Curry comemora ao saber do voto do TMW para MVP
Mais uma temporada da NBA chegou ao fim, e com estilo: Golden State quebrou o recorde de mais vitórias em uma temporada (73-9) e tenta completar a temporada mais vitoriosa da história da NBA; San Antonio teve uma própria temporada histórica, igualou o recorde de vitórias em casa do Celtics de 1986 (40-1) e continua o eterno legado de Duncan e Pop; e Kobe Bryant fez sua emocionante e histórica despedida em Utah. Uma temporada para se lembrar.
Mas ela acabou, e enquanto esperamos o começo dos playoffs, enfim chegou aquele tão esperado momento: é hora de distribuir os prêmios de fim de temporada para a NBA.
Como eu e o Vinicius já falamos amplamente dos prêmios individuais na edição 9 do nosso Hack a Cast, e eu já expliquei em muitos mais detalhes a maior parte desses votos, eu vou passar mais rapidamente por estes, falar apenas de alguns pontos que ficaram faltando ou de eventuais mudanças, e então me aprofundar mais nos times All-NBA que não foram comentados anteriormente.
Vale lembrar também que saiu eu e o Vinicius já fizemos a Edição #10 do Hack a Cast, com o preview de todas as séries de playoff!
Então sentem, relaxem, sigam o Hack a Cast no seu aplicativo de podcasts favorito, e aproveitem a coluna.
Most Valuable Player: Steph Curry
De novo: esse prêmio deveria ser unânime. Não será, porque SEMPRE tem alguém que quer aparecer. Assim como Jordan não ganhou unanimemente em 1996, assim como LeBron não foi unânime em 2013, e por ai vai. Mais um motivo pelo qual esses votos deveriam ser públicos: se você faz um voto tão imbecil assim, todo mundo tem que saber quem você é. Curry se tornou o primeiro membro da história do 50-40-90 club (pra quem arremessa 50% de quadra, 45% de três e 90% nos lances livres) a ter média de 30 pontos por jogo, e fez isso chutando 50-45-90 (só Nash, entre jogadores qualificados, teve números assim antes)! Curry acertou 400 bolas de três em uma temporada, quando ninguém nunca antes tinha chegado em 300. E ele é o melhor jogador da NBA E o melhor jogador do time que acabou de bater o recorde de vitórias da história da NBA. Então tem isso.
Regardless, esse foi de longe o prêmio que a gente mais discutiu no podcast, por isso só queria falar de um último aspecto.
A maior parte da estranheza do meu ballot veio de eu ter colocado Russell Westbrook na frente de Kevin Durant. Em parte, existe uma dificuldade natural de você julgar o MVP de dois jogadores no mesmo time - se ambos são "Mais valiosos", então nenhum é, certo? Faz parte da natureza idiota desse prêmio, e é uma dificuldade a ser contornada.
Então sim, Kevin Durant é um jogador melhor que Westbrook. O motivo para eu ter votado no armador primeiro e no ala depois é simples: esquema tático. Esse ano, pela primeira vez, o Thunder mudou seu ataque para tornar Westbrook, e não KD, o centro do ataque e o seu organizador (escrevi sobre isso nessa coluna). E por causa disso eu vejo Westbrook como tendo sido um pouco mais importante para a totalidade do que o Thunder fez nessa temporada, controlando a bola, criando e facilitando para seus companheiros. Sem Westbrook, eles poderiam ter mantido KD como centro do ataque e continuado eficientes? Possível. Mas não o fizeram. E por isso eu tenho Westbrook rankeado um pouquínho acima para MVP, embora admitindo que Durant é o melhor jogador do time.
Algumas menções honrosas: Paul Millsap, Kemba Walker, Al Horford, Gordon Heyward, Paul George, James Harden.
Ballot (Top10): 1. Steph Curry; 2. LeBron James; 3. Kawhi Leonard; 4. Russell Westbrook; 5. Chris Paul; 6. Kevin Durant; 7. Kyle Lowry; 8. Damian Lillard; 9. Draymond Green; 10. Isaiah Thomas.
Defensive Player of the Year: Kawhi Leonard
Esse eu mudei um pouco em relação ao que eu falei no podcast. No Hack, eu citei seis jogadores: Kawhi e Dray os indiscutíveis 1-2; a dupla Gobert/Favors que eu mudei entre #3, #4 e #6 ao longo do podcast; Millsap, #4; e Tim Duncan, #5.
