rodgers é um dos melhores QBs do mundo e, com esse sentido de urgência e jogando em casa, acho que vai conseguir fazer o suficiente para vencer o jogo. Mas o Lions cobre o spread, muito potencial de garbage time e de um jogo feio cheio de sacks.


Saints over BEARS
Contra o spread: Saints (even) over BEARS
Aqui o spread é exatamente zero, então não é simplesmente apostar em quem ganha e quem perde. Minhas preocupações escolhendo o Saints, em ordem: jogo fora de casa; Bears provavelmente é um time melhor do que todos que o Saints enfrentou na temporada; a defesa do Saints tem sido horrível contra o jogo terrestre, cedendo um NFL-high 5.5 jardas por corrida, e Matt Forte é um monstro; e me parece o tipo de jogo que pode ser decidido por turnovers (e eu odiaria apostar contra a defesa de Chicago nesse quesito). Ainda assim, eu confio mais em New Orleans porque eles possuem Jimmy Graham (Chicago não tem ninguém com as características para sonhar em marcar Graham) e Drew Brees junto de uma secundária surpreendentemente boa. E porque Jay Cutler pareceu voltar ao normal semana passada contra Detroit, lançando mais interceptações do que seria saudável. Ainda assim, um bom candidato a melhor jogo da rodada.


Eagles over GIANTS
Contra o spread: Eagles (+1) over GIANTS
Racionalmente, esse seria o jogo perfeito para o Giants curar sua zica e finalmente vencer um jogo. Joga em casa, contra um rival de divisão que também não está bem no campeonato e acabou de tomar uma surra do Broncos, que tem tido dificuldades nas últimas semanas. A defesa do Eagles é uma das piores da NFL e me parece o cenário ideal para Eli Manning e o ataque terrestre engrenarem. Ainda assim, eu não consigo apostar no Giants porque o ataque do Eagles tem sido muito bom na temporada apesar de tudo, e a defesa de NY não tem sido exatamente dominante nesse começo de ano. Ou seja, pelas características de ambos os times (especialmente do ataque do Eagles e sua velocidade), eu espero que esse jogo acabe virando um duelo de ataques de alta velocidade, e nesse caso acho que o Eagles leva vantagem porque está mais acostumado a esses jogos e porque isso significa um jogo de mais erros, o grande ponto fraco do Giants até aqui. A chave é o jogo terrestre: se o Giants conseguir se impor pelo chão e controlar o relógio, ele pode manter o jogo fora da zona de conforto do Eagles e ter a vantagem. Mas ainda precisa provar que consegue com essa linha ofensiva.


Panthers over CARDINALS
Contra o spread: Panthers (-2) over CARDINALS
Lembra quando eu escrevi uma seção inteira falando sobre como o Ron Rivera era um estategista ofensivo horrível que absolutamente se recusava a tentar quartas descidas mesmo tendo Cam Newton, e isso custava ao seu time algumas vitórias? Bom, uma semana depois contra o NY Giants, ele fez exatamente isso: em uma 4th and 1 no campo adversário, ele alinhou seu ataque e Cam Newton correu facilmente para uma first down. Bom, eu fiquei feliz, significava que Rivera tinha aprendido com seus erros e entendido a forma de maximizar os seus talentos, certo? Bom, aparentemente, não: quando questionado sobre a jogada depois, Rivera disse que só tinha chamado a corrida porque achou que ainda era a terceira descida e não a quarta, e que se tivesse percebido teria chamado o chute. Funhé. Um abraço para o "aprendeu com seus erros".

Ainda assim, o Panthers vem de uma boa vitória e de uma semana de folga. A defesa tem sido bastante sólida em 2013 e o ataque do Cardinals tem sido muito ruim, especialmente pelo chão. Além disso, o time acabou de trocar seu tackle titular (Levi Brown) por uma escolha de draft, o que faz de Carson Palmer um alvo muito fácil para a forte pressão imposta pela defesa de Carolina. Eu simplesmente não gosto desse matchup e acho o Panthers uma equipe melhor, mesmo jogando fora de casa.


Chargers over RAIDERS
Contra o spread: Chargers (-4) over RAIDERS
Esse jogo na verdade vai ser um falso segundo SNF, já que por conta do jogo do Oakland Athletics que vai acontecer mais cedo no Oakland Colisseum, a partida começará meia noite e meia no horário de Brasília. Garanto que eu não estarei assistindo a esse jogo. Considerando que Oakland não consegue nem construir um segundo estádio para separar baseball de futebol americano, não é a toa que o Raiders, no meu Franchise no Madden 25, se mudou para Cidade do México, virou o Mexico City Diablos, e joga em um estádio chamado "The Fire Pit". True story.

