Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Escolhas altas de Draft garantem sucesso?

Não se preocupe, Greg Oden - você não está sozinho nessa coluna


Na temporada 2014-15, uma das histórias mais chamativas e polêmicas é o Philadelphia 76ers fazendo um esforço muito forte para se tornar o primeiro time 1-81 da história, desgraçando o esporte, a NBA, e seus torcedores no processo. No momento, o Sixers tem o pior ataque da NBA e a oitava pior defesa, com saldo de -12.8 pontos por 100 posses de bola, uma marca historicamente ruim que seria uma das piores marcas desde 1996 pelo menos (quando começa a database do NBA Stats). Para efeito de comparação, o Sixers de 2014 foi o pior da NBA com -10.7/100 posses, e essa marca esteve muito próxima alguns dias atrás (-15.9) do pior time da história da NBA (em W%), o Bobcats pós-lockout, que teve -15.5.

Tem que ser muito, muito ruim para chegar nesse ponto, e Philly chegou nisso se recusando a contratar jogadores, trocando todos os jogadores que poderiam contribuir um pouco que seja por nada (muitas vezes menos para acumular ativos em retorno e mais para se livrar de alguém que poderia ajudar a vencer jogos), draftando jogadores que ainda não estarão prontos para jogar por mais um tempo (Noel perdeu e Embiid deve perder a temporada de calouro inteira por lesão, Saric vai ficar na Europa mais dois anos), e enchendo seu elenco com jogadores ruins e irrelevantes ao invés de pegar alguém que realmente saiba jogar basquete. Em outras palavras, o Sixers está em meio a um gigantesco esforço a longo prazo para ser o pior possível. 

Por que um time faria isso consigo mesmo e com seus torcedores? Por causa do sistema de loteria atual. É um fato que, na NBA de hoje, é quase impossível ganhar um título sem uma estrela, um jogador Top10 ou Top15 na liga. Mas esses jogadores são raros, e nada fáceis de se adquirir uma vez que já estão estabelecidos na liga. A melhor forma de conseguir essas estrelas é achando uma no Draft, e o melhor lugar para isso é o topo do draft, onde teoricamente são escolhidos os melhores jogadores. Então o jeito mais fácil de conseguir uma estrela dessas é tendo uma escolha alta de Draft, e a melhor forma de conseguir isso hoje em dia é tendo o pior record da liga. O formato da loteria atual favorece isso: se você termina com a pior campanha da NBA, você tem 25% de chance de sair com a primeira escolha, e 100% de chance de sair com uma escolha Top4. É ai que você quer estar para achar os melhores jogadores possíveis que, em alguns anos, possam formar a espinha dorsal de um time vencedor.

Com a forma como a loteria hoje é montada, não existe lugar pior para se estar do que na classe média da NBA, quando você não é ruim o suficiente para ter escolhas altas de Draft e se reforçar com melhores jogadores, mas também não tem um time bom o suficiente para brigar pelo título, sem espaço salarial para fazer um splash. Nessa situação, é preferível você desmontar sua equipe, trocar seus jogadores estabelecidos por jovens talentos e escolhas de Draft, ser ruim um pouco, e reconstruir seu time usando escolhas de Draft.

Mas com o Sixers fazendo tudo isso de forma muito mais intensa, descarada e vergonhosa do que nunca foi feito antes (e olha que a idéia de "tank" vem desde 1984, quando Rockets e Bulls desesperadamente tankaram por Hakeem e Jordan), o debate reaqueceu, e uma mudança na loteria parece inevitável. No começo do ano eu fiz um post sugerindo três formas de mudar a loteria tendo em mente resolver os problemas que o formato atual cria: diminuir tanking, aumentar os incentivos para os times se reforçarem, e tornar a NBA mais divertida de acompanhar. Ainda acho que os três são bastante válidos, mas me permitam uma solução menos radical, em três passos:

1) Aumentar o sorteio para os 4 primeiros lugares do Draft, não só os 3 primeiros. Aumenta assim a chance de times do topo caírem, especialmente considerando o ponto 3 (abaixo).

2) Suavize as odds entre os times. Ou seja, diminua a chance do primeiro e aumente a chance do último ser sorteado, e obviamente, faça isso ao longo de todas as 14 escolhas. Assim você diminui o incentivo e as chances de sucesso para os piores times, e aumenta as chances de times no topo da loteria se reforçarem e darem o próximo passo.

3) Crie a seguinte regra: se um time for sorteado para a loteria (ou seja, para uma das 4 primeiras escolhas), esse time não participa do sorteio pelos próximos dois anos. Ele mantém sua escolha, claro, mas ela não estará participando do sorteio, e só sera encaixada depois. Essa é uma manobra crucial que impede (ou pelo menos dificulta) tanking a longo prazo (como o Sixers está fazendo) e impede que times consistentemente medíocres continuem dando sorte na loteria (Cavs, alguém?).

São três passos simples que mudariam totalmente o que o Sixers está fazendo, por exemplo, e dificultaria muito mais times que querem fazer o mesmo no futuro. As soluções estão ai, falta colocá-las em prática. And yet I digress.

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Mas enfim, eu estou fugindo do assunto da coluna. A pergunta que eu queria fazer aqui era: Tanking realmente trás bons resultados? Em outras palavras, será que escolher no topo da loteria realmente ajuda os times a se tornarem, eventualmente, candidatos ao título em pouco tempo? Ou será que não é tão simples assim, que depende de muitos outros fatores, e que times tem conseguido sucesso através de outros lugares?

Então é isso que essa coluna vai fazer de agora em diante. Vamos olhar para todas as escolhas Top4 de Draft (as quatro que você pode conseguir com o pior record da NBA) e ver aonde cada uma levou a franquia que as selecionou, para tentar entender o quão exatamente foi benéfico para as franquias essa escolha, e se não foi, ver o motivo. Depois, vamos fazer o contrário - olhar para todos os campeões pós-Jordan e entender de onde vieram suas principais peças e seu(s) Franchise Player(s), para entender melhor se o tank tem sido benéfico para esses times. Eu estabeleci também a aposentadoria de Jordan (1998 - e não venha me falar que ele jogou pelo Wizards, aquilo nunca aconteceu) como a nossa data limite, uma mistura de "esses jogadores ainda são conhecidos" e "uma amostra um pouco maior". Então vamos olhar para esses jogadores e ver o que exatamente eles fizeram pelas suas franquias.


Escolhas #1 de Draft

A primeira escolha do Draft, naturalmente, é a mais desejada e valiosa de todas. Ainda assim, vou começar essa parte com a seguinte estatística: desde 1995, apenas UM time na NBA inteira foi campeão com um jogador que draftou #1 - o Spurs, com Duncan e David Robinson. Na verdade, apenas CINCO deles sequer chegaram a uma Final de NBA com o time que os draftou (Duncan,  Kenyon Martin, Iverson, LeBron, Dwight Howard). Não exatamente o modelo de sucesso desejado.

Um dos motivos disso, é claro, é que normalmente para você ter a primeira escolha do Draft você precisa ser muito ruim, e se você é muito ruim, é uma montanha muito maior para subir até as Finais mesmo com uma estrela. Muitos times ainda cometem o erro de querer apressar demais as coisas ao redor de sua nova estrela para chegar mais rápido ao sucesso, e nisso oferecem contratos caros e longos e contratam as peças erradas, o que acaba atravancando o desenvolvimento do time. Ainda assim, não é uma boa forma de começar para quem está tankando.

Além disso, um outro ponto importante: graças a loteria, nem sempre ter a pior campanha significa ter a melhor escolha. Desde 1996, só DUAS VEZES o time com pior campanha teve sua escolha sorteada para ser a #1 (Cavs em 2003 e Magic em 2004). Então junto do nome do time que teve a primeira escolha em cada Draft, colocarei também qual colocação ele tinha antes da loteria começar (AKA qual pior campanha ele teve) para dar uma noção do quão aleatório pode ser ficar com a primeira escolha.


1998 Draft: Michael Olowokandi (Clippers, 3a pior campanha)
Yep, uma forma deprimente de começar essa lista. Olowokandi foi um dos maiores busts da história da NBA, a primeira escolha em um Draft que teve lendas da NBA como Vince Carter, Paul Pierce e Dirk Nowitzki. Olowokandi nunca foi um bom jogador, tendo sua carreira marcada por lesões e inconsistência. Quando saudável chegou a ter números decentes em rebotes e tocos, mas nunca mais do que isso e arremessou apenas 43.5% na sua carreira, número horrível para um pivô. Jogou apenas cinco temporadas com o Clippers e estava fora da NBA em 2007.

Curiosidade do dia: O Boston Celtics ainda tem um cap hold de 940 mil dólares na sua folha salarial até 2016 por Olowokandi. Não, sério.


1999 Draft: Elton Brand (Bulls, 3a pior campanha)
Brand foi escolhido #1 pelo Bulls e imediatamente alcançou muito sucesso individual, com duas temporadas seguidas com 20 pontos e 10 rebotes e se estabelecendo como um dos melhores jovens talentos da NBA e possível Franchise Player para Chicago, ainda que sua estadia em Chicago não tenha se traduzido em campanhas vitorias. Até que a diretoria teve a estúpida decisão de trocá-lo ao final da sua segunda temporada para o Clippers pela escolha #2 daquele Draft (Tyson Chandler).

Eu (e muitos outros) até hoje questionam porque diabos o Bulls faria isso quando Brand já era uma certeza. A história mais repetida é que o Bulls não estava ganhando com Brand (32 vitórias em ambos os anos com ele) e que, apaixonados por uma classe de calouros com muito potencial (em especial... wait for it... EDDY CURRY!) e já tendo a escolha #4 daquele ano (eventualmente Curry), decidiu que preferiria transformar Brand na escolha #2 para recomeçar sua reconstrução com dois jovens com mais potencial (Chandler e Curry). Com Chandler sendo um projeto ainda bem cru, a troca também serviria para abrir espaço para Curry se tornar o Franchise Player do time.

Bom, a troca foi um imenso fracasso. Falarei mais de Curry e Chandler quando chegar a vez deles, mas em resumo, Chandler nunca se desenvolveu como esperado em Chicago e Curry foi um bust bastante caro, que manteve o Bulls travado por anos até ser finalmente salvo por Isiah Thomas. Enquanto isso, Brand continuou tendo ótima carreira em Los Angeles, uma garantia de 20-10 toda noite. Lesões atrapalharam a segunda metade da sua carreira e lhe roubaram do seu auge, mas ele ainda era um sólido PF e possível All-Star enquanto saudável, e isso foi bem mais do que o Bulls conseguiu por ele.


2000 Draft: Kenyon Martin (Nets, 7a pior campanha)
2000 foi talvez o pior Draft da história da NBA, então o Nets pode ficar feliz por ter saído com pelo menos um jogador decente dele. Kenyon Martin nunca foi realmente um grande jogador, ele era mais um bom role player, alguém capaz de pegar uns rebotes, defender bem e acompanhar o resto do time em transição. Só foi a um All-Star na carreira e nunca teve uma temporada com double-double de média, por exemplo. Não é bem o que você espera de uma escolha #1.

Ainda assim, o Nets teve algum sucesso com Martin, chegando eventualmente a duas Finais de NBA em 2002 (perdendo para o Lakers) e 2004 (perdendo para o Spurs). Claro, isso se deveu muito mais a Richard Jefferson (draftado em 2001) e a troca que trouxe Jason Kidd de Phoenix, mas Martin foi parte desses times. Então ele nunca virou o jogador que se espera de uma escolha #1, mas foi um jogador bom o suficiente para ajudar o Nets a ter sucesso na NBA. Eventualmente ele foi trocado para o Nuggets por escolhas de Draft (em uma sign-and-trade), escolhas usadas depois para trazer Vince Carter de Toronto. Role player decente, nunca um grande jogador.

Curiosidade do dia: Martin era um tremendo babaca fora de quadra, brigando com o companheiro Alonzo Mourning por fazer piada com a grave doença no rim do companheiro, sendo suspenso duas vezes pelo próprio time, brigando com George Karl em Denver e quase chegando as vias de fato com um torcedor. Eventualmente ele acalmou e chegou a uma final de conferência com Denver em 2009, mas no geral ele deu mais problemas do que resultados no Colorado.


2001 Draft: Kwame Brown (Wizards, 3a pior campanha)
Kwame Brown é um dos piores jogadores da história da NBA selecionados com a escolha #1. Ainda naquela época onde colegiais crus estavam inundando a NBA, ganhando muito dinheiro e status cedo demais, e fracassando, Brown talvez tenha sido o ápice dessa era, um jogador muito hypeado vindo direto do colegial que foi vitimado por ser escolhido na hora errada, pelo time errado, com as expectativas erradas. Jogou quatro anos em Washington antes de ser trocado, nunca desenvolveu como esperado, e basicamente foi vaiado aonde quer que fosse. A história de Kwame Brown me insira mais pena do que outra coisa, mas é mais um exemplo de jogador com muita expectativa e potencial sendo escolhido #1, e nunca se desenvolvendo em nada útil.


2002 Draft: Yao Ming (Rockets, 5a pior campanha)
Yao é o primeiro jogador dessa lista de escolhidos #1 no Draft a realmente ser um franchise player. Um C tremendamente habilidoso, Yao desenvolveu bem rápido quando chegou na NBA, e depois de três anos já estava mandando 22-10 na cabeça das pessoas, arremessando 52% e ancorando uma boa defesa.

O problema do gigante chinês foram as lesões: seu corpo não era capaz de aguentar sua enorme altura, peso e o stress físico de uma pessoa de 2m27 correndo e pulando com os melhores atletas do mundo 40 minutos por dia. Seus pés autodestruiram na sua quarta temporada, e Yao nunca mais conseguiu ficar saudável tempo suficiente para seguir sua carreira na NBA. Aos 28 anos ele já estava praticamente aposentado. Uma gigante (sem trocadilho) pena, porque um Yao saudável era um dos melhores pivôs da NBA e um legítimo Franchise Player, alguém que provavelmente teria levado o Rockets (junto de Tracy McGrady) longe nos playoffs se tivesse tido a oportunidade.


2003 Draft: LeBron James (Cavaliers, pior campanha)
Agora sim!! Um franchise player sendo escolhido #1 do Draft! LeBron foi uma estrela por Cleveland desde o primeiro minuto que pisou em uma quadra da NBA, tendo médias de 21-5-6 como calouro e só melhorando a partir dai, eventualmente ganhando dois MVPs e tendo bastante sucesso.

Ainda assim, Cleveland nunca ganhou um título com LeBron porque nunca foi capaz de montar um bom time ao redor dele. Um ano depois de LeBron ter sido escolhido, Cleveland perdeu seu segundo melhor jogador (Carlos Boozer) e o pobre James teve que passar o começo da sua carreira jogando com Eric Snows, Drew Goodens e Sasha Pavlovics da vida. Alguns bons jogadores eventualmente vieram (Mo Williams, Jamison, Hickson), mas LeBron nunca teve um grande time lá por dois motivos: porque com LeBron o time nunca mais foi ruim o suficiente para ter boas escolhas de Draft e juntar talentos, e porque o time nunca teve uma diretoria inteligente e competente capaz de fazer movimentos para reforçar o time.

O Cavs ainda chegou a uma Final em 2007, mas foi basicamente nas costas de um esforço sobre-humano de LeBron e um Leste ridiculamente ruim. Em 2009 e 2010 o time teve mais duas chances e bateram na trave - em 2009 perdendo para o Magic porque ninguém no time era capaz de parar Dwight Howard, e em 2010 LeBron implodiu contra o Celtics. Eventualmente, LeBron decidiu sair de Cleveland como free agent depois disso, e em boa parte isso se deve ao fato de que ele nunca jogou com um bom time enquanto em Ohio, e ninguém no time tinha feito o suficiente para convencê-lo de que as coisas poderiam mudar no futuro.

Então o caso de LeBron é bastante interessante porque, dessa vez, o time que teve a pior escolha conseguiu EXATAMENTE o jogador com o qual todos sonham quando começam a tankar pela escolha #1 do Draft, mas não foi capaz de montar em torno dele um time bom o suficiente para chegar no seu objetivo final. E acabou perdendo esse jogador por nada anos depois, e passando quatro anos na miséria.


