As preocupações de Sherman e do Seahawks na offseason
AVISO IMPORTANTE: Para compensar a ausência no final da temporada, e colocar um ponto final decente na boa temporada 2013 da NFL, a idéia é fazer um mega-Mailbag daqui a duas semanas. A semana que vem vai ser dedicada a olhar o caminho dos 32 times para o ano que vem, e a idéia então é que só na outra semana a gente faça o Mailbag mesmo. Qualquer tópico é válido, qualquer coisa sobre a temporada regular, playoffs, técnicos, jogadores, Free Agency e etc. Perguntas sobre o Draft também serão respondidas, mas terão menor preferência pois é um assunto que ainda vai ter sua cobertura. Então aproveitem para mandar suas perguntas/dúvidas/comentários finais da temporada para tmwarning@hotmail.com com o assunto "Mailbag", que você pode ver sua pergunta aqui e no Esporte Interativo (perguntas enviadas a Mailbags anteriores e não respondidas também serão respondidas, se ainda relevantes, btw). Então participem e vamos fazer desse último MB da temporada 2013 um sucesso.
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Depois de olhar para o passado - mais especificamente, olhar para nossos palpites de antes da temporada começar e ver quais deram certo e quais foram fiascos homéricos - é hora de olhar um pouco para o futuro de cada uma das 32 franquias da NFL. A temporada 2013 agora é passado, e estamos entrando na pior época do ano (o tempo entre o Super Bowl e o começo do Draft e da Free Agency, que é quando por bem ou por mal a NFL começa de novo). Então é hora de pegar todos os times da NFL e ver em que ponto exatamente cada um deles se encontra nesse momento da offseason, quando estamos todos recolhendo os cacos de 2013 e se preparando para 2014. Qual a direção que cada time deve tomar para 2014? Quais mudanças devem ser feitas? Quais as incógnitas e quais as certezas? É isso que vamos tentar achar nesses posts. Serão três: um para os times de playoffs, um pra os times que não foram aos playoffs na AFC, e um aos times que não foram aos playoffs na NFC.
Então vamos começar hoje com o primeiro grupo: os 12 times que foram aos playoffs em 2013 e que esperam dar um passo a mais em 2014.
Quer dizer... eles ACABARAM de vencer o Super Bowl, anotando em New Jersey 5 pontos a mais do que o time sofreu em TODOS os jogos de playoffs somados. Acredito que a preocupação com 2014 não esteja tão alta nos lados de Washington. Ainda mais que lá a maconha é legalizada.
Além disso, para repetir em 2014, o Seattle está muito bem posicionado. Graças ao fato de que muitos dos seus principais jogadores (Russell Wilson, Etan Thomas, Richard Sherman, Bruce Irvin, Bobby Wagner, etc) ainda estão em contratos de calouros que pagam um vigésimo do que esses caras mereceriam no mercado pelas suas performances, o Seahawks é um time que tem bastante espaço salarial indo para a offseason. E um dos segredos do Seattle nos últimos dois anos tem sido aproveitar esse espaço extra na folha salarial para ir na free agency em busca de jogadores veteranos em contratos curtos, como fez esse ano com Cliff Avril e Michael Bennett. Então não só a base do time é ótima, eles tem totais condições de irem no mercado e saírem de lá com veteranos competentes (minha aposta para 2014: Jared Allen) que se encaixem na equipe e mantenham o ótimo nível dos antecessores. Não é a toa que Seattle é o grande favorito em Vegas a vencer o Super Bowl XLIX.
As questões mais complicadas para Seattle são duas. Em primeiro lugar, o time tem alguns free agents relevantes, inclusive Golden Tate e principalmente Michael Bennett. Bennett em especial teve um 2013 espetacular, foi o terceiro melhor jogador dessa defesa, e vai exigir um contrato longo e caro. Então cabe a Seattle decidir o que fazer, e não é a pior das decisões: renovar com seu melhor WR de 2013 e um dos melhores DEs da NFL, ou deixar os dois saírem e usar suas toneladas de espaço salarial para trazer substitutos baratos em contratos curtos? Eu aposto no segundo, especialmente porque chegamos no segundo "problema de Seattle". A consequência de ter uma tonelada de grandes jovens talentos em contrato de calouro é que esses contratos favoráveis não duram para sempre. Em 2015, diversos desses (inclusive Sherman, Thomas e Wilson) irão exigir um novo contrato que os pague de acordo com seu valor real, e talvez seja impossível acomodar todos esses novos milionários no teto salarial da equipe. Então o Seattle pode optar por, ao invés de usar seu espaço salarial para trazer novos jogadores, usá-lo para reconstruir o contrato de Sherman e Thomas em um novo e longo contrato com foco no primeiro ano, aproveitando assim o espaço salarial atual para absorver o grosso do contrato desses dois, e assim deixando a situação mais controlada para 2015 quando Wilson, Irvin e outros devem receber o mesmo tratamento. De qualquer forma, é apenas uma forma de antecipar a offseason de 2015, e considerando a combinação de ótimo núcleo e espaço salarial, Seattle é o favorito a ser o primeiro bi-campeão do Super Bowl desde 2004.
O Denver Broncos, basicamente, é um time apostando uma corrida contra o tempo. Eles possuem um dos cinco maiores QBs da história da NFL no seu elenco, montaram um ataque excepcional ao seu redor para maximizar suas habilidades nessa etapa da sua carreira, e possuem bastante talento do outro lado da bola para fazer desse um time equilibrado e sólido. E considerando como Peyton Manning continua batendo recordes aos 37 anos, eles possuem totais condições de serem campeões no presente.
Mas a questão é que a cada ano que passa, Manning fica mais velho e mais perto da aposentadoria, que sinceramente ninguém sabe quando pode acontecer (seu contrato vai até 2016, mas anualmente ele faz exames delicados no pescoço que passou por quatro cirurgias). Então esse é um time voltado justamente para vencer agora, e tem feito isso bem. São dois anos seguidos com a melhor campanha da AFC, e um Super Bowl desde que Manning chegou ao Colorado. Muita gente vai correr para apontar a vergonha que passou no Super Bowl, mas foi contra um time superior de Seattle estando sem Ryan Clady e Von Miller (dois dos seus seis melhores jogadores). Se o time continuar chegando perto, uma hora os fatores vão alinhar a seu favor e o título vai chegar.
O problema é que o teto salarial está apertando e Von Miller está prestes a receber um contrato mastodôntico, e então a não ser que Denver consiga algo muito criativo em termos salariais, eles terão que abrir mão de um dos seus dois principais free agents (Knowshow Moreno também é FA, mas me parece muito mais fácil substituir sua produção a um custo baixo). Dominique-Rodgers Cromartie, um dos CBs mais underrateds da temporada 2013 da NFL, e Eric Decker, com suas 1300 jardas e 11 TDs, foram duas peças essenciais para a ótima campanha do Broncos na temporada, mas parece bastante improvável que ambos consigam ser encaixados no salary cap de Denver quando os dois certamente exigirão um contrato bem lucrativo. Cabe a Denver escolher qual dos dois manter. Eu pessoalmente me inclino por Cromartie: a defesa de Denver é mais frágil que o ataque, os outros dois CBs de Denver não passam confiança para 2014 (Champ Bailey está velho e lidando com lesões, e Tony Carter vindo de um ACL rompido), e basicamente me parece que um CB acima da média é mais importante para Denver nesse momento que um WR. Decker é ótimo e teve um grande 2013, mas o time já tem Julius Thomas, Demaryus Thomas e Wes Welker no ataque aéreo, é mais fácil substituir um cara que já seria sua terceira ou quarta opção no ataque do que o melhor jogador da sua secundária. Mas essa é a vida do Denver agora: fazer seus ajustes a cada offseason, tentar resolver as carências, e dar a bola nas mãos de Peyton Manning em busca de um título.
Possivelmente o time mais underrated em 2013, o Niners pela terceira vez seguida chegou extremamente perto de seu objetivo e não conseguiu levantar o caneco. Em 2011, o time esteve a três fumbles e uma colisão entre dois DBs indo atrás da mesma interceptação de ir ao Super Bowl. Em 2012, o time esteve a uns 8 passes milagrosos de Joe Flacco e uma falta não marcada do título. E em 2013, o time esteve a 22 segundos de vencer o Seahawks (o melhor time de 2013) em Seattle (o mais difícil estádio para se jogar na NFL) se não fosse uma jogada espetacular de um jogador espetacular (no caso, Sherman). Então por mais triste que seja sempre chegar perto e nunca conseguir, o lado bom é que se durante três anos, mudando diversas peças importantes do seu time (e inclusive seu QB) seu time continua um dos mais fortes e competitivos da NFL, é porque você tem feito algo certo.
2013 foi uma temporada complicada para San Francisco. Seu melhor WR se machucou na preseason, demorou 11 jogos para voltar, e não esteve a 100% quando voltou. Chris Culliver rompeu o ACL na pré-temporada. Aldon Smith e Patrick Willis, dois dos melhores defensores da NFL, tiveram seus problemas ao longo do ano por questões de saúde. Bruce Miller, um dos jogadores mais importantes taticamente do ataque, machucou na véspera dos playoffs. A questão não é a quantidade de lesões, e sim como todas elas pareceram atingir justamente os problemas do time: o ataque sem Michael Crabtree demorou demais para estabelecer o playbook que queria e teve pouco tempo para entrosar; a saída de Culliver na secundária tirou do time talvez seu melhor CB em 2012; e uma defesa que mudou muitas peças importantes demorou para engrenar sem Smith e Willis. E eles ainda terminaram 12-4 e quase foram ao Super Bowl, então motivos para otimismo não faltam.
Mas diferente dos times citados anteriormente, San Fran tem mais buracos para adereçar nessa offseason, e ainda tem o mesmo problema que o Seahawks vai ter em 2015: descobrir uma forma de dar a todos seus jogadores chave em contrato de calouro (Crabtree, Colin Kaepernick e Aldon Smith, principalmente) sem estourar o teto salarial. A diretoria já tinha se antecipado a isso e os contratos de diversos jogadores importantes (Willis, NaVorro Bowman, Vernon Davis e Joe Staley) já estão entrando na sua fase mais barata, dando alívio salarial, mas não vai ser fácil manter esses caras dentro do cap E adereçar seus principais problemas. Carlos Rogers provavelmente vai ser cortado, salvando 6M em salários, mas mesmo com esses jogadores e suas situações contratuais sob controle, ainda vai sobrar pouco espaço para trazer a ajuda de WR que o time precisa (a não ser que Anquan Boldin fique a um valor mais baixo) e reforçar a secundária. Então o time vai ter que ser criativo com suas dispensas e trocas, ou ainda melhor, apostar no draft. San Francisco tem cinco escolhas entre as três primeiras rodadas do draft e é um forte candidato a algumas trocas na noite do draft para subir e pegar jogadores de maior nível, e o time tem feito um excelente trabalho achando jogadores no draft. Então não tenho dúvida de que essa vai ser a rota favorita do time para tapar os buracos da equipe.
Em geral, muita gente tem tentado overreact e descartar SF, mas é pura besteira. 2013 foi cheio dessas. O ataque era um grande problema que estava segurando o time... até que o melhor WR do time voltou e o ataque decolou na reta final da temporada. Colin Kaepernick não era um QB de verdade (mesmo com QBR acima de Wilson e Cam Newton)... até ele ter números espetaculares com Crabtree e ser o melhor jogador em campo nas duas vitórias de pós-temporada da equipe. O ataque decepcionou anotando apenas 16 pontos contra Seattle... até o melhor ataque da NFL anotar 8. Então sinceramente, descartem esse time por sua própria conta e risco.
