Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

O verão de Nova York, parte II (Nets)

Essa quase foi a grande estrela do Brooklyn Nets


Ontem começamos a falar dos times de Nova York, com o Knicks. Hoje, continuamos falando do outro time de NY, o recém-mudado Brooklyn Nets.

Pra quem não lembra, o Nets amargou em 2010 uma das piores temporadas da história da NBA. O time (que nem era tão ruim assim!) ganhou apenas 12 jogos, teve de longe a pior campanha da Liga e por boa parte do ano correu o risco de bater o recorde de pior campanha da história da NBA, recorde do Philadelphia 76ers de 1973 (9-73) antes de engrenar uma boa sequência no final e deixar essa honra duvidosa para trás. No final do ano, pra piorar, ficou apenas com a terceira escolha do Draft de 2011 (Derrick Favors), vendo o Wizards sair com o grande prêmio daquele Draft (John Wall, 1st Overall).

Na temporada seguinte, o Nets fez de tudo pra se distanciar dessa temporada historicamente ruim. Novos uniformes, novas cores, estádio novo, um novo logo, e até um novo dono, o bilionário russo Mikhael Prohorov. E Prokhorov, quando assumiu o controle do time, anunciou seus planos de mudar a Franquia de New Jersey para o Brooklyn, onde estava sendo construída uma nova arena. A mudança supostamente ocorreria em 2012, ao final da temporada.

Claro, um bom plano: NY é um mercado maior, muito mais atenção da mídia e muito mais atraente para jogadores do que a fraca New Jersey (onde o time colecionou fracasso atrás de fracasso ao longo dos anos, vale lembrar). Era um local para o time se distanciar de seu passado, construir uma base de fãs numa das cidades mais obcecadas por esportes dos EUA, e aproveitar da visibilidade e do dinheiro que a cidade trazia pro time pra montar times competitivos.  Esse plano só tinha um problema: O Nets não podia fazer sua grande mudança rumo (ou pelo menos o que eles esperavam que fosse) a um novo futuro mais promissor na sua nova cidade com um elenco cujas estrelas eram Devin Harris, Brook Lopez e o pirralho extremamente cru Derrick Favors sem passar vergonha. Se você vai mudar para uma cidade que já tem um time de basquete, e pior, se esse é um dos times mais tradicionais e com a torcida mais fanática da NBA, você precisa ter um time que gere interesse, que seja competitivo e que atraia torcedores, senão iria virar o Clippers de New York. E Harris-Lopez-Favors definitivamente não é um núcleo interessante ou competitivo.

Por esse motivo, em 2011, o Nets aproveitou a moda lançada em 2010 de “Estrelas saindo dos times de mercado pequeno” para sair à caça de pelo menos uma grande estrela para tornar sua mudança para o Brooklyn mais interessante e atraente para os fãs. E a principal superestrela cujo contrato terminava no final do ano, não demonstrava interesse em reassinar o contrato com seu time de mercado pequeno e que estava forçando uma troca pro time não perder seu jogador de graça era o Carmelo Anthony, que fez um dos maiores corpo moles da NBA no Nuggets pra forçar essa troca (o famoso “Não é que eu não jogue sério, eu só não estou nem um pouco envolvido no que estou fazendo” que o Dwight Howard aperfeiçoou ano passado).  O Nets juntou os ativos que tinha - uma escolha de Draft (que com certeza seria alta) junto com Derrick Favors (cru mas com muito potencial) e Devin Harris - e ofereceu ao Nuggets pelo Melo, com o argumento de “Se não aceitar nossa troca, ele vai sair de qualquer jeito no final do ano e vocês não vão receber nada por ele” para conseguir a estrela que faria a mudança do time mais… Marketable.