E entre as menções honrosas, eu citei Avery Bradley, que fez um trabalho fantástico esse ano em Boston, defendendo (e dominando) três posições para a quarta melhor defesa da temporada. Na verdade, eu tinha Bradley no meu Top5 antes das etapas finais, e deixei o SG de Boston de fora por achar que era meu lado torcedor falando mais alto e que não era uma decisão válida.
Mas desde então eu tive mais tempo para pensar e reavaliar essas escolhas, bem como consultar outros especialistas e pegar mais opiniões. E eu percebi que não, escolher Bradley não era fruto de clubismo: ele fez por merecer, e foi de fato um dos melhores defensores da temporada. Então ele volta para onde estava originalmente, #4 no meu ballot. E se você quer ver mais de perto os motivos que fizeram de Bradley um dos melhores defensores da temporada, recomendo fortemente essa genial coluna do ótimo Scott Rafferty.
Infelizmente, isso derrubou Duncan do meu ballot, o que é uma grande pena porque pouquíssimos jogadores foram tão bons defensivamente em um nível por-minutos. O único motivo para ter colocado Duncan fora foram os minutos: Duncan perdeu 22 jogos e jogou apenas 1500 minutos, 400 a menos do que Derrick Favors, meu #5, e Rudy Gobert, meu #7. Acabei dando a margem para Favors pelo maior papel que foi forçado a assumir ao longo do ano, sua versatilidade e maiores minutos que o pivô do Spurs, mas isso de forma alguma apaga o que Duncan fez nessa temporada fantástica. Aos 39 anos, ele continua um dos melhores defensores da liga e é parte fundamental do que o Spurs faz, dentro e fora de quadra.
Por fim, acabei colocando Millsap #3, porque realmente não da para deixar Millsap - que foi um fantástico defensor o ano todo, lider da segunda melhor defesa da liga, versátil e dominante - atrás de jogadores que tiveram 20 jogos e 800 minutos a menos. Foi um erro grave meu que corrijo aqui no meu ballot final.
Então nossa ordem ficou: Kawhi, Dray, Millsap, Bradley e Favors. Com meus eternos perdões a Duncan, eu gostei do resultado final. Algumas menção honrosas: Paul George, Tim Duncan, Rudy Gobert.
Ballot: 1. Kawhi Leonard; 2. Draymond Green; 3. Paul Millsap; 4. Avery Bradley; 5. Derrick Favors.
Rookie of the Year: Karl-Anthony Towns
Vou guardar a maior parte do que eu penso para os All-Rookie Teams, e já falamos muito desse prêmio no podcast, mas queria deixar isso claro: Towns deveria ser unânime. Ele não é o melhor calouro, já é um dos melhores JOGADORES da posição na NBA. Ele é fantástico.
Ballot: 1. Karl-Anthony Towns; 2. Kristaps Porzingis; 3. Nikola Jokic; 4. Justise Winslow; 5. Myles Turner.
6th Man of The Year: Andre Iguodala
No podcast, eu disse que votava em Jamal Crawford em quinto para 6th Man of the Year porque não queria causar uma revolta, mas que eu preferia Ed Davis pelo melhor impacto all-around em um time que dependia mais dele.
Bom, quer saber? Ed Davis entra no meu ballot oficial. Adeus, Crawford. Me processem!
Eu sei que esse prêmio acaba geralmente indo para o jogador que vem do banco, arremessa muito e faz muitos pontos, mas eu acho um jeito idiota de dar esse prêmio. Para mim, é um prêmio para o jogador que vindo do banco mais contribuiu em geral para seu time, da forma como tiver sido. Por isso votei em Iguodala, alguém que não só tem enormes contribuições defensivas e como ballhandler, mas que também é essencial para a identidade versátil e de small ball do Warriors. As estatísticas de Iggy podem não saltar aos olhos, mas seu impacto é imenso no melhor time da NBA.