É extremamente difícil colocar a temporada 2013 do Patriots em contexto. Por um lado, foi uma temporada em que tudo deu errado e New England conseguiu sair muito bem mesmo assim. O time viu Sebastian Vollmer, Rob Gronkowski, Jerod Mayo, Vince Wilfork e seu reserva Tom Kelly, e Brandon Spikes irem parar no IR, seis dos principais jogadores de um time cujo sucesso recente vinha da sua capacidade de colocar um monte de jogadores aleatórios ou de menor expressão em um esquema ancorado por grandes talentos, e fazer isso funcionar a perfeição (isso sem contar que Aqib Talib, ótimo no começo da temporada, se machucou e não foi o mesmo o resto do ano). Em 2013 isso não foi possível, e mesmo assim New England conseguiu se sair bem com uma 2nd seed e o quarto melhor ataque da temporada.
Por outro lado, é difícil não olhar para 2013 como uma temporada perdida em um time que também briga com o relógio enquanto tenta aproveitar os últimos anos da carreira de outro QB lendário. Tom Brady ainda é um ótimo QB, mas seus números tem caído nos últimos anos e ele tem começado a dar alguns sinais de declínio nessa idade. Isso pode indicar que a janela de New England com Brady está se fechando, e cada ano é importante para aproveitar seu futuro Hall of Famer. Então um ano como 2013, que foi basicamente perdido por conta das lesões, é um problema para New England.
Claro, para 2014, o primeiro passo do Patriots rumo a uma temporada de sucesso vai ser um pouco de regressão para a média. É extremamente improvável que o time sofra novamente com tantas lesões para tantos jogadores importantes, e isso sozinho já seria suficiente para o time retomar a estabilidade, com Wilfork na linha de frente e Mayo ancorando o miolo, mais um Rob Gronkowski saudável (sim, eu sei que Gronk é injury prone, mas não da para atribuir sua lesão de 2013 a isso de forma alguma). A saúde que faltou em 2013 pode ser suficiente para fazer New England novamente um candidato em 2014, especialmente com Bill Belichick e Brady por lá.
No entanto, algumas dificuldades precisam ser superadas no processo. A defesa foi muito mal em 2013 e isso obviamente teve influência das lesões que Mayo e Wilfork sofreram, mas não justificam tudo. O time ainda não tem pass rush confiável, e perdendo Brandon Spikes o time perde seu melhor LB contra o jogo terrestre (que foi a quinta pior defesa terrestre da NFL, btw, embora obviamente Wilfork vá ajudar). Além disso, a secundária do Patriots pode passar a ser um problema. Apenas Talib e Devin McCourty (espetacular de safety em 2013) foram acima da média na secundária, e Talib pode estar de saída. A situação salarial do Patriots está apertando, e parece que o time vai ter que decidir entre manter Talib ou Julian Edelman. Indepentende de quem for a causalidade, vai custar caro a New England: a perda de Talib vai abrir um buraco imenso na secundária do Patriots (especialmente sem pass rush), e Edelman foi o melhor jogador ofensivo da equipe em 2013 com números Wes Welkerianos, e sua perda vai tirar o alvo de segurança de Brady e o cara que manteve esse ataque vivo sem Gronk. E considerando o espaço salarial apertado, não vai ser nada fácil para New England trazer jogadores para suprir essas carências. O time achou uma identidade ofensiva sólida em torno do jogo terrestre e play actions, e jogando na AFC, não vejo porque o ataque do Pats iria deixar de ser eficiente de uma hora para outra. Mas com Broncos como o chefão da AFC e a ascensão de times como Colts e das potências defensivas da NFC, a margem de erro para o time parece bem pequena nessa offseason.
O Panthers foi uma das histórias mais interessantes de 2013, se transformando em uma potência defensiva e vendo sua "sorte" mudar quando Ron Rivera decidiu que ia passar do técnico mais conservador da NFL para o mais agressivo. Deu tudo certo, o time teve uma temporada espetacular, e por ai vai. Mas ao contrário de muitos times jovens em reconstrução, o Panthers tem que lidar com dois problemas simultaneamente: os buracos na equipe que precisam ser corrigidos, e a falta de teto salarial.
O problema é que o Panthers passou muito rapidamente pela etapa de desconstrução de um time veterano para a montagem do seu time jovem em ascensão. Não que isso seja uma coisa ruim, claro, você sempre quer que seu time vença o quanto antes e perca o mínimo possível. O problema é que isso deixou o time ainda com alguns contratos problemáticos e sufocos salariais do time e da gestão anterior, e isso impede que o time de o próximo passo. O Panthers hoje tem diversas áreas que precisam de reforços: o corpo de recebedores é fraco e precisa de alguém para pegar a tocha de Steve Smith, principalmente, e a secundária precisa de ajuda. O Panthers rende muito quando consegue dominar a linha de scrimmage dos dois lados da bola, mas quando algum time consegue igualar essa pressão, o time perde no backfield: Cam Newton é um grande jogador mas seu potencial é limitado pela falta de WRs capazes de criar separação e manterem jogadas vivas quando Newton precisa usar as pernas para ganhar tempo, e quando a defesa não está criando pressão no QB adversário ela pode ser muito explorada pelo ar (ver: Boldin, Anquan). Foram dois dos principais fatores que levaram ao massacre que foi o segundo tempo de Niners-Panthers nos playoffs, e dois que Carolina precisa adereçar.
Ai entra a questão do teto salarial. Panthers, com seu núcleo jovem, era um grande candidato a ir atrás de um jogador como Hakeem Nicks ou Anterraun Vernum para dar um grande reforço a essas áreas, ou então ir atrás de diversos jogadores de menor nome (Emmanuel Sanders, Dunta Robinson e Donte Whitner, digamos) para complementar os problemas. A questão é que todo o espaço salarial livre do time já deve ser usado para reassinar o espetacular Greg Hardy, e com isso a margem de manobra da equipe diminui muito. Muitos contratos reestruturados e salários "mortos" estão impedindo que o time saia no mercado e resolva seus problemas mesmo com um ou dois veteranos bem colocados, então isso força o time a buscar seus reforços em outras áreas. O draft normalmente seria a principal solução, mas você não vai sair com uma secundária nova e três WRs de elite dele. Então a não ser que o Panthers esteja satisfeito em trazer de volta o time de 2013 e contar com o desenvolvimento de seus jogadores para suprir as carências, eles terão que ficar criativos. Trocar um jogador como Charles Johnson pode ser uma solução interessante (embora eu duvido que exista mercado), mas provavelmente terão que ser mais criativos do que isso para conseguir seu espaço - e isso antes de entrar na questão do novo contrato de Cam Newton, que vira free agent ao final do ano. Então me parece que se o Panthers quiser ser campeão em 2014, esse desenvolvimento terá que vir do que já está na equipe, e não de ajuda externa.
Apesar de superar de forma prática a regressão que deveria sofrer em 2013, as duas partidas do Colts nos playoffs serviram para mostrar exatamente em que ponto o time se encontra em sua reconstrução, e o que o time tem indo para frente.
Basicamente, o Colts tem o melhor jovem QB de toda a NFL, um cara que provavelmente vai ser o melhor QB da NFL em alguns anos. Ele fez mágica nesses playoffs, e como disse Bill Barnwell, não teve nada mais emocionante nesses playoffs do que quando Andrew Luck fazia um passe para um jogador que não estava na tela. Se eu fosse fazer uma lista dos 10 passes mais lindos ou perfeitos desses playoffs, metade seria de Luck. Enquanto você tiver um QB desse calibre, você vai estar bem na NFL.
O problema é que ficou claro que o Colts não tem muito mais a oferecer, nem um grande time a colocar em torno da sua grande estrela. A verdade é que ao redor do seu franchise QB, é um time bem fraco e limitado: com Reggie Wayne (em final de carreira) machucado, os únicos jogadores ofensivos do time acima da média além de Luck era TY Hilton e talvez Coby Fleener. A linha ofensiva melhorou em relação ao péssimo 2012, mas ainda foi uma unidade abaixo da média cujas deficiências foram mascaradas pela incrível habilidade de Luck de manter jogadas vivas e se livrar da pressão. E a defesa foi absolutamente medíocre em 2013 mesmo contando com o meu candidato a DPOY, Robert Mathis, na temporada da sua carreira - foram apenas três jogadores acima da média em 2013 (Vontae Davis, Jerrell Freeman e Mathis) e apenas um é realmente um jogador de grande impacto. Basicamente, esse foi o Colts nos playoffs: um time incapaz de parar quem quer que fosse, de controlar o jogo no relógio e que dependia de Andrew Luck acertando passes perfeitos para recebedores que não criavam separação para avançar.
Com um QB como Luck e um bom técnico como Chuck Pagano, você tem boas condições de sempre ser competitivo na NFL, mas a verdade é que se o Colts quiser sonhar com o título, vai precisar de um time muito melhor ao redor da sua jovem estrela que isso. Falta ajuda na linha ofensiva, faltam alvos para Luck, e falta praticamente tudo na defesa da equipe. Então o time vai ter que ir atrás desse tipo de ajuda, e não graças ao trabalho recente da diretoria: o time deu dinheiro garantido demais a jogadores medianos como Gosder Cherilus e Jean-Ricky François só porque eram de posições que o time precisava, e trocou sua escolha de primeira rodada por, claro, Trent Richardson. Então apesar de ter bastante espaço salarial, ele não é tão confortável no médio prazo por conta de salários longos (o que diminui as opções da equipe) e o time está sem uma comodidade valiosa para reforçar seu time no draft, o que torna a tarefa do time mais complicada. Esperem que o Colts seja um comprador agressivo nessa free agent (possivelmente com mais gastos exagerados em jogadores na FA por serem upgrades em relação aos jogadores atuais), e torçam para Indianapolis acertar nas rodadas intermediárias do draft, porque Luck me parece pronto para vencer agora e o time ao seu redor não está acompanhando sua evolução. Se o plano do Colts era acelerar sua reconstrução, agora é a hora de dar a Luck o talento que ele precisa para vencer, e duvido que Jim Irsay fique parado - por bem ou por mal (de novo, Trent Richardson).
O Saints é o caso oposto do Colts, mas ainda assim é possível notar um bom número de semelhanças. O Saints também possui um grande QB que sozinho é capaz de ancorar um bom ataque, e um técnico que sabe como maximizar as habilidades de seu quarterback. O time também é todo montado em torno disso: depois que voltou de suspensão, Sean Payton voltou a fazer sua mágica e remontou o ataque de forma espetacular em torno de Drew Brees usando praticamente jogadores menores, dispensados de outros times ou veteranos que já estavam no elenco, de forma que New Orleans terminou o ano com o quinto melhor ataque, principalmente por ter o terceiro melhor ataque aéreo. O problema é o que o time tem a oferecer além de seu QB e o ataque por ele comandado.
Claro, New Orleans é um time melhor que o Colts fora disso - se não fosse, não teria a menor chance de ir aos playoffs em uma hipercompetitiva NFC. A defesa da equipe foi na verdade boa, terminando fora do Top10 por pouco no ano. Kenny Vaccaro teve um grande impacto como calouro, e a secundária segurou bem as pontas durante boa parte da temporada, e isso contribuiu em muito para o bom ano que a equipe teve. Mas a questão é que todo mundo sabia que, mesmo com uma defesa sólida, não ia ser a defesa que iria vencer as partidas para o Saints, era o ataque (nos playoffs, a defesa foi ótima contra Seattle mas perdeu porque o ataque não conseguiu anotar pontos e ainda entregou um TD de presente com um fumble).
