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sexta-feira, 7 de março de 2014

O caminho dos 32 times na offseason - NFC (parte I)


"Gostei da coluna, deem um contrato de 24M para esse cara!"



AVISO IMPORTANTE: Para compensar a ausência no final da temporada, e colocar um ponto final decente na boa temporada 2013 da NFL, a idéia é fazer um mega-Mailbag daqui a uma semana. A semana que vem vai ser dedicada a olhar o caminho dos 32 times para o ano que vem, e a idéia então é que só na outra semana a gente faça o Mailbag mesmo. Qualquer tópico é válido, qualquer coisa sobre a temporada regular, playoffs, técnicos, jogadores, Free Agency e etc. Perguntas sobre o Draft também serão respondidas, mas terão menor preferência pois é um assunto que ainda vai ter sua cobertura. Então aproveitem para mandar suas perguntas/dúvidas/comentários finais da temporada para tmwarning@hotmail.com com o assunto "Mailbag", que você pode ver sua pergunta aqui e no Esporte Interativo (perguntas enviadas a Mailbags anteriores e não respondidas também serão respondidas, se ainda relevantes, btw). Então participem e vamos fazer desse último MB da temporada 2013 um sucesso.

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Depois de olhar para o passado - mais especificamente, olhar para nossos palpites de antes da temporada começar e ver quais deram certo e quais foram fiascos homéricos - é hora de olhar um pouco para o futuro de cada uma das 32 franquias da NFL. A temporada 2013 agora é passado,  e estamos entrando na pior época do ano (o tempo entre o Super Bowl e o começo do Draft e da Free Agency, que é quando por bem ou por mal a NFL começa de novo). Então é hora de pegar todos os times da NFL e ver em que ponto exatamente cada um deles se encontra nesse momento da offseason, quando estamos todos recolhendo os cacos de 2013 e se preparando para 2014. Qual a direção que cada time deve tomar para 2014? Quais mudanças devem ser feitas? Quais as incógnitas e quais as certezas? É isso que vamos tentar achar nesses posts. Serão três: um para os times de playoffs, um pra os times que não foram aos playoffs na AFC, e um aos times que não foram aos playoffs na NFC.

Começamos semana passada pelo times que foram aos playoffs e agora tentam voltar a pós temporada. Depois, falamos em duas partes sobre os times da AFC que não foram aos playoffs (Parte I e Parte II). Agora, é hora de falar dos times da NFC que não tiveram a honra de jogar em Janeiro.

Para facilitar (AKA Carnaval), esse post também foi dividido em duas partes, com a segunda vindo no máximo segunda feira.


Times da NFC fora dos playoffs (Parte I)


Dallas Cowboys

Vamos fazer um pequeno jogo. Ele chama "Vamos ver se você está pronto para ser o General Manager do Cowboys" (título provisório). Suponha que você seja dono ou GM de um grande time de futebol americano, e seu time esteja algo como 15M acima do salary cap. Qual a sua primeira atitude quando acaba a temporada?

a) Dispensa alguns jogadores para tentar ficar abaixo do salary cap
b) Procura alguns de seus jogadores com maior salário e que assinaram contratos recentemente para uma possível reestruturação de contrato
c) Se prepara para um arriscado mas necessário processo para limpar a folha salarial (atual e futura) da equipe, ainda que as custas de algumas temporadas
d) Imediatamente oferece um contrato de 22M de patacas para seu kicker

Bom, se você quer trabalhar no Cowboys, aparentemente a resposta certa é a letra D. Mesmo muito acima do salary cap e sabendo o que isso significaria para o time, a primeira atitude da diretoria foi aumentar essa folha salarial com um contrato imenso para seu kicker.

Eu acho que não preciso passar tempo demais explicando porque essa foi uma péssima decisão. Sim, é importante ter um bom kicker e Dan Bailey tem jogado bem, mas considerando a situação que você se encontra, o custo-benefício desse tipo de contrato é péssimo. Você precisa de cada centavo que puder para evitar ficar acima do cap, claro, mas também para abrir espaço para calouros e free agents. Então porque você vai pagar 22M para um KICKER? Para quem não lembra, Dan Bailey foi para o Dallas como um calouro não-draftado em 2011 e ano passado ganhava 500mil... porque pagar sete vezes mais se você pode facilmente achar um substituto no draft com uma escolha tardia, ou mesmo sem gastar escolha nenhuma? Dallas Cowboys, pessoal!

Na verdade, esse é um resumo do grande problema do Cowboys, dos últimos anos, de hoje, e dos próximos anos: o time é incompetente e extravagante na hora de distribuir contratos, e por isso trava uma batalha eterna contra o salary cap, uma batalha que eles tem perdido. 15M acima do salary cap mais o contrato de Bailey, Dallas teve que se virar para conseguir entrar abaixo do limite de 132M, e para isso eles tiveram que recorrer ao que fazem todo ano nessa situação: reestruturar contratos. Reestruturar contrato significa que eles pegaram um jogador com um contrato muito caro que eles não podem dispensar, e transformaram uma grande parcela do salário desse jogador em um bônus. O resultado é que o seu valor de 2014 contra o salary cap cai consideravalmente, abrindo espaço imediato, mas também tem duas consequências: primeiro, esse dinheiro que você economizou em 2014 não desaparece, ele é redistribuido entre o resto do contrato do jogador, aumentando seu valor anual e gerando novos problemas salariais para o futuro; e o segundo é que, como esse dinheiro é transformado em dinheiro garantido, é muito mais difícil você dispensar o jogador futuramente, porque a maior parte do salário do jogador fica garantido e portanto esse dinheiro não sai da sua folha salarial mesmo em caso de dispensa. Então o Cowboys conseguiu entrar abaixo (300 mil) do limite salarial esse ano, mas para isso precisou reestruturar os contratos de Sean Lee, Tony Romo e Orlando Scandrick... e ainda assim, 300mil é muito pouco considerando que o time ainda precisa dar contratos para seus calouros, reforçar uma defesa que foi uma atrocidade em 2013 (e cujo melhor jogador é free agent!), e compor o resto do elenco (que precisa chegar a 53 jogadores). 

Esse problema no Dallas é antigo, e vem do péssimo julgamento da diretoria na hora de distribuir contratos (ver o caso do Bailey). O time não pensa duas vezes antes de distribuir contratos caros e longos para jogadores (free agents ou domésticos), mas não pensa nas consequências e na situação salarial da equipe, e isso acaba prendendo a equipe por muitos anos... anos nos quais o time continua cometendo os mesmos erros e lidando com os mesmos problemas. Para dar um exemplo, essa mania de ficar dando grandes contratos e depois os reestruturando significa que para 2015, antes de qualquer contrato de calouro ou free agent, o Dallas já tem 134M na sua folha salarial, no que significaria 2M ACIMA do salary cap de 2014 (nenhum outro time tem mais de 108M, só três estão acima de 100M, e os três foram aos playoffs, btw). 

Por isso o Dallas foi o maior beneficiado do recente aumento no salary cap (132 para 2014 e espera-se 140 para 2015), que lhe deu algum alívio e impediu dispensas mais dolorosas, mas isso não é o suficiente. O time tem uma base muito boa, mas também tem uma defesa horrível que está PERDENDO Jason Hatchet, tem diversos buracos e não tem qualquer tipo de profundidade. Esses são problemas que o time dificilmente vai conseguir arrumar enquanto tiver que pensar primeiro em abrir salários e depois em contratar jogadores novos, e isso só vai acontecer quando o Jerry Jones mudar sua postura de contratações e contratos extravagantes, entender o problema, aceitar uns dois anos mais quietos para limpar essa folha salarial, e dai voltar a brigar com tudo. Só quando isso acontecer o Cowboys vai poder voltar a ser um concorrente ao título estável. 


New York Giants

Outro time da NFC East vindo de uma temporada decepcionante e com problema salariais! Embora para ser justo, os problemas saláriais do Giants são muito mais pontuais e específicos que os dos seus rivais, mas isso não quer dizer que a situação em NY esteja boa: são apenas 18M em espaço salarial, e a equipe tem alguns free agents importantes, inclusive seu melhor jogador de 2013 (Justin Tuck), defensores importantes como Corey Webster, Terrell Thomas, Jon Beason e Linvall Joseph, e mais Hakeem Nicks (99% de chance de sair, mas precisarão de alguém para o lugar) e Andre Brown no ataque. 18M definitivamente não vai dar, e embora possam abrir mais 13M dispensado Chris Snee e Antrell Rolle (e nenhum dos dois é uma dispensa confortável), ainda parece pouco frente a quantidade de buracos que a equipe mostrou em 2013. A janela não parece grande para 2014, embora nenhum time saiba melhor que o Giants que, uma vez nos playoffs, você tem totais chances de ser campeão se pegar fogo na hora certa e contar com a sorte.

Embora difícil colocar a temporada 2013 do Giants em contexto, o grande problema foi mesmo a linha ofensiva: NENHUM linemen do Giants teve um rating positivo pela PFF em pass block, e todos os 7 OL que jogaram pelo menos 400 snaps tiveram notas vermelhas (com o aposentado David Diehl liderando a desgraça com -20.1). O resultado foi que o time teve o terceiro pior ataque terrestre da NFL com 3.5 jardas por corrida, e uma combinação de um péssimo Eli Manning (piores marcas da carreira em TDs, interceptações, rating e QBR), WRs surpreendentemente ineficientes e claro, péssimas atuações da linha ofensiva protegendo o QB também fizeram o Giants acabar com um dos piores ataques aéreos da NFL também. O resultado foi... hmm... bem ruim. Mas o Giants ainda está aparentemente decidido em continuar comprometido com Eli, acreditando que 2013 tenha sido apenas um outlier e que as coisas mudarão com uma linha ofensiva que não o deixe tão exposto.

Claro, o problema é que não é fácil montar uma linha ofensiva quase inteira da noite para o dia, especialmente sem espaço salarial. Justin "Tiranossauro Rex" Pugh foi ok na sua temporada de calouro e David Bass voltando de lesão deve ajudar, mas isso ainda deixa três vagas - inclusive duas de tackle - sem dono e sem uma boa alternativa doméstica. O draft é bastante profundo em linha ofensiva, o que é um consolo, mas não é como se fosse o único problema do Giants: o time precisa de WRs e um TE para substituir Nicks e melhorar seu corpo de recebedores, e algumas decisões complicadas de RB precisam ser tomadas entre Andre Brown se tornando free agent, a saúde de David Wilson e Brandon Jacobs sendo Brandon Jacobs. Não é um caminho fácil para NY, especialmente considerando sua falta de espaço salarial e a questão abaixo.