2004 Draft: Dwight Howard (Magic, pior campanha)
Pelo segundo ano seguido, o pior time da NBA tem a primeira escolha do Draft, um jogador saído direto do colegial é escolhido #1... e ainda mais raro, ele conseguiu se tornar o Franchise Player esperado. Ainda que não tenha sido imediato, Dwight logo se tornou um dos melhores reboteiros e defensores da NBA, e a âncora do time de Orlando. Entre 2007 e 2011, Dwight teve 5 All Stars, 3 Defensive Player of the Year, e médias de 20 pontos, 14 rebotes, 2.4 tocos. Eventualmente, Orlando conseguiu montar o time certo ao seu redor e, em 2009, venceu os favoritos Cavaliers para chegar as Finais da NBA contra o Lakers atrás de uma pós-temporada monstruosa de Dwight (incluindo um 40-14 no jogo decisivo contra Cleveland). Dwight eventualmente saiu de Orlando para jogar pelo Lakers em uma das separações mais ridículas da história da NBA, mas o saldo foi positivo: 5 All Stars, três DPOY, uma Final, e a âncora dos dois lados da quadra de um time que durante um bom tempo foi um candidato ao título no Leste.

Ainda assim, fica a sensação de que esses times de Dwight nunca realmente atingiram seu auge, porque Dwight nunca dominou como podia/devia. De longe o melhor C da NBA e colocando números impressionantes, Dwight ainda assim nunca foi um jogador que se impunha ofensivamente, concentrava o jogo no ataque e arremessava 18 vezes por jogo como Ewing, Robinson ou outros Cs antes dele. Durante aquele período 2007-2011 que eu citei no qual Dwight teve 20 pontos por jogo, ele foi apenas terceiro, terceiro, quarto e quarto em FGs tentados por jogo DENTRO DO PRÓPRIO TIME. Só no último ano Dwight liderou a equipe no quesito. Howard tinha o pedigree de Alpha Dog, mas nunca teve essa mentalidade, as vezes passa a impressão de que isso impediu seus times de serem ainda melhores.

Ainda assim, outro caso de sucesso, um Franchise Player draftado #1 que foi o pilar de um time que competiu nos playoffs por anos a fio, mesmo que sem um título.


2005 Draft: Andrew Bogut (Bucks, 6a pior campanha)
Bogut é o caso de um jogador muito sólido que nunca foi uma estrela e que nunca esteve na situação certa para contribuir para sua equipe. Saudável, Bogut é um dos Centers mais completos da NBA, um excelente defensor e passador capaz de contribuir dos dois lados da quadra mesmo sem nunca ser dominante. Mas não é o tipo de estrela que sozinho consegue mudar um time, e era disso que o Bucks precisava. Assim, Bogut acabou sendo mais um em um time cheio de jogadores talentosos mas que nunca foi excepcional, contribuindo como podia mas em um time onde essa sua contribuição era desperdiçada.

Bogut eventualmente explodiu na temporada 2010, com 16-10-2 e 2.5 tocos por jogo, terminando o ano como segundo melhor defensor da liga e o melhor jogador em um divertidissimo time do Bucks (o famoso time do Fear the Deer") que encerrou o ano com 46 vitórias... até que Bogut sofreu uma feia lesão no cotovelo em uma jogada desleal (cenas fortes) que o tirou dos playoffs e acabou com o melhor time que teve na sua carreira no Bucks. Bogut demorou para se recuperar dessa lesão e acabou perdendo muito mais tempo com novas lesões, eventualmente sendo trocado pelo Bucks por Monta Ellis (que foi um fracasso e acabou dispensado dois anos depois).

Bogut é um jogador muito bom (mesmo que não espetacular) quando saudável que deu azar: era o jogador errado na situação errada, machucou bem quando o Bucks tinha seu melhor time, e perdeu alguns anos por conta de outras lesões menores. Ainda hoje, Bogut é exatamente isso - um excelente All-Around Center quando saudável que provavelmente nunca irá a um All-Star Game. Tem coisas bem piores na NBA, mas não é o que você espera da sua escolha #1, especialmente considerando que Deron Williams e Chris Paul saíram pouco depois (#3 e #4).


2006 Draft: Andrea Bargnani (Raptors, 5a pior campanha)
Considerando que Adam Morisson, Tyrus Thomas e Shelden Williams também saíram no Top5, essa escolha poderia ter sido pior. Mas não é como se Bargnani tivesse tido muito sucesso na NBA. Ele foi draftado principalmente por suas habilidades como arremessador, algo que foi razoavelmente bem ao longo da carreira. O problema é que isso era tudo que ele tinha: um péssimo defensor e ainda pior reboteiro, nunca um bom passador ou se movimentando sem a bola, e não alguém capaz de criar seu arremesso muito bem. Bargnani nunca se desenvolveu no parceiro de garrafão para Chris Bosh que o Raptors sonhava, foi basicamente um jogador medíocre que coloca estatísticas razoáveis em um time horrível, e foi trocado assim que um comprador apareceu na típica troca "Não deixe a porta bater quando sair!". Jogador ruim, escolha ainda pior (a escolha #2? LaMarcus Aldridge).

Curiosidade do dia: Toronto estava tão desesperado para achar um parceiro para Bosh no garrafão que, em 2004, gastou uma escolha #8 de Draft no brasileiro Babby, sem dúvida um dos piores jogadores a pisar em uma quadra de NBA. Algumas escolhas que vieram depois: Andre Iguodala, Al Jefferson, Josh Smith, Tony Allen, JR Smith, e claro... Anderson Varejão.


2007 Draft: Greg Oden (Trail Blazers, 6a pior campanha)
Mesmo sem ter sido um grande jogador no College, Oden era considerado um dos melhores prospectos da NBA em muito tempo por causa do seu imenso potencial como reboteiro e protetor de aro. Ainda assim, Oden apresentava uma série de riscos: não tinha nenhum jogo ofensivo; já tinha tido problemas com lesões; e sua estrutura física frágil tornavam ele um imenso risco para lesões futuras. O Blazers pegou Oden mesmo assim, e foi um dos maiores fracassos da história da NBA: Oden jogou 82 jogos por Portland em dois anos apenas antes de se aposentar por conta de repetidas lesões no pé.

Além da óbvia frustração por gastar uma escolha #1 em alguém que jogou só 82 jogos por você antes de aposentar, esse fracasso é exponencialmente mais doloroso que o normal por dois motivos. Primeiro que o Blazers já possuía um excelente núcleo com Brandon Roy e LaMarcus Aldridge, e só precisava de uma peça final para montar um elenco para brigar por títulos, então perder a chance com uma #1 pick aqui é ainda pior. E segundo, para terminar de torturar torcedores do Blazers, na época muita gente (entre elas eu, que escrevi isso repetidamente na época) achava que o Blazers não deveria pegar Oden com sua escolha, e sim uma máquina de pontuar vinda da universidade de Texas que, ao contrário do pivô, ERA uma certeza. Você não deixa passar uma certeza para pegar um pivô com potencial e enorme risco de lesão. Esse pontuador? Kevin Durant, é claro. Em 2007, o Blazers esteve a um GM inteligente de montar um núcleo de Brandon Roy, Kevin Durant e LaMarcus Aldridge! Ao invés disso, escolheram Oden e os joelhos de Roy explodiram. Porque o Blazers nunca aparece na discussão dos times mais amaldiçoados de todos os tempos, mesmo?


2008 Draft: Derrick Rose (Bulls, 9a pior campanha) 
Na época do Draft, o consenso era de que a primeira escolha de 2008 devia ser Michael Beasley, então só por isso o Bulls já desviou de um problema. Mas Rose imediatamente entrou bem em um time bastante profundo (Hinrich, Ben Gordon, Luol Deng, Joakim Noah) que levou os então campeões Celtics a 7 jogos nos playoffs, e dois anos depois explodiu como Franchise Player e MVP da liga, sendo o melhor jogador de um time do Bulls que venceu 62 jogos e foi o melhor da NBA. O Bulls acabou caindo perante LeBron e o Heat nas Finais de conferência, mas parecia que seria um eterno candidato ao título atrás de Rose.

Todo mundo sabe o que aconteceu depois, então não vou entrar em detalhes: Rose machucou e nunca mais ficou saudável, e uma possível dinastia Bulls no Leste nunca aconteceu, abrindo caminho para o Heat dominar a conferência por 4 anos. Chicago conseguiu o jogador certo, mas infelizmente a NBA tem esse problema: não adianta ser bom, tem que ser bom E dar sorte. Poderia ter sido LeBron em 2007 estourando o joelho. Poderia ter sido Kobe em 2001. Mas foi Rose em 2011. A janela ainda está aberta para Rose voltar, ficar saudável e o Bulls voltar a competir na NBA, mas preciso ver para começar a acreditar. Má sorte com um grande talento.


2009 Draft: Blake Griffin (Clippers, 2a pior campanha)
Griffin era uma certeza desde o primeiro dia de Draft, tanto que o Clippers já tinha contrato assinado com ele duas semanas antes da noite do Draft em si. Então foi uma escolha fácil e que deu resultados - Griffin foi uma estrela desde que colocou os pés na NBA, e ano passado foi um dos cinco melhores jogadores da liga e terceiro no meu voto hipotético para MVP. Então eles acertaram em cheio aqui.


2010 Draft: John Wall (Wizards, 5a pior campanha)
Wall também era amplamente considerado o melhor jogador do Draft, e embora não seja o melhor jogador da classe atualmente, não decepcionou também. É um sólido All-Star e melhor jogador de um dos melhores times do Leste na atualidade, um dos melhores PGs da NBA e alguém que fez por merecer um gordo contrato. Não tem muito o que dizer aqui.


2011 Draft: Kyrie Irving (Cavs, via Clippers, 8a pior campanha)
Irving é a típica boa escolha de um Draft ruim. Ele não é um franchise player e foi bastante overrated nos seus primeiros anos da NBA (nos quais não conseguiu levar o Cavs aos playoffs em um ridículo Leste), mas é um possível All-Star (já foi 2x) e bom o suficiente para justificar a escolha #1. Coloque da seguinte maneira: Irving é muito talentoso, e um bom jogador individualmente. Mas se você quer que ele seus seu FP e montar um time ao redor dele, você está em maus lençóis a não ser que o melhor jogador da NBA decida ir pro seu time na free agency.


2012 Draft: Anthony Davis (Pelicans/Hornets, 3a pior campanha)
E enfim chegamos ao nosso "corte" da nossa lista, porque é quase impossível tirar alguma conclusão dos jogadores das duas últimas classes. Na verdade, o ideal era parar lá por 2010, mas eu gosto demais do Monocelha para não inclui-lo nessa coluna, considerando que ele talvez já seja um dos 5 melhores jogadores da NBA na atualidade. Depois do Hornets ter ganho uma loteria nada suspeita (bem quando a NBA era dona do time e queria vendê-lo e com um dos melhores prospectos em anos saindo na loteria), eles rapidamente se inventaram em torno do Brow, e passaram de time ridículo a candidato aos playoffs (ainda que eu não goste de algumas das decisões do time no processo). Brow já é um Franchise Player, e só deve melhorar com o tempo.


Resultado final: Em um resultado chocante, é uma boa coisa ter a escolha #1 do Draft. Existe uma grande possibilidade de que ela vai te render um jogador muito bom: das 15 primeiras escolhas que comentamos, 11 foram a pelo menos um All-Star Game (10 considerando apenas os que foram para um ASG pela equipe que os draftou).

Ainda assim, só três (LeBron, Dwight e Unibrow) se tornaram legítimos Franchise-Changing players, jogadores historicamente bons capazes sozinhos de ancorar uma franquia. Duas outras tiveram possíveis Franchise Players (Rose e Yao) e os perderam por lesão (pelo menos por ora). Considerando apenas jogadores que podem ser considerados "superestrelas", temos apenas quatro (Bron, Brow, Dwight e Griffin), mais Rose e Yao quando saudáveis. Em 15 anos, isso não é tanto assim. Sem dúvida tem um bom contingente, e Davis e LeBron são jogadores historicamente bons, mas se estamos tratando por "superestrelas", tivemos entre 4 (sem Rose e Yao) a 6 (com Rose e Yao) em 15 anos. Não é a proporção que você esperaria da primeira escolha. Sem dúvida ela te trás um bom jogador, mas não é a garantia de um jogador que vai mudar sua franquia para o futuro.

Olhando por outro ponto de vista, nesses 15 anos, apenas em 2003(LeBron), 2004 (Howard), 2012 (Brow), e talvez 2002 (Yao), 2008(Rose) e 2009 (Griffin) o melhor jogador acabou saindo com a primeira escolha do Draft.

Além disso, tem outro problema: se você acompanhou, é bem difícil ganhar a escolha #1 mesmo se você tem o pior record da liga. Nesses 15 anos, apenas duas vezes o pior time da NBA ficou com a #1; uma vez o segundo pior; quatro vezes o terceiro pior; nenhuma vez com o quarto pior; três vezes o quinto pior; duas vezes com o sexto pior; e uma vez cada com o sétimo, oitavo e nono piores times.

E para piorar, tem aquele fato de novo: nenhum desses jogadores levou um time ao título. E vendo individualmente cada um deles, não é difícil ver o motivo. As vezes você tem que ser tão ruim para conseguir uma escolha alta que é bem difícil montar em volta um time em torno da sua estrela (LeBron, e em parte Dwight Howard). Alguns já conseguem trazer a estrela para um time mais pronto, mas a estrela não dura o suficiente (Yao, Rose). E muitos outros não vencem simplesmente porque não trouxeram um jogador bom o suficiente para um time que já estava na loteria em primeiro lugar, e o jogador não era capaz sozinho de mudar o destino da franquia.

Então ter a primeira escolha no Draft é bom. Você tem boas chances de sair de lá com um futuro All-Star, no mínimo, e ainda tem a chance de sair com um Franchise Player ou até melhor. Mas confiar nessa primeira escolha para mudar o destino da sua franquia e vencer um título é traiçoeiro, porque você depende de muitas probabilidades dando certo ao mesmo tempo: você precisa vencer a loteria para chegar na #1, e como a gente viu, isso é bem difícil; você precisa ter a sorte daquele ano ter um jogador que realmente é um FP e não só um bom jogador (dependendo da sua conta, isso aconteceu entre três e seis vezes nos últimos 15 anos, então a chance não é tão grande); se você conseguir esse jogador, você ainda tem que montar um time ao redor dele porque o seu provavelmente fede; e se conseguir esse jogador para um time já avançado, você ainda tem que torcer para ele ficar saudável o suficiente.

Em resumo, você está contando que muita coisa junta vai dar certo quando você aposta o destino da sua franquia em uma escolha #1. Por isso muitos dizem que o maior benefício de ter o pior record da NBA não é só a maior chance da escolha #1, e sim por te GARANTIR uma escolha Top4. E é por isso que nós vamos olhar para as 4 primeiras escolhas de cada Draft. Por enquanto, fica a conclusão sobre a primeira escolha que cada um pode tirar. A minha é: apostar na primeira escolha do Draft para mudar o destino da sua franquia e te levar a um título não parece tão bom assim.


Escolhas #2 de Draft

Eu ia guardar essa informação bombástica para o final dessa seção, mas que seja, é algo importante e que precisa ser revelado agora: a escolha #2 do Draft está amaldiçoada. O que, você está rindo?! É verdade! Existe uma maldição em cima da escolha #2 do Draft, também conhecida como "A Maldição de Sam Bowie". Desde que o Blazers (sempre eles!) passou Michael Jordan no Draft de 1984 para pegar Sam Bowie, essa escolha carrega uma incrível maldição, muito poderosa.

Mas eu não quero estragar o resto dessa parte da coluna, então vou entrar em detalhes sobre a Maldição de Sam Bowie (esse nome é muito bom - não parece o nome de um general confederado morto na guerra civil americana?!) apenas no epílogo da parte sobre as Escolhas #2 do Draft.


1998 Draft: Mike Bibby (Vancouver Grizzlies)
Mike Bibby nunca foi uma estrela (ou um All-Star), mas foi um bom armador ao longo da sua carreira. Chegou a Vancouver com alguma fama (foi campeão da NCAA por Arizona) e teve bons três primeiros anos por lá (7.6 assistências por jogo) antes de ser trocado para Sacramento por Jason Williams e Nick Anderson (que machucou logo nos primeiros jogos e se aposentou depois de apenas 15 jogos pelo Grizzlies).

