Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Destrinchando o arremesso final de Miami no Jogo 5

Obrigado, internet!


De repente, eu me sinto de volta a 2010. Rashard Lewis está sendo titular em um jogo de playoffs e acertando 6 bolas de três, o Spurs parece velho, e a internet voltou a chamar o LeBron de amarelão e criar polêmica em torno de uma jogada decisiva na qual ele passou ao invés de arremessar. Acho que algumas coisas nunca mudam. Essa discussão do LeBron que tinha medo de decidir e não era um jogador decisivo já era ridícula em 2010. Agora que ele ganhou dois títulos, se consolidou como o jogador de basquete mais dominante desde Jordan e um dos 10 melhores jogadores de todos os tempos, ela consegue ser ainda pior.

Eu realmente não preciso - e não vou - gastar meu tempo e 5000 palavras explicando porque é estúpida essa nossa mania de achar que todas as estrelas precisam ter três bolas no saco e arremessar todas as bolas nos finais de jogo, anotar 40 pontos e ganhar partidas sozinhos. Essa nossa noção distorcida parece vir do Michael Jordan, o padrão de excelência e hombridade no basquete, que é famoso em parte por sua enorme coleção de arremessos decisivos... e o que é ainda mais idiota simplesmente por ignorar que Jordan também tem uma enorme coleção de passes decisivos em momentos importantes de jogos. Jogue no YouTube "Jim Paxton 1991 Finals" ou "Steve Kerr Game Winner Utah" se não sabe do que eu estou falando.

Estrelas que tem a bola nas mãos em momentos decisivos não precisam arremessar todas as bolas. A gente quer que elas arremessem porque, sendo os melhores jogadores do time e tudo mais, você imagina que eles tem mais chances de conseguir a cesta do que outros jogadores. Mas não é como se todos os arremessos fossem iguais. Você pode ter um matchup 1-on-1 com o Byron Russell que te permita um arremesso limpo, mas você também pode atacar a cesta e ver três jogadores te atacando, fechando seu caminho mas deixando o melhor arremessador do seu time livre. Nessa situação, a obrigação do jogador que tem a bola nas mãos não é arremessar e fazer a cesta a todo custo, e sim fazer a jogada (reagindo a como a defesa se porta) que maximiza as chances do seu time vencer um jogo. Kobe é famoso por sempre arremessar todas as bolas por cima dos marcadores e acertar vários game-winners, mas o Lakers com ele de Alpha Dog sempre foi um time de meio de tabela em eficiência ofensiva em momentos "clutch". Enquanto isso, o Hornets de Chris Paul, um jogador que muitas vezes preferia fazer um bom passe ao invés de resolver ele mesmo, sempre foi um dos melhores no quesito.

Então realmente não vale a pena gastar saliva com esse debate. LeBron (nem nenhuma estrela) não precisa arremessar todas as bolas e pronto. 

Mas ao invés disso, vamos fazer uma coisa diferente. Vamos ver a jogada em questão, e ver o que aconteceu exatamente. Tendo noção do contexto e da movimentação dos jogadores em quadra, ai sim podemos ver se a jogada foi boa ou não, e podemos ter opiniões educadas para debater.

Primeiro, um pouco de contexto. Faltando 12 segundos, Miami perdia por 2 pontos no G5 contra Indiana, fora de casa, com a posse de bola. Miami pediu tempo para se preparar para a jogada, isolou LeBron contra Paul George no topo do garrafão, e a jogada acabou assim (GIF via SB Nation).




Bom, a primeira coisa a se prestar atenção nessa jogada é o objetivo de Erik Spolestra. LeBron tem a bola no topo do garrafão, e Wade (excelente no jogo) está do seu lado esquerdo. Do outro lado, no entanto, Miami coloca três arremessadores: Ray Allen, Chris Bosh e Rashard Lewis, todos jogadores que merecem atenção de uma defesa no perímetro. 

A idéia da jogada é bem simples: LeBron vai atacar a cesta contra Paul George e tentar um arremesso de alta probabilidade perto do aro. George é um ótimo marcador, mas a combinação de força e velocidade de LeBron é um imenso perigo para qualquer defensor do mundo. E se Indiana não estiver confortável deixando George marcando LeBron no 1-1 e quiserem mandar ajuda uma vez que James chegar no garrafão, então eles terão que deixar algum arremessador perigoso livre, oferecendo uma opção rápida de passe para um dos melhores passadores da NBA. Por isso três arremessadores estão ao mesmo tempo do lado direito da quadra. Miami oferece a Indiana uma escolha - deixar LeBron sozinho no garrafão para empatar o jogo, ou deixar um arremessador livre no perímetro para vencer a partida com um arremesso de 3.

Esse é o objetivo geral da jogada. Mas mais especificamente, no entanto, a jogada é desenhada exatamente para o que ela fez: conseguir uma bola de três na zona morta para Chris Bosh. Chequem o posicionamento dos arremessadores de Miami na jogada: 



Bosh está posicionado na zona morta a direita da jogada, marcado por Roy Hibbert, que está muito mais perto do garrafão do que de Bosh. Hibbert é o melhor defensor de garrafão do Pacers, um cara de 2m17 com braços muito longos que aumentam em muito o nível de dificuldade de qualquer arremesso contestado, e se alguém fosse ajudar George a contar a infiltração de LeBron, com certeza seria ele. E é isso que o Pacers quer fazer: George direciona a infiltração de LeBron para o lado direito, aonde ele sabe que tem a ajuda de Hibbert.

E é exatamente o que acontece: Hibbert desliza para o espaço entre LeBron e a cesta, ocupando o espaço que LeBron iria usar para fazer a bandeja e tornando um arremesso do King muito mais difícil. Mas LeBron sabe que isso provavelmente vai acontecer, e sabe que isso abre uma linha de passe para Bosh, que está sem marcação na zona morta- onde ele está chutando 55% nesses playoffs (7/14 do lado direito). Percebendo a movimentação do pivô de Indiana, James faz a jogada certa e imediatamente faz um passe difícil em alta velocidade.



Indiana marca a jogada perfeitamente: eles sabem que não podem permitir um arremesso fácil de LeBron no aro, então Hibbert precisa ir ajudar, e que isso vai deixar Bosh livre. Mas eles também tem consciência de que deixar Ray Allen livre na linha de três é a morte, então George Hill não pode abandonar sua marcação para ir até Bosh - ele fica no meio caminho entre os dois (mais sobre isso em um minuto). Mesmo se recuperando muito bem na jogada para contestar o arremesso, Bosh ainda recebe a bola com espaço e sendo marcado por um jogador muito mais baixo que ele. Contra uma defesa tão boa, é o melhor tipo de arremesso livre que você vai conseguir. 

Veja de novo a jogada em tempo real, prestando mais atenção na movimentação de Hibbert e em como isso é uma armadilha para conseguir levar a bola até Bosh:



Então as críticas são realmente furadas. Se fosse para fazer a cesta, LeBron teria que de alguma forma finalizar através do contato de George E por cima do wingspan monstruoso, e mesmos e conseguisse de alguma forma fazer isso, o jogo só iria ser levado para a prorrogação. Para um time de Miami que estava jogando fora de casa e com seu melhor jogador com 5 faltas, a prorrogação parece uma opção muito menos desejável do que uma bola de três que garantisse a vitória.

Ao invés disso, Miami executou uma ação para liberar Bosh para um 3PT no canto, e foi exatamente para atingir esse resultado que LeBron fez o passe. Ao invés de tentar um arremesso impossível, ele achou um dos seus companheiros mais confiáveis livre na zona morta para tentar garantir a vitória. Vale lembrar também que LeBron, sem ritmo o jogo todo por problema de faltas, estava arremessando apenas 2-10 na partida, e Bosh (embora em amostras pequenas, claro) tem 70% de aproveitamento na carreira em game tying ou game winning 3PT shots no minuto final de partidas, tinha acertado um 3PT shot crucial alguns segundos antes, e esta chutando 55% em corner 3s nos playoffs. Essa jogada ofereceu a Miami uma chance muito melhor de vencer o jogo do que a original. Foi a jogada certa, independente do resultado.

Ainda assim, existe uma crítica legítima a ser feita a Miami nessa jogada. Mas o problema não foi LeBron James... e sim Rashard Lewis e Ray Allen. Olhe o posicionamento de Big Lew no começo da jogada:



Miami tem Wade do lado esquerdo mantendo Stephenson honesto, e Bosh na zona morta da direita pronto para receber o passe. Mas Allen e Lewis estão muito próximos, o que facilita muito para Indiana: quando Hibbert sair de Bosh para ajudar a conter a infiltração, fica muito mais fácil para alguém se recuperar na direção de Bosh se sua posição inicial já é muito próxima a dele.

Claro, essa screenshot é só do começo da jogada - a partir do momento que LeBron bate para dentro e começa a fazer a defesa se movimentar ao redor deles, eles tem que se movimentar para melhorar o espaçamento, obrigar os seus defensores a acompanhá-los e não deixar ninguém em posição fácil de contestar o arremesso de Bosh.



Funhé.

Quando LeBron infiltra, Lewis deveria se movimentar para o topo do garrafão, atraindo David West com ele para que Ray Allen pudesse ocupar a "quina", atraindo por sua vez George Hill de forma que fosse muito mais difícil para ele contestar o arremesso de Bosh - ou pelo menos oferecesse a Bosh uma opção rápida de passe para o melhor 3PT shooter da história da NBA, completamente livre. Mas isso nunca acontece: Rashard Lewis não se desloca, o que faz com que ele e Ray Allen ocupem o mesmo espaço. Assim Allen não consegue se deslocar mais para atrair Hill, e faz com que West consiga muito facilmente cobrir tanto Allen como Lewis no perímetro. Isso permite a Hill se afastar muito mais de Allen do que se atreveria normalmente, e assim estar em boa posição para contestar o arremesso de Bosh com seus braços enormes.

Veja no GIF abaixo, mais espaçado e que da para ver melhor o que acontece perto da linha de três pontos durante a infiltração de LeBron e seu passe. Prestem atenção em como Lew se atrasa e impede a movimentação de Allen, em como isso permite a West marcar os dois com muito mais facilidade na jogada, e como os dois fatores (o posicionamento de Allen e o fato de que West consegue marcar dois jogadores sozinho) permite a Hill que abandone Ray Allen para contestar muito bem o arremesso. Isso não aconteceria se a movimentação de Lewis e Allen durante a infiltração tivesse obrigado os dois jogadores do Pacers a se mover na direção contrária.




Bosh tinha espaço e é um jogador muito alto, mas sempre atrapalha ter alguém pulando com você dessa maneira. Isso é muito boa defesa do Pacers, mas uma falha crucial de espaçamento por parte de Miami, que facilitou a vida da defesa permitindo dobras fáceis sem desmarcar jogadores importantes. 

Mas a jogada foi correta, a leitura do LeBron perfeita e o Heat conseguiu o arremesso de três que queria. Os arremessos não vão entrar sempre, e se Hill não tivesse conseguido contestar o arremesso talvez ele tivesse mais chances de entrar. Mas Miami conseguiu a jogada que considerava a certa, Bosh teve a chance de vencer a série com um arremesso que ele já acertou muitas vezes ao longo da carreira, mas dessa vez não funcionou. Faz parte do jogo. Mas o erro não faz dessa uma jogada ruim, e muito menos uma decisão errada por parte do LeBron.