Para o Saints, no entanto, a situação é oposta a do Colts porque o time TEM algum complemento ao redor de Brees (embora não tão bom quanto poderia ser), mas que ao invés de trabalhar para aumentar esses complementos, o Saints é um time que ironicamente precisa se desfazer de alguns. O Saints é um dos times que começam a offseason de 2014 ACIMA do teto salarial permitido pela NFL, o que obviamente acarreta em um problema duplo: por um lado, o time não tem condições de trazer novos jogadores para compor as áreas carentes da equipe (e em uma NFC tão ridiculamente forte, a margem de erro dos times é muito menor que na fraca AFC), reforçar seu pass rush, sua defesa terrestre e mesmo sua linha ofensiva, as principais áreas de necessidade. Por outro, o time não só não tem muitas formas de se reforçar estando 13M acima do cap como também vai precisar dar um jeito de descer para o patamar adequado, algo que vai exigir a renúncia a muitos dos free agents da equipe e dispensa de tantos outros jogadores que já estão no time... e isso é ANTES de considerar que o segundo melhor jogador do time, Jimmy Graham, é um free agent que vai exigir um contrato absurdo para continuar em New Orleans. O Saints já anunciou que dispensou os veteranos Jabari Greer, Will Smith e Roman Harper, todos veteranos da conquista de 2009, e também que não vai reassinar com Jonathan Vilma, por tanto tempo um dos pilares dessa defesa. Mais cortes devem vir por ai.
O problema é que mesmo com essas perdas, o time ainda não tem condições de reassinar com Graham (a chave para o 2014 se o time quiser disputar o título), trazer jogadores bons para as posições carentes, dar contratos aos seus calouros, e AINDA ficar abaixo do cap. Isso limita os jogadores que podem chegar, e indica também que outras dispensas ainda podem ou devem ocorrer. O Saints tem feito o possível para vender a idéia de que Graham deve receber a Franchise Tag de tight end, muito mais barata que a de WR e que salvaria ao time preciosos milhões de dólares de espaço salarial, mas essa opção me parece cada vez mais distante. Para manter sua estrela no elenco, o time vai precisar de ainda mais criatividade e mais cortes, o que tornam sua offseason ainda mais turbulenta. Vamos ver se a boa diretoria de NO consegue entrar dentro da taxa salarial e ainda reforçar as áreas carentes do time. Hoje, os prognósticos não parecem muito bons.
Entre todos os times citados até agora, o Chargers provavelmente é quem mais olhou para a temporada 2013 como uma grata e grande surpresa. Niners, Patriots, Broncos e Seahawks começaram o ano como os favoritos ao Super Bowl. Colts e Panthers possivelmente não esperavam uma temporada como essa, mas eram jovens times em ascensão que esperavam chegar nesse ponto em breve. O Saints esperava se reerguer com a volta de seu técnico. Ainda que nem todos começassem o ano como candidatos a chegar até esse ponto - eu tinha apenas os quatro primeiros chegando aos playoffs nos meus palpites - todos eram times cujo caminho indicava, cedo ou tarde, uma trajetória semelhante.
O Chargers era diferente. Depois de dois anos consecutivos muito abaixo do esperado, a expectativa era de que o time fosse passar por uma pequena reformulação. Philip Rivers vinha de duas péssimas temporadas e parecia questão de tempo até deixar de ser titular, os jovens talento da equipe não vinham contribuindo como esperado, a linha ofensiva era um desastre da natureza, e em uma divisão com o juggernault Broncos e o promissor Chiefs, não vi ninguém no começo do ano achando que o Chargers iria conseguir sequer brigar por playoffs. A idéia era reformulação, e que talvez o próximo bom time do Chargers tivesse outro QB e outra base. Por isso a temporada 2013 foi uma surpresa tão grande: não era para o Chargers dar essa volta por cima e sair vencendo jogos quando tudo indicava que o time estava acabado. Philip Rivers se recuperou de dois péssimos anos para ser o segundo melhor QB de 2013, a linha ofensiva mudou da água para o vinho com algumas contratações inteligentes, Ryan Matthews finalmente ficou saudável e teve a temporada que todo mundo cobrava dele (1255 jardas, 7 TDs, 4.4 YPC), Antonio Gates finalmente conseguiu jogar em alto nível de novo, Keenan Allen teve uma das melhores temporadas de um WR calouro na memória recente da NFL, e tudo se encaixou para que esse ataque funcionasse as mil maravilhas e acabasse o ano como o terceiro melhor da NFL e com uma vaga nos playoffs.
Esse sucesso recente, especialmente de um ataque que foi tão bom mesmo contando com tantos desfalques e lesões no começo do ano, provavelmente muda um pouco o foco do time para o curto prazo. Claro, a reconstrução não vai parar por aqui: a defesa foi uma atrocidade durante boa parte da temporada 2013 (embora para ser justo tenha melhorado na reta final e tenha ido bem nos playoffs), e o time ainda está bastante próximo do teto salarial (algumas estimativas colocam o time apenas 1.5M abaixo do limite). Então até para tornar mais viável a questão financeira do time, a idéia é que o time caminhe em direção a um núcleo mais jovem, como um processo comum de reconstrução. A diferença é que agora a diretoria deve focar esse rejuvenescimento da equipe em torno de um núcleo competente e pronto para ganhar jogos agora (especialmente se Philip Rivers mantiver o nível) ao invés de através de um processo de desconstrução do elenco.
Então para continuar essa reformulação, a defesa deve ser o foco. Rivers está garantido por um bom tempo ainda, Matthews e Allen são jogadores bons, jovens e baratos e alguns jogadores estão voltando de lesão que não atuaram em 2013. A linha ofensiva se deu muito bem com DJ Flucker e alguns veteranos e deve trazer algum sangue novo, mas o maior problema do time foi mesmo sua defesa, que foi a pior da NFL durante toda a temporada e terminou justamente como a 32nd de toda a liga. Então eu espero que seja o foco do time, especialmente no draft (já que a FA não me parece uma boa opção). O time precisa pelo menos conseguir estabilizar sua defesa em um nível médio na NFL, e eu espero que o time vá pesado atrás desses jogadores no draft. O time encerrou razoavelmente bem na defesa o ano, então a expectativa é que possam construir em cima disso. Um pass rusher, mais um pouco de bife na linha defensiva e um novo cornerback titular me parecem as maiores necessidades da equipe, e esse é um draft bem profundo nas duas primeiras, então o Chargers parece estar em boa situação. Resta ver se o time conseguirá resolver suas questões salariais primeiro.
Philadelphia Eagles
Eu já escrevi isso antes, mas entre os quatro times que perderam na rodada de wild card, três deles não tem grandes motivos para se sentirem tristes. Claro, ninguém quer perder nos playoffs, especialmente de forma apertada, mas em geral são times que estão na trajetória certa.
Em nenhum time isso fica mais evidente que no Eagles. Ano passado, o time era uma zona, tentando juntar os cacos do fracassado "Dream Team", cheio de contratos caros, passando vergonha e acabando em último lugar na NFC East. Na última offseason, o time se livrou de tudo isso, praticamente recomeçando do zero com um novo técnico, Chip Kelly... e não poderia ter funcionado mais. Kelly fez o ataque voar em 2013 mesmo com todas as dúvidas sobre seus QBs (2nd melhor ataque), Nick Foles emergiu como um sólido QB titular, LeSean McCoy e DeSean Jackson brilharam, e o Eagles ganhou a divisão e foi aos playoffs. Então um ano depois do time decidir explodir tudo e recomeçar, o time ganhou 10 jogos e foi aos offs. Parece bom para mim.
E felizmente para o Eagles, as coisas não param por ai. Philadelphia tem uma ótima combinação indo em frente, com um time jovem e uma folha salarial livre de contratos absurdos. Isso dá ao time grande flexibilidade, pois pode ir no mercado atrás de grandes jogadores e ainda tem dinheiro para começar a reestruturar ou renovar alguns contratos dos seus jogadores mais jovens. É uma situação excelente.
Claro, uma consequência de uma reconstrução tão rápida é que o time tem muitos buracos a serem adereçados. A defesa em particular não foi bem em 2013 (embora tenha melhorado próximo ao final da temporada), e com vários veteranos de saída nos dois últimos anos, deve passar por uma renovação grande. O time achou alguns jovens talentos como Brandon Boykins (espetacular na segunda metade da temporada) e Cedric Thorton, mas ainda precisa reforçar principalmente a sua defesa aérea - nenhum jogador tirando Boykins foi bem na cobertura em 2013, especialmente os linebackers, e quando você combina as duas principais áreas de dificuldade da defesa em 2013 - o pass rush e a cobertura - o resultado normalmente é uma peneira pelo ar... e foi o que aconteceu.
Então o Eagles deve ter dois focos. Refinar seu já muito explosivo ataque, principalmente no que tange a QB. Nick Foles foi espetacular na segunda metade da temporada, mas é possível que seja um candidato a alguma regressão, ou então que Chip Kelly conclua que foi mais mérito do sistema que do jogador, e que um QB novo poderia levar esse time a novas alturas (btw, isso é só especulação, e duvido que para 2014. Não vejo nada além de uma lesão tirando a titularidade de Foles). E principalmente, dar um jeito nessa defesa. A secundária precisa de ajuda, e o grupo de linebackers do time foi bom contra a corrida, mas atroz contra o passe - apenas quatro times foram piores contra TEs e slot WRs pelo meio do campo. Então essa deve ser a direção da equipe, e embora a linha defensiva tenha sido boa em 2013, esperem um novo DE por lá essa temporada para ajudar na pressão. Com um grande técnico, um grande ataque, boas escolhas de draft e uma tonelada de espaço salarial, não sei se existe um time que seja mais candidato a dar um salto entre 2013 e 2014 nesse grupo.
O Chiefs é outro time que deu um salto enorme em 2013, passando de pior time da NFL aos playoffs graças a uma mudança de técnico e de QB. Mas ao contrário do Eagles, que tem uma força definida (seu ataque) e uma clara fraqueza (a defesa), o balanceado Chiefs tem mais dúvidas sobre quais áreas merecem maior atenção.
Em 2013, pelo menos no começo, a história do time era sobre sua fortíssima defesa e seu ataque conservador. E de fato, era assim que o time vencia, nas costas de Jamaal Charles, sua defesa forçando toneladas de turnovers, e posições de campo. Acontece que isso, de forma improvável, se reverteu ao longo do ano: Alex Smith ficou mais a vontade, Charles explodiu de vez, e o ataque teve que se virar para compensar uma defesa frágil e pouco explosiva. Contra o Broncos o time perdeu mesmo com 28 pontos do ataque, e nos playoffs foi a defesa que cedeu 45 pontos para o Colts conseguir a virada depois do ataque abrir uma larga vantagem (nas últimas sete semanas, foram jogos de 38, 28, 45, 56 e 44 pontos e só um abaixo de 24). Então mesmo que no papel o ataque seja a área frágil da equipe, esse final de temporada e a performance surpreendentemente fraca da defesa deixam alguma dúvida no ar.
Claro, o ataque ainda vai ser a prioridade. Alex Smith se firmou definitivamente como o titular, e Jamaal Charles foi o melhor RB de 2013, mas isso não vai impedir o Chiefs de reforçar o grupo ao seu redor. O time precisa principalmente melhorar os alvos da equipe: tirando Dwayne Bowe, o time não tem nenhum recebedor acima da média, e considerando o quanto Alex Smith gosta de passes curtos e precisos, um jogador mais explosivo nos moldes de um Tavon Austin ou Percy Harvin (o tipo de jogador que pode causar estrago DEPOIS da recepção) seria fundamental para elevar ainda mais o nível desse ataque. Um tight end também iria ajudar muito, especialmente considerando o estrago que Alex Smith fazia com Vernon Davis em SF e o que conseguiu fazer com o limitado Anthony Fasano.