Mas todo mundo sabe o que aconteceu: O Knicks atravessou o negócio e ficou com Melo em troca de Danilo Gallinari, Wilson Chandler, Ray Felton, Timofey Mozgov e uma escolha de Draft (com a promessa de que assinaria uma extensão contratual por lá), enquanto o Nets de novo se viu diante da possibilidade real de se mudar para o Brooklyn sem um bom time ou uma estrela. Mas ai o Nets juntou seu pacote anterior e ofereceu ao Jazz por Deron Williams, o excelente armador que ainda tinha mais um ano no contrato pra gastar, mas que tinha causado problemas o suficientes por lá pro Jazz não esperar pra trocar o jogador antes que ele saisse de Free Agent (reinventando o time do Jazz com a troca). O problema era que Deron também não tinha se comprometido a assinar uma extensão contractual com o Nets, virando Free Agent no final da temporada 2012, quando o Nets estaria se mudando para sua nova casa. O desafio do Nets, portanto, era simples: Eles tinham que construir um time bom o suficiente pra convencer o Deron Williams a ficar com eles quando acabasse seu contrato, ou então ficariam sem a estrela e sem os ativos que mandaram para o Jazz.

Em 2011/12, o Nets tentou duas abordagens que ninguém aguenta mais ouvir: Trocar por Dwight Howard (o pu-pu-platter de Brook Lopez, Marshon Brooks, escolhas de Draft e contratos expirantes), ou então limpar espaço salarial o suficiente pra assinar Dwight com um Free Agent ao final da temporada junto com Deron, já que o pivô tinha a opção de terminar seu contrato mais cedo. A segunda foi pro saco quando Dwight, cedendo à pressão dos torcedores, decidiu não terminar seu contrato mais cedo, deixando assim Deron Williams como o unico Free Agent de nome no final da temporada. Em pânico, o Nets trocou sua escolha de primeira rodada – protegida Top3 – por dois meses do Gerald Wallace, cujo contrato também acabava no final do ano. Eu não vou nem entrar nos méritos da estupidez dessa troca, uma escolha destinada a ser alta num Draft profundo por um jogador que poderia dar o fora em três meses, mas o fato é que o Nets terminou a temporada, a sua escolha de Draft (6th) foi pro Blazers, e o Nets viu Deron Williams, Wallace e Kris Humphries saindo da equipe como Free Agents. E pra piorar, o Magic não só não parecia disposto a aceitar a troca por Dwight Howard (não que eu possa culpá-los, o melhor jogador que receberiam era Brook Lopez, um pivô que não defende, pega 4 rebotes por jogo – o que Dwight pega em um quarto – não toma uma boa decisão em quadra e que teria que receber uma extensão maxima para fazer a troca funcionar) como mais times – Lakers, Rockets, Hawks – entraram na briga pelo pivô do Magic.

E ai o Nets reassinou com Wallace por 4 anos, 40 milhōes (Um absurdo! Não os 10M por ano, e sim os 4 anos – Crash tem 30 anos, um estilo que machuca demais e raramente fica saudável, qual a chance dele ainda estar jogando bem daqui a dois anos?) e fez a seguinde troca: Adquiriu Joe Johnson em troca de uma montanha de contratos expirantes e role players pouco importantes (Jordan Farmar, Johan Petro, Jordan Williams, DeShawn Stevenson, Anthony Morrow e uma escolha de primeira rodada protegida do Rockets) junto ao Hawks. E quer saber? Foi a melhor coisa que o Nets poderia ter feito.

Eu explico. O Joe Johnson é de longe o jogador mais overpaid da NBA inteira, mas pro Nets isso não é bem problema pra um time cujo dono é a versão russa do Mark Cuban. E apesar de não valer metade do que ganha, o Joe Johnson ainda é um All Star, um dos SGs mais confiáveis da Liga, um excelente arremessador, capaz de criar o próprio arremesso e que ainda é capaz de armar o jogo. O Nets mandou um monte de role players inúteis, e matou seu teto salarial, mas sabia exatamente o que adquiria: O SG mais confiável da Liga depois de Kobe e Dwyane Wade e que complementa muito bem o Deron Williams.