O caso para tirar Crawford da lista é simples: apesar do alto número de pontos e highlights, ele é um jogador extremamente ineficiente (40 FG%) que dobra como um dos piores defensores da NBA, alguém que literalmente entra só para arremessar a vontade e que pouco contribui em outras áreas. Seus números parecem bons, mas não é difícil ver que as vezes Crawford prejudica tanto quanto ajuda seu time, especialmente na defesa. Por isso prefiro valorizar jogadores mais completos e que tem um impacto coletivo maior como Patrick Patterson e Ed Davis. Qualquer um desses dois faria muito mais falta aos seus respectivos times em caso de lesão do que caras como Crawford.
Embora seja um prêmio que eu não goste, o 6MOY pode ser bastante instrutivo quando trás a tona esse debate, o impacto real de um jogador contra o impacto que acham que ele tem. Algumas menções honrosas: Crawford, Tristan Thompson, Enes Kanter.
Ballot: 1. Andre Iguodala; 2. Evan Turner; 3. Patrick Patterson; 4. Will Barton; 5, Ed Davis
Most Improved Player: Stephen Curry
Em geral, minha política para esse prêmio é não votar em jogadores nos seus três primeiros anos de NBA - afinal, para jogadores tão jovens é totalmente esperado que mostrem evolução. Mas McCollum e Giannis mostraram muita evolução, e não eram escolhas tão altas assim. Eu estava na dúvida sobre o que fazer com eles até lembrar que esse é o prêmio mais idiota da NBA e eu não deveria perder tempo com ele. Então entram os dois e ponto.
Sobre Manhimi, sua evolução provavelmente foi a mais "real", e não apenas um aumento de minutos e responsabilidade: antes um pivô brucutu que não sabia fazer muitas coisas, esse ano Manhimi foi a ótima âncora de garrafão do Pacers, fazendo passes difíceis, leituras inteligentes em alta velocidade e mostrando um muito evoluído jogo de meia distãncia. Foi realmente impressionante, um jogador que realmente mudou sua skill set, e merece ser reconhecido.
Mas meu voto ainda é de Curry, por um simples motivo: é muito mais difícil evoluir quando você já é talvez o melhor jogador da NBA e o MVP. Marginalmente, a evolução é muito mais difícil. Curry fez exatamente isso, e por isso tem meu voto.
Ballot: 1. Stephen Curry; 2. CJ McCollum; 3. Jae Crowder; 4. Ian Manhimi; 5. Giannis Antetokounmpo; 6. Draymond Green.
Coach of the Year: Brad Stevens
Para os preguiçosos que NÃO ouvirão o podcast, eu tenho duas regras para o prêmio esse ano:
1. Greg Popovich é o melhor técnico da NBA. Ponto. Ninguém é melhor mantendo um time junto, fazendo ajustes e vencendo jogos. Ele deveria ganhar todo ano. Então, por esse motivo, eu parei completamente de considerá-lo nos meus ballots. Ele será o Coach of the Year de fato todo ano, então eu o considerarei como hour concour para efeitos de discussão.
2. Eu não faço ideia do que fazer com Steve Kerr e Luke Walton. Cada um foi técnico por só metade da temporada, de um time que não perde nada com um ou outro, mas que por outro lado pode ter sido o melhor da história da temporada regular da NBA. Então, como não sei o que fazer aqui, vou deixar os dois de fora da lista e incluí-los nessa nota para admirar a temporada fantástica que ambos tiveram no comando do melhor time da NBA.
Ditos esses dois pontos, o fato desse prêmio é que qualquer um dos três primeiros dessa lista seria um merecedor do título. Stevens, Stotts e Clifford todos fizeram trabalhos magníficos com times limitados, tiveram grandes campanhas, superaram as expectativas e foram dos melhores da liga fazendo ajustes diariamente e adaptando a diversas situações. Meu voto por Stevens possivelmente tem um ligeiro viés de Boston - afinal, eu vi quase todos os jogos de Boston no ano e acompanhei mais de perto o seu trabalho - mas também é o técnico do melhor time dos três. Mas qualquer um deles teria sido uma ótima opção.
Menção válida também para Carlisle, que ano sim, ano não ta lá tirando 40 vitórias e uma vaga nos playoffs de times cada vez mais limitados de Dallas. Você poderia cercar Dirk de quatro blogueiros brasileiros que Carlisle ainda arrancaria uma vaga nos playoffs. Ele é um gênio.
Casey também teve ótimo trabalho, mas cai para quinto pela força dos outros candidatos e por eu ter achado que sua abordagem na reta final da temporada vai custar ao time nos playoffs.