Agradecimentos especiais pela ajuda com os GIFs para o consultor de imagens não-oficial do blog, Carlos Leite, e a ajuda geral do Adelmo com as imagens

terça-feira, 27 de maio de 2014

Considerações sobre o Draft da NFL - NFC


BORT-uhls!!! - Via Mugen


Agora que acabou o Draft, entra a fase mais triste da NFL na temporada, aquele período totalmente morto entre o Draft e a pré-temporada. Mesmo quando o Super Bowl acaba, ainda tem alguma especulação de como times deverão se remontar para a temporada seguinte, troca de técnicos e dirigentes, e depois temos a free agency se aproximando, algumas trocas e contratações para especularmos e analisarmos. Depois entra na sequência do Draft, com combineMock Drafts, e muita especulação sem sentido até finalmente acontecer a tão esperada noite. Mas agora que o Draft passou, os times já estão montados, os melhores free agents fora do mercado, os cargos vagos de técnicos ou dirigente preenchidos, só o que nos resta são três meses de treinos, jogadores que você não conhece sendo cortados ou contratados, e esperar sentados enquanto nada acontece. Uma época muito deprimente. 

Por isso me parece uma boa hora para olhar para falar sobre o Draft. Claro, nós já falamos bastante sobre o assunto: tivemos o meu tradicional Running Diary, contando os eventos e minhas reações a primeira rodada do Draft; e tivemos uma coluna explicando sobre qual a melhor forma de se avaliar e pensar um Draft, bem como os melhores times da NFL usam isso para se manter no topo.

Então para encerrar a nossa cobertura e virar a página de vez para a temporada 2014 da NFL, vamos passar pelos 32 times da NFL com comentários rápidos sobre o que foi bom e o que não foi do seu Draft. Semana passada, fizemos alguns comentários sobre o Draft de cada time da AFC. Hoje, é a vez dos times da NFC receberem os elogios... ou não.


Dallas Cowboys

O Draft do Dallas Cowboys foi um difícil de ser julgado, e que gerou reações ambíguas. Por um lado, é inegável que a equipe conseguiu dois bons jogadores nas suas primeiras escolhas. Zack Martin e Demarcus Lawrence são dois jogadores que eu gostava e que preenchem necessidades imediatas da equipe: Martin chega pra resolver de uma vez por todas a instabilidade na linha ofensiva de Dallas junto de Tyron Lannister Smith, e Lawrence é o pass rusher que o time precisa desesperadamente depois de perder Demarcus Ware e Jason Hatcher nessa offseason. Então são boas adições para a equipe, sem dúvida alguma.

Por outro lado, quando observamos o contexto do Cowboys, vemos algumas decisões curiosas. Em primeiro lugar, Dallas precisa urgentemente de defesa, em um nível desesperado: eles tiveram a terceira PIOR defesa de 2013, e isso foi antes de perder seus DOIS melhores jogadores na offseason. Não é preciso de muito para perceber que a defesa de Dallas tem tudo para ser uma das piores da NFL e que precisa urgente de reforços, mas apesar disso, a equipe optou por usar sua escolha mais alta em um jogador de linha ofensiva. Martin solidifica essa linha, mas tinha um abismo absurdo entre as necessidades na linha ofensiva e na defesa, e Martin era o quarto tackle a sair do Draft. Uma escolha por um jogador defensivo faria muito mais sentido, e por isso foi estranho ver a equipe indo em outra direção.

Mas a gritante necessidade por um defensor pesou, e o time acabou trocando com o Redskins para subir na segunda rodada e pegar Lawrence. Mas o custo foi caríssimo, sua escolha de segunda rodada E uma de terceira rodada, 40% a mais do que a escolha valia. Esse overpay veio, claro, pela enorme necessidade de um defensor, que poderia ter sido evitada com uma escolha mais esperta na primeira rodada. E considerando que Dallas é um time com problemas de profundidade e que tem enormes dificuldades de contratar jogadores por causa da sua horrível situação salarial, parece ainda mais importante para Dallas manter suas escolhas de Draft como forma de conseguir trabalho bom e barato, ao invés de ficar dando escolhas de graça por ai para justificar seus erros. Em resumo, o Cowboys saiu com dois bons jogadores que devem ajudar a equipe desde o primeiro dia, mas a um custo exagerado, que nos deixa imaginando que a equipe poderia ter feito melhor com o que tinha em mãos.


Washington Redskins

Ir para o Draft sem a sua escolha de primeira rodada sempre é doloroso. Ver essa escolha acabar sendo a #2 em um excelente Draft... é ainda pior. Guerras foram travadas por muito menos.

Sabendo sobre esse valor perdido e sabendo também que precisava dar um jeito de recuperar parte desse valor, a equipe inteligentemente desceu na segunda rodada para roubar uma escolha de terceira rodada extra do Cowboys, o tipo de troca esperta que um time nessa situação deve fazer. Foi um bom valor, e adequado ao contexto.

O problema é o que o Redskins fez com essas escolhas. Trent Murphy foi um grande reach na segunda rodada, provavelmente ainda poderia ser pego na terceira (Skins tinha duas escolhas ainda) ou até mesmo na quarta, e Spencer Long (um Guard vindo de uma lesão no joelho que pode perder a temporada e deveria cair para o final do Draft) foi uma péssima escolha na terceira rodada. Ganha algum desconto porque eu achei Morgan Moses na terceira rodada uma excelente escolha e pela troca com o Cowboys, mas só. Um ano para esquecer.


Philadelphia Eagles

Eu realmente não gostei nem um pouco da escolha de primeira rodada do Eagles, que gastou a #26 escolhendo Marcus Smith, um OLB que alguns tinham saindo na terceira rodada e foi um gigantesco reach nessa altura. Para ser justo, o Eagles provavelmente estava de olho em Brandin Cooks na #22, então quando o Saints trocou para subir e pegar Cooks na #20, o Eagles perdeu seu alvo (tanto que trocou para descer). Mas isso não justifica essa escolha.

Mas pelo menos o Eagles compensou isso escolhendo muito bem no resto das rodadas. Jordan Matthews foi um ótimo valor na segunda rodada, e Josh Huff é um ex-jogador de Chip Kelly que encaixa muito bem no esquema tático da equipe - pegar um WR era uma necessidade depois de perder DeSean Jackson, e o Eagles saiu com dois muito bons e a ótimos valores. Eles também fizeram bem pegando o CB Jaylen Watkins na quarta rodada, e Kelly achou mais um de seus ex-jogadores no Oregon na quinta rodada (Taylor Hart). Todas boas escolhas. A verdade é que primeira escolha foi muito abaixo do esperado, mas o time foi impecável depois e saiu do Draft com jogadores nas principais áreas de necessidade.


New York Giants

O Giants teve um sólido - ainda que não espetacular - Draft, e embora a primeira escolha da equipe pudesse ter levado o time em uma direção diferente (mas não necessariamente melhor), é difícil achar algo para criticar ou elogiar muito nessa noite.

Beckham Jr foi uma escolha interessante, e a escolha que poderia talvez ter colocado o Draft da equipe um nível acima. Ninguém nega a necessidade do Giants por um WR, e vários analistas (inclusive eu) gostavam muito de Beckham Jr, mas não da para se perguntar se, com um Draft tão profundo em WRs e sendo OBJ um jogador tão parecido com Victor Cruz, o NYG não poderia ter ido em outra direção com essa escolha. Não que a escolha tenha sido ruim ou um valor fraco, longe disso, mas com tantos times querendo subir de olho em OBJ, me pergunto se essa foi a melhor opção da equipe. Talvez um OT ou um defensor fizessem mais pela equipe (ou uma troca para descer).

Não que isso fosse fazer o Draft melhor, mas seria diferente. O Giants usou suas demais escolhas para adereçar outras necessidades, como linha ofensiva e defensiva, nenhuma tendo sido um problema nem de grande destaque. A escolha de Andre Williams (RB) me foi particularmente interessante, dados os problemas na posição em 2013 e o baixo valor gasto (quarta rodada). Sólido, ajuda em algumas posições carentes, mas não me parece o tipo de Draft que vá mudar o destino da franquia.


Green Bay Packers

Green Bay deu bastante sorte quando Ha Ha Clinton-Dix caiu no colo deles, um jogador que é ao mesmo tempo um excelente valor no final da primeira rodada, um jogador que preenche uma necessidade imediata na equipe e alguém que melhora a equipe desde o primeiro dia. Se você fosse desenhar um "melhor cenário possível" para GB antes do Draft começar, provavelmente seria esse.

O Packers também achou bons valores no resto do Draft, especialmente Davante Adams (um bom WR que encaixa bem no seu esquema tático). Eles foram atrás de suas necessidades (um TE, um DT e um LB eram as maiores) entre as rodadas 3 e 4, e ainda tiveram como apostar em alguns WRs no final do Draft. Poucos times tem feito um trabalho melhor achando WRs no miolo do Draft como Green Bay (sim, jogar com Aaron Rodgers ajuda), e um dos dois pode explodir. Um bom e inteligente Draft ajudado pela sorte de Dix cair até eles na primeira rodada.


Chicago Bears

Um Draft um pouco esquisito, um time que não pareceu prestar muita atenção na questão do valor de cada escolha, saindo com alguns jogadores que foram escolhidos antes do que deveriam... e ao mesmo tempo não pareceu prestar tanta atenção nas maiores necessidades da equipe. Kyle Fuller claramente foi uma escolha por necessidade, um sólido CB e uma ajuda muito necessária a uma secundária, mas que foi um reach e que não faz tanto sentido com Clinton-Dix e Calvin Pryor - dois jogadores mais bem cotados e que jogam em uma posição muito mais carente para Chicago - ainda disponíveis. Também foi estranho ver Chicago fazendo dois reachs diferentes na segunda e terceira rodada para pegar dois DTs depois de encher sua linha defensiva de jogadores na offseason: a equipe já conta com LaMarr Houston, Jared Allen, Willie Young, Shea McCLellin, Stephen Paea, Jay Ratliff, Israel Idonije e Ego Ferguson, mais jogadores do que lugares disponíveis na linha, então é muito estranho ver o Bears usando suas escolhas de segunda E terceira rodada para mais dois DTs, e dois jogadores que deveriam cair um pouco mais.

Eu até gostei da escolha de Fuller, acho que a secundária de Chicago vai ser um problema enorme em 2014 e que foi uma boa forma de se antecipar a isso, mas com tantas outras necessidades significativas (em particular safety e linebacker, talvez até mais de um jogador em cada posição), achei que Chicago pouco fez para resolver a questão usando as escolhas de segunda e terceira rodada em dois jogadores de uma posição de menor necessidade (a não ser que Chicago esteja planejando usar uma linha defensiva com oito jogadores como sua defesa base) e cujo valor não correspondia muito bem a escolha utilizada. Um safety só foi escolhido no final da quarta rodada, e nenhum LB foi selecionado. Chicago é um bom time que investiu pesado na última offseason, então é compreensível que tenham se encontrado em uma posição onde poderiam arriscar um pouco mais nos jogadores que gostavam, e por isso não digo que foi um Draft ruim. Foi só estranho.


Detroit Lions

Talvez a mais importante mudança de Detroit tenha sido na offseason, a de técnico. Mas eles continuaram esse trabalho admiravelmente na noite do Draft, mostrando flexibilidade e bom discernimento. Eric Ebron, um TE extremamente versátil, não era a prioridade da equipe, mas reforçar o ataque era e Ebron é uma ótima adição que complementa muito bem Golden Tate e Megatron, e uma boa escolha uma vez que Justin Gilbert já estava indisponível. Kyle Van Noy também fez muito sentido, um sólido jogador que preenche uma necessidade e que é um grande amigo da primeira escolha de 2013, Ziggy Ansah (nunca subestime o impacto que esse tipo de coisa pode ter em um jogador jovem como Ansah), e Travis Swanson foi uma boa escolha para dar profundidade a linha ofensiva e eventualmente substituir Dominic Raiola. Três boas escolhas nas três primeiras rodadas.

Se existe uma crítica a ser feita aqui, é que o time pouco fez para adereçar seu grande problema na secundária, talvez a grande necessidade da equipe - o Lions só achou ajuda para a posição na quarta rodada com Nevin Lawson. Mas olhando a cada escolha, é difícil criticar o Lions por não estar empolgado com as opções disponíveis na secundária e ir atrás de jogadores melhores e mais valorizados com suas escolhas, esperando até achar um CB que realmente gostavam. Achar soluções para suas maiores necessidades é sempre importante no Draft, mas precisa ser balanceado com diversos outros pontos, e embora a falta de um CB possa voltar para assombrar a franquia em 2014, eles fizeram um trabalho muito bom saindo com ótimos talentos nesse Draft.