Mas o maior problema desse ataque é a linha ofensiva. Os dois melhores linemen do time em 2013 são free agents, e tanto Branden Albert como Geoff Schwartz não devem retornar em 2014 por questões salariais. Schwartz foi substituido de forma competente por Jon Asamoah quando machucou, então não me parece um problema, mas Albert é um dos melhores LTs da NFL e não possui um substituto com rodagem. O substituto natural seria Eric Fisher, 1st pick do draft passado que não jogou bem fora da sua posição de origem em 2013, e que esperam que renda mais voltando ao lado esquerdo da linha. Mas para um time que depende tanto do jogo terrestre, preocupa tanta incerteza na linha, e portanto é provável que o time queira reforçar o resto do quinteto para não deixar dúvidas.
Com tantos buracos no ataque, a defesa deve mesmo ficar em segundo plano, mas isso não significa que o time não tenha problemas. O time precisa repor a produção de Tyson Jackson na linha defensiva, e a secundária precisa urgentemente de ajuda, seja um novo CB (Dunta Robinson foi dispensado por questões salariais) um um novo safety para jogar ao lado de Eric Berry (ou ambos). A prioridade no momento me parece ser a secundária, embora a volta de Justin Houston de OLB vá ajudar bastante. O problema é que os recursos da equipe são um tanto quanto limitados - uma escolha de segunda rodada vai para San Francisco, e o espaço salarial da equipe, embora exista, não seja imenso. O time deve conseguir um CB no mercado a preços razoáveis e deveria ir atrás de Emmanuel Sanders, que não deve sair muito caro, mas vai ter que confiar na sua capacidade de continuar achando talentos no draft para conseguir tapar esse monte de buracos criados. Resta ver se conseguirão ou não.
Foi basicamente uma temporada direto do inferno para o Packers. Clay MAtthews machucou e perdeu mais de metade dos jogos, Colin Kaepernick apareceu duas vezes no caminho do time, Aaron Rodgers perdeu jogos e seus reservas eram Seneca Wallace, Matt Flynn e Scott Tolzien, Casey Heyward rompeu o ligamento, Randall Cobb perdeu grande parte da temporada... e de alguma forma o Packers ainda venceu a divisão e chegou perto de vencer San Francisco nos playoffs. Obrigado, Lions.
Como tem sido a norma desde que foram campeões em 2010, o Packers viveu pelo seu ataque e a defesa não foi capaz de acompanhar. Com o Offensive Rookie of the Year Eddie Lacy a bordo, o Packers agora tem um dos melhores combos QB/WR da NFL, e Jordy Nelson provavelmente foi o WR mais underrated de 2013. Mesmo com seis jogos de Wallace, Flynn e Tolzien, o Packers ainda terminou com o nono melhor ataque da NFL, e não tenho dúvidas de que com Rodgers estaria no Top5. Por outro lado, a defesa foi a segunda pior da temporada. Adivinhem onde o Packers deve concentrar seus esforços essa offseason??
A verdade é que Green Bay tem algumas decisões importantes a tomar. Por um lado, o time tem muitos free agents: no ataque os principais são James Jones e Jermichael Finley, e na defesa o time está perdendo seus três DT (Johnny Jolly, BJ Raji e Ryan Pickett) e dois importantes defensive backs (MD Jennings e Sam Shields). Por outro, o time tem uma quantidade razoável de cap space para gastar como parecer mais adequado ao time. A defesa deve ser prioridade, mas também me parece mais difícil de arrumar: a secundária ainda tem Tramon Williams, a volta de Heyward e o bom Micah Hyde, mas ainda foi abaixo da média em 2013 e precisa de mais ajuda, especialmente um safety. A linha defensiva provavelmente vai continuar com Raji, não tem nada que salve nessa linha de frente: os linebackers foram horríveis tanto na cobertura como no jogo terrestre como no pass rush, e os muitos jogadores para a função que o time trouxe usando escolhas altas de draft não engrenaram. Mesmo se Clay Matthews finalmente ficar saudável, tem coisa demais que o time precisa: outro pass rusher, pelo menos um MLB que seja capaz de acompanhar um TE e cobrir sua área do campo, e mais bife para a linha defensiva que seja capaz de executar alguma função decentemente. Então tem um buraco imenso ai que mesmo com bom cap o time não vai ser capaz de preencher.
Isso pode levar o time a focar do outro lado da quadra, esperando que ter um dos melhores QBs da NFL e um ataque devastador possa levar o time longe de novo. Embora o ataque tenha seus problemas (faltou WRs quando Cobb e Jones machucaram, e a linha ofensiva é um desastre), eles são menores e podem ser mais mascarados pela presença de um jogador fora de série dando as ordens. O time não vai com tudo atrás de um WR tendo Nelson e Cobb (e dificilmente irá dar muito dinheiro para Jones ser seu WR #3), especialmente com o sucesso que o time tem tido achando WRs no draft, e pode investir um pouco mais pesado em um novo tackle e um guard para fazer a vida de Lacy e Rodgers mais confortável. Com o que sobrar, devem atacar a defesa, e para sua sorte não faltam jogadores de linha nessa free agency - embora seja difícil dizer quais o time vai estar disposto a pagar. Com o histórico do Packers de não ir atrás de free agents, esperem um time bastante agitado na noite do draft.
Eu falei antes, e defendo de novo, que entre os quatro times que foram eliminados na rodada de WC dos playoffs, o Bengals é quem menos deve estar satisfeito. Mesmo com uma temporada que viu Leon Hall e Geno Atkins se machucarem e perderem o resto da temporada, foi um final decepcionante para um time que todo ano promete e não cumpre. Então vamos começar com as boas notícias: Hall e Atkins devem estar de volta para 2014, fazendo do Bengals um dos times com base mais completa e talentosa da NFL... e uma TONELADA de espaço salarial. Nada mau, certo?
Esse espaço salarial depende, claro, do DE Michael Johnson. Johnson é um free agent saindo de uma temporada espetacular, e que certamente vai ganhar um salário imenso em 2014. O Bengals tem o espaço salarial para trazer Johnson de volta ou mesmo usar a franchise tag no jogador, mas a organização acabou de comprometer muito dinheiro com Carlos Dunlap e Geno Atkins, e não me parece que o Bengals iria gostar de ter seus três jogadores mais caros sendo de posições tão semelhantes. O time tem tido muito sucesso achando DLs no draft, e possivelmente será mais vantajoso para a equipe achar e desenvolver 80% do jogador que Johnson era dessa maneira do que pagar 20 vezes mais para Johnson continuar na equipe, especialmente considerando dois potenciais free agents de 2015, que agora podem negociar uma extensão e que tornam a situação salarial do time tão interessante: AJ Green, e Andy Dalton.
AJ Green é simples: ele vai receber um contrato mastodôntico, seja hoje ou daqui a um ano, Cincy nunca vai deixá-lo ir embora. Já Dalton é um problema diferente. Embora seja um QB mediano ou até mesmo acima da média as vezes, ele não é muito mais do que isso e as vezes parece verdadeiramente medíocre. Embora tenha melhorado um pouco em 2013 com alvos cada vez melhores, Dalton ainda é basicamente o que tem sido sua carreira toda: um QB sólido que pode vencer com um grande time ao seu redor, mas dificilmente vá vencer grandes times sozinho. E embora a amostra seja pequena e eu ache inútil exagerar na reação com apenas três anos de carreira, muitos apontam para seus péssimos números em playoffs (um TD, seis interceptações, três derrotas decepcionantes) como uma prova de que ele não vai ser o tipo de jogador que levaria o time ao Super Bowl. A verdade é que ninguém sabe exatamente o quanto Dalton tem a oferecer e o quanto ele estaria segurando um potencial candidato ao Super Bowl, nem mesmo Cincy, então até eles descobrirem me parece muito improvável que se comprometam com o QB com um contrato longo. Eles muito provavelmente vão deixar Dalton jogar esse último ano, ver o processo e o resultado, e tomar uma decisão em 2015. Ent ão considerando que Dalton não deve ganhar um novo contrato até 2015, que o time tem bastante espaço salarial, e que Green está elegível para uma extensão... os cenários da equipe são muito interessantes.
O primeiro seria assinar logo com AJ Green uma extensão salarial, mas acho que o time não deve ter pressa. Assinar logo o contrato daria ao time a possibilidade de estruturá-lo de antemão da forma como fosse mais conveniente, mas isso pode ser feito ao longo da temporada, não existe motivo para pressa. Eles sabem que o contrato será finalizado em algum ponto, e a questão é o que fazer com o resto desse espaço salarial. Sem Johnson na folha de pagamentos, o time também não deve ter grande problemas mesmo que Dalton e Green tenham que reassinar juntos ao final da temporada, então cabe a grande pergunta: o que eles devem fazer com o espaço salarial restante? E a melhor resposta é contratar o máximo possível de bons jogadores, especialmente vindo de temporadas complicadas, em contratos de um ano (o modelo do Seahawks, inclusive). Esses jogadores não estarão mais no cap em 2015 quando os contratos de Green e talvez Dalton aumentarem, e eles aumentam as chances de sucesso no curto prazo da equipe. E se o time eventualmente decidir não renovar com Dalton, eles sempre podem renovar com os jogadores que já estão na equipe para continuarem no time enquanto procuram outra solução para QB. Me parece o mais razoável.
A questão ai seria quem buscar, pois o Bengals tem um dos times mais completos da NFL. O que não significa que o time não possa se beneficiar de upgrades em certas áreas: o time ainda precisa de um bom safety, e alguma profundidade para CB não seria de todo ruim com Leon Hall voltando de lesão. Um DE como Jared Allen, em contrato de um ano, seria ótimo para manter o nível de Johnson e suavizar a transição para o próximo jogador da posição. Um WR como Anquan Boldin também seria ótima companhia para Green no ataque e pode ajudar esse time a deslanchar. Não é tão fácil achar um bom encaixe em contratos curtos que ainda sejam um upgrade nesse time tão completo, mas não é um problema ruim para se ter. Na "pior" das hipóteses, o time pode assinar um free agent mais de topo (Michael Bennett?) a um contrato extremamente concentrado no primeiro ano, de forma a absorver o maior impacto salarial em 2014 e deixar a folha ainda estável para o futuro. Não me parece nada mau.
Então vamos começar hoje com o primeiro grupo: os 12 times que foram aos playoffs em 2013 e que esperam dar um passo a mais em 2014.
Os times de playoffs
Seattle Seahawks
Quer dizer... eles ACABARAM de vencer o Super Bowl, anotando em New Jersey 5 pontos a mais do que o time sofreu em TODOS os jogos de playoffs somados. Acredito que a preocupação com 2014 não esteja tão alta nos lados de Washington. Ainda mais que lá a maconha é legalizada.Além disso, para repetir em 2014, o Seattle está muito bem posicionado. Graças ao fato de que muitos dos seus principais jogadores (Russell Wilson, Etan Thomas, Richard Sherman, Bruce Irvin, Bobby Wagner, etc) ainda estão em contratos de calouros que pagam um vigésimo do que esses caras mereceriam no mercado pelas suas performances, o Seahawks é um time que tem bastante espaço salarial indo para a offseason. E um dos segredos do Seattle nos últimos dois anos tem sido aproveitar esse espaço extra na folha salarial para ir na free agency em busca de jogadores veteranos em contratos curtos, como fez esse ano com Cliff Avril e Michael Bennett. Então não só a base do time é ótima, eles tem totais condições de irem no mercado e saírem de lá com veteranos competentes (minha aposta para 2014: Jared Allen) que se encaixem na equipe e mantenham o ótimo nível dos antecessores. Não é a toa que Seattle é o grande favorito em Vegas a vencer o Super Bowl XLIX.