Talvez o mais importante aqui seja o seguinte: O Nets era uma droga, e o Nets não ia conseguir trocar por Dwight Howard – O Magic definitivamente não queria pagar um contrato máximo do Brook Lopez, tinha opçōes mais interessantes, provavelmente iria preferir segurar o pivô até aparecer algo melhor, um tempo que o Nets não tinha. E se o Nets não se mexesse, Deron Williams ia concluir que o time era ruim e que não valia a pena ficar por lá, e se mandar pra Dallas (Onde jogaria com Dirk Nowitzki, e onde ele cresceu). O Nets precisava se mexer pra adicionar mais peças pro seu time, a única disponível era JJ, e o time não pensou duas vezes antes de puxar o gatilho pra trazer JJ pro Brooklyn. Joe Johnson é overpaid? Sem dúvida. Mas a troca foi necessária. Sem ela, o Nets não traria Dwight e ainda perderia Deron (que admitiu que só voltou pro Nets por causa da troca por Joe Johnson). Ao invés disso, manteve sua estrela e a trouxe um All Star, um dos melhores SGs da NBA, pra jogar junto dela.

O “problema” era que essa troca tornava quase impossível trazer Dwight Howard por causa de restriçōes salariais. Teria que ser um sign and trade máximo pelo Lopez (e o próprio Brook admitiu que talvez não assinasse se fosse para ser trocado pro Magic) e teria que envolver mais QUATRO sign and trades diferentes nessa troca, extremamente improvável (e mesmo se conseguisse, o Magic mesmo assim provavelmente não trocaria). Então o Nets, sabendo que estava fora da briga por Dwight, reassinou Kris Humphries por um assalto de 2 anos, 28M e deu – adivinhe! – um contrato máximo pro Brook Lopez.

O time do Nets para 2012/13? Deron, JJ, Wallace, Humphries, Lopez. É um puta time? Definitivamente não, vai ter problemas defensivos demais, por exemplo, e vai apanhar de times mais atléticos. Ele também está alto demais no teto salarial (salario anual de cada titular: 18M, 22M, 10M, 14M, 16M. YIEEEKES!!!) e isso provavelmenta vai tirar um pouco da flexibilidade do time para se reforçar nos próximos anos. Mas ele cumpre o que o Nets tinha como o objetivo – montar um time decente e com uma superestrela para sua mudança para o Brooklyn. Se o time quisesse Dwight Howard, teria que esperar o final do ano que vem para assiná-lo como Free Agent… Mas isso significaria perder Deron e ir pro Brooklyn com Brook Lopez e Gerald Wallace de grandes estrelas. O time optou por agir antes com JJ, perdeu a chance de trazer Dwight, mas pelo menos agora o Brooklyn tem um time que deve ir aos playoffs e atrair algum interesse na sua nova casa. E quer saber? O Nets fez a coisa certa, dadas as circunstâncias. Dinheiro não é problema, Prokhorov paga as multas numa boa, e faz muito mais sentido apostar no garantido – Johnson – do que esperar por um Dwight que pode nunca acontecer. O essencial para o Nets era garantir uma estrela, e o time garantiu Deron. Tem um bom time titular (o banco é fraco, mas enfim), deve atrair interesse em sua nova casa, ir aos playoffs e pelo menos ser algo que o time não foi nos últimos oito anos: Um time de basquete de verdade.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

O verão de Nova York, parte I (Knicks)


Eu realmente tava evitando esse texto, mas foram duas discussōes tão fortes da offseason da NBA que eu acabei decidindo que não podia deixar passar. Então vamos falar agora da offseason dos dois times de New York, o Knicks e o recém-mudado para o Brooklyn, o Nets (esse deve ser mais curto).

