Ele não aparece na coluna, mas o prêmio "Pedro Martinez de
Jogador Mais Carismático do Ano" vai para Bartolo Colón!
Apesar do triste fato de que meu Red Sox foi um fiasco desde o primeiro dia da temporada e pagou 205 milhões de dólares (algo como 392 bilhões de reais no câmbio atual) na offseason para dois jogadores que totalizaram -3.7 fWAR (entre jogadores com 400+ passagens pelo bastão, Sandoval é o segundo pior e Hanley o terceiro pior em fWAR, atrás apenas de Victor Martinez) 2015 foi uma das minhas temporadas favoritas da MLB que eu lembro de ter assistido.
Teve de tudo: performances históricas de múltiplos jogadores, trocas bombásticas, grandes surpresas, grandes decepções, uma safra histórica de calouros, grandes jogos, e tudo que você poderia pedir em uma temporada. E, enquanto os playoffs não chegam, não consigo pensar em uma forma melhor de terminar a temporada regular com uma fantástica disputa pelos prêmios individuais da temporada. Ainda que a MLB seja péssima em dar esses prêmios de forma inteligente, eu ainda tenho um estranho fascínio por eles. E, todo final de temporada, não consigo deixar de fazer minha lista pessoal de quem iria no meu ballot que nunca terei.
E eu pessoalmente não lembro de ter visto uma disputa melhor pelos prêmios individuais, de modo geral, do que está acontecendo em 2015. Dos 6 prêmios principais da temporada (e eu estou excluindo Manager of the Year por ser o pior prêmio dos esportes), TRÊS são disputas extremamente parelhas sem um claro favorito, QUATRO ainda estão bem abertas, e duas ou três envolvem performances históricas de pelo menos um jogador. Isso obviamente gera muito chorume na internet, mas também abre espaço para debates muito interessantes. Então vamos fazer nosso giro tradicional pelos prêmios individuais da MLB, começando com o menos disputado.
Colunas escritas e estatísticas válidas até 03/10, exceto a parte do MVP da AL e quando mais for avisado o contrário.
National League MVP
É, esse é bem óbvio.
Absurdamente, a verdade é que existe uma chance real de Bryce Harper não vencer esse prêmio, o que seria um dos maiores roubos da história da MLB. Infelizmente, alguns dinossauros ainda acham que para ser o MVP seu time precisa ter ido aos playoffs, o que é patético porque você está usando um fator coletivo (vitórias do time) para julgar um prêmio individual. Sim, o Nationals não vai para os playoffs, mas que culpa Bryce Harper tem que seus companheiros não foram bem durante o ano, que o time foi assolado por lesões, e que a troca do Jonathan Papelbon falhou miseravelmente? Ao mesmo tempo, outro grande craque, Andrew McCutchen, teve uma temporada muito boa, ainda que muito inferior à de Harper... só que seu time foi aos playoffs. O fato de Cutchen ter ido aos playoffs e Harper não não tem NADA a ver com suas performances individuais, e sim com a performance do resto da equipe - porque deveria então premiar individualmente McCutchen sobre Harper sendo que a diferença foi ter companheiros melhores?
Claro, eu não digo que não se deve NUNCA olhar a performance da equipe. Entendo o conceito de valor relativo, e não sou contra se considerar tal fator em escalas menores, ou mesmo como critério de desempate entre dois jogadores muito próximos (vejam o próximo prêmio). Mas quando você tem um jogador sendo CLARAMENTE superior por uma grande margem aos demais, você não pode me dizer que ele não é o MVP. E esse é o caso de Bryce Harper.
Então vamos aos números. Harper lidera com folga a NL (e toda a MLB) em fWAR, com 9.5 - duas vitórias inteiras acima do segundo colocado. Harper também está rebatendo ridículos .331/.461/.646 na temporada com 41 HRs (líder da NL), o que da um wRC+ de 197 (ou seja, ajustando para estádio, a produção por at bat de Harper é 97% superior a de um jogador médio da MLB), com folga a melhor marca da liga (Votto é o segundo com 175). Deixe eu tentar colocar isso em contexto...
Bryce Harper: .331/.461/.646, 197 wRC+, 41 HRs.
Jogador B: .356/.499/.648, 209 wRC+, 36 HRs.
Sim, eu sei que o jogador B foi melhor, mas olhe um pouco para esses números. Um pouco mais. Deixe entrar o quão absurdos eles são. Pronto?
Bem, o primeiro obviamente é de Bryce Harper na temporada 2015, com 22 anos. O Jogador B, por outro lado, é ninguém menos que o segundo melhor rebatedor da história do esporte, Ted Williams, na sua temporada 1942 - com 24 anos. Em outras palavras, aos 22 anos Harper acabou de ter uma temporada comparável a uma temporada do auge de Teddy fucking Ballgame!! Eu já mencionei que Harper tem 22 anos? Isso é insano. Legitimamente surreal.
Espere ai, ainda não terminei de falar do quão ridícula está sendo a temporada de Bryce Harper. Desconsiderando o fato de que nenhum jogador em atividade na MLB teve uma temporada com wRC+ que chegue no nível dos 197 de Harper - nem Trout, nem Miguel Cabrera, nem Albert Pujols, nem Joey Votto, nem Alex Rodriguez - porque ele é pouco para o que o canhoto fez essa temporada, vamos tentar olhar um contexto um pouco mais histórico:
1. O único jogador da HISTÓRIA do baseball com wRC+ melhor que o de Bryce Harper em 2015 com 22 anos ou menos foi Ted Williams (221 no ano que rebateu .400). Ninguém mais.
2. Harper está com 9.5 de fWAR na temporada. Com um restinho de temporada pela frente, ainda pode chegar a 10.0 de fWAR em 2015. Os únicos jogadores da Live Ball Era a atingir esse feito com 22 anos ou menos foram Ted Williams e Mike Trout... que é tão ridículo que fez isso DUAS vezes. Se acabar com 9.5 mesmo, fica atrás apenas de Ted, Trout e Stan Musial. Excelente companhia.