Ballot: 1. Brad Stevens; 2. Terry Stotts; 3. Steve Clifford; 4. Rick Carlisle; 5. Dwayne Casey.
Teams All-NBA
1st Team: Stephen Curry, Russell Westbrook, LeBron James, Kawhi Leonard, Draymond Green
2nd Team: Kyle Lowry, CP3, Kevin Durant, Paul Millsap, Al Horford
3rd Team: Damian Lillard, James Harden, Paul George, LaMarcus Aldridge, DeAndre Jordan
A NBA recentemente liberou que os votantes de times All-NBA votassem em Draymond Green como um Center, o que me evitou do extremo incômodo de derrubá-lo para o 2nd Team All NBA e ter que colocar Horford ou Jordan no 1st Team - ambos bons jogadores, mas não de 1st Team All NBA.
O problema é que as opções de costume não estavam disponíveis: Cousins perdeu muito tempo, jogou em segunda marcha (especialmente na defesa) durante muito tempo, e foi um dos grandes responsáveis pelo caos que foi o Kings dessa temporada; e Marc Gasol perdeu a maior parte do ano machucado. Então colocando Green de Center - onde ele jogou durante boa parte da temporada, inclusive na famosa Lineup of Death, a mais devastadora da NBA moderna (Curry, Klay, Iggy, Barnes e Draymond) - resolve os dois problemas: achar um Center para o 1st Team All-NBA, e achar um lugar para Draymond Green (um dos dois melhores defensores da NBA, 14-9-7 de médias, quase tão importante quanto Steph Curry para um time que acabou de vencer 73 jogos) no 1st Team All-NBA que ele merece.
Mas, infelizmente, não teve gambiarra posicional que me salvasse da cruel decisão de deixar de fora do 1st Team um do trio LeBron, Kawhi e Durant, já que o time só nos permite 2 Forwards,
No final, eu decidi por deixar Durant de fora, com dor no coração. LeBron foi meu #2 para MVP e é para mim o segundo melhor jogador da liga com uma boa margem ainda, mas entre Kawhi e Durant foi uma briga boa. Eu acho KD o melhor jogador dos dois, mais capaz de carregar diariamente um time como alpha dog, mas na totalidade do ano, eu acho que Leonard foi ligeiramente melhor pelo seu impacto imenso nos dois lados da quadra por um time superior, enquanto o fantástico Durant ainda teve alguma adaptação de dividir cada vez mais as chaves do ataque com Westbrook. Mas, realmente, é uma decisão marginal, e mais uma questão de opinião. Não tem como ir errado nela.
Então Durant acabou escorregando para o 2nd Team All-NBA junto de Paul, Lowry (#5 e #7 no meu ballot para MVP, respectivamente) e Paul Millsap, que foi #3 na minha votação para melhor defensor da temporada e foi meu último corte no ballot para MVP.
No terceiro time, junto de Lillard (#8 para MVP), Paul George (penúltimo corte antes de Millsap) e Aldridge (excelente impacto dos dois lados da quadra para um time que venceu 67 jogos), eu coloquei James Harden ao invés de Isaiah Thomas, que foi #10 no meu ballot para MVP.
Por mais estranho que isso pareça, eu achei uma conclusão válida. Meu argumento para Isaiah na corrida para MVP se baseava no conceito de "Mais valioso": o ataque inteiro de Boston era baseado em uma quebra inicial da defesa, e Isaiah era praticamente o único jogador do time capaz de fazer isso, o que significa que toda a responsabilidade de iniciar as ações ofensivas do time dependiam do baixinho, fazendo dele um jogador extremamente valioso para o Celtics. Mas individualmente, Harden ainda é superior. Sua candidatura a jogador "mais valioso" cai por conta da falta de vontade e fraca liderança, que acaba tendo um efeito dominó pelo plantel, mas também é preciso ver o outro lado da moeda: Harden jogou minutos sobre humanos (liderou a NBA com 3125 no ano) e é o único jogador de criar no ataque de Houston, o que significa que ele teve que criar o tempo todo (e por mais tempo que qualquer outro) para que seu time pudesse sequer sobreviver. De certa forma, da até uma certa justificada em sua falta de dedicação e energia na defesa e nos contra ataques. Harden tem sua culpa na temporada abismal de Houston, mas também foi alguém que segurou as potnas muitas vezes, teve 29-7.5-6 de médias e precisou fazer muito mais do que seria ideal pedir dele. Achei que mereceu a última vaga.