Defensivamente, o time se saiu muito melhor do que pareceu, terminando com o sexto melhor DVOA defensivo da temporada passada, mas precisa tomar decisões difíceis. Linvall Joseph e Tuck foram os dois melhores jogadores defensivos do Giants em 2013, e não vai ser fácil encaixar os dois na folha salarial do time. É possível que o Giants deixe Tuck ir e tente repor sua produção com uma combinação de Mathis Kiwanuka voltando a forma depois de um péssimo 2013 e Jason Pierre-Paul... bem, voltando a forma depois de um decepcionante 2013, mas é um risco enorme. Joseph não tem o mesmo pedigree desses três, mas tem sido uma presença consistente no meio da linha do time nos últimos anos e é um pilar do jogo terrestre, então não pode sair. E enquanto decide o que fazer com sua linha, o time tem que decidir o que fazer com a secundária, com Rolle, Webster e Thomas exigindo novos contratos (três jogadores importantes em 2013) E tentar adereçar seu grande problema defensivo, seu grupo de linebackers que ainda tem Benson virando free agent. O Giants tem um potencial de regressão interessante no ataque em um draft favorável (profundo em OL e WR) e a defesa, se mantiver o ritmo de 2013, pode levar o time a ser competitivo novamente, mas me parecem buracos e incógnitas demais para um time que não pode contar com a free agency para se reforçar.

Washington Redskins

Para começar, as notícias ruins: a troca de Robert Griffin III, que parecia uma enorme vitória um ano atrás, acabou saindo pela culatra, com uma lesão no joelho e um péssimo 2013 que forçou o Redskins a mandar a 2nd pick de um draft profundo para Saint Louis. Além disso, a péssima atuação de RG3 em 2013 levantou todo tipo de questão sobre sua saúde ou mesmo se seu excelente 2012 não teria sido apenas um outlier impossível de ser repetido. E em meio a tudo isso, o Redskins ainda mudou sua comissão técnica, trazendo uma certa incógnita para como esse time vai se reorganizar para o futuro, ainda mais sem uma 1st round pick.

A parte boa é que finalmente os problemas salariais do Redskins receberam um alívio agora que Albert Haynesworth e o pior contrato da história da NFL finalmente saíram da sua folha de pagamentos, dando ao time alguma flexibilidade: mesmo depois da Franchise Tag em Brian Orakpo (seu melhor jogador defensivo de 2013, sem dúvida), a equipe ainda tem 20M livres, não tanto assim mas muito melhor do que a situação recente da franquia. E claro, também tem o fato de que o Redskins não precisa se focar em vencer imediatamente. O núcleo do time é sólido, especialmente no ataque (o time tem três excelentes OLs que podem formar uma das melhores linhas do jogo com alguma ajuda, Alfred Morris tem sido ótimo como profissional, e Jordan Reed e Pierre Garçon são opções jovens e promissoras no jogo aéreo), e principalmente jovem. O time não possui veteranos caros ou muito valiosos - pelo contrário, seus principais jogadores todos são ainda novos - e, mesmo com a temporada 2013 indo pro lixo e perdendo uma 1st round pick valiosa, não tem motivo para o time entrar em pânico e tentar resolver tudo no curto prazo. Junte a isso uma nova comissão técnica que não tem a pressão de vencer imediatamente e que teria tempo para um projeto mais completo, e o futuro do Redskins passa a ser mais interessante olhando além de 2014.

A maior incógnita, hoje, seria a posição de QB, mas mesmo essa não deve incomodar demais o Redskin por enquanto. Mesmo que ele nunca chegue a reproduzir o nível de 2012, também não deve para sempre ser o fiasco de 2013, e com mais três anos em Washington (que não pode cortá-lo sem incorrer em enormes valores entupindo sua folha salarial, e uma troca seria vender muito baixo dado o valor pago por ele) e sem pressa para vencer agora, o time vai ter muito tempo para desenvolvê-lo, ver como ele rende com seu joelho enfim saudável, antes de tomar uma decisão (btw, não venham me falar em Kirk Cousins - ele simplesmente não é um bom QB de NFL, e não oferece o potencial de médio prazo de RG3). Ainda que exista a dúvida de como ele se adaptará ao novo esquema ofensivo e como o ataque terrestre vá render seu o esquema de bloqueios por zona de Mike Shanahan, RG3 terá boas condições ao seu redor para esse desenvolvimento, com dois alvos bons e jovens que devem receber ainda mais ajuda via draft, e uma boa linha. 

Defensivamente, os dois jogadores que valem a pena manter são jovens (Orakpo e Ryan Kerrigan), então não tem porque apressar as coisas. Claro, a defesa precisa de ajuda e talento - esses são os dois únicos jogadores que realmente se salvam por lá - mas pode fazer isso com calma, draftando e desenvolvendo talentos. Não existe nenhum foco ou contrato largo de um veterano forçando a equipe a vencer imediatamente, e portanto seria burrice tentar. Mas com a boa base ofensiva, regressão positiva de RG3 e um pouco de paciência, esse time pode voltar a ser competitivo em um futuro não tão distante.


Atlanta Falcons

Se antes da temporada passada você sentasse e desenhasse como seria a pior temporada possível para o Atlanta Falcons, ela seria muito semelhante ao que aconteceu de fato. O pior cenário seria justamente lesões atrapalhando o ponto forte da equipe, construído com muitos custos - seu ataque espetacular - e tirando os principais titulares da equipe, desalecerando seu ataque e expondo a enorme falta de profundidade e a defesa frágil do time. Foi exatamente o que aconteceu, com Roddy White e Julio Jones machucando, a OL tendo alguns problemas e ninguém para solucionar ou substituir, e a defesa não conseguindo, novamente, se manter consistente. O Falcons de 2012 foi longe com uma defesa fraca compensada por um excelente ataque, mas sem seu ataque, a quarta pior defesa de 2013 não chegou perto de fazer um papel respeitável.

A verdade é que com essa defesa horrível e alguma regressão, eu não sei se o Falcons teria ido aos playoffs mesmo sem as lesões - mas elas não ajudaram. A verdade é que a fragilidade do Falcons em algumas áreas e sua enorme falta de profundidade (que veio a tona em 2013 com tantas lesões) tem a mesma fonte: o time montou seu elenco concentrando investimentos demais - tanto financeiramente como em recursos gerais (AKA escolhas de draft)- no seu ataque em detrimento das demais áreas. Então considerando a grande quantidade de buracos da equipe (só a DL e Desmond Trufant se salvaram dessa péssima defesa, a linha ofensiva foi um buraco só e perderam Tony Gonzalez) e os recursos interessantes da equipe (25M de cap space com só três free agents significantes, escolhas altas de draft), o time tem algumas decisões interessantes a tomar para voltar a competir no curto prazo.

Primeiro, eles podem manter seu plano original que funcionou em 2012, e ir atrás de grandes reforços para o ataque. Um OT me parece uma certeza com a 6th pick desse draft, uma posição que foi provavelmente o maior problema da equipe em 2013, mas a partir dai é uma incógnita. Se reforçar o ataque para voltar ao patamar de 2012 for a prioridade, o time precisa urgente ir atrás de um substituto para Tony Gonzalez, não apenas como tight end mas principalmente como a arma de segurança em conversões curtas e médias. Gonzalez era talvez o melhor recebedor da NFL nos últimos dois anos nesse tipo de jogada, e era na direção dele que Matt Ryan olhava. Mesmo com Julio Jones e Roddy White saudáveis, o time precisaria desse cara mais grandalhão para o meio do campo. Um novo WR também não seria mau nesse draft tão profundo, embora isso possa esperar mais para frente. Um OT primeiro, depois alguma profundidade para a OL e um TE grandalhão seriam as prioridades.

No entanto, o time pode se contentar com a volta de White e JJ saudáveis e a chegada de um novo OT com a 6th pick (de novo, esse é uma certeza a não ser que alguém como Jadeveon Clowney caia), e com a profundidade desse draft para trazer novos alvos, para reforçar a defesa e tentar montar um time mais balanceado. Além de trazer de volta Jonathan Babineaux e talvez um reforço para CB (Assante Samuel é FA e pode voltar a um preço razoável), o time precisa URGENTe de um pass rusher competente. Osi Umenyora foi uma decepção em seu primeiro ano, e apesar da linha defensiva ter se saído bem, foi principalmente contra a corrida e não gerando algum tipo de pressão. Um DE (Jared Allen é uma opção interessante vindo da free agency, btw) poderia fazer o papel, mas trazer um bom OLB pode reforçar dois dos problemas da equipe, a cobertura atrás da linha E o pass rush, e me parece o ideal (ou os dois - espaço salarial tem). A secundária também precisa de ajuda, especialmente se Samuel sair e ninguém vier em troca - Trufant foi muito bem em 2013, mas a falta de ajuda nos safeties e no pass rush atrapalham seu desenvolvimento, e é por ai que o time tem que continuar montando uma boa defesa.

Claro que não estou dizendo que o time vá focar em apenas uma coisa nessa offseason, precisa obrigatoriamente olhar para ambas. A questão é que uma deve ter prioridade ou o time corre o risco de gastar seus ativos e cap e não reforçar nenhuma de forma significativa. Considerando o novo contrato de Matt Ryan, possivelmente que seja o ataque a receber prioridade, ainda mais em um draft profundo em OL e WR, mas sem pass rush e ajuda para Trufant na secundária, eu acho difícil o Falcons sobreviver na cada vez mais forte NFC South. 


Tampa Bay Buccaneers

Outro time que tem a chance de um novo começo com um novo técnico (e um novo uniforme bem feio), e outro time que foi uma decepção em 2013. No caso do Bucs, o time gastou pesado na offseason, trazendo Darrelle Revis e Dashon Goldson e em geral investindo pesado em posições importantes para competir o quanto antes. E claro, a temporada foi um desastre do primeiro momento até o último, com até uma epidemia de MRSA atingindo o time e tirando jogadores da temporada.

Ainda assim, a temporada expôs do Bucs uma série de problemas, alguns esperados. Greg Schiano, um péssimo técnico, acabou custando ao time mais do que talvez qualquer outro técnico da temporada e acabou demitido, não antes de destruir a carreira de Josh Freeman (ex-JAAAASH Freeman) e se tornar o símbolo de uma franquia marcada por muito talento mas falta de cabeça e controle. Lavonte David (alias, um jogador espetacular) custou uma vitória ao time uma vitória com uma falta pessoal nos segundos finais fora de campo, Goldson chegou a ser suspenso pelo excesso de faltas pessoais, o time supostamente se cansou do seu técnico na metade da temporada. Poderia ter sido melhor, o time até não foi horrível (18th em DVOA), mas foi muito abaixo do que esperavam.