Nota: Harper terminou o ano com 9.6 fWAR
Nota: Harper terminou o ano com 9.6 fWAR
3. Ted Ballgame se aposentou em 1960. Desde então, os únicos jogadores a terminarem uma temporada completa com wRC+ superior aos 197 de Harper foram Barry Bonds, Mike Schmidt, George Brett, Mark McGwire e Dick Allen. Ainda é possível que Bryce Harper termine 2015 com a melhor temporada ofensiva não-PEDs de um jogador desde 1960. Leia isso de novo. Eu já disse que Harper tem 22 anos?
Nota: Harper terminou o ano com 198 wRC+, a segunda melhor temporada ofensiva completa sem PEDs desde 1960 atrás apenas de Dick Allen em 1972.
Nota: Harper terminou o ano com 198 wRC+, a segunda melhor temporada ofensiva completa sem PEDs desde 1960 atrás apenas de Dick Allen em 1972.
4. Nenhum jogador com 22 anos da história do esporte teve taxa de walks melhor que os 19.2% de Harper. Nunca aconteceu.
A temporada do Bryce Harper foi tão ridícula que eu não dei conta de compilar fatos suficientes sobre o quão ridículo ele é e/ou tem sido. Então pedi ajuda do mestre das estatísticas históricas de baseball, o fantástico Ryan Spaeder (sigam ele no twitter, sério. Agora!), para me mandar algumas estatísticas divertidas sobre esse monstro mitológico. Eis o que ele tinha a dizer:
1. Bryce Harper agora detém o recorde de bWAR para temporadas de jogadores com 19 anos (5.1) e 22 anos (10.2) na história do esporte
2. Em 2015, Bryce Harper se tornou o jogador mais jovem da história do esporte com 40 HRs e 120 walks em uma temporada. O recordista anterior? Babe Ruth. Com 25 anos.
3. Bryce Harper tem 10.2 bWAR em 2015. Isso é mais que as melhores temporadas da CARREIRA de Albert Pujols (9.7), Ken Griffey Jr (9.7) e Hank Aaron (9.4). Você sabia que Br... pensando bem, sabe sim.
4. Bryce Harper tem 124 walks essa temporada. Isso é mais que a melhor marca da carreira de Sammy Sosa (116), Albert Pujols (115), Willie Mays (112), A-Fraud (100), Ken Griffen Jr (96) e Hank Aaron (92).
5. Em 114 jogos entre 6 de maio e 21 de setembro, Bryce Harper rebateu .376/.486/.726.
6. Dia 11 de Agosto, Bryce Harper atingiu a marca de 7.2 bWAR na temporada. Isso é igual ao TOTAL que Miguel Cabrera teve na temporada toda no ano que ganhou a tríplice coroa.
7. Bryce Harper em 2015 lidera a NL em WAR, oWAR, wRC+, OBP, SLG, ISO, OPS, OPS+, wOBA, BB%, R, TB, HR, OffW%, RE24, WPA/LI, REW, WAA e Rbat.
Então a verdade é que Bryce Harper está tendo uma temporada tão superior a todo o resto do baseball que compará-lo com seus colegas não é mais suficiente - para uma comparação justa, precisamos recorrer às maiores ofensivas da história do baseball e seus maiores jogadores. Ele tem sido bom a esse ponto. Bryce Harper fez história em 2015, com uma das melhores temporadas da história do esporte. E qualquer jogador bom a esse ponto é o MVP, não importa se o seu time foi para os playoffs ou não.
E antes de passar para a próxima categoria, deixo vocês com meu fato favorito, mais uma vez cortesia do grande Ryan Spaeder.
Slash line na carreira depois de 500 jogos:
Jogador A: .255/.345/.465
Jogador B: .299/.365/.488
Jogador C: .296/.385/.507
Jogador D: .291/.386/.521
Jogador A é Barry Bonds. Jogador B é Ken Griffey Jr. Jogador C é Willie Mays.
E o jogador D é Bryce Harper.
NL MVP Ballot: 1. Bryce Harper; 2. Joey Votto; 3. Arremessador A; 4. Arremessador B (Hold that thought...); 5. Paul Goldschmidt 6. Buster Posey; 7. Kris Bryant; 8. AJ Pollock; 9. Andrew McCutchen; 10. Jason Heyward.
American League MVP
Eu não sei o que foi mais difícil nesse prêmio: decidir quem foi o MVP entre Mike Trout e Josh Donaldson, ou decidir o resto do meu ballot. Sério, tente fazer esse exercício: como ficaria o resto do Top10 para AL MVP? É impossível. Por isso eu trapaceei e, diferente do NL MVP (que tem pelo menos uns 15 caras que eu queria citar e acabei colocando 10), vou fazer só um Top6. Minha coluna, minhas regras. Me processem.
De volta ao MVP da AL, acho que é óbvio para qualquer ser humano normal que a disputa só pode ser entre dois jogadores, Trout e Donaldson. Eles tem sido consideravelmente superiores a todos os demais jogadores da liga, com ambos no Top4 em wRC+ na AL (1st e 4th, respectivamente) e Trout a 2 vitórias inteiras acima do terceiro colocado da AL em fWAR (Manny Machado). Não existe nenhuma alternativa realista ao prêmio de MVP que não esses dois.