As questões mais complicadas para Seattle são duas. Em primeiro lugar, o time tem alguns free agents relevantes, inclusive Golden Tate e principalmente Michael Bennett. Bennett em especial teve um 2013 espetacular, foi o terceiro melhor jogador dessa defesa, e vai exigir um contrato longo e caro. Então cabe a Seattle decidir o que fazer, e não é a pior das decisões: renovar com seu melhor WR de 2013 e um dos melhores DEs da NFL, ou deixar os dois saírem e usar suas toneladas de espaço salarial para trazer substitutos baratos em contratos curtos? Eu aposto no segundo, especialmente porque chegamos no segundo "problema de Seattle". A consequência de ter uma tonelada de grandes jovens talentos em contrato de calouro é que esses contratos favoráveis não duram para sempre. Em 2015, diversos desses (inclusive Sherman, Thomas e Wilson) irão exigir um novo contrato que os pague de acordo com seu valor real, e talvez seja impossível acomodar todos esses novos milionários no teto salarial da equipe. Então o Seattle pode optar por, ao invés de usar seu espaço salarial para trazer novos jogadores, usá-lo para reconstruir o contrato de Sherman e Thomas em um novo e longo contrato com foco no primeiro ano, aproveitando assim o espaço salarial atual para absorver o grosso do contrato desses dois, e assim deixando a situação mais controlada para 2015 quando Wilson, Irvin e outros devem receber o mesmo tratamento. De qualquer forma, é apenas uma forma de antecipar a offseason de 2015, e considerando a combinação de ótimo núcleo e espaço salarial, Seattle é o favorito a ser o primeiro bi-campeão do Super Bowl desde 2004.
Denver Broncos
O Denver Broncos, basicamente, é um time apostando uma corrida contra o tempo. Eles possuem um dos cinco maiores QBs da história da NFL no seu elenco, montaram um ataque excepcional ao seu redor para maximizar suas habilidades nessa etapa da sua carreira, e possuem bastante talento do outro lado da bola para fazer desse um time equilibrado e sólido. E considerando como Peyton Manning continua batendo recordes aos 37 anos, eles possuem totais condições de serem campeões no presente.Mas a questão é que a cada ano que passa, Manning fica mais velho e mais perto da aposentadoria, que sinceramente ninguém sabe quando pode acontecer (seu contrato vai até 2016, mas anualmente ele faz exames delicados no pescoço que passou por quatro cirurgias). Então esse é um time voltado justamente para vencer agora, e tem feito isso bem. São dois anos seguidos com a melhor campanha da AFC, e um Super Bowl desde que Manning chegou ao Colorado. Muita gente vai correr para apontar a vergonha que passou no Super Bowl, mas foi contra um time superior de Seattle estando sem Ryan Clady e Von Miller (dois dos seus seis melhores jogadores). Se o time continuar chegando perto, uma hora os fatores vão alinhar a seu favor e o título vai chegar.
O problema é que o teto salarial está apertando e Von Miller está prestes a receber um contrato mastodôntico, e então a não ser que Denver consiga algo muito criativo em termos salariais, eles terão que abrir mão de um dos seus dois principais free agents (Knowshow Moreno também é FA, mas me parece muito mais fácil substituir sua produção a um custo baixo). Dominique-Rodgers Cromartie, um dos CBs mais underrateds da temporada 2013 da NFL, e Eric Decker, com suas 1300 jardas e 11 TDs, foram duas peças essenciais para a ótima campanha do Broncos na temporada, mas parece bastante improvável que ambos consigam ser encaixados no salary cap de Denver quando os dois certamente exigirão um contrato bem lucrativo. Cabe a Denver escolher qual dos dois manter. Eu pessoalmente me inclino por Cromartie: a defesa de Denver é mais frágil que o ataque, os outros dois CBs de Denver não passam confiança para 2014 (Champ Bailey está velho e lidando com lesões, e Tony Carter vindo de um ACL rompido), e basicamente me parece que um CB acima da média é mais importante para Denver nesse momento que um WR. Decker é ótimo e teve um grande 2013, mas o time já tem Julius Thomas, Demaryus Thomas e Wes Welker no ataque aéreo, é mais fácil substituir um cara que já seria sua terceira ou quarta opção no ataque do que o melhor jogador da sua secundária. Mas essa é a vida do Denver agora: fazer seus ajustes a cada offseason, tentar resolver as carências, e dar a bola nas mãos de Peyton Manning em busca de um título.
San Francisco 49ers
Possivelmente o time mais underrated em 2013, o Niners pela terceira vez seguida chegou extremamente perto de seu objetivo e não conseguiu levantar o caneco. Em 2011, o time esteve a três fumbles e uma colisão entre dois DBs indo atrás da mesma interceptação de ir ao Super Bowl. Em 2012, o time esteve a uns 8 passes milagrosos de Joe Flacco e uma falta não marcada do título. E em 2013, o time esteve a 22 segundos de vencer o Seahawks (o melhor time de 2013) em Seattle (o mais difícil estádio para se jogar na NFL) se não fosse uma jogada espetacular de um jogador espetacular (no caso, Sherman). Então por mais triste que seja sempre chegar perto e nunca conseguir, o lado bom é que se durante três anos, mudando diversas peças importantes do seu time (e inclusive seu QB) seu time continua um dos mais fortes e competitivos da NFL, é porque você tem feito algo certo.2013 foi uma temporada complicada para San Francisco. Seu melhor WR se machucou na preseason, demorou 11 jogos para voltar, e não esteve a 100% quando voltou. Chris Culliver rompeu o ACL na pré-temporada. Aldon Smith e Patrick Willis, dois dos melhores defensores da NFL, tiveram seus problemas ao longo do ano por questões de saúde. Bruce Miller, um dos jogadores mais importantes taticamente do ataque, machucou na véspera dos playoffs. A questão não é a quantidade de lesões, e sim como todas elas pareceram atingir justamente os problemas do time: o ataque sem Michael Crabtree demorou demais para estabelecer o playbook que queria e teve pouco tempo para entrosar; a saída de Culliver na secundária tirou do time talvez seu melhor CB em 2012; e uma defesa que mudou muitas peças importantes demorou para engrenar sem Smith e Willis. E eles ainda terminaram 12-4 e quase foram ao Super Bowl, então motivos para otimismo não faltam.
Mas diferente dos times citados anteriormente, San Fran tem mais buracos para adereçar nessa offseason, e ainda tem o mesmo problema que o Seahawks vai ter em 2015: descobrir uma forma de dar a todos seus jogadores chave em contrato de calouro (Crabtree, Colin Kaepernick e Aldon Smith, principalmente) sem estourar o teto salarial. A diretoria já tinha se antecipado a isso e os contratos de diversos jogadores importantes (Willis, NaVorro Bowman, Vernon Davis e Joe Staley) já estão entrando na sua fase mais barata, dando alívio salarial, mas não vai ser fácil manter esses caras dentro do cap E adereçar seus principais problemas. Carlos Rogers provavelmente vai ser cortado, salvando 6M em salários, mas mesmo com esses jogadores e suas situações contratuais sob controle, ainda vai sobrar pouco espaço para trazer a ajuda de WR que o time precisa (a não ser que Anquan Boldin fique a um valor mais baixo) e reforçar a secundária. Então o time vai ter que ser criativo com suas dispensas e trocas, ou ainda melhor, apostar no draft. San Francisco tem cinco escolhas entre as três primeiras rodadas do draft e é um forte candidato a algumas trocas na noite do draft para subir e pegar jogadores de maior nível, e o time tem feito um excelente trabalho achando jogadores no draft. Então não tenho dúvida de que essa vai ser a rota favorita do time para tapar os buracos da equipe.
Em geral, muita gente tem tentado overreact e descartar SF, mas é pura besteira. 2013 foi cheio dessas. O ataque era um grande problema que estava segurando o time... até que o melhor WR do time voltou e o ataque decolou na reta final da temporada. Colin Kaepernick não era um QB de verdade (mesmo com QBR acima de Wilson e Cam Newton)... até ele ter números espetaculares com Crabtree e ser o melhor jogador em campo nas duas vitórias de pós-temporada da equipe. O ataque decepcionou anotando apenas 16 pontos contra Seattle... até o melhor ataque da NFL anotar 8. Então sinceramente, descartem esse time por sua própria conta e risco.
New England Patriots
É extremamente difícil colocar a temporada 2013 do Patriots em contexto. Por um lado, foi uma temporada em que tudo deu errado e New England conseguiu sair muito bem mesmo assim. O time viu Sebastian Vollmer, Rob Gronkowski, Jerod Mayo, Vince Wilfork e seu reserva Tom Kelly, e Brandon Spikes irem parar no IR, seis dos principais jogadores de um time cujo sucesso recente vinha da sua capacidade de colocar um monte de jogadores aleatórios ou de menor expressão em um esquema ancorado por grandes talentos, e fazer isso funcionar a perfeição (isso sem contar que Aqib Talib, ótimo no começo da temporada, se machucou e não foi o mesmo o resto do ano). Em 2013 isso não foi possível, e mesmo assim New England conseguiu se sair bem com uma 2nd seed e o quarto melhor ataque da temporada.Por outro lado, é difícil não olhar para 2013 como uma temporada perdida em um time que também briga com o relógio enquanto tenta aproveitar os últimos anos da carreira de outro QB lendário. Tom Brady ainda é um ótimo QB, mas seus números tem caído nos últimos anos e ele tem começado a dar alguns sinais de declínio nessa idade. Isso pode indicar que a janela de New England com Brady está se fechando, e cada ano é importante para aproveitar seu futuro Hall of Famer. Então um ano como 2013, que foi basicamente perdido por conta das lesões, é um problema para New England.
Claro, para 2014, o primeiro passo do Patriots rumo a uma temporada de sucesso vai ser um pouco de regressão para a média. É extremamente improvável que o time sofra novamente com tantas lesões para tantos jogadores importantes, e isso sozinho já seria suficiente para o time retomar a estabilidade, com Wilfork na linha de frente e Mayo ancorando o miolo, mais um Rob Gronkowski saudável (sim, eu sei que Gronk é injury prone, mas não da para atribuir sua lesão de 2013 a isso de forma alguma). A saúde que faltou em 2013 pode ser suficiente para fazer New England novamente um candidato em 2014, especialmente com Bill Belichick e Brady por lá.
No entanto, algumas dificuldades precisam ser superadas no processo. A defesa foi muito mal em 2013 e isso obviamente teve influência das lesões que Mayo e Wilfork sofreram, mas não justificam tudo. O time ainda não tem pass rush confiável, e perdendo Brandon Spikes o time perde seu melhor LB contra o jogo terrestre (que foi a quinta pior defesa terrestre da NFL, btw, embora obviamente Wilfork vá ajudar). Além disso, a secundária do Patriots pode passar a ser um problema. Apenas Talib e Devin McCourty (espetacular de safety em 2013) foram acima da média na secundária, e Talib pode estar de saída. A situação salarial do Patriots está apertando, e parece que o time vai ter que decidir entre manter Talib ou Julian Edelman. Indepentende de quem for a causalidade, vai custar caro a New England: a perda de Talib vai abrir um buraco imenso na secundária do Patriots (especialmente sem pass rush), e Edelman foi o melhor jogador ofensivo da equipe em 2013 com números Wes Welkerianos, e sua perda vai tirar o alvo de segurança de Brady e o cara que manteve esse ataque vivo sem Gronk. E considerando o espaço salarial apertado, não vai ser nada fácil para New England trazer jogadores para suprir essas carências. O time achou uma identidade ofensiva sólida em torno do jogo terrestre e play actions, e jogando na AFC, não vejo porque o ataque do Pats iria deixar de ser eficiente de uma hora para outra. Mas com Broncos como o chefão da AFC e a ascensão de times como Colts e das potências defensivas da NFC, a margem de erro para o time parece bem pequena nessa offseason.