Quanto aos pivôs, depois de Green no 1st Team All NBA, eu tive três nomes para as últimas duas vagas: Al Horford, provavelmente o melhor Center all-around da temporada; DeAndre Jordan, cuja defesa se tornou tão overrated que fez as pessoas esquecerem do quão destrutivo o pivô é ofensivamente cortando na direção do aro; e o calouro, Karl-Anthony Towns, que teve 19-10 de média, arremessou de meia distância e de três, e já é um bom defensor.
No final, eu acabei optando pelo maior impacto em times bons de Horford e DeAndre. É mais fácil jogar em times ruins e com mais liberdade, mas para manter a mesma atuação se mantendo fiel a um esquema de jogo mais consolidado e precisando desse impacto para vencer jogos é mais difícil e merece mais créditos. Horford acabou ficando no 2nd Team (junto de Millsap foram os pilares da segunda melhor defesa da temporada, além de ser um dos mais completos jogadores de garrafão ofensivamente da NBA, capaz de jogar perto e longe da cesta, passar e arremessar), e DeAndre e suas enterradas ficaram no 3rd Team. Por mais que eu quisesse valorizar a temporada incrível de Towns, essa me pareceu a montagem mais justa dos times.
Cortes finais e mais difíceis: Isaiah Thomas; Klay Thompson; Kemba Walker; John Wall; Gordon Heyward; Jimmy Butler; Derrick Favors; Anthony Davis; Andre Drummond; DeMarcus Cousins; Tim Duncan; Hassan Whitesite.
Teams All-Defense
1st Team: Ricky Rubio; Avery Bradley; Kawhi Leonard; Paul Millsap, Draymond Green
2nd Team: Chris Paul, Jimmy Butler, Paul George, Derrick Favors, Tim Duncan
Eu já falei bastante em outros momentos - em especial no podcast - sobre 4 dos 5 membros do 1st Team All-Defense: Bradley, Kawhi, Millsap e Draymond Green, todos no meu Top5 para Defensive Player of the Year. Então vamos falar do quinto membro: Ricky Rubio.
Até hoje, Rubio continua criminalmente underrated, especialmente na defesa. Talvez por ele ser branco, europeu e pouco atlético, mas as pessoas parecem ter algum bloqueio para enxergar o defensor incrível que Rubio é. A verdade é que o espanhol talvez seja o melhor PG defensivo da NBA quando saudável, um defensor extremamente físico e inteligente que consegue acompanhar mesmo os mais velozes armadores da NBA. Rubio usa sua inteligência e capacidade de antecipação para ficar um passo à frente do ataque, sempre chegando na hora ou até antecipado nos lugares certos, atrapalhando os ataques e conseguindo diversos roubos de bola no processo. Já passou da hora de Rubio ser reconhecido por sua fantástica defesa.
No 2nd Team temos defensores mais chamativos: Butler e George são consagrados defensores de perímetro; Favors o último membro do meu ballot para DPOY; e Duncan é só um dos melhores defensores da história da NBA que consegue manter um altíssimo nível mesmo aos 39 anos e ainda é a âncora interior da melhor defesa da temporada e uma das melhores da história. Paul é um exemplo de jogador que entrou no time ano passado baseado em reputação e não em produção, já que sua temporada defensiva deixou a desejar em 2015, mas voltou a jogar em altíssimo nível desse lado da quadra em 2016 e poderia até mesmo ter um argumento para desbancar Rubio do 1st Team.
A posição de guard, inclusive, foi a mais difícil (além de decidir entre Duncan e Gobert para 2nd Team Center). Tony Allen teve um ano irregular e perdeu jogos, mas ainda é um dos 3 melhores defensores de perímetro da NBA quando joga a 100%; Kentavious Caldwell-Pope emergiu essa temporada como um dos melhores guards defendendo PGs da liga; e Marcus Smart é uma mistura de um pitbull com uma bola de boliche. Todos eles poderiam ter roubado a vaga de Paul nesse 2nd Team All Defense, mas no final optei pelo maior impacto cumulativo e consistente de CP3. Todos seriam boas opções.