Decidir entre Trout e Donaldson, por outro lado, é uma tarefa bastante difícil, pois os dois estão bastante próximos. No bastão, Trout tem uma vantagem considerável sobre Donaldson e qualquer jogador da AL: o OF do Angels tem uma slash line impressionante de .298/.400/.588 que é bastante superior aos (também ótimos) .298/.373/.571, e isso antes de lembrar que Trout joga em um dos estádios mais desfavoráveis para rebatedores da liga, e Donaldson em um dos mais favoráveis. Juntando tudo, Trout tem um wRC+ de 171 (ou seja, foi 71% melhor que um rebatedor médio da MLB por at bat) - a melhor marca da AL - e Donaldson de 155. Incluir baserunning na equação não tira a vantagem de Trout: o OF roubou mais bases mas também foi mais vezes eliminado, e Donaldson é um corredor bastante inteligente, mas a diferença é mínima: BsR diz que Trout gerou 3.3 corridas com as pernas acima da média, e Donaldson 3.9. Diferença pequena.
Do lado defensivo da bola, por outro lado, é que Donaldson tira essa diferença (ou pelo menos uma parte dela). Trout é um sólido defensor no campo externo - +0,4 UZR, +5 DRS e +2.3 Defensive Rating - mas Donaldson (um ex-catcher, btw) é um defensor de elite no canto do infield: +7.9 UZR, +11 DRS, e +9.4 Defensive Rating, a terceira melhor marca entre 3Bs qualificados da American League (Beltre e Machado). Se Trout tem vantagem no ataque, Donaldson tem vantagem na defesa.
Então se queremos decidir quem foi o jogador que mais gerou valor para seu time em 2015, Trout ou Donaldson, tem a questão importante é a seguinte: a vantagem de Donaldson do lado defensivo é o suficiente para compensar a vantagem de Trout no ataque? Eu acho que não, e as estatísticas concordam comigo: Trout tem uma vantagem tanto em fWAR (8.9 a 8.7) como bWAR (9.3 a 8.9), ainda que pequena. Se você me obrigar a dizer quem foi o melhor jogador da AL em 2015, eu direi que foi Mike Trout.
Nota: Trout terminou o ano com 9.0 de fWAR, e Donaldson com 8.6.
Ainda assim, pelo fato de que as estatísticas defensivas ainda não tem uma precisão perfeita, não é uma boa idéia levar WAR de forma absoluta para pequenas diferenças - uma pequena mudança em DRS ou UZR já seria suficiente para cobrir essa diferença. Por mais que eu acredite que Trout tenha sido o melhor jogador em 2015, não acho que essa diferença pequena em WAR (especialmente em fWAR, que eu confio muito mais) seja suficiente para dizer que Trout foi comprovadamente melhor. Pode-se dizer que os dois estão quase em empate técnico - com a diferença entre eles dentro da margem de erro.
Então se o valor absoluto dos dois foi igual - ou pelo menos muito próximo - precisamos procurar novas formas de decidir nosso MVP. Não existe escolha errada entre esses dois, é uma questão de opinião. E então podemos começar a usar alguns fatores mais abrangentes para separar os dois - como por exemplo, o contexto dos times nos quais jogam.
Eu acho ridículo, absurdo e patético - como eu disse acima - a idéia de que a campanha da equipe tem que ter um peso grande na votação para MVP. Sendo um prêmio individual, essa idéia de que você só pode vencer o prêmio se seu time foi para os playoffs é de um nível de mente pequena assustador. Não existe um esporte coletivo mais individual que baseball, e a performance coletiva não deveria ser usada quase que como uma "condição" para um jogador disputar o MVP: se seu time foi, está dentro, se não foi, está fora. Eu sei que o prêmio é para o mais "valioso", não para o "melhor" jogador, mas que valor um jogador tem pelo nível dos seus companheiros?!
No entanto, isso não quer dizer que você não possa aplicar um pouco de análise contextual - ou seja, falar um pouco do time - como um critério menor, por exemplo como desempate entre dois jogadores praticamente empatados, como é o caso em questão. Então se você quiser me falar que seu voto vai para Donaldson porque sua temporada fantástica veio para um time melhor e que vai aos playoffs, e portanto o valor adicionado pelo jogador teve um peso mais significativo na big picture da temporada... eu não tenho um problema com isso. Na verdade, é o que eu acho que vai acontecer, e se for verdade, eu estarei tranquilo. Donaldson seria um vencedor merecedor do prêmio de MVP.
Mas eu olho por outro ponto de vista. Hoje (domingo) é o último dia da temporada regular da MLB, e o Angels ainda está jogando para chegar aos playoffs - ou seja, mesmo se acabarem fora dos offs, definitivamente, não é como se a temporada do Angels não tivesse sido competitiva, ou não tivesse valor no big picture da temporada. Eles chegaram até o último dia com chances. Só você já viu o resto do time do Angels ao redor de Mike Trout?! É um milagre que tenham chegado até aqui tão próximos ainda com chances!!
O rebatedor de leadoff do Angels, Erick Aybar, teve OBP de .303 na temporada. Seu rebatedor de cleanup, Albert Pujols, rebateu 40 HRs, mas também perdeu tempo com lesões e teve OBP de .310. O único jogador do time além de Trout com fWAR acima de 2.5 foi Kole Calhoum... que você não vai acreditar nisso, mas teve OBP de .310. O Angels até jogou com Matt Joyce por incríveis 93 jogos (!!) pela falta de opção melhor. Mike Trout tem 8.9 de fWAR - todo o resto dos rebatedores do time SOMADOS tem 11.2 fWAR. Leia isso de novo. É um desastre de lineup, um dos piores da MLB uma vez que se tira Trout da equação.
E não é como se as coisas ficassem melhores do outro lado da bola. O melhor arremessador do time em 2015 foi Garrett Richards, que teve um FIP abaixo da média (ajustando por estádio) para titulares da AL com 3.83 (2.5 fWAR). Dois três pitchers seguintes com mais entradas arremessadas pelo Angels em 2015 (Hector Santiago, Matt Shoemaker, e notório lançador de pudim Jered Weaver), NENHUM DELES teve fWAR acima de 1. UM! O Angels termina a temporada com a terceira PIOR rotação titular de toda a American League. Nenhuma ajuda desse lado da bola também.
