Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

O verão de Nova York, parte II (Nets)

Essa quase foi a grande estrela do Brooklyn Nets


Ontem começamos a falar dos times de Nova York, com o Knicks. Hoje, continuamos falando do outro time de NY, o recém-mudado Brooklyn Nets.

Pra quem não lembra, o Nets amargou em 2010 uma das piores temporadas da história da NBA. O time (que nem era tão ruim assim!) ganhou apenas 12 jogos, teve de longe a pior campanha da Liga e por boa parte do ano correu o risco de bater o recorde de pior campanha da história da NBA, recorde do Philadelphia 76ers de 1973 (9-73) antes de engrenar uma boa sequência no final e deixar essa honra duvidosa para trás. No final do ano, pra piorar, ficou apenas com a terceira escolha do Draft de 2011 (Derrick Favors), vendo o Wizards sair com o grande prêmio daquele Draft (John Wall, 1st Overall).

Na temporada seguinte, o Nets fez de tudo pra se distanciar dessa temporada historicamente ruim. Novos uniformes, novas cores, estádio novo, um novo logo, e até um novo dono, o bilionário russo Mikhael Prohorov. E Prokhorov, quando assumiu o controle do time, anunciou seus planos de mudar a Franquia de New Jersey para o Brooklyn, onde estava sendo construída uma nova arena. A mudança supostamente ocorreria em 2012, ao final da temporada.

Claro, um bom plano: NY é um mercado maior, muito mais atenção da mídia e muito mais atraente para jogadores do que a fraca New Jersey (onde o time colecionou fracasso atrás de fracasso ao longo dos anos, vale lembrar). Era um local para o time se distanciar de seu passado, construir uma base de fãs numa das cidades mais obcecadas por esportes dos EUA, e aproveitar da visibilidade e do dinheiro que a cidade trazia pro time pra montar times competitivos.  Esse plano só tinha um problema: O Nets não podia fazer sua grande mudança rumo (ou pelo menos o que eles esperavam que fosse) a um novo futuro mais promissor na sua nova cidade com um elenco cujas estrelas eram Devin Harris, Brook Lopez e o pirralho extremamente cru Derrick Favors sem passar vergonha. Se você vai mudar para uma cidade que já tem um time de basquete, e pior, se esse é um dos times mais tradicionais e com a torcida mais fanática da NBA, você precisa ter um time que gere interesse, que seja competitivo e que atraia torcedores, senão iria virar o Clippers de New York. E Harris-Lopez-Favors definitivamente não é um núcleo interessante ou competitivo.

Por esse motivo, em 2011, o Nets aproveitou a moda lançada em 2010 de “Estrelas saindo dos times de mercado pequeno” para sair à caça de pelo menos uma grande estrela para tornar sua mudança para o Brooklyn mais interessante e atraente para os fãs. E a principal superestrela cujo contrato terminava no final do ano, não demonstrava interesse em reassinar o contrato com seu time de mercado pequeno e que estava forçando uma troca pro time não perder seu jogador de graça era o Carmelo Anthony, que fez um dos maiores corpo moles da NBA no Nuggets pra forçar essa troca (o famoso “Não é que eu não jogue sério, eu só não estou nem um pouco envolvido no que estou fazendo” que o Dwight Howard aperfeiçoou ano passado).  O Nets juntou os ativos que tinha - uma escolha de Draft (que com certeza seria alta) junto com Derrick Favors (cru mas com muito potencial) e Devin Harris - e ofereceu ao Nuggets pelo Melo, com o argumento de “Se não aceitar nossa troca, ele vai sair de qualquer jeito no final do ano e vocês não vão receber nada por ele” para conseguir a estrela que faria a mudança do time mais… Marketable.

Mas todo mundo sabe o que aconteceu: O Knicks atravessou o negócio e ficou com Melo em troca de Danilo Gallinari, Wilson Chandler, Ray Felton, Timofey Mozgov e uma escolha de Draft (com a promessa de que assinaria uma extensão contratual por lá), enquanto o Nets de novo se viu diante da possibilidade real de se mudar para o Brooklyn sem um bom time ou uma estrela. Mas ai o Nets juntou seu pacote anterior e ofereceu ao Jazz por Deron Williams, o excelente armador que ainda tinha mais um ano no contrato pra gastar, mas que tinha causado problemas o suficientes por lá pro Jazz não esperar pra trocar o jogador antes que ele saisse de Free Agent (reinventando o time do Jazz com a troca). O problema era que Deron também não tinha se comprometido a assinar uma extensão contractual com o Nets, virando Free Agent no final da temporada 2012, quando o Nets estaria se mudando para sua nova casa. O desafio do Nets, portanto, era simples: Eles tinham que construir um time bom o suficiente pra convencer o Deron Williams a ficar com eles quando acabasse seu contrato, ou então ficariam sem a estrela e sem os ativos que mandaram para o Jazz.