Foi em Sacramento que Bibby explodiu como um jogador All-Around em uma série de fortes e extremamente divertidos do Kings, imediatamente tendo os melhores cinco anos de sua carreira e chegando longe nos playoffs repetidas vezes. Ele acabou envelhecendo rápido depois de ir para Atlanta no final de sua carreira, mas o Mike Bibby do Kings era um jogador memorável e divertido de se assistir, ainda que nunca tenha sido uma estrela. Uma troca que o Grizzlies teve muitas oportunidades de lamentar.


1999 Draft: Steve Francis (Rockets, via Grizzlies)
Francis na verdade foi escolhido pelo Grizzlies, mas depois de se recusar a jogar pelo time e alguns incidentes desagradáveis, acabou sendo trocado para o Rockets em uma troca extremamente confusa de três times e 11 jogadores. Mas Francis logo se firmou como Steve Franchise, um dos jovens PGs mais promissores da liga: 18-5-7 e Rookie of the Year, depois 20-7-6 no seu segundo ano. Quando Yao Ming veio ao time em 2002 (depois de uma temporada ruim em 2001 devido a uma lesão de Francis), parecia que o Rockets tinha o melhor núcleo jovem da liga e iria dominar por anos a fio. Francis era basicamente um demônio da Tasmânia, um PF preso em um corpo de PG que enterrava na cabeça de todo mundo e vivia no ar.

OS primeiros anos foram bons, com Yao evoluindo e Francis continuando com seu ótimo desempenho. Mas sua estadia em Houston acabou depois de uma série de desentendimentos com o técnico Stan Van Gundy, supostamente porque ele não gostava do estilo de jogo do bigodudo, e foi logo trocado para Orlando por Trady McGrady. Francis começou muito bem em Orlando (21-6-7, vários game-winners), mas sua carreira de repente despencou por um dos motivos mais únicos da história da NBA: o Magic trocou seu melhor amigo Cuttino Mobley (que veio para Orlando com ele do Rockets) para o Clippers, e sem seu melhor amigo, Francis parou de ter com quem compartilhar suas experiências, tristezas e felicidades na NBA, começou a ficar triste e frustrado, entrou em depressão, e isso afetou demais seu jogo. Francis nunca se recuperou e nunca mais foi o mesmo, brigou com todo mundo em Orlando, foi trocado para o Knicks (Isiah de novo!) e estava fora da NBA antes de completar 30 anos. Uma das quedas mais estranhas e decepcionantes de um grande talento da NBA recentemente. Francis era um legítimo All-Star e possível Franchise Player, que nunca atingiu seu auge por motivos externos. Uma pena.


2000 Draft: Stromile Swift (Vancouver Grizzlies)
Sim, o Vancouver Grizzlies teve a escolha #2 do Draft por três anos seguidos. Trocaram uma por 15 jogos de Nick Anderson, a outra por nada, e com a que sobrou, escolheram Stromile Swift. Não é a toa que o time mudou para Memphis.

Swift foi um grande bust desde o minuto que pisou na NBA. Em cinco anos de Vancouver/Memphis, Swift nunca teve mais do que 11.8 pontos e 6.3 rebotes (médias do seu segundo ano), levava enterradas na cabeça toda hora, e parecia sempre estar lidando com uma lesão ou outra. Swift era tão ruim que, depois de seus cinco anos de Grizzlies, assinou com o Rockets na free agency... só que um ano depois o Rockets trocou Swift DE VOLTA PARA MEMPHIS junto com a escolha #8 do Draft (Rudy Gay) em troca de Shane Battier. Memphis trocou ele novamente um ano depois, e Swift estava fora da NBA aos 29 anos.


2001 Draft: Tyson Chandler (Bulls, via Clippers)
Como já foi dito, Chandler foi trocado por Elton Brand na noite do Draft para Chicago, que queria juntar Chandler com Eddy Curry em sua linha de frente do futuro. Mas Chandler foi um relativo bust para Chicago: era muito cru quando chegou a NBA, e demorou para se desenvolver atrás de Curry. Eventuamente Chandler arrumou um lugar como um defensor/reboteiro vindo do banco, mas com seu jogo ofensivo pouco desenvolvido e problemas de faltas, ainda tinha pouco espaço no time. O Bulls acabou trazendo Ben Wallace para seu lugar, e trocou seu decepcionante pivô para o New Orleans/Oklahoma City Hornets por (wait for it...) JR Smith!!! E PJ Brown, mas de novo, JR Smith!!!

Chandler acabou florescendo como defensor/reboteiro/finalizador de pontes aéreas jogando junto de Chris Paul no Hornets, e mais tarde (depois de ser trocado mais duas vezes - uma para o Bobcats por Emeka Okafor, outra para o Mavericks por Erick Dampier e Eduardo Najera) acabou tendo seu auge em Dallas (onde foi campeão como o segundo melhor jogador daquele time) e no Knicks (onde foi DEfensive Player of the Year e All-Star), muito longe daquele garoto cru que decepcionou no Bulls. Hoje, a imagem que temos de Chandler é de grande defensor e reboteiro que ajudou Dirk a ser campeão, mas isso só aconteceu depois de muitas etapas e muito sofrimento.

Curiosidade do dia: em 2009, o Oklahoma City Thunder trocou por Tyson Chandler com o Hornets, só para cancelar a troca quando Chandler não passou no exame médico por conta de uma lesão no pé. Dois anos depois, Chandler foi peça fundamental do Mavs que chegou nas Finais da NBA depois de passar por (wait for it... wait for it...) o Oklahoma City Thunder nas finais do Oeste!!


2002 Draft: Jay Williams (Chicago Bulls)
Williams foi ok como um calouro em Chicago, com 10 pontos, 5 assistências por jogo, e um triple double lindo contra o Nets (26-13-14). Foi inconsistente, mas mostrou alguma promessa ao longo da temporada e terminou bem o ano... até que sofreu um assustador acidente de moto na offseason, que destruiu seu corpo e chegou a danificar nervos da sua perna. Williams demorou muito para se recuperar, e nunca mais jogou uma partida profissional de basquete na carreira.

Curiosidade do dia: Williams hoje é um analista de College Basketball na ESPN, que eu confesso que gosto.


2003 Draft: Darko Milicic (Pistons, via Grizzlies)
O Pistons conseguiu essa escolha graças a uma troca de 1997 na qual o Grizz mandou uma escolha protegida por Otis Thorpe. E o Pistons rolou a escolha até 2003, onde a proteção era apenas Top1. Consegue imaginar Jerry West passando mal na loteria quando apenas Cavs e Grizzlies sobraram, e ou o Grizz conseguia LeBron James ou não conseguia ninguém? Por isso você não troca escolhas futuras por caras como Otis Thorpe.

Enfim, essa escolha foi para um bom time do Pistons que, precisando de um homem de garrafão (Rasheed Wallace só foi para Detroit alguns meses depois), pegou imediatamente Darko Milicic, um jogador vindo da Europa com muito hype e nada de concreto. As três escolhas seguintes: Carmelo Anthony, Chris Bosh, Dwyane Wade. So... yeah. Não é difícil ver porque Milicic é considerado um dos maiores busts da história. Milicic nunca recebeu os minutos que precisava em um time do Pistons que brigava pelo título (e, de fato, ganhou o título naquele ano), sua confiança foi destruída, ele nunca se desenvolveu, nunca foi tão bom assim em primeiro lugar, e estava fora da NBA aos 26 anos. Uma triste história.

Curiosidade do dia: no Combine pré-Draft daquele ano, Darko Milicic acertou 15 bolas de três pontos seguidas para os olheiros, que imediatamente ficaram malucos com seu potencial e acreditaram que ele seria um grande 3pt shooter na NBA. Ele nunca acertou uma bola de três na sua carreira nos EUA.


2004 Draft: Emeka Okafor (Bobcats, via Clippers)
Um jogador de sucesso no College que muitos (inclusive eu) achavam na época que devia ser a escolha #1, Okafor teve um bom ano de calouro pelos recém-criados Bobcats (que trocou sua escolha #4 com o Clippers para subir até o #2), com 15 pontos e 10 rebotes. E foi provavelmente o auge da sua carreira: Okafor machucou e perdeu boa parte da sua segunda temporada, e depois disso nunca mostrou evolução: os 15.1 pontos por jogo como calouro acabaram sendo a melhor marca da sua carreira, e só uma vez superou os 10.9 rebotes por jogo do mesmo ano. Eventualmente foi trocado para New Orleans (por Chandler), onde foi apenas mais um jogador em um time medíocre. Okafor acabou tendo uma carreira decente como protetor de aro e reboteiro, mas nunca se desenvolveu ou foi mais do que um role player na NBA.


2005 Draft: Marvin Williams (Hawks)
Williams não conseguiu sequer ser titular por UNC em 2004/05, mas de alguma forma o Hawks achou uma boa idéia selecionar o ala na frente de Chris Paul, o melhor jogador da classe. Para tornar ainda mais bizarro, o Hawks era um time com boa base - Joe Johnson, Josh Smith - e que DESESPERADAMENTE precisava de um PG! E com CP3 e Deron Williams disponíveis, o Hawks preferiu passar os dois para pegar Williams.

Desnecessário dizer, Williams foi um bust - um jogador medíocre que nunca fez nada demais na NBA - enquanto CP3 e Deron viraram dois dos melhores armadores da NBA inteira, com CP3 se tornando um dos melhores armadores de todos os tempos. Gastar uma escolha #2 em um cara ruim como Williams já é ruim; fazer isso com dois jogadores tão bons como Paul e Deron logo depois é ainda pior. Outro grande bust para as escolhas #2.


2006 Draft: LaMarcus Aldridge (Trail Blazers, via Bulls)
Finalmente um bom jogador, que claro, foi trocado na noite do Draft pelo time que o escolheu. O Bulls escolheu Aldridge com a escolha #2 e o trocou para o Blazers por Tyrus Thomas, a escolha #4. Como vocês verão mais em breve, foi uma PÉSSIMA escolha do Bulls. Mas um dos motivos para isso foi que Aldridge acabou virando um dos melhores PFs da NBA, uma máquina de arremessos e âncora constante de vários sólidos times do Blazers que tem média de 19 pontos por jogo na carreira. Não sei se Aldridge seria considerado um Franchise Player, mas ele é um excelente jogador e constante All-Star que está só agora atingindo seu auge e ainda tem chão pela frente. Uma raríssima escolha #2 que deu certo - menos para o Bulls, claro.


2007 Draft: Kevin Durant (Supersonics)
Desnecessário dizer qualquer coisa, certo? Ele é um dos melhores pontuadores da história da NBA, o MVP e segundo melhor jogador da liga. Provavelmente vai encerrar a carreira como um dos 30 ou 20 melhores jogadores da história do jogo. A primeira legítima superestrela e Franchise-Changing player entre as escolhas #2.


2008 Draft: Michael Beasley (Heat)
Outro bust histórico, especialmente considerando que as escolhas #4 e #5 desse Draft foram Russell Westbrook e Kevin Love. O que é ainda pior, Rose #1 foi uma escolha bastante impopular na época, (não por mim, defendi muito que Rose devia ser #1) quando Beasley era o favorito para a escolha, uma máquina indestrutível em Kansas State (26 pontos, 13 rebotes por jogo). Mas o Bulls foi de Rose no que foi uma das melhores decisões de Draft dos últimos anos, porque Beasley foi um gigantesco bust: um fominha que não fazia nada além de arremessar e não defendia ninguém, Beasley jogou dois anos decepcionantes em fracos times de Miami antes de ser trocado por um pacote de Trakinas para o Wolves (para abrir espaço salarial para LeBron/Bosh). Lá ele teve mais uma temporada arremessando demais para um time irrelevante antes de finalmente ir parar no banco em 2012 - ele começou 29 jogos desde então com média de 9 pontos por jogo. Aos 26 anos, Beasley hoje está fora da NBA (China).


2009 Draft: Hasheem Thabeet (Grizzlies) 
Mais um bust histórico na #2 - e você achou que eu estava brincando sobre a Maldição do Sam Bowie. Thabeet era um projeto atlético e cru como shot blocker que o Grizzlies achou que era uma boa idéia pegar na frente de James Harden, Ricky Rubio, Tyreke Evans, Stephen Curry e DeMar DeRozan (todos escolhidos no Top10). Logo no seu ano de calouro, ficou claro que ele realmente era capaz de dar tocos - o problema era que não era capaz de fazer mais nada em uma quadra de basquete, inclusive... hm... jogar basquete. Em 5 anos de NBA, Thabeet jogou 224 jogos por 4 times diferentes, com médias de 2 pontos, 3 rebotes e 2 faltas por jogo. Hoje Thabeet tem 27 anos e não está mais em um time da NBA (D-League).


2010 Draft: Evan Turner (76ers)
Oh boy...

Antes do Draft, dois jogadores eram vistos como potenciais Franchise Players: John Wall e Evan Turner. Digamos que estavam todos errados. Turner foi irrelevante em suas duas primeiras temporadas na Philadelphia atrás de Andre Iguodala, e mesmo quando finalmente virou titular e ganhou espaço, pouco produziu como um jogador que parecia não ter posição determinada (13-6-4 não é uma má média, mas também não chama a atenção). Eventualmente Turner ficou preso na máquina de tank do Sixers e foi trocado por migalhas para o Pacers, onde mais atrapalhou que ajudou. Acabou assinando como Free Agent com o Celtics, onde tem sido apenas um reserva decente. De novo, não exatamente o que se tem em mente com a escolha #2.


2011 Draft: Derrick Williams (Timberwolves)
O Wolves deu o azar de escolher a seguir da única escolha de Draft entre 2011 e 2013 que o Cavaliers não cometeu um grande erro. Não da nem para criticar a escolha - Williams era considerado por muitos (inclusive eu) o melhor jogador do Draft e provável escolha #1 - mas dento de campo, Williams foi apenas mais um bust. Lento e sem arremesso demais para jogar de SF, fraco e sem físico para jogar de PF, Williams acabou preso entre posições na NBA e afundou no banco atrás de Kevin Love. Até teve números decentes no seu segundo ano, mas não fez nada para convencer o mundo de que podia jogar na NBA, e acabou trocado para o Kings. Hoje tem médias de 4 pontos e 2 rebotes vindo do banco de Sacramento.


2012 Draft: Michael Kidd-Gilchrist (Bobcats)
Cedo demais para dizer qualquer coisa de MKG - eu só inclui o Draft de 2012 aqui por causa do Unibrow, e me parece agora uma má idéia. Até agora, MKG é um jogador interessante cujo desenvolvimento tem sido atrapalhado por lesões: um ótimo defensor e jogador muito físico/atlético que tem dificuldades com seu arremesso. Seu jumper parecia estar melhorando, por isso é tão decepcionante vê-lo perder tanto tempo com lesões, e como defensor parecia estar caminhando para a elite da NBA. Ficamos no aguardo.


Resultado final: A maldição de Sam Bowie ataca de novo!!!

Não adianta, é o destino das escolhas #2 do Draft. Desde que Bowie foi escolhido na frente de Michael Jordan, a maldição vem forte. Eis a relação de todos os jogadores escolhidos #2 overall desde 1985 até 2011: Wayman Tisdale, Len Bias (RIP), Armen Gillian, Rik Smits, Danny Ferry, Gary Payton, Kenny Anderson, Alonzo Mourning, Shawn Bradley, Jason Kidd, Antonio McDyess, Marcus Camby, Keith Van Horn, Mike Bibby, Steve Francis, Stromile Swift, Tyson Chandler, Jay Williams, Darko Milicic, Emeka Okafor, Marvin Williams, LaMarcus Aldridge, Kevin Durant, Michael Beasley, Hasheem Thabeet, Evan Turner e Derrick Williams.

Sei que você está pensando "Vitor, você está maluco, tem muitos bons jogadores ai". Calma, agora vamos separar esses 27 jogadores.

Desses 27 jogadores, um caiu morto antes de jogar (Bias), 10 foram busts (Ferry, Bradley, Swift, Jay Williams, Darko, Marvin Williams, Beasley, Thabeet, Turner e Williams), e outros quatro (Smits,  Gillian, Tisdale e Okafor) tiveram carreiras decentes mas nunca foram grandes jogadores - entre esses 14, só tem UM All-Star (um do Smits em 98 no fim da linha, com médias de 16-7 que até hoje ninguém sabe como aconteceu). Então 11 (contando Bias) de 27 escolhidos #2 do Draft foram TOTAL BUSTS, e 15 de 27 (mais de metade!) não foram bons o suficiente.