Agora chega Lovie Smith, e a defesa agradece. Smith é famoso por ser um bom técnico de defesas, fazendo ótimos trabalhos em Chicago desse lado da bola, e vai encontrar uma boa base para trabalhar. Tampa Bay teve a oitava melhor defesa da NFL, e conta com três talentos espetaculares nas três fases da defesa, com Gerald McCoy na linha, David nos LBs e Darrelle Revis, ainda o melhor CB da NFL mesmo voltando de lesão, na secundária - além claro de jogadores talentosos que não contribuíram em 2013 mas que já tiveram bons anos no pasasdo, como Adrian Clayborn e Dashon Goldson, além da 5th pick de 2012 Mark Barron. Mesmo sem contribuições desses três jogadores, o time teve uma s´ølida defesa em 2013, mas sempre me pareceu um time com o talento em mãos mas que não conseguia tirar o melhor deles. Com um especialista em defesa, me parece uma ótima chance para esses bons jogadores finalmente encontrarem seu melhor jogo e se tornarem um grupo realmente dominante. Especialmente porque o time deve aproveitar a sua escolha alta de draft (#7) e adereçar sua grande deficiência defensiva: a falta de pass rush. Apenas McCoy e David conseguiram render algum tipo de pressão em 2013, o que é muito pouco para um time como esse, especialmente um que deve jogar em Tampa 2 ano que vem. Um OLB que seja mais pass rusher do que David ou um DE de alto nível tornariam essa defesa ainda melhor.

No ataque, fica a enorme questão do "e se". Dois anos atrás, Carl Nicks e Davin Joseph seriam a melhor dupla de guards da NFL e o Bucs teria tudo para ter uma excelente linha ofensiva, mas é um risco. Joseph machucou em 2012 e não chegou perto do que pode render em 2013, e Nicks perdeu quase todo 2013 com MRSA. Se o Bucs achar que os dois podem se recuperar e render perto do seu nível anterior, então o ataque tem uma boa linha e pode ir atrás de mais alvos, um segundo WR e um TE. MAs é um risco enorme, e eu particularmente não acho que Nicks e Joseph voltarão em 2014 ao nível de elite, o que não só prejudica a proteção ao QB como atrapalha demais o plano ofensivo antigo de ser uma potência terrestre. QB é um tanto quanto um ponto de interrogação nesse time também, mas as interessantes performances em 2013 de Mike Glennon provavelmente lhe garantiram mais um ano para tentar mostrar do que é capaz com uma equipe nova. Mas sendo assim, ele vai precisar de mais ajuda: Vincent Jackson é excelente WR mas jogou praticamente sozinho em 2013, e embora Timothy Wright tenha se mostrado uma opção interessante no jogo aéreo ele é um horrível bloqueador para ser um TE titular consistente. A linha também é uma incógnita, e de modo geral falta a esse ataque talento.

O problema do Bucs é que a defesa e o ataque passam mensagens trocadas. Enquanto a defesa, com seus jogadores caros e alguns veteranos (em particular uma moeda de troca excelente em Darrelle Revis) indicam que esse é um grupo para se brigar pelos playoffs o quanto antes, o ataque claramente não tem nem o talento nem a definição nas principais posições para seguir o mesmo caminho. Se o time vai mesmo experimentar com Mike Glennon, então o ideal era ter um ou dois anos de paciência, e embora jogadores jovens como Barron, Clayborn, David e McCoy estarão por ai nesse tempo todo, não é tão ideal pagar tanto dinheiro para sua defesa reconstruir... especialmente com Revis sendo o mais caro, mais atraente no mercado e menos interessante no médio/longo prazo. O que deixa uma pergunta interessante: o Bucs tenta pegar o caminho mais neutro, tentando balancear sua ótima defesa com um ataque que deve se desenvolver aos poucos e fica meio que um time híbrido sem uma identidade imediata... ou faz o difícil, troca Revis, ganha uma escolha nova de draft e investe mais no médio prazo com uma defesa que ainda deve ser excepcional e um ataque mais pronto? Acho difícil, mas seria a opção mais interessante.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Alguns pontos interessantes da NFL, Parte II - Turnovers e palpites

Um bom resumo da temporada 2013 do Giants até aqui


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Ontem, nós começamos a falar de alguns pontos interessantes da temporada da NFL até aqui ao comentarmos da situação de quarterbacks do Tampa Bay Bucs e dos problemas de um time 0-3, o Vikings, que aliás vai mesmo colocar Matt Cassell de titular domingo em Londres. Nenhuma verdade nos boatos de que é um castigo pela guerra de independência dos EUA.

Hoje vamos continuar aquele post falando de outro time 0-3, seguindo depois para os palpites da semana. A idéia era falar também do Tennessee Titans, mas infelizmente o tempo não deu, então prometo falar deles terça feira (ou quinta, dependendo de como a rodada transcorrer). Se você perdeu a parte 1, só clicar aqui. Mas antes de começarmos (continuarmos?), só queria lembrar e deixar claro uma coisa que escrevi no post de ontem... 

Uma coisa extremamente importante que tem que estar na cabeça de todo mundo, antes de começarmos, é que foram apenas três semanas de temporada. Três jogos é uma amostra ridícula que dificilmente tem um valor analítico muito grande, com viéses de todos os lados: alguns times enfrentaram uma tabela mais fácil que outros, enfrentaram matchups melhores ou piores, podem ter jogado mais jogos em casa ou fora, ou mesmo podem estar sendo alvo de um enorme azar que dificilmente se manterá durante mais 13 jogos (ou, da mesma forma, alvos de uma enorme sorte que também deve regredir para a média). O retrato que estamos vendo agora (e que vamos ajudar a pintar nessa coluna) não necessariamente vai representar a temporada inteira de um time, é apenas um olhar rápido no que aconteceu até aqui para chegarmos aonde estamos e o que é ou não sustentável indo para frente. Alguns times provavelmente se manterão em um nível ou padrão semelhante até o final do ano, mas muitos outros verão seus ritmos mudarem de acordo com tabelas mais ou menos fortes, alguns times resolverão problemas que estão lhes atrasando nesse começo de ano e outros terão novas questões a serem resolvidas. Então embora estejamos usando jogos para explicar o que já se passou, tenham em mente que essa é uma amostra pequena que vai mudar com mais jogos. Três jogos não pintam uma história completa, e se você não acredita, vamos voltar um ano no tempo e ver como as coisas estavam depois da terceira semana de temporada regular? Bom, o Cardinals estava 3-0 mesmo tendo sido superado em jardas nesses três jogos (assim como o 3-0 Dolphins desse ano, btw); Jets, Chargers e Eagles lideravam suas respectivas divisões com 2-1; e Patriots, Packers, Broncos, Redskins e Colts estavam 1-2 e enfrentando todo tipo de história clichê sobre decadência ou ainda não estar pronto. So there!

Pronto! Sem mais delongas...

A grande decepção


Se tem um time na NFL que era a coisa mais próxima possível do Jason, de Sexta Feira 13, sempre foi o New York Giants. Sempre que parecia que eles estavam acabados, sempre que parecia que não tinha mais como voltar... o Giants voltava, ganhava dos melhores times e se reestabelecia como uma força a ser reconhecida. Foi assim nos seus dois títulos recentes, e toda vez que o Giants tinha um ano ruim, parecia voltar com mais força no ano seguinte. Com o tempo, todo mundo na NFL acostumou a ver o Giants ser vencido e parecer derrotado e pensar "Ops, lá vem chumbo, não queria estar no caminho deles nas próximas rodadas".

Isso que fez da derrota/massacre para o Panthers - outro time 0-2 - semana passada ainda mais assustador. Se tinha um momento para o Giants mostrar essa mesma mania irritante de nunca realmente ser derrotado, era esse: 0-2, duas semanas muito ruins, um adversário com muitos problemas, a urgência de escapar de um buraco talvez fundo demais (apesar da NFC East talvez ser a pior divisão da NFL em termos de talento de topo) e o histórico de um time que sempre parece aparecer quando todo mundo está pronto para dá-lo como morto. Mas dessa vez não só não aconteceu como foi ainda pior, um massacre por 38-0 que praticamente grita "CRISE NO TIME!" para quem olha de fora. 

Não se enganem, o Giants TEM sido um time horrível nesse começo de ano. Olhando além do record de 0-3, e mesmo considerando que a equipe enfrentou um dos juggernaults da temporada no Broncos, o Giants também tem o segundo pior saldo de pontos de toda a NFL nesse começo de temporada atrás apenas do poderoso Jaguars. Então não é como se fosse um bom time que tenha esse record por conta de uma série de pequenos azares ou fatores que levou a algumas derrotas apertadas e que escondem um time não tão ruim por trás (como Bucs, por exemplo). O que nos resta é identificar algumas das causas por trás desse começo atroz, e ver o que pode se manter ou não.

Perguntei a opinião de alguns torcedores do Giants sobre o principal responsável, e fiquei surpreso ao ver a quantidade deles que mencionou a defesa, em parte porque existe uma regra não escrita entre torcedores do  Giants que os proíbe de falar mal do Eli Manning. Parece que a defesa (e o jogo terrestre, mais citado do que todos, mas uma coisa de cada vez) acabou recebendo uma parcela de culpa pelos torcedores mesmo, então fui olhar para ver se era o caso... e não era. Não que a defesa tenha sido boa, não é o caso... mas ela também não tem sido tão ruim assim, e certamente não tão ruim ao ponto de justificar esse começo de ano. Tanto contra a corrida como contra o passe (em jardas cedidas por jogada) a defesa do Giants se encontra em um patamar mediano, 17th overall, certamente não uma força mas também nem de longe um grande problema, e nem de longe o causador de um começo de temporada que coloca a franquia como a segunda pior até aqui.

Mas a defesa apresentou um problema grave, e que pode ser um problema para o resto da temporada: a falta de pressão. Base e principal força da defesa do Giants por tanto tempo, esse ano o pass rush está simplesmente inexistente até aqui: em três jogos foram apenas três sacks, e nenhum time na NFL (com exceção do Steelers) tem sido pior criando situações de pressão, hits ou knockdowns nos QBs adversários. Considerando que a equipe possui jogadores como Jason Pierre-Paul, Mathis Kiwanuka e Justin Tuck e que apenas dois anos atrás foi justamente o pass rush desses jogadores que levou o Giants ao título, é muito difícil entender porque de repente esse grupo parou de conseguir produzir situações de pressão. É possível que alguns deles (em especial Paul) estejam lidando com questões de lesão ou mesmo que tenha sido uma aberração de amostra pequena, algo que pode mudar ao longo do ano (e é uma boa aposta inclusive, considerando o nível desses caras), mas é algo que influenciou esse começo de temporada. Mesmo que a defesa tenha conseguido manter um nível decente apesar disso, é algo que prejudica demais a equipe especialmente em conversões de terceiras descidas - não a toa o Giants é um dos times que mais cede conversões de terceiras descidas na NFL, especialmente para passes (6th no quesito). 