O Knicks foi um time que teve um 2011/2012 muitíssimo complicado. O time começou mal sua primeira temporada com Carmelo Anthony, o técnico Mike D’Anthony não conseguiu fazer o time render, e o Knicks parecia destinado ao fracasso mesmo com a chegada de Tyson Chander (E a ressureição da defesa do Knicks). Quando Melo e Amare Stoudamire se machucaram, parecia que a temporada do time estava condenada de vez e que o Knicks seria um time de loteria. Até que surgiu Jeremy Lin, jogador não draftado que ganhava o mínimo da Liga (e dormia no sofá da casa do Landry Fields), emendou uma sequência louca de double-doubles e jogos com mais de 20 pontos e 10 assistências, colocou vida no time do Knicks e comandou uma virada incrível no momento da equipe, ganhando a internet e a mídia de forma assustadora e virando o fenômeno Linsanity. Quando Melo e Amare voltaram, o técnico D’Anthony não conseguiu fazer o time achar o seu melhor equilíbrio com Lin, Melo e Amare, e acabou saindo. Logo depois, Lin estourou o menisco e o Knicks teve que jogar com Baron Davis de armador, ficando com um ataque estagnado e sem nenhuma variação ofensiva, levando a uma derrota fácil nas mãos do Heat nos playoffs.

Portanto, não era de surpreender que uma das principais histórias envolvendo o Knicks na offseason fosse a do Free Agent (restrito) Jeremy Lin. Desde o começo, ambos os lados foram bem diretos: Lin disse que queria voltar pra NY, Mike Woodson disse que contava com o chinês pra ser seu armador titular, e a direção do Knicks disse que era para Lin ir para o mercado e achar o melhor contrato possível, e que então o Knicks igualaria essa oferta. Parecia bom para todos os lados, certo? Bom, acabou que o Rockets ofereceu ao Lin 25 milhōes or 3 anos, o Knicks optou por não igualar, e de repente a Linsanity em New York chegou ao fim. O que diabos aconteceu?

Acho que essa saída do Lin acabou sendo um choque pela maneira como aconteceu e pelo que ele representava pra NY. Lin tinha sido o cara que salvou a temporada 2012 do Knicks, deu ao time vida nova, deu à torcida um ídolo e chamou atenção do mundo inteiro, e claro, da China. O fato do time ter o primeiro chinês (eu sei que ele nasceu em Palo Alto, mas ele é chinês e ponto) desde Yao Ming a vingar na NBA atraiu para o Knicks todo o enorme mercado chinês, e acreditem, isso quer dizer muita coisa em termos econômicos. Os chineses adoram basquete, eles são os malucos que criaram um canal de TV só pra passar os jogos do Bucks porque tinha um chinês jogando lá! Desde que surgiu a Linsanity, o valor de mercado do Knicks subiu em 600 milhōes de dólares (!!!!) e ganhou ainda mais exposição na mídia. Ou seja, mesmo fora de quadra, Jeremy Lin era excelente para se ter no time.

Mas quando Lin assinou o contrato com o Rockets, de repente o Knicks parou de cortejar sua mina de ouro. James Dolan, dono do time, alegou que teria que pagar muitas multas por estar acima do teto salarial se cobrisse a oferta, e disse que Lin “traiu” o Knicks ao assinar um contrato que lhe pagava 15 milhōes no terceiro ano de contrato, o que faria o Knicks ficar com uma situação salarial muito delicada, pois já tem os contratos monstrous de Amare, Melo e Chandler. Disse que Lin tinha traído a franquia que lhe tinha dado uma chance quando ninguém mais lhe queria, e que não precisavam dele por lá.