Carolina Panthers
O Panthers foi uma das histórias mais interessantes de 2013, se transformando em uma potência defensiva e vendo sua "sorte" mudar quando Ron Rivera decidiu que ia passar do técnico mais conservador da NFL para o mais agressivo. Deu tudo certo, o time teve uma temporada espetacular, e por ai vai. Mas ao contrário de muitos times jovens em reconstrução, o Panthers tem que lidar com dois problemas simultaneamente: os buracos na equipe que precisam ser corrigidos, e a falta de teto salarial.O problema é que o Panthers passou muito rapidamente pela etapa de desconstrução de um time veterano para a montagem do seu time jovem em ascensão. Não que isso seja uma coisa ruim, claro, você sempre quer que seu time vença o quanto antes e perca o mínimo possível. O problema é que isso deixou o time ainda com alguns contratos problemáticos e sufocos salariais do time e da gestão anterior, e isso impede que o time de o próximo passo. O Panthers hoje tem diversas áreas que precisam de reforços: o corpo de recebedores é fraco e precisa de alguém para pegar a tocha de Steve Smith, principalmente, e a secundária precisa de ajuda. O Panthers rende muito quando consegue dominar a linha de scrimmage dos dois lados da bola, mas quando algum time consegue igualar essa pressão, o time perde no backfield: Cam Newton é um grande jogador mas seu potencial é limitado pela falta de WRs capazes de criar separação e manterem jogadas vivas quando Newton precisa usar as pernas para ganhar tempo, e quando a defesa não está criando pressão no QB adversário ela pode ser muito explorada pelo ar (ver: Boldin, Anquan). Foram dois dos principais fatores que levaram ao massacre que foi o segundo tempo de Niners-Panthers nos playoffs, e dois que Carolina precisa adereçar.
Ai entra a questão do teto salarial. Panthers, com seu núcleo jovem, era um grande candidato a ir atrás de um jogador como Hakeem Nicks ou Anterraun Vernum para dar um grande reforço a essas áreas, ou então ir atrás de diversos jogadores de menor nome (Emmanuel Sanders, Dunta Robinson e Donte Whitner, digamos) para complementar os problemas. A questão é que todo o espaço salarial livre do time já deve ser usado para reassinar o espetacular Greg Hardy, e com isso a margem de manobra da equipe diminui muito. Muitos contratos reestruturados e salários "mortos" estão impedindo que o time saia no mercado e resolva seus problemas mesmo com um ou dois veteranos bem colocados, então isso força o time a buscar seus reforços em outras áreas. O draft normalmente seria a principal solução, mas você não vai sair com uma secundária nova e três WRs de elite dele. Então a não ser que o Panthers esteja satisfeito em trazer de volta o time de 2013 e contar com o desenvolvimento de seus jogadores para suprir as carências, eles terão que ficar criativos. Trocar um jogador como Charles Johnson pode ser uma solução interessante (embora eu duvido que exista mercado), mas provavelmente terão que ser mais criativos do que isso para conseguir seu espaço - e isso antes de entrar na questão do novo contrato de Cam Newton, que vira free agent ao final do ano. Então me parece que se o Panthers quiser ser campeão em 2014, esse desenvolvimento terá que vir do que já está na equipe, e não de ajuda externa.
Indianapolis Colts
Apesar de superar de forma prática a regressão que deveria sofrer em 2013, as duas partidas do Colts nos playoffs serviram para mostrar exatamente em que ponto o time se encontra em sua reconstrução, e o que o time tem indo para frente.Basicamente, o Colts tem o melhor jovem QB de toda a NFL, um cara que provavelmente vai ser o melhor QB da NFL em alguns anos. Ele fez mágica nesses playoffs, e como disse Bill Barnwell, não teve nada mais emocionante nesses playoffs do que quando Andrew Luck fazia um passe para um jogador que não estava na tela. Se eu fosse fazer uma lista dos 10 passes mais lindos ou perfeitos desses playoffs, metade seria de Luck. Enquanto você tiver um QB desse calibre, você vai estar bem na NFL.
O problema é que ficou claro que o Colts não tem muito mais a oferecer, nem um grande time a colocar em torno da sua grande estrela. A verdade é que ao redor do seu franchise QB, é um time bem fraco e limitado: com Reggie Wayne (em final de carreira) machucado, os únicos jogadores ofensivos do time acima da média além de Luck era TY Hilton e talvez Coby Fleener. A linha ofensiva melhorou em relação ao péssimo 2012, mas ainda foi uma unidade abaixo da média cujas deficiências foram mascaradas pela incrível habilidade de Luck de manter jogadas vivas e se livrar da pressão. E a defesa foi absolutamente medíocre em 2013 mesmo contando com o meu candidato a DPOY, Robert Mathis, na temporada da sua carreira - foram apenas três jogadores acima da média em 2013 (Vontae Davis, Jerrell Freeman e Mathis) e apenas um é realmente um jogador de grande impacto. Basicamente, esse foi o Colts nos playoffs: um time incapaz de parar quem quer que fosse, de controlar o jogo no relógio e que dependia de Andrew Luck acertando passes perfeitos para recebedores que não criavam separação para avançar.
Com um QB como Luck e um bom técnico como Chuck Pagano, você tem boas condições de sempre ser competitivo na NFL, mas a verdade é que se o Colts quiser sonhar com o título, vai precisar de um time muito melhor ao redor da sua jovem estrela que isso. Falta ajuda na linha ofensiva, faltam alvos para Luck, e falta praticamente tudo na defesa da equipe. Então o time vai ter que ir atrás desse tipo de ajuda, e não graças ao trabalho recente da diretoria: o time deu dinheiro garantido demais a jogadores medianos como Gosder Cherilus e Jean-Ricky François só porque eram de posições que o time precisava, e trocou sua escolha de primeira rodada por, claro, Trent Richardson. Então apesar de ter bastante espaço salarial, ele não é tão confortável no médio prazo por conta de salários longos (o que diminui as opções da equipe) e o time está sem uma comodidade valiosa para reforçar seu time no draft, o que torna a tarefa do time mais complicada. Esperem que o Colts seja um comprador agressivo nessa free agent (possivelmente com mais gastos exagerados em jogadores na FA por serem upgrades em relação aos jogadores atuais), e torçam para Indianapolis acertar nas rodadas intermediárias do draft, porque Luck me parece pronto para vencer agora e o time ao seu redor não está acompanhando sua evolução. Se o plano do Colts era acelerar sua reconstrução, agora é a hora de dar a Luck o talento que ele precisa para vencer, e duvido que Jim Irsay fique parado - por bem ou por mal (de novo, Trent Richardson).
New Orleans Saints
O Saints é o caso oposto do Colts, mas ainda assim é possível notar um bom número de semelhanças. O Saints também possui um grande QB que sozinho é capaz de ancorar um bom ataque, e um técnico que sabe como maximizar as habilidades de seu quarterback. O time também é todo montado em torno disso: depois que voltou de suspensão, Sean Payton voltou a fazer sua mágica e remontou o ataque de forma espetacular em torno de Drew Brees usando praticamente jogadores menores, dispensados de outros times ou veteranos que já estavam no elenco, de forma que New Orleans terminou o ano com o quinto melhor ataque, principalmente por ter o terceiro melhor ataque aéreo. O problema é o que o time tem a oferecer além de seu QB e o ataque por ele comandado.Claro, New Orleans é um time melhor que o Colts fora disso - se não fosse, não teria a menor chance de ir aos playoffs em uma hipercompetitiva NFC. A defesa da equipe foi na verdade boa, terminando fora do Top10 por pouco no ano. Kenny Vaccaro teve um grande impacto como calouro, e a secundária segurou bem as pontas durante boa parte da temporada, e isso contribuiu em muito para o bom ano que a equipe teve. Mas a questão é que todo mundo sabia que, mesmo com uma defesa sólida, não ia ser a defesa que iria vencer as partidas para o Saints, era o ataque (nos playoffs, a defesa foi ótima contra Seattle mas perdeu porque o ataque não conseguiu anotar pontos e ainda entregou um TD de presente com um fumble).
Para o Saints, no entanto, a situação é oposta a do Colts porque o time TEM algum complemento ao redor de Brees (embora não tão bom quanto poderia ser), mas que ao invés de trabalhar para aumentar esses complementos, o Saints é um time que ironicamente precisa se desfazer de alguns. O Saints é um dos times que começam a offseason de 2014 ACIMA do teto salarial permitido pela NFL, o que obviamente acarreta em um problema duplo: por um lado, o time não tem condições de trazer novos jogadores para compor as áreas carentes da equipe (e em uma NFC tão ridiculamente forte, a margem de erro dos times é muito menor que na fraca AFC), reforçar seu pass rush, sua defesa terrestre e mesmo sua linha ofensiva, as principais áreas de necessidade. Por outro, o time não só não tem muitas formas de se reforçar estando 13M acima do cap como também vai precisar dar um jeito de descer para o patamar adequado, algo que vai exigir a renúncia a muitos dos free agents da equipe e dispensa de tantos outros jogadores que já estão no time... e isso é ANTES de considerar que o segundo melhor jogador do time, Jimmy Graham, é um free agent que vai exigir um contrato absurdo para continuar em New Orleans. O Saints já anunciou que dispensou os veteranos Jabari Greer, Will Smith e Roman Harper, todos veteranos da conquista de 2009, e também que não vai reassinar com Jonathan Vilma, por tanto tempo um dos pilares dessa defesa. Mais cortes devem vir por ai.
O problema é que mesmo com essas perdas, o time ainda não tem condições de reassinar com Graham (a chave para o 2014 se o time quiser disputar o título), trazer jogadores bons para as posições carentes, dar contratos aos seus calouros, e AINDA ficar abaixo do cap. Isso limita os jogadores que podem chegar, e indica também que outras dispensas ainda podem ou devem ocorrer. O Saints tem feito o possível para vender a idéia de que Graham deve receber a Franchise Tag de tight end, muito mais barata que a de WR e que salvaria ao time preciosos milhões de dólares de espaço salarial, mas essa opção me parece cada vez mais distante. Para manter sua estrela no elenco, o time vai precisar de ainda mais criatividade e mais cortes, o que tornam sua offseason ainda mais turbulenta. Vamos ver se a boa diretoria de NO consegue entrar dentro da taxa salarial e ainda reforçar as áreas carentes do time. Hoje, os prognósticos não parecem muito bons.
San Diego Chargers
Entre todos os times citados até agora, o Chargers provavelmente é quem mais olhou para a temporada 2013 como uma grata e grande surpresa. Niners, Patriots, Broncos e Seahawks começaram o ano como os favoritos ao Super Bowl. Colts e Panthers possivelmente não esperavam uma temporada como essa, mas eram jovens times em ascensão que esperavam chegar nesse ponto em breve. O Saints esperava se reerguer com a volta de seu técnico. Ainda que nem todos começassem o ano como candidatos a chegar até esse ponto - eu tinha apenas os quatro primeiros chegando aos playoffs nos meus palpites - todos eram times cujo caminho indicava, cedo ou tarde, uma trajetória semelhante.O Chargers era diferente. Depois de dois anos consecutivos muito abaixo do esperado, a expectativa era de que o time fosse passar por uma pequena reformulação. Philip Rivers vinha de duas péssimas temporadas e parecia questão de tempo até deixar de ser titular, os jovens talento da equipe não vinham contribuindo como esperado, a linha ofensiva era um desastre da natureza, e em uma divisão com o juggernault Broncos e o promissor Chiefs, não vi ninguém no começo do ano achando que o Chargers iria conseguir sequer brigar por playoffs. A idéia era reformulação, e que talvez o próximo bom time do Chargers tivesse outro QB e outra base. Por isso a temporada 2013 foi uma surpresa tão grande: não era para o Chargers dar essa volta por cima e sair vencendo jogos quando tudo indicava que o time estava acabado. Philip Rivers se recuperou de dois péssimos anos para ser o segundo melhor QB de 2013, a linha ofensiva mudou da água para o vinho com algumas contratações inteligentes, Ryan Matthews finalmente ficou saudável e teve a temporada que todo mundo cobrava dele (1255 jardas, 7 TDs, 4.4 YPC), Antonio Gates finalmente conseguiu jogar em alto nível de novo, Keenan Allen teve uma das melhores temporadas de um WR calouro na memória recente da NFL, e tudo se encaixou para que esse ataque funcionasse as mil maravilhas e acabasse o ano como o terceiro melhor da NFL e com uma vaga nos playoffs.