Minnesota Vikings

O Draft do Vikings apresentou alguns altos e baixos, mas o time saiu com tanto talento e com acertos tão marcantes que não tem como não achar que a equipe saiu muito bem desse ano, e enfim com a Franquia bem encaminhada.

A principal escolha, é claro, foi a de Teddy Bridgewater com a escolha #32. Teddy foi considerado, por dois anos, o melhor QB dessa classe, um Franchise QB capaz de entrar e jogar de cara, experiente em ataques profissionais e ler defesas, com uma capacidade sobre humana de escapar da pressão e ainda concluir jogadas. Ele terminou muito bem sua carreira em Louisville e parecia tão bom quanto sempre foi... até que, em algum ponto entre o fim da temporada e o Draft, alguns olheiros decidiram que não gostavam mais dele e que esses dois anos de atuações excepcionais mostrando todo esse talento de nada valiam, e ele começou a cair absurdamente em diversos Mock Drafts, com outros QBs com muito menos histórico de sucesso de repente aparecendo como prospectos mais bem cotados. No entanto, lembrem-se disso: em nenhum momento essa campanha da mídia e de alguns olheiros apaga os dois anos que Bridgewater mostrou ser um excelente QB, tanto que ao final do ano os principais avaliadores sérios de Draft da NFL ainda tinham Bridgewater como o melhor QB do Draft, caindo por questões de percepção de valor.

Então sair com um QB desses é sempre bom para um time como o Vikings, que tem problemas imensos com a posição desde que Brett Favre foi interceptado no final de conferência de 2009. Mas conseguir pegar o melhor QB desse Draft com a última escolha da primeira rodada é um golpe de mestre, possivelmente a melhor escolha desse Draft inteiro. E para Minnesota - um time que tem uma ótima fundação ofensiva, bons alvos, uma linha jovem e promissora e um dos melhores RBs da história da NFL - faz todo o sentido achar um QB sólido e inteligente como Bridgewater. Ótimo talento, ótimo encaixe e um valor espetacular. Só essa escolha já valeria o Draft inteiro.

Eu particularmente não fui fã da outra escolha de primeira rodada do Vikings. Anthony Barr era um bom prospecto, mas me pareceu um pequeno reach na escolha #9, e não acho que o cru pass rusher de UCLA faça muito sentido na defesa 4-3 do Vikings no momento. Ele não me parece um bom encaixe nem um bom valor a esse ponto, e acho que Minny ainda vai se arrepender dessa escolha. O Vikings também merece algumas críticas por ter falhado em resolver seu grande problema defensivo (MLB) e não ter adereçado mais os WRs em um Draft de grande profundidade e onde a equipe tinha 10 escolhas, e não no sentido "Não usou escolhas altas nisso, mas podem ser perdoados se não acharam nenhum jogador que valesse a pena", e sim que eles ignoraram completamente e passaram os três dias sem escolher UM jogador dessas posições.

Mas entre Bridgewater e as boas escolhas intermediárias que fez (algumas boas apostas em jogadores que encaixam bem na equipe, como David Yankey, Antone Exum e Kendall James), o saldo sem dúvida é positivo, e o Vikings pode ficar mais otimista indo para o futuro.


New Orleans Saints

O Saints não tinha muitas escolhas para trabalhar esse ano, e ficou com ainda menos quando fez uma troca bem ruim com o Arizona para subir sete posições na primeira rodada (ao custo exagerado de uma escolha de terceira rodada) para pegar Brandin Cooks. Eu adoro Cooks e acho que vai ser um ótimo WR na NFL, entendo que a troca era para pegar Cooks antes que o Eagles o fizesse na #22, e faz sentido o Saints ir atrás de mais armas para seu ataque. Mas colocando em contexto, os problemas aparecem: esse era um Draft extremamente profundo em WRs, e sem dúvida o time teria outras oportunidades de pegar outros bons recebedores sem precisar jogar fora uma valiosa escolha de terceira rodada, ainda mais valiosa considerando a situação salarial o Saints, a necessidade por mais profundidade e a falta de escolhas que a equipe tinha no ano. Além disso, parte do sucesso do Saints ofensivamente vem da sua capacidade de achar peças importantes sem gastar escolhas altas para isso, confiando no gênio de Sean Payton e em seu QB Hall of Famer. Então um overpay por um WR na primeira rodada faz menos sentido para o Saints do que para qualquer outro time, especialmente dadas as circunstâncias do Draft (poderiam ter tranquilamente escolhido Marqise Lee ou Kelvin Benjamin na #27, se quisessem). Eu adoro o jogador e gosto do encaixe, mas o preço a pagar foi alto e desnecessário demais.

Fora isso, o Saints pouco fez para se destacar com as poucas escolhas que lhes restavam. Apostaram em jogadores de alto potencial mas muito crus e ainda distantes da NFL, como o CB Stan Jean-Baptiste e o LB Khairi Fortt. Essas escolhas podem parecer ótimas em alguns anos, mas não passam segurança e dificilmente fazem o time melhor no curto prazo. E mesmo assim, o Saints falhou em adereçar seu outro emergente problema na linha ofensiva, não conseguindo então grandes valores nem resolver seus maiores buracos. Não foi um bom uso de uma quantidade limitada de recursos por parte do Saints.


Atlanta Falcons

Eu sei que o Falcons queria um pass rusher como Mack ou Clowney, e que Greg Robinson era o OT mais bem cotado do Draft. Mas para mim, Jake Matthews era o jogador perfeito para o Falcons, um time bem montado e maduro que já quer voltar aos playoffs o quanto antes. Matthews é o encaixe perfeito, um jogador muito experiente e pronto para entrar e jogar que vai solidificar desde o primeiro dia a linha ofensiva. Ele vai proteger Matt Ryan, e sua versatilidade permite que ele jogue do lado esquerdo (para enfim proteger o lado cego de Ryan) ou do lado direito (caso o Falcons queira insistir com Sam Baker na esquerda), dando ao Falcons um número muito maior de opções. Eu adoro essa escolha.

Ra'Shede Hageman foi uma mais complicada, um jogador talentoso de muito potencial que foi um bom valor na segunda rodada, mas que é um encaixe mais difícil em um time que não tem desenvolvido tão bem seus jogadores de defesa e que precisa de ajuda imediata... embora valha reforçar, um bom valor no #37 e que tem o potencial para ser um All-Star, faz sentido considerando as opções disponíveis. Eu também gostei muito da aposta em Dez Southward, um jogador que cobre uma necessidade imediata de safety e que encaixa bem no elenco. Um sólido uso de suas principais escolhas, e embora as críticas de que o Falcons não fez muito para adereçar sua principal fraqueza (pass rush) sejam justas sem um grande retorno de valor, achei que foi um Draft inteligente dadas as circunstâncias de cada escolha (a escolha mais questionável das três primeiras foi Hageman, mas não tinha um bom pass rusher disponível no #37) e a falta de opções claras para o pass rush.


Carolina Panthers

Todo mundo falou muito sobre a falta absoluta de alvos para o Panthers, e sobre como eles precisavam usar esse Draft para resolver esse problema. Mas com a enorme profundidade na posição e a aposentadoria de Jordan Gross, a linha ofensiva me parecia uma necessidade muito mais urgente, especialmente um LT. E apesar de diversas oportunidades para conseguir o OT que precisavam, o Panthers ignorou todas elas e fez muito pouco para adereçar uma linha ofensiva que pode ser um problema em 2014, usando apenas uma escolha de terceira rodada em um Guard e mais nada. Isso depois de ter usado a escolha de segunda rodada em Kony Early, um valor interessante na segunda rodada mas que dificilmente vai ter espaço imediato na excelente linha defensiva da equipe. Entendo a idéia de reforçar a profundidade e pensar em um projeto para desenvolvimento futuro, mas com extensões milionárias para Luke Kuechly e Cam Newton vindo ai, acho que era muito mais importante resolver os problemas imediatos da franquia e brigar por um título enquanto seus principais jogadores ainda são baratos e lhe oferecem uma vantagem competitiva.

E embora fizesse sentido que o time fosse atrás de um WR, a abordagem deles foi esquisita. Kelvin Benjamin é um bom jogador, mas é bastante cru e não me parece o encaixe ideal para o braço forte mas pouco preciso de Newton, especialmente com jogadores como Jordan Matthews e Marqise Lee ainda disponíveis (e provavelmente disponíveis ainda mais abaixo). Além disso, o time não usou nenhuma escolha depois da primeira rodada em um WR, não usando nem sequer uma escolha de sexta rodada para adicionar profundidade ou possíveis talentos para a posição apesar da absoluta carência (draftando ao invés disso um RB que eles não precisam). Isso seria aceitável se tivessem usado suas escolhas intermediárias e tardias em bons valores, mas nem isso foi o caso: uma foi usada em um RB desnecessário, e as outras duas em dois DBs que pouca gente via como um bom valor aonde foram pegos. Considerando as gritantes necessidades por WR e OT nesse Draft, é difícil gostar da forma como o Panthers usou o final das suas escolhas, mesmo com uma necessidade por DBs. Péssimo uso das escolhas, péssimos resultados, um Draft para esquecer.


Tampa Bay Buccaneers

Depois de ter investido muito pesado (e com bom sucesso) na sua defesa na offseason, faria todo o sentido se o Bucs se voltasse para o ataque no Draft, ataque esse que parece ser o fator limitante do potencial da franquia para 2014. Então não foi nenhuma surpresa quando o Bucs usou todas as suas seis escolhas de Draft em jogadores de ataque. E o melhor: usou-as muito bem.

Mike Evans caiu para o Bucs na escolha #7, um "melhor cenário possível" para Tampa que ficou feliz em adicionar um segundo WR grandalhão para fazer par com Vincent Jackson. Eles também aproveitaram para pegar Austin Seferian-Jenkins na segunda rodada, outro jogador que deve ser titular e reforçar o corpo de recebedores da equipe. Charles Smith (RB) e Kadeem Edwards (guard) também fazem bastante sentido para um time que precisa de profundidade nas posições. Um Draft com poucas escolhas espetacularmente complexas ou criticáveis, simplesmente um excelente uso pontual de suas escolhas para resolver suas necessidades mais urgentes associada a uma pequena sorte de ver os jogadores certos caírem até eles duas vezes.


San Francisco 49ers

Quer saber porque Trent Balkee é um mago dos Drafts? Veja o que ele fez esse ano: San Francisco entrou no Draft precisando de um terceiro WR, e munido de muitas escolhas de Draft, o que fez muita gente pensar que o Niners era um grande candidato a trocar para subir em busca de um jogador que queriam. Mas quando a oportunidade certa não apareceu e Odell Beckham Jr saiu do Draft mais cedo do que o antecipado, o Niners desistiu de trocar, usou sua escolha de primeira rodada em Jimmy Ward (uma escolha muito boa em um safety capaz de jogar de nickel - uma necessidade da equipe - e que provê profundidade para um time com dois safeties com histórico de lesões) e, depois da primeira rodada, trocou uma escolha de quarta rodada de 2015 para o Bills em troca de Stevie Johnson, o WR que eles tanto queriam. No segundo dia, o Niners tinha a escolha #56, mas assaltou trocou a escolha para o Broncos junto de uma escolha de sétima rodada em troca da escolha do Broncos na segunda rodada (#63), uma escolha de quinta rodada, e uma escolha de quarta rodada de 2015. Em seguida, o time pegou essa escolha #63 e a escolha de quinta rodada recebida... e trocou com o Dolphins pela #57 para pegar Carlos Hyde, o melhor RB do Draft. Então se você acompanhou, na prática o Niners desceu UMA posição na segunda rodada (#56 para #57) e cedeu uma escolha de sétima rodada para pagar a troca que fez por um Steve Johnson, um WR que teve três temporadas seguidas com 1000+ jardas e 7+ TDs e tem apenas 27 anos. Esse é o uso perfeito das escolhas de Draft .