Então é, Donaldson teve a chance de brilhar por um Blue Jays que vai aos playoffs com certeza e foi o melhor time da AL em 2015. Mas o Jays também teve Edwin Encarnacion (12h em fWAR na AL), Jose Bautista (16th), Kevin Pillar (19h), Russell Martin (30th, com ótima defesa e bom pitch framing) e David Price (provável Cy Young da AL), enquanto o Angels não teve ninguém além de Trout. Tire Donaldson do Jays e eles certamente perdem muito, mas provavelmente ainda é um time que vai aos playoffs. Tire Trout do Angels e o time de Anaheim se torna um time abaixo de .500, que não chegaria nem PERTO dos playoffs e teria trocado seus principais jogadores muito tempo atrás pensando no futuro. Só por causa de Trout eles se mantiveram o ano todo na briga, e chegam nesse último dia de temporada regular com chances de playoffs. Você não vai encontrar outro jogador com maior impacto nesse sentido do que Mike Trout.
Junte isso ao fato de que, a meu ver ele, foi melhor do que Donaldson - por muito pouco, mas foi - e você tem que Trout não foi só o melhor jogador da AL em 2015, mas também o mais valioso. Mike Trout é o meu AL MVP de 2015.
(Só para não deixar batido, mas Kevin Kiermaier, CF do Rays, teve possivelmente a melhor temporada defensiva de um OF na era das estatísticas defensivas, desde 2002: 41 DRS - o recorde anterior era 35 do Franklin Gutierrez em 2009 em 200 entradas a mais - e 29.3 UZR com 40.2 UZR por 150 jogos - melhor marca para um mínimo de 1000 entradas antes era 32 (!!!) do Brett Gardner em 2011. Esses 41 DRS também são a melhor marca para QUALQUER posição em uma temporada desde que a estatística foi criada. Adicione a essa defesa histórica um bastão médio e sólido baserunning, e Kiermaier é um muito merecido candidato a entrar em qualquer ballot de MVP. Ele não vai, porque ninguém presta atenção na defesa na hora de dar esses prêmios, mas ele merece.)
NL MVP Ballot: 1. Mike Trout; 2. Josh Donaldson; 3. Manny Machado; 4. Lorenzo Cain; 5. Kevin Kiermaier; 6. Chris Davis.
National League Cy Young
Uma das melhores corridas para Cy Young que eu lembro nos últimos anos. Entre Clayton Kershaw, Jake Arrieta e Zack Greinke, temos três arremessadores com temporadas fantásticas que disputam esse prêmio a unhas e dentes.
E dependendo do critério que você usar para definir seu Cy Young, você vai chegar em um resultado diferente. Se for por FIP, Kershaw é o claro favorito e líder da liga na categoria.. Se for por ERA, vai chegar em Greinke, líder da categoria que aliás também é o melhor rebatedor dos três. E se for por algum meio termo entre os dois, vai chegar em Jake Arrieta, que é #2 em ambos. Na verdade, eis a colocação dos três jogadores entre arremessadores da NL para diferentes categorias:
Bem parelho. Dependendo do ponto de vista, cada um tem um caso a ser feito.
Então como vamos escolher um sobre os demais? Bem, vamos por partes...
Embora ainda seja a estatística mais popular e mais usada, a verdade é que ERA é uma estatística útil, mas insuficiente. Já foi há muito provado que ERA é uma estatística influenciada por diversos fatores que estão além do controle de um arremessador, de forma que julgar um pitcher por ERA significa estar dando (ou tirando) crédito ao jogador por fatores externos a sua performance. Não que não possa existir nenhum mérito do arremessador em um ERA mais baixo, mas 95% (btw, não é figura de linguagem, esse é um número real de estudos sobre o assunto) da diferença entre o ERA e o FIP de um pitcher vem de BABIP e LOB% - duas estatísticas que os jogadores tem pouquíssimo controle sobre. FIP não é perfeito de modo algum, mas é uma forma melhor de avaliar sua performance.
Se você não acredita em mim, vamos dar uma olhada em Greinke, considerado por muitos o favorito ao prêmio. Seu ERA de 1.68 é ridículo e histórico, e Greinke merece ser celebrado por isso. Mas será que todo o mérito disso vem do arremessador? Usando FIP - que usa apenas elementos que o SP controla, como walks, strikeouts e HRs cedidos - Greinke tem 2.75, uma enorme diferença para seu ERA. E embora você possa argumentar que a diferença é mérito do jogador, é difícil sustentar esse argumento com fatos. Ao longo de sua carreira, Greinke nunca mostrou uma capacidade de gerar esse tipo de diferença entre ERA e FIP - na verdade, na sua carreira, Greinke tem um ERA MAIOR que seu FIP por 4 pontos (3.36 contra 3.32). Seu ERA extremamente baixo vem de dois fatores: um BABIP de .232 (média da liga é de .298) e um LOB% (porcentagem de jogadores que chegam em base e que não anotam corrida) de 86% (média da liga: 72.3%).
E, de novo, Greinke nunca foi capaz na sua carreira de controlar esses arremessos de forma diferenciada (nem nenhum arremessador da história, mas I digress): seu BABIP da carreira é de exatos .298, e seu LOB% de 74.9%. Então a não ser que o seu argumento seja que de repente, aos 31 anos, sem nunca ter mostrado nenhuma tendência disso na vida, Greinke descobriu uma forma milagrosa de controlar dois fatores que nenhum pitcher da história conseguiu controlar, é meio difícil argumentar que o ERA de Greinke seja realmente seu mérito e que isso faça dele o Cy Young. Não que o destro não esteja tendo uma temporada fantástica por seus próprios méritos, ele está... só não tão boa quanto parece a primeira vista.