Esse sucesso recente, especialmente de um ataque que foi tão bom mesmo contando com tantos desfalques e lesões no começo do ano, provavelmente muda um pouco o foco do time para o curto prazo. Claro, a reconstrução não vai parar por aqui: a defesa foi uma atrocidade durante boa parte da temporada 2013 (embora para ser justo tenha melhorado na reta final e tenha ido bem nos playoffs), e o time ainda está bastante próximo do teto salarial (algumas estimativas colocam o time apenas 1.5M abaixo do limite). Então até para tornar mais viável a questão financeira do time, a idéia é que o time caminhe em direção a um núcleo mais jovem, como um processo comum de reconstrução. A diferença é que agora a diretoria deve focar esse rejuvenescimento da equipe em torno de um núcleo competente e pronto para ganhar jogos agora (especialmente se Philip Rivers mantiver o nível) ao invés de através de um processo de desconstrução do elenco.
Então para continuar essa reformulação, a defesa deve ser o foco. Rivers está garantido por um bom tempo ainda, Matthews e Allen são jogadores bons, jovens e baratos e alguns jogadores estão voltando de lesão que não atuaram em 2013. A linha ofensiva se deu muito bem com DJ Flucker e alguns veteranos e deve trazer algum sangue novo, mas o maior problema do time foi mesmo sua defesa, que foi a pior da NFL durante toda a temporada e terminou justamente como a 32nd de toda a liga. Então eu espero que seja o foco do time, especialmente no draft (já que a FA não me parece uma boa opção). O time precisa pelo menos conseguir estabilizar sua defesa em um nível médio na NFL, e eu espero que o time vá pesado atrás desses jogadores no draft. O time encerrou razoavelmente bem na defesa o ano, então a expectativa é que possam construir em cima disso. Um pass rusher, mais um pouco de bife na linha defensiva e um novo cornerback titular me parecem as maiores necessidades da equipe, e esse é um draft bem profundo nas duas primeiras, então o Chargers parece estar em boa situação. Resta ver se o time conseguirá resolver suas questões salariais primeiro.
Philadelphia Eagles
Eu já escrevi isso antes, mas entre os quatro times que perderam na rodada de wild card, três deles não tem grandes motivos para se sentirem tristes. Claro, ninguém quer perder nos playoffs, especialmente de forma apertada, mas em geral são times que estão na trajetória certa.
Em nenhum time isso fica mais evidente que no Eagles. Ano passado, o time era uma zona, tentando juntar os cacos do fracassado "Dream Team", cheio de contratos caros, passando vergonha e acabando em último lugar na NFC East. Na última offseason, o time se livrou de tudo isso, praticamente recomeçando do zero com um novo técnico, Chip Kelly... e não poderia ter funcionado mais. Kelly fez o ataque voar em 2013 mesmo com todas as dúvidas sobre seus QBs (2nd melhor ataque), Nick Foles emergiu como um sólido QB titular, LeSean McCoy e DeSean Jackson brilharam, e o Eagles ganhou a divisão e foi aos playoffs. Então um ano depois do time decidir explodir tudo e recomeçar, o time ganhou 10 jogos e foi aos offs. Parece bom para mim.
E felizmente para o Eagles, as coisas não param por ai. Philadelphia tem uma ótima combinação indo em frente, com um time jovem e uma folha salarial livre de contratos absurdos. Isso dá ao time grande flexibilidade, pois pode ir no mercado atrás de grandes jogadores e ainda tem dinheiro para começar a reestruturar ou renovar alguns contratos dos seus jogadores mais jovens. É uma situação excelente.
Claro, uma consequência de uma reconstrução tão rápida é que o time tem muitos buracos a serem adereçados. A defesa em particular não foi bem em 2013 (embora tenha melhorado próximo ao final da temporada), e com vários veteranos de saída nos dois últimos anos, deve passar por uma renovação grande. O time achou alguns jovens talentos como Brandon Boykins (espetacular na segunda metade da temporada) e Cedric Thorton, mas ainda precisa reforçar principalmente a sua defesa aérea - nenhum jogador tirando Boykins foi bem na cobertura em 2013, especialmente os linebackers, e quando você combina as duas principais áreas de dificuldade da defesa em 2013 - o pass rush e a cobertura - o resultado normalmente é uma peneira pelo ar... e foi o que aconteceu.
Então o Eagles deve ter dois focos. Refinar seu já muito explosivo ataque, principalmente no que tange a QB. Nick Foles foi espetacular na segunda metade da temporada, mas é possível que seja um candidato a alguma regressão, ou então que Chip Kelly conclua que foi mais mérito do sistema que do jogador, e que um QB novo poderia levar esse time a novas alturas (btw, isso é só especulação, e duvido que para 2014. Não vejo nada além de uma lesão tirando a titularidade de Foles). E principalmente, dar um jeito nessa defesa. A secundária precisa de ajuda, e o grupo de linebackers do time foi bom contra a corrida, mas atroz contra o passe - apenas quatro times foram piores contra TEs e slot WRs pelo meio do campo. Então essa deve ser a direção da equipe, e embora a linha defensiva tenha sido boa em 2013, esperem um novo DE por lá essa temporada para ajudar na pressão. Com um grande técnico, um grande ataque, boas escolhas de draft e uma tonelada de espaço salarial, não sei se existe um time que seja mais candidato a dar um salto entre 2013 e 2014 nesse grupo.
Kansas City Chiefs
O Chiefs é outro time que deu um salto enorme em 2013, passando de pior time da NFL aos playoffs graças a uma mudança de técnico e de QB. Mas ao contrário do Eagles, que tem uma força definida (seu ataque) e uma clara fraqueza (a defesa), o balanceado Chiefs tem mais dúvidas sobre quais áreas merecem maior atenção.Em 2013, pelo menos no começo, a história do time era sobre sua fortíssima defesa e seu ataque conservador. E de fato, era assim que o time vencia, nas costas de Jamaal Charles, sua defesa forçando toneladas de turnovers, e posições de campo. Acontece que isso, de forma improvável, se reverteu ao longo do ano: Alex Smith ficou mais a vontade, Charles explodiu de vez, e o ataque teve que se virar para compensar uma defesa frágil e pouco explosiva. Contra o Broncos o time perdeu mesmo com 28 pontos do ataque, e nos playoffs foi a defesa que cedeu 45 pontos para o Colts conseguir a virada depois do ataque abrir uma larga vantagem (nas últimas sete semanas, foram jogos de 38, 28, 45, 56 e 44 pontos e só um abaixo de 24). Então mesmo que no papel o ataque seja a área frágil da equipe, esse final de temporada e a performance surpreendentemente fraca da defesa deixam alguma dúvida no ar.
Claro, o ataque ainda vai ser a prioridade. Alex Smith se firmou definitivamente como o titular, e Jamaal Charles foi o melhor RB de 2013, mas isso não vai impedir o Chiefs de reforçar o grupo ao seu redor. O time precisa principalmente melhorar os alvos da equipe: tirando Dwayne Bowe, o time não tem nenhum recebedor acima da média, e considerando o quanto Alex Smith gosta de passes curtos e precisos, um jogador mais explosivo nos moldes de um Tavon Austin ou Percy Harvin (o tipo de jogador que pode causar estrago DEPOIS da recepção) seria fundamental para elevar ainda mais o nível desse ataque. Um tight end também iria ajudar muito, especialmente considerando o estrago que Alex Smith fazia com Vernon Davis em SF e o que conseguiu fazer com o limitado Anthony Fasano.
Mas o maior problema desse ataque é a linha ofensiva. Os dois melhores linemen do time em 2013 são free agents, e tanto Branden Albert como Geoff Schwartz não devem retornar em 2014 por questões salariais. Schwartz foi substituido de forma competente por Jon Asamoah quando machucou, então não me parece um problema, mas Albert é um dos melhores LTs da NFL e não possui um substituto com rodagem. O substituto natural seria Eric Fisher, 1st pick do draft passado que não jogou bem fora da sua posição de origem em 2013, e que esperam que renda mais voltando ao lado esquerdo da linha. Mas para um time que depende tanto do jogo terrestre, preocupa tanta incerteza na linha, e portanto é provável que o time queira reforçar o resto do quinteto para não deixar dúvidas.
Com tantos buracos no ataque, a defesa deve mesmo ficar em segundo plano, mas isso não significa que o time não tenha problemas. O time precisa repor a produção de Tyson Jackson na linha defensiva, e a secundária precisa urgentemente de ajuda, seja um novo CB (Dunta Robinson foi dispensado por questões salariais) um um novo safety para jogar ao lado de Eric Berry (ou ambos). A prioridade no momento me parece ser a secundária, embora a volta de Justin Houston de OLB vá ajudar bastante. O problema é que os recursos da equipe são um tanto quanto limitados - uma escolha de segunda rodada vai para San Francisco, e o espaço salarial da equipe, embora exista, não seja imenso. O time deve conseguir um CB no mercado a preços razoáveis e deveria ir atrás de Emmanuel Sanders, que não deve sair muito caro, mas vai ter que confiar na sua capacidade de continuar achando talentos no draft para conseguir tapar esse monte de buracos criados. Resta ver se conseguirão ou não.
Green Bay Packers
Foi basicamente uma temporada direto do inferno para o Packers. Clay MAtthews machucou e perdeu mais de metade dos jogos, Colin Kaepernick apareceu duas vezes no caminho do time, Aaron Rodgers perdeu jogos e seus reservas eram Seneca Wallace, Matt Flynn e Scott Tolzien, Casey Heyward rompeu o ligamento, Randall Cobb perdeu grande parte da temporada... e de alguma forma o Packers ainda venceu a divisão e chegou perto de vencer San Francisco nos playoffs. Obrigado, Lions.Como tem sido a norma desde que foram campeões em 2010, o Packers viveu pelo seu ataque e a defesa não foi capaz de acompanhar. Com o Offensive Rookie of the Year Eddie Lacy a bordo, o Packers agora tem um dos melhores combos QB/WR da NFL, e Jordy Nelson provavelmente foi o WR mais underrated de 2013. Mesmo com seis jogos de Wallace, Flynn e Tolzien, o Packers ainda terminou com o nono melhor ataque da NFL, e não tenho dúvidas de que com Rodgers estaria no Top5. Por outro lado, a defesa foi a segunda pior da temporada. Adivinhem onde o Packers deve concentrar seus esforços essa offseason??
A verdade é que Green Bay tem algumas decisões importantes a tomar. Por um lado, o time tem muitos free agents: no ataque os principais são James Jones e Jermichael Finley, e na defesa o time está perdendo seus três DT (Johnny Jolly, BJ Raji e Ryan Pickett) e dois importantes defensive backs (MD Jennings e Sam Shields). Por outro, o time tem uma quantidade razoável de cap space para gastar como parecer mais adequado ao time. A defesa deve ser prioridade, mas também me parece mais difícil de arrumar: a secundária ainda tem Tramon Williams, a volta de Heyward e o bom Micah Hyde, mas ainda foi abaixo da média em 2013 e precisa de mais ajuda, especialmente um safety. A linha defensiva provavelmente vai continuar com Raji, não tem nada que salve nessa linha de frente: os linebackers foram horríveis tanto na cobertura como no jogo terrestre como no pass rush, e os muitos jogadores para a função que o time trouxe usando escolhas altas de draft não engrenaram. Mesmo se Clay Matthews finalmente ficar saudável, tem coisa demais que o time precisa: outro pass rusher, pelo menos um MLB que seja capaz de acompanhar um TE e cobrir sua área do campo, e mais bife para a linha defensiva que seja capaz de executar alguma função decentemente. Então tem um buraco imenso ai que mesmo com bom cap o time não vai ser capaz de preencher.