Tendo garantido seu WR praticamente de graça e achando o jogador para a secundária que queria, e sem outros  grandes buracos no time, o Niners pode se dar ao luxo de fazer o que bem entendesse no Draft. E claro, o fez perfeitamente: uma troca para descer da escolha #61 para a terceira rodada em troca de uma escolha extra, ainda conseguindo pegar o melhor C do Draft e um jogador que queriam desde o começo (Marcus Martin); roubou Chris Borland, o segundo melhor MLB do Draft e um clone do Zach Thomas que encaixa perfeitamente na sua defesa (especialmente com NaVorro Bowman voltando de lesão), na terceira rodada; pode se dar ao luxo de gastar sua terceira escolha de terceira rodada em Brandon Thomas, um guard com potencial de Pro Bowl que caiu por conta de uma lesão no joelho... e francamente, usou todas as suas demais escolhas em jogadores que ao mesmo tempo apresentam um ótimo valor e um enorme potencial.

Eu teria preferido um pouco mais de agressividade para subir na primeira rodada e garantir um CB como Jason Verrett ou Marqueze Dennard, mas tirando isso, é difícil ter um Draft mais perfeito do que SF teve. Mesmo sem escolhas altas, eles conseguiram suprir suas duas necessidades maiores, pagar uma troca por um ótimo veterano com suas próprias escolhas, e ainda sair com o melhor RB, melhor C, melhor FB, possivelmente o melhor G e segundo melhor MLB do Draft, além de enormes escolhas de alto potencial. Dadas as escolhas que cada time possuía, nenhum time fez mais com elas do que o 49ers.


Arizona Cardinals

O Cardinals fez uma coisa que eu adoro e que sempre defendo que os times façam: se não tem uma escolha clara para você na sua escolha de primeira rodada, então troque para descer e acumular outros ativos, ao invés de pegar um jogador que não justifique o valor. Foi o que o Cardinals fez, descendo da escolha #20 para a #27, ganhando uma escolha extra de terceira rodada no processo. Eles usaram a escolha #27 para pegar Deone Bucannon. Bucannon foi um reach no #27, era considerado o quarto melhor safety do Draft e uma escolha de segunda rodada, mas considerando que você já tirou um enorme retorno da sua escolha com a troca para descer, não tem problema fazer um reach como esses, especialmente em um jogador como Bucannon, um jogador físico que complementa muito bem Tyrann Mathieu no esquema tático do Cardinals.

Eles complementaram essa boa decisão achando jogadores que encaixam bem na equipe e significam ajuda imediata, como Troy Niklas (um TE bem completo) e Josh Brown (que pelo menos deve ajudar nos retornos, e é um bom WR de velocidade). Também gostei muito da escolha do DE Kareem Martin na terceira rodada, não é o jogador que eles mais precisavam, mas encaixa bem no esquema tático e é um bom valor.

A única questão aqui é que o time não solucionou a questão do QB, uma necessidade menos urgente para o curto prazo, mas ainda assim uma necessidade. O Cards escolheu Logan Thomas na quarta rodada, mas é extremamente improvável que um QB que completou apenas 55% dos seus passes na NCAA (com 39 interceptações em três anos) tenha algum futuro na NFL. Mas um problema menor no que foi, em geral, um Draft muito bom e muito inteligente, que foi esperto na hora de manipular o valor das escolhas, e saiu com bons jogadores que preenchem necessidades e encaixam bem no esquema da equipe.


Saint Louis Rams

O Rams teve muita sorte antes mesmo do Draft começar, quando a temporada abismal do Redskins deu a Saint Louis a escolha #2 de bandeja. Com sua própria escolha bem colocada (#13), o Rams parecia pronto para ter um excelente Draft.

Mas todo mundo sabe que ter um bom Draft antes dele começar não necessariamente significa que ele vai ser bom quando terminar - você ainda precisa acertar suas escolhas, tomar boas decisões, e fazer o máximo com o que tem nas mãos. E o Rams fez tudo isso muito bem, ele aproveitou a condição prévia (a escolha alta extra), incorporou isso ao seu plano, e saiu do Draft como um grande vencedor. A escolha do Redskins acabou virando Greg Robinson, um imenso e fortíssimo OT que ainda é cru demais para jogar de LT... mas tudo bem, porque Jake Long ainda está em Saint Louis, o que permite que Robinson se desenvolva sem pressa enquanto ocupa outra posição (guard ou RT) que ele pode dominar mais facilmente com suas habilidades naturais.

Mas a melhor escolha mesmo foi a de #13, Aaron Donald. O Rams tem uma sólida linha defensiva, e melhorá-la não era prioridade... mas quando Donald caiu no colo deles, ele foi demais em termos de valor e talento para deixar passar. Ele é uma força destrutiva no meio da linha que é perfeito para Saint Louis, e se a linha era boa antes, agora ela é uma força da natureza que tem tudo para ser a melhor da NFL. Mesmo que DT não fosse uma necessidade, a equipe identificou o melhor valor e o jogador disponível que mais teria condições de ajudar no curto e longo prazo, e portanto foi uma escolha perfeita.

No restante do Draft, Saint Louis manteve o bom nível, achando reforços importantes para a secundária (o versátil Lamarcus Joyner e o sólido Maurice Alexander) e sem cometer nenhum erro digno de nota. A quantidade de talento é impressionante, adereçando áreas importantes e reforçando outras de forma dominante. Foi um excelente Draft por esse ponto de vista. Minha única crítica é não ter buscado um WR em um Draft tão profundo quando seu grupo de recebedores é péssimo, mas é uma crítica menor.


Seattle Seahawks

Seattle foi campeão do Super Bowl ano passado, e um dos motivos para isso foi o enorme sucesso que o time teve achando talentos em rodadas tardias e desenvolvendo jogadores menos cotados. Então faz sentido a postura da equipe de descer no Draft enquanto acumulava escolhas tardias, e leve com um grão de sal tudo que eu disse que não pareceu uma boa decisão pelo resto da coluna. Se existe um time com o benefício da dúvida na NFL hoje, é o Seahawks.

Mas que as decisões foram confusas e meio absurdas, elas foram. As trocas para descer, ainda que boas, não trouxeram enormes retornos em valor, e quando o time usou a escolha de fato, parecia sempre pegar um jogador que era uma escolha horrível: Paul Richardson seria um tremendo reach na segunda rodada para qualquer time, com muitos jogadores ainda melhores disponíveis, e Justin Britt não devia sair até a quarta rodada para muitos. É verdade que WR e OT eram duas posições que eram necessidades, mas dava para ter feito muito melhor em termos e valor.

O Draft inteiro foi mais ou menos assim, com trocas para descer e jogadores sendo escolhidos muito antes do que seu valor de mercado indicaria. Normalmente isso seria um Draft muito questionável, mas provavelmente é mais um time que tem se destacado pelo seu reconhecimento de talentos e fantástico desenvolvimento confiando no seu taco. Eles merecem o benefício da dúvida, mas hoje, antes da temporada começar, foi um Draft muito fraco.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Um rápido lembrete do quão bom é o Spurs

(Esse é um texto bem curto, diferente do que costumo fazer, que eu escrevi hoje cedo no facebook sobre o ataque de San Antonio. Acabei postando aqui a pedido de alguns leitores, que achavam mais fácil visualizar em formato de blog. Se quer uma leitura diferente sobre San Antonio e o que faz deles tão bons, eu recomendo imensamente que leiam uma coluna de 2013 sobre o assunto. Uma das minhas cinco melhores colunas, sem dúvida)

Quando eu assisto o Spurs jogando basquete hoje em dia, eu não consigo deixar de achar uma das coisas mais bonitas desse mundo. O ataque de San Antonio é uma máquina de perfeição ofensiva, o ápice do basquete coletivo e bem jogado. Vejam por exemplo essa jogada (Gif via Grantland):





Maravilhoso, não é? Um dos passes mais bonitos desses playoffs (e dessa temporada).

Quando você conseguir parar de salivar com o passe do Manu, e eu entendo que pode demorar um pouco, assista de novo o Gif. Mas agora ao invés de se focar no passe (fruto do talento maravilhoso do Ginobili), preste atenção em outras coisas:

1) Quando o Thunder faz a blitz no Manu no pick and roll, Diaw ameaça um corte para a cesta aproveitando do espaço aberto. Isso imediatamente atrai a atenção de Steven Adams, marcando Duncan, que corre para bloquear o caminho de Diaw até a cesta.

2) Percebendo que Adams vai abandonar sua posição para ir em direção ao garrafão, e que isso deixa a zona morta completamente aberta (além de abrir uma possível linha de passe), Danny Green imediatamente faz um corte rápido em direção a ela. Quando Manu acha o espaço virando a esquina com Butler, Green já está em posição de receber um passe.

3) Quando Green corta em direção a zona morta, Duncan imediatamente percebe a jogada e, aproveitando que seu marcador (Adams) correu para o garrafão, corre para fazer uma screen no marcador de Green (Durant). Quando Durant pensa em acompanhar Green e evitar que ele receba a bola (e ele tem a velocidade para isso), ele tenta girar mas Duncan já está em posição para impedir que KD faça isso. E ele não consegue acompanhar o SG de San Antonio, que sai sem marcação para seu lugar favorito.

O resultado dessas três coisas é que Green está livre na zona morta, com seu defensor longe e preso em uma screen de um ser humano bem grande, pronto para receber um passe e anotar mais três pontos para San Antonio completamente livre. O resultado da execução toda dessa jogada, em tempo real:





E é por isso, mais do que tudo, que o Spurs é tão bom. Sim, você precisa de talento para executar uma jogada dessas, desde o passe de Manu ao arremesso de Green. É verdade.

Mas mais do que isso, essa jogada mostra a essência de San Antonio: cada jogador executou a perfeição seu papel na jogada, cada jogador estava na mesma sintonia e fez sua parte para tornar a vida dos companheiros mais fáceis e permitir a execução final da jogada. A screen de Duncan não aparece nas estatísticas, nem a movimentação de Diaw, mas ambas foram cruciais para a jogada acontecer. Não é sobre os números, é sobre cada jogador fazer sua pequena parte, na hora certa e do jeito certo, para que o ataque funcione. Sacrificando seu destaque pelo bem coletivo e sempre fazendo a jogada inteligente. Literalmente, o ataque do Spurs é uma máquina extremamente bem ajustada, cada peça conhecendo e executando seu papel a perfeição para que o todo funcione da melhor forma possível.

Eu já escrevi um dos meus melhores textos sobre a questão conceitual do que faz Duncan, Pop e o Spurs tão bons por tanto tempo: o texto é do ano passado, mas cada palavra ainda é extremamente verdadeira. (Recomendo muito a leitura) Essa jogada é um exemplo prático, dentro de quadra, que mostra tudo isso em ação, a coletividade e precisão do jogo de San Antonio, cada jogador executando seu papel. É por isso que, depois de  16 anos de Tim Duncan, o Spurs continua ganhando 50+ jogos todo ano e causando estrago nos playoffs.

Torcendo ou não para San Antonio, não tem como não admirar isso. É basquete sendo jogado do jeito certo, e o basquete que todo time deveria tentar imitar.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Considerações sobre o Draft da NFL - AFC

Homenagem a uma das melhores escolhas de todos os tempos


Agora que acabou o Draft, entra a fase mais triste da NFL na temporada, aquele período totalmente morto entre o Draft e a pré-temporada. Mesmo quando o Super Bowl acaba, ainda tem alguma especulação de como times deverão se remontar para a temporada seguinte, troca de técnicos e dirigentes, e depois temos a free agency se aproximando, algumas trocas e contratações para especularmos e analisarmos. Depois entra na sequência do Draft, com combine, Mock Drafts, e muita especulação sem sentido até finalmente acontecer a tão esperada noite. Mas agora que o Draft passou, os times já estão montados, os melhores free agents fora do mercado, os cargos vagos de técnicos ou dirigente preenchidos, só o que nos resta são três meses de treinos, jogadores que você não conhece sendo cortados ou contratados, e esperar sentados enquanto nada acontece. Uma época muito deprimente. 