Mas isso sozinho não explica tamanha dificuldade no começo de ano. Para isso, precisamos olhar para o ataque, e aí a coisa fica realmente feia. E começa pela linha ofensiva: depois de um competente 2012, especialmente abrindo espaços para a corrida, tudo desandou em 2013. Até esse momento, o Giants possui a PIOR linha ofensiva da NFL, inclusive aquela que é de longe a pior em jogadas de corrida. Parte disso pode ser atribuído a lesões, em especial David Diehl perdendo os três jogos e David Bass perdendo um (e jogando machucado os outros dois), mas o impacto é notável: nenhum time abriu menos espaços para seu jogo terrestre (per Football Outsiders, o Giants tem a pior OL da NFL tanto abrindo caminho em corridas por força como em conversões curtas), apenas três times (Dolphins, Browns e Jaguars) permitiram mais sacks, e apenas cinco (incluindo ai o Colts e o Rams, com um jogo a mais) permitiram que seu QB fosse atingido mais vezes.

O principal efeito disso é sobre o jogo corrido, algo que também sempre foi um carro-chefe desse ataque. Depois de terminar em sétimo em 2012 em jardas por corrida (4.6) e quinto em DVOA pelo chão, esse ano o Giants terminou essa horrível sequência de três jogos com o terceiro ataque terrestre menos produtivo da NFL (2.7, que o Rams ultrapassou depois das suas incríveis 1 Y/C de ontem), um dos motivos pelos quais as campanhas da equipe são as terceiras com menor duração da liga em tempo (1:57) e a que envolve MENOS jogadas em toda a NFL (4.6). Parte disso se deveu ao problemas do time com RBs: Ahmad Bradshaw saiu nessa free agency porque o time queria ficar mais jovem e dar a bola para sua nova dupla de Andre Brown e David Wilson, mas Brown se machucou e foi parar no IR e, depois que Wilson sofreu dois fumbles na estréia da equipe, Tom Coughlin perdeu completamente a confiança no garoto, então jogadores que nunca deveriam encostar na bola como Darrel Scott e Brandon Jacobs estão tendo que (tentar) produzir para a equipe - uma situação que só deve piorar agora que Henry Hynoski, FB, está fora da temporada. E embora o ataque aéreo tenha produzido sólidas 8 jardas por passe, oitava melhor marca da temporada, mesmo ele tem sido bastante ineficiente por conta do alto número de sacks e da dificuldade em converter terceiras descidas, em parte por causa da pressão sofrida por Eli. Não são os números de um time que pretende competir na temporada, e embora alguns devam melhorar um pouco com a volta de Diehl, ainda tem muitos problemas a serem resolvidos.

E agora chegamos ao grande problema do Giants, bem como uma possível fonte de algum otimismo: turnovers. A equipe tem até aqui na temporada um salto horrível de -9 em turnovers, segunda pior marca da NFL. Nesse momento, o Giants é o time que mais cometeu turnovers em toda a temporada, com 13, e o terceiro colocado (San Francisco 49ers, que tem um jogo a mais) está mais próximo da média da NFL do que de alcançar o Giants no quesito. Esses 13 turnovers são motivados por dois fatores: Eli Manning lidera a liga com 8 interceptações em três jogos (!!!), ou seja, 7% de seus passes são interceptados; e o Giants é o terceiro time da liga recuperando fumbles com 22%, sendo o pior (0%) em fumbles no seu ataque. Esse é possivelmente o maior motivador desse abismal começo de temporada do Giants, mas é também a causa para otimismo: é impossível que o time continue produzindo turnovers nesse ritmo. Desde 1990, apenas outros cinco times começaram a temporada com 13 turnovers em três jogos (quatro deles 0-3, um 1-2), incluindo um time do Saints de 1997 que cometeu incríveis 19 (!!!). Depois de cometerem em média 4.7 turnovers por jogo nos três primeiros da temporada, esses cinco times cometeram apenas 2 turnovers em média por jogo nos 13 restantes da temporada, ainda acima da média da liga que gira em torno de 1.8 e 1.9, mas bastante próxima.

Isso é uma forma de dizer que o Giants não vai continuar cuspindo a bola nesse ritmo alucinado durante a temporada inteira, é intrinsecamente possível. Para começar, é impossível que o Giants continue recuperando apenas 22% de seus fumbles, especialmente os 0% que recuperou quando estava com a bola até aqui - esse é um número que depende de sorte e não habilidade, e que tende a 50% para qualquer time. Da mesma forma, Eli Manning não vai continuar tendo 7% de seus passes interceptados: usando o excelente Pro-Football Reference, eu pesquisei todos os QBs desde 1980 a começarem a temporada com oito interceptações ou mais em três jogos. O resultado me deu 13 QBs além de 2013 Eli Manning, e embora seja interessante que nenhum deles aconteceu depois de 2005 (quando modificaram as regras para favorecer QBs e o jogo aéreo), vale ressaltar alguns pontos interessantes. O primeiro e de longe mais interessante é que Eli, Peyton e Archie Manning aparecem nessa lista, cada um uma vez. O segundo é que nenhum deles, tirando Steve DeBerg que foi para o banco depois disso, manteve esse abismal número de 7% de Int% ao longo da temporada, embora a maior parte deles (tirando Dan Foults duas vezes e Jim Kelly uma) tenham tido anos ruins e/ou acabaram indo parar no banco. O que também é um consolo, significa que é extremamente improvável que Eli continue lançando tantas interceptações - especialmente nessa era onde os QBs possuem muito mais vantagens.

Em resumo, é fácil olhar para o Giants e identificar dezenas de problemas, algumas solucionáveis e outras nem tanto. Mas considerando o enorme impacto que os turnovers causaram nessa equipe e o ritmo histórico no qual o time tem perdido a bola, é possível imaginar que muita coisa ruim para a equipe foi fruto de uma anomalia que dificilmente vá se repetir. É impossível que o time continue recuperando tão poucos fumbles e Eli Manning continue transformando 7% de seus passes em interceptacões (especialmente com as regras a seu favor como são hoje). Isso significa que o problema com os turnovers deve nivelar pelo menos um pouco e que isso fará o Giants voltar a ser bom? Também não. O time tem diversos outros problemas (principalmente seu jogo terrestre, falta de pash rush, e de longe mais importante sua linha ofensiva que tem transformado Eli Manning num saco de pancadas), alguns deles que podem ser resolvidos com o tempo, alguns que não. Não da para saber a essa altura do ano. O que eu sei é que o time não vai conseguir manter esse nível de turnovers por tanto tempo, e isso terá seus impactos em campo.


Palpites para a semana 4 da NFL (condensado)

Week 3 Record: 9-7
Week 3 contra o spread: 6-10


RAMS over Niners
Contra o spread: RAMS (+3) over Niners
Não me incomodo nem um pouco de ter errado esse palpite. O Niners precisava urgente de uma vitória contundente e conseguiu isso contra um fraco time do Rams. Mas mais do que isso, fiquei feliz de ver que o Niners mudou seu plano de jogo dos dois lados da bola para melhor se adaptar aos desfalques da equipe. Boa vitória, 11 dias de descanso para colocar todo mundo saudável.


Steelers over VIKINGS
Contra o spread: Steelers (-3) over VIKINGS
Se esse jogo fosse em Minnesota, no Superdome, eu apostaria no Vikings mesmo agora que Matt Cassell é o titular. Mas o jogo é em Londres, e bem... Matt Cassell!! O jogo ser em Londres (não é uma coincidência que os times que jogam em Londres esse ano são Vikings e Jaguars, as duas maiores ameaças de realocação) tira a vantagem do mando de campo da equipe e o Steelers deu sinal de vida semana passada contra um bom time do Bears. Btw, são os dois piores pass rushes da temporada se enfrentando em um jogo, o que favorece o time capaz de passar a bola, e se Jared Allen e companhia não conseguirem chegar em Big Ben, não vejo motivo para ele não destroçar essa secundária porosa com seu braço. Btw, os boatos de que esse jogo ser em Londres quase causou um incidente internacional que terminou com o Obama negando publicamente qualquer vingança pela Guerra de Independência são falsos.


Ravens over BILLS
Contra o spread: Ravens (-3) over BILLS
Eu ainda não estou convencido no Ravens como um bom time de futebol americano principalmente porque o ataque deles tem secretamente sido muito ruim esse ano sem nada que lembre um jogo terrestre. Ainda assim, o Bills acabou de ser humilhado pelo Jets e Geno Smith, e a defesa do Ravens está vindicando minha previsão de que seria ainda melhor que a do ano passado (se esquecermos o jogo contra o Broncos, pelo menos). Não consigo ir de EJ Manuel aqui.


Bengals over BROWNS
Contra o spread: BROWNS (+4) over Bengals
Não estou pronto para entrar na Bryan Hoyer bandwagon depois de um bom jogo contra uma defesa horrível. Não tem a menor chance que os céus se abram novamente e o Bengals consiga tantas jogadas sortudas a seu favor como na vitória contra o Packers semana passada... mas contra o Browns não deve precisar. Se não acredita pense bem no que a diretoria do Browns que acabou de trocar seu RB titular e procura urgente um Franchise QB no próximo draft vai pensar se o time ganhar um segundo jogo e sair do Teddy Bridgewater Watch. Mas esse jogo está com cara de ser apertado, e o Bengals adora esses jogos apertados decididos por três pontos, então vou aproveitar os pontos.


Colts over JAGUARS
Contra o spread: JAGUARS (+8.5) over Colts
Sim, estou escolhendo o Jaguars para cobrir um time que acabou de ganhar de 27-7 do San Francisco em SF. Porque? Bom, principalmente porque esse jogo do Colts foi um pouco bom demais para um time que mal ganha do Raiders e perdeu do Dolphins, ao ponto de que me parece um pouco fora da curva. Além disso, Bradshaw não vai jogar (o que torna mais difícil para o Colts administrar vantagem no final com corridas) e Justin Blackmon voltou de lesão (vale olhar no seu fantasy), o que aumenta o potencial de um TD em garbage time aqui mesmo sendo, bem, o Jaguars.