Dos outros 12 jogadores (Payton, Anderson, Mourning, Kidd, McDyess, Camby, Van Horn, Bibby, Francis, Chandler, Aldridge e Durant) temos bons jogadores e boas carreiras, mas ai que está: 10 deles não tiveram essas boas carreiras pelos times que os draftaram!

Aldridge (Bulls), Francis (Grizzlies), McDyess (Clippers) e Keith Van Horn (76ers) foram trocados ou durante o Draft ou antes da temporada começar, e nenhum deles trouxe em retorno qualquer coisa útil para os respectivos times, tendo feito suas carreiras em outro lugar. Marcus Camby (Raptors), Chandler (Clippers/Bulls) e Mike Bibby (Grizzlies) só foram estourar como jogadores depois de trocados pelas equipes, e apenas Chandler (para o Clippers) trouxe de volta um bom retorno. Jason Kidd foi despejado de Dallas por brigar com as outras estrelas de Dallas por minutos, arremessos, e a cantora Toni Braxton (não é brincadeira) e só virou um Franchise Player em Phoenix e depois New Jersey. Mourning foi trocado depois de três (boas) temporadas pelo Hornets para o Heat - onde teve seus melhores anos - por Glen Rice e sapatos velhos (Matt Geiger, Khalid Reeves e uma escolha de Draft que virou Tony Delk). E Kenny Anderson foi trocado depois de quatro temporadas no Nets por nada para o Hornets. 10 dos 12 jogadores que foram bons e/ou tiveram boas carreiras foram trocados ou durante o Draft, ou logo depois do Draft, ou nas suas primeiras temporadas. Nenhum virou um Franchise Player para o time que os draftou.

Então se você está acompanhando, no quesito "consiga a escolha #2, escolha um jogador, faça dele sua estrela pelos próximos 12 anos, aposente sua camisa", apenas DOIS jogadores escolhidos com a escolha #2 tiveram sucesso desde que começou a Maldição de Sam Bowie: Gary Payton e Kevin Durant. E se você está acompanhando... ambos foram draftados por uma franquia que não existe mais!!!! Não duvide da Maldição de Sam Bowie. Ela é real.

Mas em um assunto mais prático, qual é o saldo desses 15 anos de Draft que analisamos as escolhas #2? Sinceramente, muito ruim. Apenas um Franchise-chaning player ou superestrela (Durant), e apenas dois sólidos All-Stars (Francis e Aldridge). 3 em 15 anos é MUITO ruim (não estou contando Chandler porque ele só foi virar um bom jogador muito depois e depois de ter passado por vários times), e isso sem falar que um número absurdo deles (Williams, Williams, Thabeet, Beasley, Swift, Milicic) foram busts tão grandes que sequer viraram jogadores úteis - boa parte deles acabou fora da NBA ou com espaço mínimo.

Então o índice de sucesso individual foi baixíssimo, e de novo, pouco sucesso coletivo. Apenas um jogador selecionado nas duas primeiras escolhas dos últimos 15 anos foi campeão em um papel importante (Chandler), e mesmo assim foi um jogador que foi um bust para quem o draftou, passou por quatro times e se reinventou múltiplas vezes antes de ter finalmente seu espaço na NBA. Tirando ele, apenas Durant foi as Finais. Então mais uma vez, escolher no lugar #2 do Draft não tem ajudado muitos times nos últimos anos - apenas três conseguiram se reforçar rumo a uma mudança com um bom jogador, apenas um foi as Finais, e nenhum título.


Escolhas #3 de Draft

1998 Draft: Raef LaFrentz (Nuggets)
LaFrentz nunca foi um grande jogador, nunca chegando a 14 pontos ou 8 rebotes, mas que merece crédito por ter sido, de certa forma, um pioneiro. Um pivô de 2m10 e bom shot blocker, LaFrentz foi um dos primeiros pivôs da NBA a viver como um arremessador de três, tendo marcas melhores que 38% da linha dos três pontos quatro vezes diferentes na carreira e terminando sua vida profissional com 36.6%. LaFrentz foi um jogador decente para o Nuggets antes de ser trocado em uma enorme troca que mandou LaFrentz, Avery Johnson e Nick Van Exel para o Mavericks por Tim Hardaway e Juwan Howard. Ele foi um jogador útil, mas nada demais, o resto da carreira, protegendo o aro e chutando de três. No fundo, LaFrentz deu azar - se tivesse entrado na NBA 10 anos depois, teria tido muito mais mercado com seu conjunto de habilidades. Em 1998, ninguém ainda entendia bem o quão valioso é ter alguém capaz de espaçar a quadra E proteger o aro.


1999 Draft: Baron Davis (Hornets)
Davis nunca foi uma estrela, mas foi um jogador muito bom durante um bom tempo. Depois de estourar na sua terceira temporada pelo Hornets (19-9), Davis foi a dois All-Stars (inclusive com um incrível 23-8 com 2.5 steals em 2004) antes de ser trocado para Golden State (por Speedy Claxton e Dale Davis). No WArriors Davis continuou sendo um bom jogador jogando principalmente em times medianos. Lá ele teve temporadas de 19, 20 e 21 pontos por jogo com 8 assistências e comandou aquele divertido time de 2007 que fez história ao derrotar o Dallas Mavericks na primeira rodada dos playoffs como uma 8th seed (sem falar na antológica enterrada em cima do Andrei Kirilenko uma rodada depois). Nunca foi uma estrela, e muito da sua carreira pós-Hornets envolveu ser um bom jogador em times ruins. Mas no seu auge, ele era um All-Star e um grande jogador de pós-temporada, e teve uma carreira boa o suficiente para justificar uma escolha #3.


2000 Draft: Darius Miles (Clippers)
Darius Miles foi um dos talentos mais frustrantes da era "Too much, too young, too fast" da NBA, quando jogadores de colegial estavam indo direto para a NBA, recebendo muito dinheiro e atenção e falhando em desenvolver seus talentos. Miles foi um dos melhores exemplos, um ala talentoso que teve uma temporada decente de novato, sendo o primeiro jogador a ir direto do HS para a NBA a conseguir 1st Team All-Rookie (embora majoritariamente pela falta de talento no resto do Draft), mas nunca conseguiu desenvolver.

Em meio a más atuações, jogos letárgicos e desinteresse por defesa, Miles era o tipo de jogador que te deixava pronto para desistir dele... e quando você estava quase desistindo, ele colocava 40 pontos para fazer todo mundo pensar que ele finalmente ia atingir seu potencial e lhe dar um novo contrato e uma nova chance que ele não merecia. Eventualmente, em uma das suas muitas "últimas chances", Miles machucou o joelho, perdeu duas temporadas como consequência, voltou a NBA só para ferrar sua ex-franquia (Portland) e estava fora do basquete profissional aos 27 anos. Bust memorável.

Ps. Procure no google por "Bola Presa" + "Contagem regressiva para o Blazers se lascar" para os detalhes.


2001 Draft: Pau Gasol (Grizzlies, via Hawks)
No Draft de 2001, a primeira escolha estava sendo (na época) disputada por três jogadores vindos do High School: Kwame Brown (eventual #1), Tyson Chandler (#2) e Eddy Curry (#4). O Hawks trocou a escolha #3 desse Draft para o Grizzlies por Shareef Abdur-Rahim e Jamaal Tinsley, e Vancouver - queimado por algumas escolhas questionáveis em anos recentes - decidiu que preferia uma certeza a apostar nesses crus colegiais, então mudou de foco e pegou Pau Gasol, que já tinha experiência profissional na Europa. Foi a melhor coisa que eles poderiam ter feito, considerando que Curry foi um gigantesco bust e Gasol eventualmente evoluiu em uma estrela, um dos mais habilidosos e talentosos jogadores de garrafão da NBA, e foi o astro de um bom time de Memphis que foi a três playoffs seguidos no forte Oeste.

Memphis acabou trocando Gasol para o Lakers em uma das trocas mais polemicas da história da NBA. Gasol era uma estrela, e o Lakers o conseguiu por migalhas: Kwame Brown (irc!), Javaris Crittenton (IRC!!), Aaron McKie (?!), duas escolhas baixas de primeira rodada (eventualmente Donte Greene e Greivez Vazquez)... e os direitos sobre uma escolha de segunda rodada do irmãozinho gordo de Pau, Marc Gasol. No começo a troca foi um sucesso para o Lakers (três finais seguidas, dois títulos com Gasol como seu segundo astro) e um fracasso para o Grizzlies, até que usaram o alivio salarial da troca para trazer Z-Bo, Marc Gasol virou um dos melhores Centers da NBA, e Memphis se remontou em todo desses dois como um eterno candidato a playoffs no Oeste. Então eventualmente a troca funcionou para o Grizzlies também.


2002 Draft: Mike Dunleavy Jr (Warriors)
Dunleavy é o tipo de jogador que você espera conseguir com uma escolha do meio da primeira rodada, um role player útil capaz de arremessar de fora e dar bons passes, mas que sozinho não consegue mudar muita coisa. É aquele cara que, em um bom time, pode fazer a diferença, mas em um time mediano não vai mudar nada. Também não ajuda o fato de que o pobre Dunleavy passou quase toda sua carreira em uma série de times ruins: foi um titular consistentemente em uma série de times ruins de Golden State antes de ser trocado para Indiana, quando o Pacers estava tentando se livrar de todos seus jogadores pós-Malice at the Palace. Então quando o Warriors finalmente estava indo aos playffs, Dunleavy foi trocado para um péssimo time do Pacers em desmonte, onde gastou o resto da sua carreira. Só aos 33 anos no Bulls que Dunleavy foi fazer o seu papel verdadeiro de role player complementar em um bom time.


2003 Draft: Carmelo Anthony (Nuggets)
Considerado o segundo melhor jogador do Draft de 2003, Melo caiu no colo do Nuggets que logo se remontou em torno da sua nova estrela, que foi brilhante desde o primeiro ano: 21 pontos por jogo aos 19 anos, depois explodiu aos 21 e aos 22 anos com 26 e 29 pontos por jogo, respectivamente. Com Melo, o Nuggets chegou a quatro playoffs consecutivos, mas nunca passou da primeira rodada e só tinha vencido três jogos no total até a chegada de Chauncey Billups. Foi a melhor coisa que aconteceu a Melo e o Nuggets: finalmente com um armador de verdade, agora o time tinha alguém para controlar a bola, impedir que os jogadores a segurassem demais, oferecesse aos arremessadores e pontuadores do time a bola nas posições mais adequaras, controlasse o ritmo do jogo, e tudo que faltava ao time. Billups também foi fundamental mantendo o Nuggets no topo enquanto Melo lidava com algumas lesões menores, e nos playoffs, Billups e Melo levaram o Nuggets até as Finais de conferência. Foi provavelmente a melhor chance de Melo e Denver chegarem nas Finais, mas esbarraram em um forte time do Lakers e perderam em 6. Um ano depois Melo decidiu que não queria jogar mais por Denver e eventualmente forçou uma troca para o Knicks (Galinari, Wilson Chandler, Timofey Mozgov e escolhas de Draft), onde tem estado preso desde então como a única estrela de um time medíocre, sem muitas chances de título. Não exatamente o que Melo esperava, mas difícil dizer que essa escolha não deu muito certo para Denver.


2004 Draft: Ben Gordon (Bulls)
Ben Gordon era o protótipo do Heat Check Guy: um excelente pontuador e fantástico arremessador que pouco mais fazia por Chicago. Isso fez dele uma importante peça - especialmente vindo do banco - em uma série de divertidos times do Bulls, culminando na sua antológica performance contra o Celtics nos playoffs de 2009 naquela agora-lendária série de 7 jogos. Enquanto em Chicago, Gordon foi muito bem como pontuador e ataque instantâneo, passando de 20 pontos por jogo duas vezes... até que Gordon virou free agent, Detroit ofereceu um contrato milionário que ele aceitou, e sua carreira foi por água abaixo a partir dai. Ele nunca mais atingiu 14 pontos por jogo na vida ou foi mais que uma quarta opção em Detroit, bastante criticado por causa do seu contrato, desenvolveu uma má atitude e falta de interesse geral que só piorou sua situação. Hoje está mofando no banco do Magic.

Curiosidade do dia: Ben Gordon arremessou mais que 40% de três pontos em cada uma das suas cinco temporadas em Chicago, e em sete das suas oito primeiras temporadas na NBA. Sua média na carreira é de 40.1% de 3PT.


2005 Draft: Deron Williams (Jazz, via Trail Blazers)
Por algum motivo, todo mundo esquece disso hoje em dia, mas o Blazers teve na mão a escolha para selecionar Chris Paul (afinal, ele era o melhor jogador do Draft e tudo mais) e preferiu trocá-la pela escolha #6 (Martell Webster) e duas outras escolhas (eventualmente Linas Kleiza e Joel Freeland). Então se você está acompanhando, o Blazers pegou Sam Bowie na frente de Michael Jordan, Greg Oden na frente de Kevin Durant, e trocou a escolha que poderia ser Chris Paul por Martell Webster.

O Jazz se aproveitou da troca para selecionar Deron Williams, e Williams foi um enorme sucesso jogando no esquema de Jerry Sloan em Utah. Desde que virou titular em 2006/07 até 2010, Deron foi um dos melhores PGs da NBA, e sua média no período foi de 18 pontos e 10 assistências, tendo seu auge em 2009 com 19-11 e 47 FG%. Nesses quatro anos de Deron titular, Utah foi aos playoffs em todos, e chegou uma vez nas Finais do Oeste e duas nas Semifinais do Oeste com Deron sendo sua grande estrela e um dos melhores PGs da NBA.

Essa história, todo mundo sabe, não teve um final feliz: Deron brigou com Jerry Sloan (que se aposentou), passou de herói a vilão em Utah, e forçou uma troca para o Nets, que acabou acontecendo pouco depois (por Derrick Favors, Devin Harris, uma escolha futura que virou Enes Kanter, e outra escolha futura que foi trocada por Trey Burke - e acabou sendo Gorgui Dieng). No Brooklyn Deron ainda tem sido bom, mas nunca mais repetiu suas atuações de Utah e ninguém mais pensa nele como um dos grandes PGs da liga. Ainda assim, foi uma ótima escolha do Jazz que rendeu frutos.


2006 Draft: Adam Morrison (Bobcats)
Um dos mais famosos busts da NBA recente, Morrison foi uma máquina de pontuar por Gonzaga (28 ppg, 43 3PT%) antes de ser escolhido pelo Bobcats. Logo ficou claro que Morrison não tinha sido uma boa escolha: ele não tinha velocidade ou força parar criar separação na NBA, não defendia ninguém e seu arremesso de três estava tendo dificuldades para se adaptar a linha de três da NBA. Depois de uma decepcionante temporada de novato, Morrison estourou o ligamento e perdeu a temporada seguinte, foi trocado para o Lakers, e jogou apenas três temporadas no total na NBA antes de sair da liga em 2010. Estava fora da NBA aos 25 anos.

Curiosidade do dia: depois de jogar na Europa um tempo, Morrison voltou a Gonzaga para terminar os estudos, onde também é assistente no time de basquete.


2007 Draft: Al Horford (Hawks)
Apesar de alguns problemas recentes de lesão, Al Horford tem sido um dos mais estáveis e consistentes homens de garrafão na NBA desde que foi escolhido. Ele não é uma estrela que vai dominar jogos com freqüência, mas saudável é um All-Star que te garante 16 pontos e 10 rebotes toda noite, com ótimos passes e ótima defesa, e vai chutar 55% de quadra. Não vai mudar sozinho uma franquia, mas vai ajudar bastante, ancorar uma boa defesa e fazer o trabalho sujo. Muito bom jogador.


2008 Draft: OJ Mayo (Grizzlies, via Timberwolves)
O Wolves tinha a terceira escolha do Draft e pegou OJ Mayo, considerando que Rose/Beasley/Mayo era o claro Top3 daquele ano antes do Draft. Mas ao invés de manter Mayo, o Wolves trocou aquela escolha (em um pacote maior, mas esses são os que importam) para o Grizzlies por Mike Miller e a escolha #5 do Draft... Kevin Love! Se você está prestando atenção, em dois drafts consecutivos o Grizzlies trocou Kevin Love por OJ Mayo e pegou Hasheem Thabeet sobre Stephen Curry e James Harden... e ainda foi um dos melhores times do Oeste durante anos a fio. Eu não entendo a NBA.