Por isso me parece uma boa hora para olhar para falar sobre o Draft. Claro, nós já falamos bastante sobre o assunto: tivemos o meu tradicional Running Diary, contando os eventos e minhas reações a primeira rodada do Draft; e tivemos uma coluna explicando sobre qual a melhor forma de se avaliar e pensar um Draft, bem como os melhores times da NFL usam isso para se manter no topo.

Então para encerrar a nossa cobertura e virar a página de vez para a temporada 2014 da NFL, vamos passar pelos 32 times da NFL com comentários rápidos sobre o que foi bom e o que não foi do seu Draft. Hoje falamos da AFC, e falaremos da NFC em uma ocasião futura.


New England Patriots

O Patriots é um dos times que melhor tem usado o Draft ao longo do ano, não só para achar bons jogadores como para maximizar valor e conseguir escolhas extras. Eles já provaram muitas vezes que dominam essa coisa de Draft, e portanto quando me ouvirem criticando alguma coisa que eles fizeram nesse sentido, leve com um grão de sal - eles definitivamente tem o benefício da dúvida.

Dito isso, eu não gostei tanto do que o Pats fez nesse Draft. Claro, é muito fácil entender o que eles fizeram e porque: Dominique Easley é um grande talento que caiu por conta de duas lesões nos joelhos, mas que se estivesse saudável poderia ser uma escolha Top15; Jimmy Garoppolo é um dos melhores QBs dessa classe que já pode ser preparado para ser o futuro substituto de Tom Brady (e foi um ótimo valor no final da segunda rodada), e eles conseguiram um excelente retorno de Jacksonville por sua escolha de terceira rodada. O time pegou bons jogadores pensando no futuro, sempre de olho no valor que podem tirar das escolhas. É compreensível.

Mas olhando agora por outro ângulo: o Patriots tem um dos 10 melhores QBs da história da NFL em final de carreira, ainda muito bom mas inegavelmente decaindo a cada temporada por conta (provavelmente) da idade. Ninguém sabe quanto ele ainda tem no tanque, e o Patriots tem que aproveitar enquanto ainda tem esse talento fora de série para levar ataques medianos nas costas (ou pegar um bom ataque e jogar um nível acima). Não seria melhor um pouco mais de urgência para aproveitar esses anos finais? Não da para criticar New England por pensar no futuro e preparar a próxima geração da franquia, mas nas três primeiras rodadas o time pegou exatamente ZERO jogadores que contribuirão em 2014, e vale lembrar que em 2013 o grande problema do time foi exatamente a falta de profundada para cobrir lesões.

No fundo o Pats fez um trade-off, apostar no futuro ao custo de não se reforçar no presente. Talvez daqui a 5 anos esse Draft pareça um grande sucesso, especialmente se Garoppolo aproveitar a falta de pressão para se desenvolver bem. Mas por outro lado, não aumenta as chances de sucesso da equipe com um QB que não vão achar um igual tão cedo.


Miami Dolphins

Por outro lado, o Miami Dolphins é um dos piores times da NFL em termos de Draft nos anos recentes. Não porque eles não escolhem bons jogadores (embora também não tenham tido sucesso nisso também), mas porque eles ignoram flagrantemente a questão do valor e do bom senso, se prejudicando no processo. Um excelente exemplo foi ano passado, quando Miami pagou um valor absurdamente exagerado para subir até a escolha #3 e escolher Dion Jordan - um jogador que não valia essa escolha, não era ideal para o esquema de Miami e não era de uma posição que o time estivesse precisando. Eles receberam muitas críticas pela troca, Jordan foi um fiasco no seu primeiro ano na NFL, boatos surgiram de que o Dolphins já queria trocar o jogador, e essa troca só solidificou seu status como uma das piores dos últimos anos.

Esse ano, o Dolphins também fez uma troca desfavorável com Oakland (uma escolha de terceira e uma de quarta rodada para subir 17 posições na terceira rodada, uma troca na qual o Dolphins deu 40% de valor a mais do que recebeu), mas não foi sua pior leitura da noite. Essa fica por conta da escolha de JaWuan James com a escolha #19. Precisando urgentemente de ajuda na linha ofensiva, Miami viu os quatro tackles de primeira rodada saírem antes de sua escolha, então ao invés de trocar para descer ou usar a escolha em outra necessidade (e um jogador mais valioso a essa escolha), Miami ignorou completamente o valor para buscar James, simplesmente porque era a posição que eles precisavam e eles colocaram isso acima de todas as outras coisas. O resultado foi que Miami, um time com diversos buracos ou necessidades, gastou uma escolha de primeira rodada em um jogador que era cotado como escolha de final de segunda rodada. Mais um fiasco na primeira rodada para Miami mesmo que James acabe sendo um sólido jogador na NFL.

Eu até gostei das demais escolhas de Miami, em especial Jarvis Landry no final da segunda rodada, um bom encaixe. Mas entre a troca com Oakland e a escolha de James na primeira rodada, é muito valor e oportunidades jogada fora para um time que ainda está bem abaixo dos melhores times da NFL.


New York Jets

O Jets entrou com uma grande necessidade nesse Draft, um WR para seu ataque recém-reformulado. Mas quando Odell Beckham Jr não caiu até sua escolha (#18), o time inteligentemente foi atrás do melhor valor disponível, aproveitando que Calvin Pryor caiu para sair com o safety perfeito para o esquema defensivo de Rex Ryan, um ótimo valor que também serve a uma necessidade imediata.

O time também, naturalmente, adereçou a necessidade de alvos para o ataque. Pegou Jace Amaro, tight end, na segunda rodada, e aproveitou que tinha uma escolha extra de quarta rodada (vinda do Bucs na troca do Darrelle Revis) para escolher dois WRs no meio do Draft. Uma abordagem inteligente, uma vez que opções melhores não se apresentaram antes - é sempre importante ter em mente as necessidades do time, mas nunca a ponto de esquecer a importância de maximizar o valor de cada escolha. No geral, um sólido Draft para um time que é bem mais completo do que parecia.


Buffalo Bills

A avaliação do Draft do Bills depende de um fator principal, que é como você avalia a troca que eles fizeram com o Browns pela escolha #4. O Bills entrou no Draft com um objetivo claro, que era achar um alvo bom para seu QB segundanista, EJ Manuel. Eles resolveram a questão subindo e pegando o melhor WR do ano, Sammy Watkins, que tem "estrela" escrito na testa, então eles certamente foram ousados resolvendo o problema. A questão é que eles pagaram muito caro por isso: duas escolhas de primeira rodada, uma desse ano (#9) e uma de 2015, certamente um resgate exagerado para subir cinco escolhas. Então eles conseguiram o que queria, mas pagaram caro por isso.

Eu acho que foi um absurdo o preço, especialmente porque Buffalo ainda se projeta como um time abaixo da média, e quanto pior a equipe for, mais alta vai ser a escolha de 2015. Bills pode muito bem ter trocado uma escolha Top10 de 2015 junto com a #9 desse ano, e por melhor que Watkins seja, nenhum WR vale esse tipo de preço. Então eu achei que foi um valor alto demais para um time que, a não ser que EJ Manuel explora, ainda está distante de brigar pelo título. Gostei da escolha, não da troca.

Fora isso, Buffalo teve um Draft sólido, achando um bom valor no meio da segunda rodada em Cyrus Kouandijo depois de ganhar uma escolha extra do Rams (sexta rodada) para descer apenas quatro posições, e em geral indo atrás de jogadores que combinam bem com o seu sistema. A pergunta mesmo é se não valeria mais a pena escolher alguém como Marqise Lee em uma troca mais modesta no começo da segunda rodada e um valor melhor (Eric Ebron?) na primeira rodada, mantendo a escolha de primeira rodada de 2015, do que apostar alto que Watkins é suficiente para fazer de você um bom time.


Cincinnati Bengals

Um time muito completo e sem grandes fraquezas definidas, o Bengals aproveitou sua posição para ter uma noite sólida, ainda que sem chamar a atenção. Eu sugeri antes do Draft que Cincy poderia (deveria?) focar em escolher os melhora jogadores disponíveis e em maximizar o valor de cada escolha.

E claro, foi o que eles fizeram. Escolheram Darqueze Dennard na primeira rodada, um jogador considerado um grande talento e que, ainda que não fosse uma necessidade imediata, adiciona estabilidade e profundidade a uma secundária já sólida em uma conferência marcada por ataques aéreos explosivos. Jeremy Hill também foi uma adição interessante na segunda rodada, um parceiro para o explosivo Giovani Bernard que pode assumir um papel mais integral no lugar do fraco Benjarvus Green-Ellis. O time fez tudo tão certinho que até conseguiu achar AJ McCarron na quinta rodada, um sólido reserva e um plano B caso Andy Dalton se machuque ou continue sem engrenar. Um time como Cincinatti pode se dar ao luxo de ter calma e pegar o que lhe é oferecido na hora do Draft, e eles fizeram bom uso disso.


Pittsburgh Steelers

Eu gostei muito do que o Steelers fez na noite do Draft. A equipe subiu ao topo da NFL ao longo da última década principalmente nas costas de uma defesa feroz que dominava a linha de scrimmage e atacava o QB, e parecem determinados a retomar esse caminho. Ryan Shazier é um OLB extremamente ágil que subiu muito chegando perto do Draft e adiciona uma muito necessária dose de explosão a um pass rush anêmico (liberando assim alguma pressão do segundanista Jarvis Jones), um ótimo encaixe. O Steelers não parou por ai, também adicionando Stephen Tuitt a linha defensiva, um possível talento de primeira rodada que foi um ótimo achado na segunda. Os dois - em particular Shazier - são jogadores para contribuir imediatamente e ajudarão a formar a nova espinha dorsal defensiva do time. Ótimas escolhas, ótimos encaixes.

Pittsburgh também aproveitou para reforçar o ataque, adicionando a um bom ataque aéreo mais um alvo, e um jogador muito explosivo pelo chão e nos passes curtos em Dri Archer, que correu as 40 jardas em 4.26 segundos. São armas menores para um ataque que já foi muito bom em 2013, mas boas adições pontuais que chegam para somar no curto prazo.

O único problema com esse Draft foi que Pittsburgh não adereçou um grande problema seu, que era a secundária - o time não pegou um defensive back até a quinta rodada, quando pegou um CB. Mas é um problema menor: Pittsburgh tinha diversos buracos, e tem um número limitado de buracos que se pode adereçar a cada Draft. E o Steelers certamente fez um ótimo trabalho com o que tinha em mãos, adicionando ótimos jogadores que encaixam na equipe. Muito bom Draft.


Baltimore Ravens

Eu sou um enorme fã do que o Ravens faz na noite do Draft: poucos times conseguem ser tão inteligentes em termos de valor, balancear necessidade com talento e se adaptar ao andar da carruagem. E Ozzie "Awesome" Newsome não decepcionou em 2014, com um dos Drafts mais interessantes da NFL. Apesar de defesa não ser a maior necessidade da equipe, Newsome não teve hesitação em escolher CJ Mosley com sua primeira rodada, um excelente jogador e bem adequado ao seu esquema tático, simplesmente porque era um grande valor por ter caído na escolha #18. O Ravens também repetiu a dose na segunda rodada, escolhendo Timmy Jernigan, um talento de primeira rodada que caiu por um teste antidoping falhado. Não eram jogadores que cobrem necessidades imediatas do time, mas aumentam o nível de talento da equipe e eram excelentes valores na posição onde foram selecionados. Uma abordagem que o Ravens adora, e sem dúvida tem executado com muito sucesso em anos recentes. Eles complementaram essas escolhas pegando o safety que precisavam na terceira rodada, e usando as rodadas finais para apostar em alguns jogadores com alto teto, dando a esse Draft um grande potencial.