Ok, eu não preciso falar pra ninguém o quanto isso é ridículo, certo? A parte financeira especialmente, pois o retorno financeiro em termos de marketing, açōes e pelo mercado chines já compensam qualquer multa por estar acima do teto salarial (especialmente porque Dolan NUNCA ligou de gastar dinheiro e pagar salários absurdos com o Knicks – ele é o cara que pagou 90 milhōes por Eddy Curry e Jerome Jones, for Christ sake!). A segunda parte é ainda pior: O Knicks não tinha dito para o Lin procurar o melhor contrato pra ele, que o Knicks iria igualar? Não sei se ninguém percebeu, mas o Knicks nunca ofereceu ao Lin um contrato! Esperavam o que? O Rockets fez a melhor proposta, esperou que o Knicks igualasse, só que isso nunca aconteceu. Essa cartada da “lealdade” do Dolan foi ainda mais patética: O Knicks nunca deu ao Lin essa “chance” por pena de um jogador não draftado e sem emprego, o Knicks foi atrás dele porque precisava de armadores! Acabou dando certo, Lin jogou muito acima do seu contrato de 450 mil patacas, e esperava ser pago de acordo nesse contrato. Como voce pode esperar que um jogador que tava dormindo no sofá da casa de um amigo fosse recusar um contrato gordo que lhe ofereciam, especialmente quando seu time tinha dito que iria igualar qualquer proposta??

A verdade? Dolan não reassinou com Lin por motivos exclusivamente pessoais e infantis. Dolan ficou enciumado pela atenção que Lin recebeu da mídia e da torcida, ficou bravo quando Lin contratou um diretor de imagem diferente do que ele e boa parte do Knicks usava (aparentemente isso significa que ele não mostrou lealdade ao time, segundo Dolan... E não, não é brincadeira), e não ligou a minima pro resto. Foi uma decisão totalmente motivada por questōes pessoais e infantis que não tinham nada a ver com basquete, porque ele realmente se sentiu traído que Lin assinou uma oferta com o Rockets, contratou um diretor de imagem próprio, e não ficou abanando o rabo pro dono do time como ele gosta que as pessoas façam. Dolan é o mesmo cara que teve a chance de trazer Phil Jackson pra ser técnico do time esse ano – ele mesmo se ofereceu – mas recusou porque chou que Jackson palpitava demais nos movimentos da direção, preferindo o infinitamente pior  Mike Woodson como técnico, que obedece cegamente tudo que Dolan fala.

Agora vamos aos fatos que envolvem basquete. Dolan já tinha trazido dois armadores mesmo antes de Lin assinar o contrato com o Rockets: O idoso Jason Kidd e o jogador mais odiado de Portland, Ray Felton, que teve uma boa passagem pelo clube em 2011 mas nunca mais fez nada de útil e teve um péssimo 2012, acima do peso, desinteressado e emputecendo a torcida dos times pelos quais passou. Já Lin era um bom armador, muito bom atacando a cesta, com bom arremesso e bom passe, mas abaixo da média defensivamente e que cometia um número alto de desperdícios de bola. E mais importante, por melhor que Lin tenha sido no Knicks, ele jogou apenas 22 jogos, uma amostra pequena demais pra poder dar um parecer definitivo.

E aqui está o grande erro que muitas pessoas (em especial torcedores do Knicks em estado de negação) estão cometendo: Elas estão confundindo “Jeremy Lin não é o novo Chris Paul e ainda tem muito a provar na NBA” (dois fatos inegáveis) com “O Knicks é um time melhor com Felton e Kidd”. Fica realmente difícil de avaliar Lin depois de só 22 jogos, não sabemos o que ele ainda vai melhorar e o que ali não vai se manter. O que eu posso falar que vi é que ele é um jogador muito inteligente, excelente no pick and roll (seja passando ou atacando a cesta), e que joga com muita intensidade, tem alguma dificuldade na defesa e teve um alto índice de turnovers (indice que esteve entre os maiores da NBA... Logo entre Steve Nash e Rajon Rondo, dois dos melhores playmakers da NBA. So there!). Acho que no melhor cenário ele vai ser um titular de alto nível (mas não de elite), e no pior vai ser um bom jogador para vir o banco, criar cestas pra si mesmo e pros outros, e mudar o ritmo da partida (um JJ Barea bem melhorado). Vale 8 milhōes por ano dentro de quadra? Pra mim, sim. Mas não podemos saber até ele ter mais tempo de jogo.