Seattle over HOUSTON
Contra o spread: Seattle (-2.5) over HOUSTON
Seattle disputa com Denver o título de "melhor time da NFL no momento", enfrenta um Texans com seus dois melhores WRs machucados e que tomou uma surra do Ravens semana passada, e a linha é de apenas 2.5 pontos?! Eu confio na defesa do Texans, mas não confio no ataque, e eu confio que o Seahawks é um bom time de futebol americano... embora fora de casa quase tenha perdido do PAnthers. Ok, vamos em frente, eles definitivamente tem o benefício da dúvida.


BUCS over Cardinals
Contra o spread: BUCS (-2.5) over Cardinals
Escrevi ontem sobre o Bucs, então vocês sabem o que eu penso de Mike Glennon. Mas o que eu realmente acho desse jogo é que, em casa, o Bucs vai vencer uma briga de foice de placar baixo com alguns bons passes longos do calouro, todo mundo vai achar que o time está pronto, dai eles vão tomar o choque de realidade quando as defesas se prepararem para um QB que não consegue tomar decisões sob pressão ou se movimentar no pocket (de acordo com o scouting report da ESPN). Mas eu confio em um bom jogo de Doug Martin e da defesa.


LIONS over Bears
Contra o spread: LIONS (-2.5) over Bears
O Bears é um bom time, isso eu tenho certeza. Mas seu record de 3-0, com dois jogos decididos por uma posse de bola e duas partidas contra times 0-3, engana um pouco para mim. O Bears é bom, mas não é elite. E o Lions é um time um pouco inferior, mas que joga em casa e que representa um missmatch em diversos aspectos. Vou confiar na minha intuição pela última vez na temporada (se der errado, claro).


CHIEFS over Giants
Contra o spread: CHIEFS (-4) over Giants
Por tudo que eu escrevi acima, e pelo fato de que o Giants tem a pior OL da NFL e enfrenta o lider em sacks da liga, em um Arrowhead Stadium lotado e barulhento contra um time secretamente muito bom do Chiefs. Eu sei que os turnovers do Giants vão normalizar, mas é um matchup ruim para isso acontecer contra um time que ainda não cometeu nenhum na temporada. Não consigo apostar no Giants nesse momento, especialmente sem três linemen.


TITANS over Jets
Contra o spread: Jets (+3.5) over TITANS
O Jets é um time razoável e o  Titans tem tido alguma sorte esse ano com turnovers que vai normalizar cedo ou tarde e essa poderia ser uma pick suspeita... se o jogo fosse em NY. Em Nashville, e com Geno Smith continuando a tradição de interceptações da franquia contra uma defesa surpreendentemente boa, eu não me sinto confortável escolhendo o Jets. Mas vai ser um jogo feio e de placar baixo, o que favorece o Jets e esse spread. Por isso Titans ganha, mas acho que o Jets cobre.


Cowboys over CHARGERS
Contra o spread: Cowboys (-2) over CHARGERS
Mudei essa escolha cinco vezes desde que vi que Miles Austin não joga. Fico com Cowboys porque a defesa tem se mostrado muito boa pressionando o QB nesse começo de ano e o Chargers deve ter dois desfalques na linha ofensiva. Matchup ruim.


Redskins over RAIDERS
Contra o spread: Redskins (-2.5) over RAIDERS
Dois times ruins de futebol americano se enfrentando. Porque ir de Redskins fora de casa? Porque eu acho o Raiders pior, porque Terrelle Pryor vem de uma concussão e pode perder o jogo, e porque RG3 uma hora vai ter um bom jogo para todo mundo overreact "YES, 2012 RG3 está de volta!!". Eu diria mais, mas cada letra a mais gasta nesse jogo me deprime.


BRONCOS over Eagles
Contra o spread: BRONCOS (-10.5) over Eagles
Esse tem meu voto para "primeiro tempo mais divertido da rodada até o Broncos abrir 20 pontos de vantagem". O melhor ataque da NFL contra o ataque mais rápido e criativo da liga? Estou espumando só de imaginar. E sim, não tem a menor chance da horrível defesa do Eagles segurar Peyton Manning na altitude de Denver.


FALCONS over Patriots
Contra o spread: FALCONS (-2) over Patriots
Patriots convenceu semana passada contra o incrivelmente disfuncional Bucs, mas não convenceu na temporada, e esse jogo é obrigação de vitória para o Falcons, jogando em casa, em seu estádio fechado. Eu não fico realmente animado escolhendo essa defesa horrível do Falcons contra Tom Brady, mas ainda assim, em casa e um must-win para o Falcons é suficiente para justificar.


SAINTS over Dolphins
Contra o spread: SAINTS (-6.5) over Dolphins
Por quatro motivos: 1) O Dolphins ganhou os seus três primeiros jogos mesmo tendo menos jardas em todos -  o último time a fazer isso foi o Cardinals de 2012, que começou 4-0 e terminou 1-11; 2) Por mais que eu esteja gostando do que vejo em Ryan Tannehill, ainda preciso ver ele em um estádio fechado; 3) O melhor jogador de Miami, Cameron Wake, não vai jogar; 4) O Dolphins tem um bom time mas não é montado para jogar atrás no placar ofensivamente. Junte tudo isso, e eu fico com o bom-mas-um-tanto-overrated Saints.


2013' Record: 20-12
2013' contra o spread: 14-18

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

A importância de não começar 0-2 na NFL

Tom Coughlin não entendeu nada desse post


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Um tema bastante comum quando passamos as duas primeiras semanas da NFL, é que você vai ler bastante por ai seja no twitter, em sites, blogs ou tudo mais, é sobre o que significa para um time começar 0-2 (ou, as vezes, 2-0). Por algum motivo, essa marca de 0-2 virou um "padrão" para separar times de playoffs dos times que estarão fora da briga. Claro, isso não vem sem algum padr ão histórico: desde 1990, quando a NFL expandiu sua pós-temporada para o formato de 12 times que conhecemos hoje, apenas 11.6% dos times que começam a temporada 0-2 conseguem chegar aos playoffs. É um número baixo e que levanta preocupações, especialmente em uma temporada tão curta como a da NFL. Eu nunca entendi porque exatamente essa marca de 0-2 que foi "escolhida" - talvez porque 0-3 já seja um poço grande demais - mas fato é que ela é bastante usada por ai, todo santo começo de temporada. Esse ano, tivemos oito times que começaram o ano 0-2: Giants, Panthers, Browns, Jaguars, Vikings, Steelers, Bucs e Redskins. Então seu início com duas derrotas parece indicar, em um primeiro momento, que esses times já estão praticamente eliminados da briga.

Então, considerando o destaque que esse começo 0-2 recebe por ai, eu decidi fazer minhas próprias pesquisas no assunto e tirar minhas próprias conclusões sobre o que significa exatamente começar 0-2, e ver se descobrimos alguma coisa interessante no processo. Esse post é sobre os resultados da minha pesquisa, minhas conclusões e rápidas análises de cada caso de times da temporada.

Para isso, recorri a base de dados (e excelente mecanismo de pesquisa) do excelente Pro-Football Reference. A amostra usada foi a minha favorita quando tratamos de NFL, ou seja, a partir de 2005 e até hoje. Eu gosto particularmente dessa amostra porque, embora não seja a maior, 2005 foi quando a maior parte das regras que a NFL mudou para favorecer os jogos aéreo começou a valer. Ainda demorou alguns anos de adaptação para chegar no festival de jardas aéreas que vemos hoje, mas isso começou com as regras que passaram a valer em 2005, foi quando o jogo começou a se aproximar mais do que vemos hoje, e por isso é uma amostra que eu acho que apresenta maior relevância quando olhamos para o jogo de hoje do que se olhássemos uma amostra dos anos 90, por exemplo.

Então com ajuda do PFR, descobri que 69 times (e mais 8 em 2013) desde 2005 começaram a temporada 0-2 (a lista completa eu vou colocar nos comentários para quem se interessar). Desses 69 times, apenas 5 deles conseguiram chegar aos playoffs, um índice de aproveitamento de apenas 7.25%. Para piorar, dos últimos 30 times que começaram a temporada com duas derrotas, nem um deles conseguiu chegar na pós-temporada, algo que realmente não é animador para os oito times que ainda buscam sua primeira vitória.

A primeira coisa que eu acho interessante reparar é que esse índice de "aproveitamento" de 7.25% é consideravelmente inferior ao de 11.6% que obtemos se pegamos todos os anos desde 1990 (22 times de 190). Embora isso possa ser resultado em parte de uma amostra pequena, não acredito que seja o caso: se pegarmos apenas os times 0-2 entre 1990 e 2004 (ou seja, logo antes das novas regras), obtemos que 14.05% desses times chegaram aos playoffs, uma taxa quase duas vezes maior do que os 7.25% desde então. Ainda que uma parte disso possa ser atribuído a uma amostra pequena, e outra parte a um aumento no número de times, mas as duas ainda não são suficientes para explicar tamanha diferença. Seria interessante fazer uma pesquisa mais aprofundada nesse sentido e ver exatamente o que motivou essa mudança grande, mas por enquanto, eu tenho uma teoria: as novas regras relativas ao jogo aéreo criaram uma distorção muito grande em relação a posição de quarterback. O QB sempre foi o jogador mais importante de uma equipe, mas seu impacto era muito mais limitado antigamente, como comprovam os anéis de campeão de Trent Dilfer e Brad Johnson no começo da década passada. Ter um grande QB sempre foi um enorme ativo para qualquer equipe, mas seu impacto no jogo era menor (comparativamente falando, claro) em relação ao resto do time, defesa, jogo terrestre e etc. Hoje, só um QB sozinho com um time medíocre já é capaz de garantir umas 10 vitórias para sua equipe porque ele tem muito mais liberdade para impactar o jogo. Então hoje em dia, a diferença entre ter um Aaron Rodgers e ter um Christian Ponder - independente do resto do time - causa um impacto muito, mas MUITO maior do que causava nos anos 90. Então hoje, a maioria das vagas de playoffs são dominadas por times com bons ou grandes QBs, e a natureza atual do esporte onde o QB impacta muito mais cada jogo torna muito mais difícil para que um time com QB assim perca dois jogos seguidos dessa maneira. Ou seja, se você perdeu os dois primeiros jogos, boa chance é que não tenha um grande QB, e os times que tem são hoje em dia muito mais fortes candidatos a chegarem aos offs. Essa pelo menos é minha teoria para explicar tamanha diferença.