Kershaw, por outro lado, tem um ERA de 2.16 mas sustentado por um FIP de 2.04, o melhor da liga de longe... e que aliás é o melhor da MLB para um arremessador com 200+ IP desde Pedro Martinez em 1999. Mesmo ajustando para o ambiente menos prolífico para rebatedores de hoje e as dimensões muito favoráveis do seu estádio, ainda é o quinto melhor FIP desde 2000, perdendo apenas para Pedro e Randy Johnson, os dois maiores SP da história do esporte.
E isso é fácil de identificar olhando para os números certos: Kershaw conseguiu strikeouts em 33.5% de seus confrontos (de novo, desde 2000 perdendo apenas para Pedro e Randy) - muito superior aos 23.6% de Greinke - e ainda cedeu walks em apenas 4.8%, o mesmo número do seu companheiro de time. Greinke tem obtido sucesso limitando o contato forte feito pelos rebatedores, cedendo bolas rebatidas classificadas como "forte" apenas em 27% das passagens pelo bastão... mas Kershaw cedeu em apenas 25.2%. Não importa onde você olhe, canhoto continua sendo o melhor arremessador do time.
Mas se você quer achar uma disputa para Kershaw pelo prêmio, não é para Zack Greinke que deveria olhar. É para Jake Arrieta.
O FIP do destro do Cubs é o segundo melhor da NL atrás apenas de Kershaw, com 2.35, e a diferença é menor do que parece quando lembramos que Kershaw joga em um dos estádios mais favoráveis da MLB. E, assim como Greinke, Arrieta tem um ERA superior ao astro do Dodgers, com 1.77. E se você quer argumentar que existe um arremessador na NL que poderia ter uma chance de ter um impacto real nessa diferença entre ERA e FIP, esse é Arrieta: o astro do Cubs tem cedido bolas rebatidas de forma "forte" à menor taxa da NL, e tem induzido contatos "fracos" com a terceira maior frequência da liga, estando em ambas as categorias melhor do que Greinke e Kershaw.
Então vamos deixar ERA e FIP de lado por um instante e olhar uma terceira variável que tem se tornado cada vez mais usada no meio analítico para avaliar arremessadores: a performance dos rebatedores quando enfrentam-no. Não é um método perfeito, assim como FIP, mas é melhor do que ERA e um ponto de vista diferente. Para isso, vamos usar wOBA ajustado por estádio. E, para minha surpresa, quem lidera a NL com alguma folga é Jake Arrieta: rebatedores tem um wOBA ajustado de .225 quando enfrentam o destro do Cubs. Greinke (.234) e Kershaw (.242) tem ótimos números por mérito próprio que são inclusive inferiores aos do PIOR rebatedor qualificado da temporada (Chris Owings, com .258), mas Arrieta deixa os dois para trás na categoria. Claro, isso não é uma medida final: wOBA é mais interessante do que ERA por tirar LOB% da equação, mas ainda é influenciado por BABIP, ainda que em menor medida que ERA. Mas é um bom parâmetro para se olhar quando tentamos separar três arremessadores tão próximos.
E ainda tem o seguinte: Arrieta tem sido insano na segunda metade da temporada. Desde o All Star Game, Arrieta tem FIP de 2.00, ERA de 0.75 e um wOBA dos oponentes de .186 em 107.1 entradas arremessadas. Esse ERA de 0.75 na verdade é o melhor ERA da segunda metade de uma temporada na história do baseball. Entre Agosto, Setembro e Outubro, o destro tem 0.43 de ERA - isso da QUATRO corridas merecidas em dois meses e uma semana. Eu não sei o quanto isso deveria considerar na hora de avaliar o Cy Young - que afinal é um prêmio para a temporada inteira - mas os seres humanos tem um certo viés para eventos mais recentes, e acho que será algo que acabará mandando alguns votos na direção de Arrieta na hora de preencher os ballots.
No final, eu acabei chegando muito, muito perto de dar o Cy Young para Jake Arrieta. Mas no fundo, a questão Kershaw vs Arrieta se resumia à especulação e às possibilidades sobre o controle que Arrieta poderia ter sobre seu ERA contra os fatos que são os periféricos de outro mundo de Kershaw. E por mais que eu tenha adorado assistir Arrieta arremessando mais do que qualquer outro pitcher da MLB em 2015 e ache sua temporada fantástica, eu não consigo colocar a especulação na frente dos fatos. A diferença é muito, muito pequena e Arrieta será um vencedor digno se ficar com o prêmio. Mas meu voto vai para Clayton Kershaw. De novo.
NL Cy Young Ballot: 1. Clayton Kershaw; 2. Jake Arrieta; 3. Zack Greinke; 4. Madison Bumgarner; 5. Max Scherzer.
E, para deixar claro, Arremessadores A e B do meu Ballot para MVP são, naturalmente, Kershaw e Arrieta. Eu só não queria estragar a surpresa. Então oficializando:
NL MVP Ballot: 1. Bryce Harper; 2. Joey Votto; 3. Clayton Kershaw; 4. Jake Arrieta; 5. Paul Goldschmidt 6. Buster Posey; 7. Kris Bryant; 8. Andrew McCutchen; 9 Jason Heyward; 10. Anthony Rizzo.
American League Cy Young
A disputa Kershaw vs Arrieta pelo Cy Young da NL seja a melhor disputa desse prêmio que eu lembro de ter visto em anos. Mas embora a disputa pelo Cy Young da AL não envolva esses números e performances históricas, a disputa ainda está muito parelha e interessante.
Assim como na NL, a meu ver, a corrida pelo prêmio envolve três jogadores: David Price, Dallas Keuchel e Chris Sale. Cada um tem um caso diferente a ser feito, e bastante convincente. Então me permitam fazer rapidamente (ok, talvez nem tão rápido assim) o caso para cada um dos três canhotos.