E como eu disse, acabou se confundindo essa incerteza em torno de Lin com o fato (irreal) de que o Knicks estaria melhor sem ele. Kidd foi um dos melhores armadores da história da NBA, mas já faz uns bons anos que ele não está jogando em alto nível, ele não tem mais físico pra conduzir o ataque e criar problemas para defesa ou pra defender jogadores mais rápidos, e hoje vive basicamente de sua inteligência no jogo (impar) e de um bom (mas não ótimo) arremesso de longa distância, o que é pouco pro que o Knicks precisa. Já Felton a gente não sabe o que esperar, pode ser o bom jogador de 2011, mas está vindo de uma temporada pavorosa e fora de forma, incapaz de arremessar ou conduzir o ataque, dificil imaginar ele assumindo um papel como o de Lin ano passado.

E o Knicks acabou caindo em um lugar perigoso na NBA sem Jeremy Lin. Na NBA, é extremamente difícil ir longe se você não tiver no ataque uma de três coisas: Um armador que crie arremessos para o time, boa movimentação de bola, ou um jogador que force ajustes da defesa (como dobras) e use isso para achar companheiros livres (Com duas exceçōes - Pistons de 2004, a eternal exceção da NBA de uma era de pouco talento onde defesas mandavam, e o Celtics de 2008 que contava com uma defesa histórica e três Hall of Famers no ataque). Por exemplo, o Heat de 2012 tinha Lebron fazendo o terceiro. O Mavs de 2011 tinha a excelente movimentação de bola, bem como os Lakers de 2009/2010. O Spurs quatro vezes campeão combinava a excelente movimentação de bola com o Tim Duncan atraindo marcaçōes duplas e distribuindo o jogo perfeitamente do garrafão. E o Knicks não tem nenhuma dessas três coisas. A rotação de bola do time desde a saída do Mike D’Anthony é bem fraca, e Carmelo não é tão eficiente forçando ajustes da defesa e usando isso pra distribuir o jogo. Se o time for incapaz de desenvolver alguma dessas duas coisas, o time precisaria de um armador capaz  de criar arremessos para todos pra fazer o ataque engrenar. Só que agora o time jogou fora a sua única chance de ter em 2012 um jogador capaz de fazer esse papel.  Não admira que o ataque do Knicks seja tão estagnado sem Lin, não é mesmo?

Por falar nisso, não caiam no conto de que o Knicks não funcionava com Lin e Melo jogando juntos. Sim, o Knicks nunca achou a melhor forma de usar os dois juntos em quadra, mas a verdade é que com os dois juntos em quadra e sem Amare, o time tinha um point diferential de +14 por 48 minutos, uma excelente marca. Sim, a amostra é pequena, mas isso mostra que pelo menos durante esse tempo, os dois funcionaram bem juntos em quadra (especialmente porque Lin fazia de Chandler uma poderosa arma no pick and roll e isso abria muito pro Melo). O que matava mesmo era quando o Amare entrava em quadra, que dai o PD caia pra +2,4 por 48 minutos. Yikes!!

A verdade é que essa história em torno do Lin ser “infiel” e de que ele ainda tem muito o que provar, que o contrato prejudicava o Knicks no teto salarial, etc e tal, evitava que todo mundo olhasse pro verdadeiro elefante na sala, o contrato monstruoso do Amare Stoudamire. Estamos falando de um contrato de 100 milhōes por 5 anos pra um jogador que tem joelhos tão ferrados que o time foi incapaz de colocar um seguro neles quando assinou seu contrato, um jogador que sempre foi um defensor e reboteiro muito fraco, e que ofensivamente sempre teve excelentes numerous… Até que lembramos que ele passou sua carreira quase inteira recebendo passes açucarados do Steve Nash, foi incapaz de coexistir ofensivamente com o Shaq (não que eu o culpe por isso) ocupando o garrafão, e que só voltou a demolir todo mundo ofensivamente em 2010 quando o time voltou a jogar na velocidade e com o Nash controlando o ataque no pick and roll. Amare nunca deveria ter ganho um contrato de 100 milhōes que não viesse com o Nash de brinde, e agora ele é um jogador que ninguém aceitaria numa troca pelo seu contrato, um jogador que assassina a eficiência ofensiva do time toda vez que entra em quadra (e não contribui positivamente com rebotes ou defesa), que mata o salary cap da equipe e que sempre se machuca porque, de novo, seus joelhos estão tão ferrados que não puderam nem ser assegurados!! O cenário ideal seria um Amare vindo do banco pra fazer um pick and roll com um armador de alto nível (Nash e Lin seria perfeito, Lin de titular, Nash vindo com Amare do banco) cercado por role players e arremessadores de longe, mas isso não vai acontecer. Ao invés disso Amare vai continuar no ataque, empatando a movimentação de bola, trombando com Chandler no garrafão e matando o teto salarial da equipe. E depois o salário de 8 Mi do Lin que era o problema, né?