Mas deixando as teorias de lado e voltando aos dados. Uma coisa que também sempre achei curioso é que não existe motivo para duas derrotas nos primeiros jogos serem mais significativas do que derrotas nos dois últimos, ou em dois jogos aleatórios no meio da temporada. Ainda assim, apenas 7.25% dos times que começam 0-2 chegam aos playoffs, enquanto que 32.5% dos times da NFL inteira vão aos playoffs. Essa diferença representa mais do que somente o buraco que um time 0-2 tem que subir para chegar nos playoffs (afinal, tem que ganhar o mesmo número de jogos dos adversários com menos partidas para tal), ela representa um viés de seleção: nossa amostra composta por times nessa situação vai, naturalmente, incluir uma tonelada de times que perderam os primeiros jogos simplesmente porque são times ruins! Obviamente isso não significa que só porque um time começou 0-2 ele é um time ruim, mas nossa amostra de times nessa situação vai incluir na sua maioria times que perderam os dois jogos porque estão entre os piores da liga, e times assim raramente vão para os playoffs mesmo. Então esses 7.25% acontecem menos por causa da desvantagem de começar com duas derrotas e muito mais porque grande parte dos times que começam assim simplesmente eram ruins desde o começo e continuarão a ser ruins durante a temporada.

As evidências empíricas parecem indicar nessa direção: times que começam 0-2 terminaram o ano em média com 5.2 vitórias, o que mostra que sim, times que começam 0-2 chegam nos playoffs porque em geral eles são ruins mesmo. Para pegar um nível mais preciso de performance, peguei também a Pythagorean Expectations dessas equipes, e ela também deu um resultado parecido: 5.7 Pythagorean Wins em média para os times que começam o ano com duas derrotas. Sim, a diferença é explicável, mas também aponta na mesma direção, que na média esses times são ruins mesmo.

Pensando um pouco mais no caso atual - ou seja, como podemos ter uma noção de que os times atualmente 0-2 são ruins ou não, tem ou não uma chance de dar a volta por cima - a questão era como ter uma noção, após apenas duas semanas, de como avaliar se um time é (ou é esperado que seja) bom ou não. A melhor forma que me ocorreu foi simples, pegar o record do ano anterior como parâmetro. Obviamente esse método não é perfeito, times mudam consideravelmente de um ano para outro, com drafts, free agency, lesões, evoluções ou regressões de jogadores e contra a média, etc. Mas ainda assim, é a melhor forma que me ocorreu, e pegando os records um ano antes de cada um desses 69 times, minha expectativa era algum indicador de que na média esses times já fossem de certa forma fracos. E eu não me decepcionei: entre esses 69 times, a média do ano anterior foi de menos de 7 vitórias (7.1, para ser preciso) e 6.9 de Pythagorean Wins. Então considerando que essa amostra ainda conta com alguns times como 2011 Colts e 2010 Vikings que sofreram quedas brutais depois de perder seu Franchise QB mas que foram muito bem um ano antes, é possível ver uma relação se formando - de fato, a correlação entre o record ruim desses times em um dado ano e seu Pythagorean no ano anterior é positiva e significativo, de quase 33% (.327). 

Uma vez que estabelecemos alguns pontos para mostrar que de fato, o maior inimigo dos times 0-2 que querem chegar nos playoffs geralmente são esses próprios times, vamos dar uma olhada nas equipes que conseguiram chegar nos playoffs. Elas são as seguintes: Chargers de 2008; Chiefs de 2006; Vikings de 2008; Dolphins de 2008; e Giants de 2007. Com uma exceção, da qual falaremos mais tarde, o que chama a atenção nos outros quatro times é que eles foram todos bons no ano anterior: todos terminaram 50% ou acima, e três deles possuíam Pythagorean Expectations bem altos (11.3, 10 e 9.5, com o quarto no 8-8). Com exceção da nossa... bem, da nossa exceção, nenhum desses quatro times passou por grandes ou profundas mudanças no seu time ou no seu QB: todos foram bons times um ano antes e que acabaram sendo novamente bons o suficiente para arrancar uma vaga nos playoffs, em geral com ajuda de alguma sorte: tirando o Chargers (que ficou duas vitórias abaixo da sua PE), todos superaram sua Pythagorean Wins por até 2.2 vitórias (embora essas 2.2 vitórias sejam do nosso time "execeção". Já chegaremos nele). E desses quatro times, nenhum sofreu uma grande reviravolta do ano anterior em termos de performance: dois deles evoluíram em duas vitórias, mas ambas foram mais em termos além do seu controle, já que suas Pythagorean Wins subiram em apenas 0.3 e 0.8. Na verdade, dois desses quatro times até perderam vitórias de um ano para outro (1 e 3, 1.1 e 1.5 em termos Pythagoreans respectivamente), mas eram bons o suficiente para se manter com um número de vitórias que lhes garantiu playoffs. Então isso de certa forma corrobora as conclusões anteriores: times 0-2 perdem os playoffs na média porque são ruins e foram ruins antes, e portanto a maior esperança que seu time pode ter depois de um começo desses é vir de um histórico recente de sucessos que, caso não tenha acontecido nenhuma grande mudança de um ano a outro, indicam que seu time ainda é bom o suficiente para dar a volta por cima depois desse começo.

A nossa exceção aqui é o Dolphins de 2008, um time que vinha de uma campanha 1-15 um ano antes e que milagrosamente venceu 11 jogos e a divisão em 2008. Embora ele contrarie um pouco a nossa tentativa de explicar o "nível" de um time no começo de um ano olhando para sua campanha recente, ele também não deixa de ser um caso interessante. Antes de mais nada, essa reviravolta de 10 vitórias foi um pouco enganosa: o time 1-15 de 2007 terminou 4-12 em Pythagorean Wins, então uma boa parte nada mais era do que regressão a média normal. Além disso, as 11 vitórias também enganam, já que o time teve uma Pythagorean Expectations de 8.8 vitórias. Então eles realmente tiveram uma influência enorme de fatores externos. Também vale citar que, depois de perder 24 jogos combinados em 2007, Ricky Williams e Ronnie Brown jogaram todos os jogos possíveis em 2008, combinando para mais de 1600 jardas com Brown indo inclusive ao Pro Bowl. Mas talvez mais importante, eles fizeram um upgrade IMENSO de QB: depois de uma temporada inteira de Cleo Lemon, Trent Green e John Beck na posição, eles trouxeram Chad Pennington para 2008 e ele logo teve a melhor temporada da sua carreira, com um QBR de 78 e uma vaga no Pro Bowl. Então uma parte dessa grande melhora do Dolphins foi atribuida a fatores externos, e a outra foi devido a uma imensa melhora em posições chave, especialmente seu QB. Ainda que seja a exceção e não a regra, é um caso que vale a pena ter em mente quando olhamos para times 0-2 pois trás alguns fatores que podem se repetir, especialmente a evolução de QB (vale citar: desses 69 times, entre os que mais evoluiram em termos de vitórias de um ano a outro estão esse Dolphins, o Rams quando Sam Bradford chegou, o Panthers quando Cam Newton chegou, e o Detroit Lions na primeira temporada saudável de Matt Stafford).

Ainda assim, eu concordo que "ir aos playoffs" é um parâmetro um tanto quanto ruim porque envolve uma grande influência de fatores externos, como competição na divisão ou na conferência de um dado ano. Esse Chargers, ainda que com um Pythagorean Wins de 10.2, terminou o ano 8-8 e só foi aos playoffs porque jogava em uma divisão horrível, por exemplo. Ao mesmo tempo, outros bons times podem ter ficado de fora dos playoffs por conta de uma divisão mais forte ou mesmo por caso de azar em relação a seu nível real de performance. Então ao invés de pegar times que foram aos playoffs, vamos ver aqueles que terminaram com 9 vitórias ou mais nessa mesma temporada. Nesse caso, temos seis times obedecendo a esse critério dentro da nossa amostra (8.7%): os quatro primeiros foram aos playoffs (11, 10, 10 e 9 vitórias), e dois deles (05' Chargers e 05' Vikings) não foram apesar das 9 vitórias. Novamente com a exceção do nosso querido 08' Dolphins, os outros cinco times obedecem ao critério do ano anterior: todos terminaram com 8 vitórias ou mais e com Pythagorean Expectations acima de 8, inclusive um 11.2, um 10 e um 9.5. A PE de nenhum desses cinco (não-Dolphins) não subiu ou caiu mais do que 1.5 vitórias em relação a PE do ano anterior, inclusive. 

E se usarmos, ao invés do record final, o número de Pythagorean Wins da equipe em um dado ano, para eliminar fatores como sorte ou azar (ou em geral, fatores externos)? Nesse caso temos sete (10.1%)  com 8.5 ou acima (e quatro acima de 9), inclusive nossos cinco times de playoffs. Os dois times que não foram aos offs são o 9-win Chargers de 2005 (10.7 PE) e um 8-win Eagles (9.2 PE) de 2007, e novamente temos seis deles com boas campanhas um ano antes: todos com 8 vitórias ou mais e 8 ou mais Pythagorean Wins, inclusive cinco a 9.5 ou acima (e um 8 cravado) - tirando, é claro, nosso Dolphins. Mais evidência apontando na direção de que a melhor forma de conseguir um bom ano quando você começa 0-2 é ter sido bom um ano antes.

O que, é claro, não quer dizer que um bom ano anterior garante que você vá sair bem desse começo desastroso. Na nossa amostra, temos 22 times que terminaram o ano anterior com Pythagorean Expectations acima de 8.5: esses times ganharam apenas 6.2 (6.7 PE) em média na temporada que começaram 0-2, e embora seja uma vitória inteira de média acima da média geral desses times, ainda não é uma boa marca (os times que tiveram PE um ano antes de 8.5 ou menos e começaram 0-2 o ano seguinte ganharam em média 4.7 jogos com uma PE de 5.1). Então vir de uma sólida temporada te da, naturalmente, uma perspectiva muito melhor de futuro do que um time ruim que veio de uma temporada ruim, mas sozinho não garante nada para você.

Então a conclusão que podemos chegar depois de todo esse passeio pelos dados é de que o baixo índice de sucesso nos playoffs de times 0-2 não é por causa do record em si, e sim porque times ruins tem muito mais probabilidades de começarem assim do que times bons, então isso naturalmente faz com que os times presentes nessa amostra sejam majoritariamente os piores da temporada. Se o seu time começou 0-2, pode ser um sinal de que ele seja um dos times ruins de um dado ano, mas também não é uma garantia: alguns times podem ter particular azar nesses jogos, alguns podem enfrentar um começo de calendário mais forte do que outros, alguns podem ter jogadores retornando de lesão nas semanas seguintes, e por ai vai. Temos inclusive alguns exemplos de times que começaram assim mas tiveram boas conclusões de anos, seja terminando com 9 ou mais de Pythagorean Wins ou mesmo chegando aos playoffs - uma minoria, mas temos casos. E a não ser em casos especiais com grandes mudanças de pessoal como no caso do Dolphins de 2008, o melhor indicador de otimismo é mesmo olhar para os números da temporada anterior e procurar a performance dessa equipe. 