Não da para dizer que Mayo foi um bust nem nada - ele teve 18 pontos por jogo de média em seus dois primeiros anos em Memphis chutando 38% de três, e depois virou uma peça importante vindo do banco naquele bom time de 2011. O problema é que sua carreira pareceu ter seu auge ai - depois de uma temporada 2012 decepcionante, Memphis decidiu que não queria pagar muito dinheiro para Mayo, que foi a Dallas. Mayo foi bem em um time decepcionante de Dallas, depois virou uma peça útil e fora de forma no banco de Milwaukee... certamente alguém que tem lugar na NBA, mas nem de longe o que esperavam antes do Draft, ou mesmo quando o pegaram #3.


2009 Draft: James Harden (Thunder)
Outra vez o Thunder achou ouro no Draft - só que dessa vez o time já tinha achado três vezes, e esse terceiro não teve tanto espaço como poderia. Harden era uma peça chave para o Thunder vindo do banco, chegando a ter médias de 16-4-4 em 2011... até que OKC decidiu que não queria pagar Harden mesmo ele sendo um dos seus melhores jogadores, e o trocou para o Rockets (por Jeremy Lamb, Kevin Martin e duas futuras 1st round picks, uma delas que já virou Steven Adams). No Rockets, com espaço e liberdade para atuar com a bola nas mãos, Harden logo virou uma grande estrela: 26-5-6 no seu primeiro ano e 25-5-6 no segundo, então é seguro dizer que o Thunder não tomou uma decisão sábia trocando aquele que virou um dos 10 melhores jogadores da NBA por migalhas. Harden hoje é uma legítima estrela e possivelmente vai assombrar os fãs do Thunder por anos a fio, especialmente se KD sair na free agency ano que vem.


2010 Draft: Derrick Favors (Nets)
Favors foi a peça chave daquela troca que mandou Deron Williams para o Nets em 2010. Até agora em sua curta carreira, Favors tem sido... irregular. Jogar em um time confuso de Utah não tem ajudado, e ele não tem recebido tantos minutos assim. Em um nível por-minutos, ele tem sido produtivo, algo como 15-11 com 2 tocos por 36 minutos, e esse ano pareceu ter dado um salto ofensivo, mais envolvido e mais eficiente do que nunca. Ele ainda tem 23 anos e tem o físico e habilidade atlética para virar um bom defensor, e ainda que pareça muito improvável que Favors vire uma estrela algum dia, ele ainda pode ser um sólido jogador acima da média por anos a fio.


2011 Draft: Enes Kanter (Jazz, via Nets)
A outra peça fundamental na troca por Deron (a escolha futura de primeira rodada), Kanter até agora tem sido um jogador pouco produtivo. Ele não é um grande defensor, e embora seu físico gere todo tipo de problemas para os adversários, ele não sabe muito bem usar isso de costas para a cesta ou algo parecido - ele tem médias de 16-10 nos ultimos anos por 36 minutos, mas nunca passa de 25 minutos por jogo na prática. Ele tem melhorado em 2014/15 - só 22 anos, by the way - mas ainda não se entrosou bem com Favors ou deu mostras de que vai ser mais do que um jogador de rotação na NBA. Utah não tem pressa e provavelmente vai continuar insistindo em Kanter e Favors (que ainda são jovens) se o preço não for absurdo, mas até agora nenhum parece que vai virar nada de excepcional.


2012 Draft: Bradley Beal (Wizards)
Bradley Beal, até agora, tem sido exatamente o que se esperava dele antes do Draft: um bom jogador ofensivo cujo principal foco é o arremesso de fora, bom o suficiente em outras áreas (especialmente como ball handler) para contribuir, mas sendo só secundário a sua produção ofensiva. Não é nem vai ser uma estrela, mas tem tudo para ser um bom jogador ofensivo e talvez um All-Star algum dia.


Resultado final: Graças a Deus a escolha #3 não tem nenhuma maldição. As escolhas #3 dos ultimos 15 anos não geraram nenhum Franchise-changing Superstar (Aquele jogador historicamente bom como Durant, LeBron ou Unibrow), mas gerou um ótimo número de estrelas (Harden, Gasol, Williams e Carmelo), outros dois All-Stars (Horford e Davis), um possível All-Star (Beal), e só dois grandes busts (Morrison e Miles). Em termos de aproveitamento, é uma boa safra, quase 7 em 15 anos. Ainda assim, apenas um (Gasol) e TALVEZ dois (Harden) jogadores acabaram sendo o melhor de suas classes.

Mas de novo, em termos de sucesso, nada excepcional. Apenas um dos 15 jogadores venceram um título (Gasol), e foi depois de ter sido trocado por um time que tinha decidido voltar a se reconstruir. Apenas um outro (Harden) chegou a uma final de NBA, e foi como reserva de um time que tinha duas outras estrelas maiores de titular (Durant e Westbrook). Carmelo (só com Billups a bordo) e Deron chegaram perto, mas falharam e logo forçaram uma troca, e os times que os trocaram ainda não estão em boa forma. Então enquanto tivemos ótimos jogadores saindo com a escolha #3, também é difícil achar times que tenham usado essa escolha alta rumo a uma Final de NBA ou um período prolongado de competição pelo título.


Escolhas #4 de Draft


1998 Draft: Antawn Jamison (Warriors, via Raptors)
Jamison foi escolhido pelo Raptors na escolha #4 e imediatamente trocado pela #5 + dinheiro. Como a #5 foi Vince Carter, é seguro dizer que o Raptors acabou fazendo a coisa certa.

Jamison é o típico jogador que nunca foi excepcional, mas foi muito bom por muito tempo e teve uma excelente carreira. Um ótimo jogador ofensivo, Jamison teve média de quase 19-8 na sua carreira, teve uma temporada 25-9 por Golden State, e ficou acima de 20 ppg três outras vezes. Sem falar em ter jogado por uma série de times divertidos de Warriors, Mavericks e Wizards. Jamison se aposentou ano passado depois de 16 temporadas bem sucedidas e 2 All-Stars.


1999 Draft: Lamar Odom (Clippers)
Yep, aquele. Odom é outro exemplo de jogador muito bom, com um skill set muito único e que foi bastante útil em alguns bons times, mas que nunca foi realmente uma estrela (ou um All-Star). Na verdade, Odom jogou quatro temporadas pelo Clippers apenas, com as últimas duas sendo marcadas por lesões e inconsistência, e o time não reassinou com ele. Ainda que Odom tenha sido um bom jogador com uma boa carreira, difícil dizer alguém que é dispensado depois de quatro anos do seu time foi um sucesso.

Odom acabou assinando com o Heat na offseason - depois que o Heat conseguiu o espaço salarial necessário porque o agente do Anthony Carter ESQUECEU de exercer sua player option - e foi uma peça importante na troca que trouxe Shaq a Miami. Odom acabou naqueles horríveis times do Lakers do meio dos anos 2000 que eventualmente foram salvos por Chris Wallace Pau Gasol, e era o quarto melhor jogador dos bicampeões Lakers. Nada espetacular, mas também sólido.


2000 Draft: Marcus Fizer (Bulls)
Quem?!

Fizer foi um PF que ninguém entendeu quando foi escolhido pelo Bulls em 2000, considerando que eles já tinham Elton Brand, e muitos acharam que tinha sido pego para uma futura troca. Essa troca nunca aconteceu, Fizer ficou mofando no banco atrás de Brand (e depois Curry/Chandler), eventualmente estourou um joelho, e estava fora da NBA aos 27 anos.


2001 Draft: Eddy Curry (Bulls)
Uma coluna bem infeliz para o Bulls. Tirando Rose na escolha #1, Bulls apareceu nessa coluna só com um acerto relativo (Ben Gordon) e um caminhão de erros: trocar Brand por Chandler, trocar Aldridge por Tyrus Thomas, e escolher Jay Williams e Marcus Fizer com as outras duas. E agora, Eddy Curry.

Não tem nada mais engraçado na NBA que reler colunas pré-Draft 2001 e ver Curry ser comparado a Shaq e Wilt Chamberlain. Um cara enorme, muito forte e muito gordo, todo mundo achava que Curry tinha o potencial para ser um pivô extremamente dominante na NBA. Só que ai ele chegou na NBA de fato e todo mundo viu que ele não conseguia pegar rebotes, defender o aro, ou mesmo se mover direito em quadra. Tudo que ele tinha era aquele jogo de costas para a cesta, o que era suficiente para fazer algumas pessoas acharem que ele tinha salvação quando na verdade ele era péssimo. E claro, ele convenceu Isiah Thomas a trocar não uma, mas DUAS escolhas de primeira rodada por ele. Essas escolhas acabaram virando Joakim Noah e, depois, LaMarcus Aldridge (que o Bulls estupidamente trocou). Quando Eddy Curry fez 25 anos, ninguém o queria mais - jogou apenas 26 jogos na carreira depois disso antes de se aposentar. Outro dos maiores busts de todos os tempos.

Curiosidade do dia: Eddy Curry tem 100% de aproveitamento em bolas de três na carreira. 2 de 2.


2002 Draft: Drew Gooden (Grizzlies)
Gooden foi basicamente um jogador irrelevante ao longo da carreira, nunca com mais que 14.4 pontos ou 9.2 rebotes em uma temporada, além de prover zero defesa ou passes. Algumas temporadas decentes e até chegou em uma Final de NBA por Cleveland, mas nunca foi um jogador que mudasse alguma coisa.

O engraçado da carreira de Gooden foram as trocas constantes e os nomes envolvidos: na temporada de calouro, foi trocado para o Magic em troca de Mike Miller e uma escolha futura de Draft (eventualmente Kendrick Perkins); ele depois foi mandado para o Cavs em troca de Tony Battie (!!) junto de (wait for it...) Anderson Varejão; ele depois foi trocado pelo Cavs junto de Shannon Brown e Larry Hughes em uma troca de quatro times que trouxe a Cleveland Ben Wallace, Delonte West e uma escolha de segunda rodada que acabou virando (wait for it...!) Danny Green; mais tarde foi trocado pelo Bulls por John Salmons; e depois de ir ao Mavs como free agent, foi trocado junto de Josh Howard por Caron Butler e DeShawn Stevenson, que ajudaram o Mavs a ser campeão em 2011. Eventualmente também foi envolvido na troca que trouxe Jamison ao Cavs. Por algum motivo eu acho muito engraçado Gooden ter estado envolvido em todas essas trocas com todos esses nomes, e o fato de que ele jogou por 10 times (33% da NBA!!!) ao longo de sua carreira.


2003 Draft: Chris Bosh (Raptors)
OS scouts da época achavam que Chris Bosh era magro demais para jogar no profissional, e que portanto Darko era um prospecto muito melhor. Scouts são burros. Lembrem disso.

Bosh foi uma escolha de enorme sucesso para o Raptors, e não demorou para se estabelecer como um dos melhores PFs da NBA, uma legítima estrela capaz de arremessar de fora, jogar no garrafão, ou colocar a bola no chão e criar a partir do drible. O problema é que o Raptors foi absolutamente incapaz de montar qualquer coisa ao redor do seu time: nos próximos três anos, Toronto escolheu 3x no Top10 (incluindo uma escolha #1) e gastou todas em jogadores de garrafão medíocres (o brasileiro Babby, Charlie Villanueva e Bargnani). Depois disso o time ficou menos horrível e Bosh começou a levar Toronto mais longe, mas dai o time ficou preso no topo da loteria/parte de baixo dos playoffs, sem condições de se reforçar mas muito longe de ter um time decente. Como acabou, todo mundo sabe: Bosh foi para Miami e ganhou dois títulos com LeBron e Wade. Bosh foi uma grande escolha que virou um grande jogador, mas a culpa é da diretoria de Toronto por não aproveitar.


2004 Draft: Shaun Livingston (Clippers, via Bobcats)
Antes do Draft, o Clippers trocou sua escolha #2 (eventualmente Okafor) para o Bobcats pela #4, uma escolha de segunda rodada (Lionel Chalmers) e um acordo sobre o Draft de expansão (não pergunte). E selecionou Livingston, um adolescente com muito potencial vindo direto do High School. Livingston teve um papel limitado nos primeiros anos mas demonstrou grande potencial como defensor e armador... até que sofreu uma lesão horrível no joelho, que o tirou da temporada, custou dois anos para voltar as quadras e o roubou de toda sua explosão e habilidade atlética.

Livingston nunca voltou a ser o que era e perdeu todo seu potencial, mas em um final feliz, Livingston conseguiu retomar sua carreira, um jogador útil capaz de jogar/defender três posições e pontuar de costas para a cesta que voltou aos playoffs ano passado como um importante jogador no Nets. Confesso que poucas vezes fiquei mais feliz por um atleta profissional que não envolvesse meu time.


2005 Draft: Chris Paul (Hornets)
O Hornets achou ouro com Paul depois que três times estupidamente passaram por ele, e Paul logo se revelou um Franchise-chaning player por New Orleans, um Isiah Thomas 2.0 e um dos 12 melhores PGs da história da NBA. Suas temporadas 2008 (21-12, líder em roubos, deveria ter sido MVP) e 2009 (23-11, líder em roubos) estão no Panteão das maiores de um PG em todos os tempos. O prolema, como acontece com tantas outras estrelas draftadas no topo do Draft, é que Paul era bom demais para um time que era ruim demais. Sua chegada e seu impacto imediatamente levantaram em muito a franquia, só que o time ao seu redor era ruim e não tinha boas peças de troca para trazer um bom complemento veterano, e agora com Paul o time não era mais ruim o suficiente para juntar várias escolhas altas de Draft. Então pobre Paul ficou preso carregando nas costas times fracos e sem esperança do Hornets, até que seu contrato chegou ao fim e ele foi trocado para Los Angeles (tecnicamente duas vezes) antes que o Hornets perdesse o jogador por nada. Ele mudou o destino do Clippers desde então junto de Blake Griffin.


2006 Draft: Tyrus Thomas (Bulls, via Trail Blazers)
Já critiquei muito essa escolha do Bulls, e com razão: Aldridge virou um All-Star e um dos melhores PFs da NBA, enquanto Tyrus Thomas foi um grande bust pra Chicago, nunca passando de 10.8 pontos e 6.4 rebotes e decepcionando de maneira geral. A única coisa boa a se dizer sobre Thomas no Bulls é que pelo menos conseguiram se livrar dele na quarta temporada para o Bobcats em uma das piores trocas da NBA moderna: Tyrus Thomas (jogou três anos e meio em Charlotte, foi anistiado e estava fora da NBA aos 26 anos) por Acie Law (meh), Ronald Murray (meh)... e uma escolha futura de primeira rodada. Que AINDA é de Chicago no presente momento, um doce ativo para trocas ou para tentar achar um jogador para o futuro.


2007 Draft: Mike Conley (Grizzlies)
Não foi uma escolha popular na época, e foi ainda mais criticada quando o Grizzlies eventualmente deu uma extensão contratual de 45M/5 anos para Conley, mas a verdade é que deu muito certo: Conley evoluiu em um dos melhores armadores da NBA, um excelente jogador all-around capaz de defender em altíssimo nível, armar o time e atacar a cesta mesmo com o pouco espaço que o Grizzlies costuma gerar. Conley não é uma estrela, mas é um ótimo jogador que é hoje provavelmente o segundo melhor do time com melhor record da NBA.


2008 Draft: Russell Westbrook (Supersonics)
Yep, três vezes o Sonics/Thunder achou ouro no Top4 do Draft. Eles acharam um Franchise-changing player (Durant), uma superestrela em Westbrook, e uma futura estrela em Harden (que só virou uma quando saiu, mas enfim). Essa é a sequência de Drafts que convenceu o mundo do basquete de que tankar era uma boa idéia e o caminho mais rápido para o sucesso (mais sobre isso daqui a pouco). Na época, Westbrook #4 foi uma surpresa e muita gente achou que tinha sido uma escolha ruim, só que Westbrook acabou virando um dos 15 melhores jogadores da NBA. Acontece. Nem todo mundo consegue ter esse tipo de seqüência. Quer dizer, Durant, Westbrook E Harden em Drafts consecutivos?! É que nem pegar um raio em uma garrafa. Três vezes seguidas.