Em 2011/12, o Nets tentou duas abordagens que ninguém aguenta mais ouvir: Trocar por Dwight Howard (o pu-pu-platter de Brook Lopez, Marshon Brooks, escolhas de Draft e contratos expirantes), ou então limpar espaço salarial o suficiente pra assinar Dwight com um Free Agent ao final da temporada junto com Deron, já que o pivô tinha a opção de terminar seu contrato mais cedo. A segunda foi pro saco quando Dwight, cedendo à pressão dos torcedores, decidiu não terminar seu contrato mais cedo, deixando assim Deron Williams como o unico Free Agent de nome no final da temporada. Em pânico, o Nets trocou sua escolha de primeira rodada – protegida Top3 – por dois meses do Gerald Wallace, cujo contrato também acabava no final do ano. Eu não vou nem entrar nos méritos da estupidez dessa troca, uma escolha destinada a ser alta num Draft profundo por um jogador que poderia dar o fora em três meses, mas o fato é que o Nets terminou a temporada, a sua escolha de Draft (6th) foi pro Blazers, e o Nets viu Deron Williams, Wallace e Kris Humphries saindo da equipe como Free Agents. E pra piorar, o Magic não só não parecia disposto a aceitar a troca por Dwight Howard (não que eu possa culpá-los, o melhor jogador que receberiam era Brook Lopez, um pivô que não defende, pega 4 rebotes por jogo – o que Dwight pega em um quarto – não toma uma boa decisão em quadra e que teria que receber uma extensão maxima para fazer a troca funcionar) como mais times – Lakers, Rockets, Hawks – entraram na briga pelo pivô do Magic.

E ai o Nets reassinou com Wallace por 4 anos, 40 milhōes (Um absurdo! Não os 10M por ano, e sim os 4 anos – Crash tem 30 anos, um estilo que machuca demais e raramente fica saudável, qual a chance dele ainda estar jogando bem daqui a dois anos?) e fez a seguinde troca: Adquiriu Joe Johnson em troca de uma montanha de contratos expirantes e role players pouco importantes (Jordan Farmar, Johan Petro, Jordan Williams, DeShawn Stevenson, Anthony Morrow e uma escolha de primeira rodada protegida do Rockets) junto ao Hawks. E quer saber? Foi a melhor coisa que o Nets poderia ter feito.

Eu explico. O Joe Johnson é de longe o jogador mais overpaid da NBA inteira, mas pro Nets isso não é bem problema pra um time cujo dono é a versão russa do Mark Cuban. E apesar de não valer metade do que ganha, o Joe Johnson ainda é um All Star, um dos SGs mais confiáveis da Liga, um excelente arremessador, capaz de criar o próprio arremesso e que ainda é capaz de armar o jogo. O Nets mandou um monte de role players inúteis, e matou seu teto salarial, mas sabia exatamente o que adquiria: O SG mais confiável da Liga depois de Kobe e Dwyane Wade e que complementa muito bem o Deron Williams.

Talvez o mais importante aqui seja o seguinte: O Nets era uma droga, e o Nets não ia conseguir trocar por Dwight Howard – O Magic definitivamente não queria pagar um contrato máximo do Brook Lopez, tinha opçōes mais interessantes, provavelmente iria preferir segurar o pivô até aparecer algo melhor, um tempo que o Nets não tinha. E se o Nets não se mexesse, Deron Williams ia concluir que o time era ruim e que não valia a pena ficar por lá, e se mandar pra Dallas (Onde jogaria com Dirk Nowitzki, e onde ele cresceu). O Nets precisava se mexer pra adicionar mais peças pro seu time, a única disponível era JJ, e o time não pensou duas vezes antes de puxar o gatilho pra trazer JJ pro Brooklyn. Joe Johnson é overpaid? Sem dúvida. Mas a troca foi necessária. Sem ela, o Nets não traria Dwight e ainda perderia Deron (que admitiu que só voltou pro Nets por causa da troca por Joe Johnson). Ao invés disso, manteve sua estrela e a trouxe um All Star, um dos melhores SGs da NBA, pra jogar junto dela.

O “problema” era que essa troca tornava quase impossível trazer Dwight Howard por causa de restriçōes salariais. Teria que ser um sign and trade máximo pelo Lopez (e o próprio Brook admitiu que talvez não assinasse se fosse para ser trocado pro Magic) e teria que envolver mais QUATRO sign and trades diferentes nessa troca, extremamente improvável (e mesmo se conseguisse, o Magic mesmo assim provavelmente não trocaria). Então o Nets, sabendo que estava fora da briga por Dwight, reassinou Kris Humphries por um assalto de 2 anos, 28M e deu – adivinhe! – um contrato máximo pro Brook Lopez.

O time do Nets para 2012/13? Deron, JJ, Wallace, Humphries, Lopez. É um puta time? Definitivamente não, vai ter problemas defensivos demais, por exemplo, e vai apanhar de times mais atléticos. Ele também está alto demais no teto salarial (salario anual de cada titular: 18M, 22M, 10M, 14M, 16M. YIEEEKES!!!) e isso provavelmenta vai tirar um pouco da flexibilidade do time para se reforçar nos próximos anos. Mas ele cumpre o que o Nets tinha como o objetivo – montar um time decente e com uma superestrela para sua mudança para o Brooklyn. Se o time quisesse Dwight Howard, teria que esperar o final do ano que vem para assiná-lo como Free Agent… Mas isso significaria perder Deron e ir pro Brooklyn com Brook Lopez e Gerald Wallace de grandes estrelas. O time optou por agir antes com JJ, perdeu a chance de trazer Dwight, mas pelo menos agora o Brooklyn tem um time que deve ir aos playoffs e atrair algum interesse na sua nova casa. E quer saber? O Nets fez a coisa certa, dadas as circunstâncias. Dinheiro não é problema, Prokhorov paga as multas numa boa, e faz muito mais sentido apostar no garantido – Johnson – do que esperar por um Dwight que pode nunca acontecer. O essencial para o Nets era garantir uma estrela, e o time garantiu Deron. Tem um bom time titular (o banco é fraco, mas enfim), deve atrair interesse em sua nova casa, ir aos playoffs e pelo menos ser algo que o time não foi nos últimos oito anos: Um time de basquete de verdade.

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