Ausências mais difíceis: Marcus Smart; Tony Allen; Kentavious Caldwell-Pope; Jae Crowder; Al Horford; Rudy Gobert.
Teams All-Rookie
1st Team: Justise Winslow; Myles Turner; Nikola Jokic; Kristaps Porzingis; Karl-Anthony Towns
2nd Team: Emmanuel Mudiay; D'Angelo Russell; Devin Booker; Jahlil Okafor; Willie Cauley-Stein
Se você quer saber se seu amigo acompanha NBA de verdade e/ou entende alguma coisa de basquete, pergunte pra ele casualmente se Nikola Jokic deveria entrar no 1st Team All-Rookie. Se a resposta for não - ou até se ela demorar para vir, na verdade - então você sabe que esse seu amigo não está acompanhando NBA assim tão de perto. Jokic teve um ano fantástico, e não só é um no-brainer para 1st Team como o europeu tem até mesmo um caso para roubar o #2 de Porzingis, embora não serei eu a fazê-lo. Mas Jokic - que caiu para a segunda rodada do Draft por "falta de atleticismo" - se mostrou o pivô perfeito para a NBA moderna, um grandalhão capaz de proteger o aro (adversários tiveram o mesmo aproveitamento arremessando perto do aro contra Jokic que contra Towns) e defender em alto nível (compensando a falta de atleticismo com mobilidade e inteligência) e espaçar a quadra no ataque: bom arremessador com alcance até a linha dos 3Pt, passador de elite para seu tamanho, extremamente versátil. Não é coincidência que Denver foi um time -7.5/100 posses com o sérvio no banco, e +1.2/100 posses com ele em quadra. Jokic foi um monstro em 2016 e, talvez pelo preconceito com calouros europeus, talvez por jogar em um esquecido time do Nuggets, não recebeu o reconhecimento que merecia do grande público.
Sobre Towns, eu já falei bastante no podcast e na coluna: sua combinação de defesa, tamanho, arremesso, capacidade de atacar o aro e passe é única e faz dele um dos ativos mais valiosos da NBA. Não é exagero dizer que Towns talvez já seja um dos 20, 25 melhores jogadores da liga hoje.
Porzingis é outro no-brainer, embora tenha acabado sendo ligeiramente overrated pela mídia, em parte por jogar em New York. Sua defesa, mobilidade e versatilidade foram ainda superiores ao que esperávamos, mas seu arremesso de fora não mostrou a evolução esperada, e sua produtividade foi caindo ao longo do ano. Não é nenhum problema para um calouro, claro, e seu ano ainda foi excelente e o potencial é de ser uma estrela na NBA, mas sempre é importante lembrar de ter calma.
Esses três eram as escolhas óbvias, que não podem faltar em nenhum time digno de nota.
Depois desses, ainda faltavam dois lugares, e é quando entramos naquele interessante e difícil debate: como valorizar devidamente jogadores em situações tão extremas e diferentes? Por um lado, você tem jogadores como Devin Booker, que tem números melhores e maior destaque individual, mas por jogarem em times ruins e sem nenhuma aspiração, que tem liberdade para fazerem o que bem entenderem. Por outro, tem jogadores como Justise Winslow, que não tem os números e muito menos liberdade para produzirem individualmente, mas que tem que se adaptar a um esquema mais "sério" e jogar não com liberdade, mas se adaptando e produzindo dentro de um esquema específico voltado para vencer jogos.
Eu pessoalmente valorizo mais o segundo: vários calouros talentosos tem condições de postar números impressionantes se deixados livres para produzir e errar sem compromisso, mas conseguir produzir (para si e para o time) dentro de um contexto específico, contribuindo para um time vencedor em busca de resultados, é muito mais difícil. Por isso que minhas duas últimas vagas no 1st Team All-Rookie foram para Myles Turner e Justise Winslow, dois calouros com números individuais apenas sólidos mas que tiveram enorme impacto dos dois lados da quadra e foram cruciais para dois times de playoffs na temporada (para mais detalhes, escutem o podcast).