2009 Draft: Tyreke Evans (Kings)
Evans tacou fogo na NBA em 2009, quando se tornou o quarto calouro da história (junto de Oscar, MJ e LeBron) a ter 20-5-5 de média (20-5-6, 46 FG%). Todo mundo engoliu o hype criado por essa temporada de calouro e achou que Evans estava pronto para explodir como a próxima estrela da NBA... só que não aconteceu. Tyreke decaiu na sua segunda temporada, batalhando algumas lesões. E na terceira. E na quarta. Sua temporada de calouro acabou sendo seu auge, e em cada uma das quatro temporadas subsequentes suas médias de pontos e rebotes foram caindo, ele parecia cada vez mais sem posição na NBA, até que o Kings decidiu não renovar seu contrato. Evans acabou no Pelicans e, em 2014/15, tem tido um certo renascimento na carreira (16-6-6, segundo melhor jogador do time), mas nunca chegou a ser a estrela que todos esperavam.


2010 Draft: Wesley Johnson (Timberwolves)
Yep, é isso ai, em drafts consecutivos o Wolves pegou Johnny Flynn sobre Stephen Curry e Wes Johnson sobre Boogie Cousins. Pelos velhos tempos... KAAAAAAAAAAHN!!!!

Johnson era considerado uma escolha "segura" no draft, alguém que já entrava na NBA com 23 anos depois de ter passado três anos no College. O enunciado era que ele fazia tudo um pouco: arremessava de fora, defendia, jogava com a bola nas mãos, etc. O que todo mundo logo descobriu é que não é que ele fazia um pouco de tudo... é que ele não sabia fazer nada direito. Ele durou duas temporadas horríveis em Minnesota antes de ser trocado sem cerimonia para Phoenix, e de lá para o Lakers, onde faz parte de um dos piores times da NBA. Ele nunca teve PER acima de 11 na carreira.


2011 Draft: Tristan Thompson (Cavaliers)
Outra escolha ruim de Draft do Cavs. Ta certo que o Draft não era muito bom, mas tinha vários jogadores melhores (e mais bem cotados) que Thompson disponíveis, como Valanciunas, Klay Thompson e Kawhi Leonard. Thompson nunca foi nada mais do que medíocre, um jogador que só tem uma habilidade em nível NBA: rebotes de ataque. Fora isso, ele não consegue arremessar, passar a bola, criar seu próprio arremesso, jogar de costas para a cesta ou defender o aro consistentemente. E ele ainda assim provavelmente vai ganhar uma extensão de uns 48M essa offseason simplesmente porque seu agente é o mesmo de LeBron James


2012 Draft: Dion Waiters (Cavaliers)
Outro fracasso do Cavs. Com Waiters, é comum as pessoas confundirem ser um jogador talentoso com ser um bom jogador. Waiters tem talento - sabe driblar, arremessar e criar a partir do drible - mas não é um bom jogador em um time. Ele arremessa demais e quando quer, não se movimenta tanto sem a bola, é um péssimo defensor, não parece ter noção da hora certa de fazer cada coisa, e não faz nenhum companheiro de time melhor. Em dois anos ele já brigou com Irving e LeBron, e atualmente está mofando no banco do Cavs com médias de 9 pontos e 38% nos arremessos. Algumas das próximas escolhas do mesmo Draft: Lillard, Terrence Ross, Harrison Barnes, Andre Drummond.


Resultado final: Dos 15 jogadores #4, vimos alguns casos se repetindo de bons, sólidos jogadores que nunca viraram estrelas, como Odom, Tyreke, Conley ou Jamison. É o que você quer garantir na loteria. Mas em termos de upside, apenas um Franchise-changing superstar (Paul) e duas grandes estrelas (Westbrook e Bosh), o que não é ruim considerando que essa é a quarta escolha, especialmente considerando os bons jogadores que também tivemos (apenas quatro grandes busts - Johnson, Curry, Fizer e Thomas).

E de novo, o mesmo tema: falta de sucesso. Apenas Westbrook chegou a uma Final de NBA com o time que o escolheu, e os dois jogadores da classe que ganharam anéis de campeões com alguma relevância fizeram isso depois de saírem do time que os draftou: Bosh saiu de Toronto como FA para ganhar um título em Miami, e Odom virou free agent uma vez e foi trocado outra antes de chegar no Lakers (e mesmo assim só foi campeão cinco anos depois). Poucos times que fizeram essas escolhas viram seu destino mudar positivamente, e os que viram não conseguiram fazer nada com isso a exceção do Thunder (que já tinha Durant do Draft anterior).


Conclusão

Em termos contáveis, eis nosso saldo final das 60 escolhas de Draft Top4 entre 1998 e 2012:

Cinco franchise-changing players. 3 escolhidos na primeira escolha, 1 na segunda e 1 na quarta (Lebron, Dwight, Davis, Durant e Chris Paul)

Nove estrelas, contando Rose e Yao. 3 na primeira escolha, 4 na terceira, e 2 na quarta (Rose, Yao, Griffin, Gasol, Melo, Deron Williams, Harden, Bosh, Westbrook)

8 consistentes All-Stars. 3 na primeira escolha, dois na segunda, dois na terceira e um na quarta: Brand, Wall, Irving, Aldridge, Francis, Baron Davis, Al Horford, Jamison

18 busts absolutos, o tipo de jogador que foi um fracasso inapelável na escolha.

Então na contagem final, temos 5 FP, 9 estrelas, 8 All-Stars, 18 busts, e os outros 20 jogadores ficam entre "muito sólido" (pense Odom/Conley) e "fraco, mas passível" (Gooden), com no meio alguns "esperamos para ver" (Beal, MKG, Favors). Então 22 de 60 escolhas (37%) no Top4 desses 15 anos renderam algo que você ficaria satisfeito, algo entre All-Star e Franchise Player. Confesso que é menos do que eu esperava - eu esperava que o Top4 consistentemente rendesse jogadores melhores para esses times. Se você tem uma escolha Top4, você tem quase tantas chances de sair de lá com um bust (30%) como com um All-Star. Isso é um pouco assustador. Além disso, talento claramente não falta nesse Top60, mas também não me parece que você tem grandes chances de sair de lá com uma estrela - 14 de 60, menos de 25% das escolhas, renderam esse tipo de jogador. Para ilustrar melhor, vamos ver como o resto da primeira rodada desses 15 Drafts rendeu nas categorias FP, estrela e All Star:

2 Franchise Players (Dirk, Wade)

10 estrelas (Pierce, Carter, Parker, Stoudamire, Roy, Rondo, Love, Curry, Cousins, Paul George )

10 All-Stars (Marion, Rip Hamilton, Artest, Z-Bo, Joe Johnson, Butler, Iguodala, Al Jefferson, Noah, Brook Lopez)

Bem parecido. Claro, o resto da primeira rodada tem muito mais escolhas, mas ainda assim é significativo o quão próximos tem sido os resultados dos times dentro do Top4 e dos times fora delas. O único considerável desequilíbrio é em Franchise Players - já que esses jogadores normalmente já são certezas ANTES da NBA, é raro que caiam das primeiras escolhas - mas ainda assim, Franchise Players em geral já são extremamente raros, menos de um a cada dois anos na nossa amostra. Considerando que menos de metade deles saíram na escolha #1 também serve para mostrar que, mesmo quando tem um FP disponível (o que não é tão comum), ainda assim não é fácil pegá-lo.

E tem também aquele complicado fato do qual não podemos escapar: nem um único desses 60 jogadores ganhou um título com o time que o escolheu. Na verdade, apenas CINCO deles sequer CHEGARAM a uma final de NBA, e três deles foram com o mesmo time (Durant, Harden e Westbrook com o Thunder de 2012). Os cinco jogadores dessa lista que chegaram a ser campeões com um papel importante (LEBron, Bosh, Gasol, Odom e Chandler) foram todos campeões depois de deixarem seus respectivos times: LeBron e Bosh saíram como free agents para pastos mais verdes depois de ficarem anos presos a times medíocres (e deixaram Cavs e Raptors sem nada); Odom virou free agent e foi trocado antes de virar campeão, onde era apenas o terceiro ou quarto melhor jogador; Gasol foi campeão depois de trocado por migalhas por um time que queria voltar a reconstruir; e Chandler passou por cinco times antes de realizar seu potencial no campeão Mavs. Para efeito de comparação, SEIS daqueles All-Stars ou melhores que foram draftados fora do Top4 foram campeões pelo time que os draftou (Dirk, Pierce, Wade, Rondo, Parker, Hamilton combinaram para 11 títulos).

Essa falta de sucesso é o que mais preocupa olhando esses 15 anos. Selecionar um grande jogador já é algo bem difícil e até raro, mesmo no topo do Draft, mas é significativo que mesmo os que conseguiram um não tenham alcançado tanto sucesso coletivo assim.

Os times que escolheram LeBron, Chris Paul e Chris Bosh nunca conseguiram montar algo em torno de suas estrelas. Os times que escolheram Deron e Gasol tiveram bons times, mas nunca bons o suficiente para realmente ser grande candidato ao título. O Denver de Carmelo era apenas razoável mesmo com Melo até a chegada de uma estrela veterana (Billups), que levou o time as Finais do Oeste, depois nunca mais. Yao e Rose quebraram. Os 8 All-Stars nunca foram bons o suficiente para levar sozinhos um time nas costas. E com uma exceção (chegaremos lá), a maior parte desses times que conseguiu um grande jogador não foi capaz de montar um time bom o suficiente. Isso é um problema grave.

Em grande parte, isso se deve ao fato de que tankar tem um custo. Se você quer sair do Draft com uma estrela ou o tipo de jogador que vai mudar o destino da sua franquia, então em geral o melhor lugar para conseguir esse tipo é o topo do Draft. E isso sem falar que, como já vimos, é raro e um tanto quanto imprevisível achar essas estrelas ano a ano, então se seu objetivo maior é conseguir uma estrela através do Draft, você provavelmente tende a se manter mais que um ano entre os piores. E para conseguir uma coisa dessas, você provavelmente teve que deixar o seu time muito ruim. Tipo, muito muito ruim. A não ser que você de um golpe de sorte a partir de um time já bom (como o Bulls em 2008, que conseguiu a #1 e Rose tendo apenas a nona pior campanha da NBA, e isso por causa de um ano em que tudo deu errado) ou de muita sorte em um projeto de tank de um ano devido a uma circunstância externa (como o Spurs tankando em 1996 porque David Robinson machucou e perdeu a temporada, e saindo com Tim Duncan), escolher no alto do Draft provavelmente significa que você tem um time bem ruim. Talvez até que tenha trocado seus jogadores mais veteranos e quem quer que pudesse ajudar você a ganhar jogos (e portanto atrapalhando o tank) por pouca coisa.

Então você fica com um time muito ruim, sem bons jogadores, porque isso aumenta suas chances de conseguir uma escolha alta... mas isso significa que mesmo se o tank funcionar e você conseguir uma estrela, você não tem nada que preste ao redor dela para construir em cima. E se sua estrela for boa o suficiente logo de cara, isso provavelmente significa que agora o seu time não é mais ruim o suficiente para contar com escolhas altas de Draft, mas também não terá nada ao redor dela para competir por um título a não ser que sua diretoria consiga ser bastante competente com poucos ativos (algo difícil nos dias de hoje, onde os times estão menos burros quanto a trocar escolhas desprotegidas de Draft, por exemplo). E isso antes de considerar que, como a NBA é estruturada hoje,  existe uma grande chance da sua estrela se mandar na free agency (ou forçar uma troca) dentro de alguns anos se você não conseguir montar um bom time ao redor dela, como aconteceu com vários jogadores dessa lista.

Se você for re-observar essa coluna, vai ver que essa história é a mais comum. Time muito ruim consegue uma escolha alta pela loteria, escolhe uma estrela, time se torna sólido ao seu redor, não consegue fazer os movimentos certos para montar um grande time com menos ativos, passa vários anos sendo bom-mas-não-bom-o-bastante-para-disputar-títulos, e eventualmente perde sua estrela porque ela se mandou na free agency ou porque você quer reconstruir mais uma vez. Denver provavelmente é o melhor exemplo: era um time horrível, pegou uma estrela em Melo no Top3 do Draft e imediatamente virou um time de playoffs... só que um time que não ia além da primeira rodada, onde ficaram presos durante anos a fio. Isso só foi mudar quando a diretoria trocou por uma estrela já estabelecida, Chauncey Billups, e o time chegou nas Finais do Oeste... e um ano depois Melo forçou uma troca para sair de Denver.

Em resumo, vendo essa análise toda, é difícil ficar convencido de que tankar realmente trás bons resultados. Estatisticamente, os números estão um tanto quanto contra você: você tem uma chance bem pequena de conseguir um Franchise-changing player mesmo com uma escolha Top4 (pelas minhas contas, 5 em 60 escolhas, o que da cerca de 8% de chance de conseguir um jogador assim com uma dessas escolhas), e mesmo uma estrela ou All-Star não são tão comuns assim como seria de imaginar. E a falta de sucesso geral desses times e desses jogadores é ainda mais preocupante, incluindo esse padrão de "não conseguir construir em torno mesmo se achar a estrela que querem". A não ser que você consiga aquele jogador historicamente excepcional (e mesmo com eles, mas em menor grau), você ainda vai precisar se desdobrar para reforçar sua equipe mesmo depois de conseguir sua estrela ou All-Star, só que agora sua tarefa vai ser muito mais difícil porque não vai mais contar com tantas escolhas altas... e isso antes de contar o quanto pode indispor jogadores a atuarem por uma equipe que foi ruim por muito tempo.

Então apesar de várias evidências da dificuldade que é transformar tank em sucesso, e da incrível falta de sucesso dos times que fizeram isso nos últimos 17 anos (zero títulos, apenas quatro desses times foram as Finais e ganharam quatro jogos TOTAIS lá), por que muitos times, analistas e torcedores ainda acham que esse é o melhor caminho para o sucesso?

Porque deu certo com o Thunder, que inclusive é o modelo que o Sixers está tentando seguir. Não apenas tankar até conseguir sua estrela, mas fazer isso consistentemente por anos a fio para conseguir VÁRIAS dessas estrelas. Deu certo para o Thunder, que em três anos pegou Durant, Westbrook e Harden - três dos 10 melhores jogadores da NBA na atualidade - e esse é o sucesso que todo mundo quer ter rumo a um título.

É claro, isso é que nem falar que todo mundo quer imitar o modelo de sucesso do Spurs. "Tudo que você tem a fazer é pegar um dos 6 melhores jogadores da história da NBA no Draft, juntar ele com um dos 4 melhores técnicos da história, cercar eles sempre dos jogadores certos, trabalhar sempre dentro do mesmo contexto voltado para o time, e ser a melhor franquia do mundo desenvolvendo role players por 15 anos para ganhar múltiplos títulos?!". Porque o Thunder fez também foi igualmente difícil, algo como pegar um raio em uma garrafa três vezes seguidas. Seja por pura sorte (ter uma escolha alta em Drafts com esses jogadores, ver Portland estupidamente passar Durant na escolha #1 e cair no seu colo um dos melhores pontuadores da história do esporte) ou por incrível competência avaliando talentos (Westbrook e Harden foram escolhas bastante surpreendentes na noite do Draft), é só você dar uma relida nas 60 escolhas analisadas nessa coluna para ver o quão difícil e improvável é você conseguir acertar três estrelas (inclusive uma sendo um talento histórico como Durant). Se quer tornar isso mais estatístico, 14 das 60 escolhas (23%) Top4 nesses 15 anos viraram uma estrela. Com essas chances, a chance de três escolhas seguidas virarem uma estrela é de ínfimos 1.2%, e isso antes de contar que uma delas era Durant (chances bem menores) E das chances de conseguir três escolhas seguidas dentro do Top5 (OKC tinha a quinta pior campanha em 2007 e a quarta pior em 2009). As chances são mínimas de conseguir algo assim, então chega a ser ingenuidade achar que qualquer time pode repetir esse modelo e sair com tanto sucesso assim.

E ainda assim, os times insistem. Nenhum desses times em 15 anos conseguiu sucesso sustentável na NBA (em termos de competir pelo título) tirando o que, como já vimos, fez algo extremamente raro e quase impossível de ser reproduzido. Nenhum ganhou um título ou chegou a mais de uma final. Então talvez seja hora de encarar o tank e o começo do Draft como a melhor forma de sucesso na NBA.