Mas existe uma crítica legítima a ser feita. Embora ninguém goste da abordagem de Draft por valor do Ravens do que eu, e ter adorado as duas primeiras escolhas, chama a atenção a falta de ajuda que o ataque recebeu. O ataque de 2013 foi um fiasco do primeiro ao último homem e ainda precisa muito de talento, mas o Ravens gastou apenas algumas escolhas tardias para adicionar talentos a esse lado da bola, com apenas um (TE Crockett Gillmore) projetado para ter algum impacto em 2014. É possível que o time não tenha achado os talentos ofensivos disponíveis dignos ou que outras opções melhores estivessem dando sopa, mas não deixa de ser um fato que o Ravens falhou em reforçar seu ataque no Draft.


Cleveland Browns

O Browns foi o grande vencedor da primeira rodada do Draft, como eu escrevi no running diary. Eles poderiam muito bem ter usado sua primeira escolha de Draft no QB que tanto precisavam e queriam, e depois usado a segunda no melhor jogador disponível, provavelmente um CB, e ninguém iria reclamar. Ao invés disso usaram magistralmente suas escolhas e saíram não só com o QB que queriam, como também o cornerback mais bem cotado do Draft E ainda uma escolha de primeira rodada de 2015 de um time fraco. Foi um uso perfeito de suas escolhas.

No segundo dia ficou estranho quando foi revelado que Nate Burleson havia quebrado o braço e Josh Gordon, talvez o melhor WR de 2013, poderia perder a temporada inteira suspenso... e o que é pior, que o Browns já sabia disso! WR já era uma necessidade, mas com essa notícia, passava a ser uma causa urgente em Cleveland, especialmente pelo futuro do Gordon na NFL sendo colocado em dúvida... mas mesmo assim, o Draft passou e o Browns não pegou um recebedor sequer, ignorando completamente a questão (a mais inexplicável provavelmente foi passar Marqise Lee no #35 para pegar um Guard). Normalmente não sou quem mais critica um time por falhar em adereçar uma necessidade específica, mas o Browns teve tantas oportunidades boas e era uma necessidade tão grande (especialmente com um QB calouro precisando do máximo possível de armas para não atrasar seu desenvolvimento) que não tem desculpa para o time não ter resolvido esse problema. Foi uma mancha.

Mas a excelente primeira rodada do time já faz desse um bom Draft, e eles arrumaram jogadores talentosos e importantes nas rodadas posteriores, que suprem necessidades menores e possuem bom potencial. A falta de WR foi um problema, mas fora isso o Browns teve um ótimo Draft.


Indianapolis Colts

Eu simplesmente não consigo superar o fato de que o Colts trocou sua escolha de primeira rodada desse Draft (acabou virando Johnny Manziel nas mãos do Browns) por Trent Richardson. Isso é suficiente para gerar depressão em metade de Indiana na noite do Draft (o remédio por lá contra isso, chamado "Andrew Luck", é bem eficiente). Não ter uma escolha de primeira rodada é sempre ruim, mas não ter porque trocou por um dos piores jogadores da NFL em 2013... ouch!

As escolhas subseqüentes também não fizeram ninguém esquecer desse fato. Jack Mewhort foi uma escolha estranha no meio da segunda rodada com jogadores melhores (em especial Marcus Martin, um jogador melhor que ja é um inside lineman de origem) disponíveis e acima do seu valor projetado; Donte Moncrief é um jogador muito cru e de alto risco (que não combina com um time com tão poucas escolhas); e de modo geral o time fez muito pouco para resolver seus problemas, não tendo nenhuma escolha que chame a atenção de modo positivo, algumas confusas, e uma troca envolvendo sua primeira escolha que está entre as piores da história recente da NFL. Um Draft para se esquecer.


Houston Texans

Ter a primeira escolha do Draft pode ser uma maldição ou uma bênção, mas o Texans certamente aproveitou bem a chance. Jadeveon Clowney não é um encaixe natural na sua equipe, mas era de longe o melhor jogador disponível, e com talentos assim primeiro você seleciona e depois pensa no que faz com eles. Mas o Texans fez boas escolhas depois disso, saindo com reforços para sua linha de frente com o melhor guard do Draft e um bom TE bloqueador em Fiedorowicz, que deve imediatamente ocupar um lugar no time. E talvez mais importante, roubaram Louis Nix com a escolha #83 - a escolha que todo mundo achou que faria com a #33 e um excelente valor a essa altura. Algumas escolhas apresentam algum risco, mas foram bons valores e tornam o time melhor desde o primeiro dia.

A questão a ser debatida é se o Texans fez algo para solucionar seu grande problema de QB. Algumas pessoas dirão que não acharam um bom valor nesse sentido no topo da segunda rodada (com Derek Carr e Garoppolo) e que fizeram bem em não pular em um jogador que não gostavam, indo bem em outra direção (até certo ponto verdade) e que Tom Savage é um valor interessante na quarta rodada. Outros dirão que Savage não é a solução no curto prazo (um fato) e que, tendo já 24 anos e sendo dois meses mais velho que RG3 e dois meses mais novo apenas que Blaine Gabbert, dificilmente também tem muita margem para ser um titular no longo prazo. Esse é um ponto que varia e que afeta a maneira como alguém pode ver esse Draft, talvez sendo o diferencial final. Mas em todo o caso, não tem como questionar as ótimas peças que o Texans adicionou ao longo das sete rodadas.


Tennessee Titans

Talvez o Draft mais estranho do ano. O Titans tinha a escolha #11 do Draft e poderia ir em praticamente qualquer direção que quisesse, e foi talvez na que menos precisava, linha ofensiva. Taylor Lewan era considerado um jogador talentoso de grande potencial, e o Titans vinha querendo mesmo reforçar sua linha ofensiva. Mas ele é um jogador de alto risco (performances inconsistentes, problemas extra-campo), e o Titans não precisa de jogadores de linha ofensiva no momento. Eles já tem dois OGs de alto investimento, Michael Roos é um dos melhores LTs da NFL, e acabaram de dar um contrato para Michael Oher jogar do lado direito da linha. Taylor pode reforçar a linha e a profundidade, mas não me parece uma escolha que ajude no curto prazo e que provavelmente vai atrapalhar os investimentos recentes da equipe. Talvez o Titans pretenda deixar Roos sair ao final da temporada e que Lewan vire o LT em tempo integral, mas ainda assim me parece algo distante e irreal, e que não vale uma escolha alta em um Draft tão bom, especialmente considerando o risco que ele apresenta e a ótima quantidade de talentos ainda disponíveis.

As decisões confusas continuam na segunda rodada, quando o Titans inteligentemente desceu antes de ser o primeiro time a escolher um RB, e causou algum furor ao passar o consensual melhor RB do Draft (Carlos Hyde) para pegar Bishop Sankey, um jogador menos cotado ao redor da liga. Eu pessoalmente não vejo problema em pegar um jogador um pouco acima do que devia depois de fazer uma troca inteligente para descer e acumular valor, mas muita gente achou que poderia ter pego Sankey mais a frente se quisesse.

O resto do Draft não se destacou, tirando pela escolha de Zach Mettenberger na sexta rodada. Uma escolha que eu particularmente adorei. Zach é considerado um jogador de risco por problemas extra-campo e uma lesão recente no joelho, mas na sexta rodada o risco e o custo é muito menor, e o potencial é enorme. Jake Locker não teve sua opção para 2015 exercida, então o time precisa olhar possíveis substitutos na posição e Mettenberger tem as ferramentas para desenvolver em um bom QB (um dos meus favoritos antes de estourar o joelho), uma escolha de baixo risco e alta recompensa. Ao contrário da escolha de Lewan, que me parece alto risco, media recompensa.


Jacksonville Jaguars

Muitas pessoas (eu inclusive) gostam das escolhas que o Jaguars fez mais para o final do Draft, jogadores de alto potencial que um time em reconstrução adoraria ter, e que eles acertaram em cheio sua segunda escolha (Marqise Lee). Mas algumas, e nessas eu não me incluo, acham que isso significa que o Jaguars teve um bom Draft. E eu não posso elogiar um Draft quando um time fez besteira em duas de suas três primeiras escolhas.

A primeira e mais discutida foi escolher Blake Bortles com a terceira escolha, um erro enorme que não tem a ver com o fato de eu não achar Bortles um bom QB para a NFL. Um dos maiores e mais comuns erros do Draft da NFL é pegar um QB bem antes do que ele deveria ser pego em termos de valor, porque ele é quem mais vai afetar negativamente sua franquia se der errado (e portanto você tem ainda que lidar com a perda de valor) e esse é o caso dessa escolha. Essa escolha só pareceu pior quando a) nenhum outro time escolheu um QB até 19 escolhas depois e b) o time com a escolha exatamente seguinte a do Jaguars desceu 5 posições apenas e ganhou uma escolha de primeira rodada extra no processo. O Jaguars provavelmente conseguiria ter feito a mesma troca (porque o Bills estava desesperado por Watkins e tudo mais) e ainda pego Bortles na escolha #9, e se alguém pegasse antes, era só ter paciência com um Draft profundo e usar sua escolha de segunda rodada para pegar algum do trio Bridgewater-Carr-Garoppolo. Foi uma péssima escolha que ficou ainda pior pelas circunstâncias do Draft depois dela.

Eles também fizeram uma troca estúpida para entrar no final da segunda rodada e selecionar Allen Robinson. Eu entendo a lógica de cercar seu QB recém-draftado com armas para desenvolver, e concordo com ela, mas essa troca em particular não foi boa. Robinson chega para ser algo entre o terceiro WR (Shorts e Lee na frente) ou quinto WR (caso Blackmon não seja suspenso a temporada toda e Ace Sanders fique na sua frente), e custou a eles uma escolha de começo de terceira e de quinta rodada - mais de 20% a mais do que o valor da escolha que adquiriram, per Football Perspective. Não tem problema overpay de vez em quando por um jogador que você realmente precisa, mas não quando o seu time é o que MENOS tem talentos na NFL (e portanto precisa de cada ativo e cada escolha que puder ter) e muito menos ainda para pegar um jogador que deve ser apenas o terceiro ou quarto WR do seu time. E para toda a conversa sobre "dar a Bortles a melhor chance de sucesso", eles fizeram muito pouco para melhorar a horrorosa linha ofensiva da equipe, um problema sério que poderia ser muito ajudado se essa escolha de Robinson fosse usada em um OT. Então o Jags acertou em cheio na escolha de Lee e complementou o Draft com boas apostas no final, mas errou demais em duas escolhas cruciais para um time tão necessitado.


Denver Broncos

O Broncos é um time que entra na categoria do Bengals, um time muito completo e que briga por títulos sem uma enorme necessidade imediata para adereçar e que pode se dar ao luxo de ter paciência na hora H e draftar da maneira que quiser. E foi o que eles fizeram, tendo a sorte de ver o talentoso (embora cru e problemático) Bradley Roby caindo para eles no final da primeira rodada, e que ajuda a tapar talvez o maior problema do time na secundária. Ainda que seja cru e talvez não esteja pronto para contribuir em tempo integral, é um ótimo valor na escolha #31 e atende a uma necessidade. Eles também reforçaram o ataque, trazendo mais um alvo (!!!) em Cody Lattimer e um RT que eu gosto em Michael Schofield.

É o tipo de Draft sólido mas não chamativo que um time na posição do Broncos costuma fazer, sem escolhas altas para pegar os melhores jogadores mas usando bem suas oportunidades.