E isso não é para diminuir Booker, que teve uma boa temporada e mostrou um jogo de pick and roll muito mais avançado do que se esperava, e que não teve a chance de mostrar em Kentucky (embora, para ser justo, sua defesa foi péssima). Nos seus últimos 22 jogos, Booker teve médias de 21 pontos e 5 assistências. Bastante impressionante mesmo considerando os 4 turnovers e 18 arremessos por jogo. É só que é mais fácil fazer isso em um time como Phoenix, que já tinha desistido da temproada e não tinha intenção de ganhar jogos mais, o que permitiu a Booker fazer o que bem entendesse.
Mudiay foi uma decisão difícil, pois a produção do armador do Nuggets deixou a desejar: seu arremesso foi péssimo (36.4 FG%) e foram 3.2 turnovers por jogo para alguém que as vezes pareceu genuinamente perdido. Ainda assim, Mudiay ganha o benefício da dúvida por um motivo semelhante a Winslow e Turner: desde o primeiro dia, Mudiay teve que aguentar uma responsabilidade enorme e conduzir o show para um time que estava seriamente tentando vencer jogos e mudar a cultura. Mudiay não tinha a liberdade de errar como outros, ele precisava jogar para o time e produzir resultados coletivos, e dado esse cenário ele foi até bastante produtivo.
Outro armador difícil de julgar é D'Angelo Russell, especialmente depois do escândalo envolvendo ter vazado um áudio no qual Nick Young confessou ter traído sua esposa/noiva (sim, eu estou por fora das fofocas do mundo da NBA). Seus pontos altos na temporada foram ótimos, mas os baixos também foram bastante baixos, e sua temporada provavelmente ficará mais marcada pelos problemas com o técnico e Young do que pela sua produção. Ao mesmo tempo, no entanto, eu sinto que precisamos dar um desconto a Russell, que se encontrava na pior situação possível: seu técnico era o pior da história recente da NBA, jogando junto de vários outros ballhandlers em um elenco fraquíssimo, por uma franquia incompetente que estava mais interessada em promover a despedida de Kobe do que em desenvolver algo semelhante a um time. Era uma situação sem saída, e dadas as circunstâncias, Russell até que jogou muito bem.
Okafor também é um caso difícil, tendo perdido boa parte da temporada, se envolvido em problemas extra campo, perdido totalmente sua habilidade nos passes e mostrado talvez a pior defesa de qualquer jogador que eu vi na temporada. Then again, sua capacidade de pontuar é incrível, sua média de pontos foi a segunda melhor entre calouros, e existe um limite para as coisas que um homem consegue fazer jogando no desastre que foi o Sixers desse ano. Considerando a total falta de espaçamento, ajuda ofensiva e defensiva, falta de um armador puro para ajudar a conseguir bons arremessos, os 17.5 pontos por jogo em 50.8 FG% de Okafor parecem quase milagres.
A última vaga então ficou entre alguns bons jogadores que tiveram menos espaço no ano: Willie Cauley-Stein, Josh Richardson (infelizmente não teve os minutos), Trey Lyles (demorou para ganhar espaço, inconsistente na defesa), Frank Kaminsky e mais alguns. No final, acabei optando por Stein, que também teve que superar uma péssima situação (um Kings extremamente disfuncional com um técnico mais interessado em atrapalhar que ajudar) para brilhar, especialmente na defesa, onde ele é surreal. Mas qualquer um seria uma opção válida nessa última vaga. Simplesmente uma classe fantástica de calouros.
Esses três eram as escolhas óbvias, que não podem faltar em nenhum time digno de nota.
Depois desses, ainda faltavam dois lugares, e é quando entramos naquele interessante e difícil debate: como valorizar devidamente jogadores em situações tão extremas e diferentes? Por um lado, você tem jogadores como Devin Booker, que tem números melhores e maior destaque individual, mas por jogarem em times ruins e sem nenhuma aspiração, que tem liberdade para fazerem o que bem entenderem. Por outro, tem jogadores como Justise Winslow, que não tem os números e muito menos liberdade para produzirem individualmente, mas que tem que se adaptar a um esquema mais "sério" e jogar não com liberdade, mas se adaptando e produzindo dentro de um esquema específico voltado para vencer jogos.