O Raiders é um time ruim mas divertido, enquanto o Chargers é melhor do que o esperado que poderia tranquilamente estar 4-0 com um pouco de azar (perdeu por causa de uma pick six milagrosa nos minutos finais contra o Texans e viu seu CB deixar cair uma interceptação de Jake Locker que selaria a vitória contra o  Titans), com Phillip Rivers jogando muito bem atrás de uma surpreendente linha ofensiva. Acho que essa é uma tendência que tem tudo para continuar contra um fraco time do Raiders. Estou até surpreso que a linha não é maior, na verdade.


Broncos over COWBOYS
Contra o spread: Broncos (-7.5) over COWBOYS
Eu acho o Cowboys um bom time que tem tudo para chegar aos playoffs nessa divisão horrível. Mas não tem a menor probabilidade de eu apostar contra o Broncos nesse momento.


49ERS over Texans
Contra o spread: 49ERS (-6) over Texans
Eu passei um tempo desnecessariamente grande assistindo vídeos dos últimos jogos do 49ers essa temporada tentando descobrir o problema da equipe... e eu acho que consegui. Quando Alex Smith era o QB do time, Jim Harbaugh inteligentemente concluiu que sua dificuldade em lançar bolas difíceis em profundidade seria um fator limitante para esse ataque, então construiu um ataque que fazia o oposto, esmagava adversários com corridas e a pura força física da equipe, atraindo defesas e encurtando descidas. Quando Colin KAepernick assumiu a titularidade, seu braço forte e preciso deram ao Niners outra dimensão no ataque, a dos passes, permitindo maior foco no jogo aéreo, que funcionou muito bem até o fim da temporada. O problema foi que para começar a temporada 2013, o ataque continuou tentando usar os passes que funcionaram tão bem ano passado com Kap, mas agora o time enfrentava outro fator limitante: seu corpo de WRs. É muito fácil marcar um time de um WR só como Anquan Boldin (especialmente com Vernon Davis machucado como esteve nos últimos três jogos), e os demais jogadores simplesmente são incapazes de criar separação. O jogo aéreo que funcionou ano passado não era mais possível na mesma eficiência com os jogadores atuais do elenco (ou pelo menos enquanto Manningham não volta). Então a jogada inteligente que Harbaugh fez foi aceitar essa nova limitação (possivelmente temporária) do seu ataque e retomar o playbook conservador, baseado em muita corrida e situações mais faceis de passe. E deu resultados.

Enquanto isso, eu tenho minhas dúvida se o Texans realmente é um time tão bom assim. Matt Schaub está tendo a pior temporada da sua carreira e dessa vez o ataque terrestre não está conseguindo compensar, com Arian Foster tendo apenas 3.8 jardas por corrida. A defesa ainda é muito boa e JJ Watt lidera minha corrida pessoal para Defensive Player of the Year, mas vai precisar de mais do que isso para vencer jogos consistentemente. Apesar da derrota semana passada, fruto do pior passe dos últimos meses, o fato é que as duas vitórias do Texans foram em jogos que podiam facilmente ter perdido: uma campanha milagrosa contra o Titans para empatar o jogo (depois que o Titans não conseguiu matar o jogo correndo com a bola), e um apagão incrível do time do Chargers. Não está me parecendo o juggernault que foi outrora, especialmente em um jogo fora de casa.


FALCONS over Jets
Contra o spread: FALCONS (-10) over Jets 
Repita comigo: Geno Smith, fora de casa, em um estádio fechado... Geno Smith, fora de casa, estádio fechado... Geno Smith, fora de casa, estádio fechado... Geno Smith, fora de casa, estádio fechado...

Por falar em Geno "Turnover Machine" Smith, o quão ruim é essa disputa pelo Rookie of the Year? Tem que ser uma das piores na história recente da NFL, certo? Geno Smith e EJ Manuel (mais turnovers do que TDs, 42 QBR) seriam os favoritos pela posição, mas estão tendo anos abaixo do esperado. WRs mais bem cotados como Tavon Austin e Cordarelle Patterson não conseguem produzir em campo. Eddy Lacy e Le'Veon Bell estão lidando com lesões. Tyler Eifert ainda não conseguiu ter um impacto. Os três melhores OTs do Draft estão decepcionando. Quem sobra? Smith e Manuel provavelmente são os melhores candidatos nesse momento porque são QBs, com DeAndre Hopkins, Giovani Bernard e eventualmente Bell (voltou muito bem na semana passada) correndo por fora. Esse tipo de prêmio, claro, geralmente é decidido mais para o final da temporada, então tem muito chão, mas quão ruim deve ser uma disputa para Geno Smith ser o atual favorito?



2013' Record: 28-19
2013' contra o spread: 21-26