Para David Price, que começou o ano no Tigers e encerrou no Blue Jays, o caso é bastante simples e direto: o canhoto lidera a liga americana tanto em ERA (2.45) como fWAR (6.4), é o segundo em entradas arremessadas (220.1), e ainda recebe pontos bônus por ter mantido sua dominância (e até melhorado, na verdade) mesmo trocando de time no meio do ano e tendo que se adaptar a um estádio novo e companheiros novos. Price é também o segundo da AL em FIP, oitavo em K% e sexto em BB%. Price é quem tem o caso mais fácil e mais claro para ser o Cy Young.
Keuchel, por outro lado, é um caso mais interessante e que precisa ser esmiuçado mais a fundo. Superficialmente, sua temporada já parece bem boa: terceiro em fWAR (6.1), segundo em ERA (2.48), sexto em FIP (2.91)... e, se você gosta dessa estatística imbecil, é o líder em vitórias (20). Mas tem outras duas estatísticas menos olhadas que falam mais sobre Keuchel: é o líder em entradas arremessadas (232) E em induzir groundballs (61.7%). Sobre a primeira, eu não preciso dizer a importância - se você arremessa mais entradas, você tem a chance de contribuir mais com seu time, manter seu bullpen mais fresco (melhorando sua performance), e por ai vai. A segunda é um ponto mais complicado, mas vamos começar com o seguinte: groundballs não viram home runs. Em outras palavras, se você está induzindo ground balls, você está limitando as oportunidades do adversário de mandar HRs. E ai você olha que Keuchel induz GBs 61.7% do tempo, e Price 40.4%... e ainda assim ambos estão quase empatados em HR/9 entradas: .66 para Keuchel, e .69 para Price.
O que acontece é que Price está cedendo HRs em 7.8% das suas fly balls, e Keuchel em 13.6%. Ainda que arremessadores tenham algum controle sobre essa proporção, fato é que a taxa de Price está bastante abaixo sua média da carreira (9.1%), e isso antes de considerar que o canhoto passou 2/3 da sua temporada arremessando em Detroit, um estádio muito mais favorável para conter HRs do que o Minute Maid Park onde Keuchel arremessou o ano todo. Em outras palavras, ainda que Price esteja sendo mais dominante em um nível per-inning, a dominância de Keuchel (especialmente no que tange aos Home Runs) é mais sustentável pelos parâmetros, e portanto mais mérito individual do arremessador e menos dependente de fatores externos. Some isso ao seu maior número de entradas arremessadas e o impacto que isso teve em preservar um dos bullpens mais eficientes da temporada, e o total da temporada de Keuchel pode muito bem ser superior à temporada de Price. Eu não gosto de bWAR para pitchers, mas é por essas e outras que ele lidera a AL com folga no quesito a 7.3.
Por fim, temos Chris Sale, que lamentavelmente está praticamente fora da discussão atualmente por Cy Young. O que é ridículo, porque Sale certamente tem as credenciais para isso. Lembra que Price é o segundo em FIP, sexto em K% e oitavo em BB% da liga? Acontece que Sale é o líder da AL em FIP (2.74), K% (32.1%, a segunda melhor marca na AL desde Pedro Martinez em 2000) e é segundo em BB% (4.9%), e isso tudo antes de considerar que Sale joga no terceiro pior estádio para arremessadores da AL. Sale tem sido mais dominante do que qualquer outro arremessador da AL essa temporada.
Então porque diabos Sale está sendo excluído das conversas para Cy Young? Por causa do seu ERA de 3.41, quase uma corrida inteira acima de Price e Keuchel. E isso é ridículo, porque o motivo para esse ERA alto é muito óbvio, e em nada culpa de Sale: o Chicago White Sox tem a pior defesa da temporada. De acordo com UZR, a defesa do White Sox custou ao time 39.9 corridas a mais que uma defesa média, a pior marca da temporada de longe, e DRS diz que foram 37 corridas - terceira pior marca da liga e segunda pior da AL. Do outro lado, as defesas de Astros, Tigers e Blue Jays foram a segunda, terceira e sexta melhores da AL na temporada (por DRS). Então por DRS, a diferença entre as defesas do time de Sale e dos de Keuchel e Price foi de 60 corridas. E ai, ficou mais fácil entender porque o ERA alto do Sale não é realmente um fator relevante para tirá-lo da disputa do prêmio, e sim um fator externo sobre o qual o canhoto não teve nenhum controle? E isso, claro, antes de entrar nos outros problemas de ERA, como impacto de fatores além do controle dos arremessadores. Então se você conseguir olhar além de ERA, vai enxergar que Sale foi por uma boa margem o mais dominante arremessador da MLB em 2015.
Em resumo, a verdade é que os três arremessadores tem excelentes argumentos para vencer esse prêmio, e estão separados por muito pouco. A questão é menos qual deles merece mais que os outros, e sim quais critérios cada pessoa decide olhar para tomar uma decisão. Se for olhar para os resultados, Price é a escolha fácil. Se olhar para a questão da dominância, então Sale é a melhor escolha. E se considerar sustentabilidade e impacto total para seu time, então Keuchel possivelmente tem o melhor caso dos três. No final do dia, depende muito mais do critério usado para avaliar. Eu pessoalmente valorizo mais dominação e uma performance individualmente superior para o prêmio de Cy Young, e por isso, fico com Chris Sale. Mas qualquer um dos três se ganhar o prêmio será um vencedor digno e terá feito por merecer. Excelente disputa.