San Diego Chargers

O Chargers era um time com poucas escolhas e muitas necessidades, geralmente um problema, mas a equipe se saiu muito bem. Eu simplesmente adoro a escolha de primeira rodada do time, Jason Verrett - talvez tenha sido minha favorita de toda a primeira rodada. Verrett é talvez o CB mais talentoso dessa classe, caindo apenas por conta da sua altura, e além de ser um excelente valor no final da primeira rodada é um jogador feito sob medida para a defesa por zona de San Diego. Encaixe perfeito e cobre a necessidade mais urgente da equipe. Só essa escolha por mim já faria do Draft bom.

Mas eles aproveitaram a queda de Jeremiah Attaochu para pegar o pass rusher que precisavam no final da segunda rodada, e Chris Watt vai ajudar ainda mais a linha ofensiva que foi o começo da recuperação da equipe em 2013. Também gosto da aposta em Ryan Carrethers na quinta rodada, que não vem para ser titular mas adiciona uma necessária profundidade a linha defensiva. O Chargers tinha flexibilidade limitada entrando no Draft, mas usaram bem suas escolhas, saindo com bons talentos em posições de necessidade. Bom Draft.


Kansas City Chiefs

Um time como o Chiefs, que não tem uma escolha de segunda rodada (enviada na troca de Alex Smith ano passado), está em uma posição difícil para se reforçar no Draft. O mais comum é uma troca para descer e acumular ativos, ou então ir atrás de um bom valor que seja uma grande ajuda para a equipe. E o Chiefs não fez nenhum dos dois, indo atrás de Dee Ford, um pass rusher um tanto unidimensional. Foi uma escolha estranha. Entendo a necessidade do time de achar profundidade para a posição depois de Tamba Hali e Justin Houston perderem tempo em 2013 com lesões, mas não é um jogador que ajuda imediatamente salvo uma lesão, e sem uma escolha de segunda rodada era de se esperar um valor melhor ou uma necessidade maior na primeira rodada. Além disso, tinha uma certa abundância de pass rushers nesse limbo entre o final da primeira rodada e o meio da segunda, e é possível questionar que o Chiefs poderia ter trocado para descer, achado um pass rusher mais adequado mais atrás, e ainda reforçado as suas escolhas. Com Jason Verrett, Marqise Lee e Bradley Roby ainda disponíveis, bem como diversos tackles e guards que poderiam ser pegos com uma troca para descer, foi uma escolha esquisita que não ajuda muito o time em 2014.

Apesar disso, eu gostei das demais escolhas. Philip Gaines é um CB com potencial e que cobre uma necessidade, e eu particularmente achei muito bom Aaron Murray na quinta rodada. Murray é considerado por muitos, inclusive por mim, um sleeper nesse Draft com bastante potencial, e oferece alguma segurança caso tenha alguma verdade nos boatos de que Alex Smith pode não renovar com o time. É uma escolha que reforça a posição e pode eventualmente render bons frutos se ele desenvolver como pode - e Andy Reid tem alguma experiência nisso (ele fez Kevin Kolb parecer bom). É difícil draftar sem sua escolha de segunda rodada, e o Chiefs não conseguiu compensar isso com a sua escolha #1, apesar do bom final que teve.


Oakland Raiders

É um pouco estranho elogiar o Draft do Raiders, ainda mais pelo segundo ano seguido. Mas é preciso reconhecer que Oakland parece estar pegando o jeito desse negócio de Draft. Sem um claro Franchise QB na número 5, o Raiders inteligentemente deixou de lado a questão do QB para pegar o melhor jogador disponível, e ainda tiveram a chance de ver o jogador perfeito cair até eles em Khalil Mack, talvez o segundo melhor do Draft e alguém que vai contribuir como um ótimo jogador desde o primeiro dia. Foi uma ótima escolha sob qualquer ótima.

Eles continuaram com o bom trabalho pegando Derek Carr no começo da segunda rodada para ser seu QB do futuro. Muitos colocavam Carr como uma escolha de primeira rodada, e ele tem muito talento que pode ser lapidado para um dia virar o QB que o Raiders tanto busca. Mas ainda mais importante é que o Raiders pegou Carr tendo criado o ambiente certo para ele: com Matt Schaub, Carr não vai precisar entrar de cara em um ataque medíocre, vai poder passar um ou dois anos treinando e se desenvolvendo com calma enquanto o próprio Raiders se desenvolve, para então assumir o time.

O Raiders também conseguiu mais algumas sólidas escolhas, inclusive roubando o Miami na terceira rodada para conseguir uma (muito necessária) escolha extra de quarta rodada - Justin Ellis e Keith McGill são dois jogadores que tem potencial e podem contribuir imediatamente. Mas as duas escolhas principais que vão ditar o próximo passo do Raiders, e eles acertaram em cheio nelas.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Como avaliar um Draft na NFL

Trent Balkee dizendo: "Come at me bro!!". Só porque ele pode.

Esclarecimento: Essa é uma coluna que eu escrevi um ano atrás, depois do Draft de 2013. Estou repostando a dita cuja aqui simplesmente porque cada palavra dela ainda é extremamente relevante, e trata de um assunto que é sempre muito importante e muito esquecido no pós-Draft, quando todo mundo corre para dar notas e fazer avaliações apressadas.

A coluna original terminava com alguns exemplos dos times que eu achei que tinham se dado bem ou mal no Draft seguindo esses critérios. Eu tirei isso dessa coluna porque dessa vez pretendo escrever uma coluna inteira (na verdade duas, NFC e AFC) separada sobre o assunto, de preferência ainda essa semana.

Se vocês querem ler meu Running Diary do Draft 2014, com todas minhas reações e opiniões pessoais em tempo real, é só clicar aqui. Eu recomendo, está muito bom.

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É muito comum, depois de um Draft (especialmente o da NFL), aparecerem posts falando sobre quem ganhou e quem perdeu o Draft. A premissa é simples: Olhando o talento dos jogadores que foram Draftados, quem "ganhou" foi o time que mais pegou grandes jogadores que vão causar impacto e dominar a NFL, e quem "perdeu" foi o time que usou suas escolhas pra pegar jogadors piores que não vão render. O problema lógico com essa abordagem é simples: Ninguém sabe, dias depois do Draft, quais jogadores vão dar certo e quais não vão. Só podemos usar esse tipo de visão alguns anos depois do Draft em questão, depois de ver os jogadores em seus clubes e o tipo de impacto que tiveram. Por exemplo, se alguém fosse fazer uma história do tipo depois do Draft da NFL de 2000, o Patriots provavelmente não seria citado ou seria citado como um dos "perdedores": Não tendo uma 1st round pick (enviada para o Jets como "compensação" por lhes tirar o técnico, Bill Belichick, no meio do seu contrato), o Pats usou escolhas de segunda e terceira rodada em jogadores duvidosos e não pegaram nenhum daqueles jogadores que eram considerados possiveis "steals". Hoje? Eles foram os grandes vencedores daquele Draft por saírem com Tom Brady da sexta rodada do Draft! E ninguém tinha como saber isso.

Isso acontece por causa de um grande problema quando se trata de esportes: Muitas pessoas preferem julgar as coisas pelo resultado do que pelo processo. Ao invés de avaliar todo o processo, que diz muito mais sobre uma pessoa ou uma ideia, elas preferem decidir se esse processo foi bom ou não com base apenas em ter funcionado no final ou não.

Meu exemplo favorito, é claro, são os Oakland Athletics da era "Moneyball". Para quem perdeu o filme e o livro (heresia!), o Athletics era o time mais pobre da MLB no começo dos anos 2000 mas, usando estatísticas avançadas e contrariando o senso comum (algo ignorado pelos outros 29 times na época), sempre conseguiam ter um dos melhores records da Liga mesmo com a menor folha salarial. Só que como o A's nunca foi campeão, toda a mídia descartava o método de Billy Beane como sendo um fracassado que nunca levaria um time ao sucesso. E dai que esse método tinha feito do Athletics, todo santo ano, o melhor time da Liga por 162 jogos mesmo perdendo seus melhores jogadores todo ano e montando o elenco com jogadores que todos os outros times descartavam? O resultado final - a derrota nos playoffs, em series de cinco jogos onde a variância estatística é absurda - só provava que o método era falho. Alguns anos depois, Theo Epstein remontou o Red Sox com esses mesmos princípios do Athletics e levou o time ao título de 2004... E ai de repente todo o método rejeitado anteriormente passou a ser visto como um sucesso, todos os times adotaram o modelo, e o Red Sox passou a ser visto como o time que tinha feito isso funcionar, embora fosse exatamente o mesmo metodo que levava os A's aos playoffs todo ano.

O problema do Draft é exatamente esse: Todo mundo quer julgar o Draft com base nos resultados, mas ninguém tem como saber exatamente qual vai ser esse resultado, então todo mundo tenta projetá-lo  com base em palpites e suas avaliaçōes anteriores ao Draft, o que é um absurdo porque cada caso é um caso, e o impacto que um time tem sobre um calouro é diferente em cada situação. Não é apenas sobre talento e instrumental: Depende de como o jogador se encaixa em um certo estilo, como uma comissão técnica consegue desenvolver um jogador, como sua personalidade se adapta ao elenco, as oportunidades que ele terá para crescer... É uma infinidade de variáveis que torna isso tão dificil de prever. Então sim, daqui a cinco anos podemos sentar e discutir quem acabou se saindo melhor desse Draft e quem acabou quebrando a cara. Mas agora, dias depois do Draft, a unica coisa que podemos fazer é avaliar o processo pelo qual esses times acabaram com esses jogadores.

Então se você espera que eu diga quais times saíram com jogadores melhores aqui, lamento decepcionar. Se quer meus pensamentos sobre cada jogador e as decisōes dos times em draftá-los, então leia meu Running Diary da primeira rodada do Draft. Lá eu dei meus palpites, disse como cada jogador faz sentido naquela escolha e tudo mais, critiquei alguns por algumas escolhas que eu achei equivocadas, e pronto.

O objetivo desse post  é outro: Explicar quais são as formas de se avaliar o "processo" de um time no Draft, e como um time se coloca numa posição de sucesso. O resultado aqui é basicamente irrelevante, e vamos focar muito menos no "talento" dos jogadores, uma coisa extremamente subjetiva. Por exemplo, eu acho que o Cardinals errou ao Draftar Deone Bucannon na frente de Jimmy Ward, os dois jogam na mesma posição e eu acho Ward simplesmente melhor. Mas essa é apenas uma questão de avaliação, de tentar prever o resultado antes dele acontecer. Então podem ficar tranquilos, NYJ fans, vocês não vão ver o Jets entre os "perdedores" aqui.

Mas bem, vamos a isto: Quais são as formas de se avaliar o processo de um time no dia do Draft?


1. Como o time lidou com o valor de suas escolhas de Draft?

A primeira e mais importante faceta do Draft envolve uma palavra apenas: "Valor". Pense numa escolha de Draft como um ativo. Ela te dá direito a escolher um jogador entre um grupo de jogadores, e quanto antes você escolher, maior será a chance de escolher o cara que é avaliado como o melhor, ou mais valioso. Portanto, a forma como voce usa essas escolhas pra adquirir esse talento faz toda a diferença. O que eu estou falando nao é que você tem sempre que usar suas escolhas pra adquirir o jogador mais valioso disponível, essa é apenas uma abordagem possível e a abordagem depende do caso em questão (já chegaremos lá). O que eu estou falando é que, quando você está no Draft, você tem que maximizar o valor das suas escolhas quando está decidindo o que fazer com cada escolha, seja trocar ou escolher um jogador. 

Pense na seguinte situação. Voltemos ao Draft de 2000, quando Tom Brady entrou na NFL. Brady era avaliado pela Liga como uma escolha de sexta/sétima rodada ou até mesmo não-draftado, aquele QB que voce pega no final do draft pra competir pelo banco. Agora suponha que alguém entrou numa máquina do tempo hoje, voltou pra 2000 e disse ao Bill Belichick "Hey, sabe o garoto Brady? Daqui a 13 anos vão estar discutindo ele contra os maiores QBs de todos os tempos! Você TEM que pegar esse cara!!". Só Belichick sabe disso. Agora me diga: Belichick usa sua escolha de primeira rodada (suponha que ele tivesse uma) pra pegar Brady agora que ele sabe que ele vai ser tão espetacular?