Para terminar, vamos dar uma olhada então nos oito times que começaram a temporada 2013 com um 0-2 e ver mais ou menos aonde cada um deles se encaixa nesses números. Só para deixar claro, a idéia aqui é olhar menos para o que eu acredito pessoalmente de cada time e do seu nível de jogo e mais para o que os números dessa pesquisa nos mostram, e aonde eles parecem se encaixar.

  • Cleveland Browns e Jacksonville Jaguars são praticamente dois que ninguém tem motivos para acreditar nada, pelos números ou não. Ambos foram ruins em 2012 (5/6.2 e 2/3.4 em vitórias/Pythagorean Wins, respectivamente) e ambos parecem muito ruins agora, especialmente considerando que o Browns acabou de trocar seu RB ex-3rd pick do draft por uma escolha futura. Nenhum motivo para acreditar em uma vaga para qualquer um desses dois, os dois foram mal em 2012 e nenhum passou por uma evolução nessa offseason significativa.
  • Carolina Panthers é o outro time desses oito além da minha "exceção" do ano que terminou 2012 com 8 vitórias ou menos e 8 ou menos de Pythagorean Wins, e mesmo assim foi próximo: 7/7.9, respectivamente. Ainda que eu tenha escrito ontem sobre os problemas que levam o Panthers a diminuirem suas chances de vitória (último ponto), eles ainda perderam dois jogos decididos no final e nos detalhes. Seus números de 2012 não indicam um grande time (apesar de indicar um sólido) e entre os times que começaram 0-2 depois de terminar o ano anterior com Pythagorean Wins entre 7 e 8, apenas um chegou aos playoffs: o 2007 Giants, que ironicamente acabou sendo campeão do Super Bowl. O Panthers tem até aqui o segundo melhor saldo de pontos (logo, PE) em 2013 desses oito times, e se eles jogassem na AFC e com um técnico melhor, eu possivelmente estaria mais otimista, mas pode ser o sleeper desse octeto. 
  • O Pittsburgh Steelers também seria um candidato interessante, tendo terminado 2012 com um Pythagorean Wins de 8.6 (quarto melhor entre esses times) e jogando na conferência mais fraca. Mas considerando todas as perdas que sofreu nessa offseason e nesse começo de ano (com Larry Foote e principalmente Maurkice Pouncey fora da temporada), me parece uma regressão bem grande a caminho da equipe. Na verdade,  nenhum time que terminou a temporada anterior 8-8 e começou 0-2 conseguiu terminar o ano com Pythagorean Wins acima de 7.2.
  • Minnesota Vikings e Washington Redskins seriam, no papel, dois dos fortes candidatos a enganar esse começo de 0-2: os dois ganharam 10 jogos em 2012 e tiveram PE de 8.8 e 9.1, respectivamente, fatores que como vimos são quase pré-requisitos para um time que quer dar a volta por cima. Então eles definitivamente não podem ser descartados. Ainda assim, me pergunto se não são o tipo de time que sofreu uma piora numa posição chave em relação ano passado: 2013 RG3 me parece (sem querer overreact a duas semanas) uma considerável piora em relação a 2012 tanto fisica e técnicamente como no que a comissão técnica parece disposta a deixar ele fazer, e Adrian Peterson é extremamente improvável que repita as 2000 jardas de 2012. Considerando que esses foram os dois principais fatores que colocaram esse time tão alto um ano atrás, são dois fortes candidatos a regressão.
  • Da única vez desde 2005 que o New York Giants começou a temporada 0-2 eles ganharam o título, então podem começar a encomendar o anel. Mas falando sério, o Giants aqui é provavelmente o maior candidato a dar a volta por cima: foi o melhor de todos esses times em 2012 com 10 Pythagorean Wins, joga na divisão mais fácil da conferência e, a não ser que David Wilson seja realmente o Anticristo do fantasy e não possa pegar as chaves do carro sem sofrer um fumble, é um time que não parece apresentar nenhuma grande piora em posição chave para o ano anterior. Três dos quatro times não-Dolphins que começaram 0-2 e foram aos playoffs tiveram números "anteriores" bem parecidos com os do Giants, e me parece irreal que eles continuem sofrendo turnovers nessa proporção. Essa aqui é a melhor aposta para playoffs do grupo.
  • E por fim, o Tampa Bay Bucs é a minha exceção do ano. Isso acontece por dois motivos: primeiro, porque apesar de ainda ter Josh Freeman de QB e tudo mais, foi um time que adicionou dois All-Pros na sua defesa e isso pode muito bem contar como "evolução grotescamente forte em uma posição chave". E segundo e mais importante, porque entre esses oito times, ele é de longe o time que MENOS deveria estar 0-2, com uma Pythagorean Expectations de 0.9-1.1. Se 0-2 é um indicador de que seu time pode ser simplesmente ruim, então o Bucs parece escapar disso mais do que os outros dessa lista. Entre os outros 76 times que começaram 0-2 desde 2005 (incluindo os desse ano) - e na verdade, incluindo todos os outros 197 times desde 1990 - apenas um outro começou o ano 0-2 com um saldo de pontos de apenas -3: o Chargers de 2008, que acabou o ano indo aos playoffs com 8-8 (e um Pythagorean Wins de 10.2, vale citar). Então eles estão em boa companhia, ainda que eu me pergunte se seja realmente azar e não algo mais. Esse é provavelmente, depois do Giants, o maior candidato a terminar o ano bem, até porque seu Pythagorean em 2012 foi de 8 vitórias.

Palpite para o Thursday Night Football


Chiefs over EAGLES

De certa forma, esse é o confronto entre a força irresistível contra o objetivo que não pode ser movido. O Eagles é o time que joga em extrema velocidade ofensivamente e gosta de jogos de inúmeras posses de bola, vencendo os adversários no volume de ataque. Enquanto isso, enfrentam um time do Chiefs que é exatamente o oposto, gosta de jogar devagar, controlar o relógio e maximizar cada posse de bola. Duas filosofias de ataque exatamente opostas, e acho que o Chiefs vai ter mais sucesso implementando a sua: o ataque do Eagles vai tentar fazer valer seu esquema ofensivo contra uma excelente defesa de Kansas, enquanto o do Chiefs vai ter que fazer o mesmo contra uma bem fraca defesa da Philadelphia. Então acho que esse jogo é um matchup favorável a um time muito bom do Chiefs
Contra o spread: Chiefs (+3.5) over EAGLES

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Preview NFL 2013 - New York Giants

A cara do Eli Manning nessa foto dispensa legendas



Para saber do que estamos falando aqui e dessas estatísticas, recomendo a leitura desse post antes
Se quiser opinioes e analises sobre o Draft, voces podem ler o Running Diary da primeira rodada ou o manual de como avaliar um Draft na NFL


Depois de terminar a série de previews da AFC East para a temporada 2013 da NFL, passamos a falar da NFC East, começando pelo atual campeão dela, Washington Redskins, e depois pelo Dallas Cowboys. Hoje, vamos continuar falando da divisão com o mais recente campeão da NFC, New York Giants. Se você não tem ideia do que estou falando, recomendo que leia esse post introdutório. Btw, a falta de crases nesse texto é porque esse teclado não tem crase, então não reparem, ok?

New York Giants

2012 Record: 9-7
Ataque ajustado: 7th
Defesa ajustada: 16th


Isso vai ser mais aprofundado quando falarmos sobre o Baltimore Ravens, mas basicamente, sucesso na pós-temporada significa muito pouco ou quase nada sobre um time em comparação a temporada regular como um todo. A amostra é muito pequena (especialmente porque cada rodada tem apenas um jogo) e esses três jogos dependem muito de sorte, acaso e de um times que simplesmente pegam fogo na hora certa, como foi o caso do Giants em 2011. Mas na hora de avaliar o verdadeiro nível de um time em uma temporada e indo para frente, uma amostra de 16 jogos significa muito mais do que os três ou quatro finais, e são nesses que temos que nos basear ano a ano, por mais que um monte de torcedores do Ravens estejam tentando me matar nesse momento. Claro, isso não é definitivo, é possível que haja uma mudança importante (uma mudança de QB logo antes dos playoffs, a volta de um jogador machucado, etc) que cause uma evolução sustentável, mas são casos raros e, em geral, sucesso ou fracasso nos playoffs diz muito pouco sobre o futuro da franquia.

Digo isso porque, após a temporada 2011, era possível esperar uma regressão da equipe, cujo Pythagorean Expectations foi um pouco abaixo de 8-8 e que terminou a temporada 5-3 em jogos decididos por uma posse de bola. Ainda que muitas pessoas esperassem uma temporada espetacular em 2012 por conta da performance do time nos playoffs e da volta dos muitos jogadores que perderam parte da temporada por lesão, eu lembro especificamente de ter apostado em um 9-7 para o Giants ao final da temporada seguinte por conta desse potencial de regressão da equipe ("cancelado" pela volta dos seus jogadores, mantendo o record em 9-7). Então sim, as vezes eu acerto.

Mas acontece que temos também o outro lado da moeda: o Giants foi um time muito melhor em 2012 do que 2011 e que ficou abaixo do seu rendimento em termos de record. Uma série de fatores (já iremos para eles), entre eles o mais óbvio de jogadores ficando saudáveis, impulsionou a equipe a ser o sétimo melhor time da NFL em eficiência (per Football Outsiders) e terminar com um Pythagorean Expectations de 10-6 (oitavo melhor da NFL quando consideramos os decimais). Então se em 2011 a equipe de NY terminou acima da sua produção e alguma redução fosse esperada, em 2012 aconteceu o contrário.

A primeira causa, como já foi dita, foram as lesões da equipe em 2011 que deram uma trégua em 2012. Prince Amukamara, a escolha de primeira rodada da equipe, perdeu 6 jogos e jogou intermitantemente nos outros 10; jovens WRs Ramses Barden e Domenik Hixon perderam quase 20 jogos combinados; o melhor CB do time, Terrell Thomas, perdeu a temporada; Osi Umenyora perdeu quatro jogos e esteve limitado em vários outros; Justin Tuck perdeu cinco jogos; William Beaty e seu reserva, Adam Koetz, perderam 22 jogos... Entre outros jogadores menores. Em resumo, mesmo antes da temporada começar o time já estava sem seu CB titular, seu terceiro CB, dois dos melhores DEs da NFC, e por ai vai. Especialmente na defesa, o time estava bastante magro em termos de perder alguns dos seus melhores jogadores (ou vê-los produzir de forma limitada) ou então por perder quase toda sua profundidade em certas posições. Então assim como foi dito no caso das lesões do Cowboys, era esperado que esse azar de ter todas as lesões acontecendo ao mesmo tempo não se repetisse.