O que acontece é que Price está cedendo HRs em 7.8% das suas fly balls, e Keuchel em 13.6%. Ainda que arremessadores tenham algum controle sobre essa proporção, fato é que a taxa de Price está bastante abaixo sua média da carreira (9.1%), e isso antes de considerar que o canhoto passou 2/3 da sua temporada arremessando em Detroit, um estádio muito mais favorável para conter HRs do que o Minute Maid Park onde Keuchel arremessou o ano todo. Em outras palavras, ainda que Price esteja sendo mais dominante em um nível per-inning, a dominância de Keuchel (especialmente no que tange aos Home Runs) é mais sustentável pelos parâmetros, e portanto mais mérito individual do arremessador e menos dependente de fatores externos. Some isso ao seu maior número de entradas arremessadas e o impacto que isso teve em preservar um dos bullpens mais eficientes da temporada, e o total da temporada de Keuchel pode muito bem ser superior à temporada de Price. Eu não gosto de bWAR para pitchers, mas é por essas e outras que ele lidera a AL com folga no quesito a 7.3.
Por fim, temos Chris Sale, que lamentavelmente está praticamente fora da discussão atualmente por Cy Young. O que é ridículo, porque Sale certamente tem as credenciais para isso. Lembra que Price é o segundo em FIP, sexto em K% e oitavo em BB% da liga? Acontece que Sale é o líder da AL em FIP (2.74), K% (32.1%, a segunda melhor marca na AL desde Pedro Martinez em 2000) e é segundo em BB% (4.9%), e isso tudo antes de considerar que Sale joga no terceiro pior estádio para arremessadores da AL. Sale tem sido mais dominante do que qualquer outro arremessador da AL essa temporada.
Então porque diabos Sale está sendo excluído das conversas para Cy Young? Por causa do seu ERA de 3.41, quase uma corrida inteira acima de Price e Keuchel. E isso é ridículo, porque o motivo para esse ERA alto é muito óbvio, e em nada culpa de Sale: o Chicago White Sox tem a pior defesa da temporada. De acordo com UZR, a defesa do White Sox custou ao time 39.9 corridas a mais que uma defesa média, a pior marca da temporada de longe, e DRS diz que foram 37 corridas - terceira pior marca da liga e segunda pior da AL. Do outro lado, as defesas de Astros, Tigers e Blue Jays foram a segunda, terceira e sexta melhores da AL na temporada (por DRS). Então por DRS, a diferença entre as defesas do time de Sale e dos de Keuchel e Price foi de 60 corridas. E ai, ficou mais fácil entender porque o ERA alto do Sale não é realmente um fator relevante para tirá-lo da disputa do prêmio, e sim um fator externo sobre o qual o canhoto não teve nenhum controle? E isso, claro, antes de entrar nos outros problemas de ERA, como impacto de fatores além do controle dos arremessadores. Então se você conseguir olhar além de ERA, vai enxergar que Sale foi por uma boa margem o mais dominante arremessador da MLB em 2015.
Em resumo, a verdade é que os três arremessadores tem excelentes argumentos para vencer esse prêmio, e estão separados por muito pouco. A questão é menos qual deles merece mais que os outros, e sim quais critérios cada pessoa decide olhar para tomar uma decisão. Se for olhar para os resultados, Price é a escolha fácil. Se olhar para a questão da dominância, então Sale é a melhor escolha. E se considerar sustentabilidade e impacto total para seu time, então Keuchel possivelmente tem o melhor caso dos três. No final do dia, depende muito mais do critério usado para avaliar. Eu pessoalmente valorizo mais dominação e uma performance individualmente superior para o prêmio de Cy Young, e por isso, fico com Chris Sale. Mas qualquer um dos três se ganhar o prêmio será um vencedor digno e terá feito por merecer. Excelente disputa.
AL Cy Young Ballot: 1. Chris Sale; 2. David Price; 3. Dallas Keuchel; 4. Corey Kluber; 5. Chris Archer.
National League Rookie of the Year
A segunda e última disputa sem muita graça da temporada, porque tem um claro vencedor. Kris Bryant não é só o melhor calouro da temporada, ele foi um dos melhores JOGADORES da temporada, ponto. Tanto que, se você prestou atenção, ele ficou em sétimo no meu ballot para MVP.
O engraçado é que, no começo da temporada, parecia que essa seria a melhor disputa da temporada. Bryant e Joc Pederson chegaram tomando a liga de assalto e estavam pescoço a pescoço disputando o posto de melhor calouro do ano... até que Bryant começou a rebater HRs monstruosos e Pederson esqueceu de como se acertar uma bola de baseball. Bryant termina a temporada com 26 HRs (melhor marca entre calouros), uma slash line de .277/.368/.492 e um wRC+ que é segundo entre calouros (só Grichuk foi melhor, por 1 ponto, mas com 45 jogos a menos), sólida defesa e excelente produção nas bases. Isso tudo totalizou um fWAR de 6.3 que não só é 1.4 vitórias acima do segundo melhor calouro da temporada, como também é 10th entre TODOS os rebatedores do baseball. Kris Bryant é um monstro. Eu não posso resumir isso de forma mais direta. E como essa coluna já é longa o suficiente, vamos parar por aqui nesse prêmio, porque sinceramente acho que não tem muito a justificar nessa escolha.
American League Rookie of the Year
Outra disputa muito boa entre dois jogadores muito parecidos. Carlos Correa e Francisco Lindor são ambos shortstops, ambos tem 21 anos e fazem 22 ainda esse ano e jogaram exatamente 97 jogos nas grandes lidas. Ambos foram draftados no Top10 (Lindor #8 em 2011, Correa #1 em 2012), estrearam na MLB em um espaço de uma semana (08/06 para Correa, 14/06 para Lindor), e inclusive estiveram em colocações muito próximas na nossa lista dos Top100 prospectos do baseball (Correa era #3, e Lindor #5) antes da temporada começar.
Dentro de campo, no entanto, os estilos dos dois são bem diferentes. Leia a nossa coluna e você vai ver as diferenças: Corrêa é um rebatedor de grande potência, com um físico impressionante e que deve acabar jogando na 3B com o tempo, enquanto Lindor é um jogador mais ágil, um excelente defensor e um rebatedor mais "leve".