Isso pode levar o time a focar do outro lado da quadra, esperando que ter um dos melhores QBs da NFL e um ataque devastador possa levar o time longe de novo. Embora o ataque tenha seus problemas (faltou WRs quando Cobb e Jones machucaram, e a linha ofensiva é um desastre), eles são menores e podem ser mais mascarados pela presença de um jogador fora de série dando as ordens. O time não vai com tudo atrás de um WR tendo Nelson e Cobb (e dificilmente irá dar muito dinheiro para Jones ser seu WR #3), especialmente com o sucesso que o time tem tido achando WRs no draft, e pode investir um pouco mais pesado em um novo tackle e um guard para fazer a vida de Lacy e Rodgers mais confortável. Com o que sobrar, devem atacar a defesa, e para sua sorte não faltam jogadores de linha nessa free agency - embora seja difícil dizer quais o time vai estar disposto a pagar. Com o histórico do Packers de não ir atrás de free agents, esperem um time bastante agitado na noite do draft.
Cincinnati Bengals
Eu falei antes, e defendo de novo, que entre os quatro times que foram eliminados na rodada de WC dos playoffs, o Bengals é quem menos deve estar satisfeito. Mesmo com uma temporada que viu Leon Hall e Geno Atkins se machucarem e perderem o resto da temporada, foi um final decepcionante para um time que todo ano promete e não cumpre. Então vamos começar com as boas notícias: Hall e Atkins devem estar de volta para 2014, fazendo do Bengals um dos times com base mais completa e talentosa da NFL... e uma TONELADA de espaço salarial. Nada mau, certo?Esse espaço salarial depende, claro, do DE Michael Johnson. Johnson é um free agent saindo de uma temporada espetacular, e que certamente vai ganhar um salário imenso em 2014. O Bengals tem o espaço salarial para trazer Johnson de volta ou mesmo usar a franchise tag no jogador, mas a organização acabou de comprometer muito dinheiro com Carlos Dunlap e Geno Atkins, e não me parece que o Bengals iria gostar de ter seus três jogadores mais caros sendo de posições tão semelhantes. O time tem tido muito sucesso achando DLs no draft, e possivelmente será mais vantajoso para a equipe achar e desenvolver 80% do jogador que Johnson era dessa maneira do que pagar 20 vezes mais para Johnson continuar na equipe, especialmente considerando dois potenciais free agents de 2015, que agora podem negociar uma extensão e que tornam a situação salarial do time tão interessante: AJ Green, e Andy Dalton.
AJ Green é simples: ele vai receber um contrato mastodôntico, seja hoje ou daqui a um ano, Cincy nunca vai deixá-lo ir embora. Já Dalton é um problema diferente. Embora seja um QB mediano ou até mesmo acima da média as vezes, ele não é muito mais do que isso e as vezes parece verdadeiramente medíocre. Embora tenha melhorado um pouco em 2013 com alvos cada vez melhores, Dalton ainda é basicamente o que tem sido sua carreira toda: um QB sólido que pode vencer com um grande time ao seu redor, mas dificilmente vá vencer grandes times sozinho. E embora a amostra seja pequena e eu ache inútil exagerar na reação com apenas três anos de carreira, muitos apontam para seus péssimos números em playoffs (um TD, seis interceptações, três derrotas decepcionantes) como uma prova de que ele não vai ser o tipo de jogador que levaria o time ao Super Bowl. A verdade é que ninguém sabe exatamente o quanto Dalton tem a oferecer e o quanto ele estaria segurando um potencial candidato ao Super Bowl, nem mesmo Cincy, então até eles descobrirem me parece muito improvável que se comprometam com o QB com um contrato longo. Eles muito provavelmente vão deixar Dalton jogar esse último ano, ver o processo e o resultado, e tomar uma decisão em 2015. Ent ão considerando que Dalton não deve ganhar um novo contrato até 2015, que o time tem bastante espaço salarial, e que Green está elegível para uma extensão... os cenários da equipe são muito interessantes.
O primeiro seria assinar logo com AJ Green uma extensão salarial, mas acho que o time não deve ter pressa. Assinar logo o contrato daria ao time a possibilidade de estruturá-lo de antemão da forma como fosse mais conveniente, mas isso pode ser feito ao longo da temporada, não existe motivo para pressa. Eles sabem que o contrato será finalizado em algum ponto, e a questão é o que fazer com o resto desse espaço salarial. Sem Johnson na folha de pagamentos, o time também não deve ter grande problemas mesmo que Dalton e Green tenham que reassinar juntos ao final da temporada, então cabe a grande pergunta: o que eles devem fazer com o espaço salarial restante? E a melhor resposta é contratar o máximo possível de bons jogadores, especialmente vindo de temporadas complicadas, em contratos de um ano (o modelo do Seahawks, inclusive). Esses jogadores não estarão mais no cap em 2015 quando os contratos de Green e talvez Dalton aumentarem, e eles aumentam as chances de sucesso no curto prazo da equipe. E se o time eventualmente decidir não renovar com Dalton, eles sempre podem renovar com os jogadores que já estão na equipe para continuarem no time enquanto procuram outra solução para QB. Me parece o mais razoável.
A questão ai seria quem buscar, pois o Bengals tem um dos times mais completos da NFL. O que não significa que o time não possa se beneficiar de upgrades em certas áreas: o time ainda precisa de um bom safety, e alguma profundidade para CB não seria de todo ruim com Leon Hall voltando de lesão. Um DE como Jared Allen, em contrato de um ano, seria ótimo para manter o nível de Johnson e suavizar a transição para o próximo jogador da posição. Um WR como Anquan Boldin também seria ótima companhia para Green no ataque e pode ajudar esse time a deslanchar. Não é tão fácil achar um bom encaixe em contratos curtos que ainda sejam um upgrade nesse time tão completo, mas não é um problema ruim para se ter. Na "pior" das hipóteses, o time pode assinar um free agent mais de topo (Michael Bennett?) a um contrato extremamente concentrado no primeiro ano, de forma a absorver o maior impacto salarial em 2014 e deixar a folha ainda estável para o futuro. Não me parece nada mau.
"não vi ninguém no começo do ano achando que o Chargers iria conseguir sequer brigar por playoffs" - Não foi no comecinho do ano, muito menos por análise e competência, e muito mais por chutômetro, mas eu dizia que todos os WC da AFC sairiam da West. E dizia que o San Diego era um dos meus favoritos a time-que-não-foi-aos-playoffs-ano-passado-que-volta-esse-ano. Isso desde a semana 5 nos palpites da rodada. Claro, puro chute, um golpe de sorte.
ResponderExcluirPro ano que vem, espero um Niners vencendo a divisão contra o Hawks e o Green Bay muito mais forte. Foram meus dois favoritos a underrated team 2013.
Essa offseason pode ser muito boa para o meu Eagles. Estou muito ansioso em saber o que o time fará, ainda mais se levar em consideração que a staff inteira já tem 1 ano de trabalho junto e pode dedicar-se inteiramente na free agency e no draft, o fato de saber o que funcionou e o que deu errado no time ajuda muito.
ResponderExcluirFiquei estasiado quando o nosso GM disse que no draft ele vai atrás do melhor jogador disponível, ou seja, nada de preencher os gaps do time com jogadores que não valem a 22ª pick e sucessivamente, ou seja, pode pintar jogador de ataque aqui, o que eu acho ótimo... acharia legal um wide reciever ou um OL monstro, deixaria o ataque ainda melhor
O legal também é que o time pode abrir ainda mais cap space, basta dispensar alguns jogadores (Chung, principalmente, abre 3 milhões de espaço) e reajustar alguns contratos como Ryans, Peters, Celek, Avant e Casey.
Outra coisa que achei interessante é que o Howie (GM do Eagles) disse que o time a princípio não pretende gastar caminhões de dinheiro na free agency, ou seja, o time talvez siga a mesma filosofia do ano passado, contratar jogadores medianos por um bom preço!
Na minha opinião essa é a melhor coisa a se fazer, além de não comprometer o elenco com contratos faraônicos a gente pode reforçar o time, até pq o Eagles não tem muita qualidade nos seus reservas como SF e Hawks, por exemplo.
Queria me estender a respeito dos outros times, mas reli o que vc disse e cheguei a conclusão que vc disse o que eu penso, só reforço nessa lista o Panthers e o Saints serão os times que terão mais dificuldades de manter ou melhorar o nível de seus elencos (pasme! o Panthers tem 12 milhões na offseason, o que seria razoável se não levasse em consideração que pelo menos 20 jogadores vão pra free agency... e ainda eles tem que pensar no contrato do Newton... nada bom pro lado deles, terão que ser muito criativos!).
E pra piorar o Panthers ainda perdeu o Jordan Gross!
ExcluirSou torcedor do San Diego, e a defesa foi sofrível, mas é de se reconhecer que nos anos onde o time era um dos favoritos vinha decepcionando, nesse que não se imaginava que seria forte acabou indo bem longe.
ResponderExcluirVários jogos no começo da temporada foram derrotas que deveriam ter sido vitórias.
As duas primeiras escolhas do draft corresponderam bem, o Te'O que poderia ter jogado mais. Nesse ano temos que reforçar a defesa e eu acho que um novo TE tb seria necessário, me parece que o Gates está no final de carreira e seria bom um novato aprender os caminhos com ele. Pra temporada que vem me parece que o time depende MUITO de uma defesa mais robusta (apesar de eu concordar que no final da temporada e nos playoffs melhorou muito), especialmente a secundária. Quando qualquer QB jogava a bola por cima dava um frio na barriga.
Eu gostei da temporada de San Diego, comecei a ver a NFL na epoca que Rivers,Big Ben, Manning e outros vieram do draft e sempre achei que o Rivers mesmo depois da lesão era um QB de elite jogando nun esquema ruim pra ele.
ExcluirFoi muito bom ver ele jogar em alto nivel, a defesa pareceu outra no fim da temporada, principalmente nos playoffs e o Gates + Green não dariam uma boa dupla para voltar ano que vem? Acho que tem coisas melhores para se buscar que um TE novo para o ano que vem.
- “o quanto ele estaria segurando um potencial candidato ao Super Bowl”.
ResponderExcluirEssa frase resume Andy Dalton, acho que ele é o elo fraco do time, o Bengals é uma espécie de Bizarro Colts, um excelente time em todas as posições em volta de um QB mediano.
Recentemente li uma entrevista do proprietário Mike Brown dizendo que na época do draft, ele estava propenso a draftar o Kaepernick por causa de sua mobilidade e Jay Gruden o convenceu do contrário dizendo que o Dalton se adaptaria melhor ao esquema dos Bengals.
Me atrevo a dizer que se o Kaepernick tivesse sido escolhido esse time já teria pelo menos chegado a um Superbowl, quiça vencido, porém são só suposições, nunca saberemos.
Com a posição 24 no draft fica difícil achar um QB talentoso, gosto muito do Bridgewater, mas não acho que ele vai cair tanto, se fosse o Brown faria umas trocas para subir no draft e consegui-lo e botar um pouco de pressão no Dalton e ver como ele reage nesse provável último ano.
É difícil dizer. Jim Harbaugh transformou Alex Smith de bust histórico no líder em QBR da NFL, não acho que o Kaepernick teria desenvolvido com a mesma rapidez em outra equipe e com outro técnico. Dalton era considerado o QB mais "pronto" da classe e o Bengals queria alguém capaz de competir desde já. Acho que ele ainda tem margem para evoluir em um QB talentoso, mas não apostaria nisso. Eu pegaria um QB na segunda ou terceira rodada para pressionar um pouco o Dalton sim, e talvez substituí-lo ano que vem quando seu contrato acaba
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