Como eles ganharam então?!

Então tank não é uma estratégia tão eficiente, e muito menos bem sucedida, na NBA moderna quanto as pessoas parecem acreditar. Então agora vamos fazer o contrário - olhar para os times que DE FATO venceram um título de NBA e tentar olhar um pouco para os caminhos que usaram para chegar lá.


1999 San Antonio Spurs
O Spurs é talvez o único time da NBA pós-Jordan a tirar sucesso de um tanking. Ainda assim, o sucesso do Spurs com esse tank confirma de certa forma tudo que eu disse, porque eles são a exceção da exceção: um time que fez um ano de tank sem necessariamente ser ruim. Eles aproveitaram uma lesão que tirou sua estrela (David Robinson, outra ex-escolha #1 que nunca tinha chegado a uma Final) da temporada para fazer um tank pontual de um ano, e tiveram a imensa sorte de conseguir a escolha #1 (com o terceiro pior record) naquele ano, e logo no ano que um dos 6 melhores jogadores da história da NBA estava saindo do College: Tim Duncan. 

Com sua nova estrela a bordo, a grande vantagem é que o Spurs não estava vazio de talento em torno da sua nova aquisição, eles já tinham um time razoável e uma segunda estrela a bordo! Duncan imediatamente assumiu o comando de Robinson, e o Spurs aproveitou sua dupla de pivôs fantásticos para ser campeões. O tank deu certo, mas só porque San Antonio já tinha uma boa estrutura anteriormente montada em torno de Timmy.


2000 Los Angeles Lakers
2001 Los Angeles Lakers
2002 Los Angeles Lakers
Eu juntei o three-peat do Lakers porque não houve nenhuma grande mudança de um ano a outro, a fórmula ainda era essencialmente a mesma. Esse é outro time que se aproveitou de duas estrelas (que, por acaso, eram dois dos cinco melhores jogadores da NBA), mas ao contrário do Spurs, o Lakers não conseguiu Shaq e Kobe através de tanking ou escolhas de Draft altas. Eles assinaram com Shaq como Free Agent em 1996, se aproveitando de seu status como franquia, da sua cidade e do dinheiro que tinham de sobra (e também que o Shaq saiu de Orlando depois de brigar com Penny Hardaway). Ainda assim, os Lakers de Shaq só foram atingir o sucesso quando Kobe Bryant se tornou um dos melhores jogadores da liga. E Kobe foi um achado no #13, escolha do Hornets que o Lakers adquiriu por Vlade Divac quando Kobe deixou claro que não iria jogar por New Orleans.

Quando Kobe virou uma estrela e Shaq finalmente atingiu seu ápice (30-14-4, 57%, MVP), o Lakers imediatamente virou um juggernault historico que engoliu três títulos e teria conseguido tantos outros se o ego de Kobe não explodisse e destruísse o time. Apesar das duas estrelas, nenhum tanking: uma delas veio por Free Agency, e a outra foi um grande talento achado na metade da primeira rodada do Draft.

(Tangente rápida: Jerry West é um dos 10 melhores jogadores da história da NBA, mas porque ele não é mais mencionado entre os maiores GMs da história do jogo? Depois de ganhar um título por Los Angeles como jogador, ele virou GM e foi responsável por montar os times campeões de Magic/Worthy/Kareem E a dinastia Shaq/Kobe em Los Angeles!! Entre jogador e GM, isso são NOVE títulos para o Lakers!! Inacreditável. Como sempre, ninguém da o valor que West merece).


2003 San Antonio Spurs
Apesar de um início de contribuição de alguns jogadores estrangeiros que viriam a ser famosos (mais sobre eles daqui a pouco), a verdade é que esse título foi vencido por San Antonio porque Tim Duncan é um monstro. A sua temporada 2003 tem meu voto para, do inicio ao final, a temporada mais underrated da história da NBA: venceu o MVP com 24-14-4 de média e dobrando como o melhor defensor da liga, e sendo de longe o jogador mais importante de San Antonio dos dois lados da quadra. Nos playoffs, ele destruiu tudo e todos na sua frente, com médias de 25 pontos, 15 rebotes, 5 assistências e 79 tocos em 23 jogos, destruindo o Lakers de Shaq e o Mavericks de Nowitzki no processo antes de finalizar o seu título com um histórico quase-quadruple double no G6 das Finais: 24 pontos, 20 rebotes, 10 assistências e 8 tocos em um jogo que eu não faço a menor idéia de porque não é mais lembrada entre as grandes performances da história dos playoffs. Duncan terminou os playoffs de 2003 com o maior Win Shares da história da pós temporada.

Então ainda que algumas peças já estivessem se encaixando em torno de Duncan, esse título ainda foi nas costas da sua superestrela ancorando responsabilidades titânicas dos dois lados da quadra e chutando mais traseiros do que deveria ser permitido.


2004 Detroit Pistons
A exceção entre as exceções da história do basquete. O Pistons de 2004 foi um time que se aproveitou de uma série de fatores para ser talvez o pior campeão da história da NBA: uma série de lesões atrasaram gravemente seus principais competidores (Sam Cassell no Wolves, Karl Malone no Lakers); o Leste era um vácuo histórico de bons times; a NBA passava talvez por sua maior entressafra de talento desde o Merger; e as regras da NBA tinham ido excessivamente na direção de times ultra-defensivos.

Ainda assim, é um tanto quanto fascinante ver como o Pistons montou esse time que é o único desde 1980 a vencer o título sem uma grande estrela. Eles pegaram Chauncey Billups (um armador talentoso mas que nunca tinha sido nada demais na NBA jogando por quatro times diferentes) como free agent em 2003 antes dele eventualmente virar um All-Star em Detroit; trocaram Jerry Stackhouse (um All-Star que conseguiram por Aaron McKie, Theo Ratliff e Carlos Delfino) por Rip Hamilton, ex-7th pick; pegaram Tayshaun Prince com a escolha #23 do Draft; pegaram Ben Wallace (um FA não-draftado) como parte do pacote de retorno quando o Free Agent Grant Hill (uma escolha #3 que, adivinhe!, nunca jogou uma Final de NBA) foi para Orlando; e por fim receberam a peça final do quebra-cabeça quando Danny Ainge mandou de presente para eles Rasheed Wallace em troca de alguns jogadores medíocres e duas futuras escolhas de Draft (eventualmente Josh Smith e Tony Allen).

Basicamente, eles montaram uma base razoável com free agents e trocas menores antes de complementar esse grupo com uma excelente escolhas de final de Draft e, com as peças encaixadas, fizeram uma troca final por uma estrela a venda (Sheed). Nenhum tanking, nenhuma escolha alta.

Ps. Se você está acompanhando, sim, eles também tinham a escolha #2 daquele Draft e pegaram Darko Milicic ao invés de Bosh, Melo ou Wade. Funhé.


2005 San Antonio Spurs
Finalmente a máquina do Spurs começa a se encaixar. Duncan ainda é o pilar do time, principalmente na defesa, mas outras peças importantes começam a surgir ao seu redor e Pop começa a aliviar um pouco a carga de sua grande estrela. Os principais fatores nessa mudança são dois estrangeiros: Tony Parker, que foi escolhido #28 no Draft alguns anos antes, e Manu Ginobili, argentino importado da Europa depois de ser escolhido na segunda rodada (escolha #57!). Então com o time campeão de 1999 se desmontando conforme a carreira de David Robinson foi terminando, San Antonio se remontou em torno de sua estrela com duas escolhas tardias de Draft que trouxeram dois futuros All-Stars e diversos role players pontuais, contratações inteligentes e um fantástico técnico.


2006 Miami Heat
Miami terminou 2003 com o quinto pior record da NBA quando sua estrela - Alonzo Mourning - perdeu a temporada com uma séria doença nos rins, e embora Mourning não voltasse mais a Miami até 2005 (quando já não era nem sombra do grande jogador que foi), Miami achou ouro naquele Draft, achando uma superestrela mesmo escolhendo fora do Top5 (Wade no #5, em uma decisão que na época foi uma grande surpresa, inclusive). Mas Miami só foi dar o salto em 2005, quando Miami trocou seu segundo melhor jogador (Lamar Odom, assinado como Free Agent) e seu terceiro melhor jogador (Caron Butler, escolha #10 do Draft uns anos atrás) pelo descontente Shaquille O'Neal. Shaq e Wade logo combinaram para uma das melhores duplas da NBA, e depois de uma lesão em Wade atrapalhar os planos para 2005, Miami finalmente venceu seu título em 2006 quando ganhou do Mavericks em uma das séries mais injustas e vergonhosas da história do basquete.

Então de novo, nenhum tank ou escolha Top4 aqui. Acharam uma superestrela fora do Top4, e aproveitaram um bom núcleo passado (construído através de drafts passados e free agents) para fazer uma troca pela segunda estrela que precisavam, e depois cercaram a dupla com jovens jogadores (incluindo um FA não draftado chamado Udonis Haslem) e alguns veteranos em fim de carreira em busca de um anel (Jason Williams, Gary Payton).


2007 San Antonio Spurs
Outro dos mais injustos títulos da história da NBA (a série contra Phoenix foi decidida por uma suspensão ridícula da NBA e um juiz que foi preso dois meses depois por manipular resultados), mas de novo na mesma fórmula de San Antonio: Duncan ancorando a defesa e fazendo a parte "suja" do ataque, Parker e Manu conduzindo a bola, e uma série de role players executando a perfeição um esquema tático brilhante de um técnico brilhante. De longe o jogador mais importante foi a estrela escolhida #1 10 anos antes, mas o time precisou da injeção de dois jovens talentos estrangeiros para chegar aonde esteve.

(E se você não acha que Tim Duncan era DE LONGE o melhor jogador do Spurs de 2007 só porque Tony Parker foi MVP das Finais, então você não entende de basquete. É simples assim.)


2008 Boston Celtics
Depois de tankar com tudo que tinha por Duncan e sair de mãos vazias (saíram com Ron Mercer na #6 e Billups na #3, mas trocaram Billups depois de CINQUENTA FREAKING JOGOS por nada), o Celtics eventualmente achou uma estrela (em menor grau, claro) em Paul Pierce um ano depois na #10, só para praticamente jogar fora seu auge inteiro com péssimas gestões, trocas e drafts. Boston eventualmente teve algum sucesso nos playoffs nas costas de Pierce, mas só porque jogava no fraquíssimo Leste, e na maior parte do tempo foi um time frustrante por anos a fio.

Em 2007, depois de uma lesão que tirou Pierce de boa parte do ano, o Celtics decidiu tentar tankar mais uma vez, dessa vez por Oden/Durant. De novo, não deu certo, e o Celtics ficou apenas com a quinta escolha. Então ao invés de insistir na reconstrução e trocar Pierce, Boston decidiu tentar o oposto: fazer uma troca por um veterano estabelecido para tentar aproveitar o resto da carreira do #34. Aproveitando que o Seattle Supersonics estava tentando se desmontar para reconstruir através do Draft, o Celtics pegou o veterano All-Star Ray Allen em troca de espaço salarial e escolhas de Draft, e usou os jovens talentos que tinha acumulado nos últimos anos - Al Jefferson (#15), Gerald Green (#18) e Bassy Telfair (via Blazers) - para trazer a grande cereja do bolo, Kevin Garnett (que não teria vindo se o time já não tivesse duas estrelas). O Big Three acabou recebendo o reforço de um jovem armador escolhido um ano antes com a escolha #21... Rajon Rondo!

Então o Celtics fez o oposto de tankar, de certa forma: ao invés de trocar sua estrela veterana por jovens e escolhas de Draft, o Celtics trocou seus jovens e escolhas de Draft (inclusive uma escolha futura que virou #5 para Minnesota... que pegou Johnny Flynn sobre Steph Curry) para duas estrelas velhas em times ruins para aproveitar os anos finais de Paul Pierce, a estrela que foi a base do time por tantos anos depois de ser escolhida bem depois do Top4. E com Rondo, esse núcleo acabou chegando a duas Finais e quatro Finais de conferência nos próximos anos.


2009 Los Angeles Lakers
2010 Los Angeles Lakers
Depois de passar boa parte do auge de Kobe na mediocridade pós-troca do Shaq, o Lakers só voltou a ser competitivo quando trouxe via troca - wait for it... - uma estrela veterana que estava presa em um time ruim e que queria reconstruir!! Usando contratos expirantes e escolhas futuras de Draft, o Lakers conseguiu roubar Pau Gasol do Memphis, e usando a estrela veterana descontente no time que a draftou e uma estrela que acharam no #13 do Draft, ganharam dois títulos seguidos.


2011 Dallas Mavericks 
Outro time bastante único aqui, sem uma segunda estrela acompanhando Dirk Nowitzki. A verdade é que, depois de conseguir sua superestrela em 1998 (trocando Robert Traylor por Dirk, a escolha #9) para se juntar a um bom time (Michael Finley, Cedric Ceballos, Steve Nash, Shawn Bradley), o Mavs passou quase 14 anos montando times competitivos sem chegar ao topo, um lembrete de como é difícil chegar a um título de NBA mesmo com um bom time (embora, para ser justo, Dirk e o Mavs teriam vencido em 2006 não fosse a arbitragem).

O Mavericks eventualmente chegou ao seu título em 2011, atrás de um esforço monstruoso de Dirk nos playoffs (28-8, 48 FG%, 46% de três pontos, 94 FT%) e um time com vários outros bons jogadores que não eram necessariamente estrelas: Tyson Chandler ancorando a defesa, Jason Terry trazendo poder de fogo do banco, Shawn Marion com defesa e velocidade, Jason Kidd rodando bem a bola, etc. Um bom exemplo de time bom que pegou uma superestrela sem precisar do topo do Draft e passou anos trocando essas boas peças ao redor dela até achar a situação certa para ganhar um título.


2012 Miami Heat
2013 Miami Heat
Eles ainda tinham aquela estrela que pegaram fora do Top4 como uma peça central, mas agora foram ajudados pelo fato de terem trazido outros dois free agents razoavelmente importantes. Primeiro, uma estrela 6-vezes All Star que saiu do time que o draftou por nada depois de passar anos sem ganhar nada por lá, e depois, o melhor jogador da NBA que saiu do time que o draftou por nada depois de passar anos sem ganhar nada por lá. Bosh e LeBron, claro, aparecem nessa lista, e Cavs e Raptors não ganham nada desde... oh, nenhum nunca ganhou nada.

Então em parte, vale a pena destacar Wade, a peça central do time por 8 longos anos que foi draftado fora do  Top4, mas o que realmente decidiu esses títulos foram os dois free agents.


2014 San Antonio Spurs
De novo, Duncan sendo a âncora e o pilar (dentro e fora de quadra) da franquia, e Parker e Manu conduzindo o ataque e fechando o Big Three, dessa vez com um esquema ofensivo ultra-inteligente, rápido e eficiente, cortesia como sempre de Pop. Mas dessa vez, a peça crucial que estava faltando era Kawhi Leonard, a jóia que o Spurs achou... na 15th escolha do Draft (que adquiriu trocando George Hill). Vale citar também o papel de Danny Green (free agent não draftado) e Tiago Splitter (#28 do Draft) em transformar o Spurs de volta em um candidato ao título. A base estava montada, mas precisou se reforçar para voltar ao topo, e fez isso sem precisar de uma escolha Top4 de Draft.



Em resumo, é difícil achar um padrão claro pelo qual ser campeão através desses ultimos 16 anos. Mas ainda da para tirar algumas lições interessantes. Depois que o Spurs foi campeão em 1999 nas costas de duas ex-1st picks frutos de tanking, tivemos os seguintes campeões: um time com um free agent e uma estrela escolhida #13 liderando; três times do Spurs que remontaram em torno de Duncan usando uma escolha #28 e uma #57, e que depois precisou de uma #15 para ganhar um título 6 anos depois; um Heat que usou uma estrela de outro time junto a uma estrela própria pega fora do Top4 (só possível por já ter bons jogadores antes da escolha); Celtics e Mavs pegaram suas estrelas #9 e #10 no mesmo Draft e eventualmente conseguiram montar o time ideal ao seu redor trocando por jogadores estabelecidos de outros times; Heat foi bicampeão atrás de uma free agency histórica e bizarra; Lakers ganhou mais dois nas costas de uma estrela escolhida #13 do Draft e de uma troca por uma estrela de outro time que quis reconstruir; e uma exceção histórica (2004 Pistons) sem uma estrela sequer.