E até agora na MLB a maior parte dessas afirmações parecem ter acertado em cheio. Corrêa tem 22 HRs em apenas 97 jogos, uma slash line de .282/.348/.520 (136 wRC+) e um controle surreal da zona de strike, mas também tem tido algumas dificuldades na defesa (-5.2 UZR) principalmente pela falta de alcance, mas mostrou boa inteligência e um bom braço que me fazem acreditar que um dia será um defensor acima da média na 3B. Do outro lado, a defesa de Lindor - seu principal atrativo como prospecto - brilhou na MLB também, já se estabelecendo como um defensor de elite e eterno candidato a Gold Gloves: apesar de ter jogado apenas 97 jogos, seu UZR de +9.6 já é o sexto melhor da AL inteira e melhor entre shortstops, seu rating defensivo de +14 é quarto entre jogadores e segundo entre shortstops, e seu UZR por 150 jogos de 17.9 está no nível de jogadores como Adam Hechavarria e Andrelton Simmons.
O único quesito que na prática tem destoado das previsões até agora tem sido o bastão de Lindor. Um jogador de muito contato mas pouta potência nas ligas menores, Lindor tem rebatido excepcionalmente bem na sua curta carreira nas grandes ligas, com 12 HRs e uma slash line de .317/.357/.487, bom para um wRC+ de 131. E isso tem sido uma grande surpresa, não só pela boa potência demonstrada como pelo alto OBP, cortesia de um ótimo aproveitamento no bastão (cortesia, por sua vez, de um BABIP de .353. Mais sobre isso daqui a pouco). A idéia de Correa e Lindor era que Correa era um defensor aceitável que produziria muito com seu bastão, e Lindor um rebatedor aceitável que produziria muito na defesa. Mas até agora na temporada, Lindor tem produzido muito no bastão E na defesa, e por isso seu WAR é superior ao do calouro do Astros por uma boa margem (4.7 a 3.5). Corrêa é o melhor rebatedor, sem dúvida, mas não está sendo TÃO melhor assim, e defensivamente Lindor tem sido consideravelmente superior, mais do que suficiente para tirar a pequena diferença da produção ofensiva.
Mas como estamos falando de calouros, sempre estamos pensando no futuro, e por isso acho que vale a pena pegar um parágrafo aqui para dizer que, embora Lindor esteja jogando melhor que Correa em 2015, isso não significa que ele seja um jogador melhor ou o será no futuro. E eu digo isso porque a performance de Lindor não me parece muito sustentável. Seus números esse ano dependem de um BABIP de .353 que me parece alto demais para o tipo de rebatidas que Lindor da. Não que jogadores com seu perfil - boa velocidade e boa quantidade de rebatidas em linha - não costumem ter bons BABIPs, mas .353 é algo nível Joey Votto. Meu modelo pessoal para xBABIP estima, dado a distribuição de rebatidas do calouro, que esse número deveria estar muito mais próximo dos .335 (que já é bom, by the way), quase 20 pontos abaixo e que naturalmente derrubaria bastante seus números.
Analogamente, Carlos Correa é alguém que faz muito contato sólido e rebate uma tonelada de line drives, mas que tem um BABIP relativamente baixo de .298. Olhando seu perfil de rebatidas, esse número deveria ser bem melhor, e meu modelo corrobora essa idéia: ele aponta um xBABIP (ou seja, BABIP estimado) de .340 para Correa. Alguns parâmetros não devem se manter tão altos, claro, mas mostra como Correa tem sido ainda melhor do que os números mostram.
Eu também questiono essa repentina força de Lindor (12 HRs e .170 de ISO), um tanto quanto destoantes do que mostrou nas ligas menores. Mais especificamente, muitos de seus HRs tem cruzado por muito pouco as cercas do campo externo, e metade deles foram extremamente rentes à linha de foul ball, onde a cerca é ainda mais próxima do home plate. Pode ser que Lindor tenha apenas excelente mira, mas mostra que a força do jogador não é tão grande assim, e que seus números devem regredir conforme esses HRs mais "fáceis" param de encaixar. Só um de seus HRs viajou mais de 400 feet, apenas dois deles teriam sido HRs em qualquer estádio da MLB, e sua distância média de HR foi de 372 feet - para efeito de comparação, a média da AL é de 394,6 e nenhum rebatedor com 18+ HRs (sua projeção para uma temporada de 150 jogos) teve média inferior a essa. E não é como se Lindor rebatesse a bola com força frequentemente: sua taxa de bolas rebatidas classificadas como "fortes" é de 25.7%, o que seria a 25h pior marca da MLB entre rebatedores qualificados e igual ao número de notórios rebatedores sem potência como Yadier Molina e Nick Markakis (ambos .080 de ISO). Isso não é para dizer que Lindor não é um bom rebatedor, mas é muito provável que não será capaz de sustentar seus números atuais em uma amostra maior.
Considerando que o prêmio de Rookie of the Year é um prêmio para a produção na temporada 2015 apenas, eu estou tranquilo entregando o prêmio a Lindor - sua produção no bastão foi ótima e sua defesa é de outro mundo, e a combinação dessas duas coisas fez dele o melhor calouro de 2015. Mas isso não quer dizer que ele vá manter esse nível nos próximos anos, ou mesmo que seja um jogador melhor do que Correa.
AL Rookie of the Year Ballot: 1. Francisco Lindor; 2. Carlos Correa; 3. Lance McCullers; 4. Miguel Sano; 5. Billy Burns
As estatísticas nessa coluna vieram de Fangraphs, Baseball-Reference, Baseball Prospectus, Elias Sports Bureal, ESPN Stats & Info, Hit Tracker Online e Brooks Baseball. Agradecimento especial ao Mark Simon, da ESPN, pela ajuda com os dados sobre os HRs do Francisco Lindor.
E um grande agradecimento especial a Ryan Spaeder pelas estatísticas do Bryce Harper que ele tão gentilmente separou e compartilhou comigo para essa coluna.
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