Eu pessoalmente valorizo mais o segundo: vários calouros talentosos tem condições de postar números impressionantes se deixados livres para produzir e errar sem compromisso, mas conseguir produzir (para si e para o time) dentro de um contexto específico, contribuindo para um time vencedor em busca de resultados, é muito mais difícil. Por isso que minhas duas últimas vagas no 1st Team All-Rookie foram para Myles Turner e Justise Winslow, dois calouros com números individuais apenas sólidos mas que tiveram enorme impacto dos dois lados da quadra e foram cruciais para dois times de playoffs na temporada (para mais detalhes, escutem o podcast).
E isso não é para diminuir Booker, que teve uma boa temporada e mostrou um jogo de pick and roll muito mais avançado do que se esperava, e que não teve a chance de mostrar em Kentucky (embora, para ser justo, sua defesa foi péssima). Nos seus últimos 22 jogos, Booker teve médias de 21 pontos e 5 assistências. Bastante impressionante mesmo considerando os 4 turnovers e 18 arremessos por jogo. É só que é mais fácil fazer isso em um time como Phoenix, que já tinha desistido da temproada e não tinha intenção de ganhar jogos mais, o que permitiu a Booker fazer o que bem entendesse.
Mudiay foi uma decisão difícil, pois a produção do armador do Nuggets deixou a desejar: seu arremesso foi péssimo (36.4 FG%) e foram 3.2 turnovers por jogo para alguém que as vezes pareceu genuinamente perdido. Ainda assim, Mudiay ganha o benefício da dúvida por um motivo semelhante a Winslow e Turner: desde o primeiro dia, Mudiay teve que aguentar uma responsabilidade enorme e conduzir o show para um time que estava seriamente tentando vencer jogos e mudar a cultura. Mudiay não tinha a liberdade de errar como outros, ele precisava jogar para o time e produzir resultados coletivos, e dado esse cenário ele foi até bastante produtivo.
Outro armador difícil de julgar é D'Angelo Russell, especialmente depois do escândalo envolvendo ter vazado um áudio no qual Nick Young confessou ter traído sua esposa/noiva (sim, eu estou por fora das fofocas do mundo da NBA). Seus pontos altos na temporada foram ótimos, mas os baixos também foram bastante baixos, e sua temporada provavelmente ficará mais marcada pelos problemas com o técnico e Young do que pela sua produção. Ao mesmo tempo, no entanto, eu sinto que precisamos dar um desconto a Russell, que se encontrava na pior situação possível: seu técnico era o pior da história recente da NBA, jogando junto de vários outros ballhandlers em um elenco fraquíssimo, por uma franquia incompetente que estava mais interessada em promover a despedida de Kobe do que em desenvolver algo semelhante a um time. Era uma situação sem saída, e dadas as circunstâncias, Russell até que jogou muito bem.
Okafor também é um caso difícil, tendo perdido boa parte da temporada, se envolvido em problemas extra campo, perdido totalmente sua habilidade nos passes e mostrado talvez a pior defesa de qualquer jogador que eu vi na temporada. Then again, sua capacidade de pontuar é incrível, sua média de pontos foi a segunda melhor entre calouros, e existe um limite para as coisas que um homem consegue fazer jogando no desastre que foi o Sixers desse ano. Considerando a total falta de espaçamento, ajuda ofensiva e defensiva, falta de um armador puro para ajudar a conseguir bons arremessos, os 17.5 pontos por jogo em 50.8 FG% de Okafor parecem quase milagres.
A última vaga então ficou entre alguns bons jogadores que tiveram menos espaço no ano: Willie Cauley-Stein, Josh Richardson (infelizmente não teve os minutos), Trey Lyles (demorou para ganhar espaço, inconsistente na defesa), Frank Kaminsky e mais alguns. No final, acabei optando por Stein, que também teve que superar uma péssima situação (um Kings extremamente disfuncional com um técnico mais interessado em atrapalhar que ajudar) para brilhar, especialmente na defesa, onde ele é surreal. Mas qualquer um seria uma opção válida nessa última vaga. Simplesmente uma classe fantástica de calouros.
Ausências mais difíceis: Trey Lyles, Frank Kaminsky, Josh Richardson, TJ McConnell, Bobby Portis.
Fala Vitor, encontrei no reddit todos os votos do prêmio de sexto homem, publicado no site da nba, deve ter para os outros prêmios. Dá uma olhada: http://official.nba.com/wp-content/uploads/sites/4/2016/04/2015-16-Sixth-Man-of-the-Year.pdf. Valeu
ResponderExcluir