O maior afetado em 2011 pelas lesões foi a defesa. Eles perderam dois dos seus três principais CBs para começar a temporada (Amukamara eventualmente voltou perto dos playoffs, mas não a 100%) e dois dos seus reservas ao longo dela e a dupla titular de DEs do que foi a terceira melhor defesa de 2010 (Umenyora e Tuck) perdeu diversos jogos. E talvez mais importante, isso aconteceu logo antes da temporada começar, o que não deu ao time uma offseason inteira para modificar seus esquemas e treinar novas formações com tempo para corrigir seus problemas, isso tudo teve que ser feito durante a temporada mesmo. Não surpreende então que a defesa do time tenha tido tantos problemas ao longo do ano desse lado da bola, terminando com apenas a 19th melhor defesa da temporada. Nos playoffs, essa defesa deu um grande salto de produção principalmente por causa da sua linha defensiva e da atuação miraculosa de Jason Pierre-Paul, mas aqueles números não voltaram a se repetir numa amostra de jogos maior em 2012.

Mas ainda que as lesões tenham regredido para um patamar mais normal, e a defesa tenha melhorado como consequência, não foram elas que determinaram a considerável melhora do time para 2012. A melhora não foi tão grande assim (de 19th para 16th melhor, principalmente motivada por uma melhora na secundária e no pass rush) e o time sofreu bastante contra o jogo terrestre ao longo do ano. Mesmo com seu trio do inferno de DEs saudável (Pierre-Paul, Tuck e Mathis Kiwanuka), o meio da sua linha defensiva não conseguiu fazer um bom trabalho ocupando bloqueadores e tirando as marcações duplas desses jogadores mais destrutivos. Então mesmo que uma pequena evolução tenha se mostrado, não foi ela que impulsionou a melhora da equipe.

Na verdade, essa melhora veio do outro lado. Mais especificamente, o ataque da equipe mostrou uma evolução grande por parte do seu jogo terrestre, que passou de um vergonhoso 19th melhor em 2011 para um impressionante quinto melhor em 2012. E isso se deveu a duas causas. A primeira foi uma melhora considerável na linha ofensiva. Em parte por alguns jogadores importantes que voltaram de lesão (Adam Koetz perdeu a temporada, William Beaty se machucou na nona semana), em parte pela chegada de David Bass, e outra simplesmente porque jogadores que já estavam no elenco simplesmente ganharam mais espaço e tempo de jogo e superaram as produções dos anos anteriores, mas o fato é que a linha ofensiva do Giants passou de uma das piores da temporada abrindo espaços perto da linha de scrimmage para uma das melhores, o que da mais espaço para RBs explosivos passarem pela primeira linha de contato. E essa é a secunda causa de melhora da equipe, o fato de que o Giants deu um grande salto em termos de running back. Tirando o fato de que Ahmad Brashaw teve uma temporada 2011 cheia de lesões e mesmo quando jogou esteve limitado, boa parte dessa melhora aconteceu porque Tom Coughlin tirou grande parte dos toques de jogadores muito ineficientes como Brandon Jacobs, DJ Ware e a versão lesionada do Bradshaw e distribuiu entre talentos mais jovens e explosivos como Andre Brown e principalmente o calouro David Wilson (os dois com médias de jardas por corrida acima de 5.0), o que facilitou o trabalho desse ataque. Com Bradshaw fora da jogada e Brown e Wilson jogando atrás do que se espera que seja uma OL igualmente eficiente, a tendência é que esse ataque terrestre seja ainda melhor em 2013.

O último motivo pelo qual o Giants foi melhor em 2012 do que em 2011 foi o calendário. A equipe teve o quarto schedule mais difícil quando foi campeão, e esse número caiu para o décimo mais forte em 2012. O esperado pelos números desse ano é que continue caindo para ser apenas o nono mais fácil de 2013, então a equipe também tem isso trabalhando a seu favor.

O problema do Giants nessa offseason, no entanto, foi semelhante ao do Cowboys. A equipe tinha uma folha salarial muito alta, próxima do teto, e vários jogadores importantes que precisavam de novos contratos, em especial Victor Cruz. Essa situação é bastante delicada, porque força o time a se livrar de alguns jogadores do elenco para abrir esse espaço salarial, e a basicamente escolher quais jogadores ele quer manter e quais não devem ser perseguidos (as vezes isso da errado, mas esperemos o Ravens). Então o Giants acabou dedicando a maior parte dessa folha salarial a um eventual acordo com Cruz (que acabou acontecendo), mas para isso teve que abrir mão de renovar com Chase Blackburn (melhor LB do time), Martellus Bennett (TE titular, 55-626-5* e um papel importante como bloqueador), Umenyora (esse ninguém se importou muito), Kenny Phillips (FS titular), Chris Canty (DT titular) e dispensar seu segundo melhor LB eM Michael Boley. Mesmo que o Giants tenha trazido algumas peças para o lugar de toda essa galera (Ryan Mundy para FS, Aaron Ross para CB, Cullen Jenkins para DT são os mais importantes) o saldo final ainda é negativo. Eu não estou dizendo que o Giants foi mal nessa offseason, acho que eles fizeram um trabalho muito bom dada a situação que tinham nas mãos e conseguiram repor algumas das peças, mas quando um time perde sua boa dupla de LBs, seu único TE confiável e seu titular no miolo da defesa, você deve esperar uma piora para o ano que vem. Especialmente quando sua defesa terrestre está com problemas, perder seu DT e dois LBs não é um bom prognóstico.

Claro, isso vai depender muito de como se comportam os jogadores que entrarem nessas vagas. Seja Jenkins (talentoso, mas nunca rendeu o que se esperava entre Saints e Eagles) no lugar de Canty ou quem quer que substitua Blackburn (na minha opinião a maior perda) e Boley, esses jogadores podem acabar igualando a sua produção ou sendo um enorme downgrade, a gente não sabe. É possível argumentar que se a defesa terrestre do time foi tão ruim em 2012, talvez os jogadores responsáveis (e Canty, Boley e Blackburn se enquadram nisso) não foram tão bons assim como se imagina, e então talvez seja mais fácil substituí-los internamente a um custo muito menor. E é um bom ponto! A questão é que não temos como saber até eles entrarem em quadra, mas pelo menos no papel, o Giants perdeu mais talento do que ganhou (embora eu tenha gostado muito da volta do Ross, vai dar a secundária a profundidade que eles precisavam), então se espera uma piora defensiva. Não enorme, mas uma piada.

Ofensivamente, embora seja claro que Bennett represente uma perda considerável no jogo aéreo da equipe, eu acho que a questão é o quanto isso vai afetar o jogo terrestre do time. Ainda que seja difícil calcular exatamente o impacto que a chegada de Bennett teve nisso, a chegada dele foi um dos fatores que coincidiu (junto com outros já citados) com a grande evolução do jogo terrestre (e dos bloqueadores em geral, per Football Outsiders) da equipe. Então embora seja difícil afirmar que a saída dele teria esse efeito, é uma dúvida. Ainda assim, a saida de Bradshaw e o maior espaço para os mais jovens e explosivos Brown e Wilson devem ter um efeito positivo sobre esse jogo terrestre, então a maior preocupação do Giants mesmo desse lado deva ser a busca por um TE para o jogo aéreo. Ainda assim, o ataque não deve ser um problema: eles tem um sólido jogo terrestre, um dos melhores corpos de recebedores do mundo (Wilson em particular é um upgrade imenso sobre Bradshaw recebendo passes) e um QB muito capaz em Eli Manning, o que deve manter o ataque como um dos melhores da NFL (7th em 2011 e 2012).

Manning, aliás, é um ponto interessante de discussão. Ele foi muito mais eficiente em 2012 que em 2011 (67.4 QBR, 10th na NFL) e teve um bom ano, mas também viu sua produção por jogo cair (embora ainda seja a 13th maior da NFL) e também o valor do ataque aéreo da equipe na temporada (4th para 11th). Claro, uma boa parte disso se deve ao fato de que o Giants investiu muito mais pesado no ataque terrestre e as jogadas de corrida ocuparam uma porcentagem muito maior das jogadas do time em relação a 2011. Mas também temos que levar em conta que o ataque do time (a defesa também, mas em menor escala) piorou consideravelmente ao longo da temporada, especialmente o ataque aéreo na segunda metade da temporada (em que o Giants terminou 3-6). O sétimo melhor da temporada, esse número cai para 11th quando usamos os dados ponderados do Football Outsiders (um número que atribui maior peso a um jogo quanto mais tarde ele aconteceu), e embora isso possa ser atribuído a diversos fatores (lesão do Andre Brown, uma tabela consideravelmente mais forte), fato é que os números ajustados da equipe também caíram pelo ar. Eu não digo isso para falar que Manning é um QB ruim ou que teve um ano bom (eu acho Eli um ótimo QB e que teve um sólido 2012), mas ele sofreu algumas oscilações ao longo do ano que podem ser tanto uma preocupação para 2013 como um sinal de que uma estabilidade maior dele possa significar uma evolução ainda maior em um ataque que já foi muito bom em 2012.

Considerando tudo isso, o Giants ainda tem potencial de playoffs em 2012. A defesa deve sofrer um pouco com suas perdas, mas ainda tem um pass rush muito poderoso (que, na minha opinião, deveria ter sido melhor em 2012) e trouxe algumas peças interessantes, de modo que esse enfraquecimento deva ser de certa forma amenizado por isso. O ataque continua forte como sempre, e embora a saída de Bennett levante algumas dúvidas sem um substituto na equipe, Brown e Wilson assumindo o jogo terrestre em tempo integral deva melhorar ainda mais esse ataque, de forma que é razoável assumir que o ataque continue forte. Então embora o Giants de 2013 projete como um time um pouco inferior ao de 2012, o da temporada passada ainda foi um 10-win team (pelas Pythagorean Expectations que tanto amamos) e a equipe deve ter um calendário muito mais fácil nessa temporada, de forma que um 10-6 ou 9-7 e uma vaga nos playoffs pareça ser um resultado adequado para esse time. Embora esse número possa variar de acordo com o que foi dito de Eli, para mais ou para menos, acho uma previsão sólida de um time que sabe melhor que qualquer outro na NFL que, uma vez nos playoffs, todo mundo tem chance de título.


*Pra quem não está acostumado a essa terminologia, isso representa recepções, jardas recebidas, e touchdowns.