Não é exatamente um grupo homogêneo, mas eu não vi nenhuma escolha Top4 ai tirando Duncan. E mesmo com Duncan o Spurs atingiu um ponto complicado depois da decadência de David Robinson que precisou se reforçar com dois achados incríveis no final do Draft.

E eis um tema comum em várias dessas histórias: um time sólido, mas um pouco abaixo dos principais candidatos ao título que se reinventa com uma escolha e sobe um degrau graças a uma escolha de Draft não de topo. Kawhi Leonard (#15), Kobe Bryant (#13), Parker (#28) e Manu (#57), Prince (#23) e até mesmo Rajon Rondo (#21, embora Rondo tenha explodido DEPOIS do título). Você também tem casos de um time que já tinha uma estrela trocando por uma segunda usando ativos acumulados de outros tempos: Pau Gasol, Shaq, Allen/Garnett, Rasheed, e até mesmo Chandler (embora ele não fosse uma estrela, ele foi a peça final do título do Mavs). Todos eles a partir de sólidos times com alguma base, e nenhum deles precisou de um Top4 pick tirando Duncan.

(Até OKC, que é a exceção aos times que tankaram recentemente e emergiram disso como contenders, precisou achar uma peça fundamental em Ibaka, escolha #22 do Draft)

Claro, todos ainda precisam de uma estrela, de um Alpha Dog. Mas tirando Duncan, esses jogadores vieram via Free Agency (LeBron, Shaq) ou escolhas de Draft não de topo, em geral com alguma base interior em cima da qual construir ou usar para futuras trocas (Wade #5, Dirk #9, Pierce #10, Kobe #13).

Sei que é um ponto um tanto quanto arbitrário, mas o que a história recente da NBA nos mostra é que, em termos de sucesso sustentável e de médio prazo (e, tipo, títulos) é muito melhor você ser aquele time acima da média que junta vários ativos enquanto tenta achar uma estrela no meio do Draft ou uma troca para dar o próximo, ou mesmo um time com uma boa base tentando achar uma estrela fora do Top4 do Draft e que quando a conseguir, vai ter algo em cima do que construir, do que ser um time que destrói todo seu elenco tentando ser o pior possível para conseguir uma estrela no topo do Draft e que, quando conseguir, não vai ser capaz de fazer nada com ela e acabará voltando ao limbo.

A questão, claro, é que você ainda precisa ter pelo menos uma estrela para conseguir tudo isso, e que é mais fácil conseguir uma no topo do Draft. Mas o que essa enrolação toda está nos mostrando é que, DEPOIS que você consegue uma estrela, você tem muito mais chances de ter sucesso se ela vier no meio do Draft (ou mesmo no topo, mas por fruto de pura sorte na loteria), por uma troca esperta ou mesmo um free agent descontente para um time que já tem alguma base em cima da qual se manter do que se vier para um time que se destruiu atrás desse jogador.

Não acredita ainda? Então vamos ver rapidamente como cada time candidato ao título de conferência esse ano se montou?

Cleveland sofreu por anos a fio com escolhas altas de Draft antes de ser salvo pelo puro acaso de jogar no estado natal do melhor jogador do mundo; Toronto é um time sem estrelas que vive de seu entrosamento e profundidade, e que achou DeRozan e Ross #9 e #10 do Draft, Lowry foi #24 e veio por uma troca (1st round futura, eventualmente Steven Adams), Amir Johnson foi #58 e veio de graça (80% do time titular), e que começou a ganhar depois que o time TENTOU tankar depois dos fracassos com montando times com as ex-escolhas #1 Bosh e Bargnani; Chicago foi o raro time bom e de meio de tabela que esbarrou em uma #1 por pura sorte (Rose), e que se manteve sólido com ótimo aproveitamento nas escolhas de Draft medianas (Noah #9, Butler #30, Mirotic #23); Mavericks e Spurs foi pelos mesmos motivos já expostos em títulos anteriores; Memphis tem como ponto forte um free agent com má fama (Z-Bo) e uma escolha de segunda rodada (Gasol) mesmo depois de errar grosseiramente na escolha #2 que foi Hasheem Thabeet; o Rockets se manteve no meio da tabela acumulando ativos até abrir uma brecha para trocar por uma estrela (Harden), e usou a sua presença e atratividade para trazer uma segunda na free agency (Dwight); e Portland tem como pilar uma ex-escolha #2 (Aldridge) mas que só foi voltar a ser grande porque acertou em cheio em uma série de escolhas fora do Top5 (Lillard - que foi via troca inclusive - e Batum), free agents (Matthews, Kaman), e trocas (Robin Lopez, Lillard de novo). O Clippers possivelmente é a única exceção - que tem Blake Griffin como seu segundo melhor jogador, uma ex-escolha #1 (por um time que já tinha vários jogadores interessantes, mas enfim), mas que só chegou aos playoffs quando trocou por uma estrela estabelecida em Chris Paul para fazer uma dupla.

Claro, o melhor exemplo seria um time que era do final da loteria com algum talento no seu plantel. Esse time eventualmente achou um franchise player em uma escolha menos valorizada, como a #7, trocou esse talento já no seu plantel por um All-Star já estabelecido de outro time, gastou muito bem suas escolhas intermediárias de Draft para trazer vários talentos, e eventualmente complementou esse bom núcleo com veteranos e free agents pontuais rumo a se tornar um forte candidato ao título. Mas espera... esse time existe! É o Golden State Warriors de 2014/15, que achou Stephen Curry no #7, trocou Monta Ellis por Andrew Bogut, acertou com escolhas # #11 (Thompson) e de segunda rodada (Draymond Green), e eventualmente completou esse time com bons veteranos rumo a 15-2 e o melhor saldo de pontos da NBA inteira!

Então para finalizar (ufa!), peço que olhem para tudo isso que vimos - a falta de sucesso das escolhas Top4 recentes (e mais importante, de seus times), o enorme número de busts, a forma como campeões se montaram com escolhas intermediárias, trocas e free agency, a importância de acertar suas escolhas medianas e de contar não só com o Draft mas também com um planejamento all-around. Veja o quão difícil é achar um Franchise-changing player pelo Draft, e mesmo a dificuldade dos times ruins de conseguir algo com esses jogadores, e compare com a importância e o resultado dos times que mantiveram sua folha salarial limpa, apostaram em jogadores jovens e conseguiram trocas por valores subestimados, fizeram trocas inteligentes e acertaram suas escolhas de Draft intermediárias. E agora me responda: ainda acha que tankar é o melhor jeito de atingir sucesso na NBA?

Eu duvido.

16 comentários:

  1. Não diria que tankar seja o melhor jeito, já que o Spurs faz questão de mostrar que com uma boa diretoria é bem possível montar ótimos times(mesmo que para isso tenha sido preciso uma primeira escolha).

    Só que convenhamos, caso se tenha um bom time e por azar seu melhor jogador sofra uma contusão. Se o time não conseguir manter um certo nível, eu jogaria só com pirralhos e contratos expirantes. Melhor experiência e quem sabe algum bom reserva venha disso. Com o bônus de ter uma escolha melhor para o ano seguinte.

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    2. Andei pensando, o que o sixers está fazendo não seria bom com uma diretoria competente? Conseguir jovens muito talentosos que por algum motivo não jogarão na NBA no momento, tankar durante esse tempo gerando escolhas altas, e ao trocar os jogadores decentes conseguiram escolhas de segunda rodada que podem pontuais num time de muito talento.
      Podem conseguir fanchise changing players, ou all stars que podem compor o nucleo do time ou serem trocados por uma estrela estabelecida?

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    3. É o que eles esperam que aconteça, mas o que eu tentei mostrar é que só deu certo uma vez - OKC - e as chances disso se repetirem são mínimas. Sem falar que você tem um dano residual - Philadelphia est´å virando tão malvisto dentro da NBA que vai ser mais difícil para eles contratarem FAs ou atraírem jogadores importantes. Eles estão apostando em repetir o que OKC fez - eu tentei mostrar o quanto isso não tem funcionado.

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  2. Matéria simplesmente fantástica. Melhor análise que já li sobre os recrutamentos da NBA.

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  3. Belo texto,principalmente pelo trabalho da pesquisa hehe Investigar draft por draft não deve ter sido fácil.

    E a conclusão que chego é que sim,vale ficar uns 2 anos com um time jovem,perdendo mais do que ganhando,acumulando escolhas altas,que eventualmente podem render jovens com potencial ou se tornarem ativos em trocas.

    Mas só isso não basta,até porque estamos falando de jogadores de 19,20 anos.É fácil identificar quem tem talento ou não,mas traduzir isso no profissional é outra história.Depende muito do perfil do jogador,se ele é do tipo "fanfarrão",desligado ou do tipo esforçado,que trabalhar duro pra evoluir.E claro,uma boa comissão técnica que saiba desenvolver e tirar o melhor desses atletas,proporcionar um bom ambiente e um esquema que favoreça.E essa preocupação parece faltar em várias equipes.E não vou nem falar das possíveis lesões que podem simplesmente acabar com a carreira de um jogador.

    E temos lembrar também que passar por um rebuild é inevitável.Cito os exemplos aqui do Magic e do Celtics.No caso do Orlando,eles iam perder sua principal estrela e o elenco forte que tinha ido as finais já estava se desmanchando.Ter temporadas ruins era inevitável,perder não era um escolha.Era simplesmente algo inevitável.E fizeram bem em se aproveitar pra conseguir jogadores jovens e mais escolhas no processo.

    No caso do Celtics,eles até poderiam se manter 1 ou 2 anos indo aos playoffs com o que restou do big 3,mas e ai,quando eles começassem a perder rendimento(o que já tava acontecendo) e se aposentassem,eles simplesmente iam começar a perder de qualquer jeito.Não tinham cap,não tinha escolhas e o melhor mesmo foi trocar o Paul Pierce e o Kevin Garnett e acelerar o processo de reconstrução com uma penca de picks e jovens jogadores,e um técnico novo e promissor.

    As derrotas eram inevitáveis para as duas equipes.

    Agora,o que o Sixer tá fazendo é um exagero tremendo,e nesse caso digo que não vale a pena.É um risco muito alto,trocar todo bom jogador por pouca coisa,simplesmente pra perder o maior número de jogos e quem sabe conseguir algum jogador extra-classe,o que vimos não é uma certeza mesmo com a primeira escolha.

    E ainda fico pensando,como que eles querem montar um time vencedor no futuro e incutir uma mentalidade vencedora nos atletas,perdendo 10,15 jogos seguidos,sendo massacrado em vários deles e sendo o pior time da liga (e um dos piores da história)?Como que vai se dar a formação desses jogadores,principalmente o psicológico deles.Como se acostumar a vencer se tão cedo já são incentivados a fazer justamente o contrário?E o resto do time?Eles podem até conseguir algum jogador para liderar o time,mas vimos que só isso não basta.E a comissão técnica?E o elenco?Será que os poucos bons jogadores que eles estão garimpando,vão ter paciência pra um rebuild tão demorado(duas escolhas de primeira rodada que perderam a primeira temporada) ou vão dar no pé na primeira chance que tiverem?

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    1. Eu tentei deixar as conclusões meio vagas no texto de propósito, para não tentar tirar uma conclusão definitiva e axiomática disso. Cada um pode interpretar como quiser.

      MAs se você quiser o que EU tiro disso tudo, é o seguinte: reconstruir é inevitável na NBA, mas o problema aqui é como. O que a pesquisa me msotra é que é extremamente menos rentável do que parece fazer isso através do topo do Draft - para chegar lá, você precisa desmontar sua equipe, minimizar seu talento e por ai vai durante um certo tempo. E isso NAO tem dado certo para as equipes porque é difícil demais se reconstruir. Enquanto isso, franquias que tem achado sucesso recentemente são as que reconstroem mantendo um núcleo em volta, aceitando escolhas mais naquele 6-10 range, achando AI suas estrelas e all-stars e usando o núcleo que já estava ao redor - não de grandes jogadores, mas também não de restolhos que te "ajudariam" a ser ruim.

      Então a questão não é aqui se os times devem reconstruir ou não (o que, como eu disse, é inevitável), e sim que ultimamente os times estão fazendo isso de uma forma muito extrema, com base na crença de que o melhor caminho é destruir seu time, conseguir uma escolha altíssima de Draft e construir a partir dai. E eu tentei mostrar que, pelo menos até agora, esses times não tem obtidos resultados.

      Sobre o ultimo paragrafo, concordo totalmente. Pegue o MCW, por exemplo. É um bom jogador, começou bem o ano passado... mas o tempo foi passando, ele foi jogando sem perspectiva de vencer em um time que só queria perder mesmo, e foi pegando todo o tipo de mau hábito. Fazer o passe bonito ao invés do certo, jogar pelas suas estatísticas e não pelo time, centralizar demais o jogo, etc. ele vai acostumando a jogar dessa maneira e pegando esses maus hábitos. E dai, daqui a uns anos quando o Sixers precisar que ele seja um líder por exemplo e jogue basquete vencedor, eficiente... como ele vai fazer isso? De onde ele vai tirar essa experiência? Como ele vai saber o que é melhor ou pior? Isso vai destruindo o jogador aos poucos, e as vezes, é irrecuperável. Perder vira um hábito.

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  4. "Provavelmente vai encerrar a carreira como um dos 30 ou 20 melhores jogadores da história do jogo."

    Só isso pro Kevin Durant mesmo,por quê?

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    1. Ué, ele tem 26 anos, não fazemos idéia de como vai ser o resto da sua carreira. É só uma projeção aproximada. Se ele superar isso e acabar sendo, sei lá, um dos 10 melhores da história... ele ainda é um dos 20 ou 30 melhores da história. Então é uma estimativa do que eu projeto como o "piso" dele, só isso.

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  5. Excelente post, vou passar a acompanhar seu blog agora. Não conhecia. Abraços!

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  6. Eu já desconfiava disso, que tank não funcionava, apesar de não ter nem 1% de conhecimento do que você postou. Mas me espanta que muita gente (inclusive o Magic Johnson em declaração recente) seja a favor de tankar. Qual a probabilidade de você pickar um jogador TOP, que consigar levar nas costas um time ruim (ou muito ruim, no caso de tankar por várias temporadas) e chegar a uma final de conferência? Diria que quase zero. E aí o tal jogador TOP vai acabar indo embora. Franchise Player então, é ganhar na mega sena. Jogar temporadas no lixo em nome da sorte me parece burrice, e acaba estragando um pouco a NBA. Por isso sou fan dos Spurs, q tankaram mas nao tao escandalosamente, aproveitaram uma oportunidade pra pegar o Duncan, mas mais importante, construiram um legado, um time, uma atmosfera em volta dele, isso sim deveria ser feito em vez de apostar na loteria.

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    1. Obviamente é impossível tirar conclusões 100% precisas, mas o que me pareceu bem claro nesse pseudo estudo é que não adianta pegar uma estrela se você estourou todo o seu time pra isso. Precisa ter uma consistência ao longo dos anos e, claro, alguma sorte para achar o FP.

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  7. vitor, tu acha que o pacers devia aproveita essa temporada sem o P.george e trocar o D.west e ou george hill? ja que nesse draft vão ter varios jogadores de garrafão, assim mantem um nucleo e consegue uma pick entre 5/10

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    1. Acho que devia tentar trocar o West sim. Minha proposta favorita era mandar o West pra Charlotte por um ex-Hoosier (Vonleh ou Zeller), e apostar em uma boa escolha de Draft esse ano. Um projeto de tank de um ano em torno de um bom núcleo devido a uma circunstância externa - lesão do George - me parece uma boa oportunidade.

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  8. Belíssimo texto, li faz um tempo, mas não tive tempo de comentar. Pra mim, não compensa desfazer de todo talento possível por escolhas de draft, até porque dos 60 escolhidos, raramente 20 dão certo, e o preço pago por escolhas de draft é imenso, já que elas são altamente valorizadas enquanto tem real valor, que é antes do Draft. A questão é que bons times arrumam bons jogadores em bases promissoras, escolhas medianas, Free Agency e trocas ousadas.
    Aliás, belo trabalho Vitor, meu blog preferido (depois do que eu escrevo, hehe). Espalhei esse texto sensacional por aí.

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