Pense... Pense...

E... Tempo!

NÃO!!! NÃO!!!!!!!! CLARO QUE NÃO!! Porque ele faria isso? Brady está avaliado pela Liga como uma escolha de sexta rodada no máximo, porque ele iria gastar uma escolha de primeira rodada em um jogador que ele pode pegar com uma de quinta ou sexta? Ele tem que usar sua escolha de primeira rodada em um atleta avaliado como tal que ele não seria capaz de pegar mais tarde. Mesmo se ele tiver medo de outro time pegar Brady antes dele na sexta rodada, pode usar uma escolha de quinta ou quarta pra garantir o jogador sem sacrificar o valor das suas escolhas mais altas. E não precisamos nem ir em casos tão extremos: Suponha que um bom time (escolha 25th, digamos) quer pegar um certo jogador cotado como uma escolha de meio de segunda rodada, e não vê nenhum jogador que vale essa 25th pick. Ele pode simplesmente pegar o seu jogador, não é um gap tão absurdo, mas a melhor forma de maximizar o valor dessa escolha seria trocar pra descer no Draft, ainda pegando seu jogador numa posição mais adequada e pegando mais escolhas no processo. É uma forma de transformar a diferença de valor entre o jogador e a escolha (no caso, 25th), que você teria no primeiro caso, em outros ativos.

Claro que isso depende de outra questão: A avaliação de jogadores. O importante nesse caso não é o verdadeiro valor do jogador (algo impossível de medir), mas o valor que é atribuído ao jogador antes do Draft por analistas, especialistas e pelos times. Nem todo time vai avaliar os jogadores igual, mas hoje em dia na era da informação, os times em geral tem avaliaçōes bastante próximas, sem grandes desvios. Voltando pra questão do Cardinals, Bucannon e Ward tinham um valor semelhante pra escolha 27 do Cards, nenhum deveria cair muito mais. Era apenas uma questão de avaliação. A liga em geral avaliava Ward como melhor, o Cards avaliou Bucannon como melhor (ou mais adequado ao seu time)... Mas ambos avaliavam os dois jogadores como sendo um talento de valor semelhante no Draft. Por isso mesmo que haja algumas diferenças - que tende a aumentar nas rodadas posteriores - em geral a variação não é tão grande. 

E no final, essa é simplesmente a face mais importante do Draft. Cada pick carrega um certo valor, que decresce conforme a escolha vai sendo mais tardia. Conseguir usar bem o valor dessas picks, seja na hora de escolher um jogador ou de fazer uma troca por outras picks, o importante é sempre maximizar o valor das escolhas que você tem na mão. E como voces vão reparar, mesmo as categorias abaixo envolvem o valor que voce tira das suas escolhas também, só que de outras formas.


2. Como os jogadores escolhidos se encaixam no time?

No fundo, isso esta intimamente relacionado à questão do valor, mas mais específica. O item anterior envolve o valor absoluto dos jogadores mas ainda mais das escolhas, em maximizar o valor de cada escolha na hora de tomar decisōes. Essa envolve uma outra simples verdade: Assim como um objeto não tem o mesmo valor pra cada pessoa, o valor de cada jogador não é igual para todos os times. 

Isso acontece por uma variedade de motivos. O primeiro, e mais obvio, é que os times jogam de formas diferentes, com estilos diferentes e com playbooks diferentes. Portanto, cada time vai precisar de jogadores com características que se encaixem no que o time vai usar em campo. Por exemplo, se eu jogo com uma defesa 4-3 como base, eu posso até draftar um OLB cuja força é ir atrás do QB, mas esse tipo de jogador vai ter menos valor pra mim do que pra um time que jogue em uma defesa 3-4, por exemplo. Ou de forma mais sutil, se meu ataque é baseado mais fortemente no jogo terrestre do que no jogo aéreo (pense 49ers com Alex Smith), um OG ou um OT mais veloz e mais eficiente na corrida tem mais valor do que pra um time como Patriots onde o trabalho da OL é proteger o QB na maior parte do tempo. 

Uma outra forma de se pensar em valor relativo é a seguinte: Alguns times simplesmente sabem desenvolver jogadores melhores do que outros em dadas posiçōes. Pense na defesa do Steelers: Eles tem o mesmo DC faz anos, e jogam com o mesmo esquema faz um tempão. Eles sabem exatamente o que precisam nos seus jogadores de defesa e por isso tem mais facilidade que qualquer outro time da Liga desenvolvendo esses jogadores, em especial seus LBs. Portanto, pra um LB pego na terceira rodada do Draft, ele tem muito mais chance de se desenvolver em um bom jogador no Steelers, seus técnicos excelentes e seu esquema consolidado,  do que qualquer outro time que tente pegá-lo mais pra frente. Por esse motivo, o Steelers sabe que pode pegar um OLB mais pra frente e desenvolvê-lo, então não precisa usar suas escolhas mais altas - e mais valiosas - pegando jogadores dessa posição com tanta frequência, podendo dedicá-las a jogadores de outras posiçōes que o time não desenvolva tão bem sabendo que pode conseguir um bom OLB em outro momento do Draft.

Então esse tipo de encaixe importa. Valor não depende apenas da escolha que está sendo usada, mas do encaixe do jogador com o time. Um jogador tem maior valor relativo pra um time se ele se encaixar melhor no seu estilo de jogo (o que não quer dizer que um time não vá pegar um grande talento cujo instrumental não seja o mais perfeito ao seu estilo, claro), e um time eficiente em certas áreas pode usar isso pra buscar maior valor em áreas deficientes. Combinar isso com o valor de cada escolha é uma constante em times que draftam bem (Steelers, Ravens, etc).


3. Como a abordagem do time no Draft impacta na situação atual do time?

De novo, valor é algo relativo. A chave do Draft é maximizar o valor de cada escolha que você tem, mas cada time tenta fazer isso seguindo uma estratégia diferente baseado em uma necessidade diferente. A ideia do Draft é que não apenas ela trás valor na forma de jogadores, mas duas outras coisas: Jogadores baratos (contrato de calouro) e jogadores jovens (portanto você pode desenvolvê-los). A segunda parte, nesse caso, é um pouco mais importante: Jogadores não saem do Draft prontos, eles passam por um processo de alguns anos de adaptação e desenvolvimento. E até por uma questão estatística, quanto mais jogadores você tiver, maior a chance de um deles virar um bom titular mesmo vindo de rodadas mais tardias. Pra um time ruim e com vários buracos, é interessante ter o maior número possível de escolhas pra ter maior numero de chances de conseguir bons jogadores. Da mesma forma, pra um time mais pronto e com poucos buracos, as vezes vale a pena sacrificar algumas escolhas de Draft, subir posiçōes e pegar um jogador mais pronto e explosivo pra ajudar em uma área chave do seu time.

Um bom exemplo recente é o do Atlanta Falcons. Dois anos atrás, o Falcons tinha um bom time: Boa linha, bom QB, boa defesa. Era um time bem completo que tinha apenas um buraco grande: O time precisava de outro WR. Com um bom numero de picks no Draft, o Falcons decidiu trocar uma cacetada de escolhass (duas 1st round, duas second, uma 4th) pela sexta escolha do Draft (Browns) e pegar o WR Julio Jones. Em um vácuo, o valor das escolhas que o Falcons enviou para o Browns valiam mais do que a que eles receberam em troca. Mas pra um time tão lotado e com poucas falhas como o Falcons, o valor marginal de Julio Jones (ou seja, o valor que a adição do jogador adiciona ao conjunto) era maior do que o valor marginal que eles iriam conseguir adicionando cinco outros jogadores inferiores que não encaixassem tão bem no time como JJ. E para o Browns, cheio de buracos no time, o valor adicional desse monte de escolhas de Draft, jogadores que cobrem mais funçōes no time, compensava a perda de uma possível estrela. Tudo depende da situação.

Claro, você não pode ser cego e fazer as coisas sem pensar. Um time ruim pode trocar todas suas escolhas altas por dezenas de escolhas baixas, e pode sair com um monte de bom role players disso, mas vai perder a chance de adicionar jogadores mais garantidos e com maior potencial. Da mesma forma, um time não pode trocar suas 7 escolhas por uma só lá no alto, o risco eé alto demais de uma lesão ou um bust acabar com um ano. Entao tudo depende de achar o equilíbrio certo e a estratégia certa pra otimizar o valor para seu time.


4. Como o Draft supriu as necessidades do time?

O último ponto pode parecer óbvio - e de certa forma é - e está intimamente ligado aos outros três pontos: Praticamente todo time tem alguma posição de necessidade, alguma posição deficiente que precisa ser adereçada, e o Draft é muitas vezes a ferramenta perfeita pra isso já que a essa altura, um bom numero de Free Agents já saiu do mercado. Então, a lógica diz que você deve usar o Draft, de alguma forma, pra suprir essas necessidades ou se arriscar a ir pra temporada com essa falha.

Esse ponto aparece aqui por ultimo porque ele é o mais simples, mais fácil de se ver, e justamente por isso é o que mais GMs retardados usam como o ponto principal, quando na verdade ele deve sempre estar sujeito aos três primeiros pontos. O pior pecado que um GM pode cometer com regularidade no Draft é ficar cego pelas necessidades do time e ignorar os outros três pontos cruciais, e pegar cegamente um jogador que ele precisa.

Por exemplo, pegue o San Francisco 49ers. Ano passado eles trocaram uma escolha de terceira rodada pra subir na primeira rodada e pegar um FS, Eric Reid, que tapava a maior necessidade do time no lugar do Free Agent Dashon Goldson. Em termos de valor, as picks que o 49ers perdeu são 20% mais valiosas (de acordo com Football Perspective) do que a que eles receberam. Só que ai entra o contexto: O 49ers tinha 13 escolhas de Draft e um elenco recheado de tal modo que teria pouco espaços pra muitos calouros, então fazia todo o sentido pra equipe subir no Draft (conforme dito no item anterior) e pegar o jogador que seria o melhor encaixe no seu time. Se um time tipo Raiders fizesse isso, eu iria rir da cara deles. Entao tudo depende de contexto.

Pense de outra forma: Na média, os times avaliam os jogadores de forma semelhante antes do Draft. Alguns avaliam certos jogadores melhor, outros pior, mas na média - ainda mais hoje em dia nessa época de tanto acesso à informação - a avaliação é semelhante pros 30 clubes. Então porque os mesmos times e GMs sempre saem do Draft melhores do que a média dos times enquanto outros sempre parecem sair mal do Draft?? Porque os GMs/técnicos inteligentes (Bill Belichick, Trent Balkee, John Schneider, Ozzie Newsome, etc) sabem muito bem como trabalhar o valor no dia do Draft ao invés de simplesmente ir cegamente atrás dos bons jogadores ou que cobrem as necessidades, enquanto os outros não pensam dessa forma e só pegam os jogadores que querem independente da possibilidade de extrair maior valor da situação. E por isso essa categoria, ainda que importante, é apenas a quarta.


Então essas são as quatro melhores formas de se avaliar um Draft. Os times inteligentes sabem como lidar com todas essas faces do Draft e extrair o maior proveito deles no dia do Draft em si, apesar de toda a incerteza em relação aos resultados, enquanto times burros escolhem punters na terceira rodada porque "prefere escolher um titular do que um reserva com a 3rd rounder" (FYI, esse time tinha Blaine Gabbert de QB e passou Russell Wilson pra pegar esse punter). Obviamente, a chave é equilibrio. Não existe uma resposta certa e cada situação exige uma resposta diferente, e os capazes de juntar esses conceitos nessa resposta são os que tem sucesso. E acreditem, é bem fácil enxergar ano a ano quais são os times que acertam e erram na noite do Draft.