Então sim, o Lin ainda tinha muito a provar. Sim, 8 Mi é um salário alto e que atrapalharia o cap do Knicks (embora isso seja um bilhão de vezes mais culpa do Amare e seu salário-assalto, mas whatever). Mas você também perdeu sua maior chance de tirar a estagnação ofensiva da equipe, um jogador que rendia um dinheiro absurdo fora de quadra pra equipe (acreditem, não foi por acaso que ele foi pro unico time que sabe exatamente o tamanho da vantagem de explorar o mercado internacional por ter tido Yao) e que fez as açōes do Knicks caírem 60M só por causa da possibilidade dele sair do time quando assinou o primeiro contrato com o Rockets. O Knicks ainda tem uma defesa muito boa, um dos melhores pontuadores da Liga no Melo e um elenco profundo, não é um time pra loteria ou que deva perder os playoffs… Mas isso não quer dizer que o Knicks esteja pronto pra bater de frente com os melhores times do Leste, simplesmente porque ele não tem um padrão ofensivo eficiente pela falta de um bom armador, boa movimentação de bola ou um jogador que force ajustes da defesa e faça o ataque funcionar em torno disso. A chance do Knicks de ter isso era caso Lin repetisse as atuaçōes de 2012. Ao invés disso, o Knicks perdeu essa chance e deve voltar a ter o mesmo problema do ano passado, um ataque que não tem uma segunda opção ao Melo e que não consegue envolver os demais jogadores.

A verdade é que para 2013, o Knicks tinha muito mais chances de título com Lin do que sem ele, e for a de quadra ganhava muito mais dinheiro com ele (foi a camisa mais vendida da temporada, por exemplo). E ele queria ficar, mas o ego e as babaquices de Dolan fizeram o time perder essa chance. E vale citar também que o técnico Mike Woodson nunca foi um grande técnico ofensivamente capaz de dar movimentação de bola ao ataque (uma das fontes desse problema no time), mas Phil Jackson era um dos melhores da história nisso… E Jackson não é técnico do Knicks porque Dolan não quis um técnico influente, preferindo um pau mandado. Então Dolan e seu ego custaram ao Knicks a chance de ter um bom armador controlando o ataque E/OU um técnico capaz de implementar ao time a movimentação de bola que tanto precisa. Muito obrigado, James Dolan. Se eu fosse torcedor do Knicks, começaria a preparer as desculpas pra mudar pro Nets – ninguém merece um dono tão incompetente (corte para os torcedores do Suns concordando freneticamente).

Por fim, um aspecto da saída do Lin que acabou muito underrated aqui no Brasil, mas foi um tópico importante nos EUA: Os torcedores do Knicks. Lin não era só um bom armador, ele era um dos grandes ídolos da torcida do Knicks. Eu acabei ligando para meu amigo Ian (americano de New York, nascido e criado por lá, torcedor do Knicks há muito tempo e a unica pessoa que eu conheço que tem - ou que admite que tem - uma camisa do Latrell Sprewell) via skype pra perguntar o que ela achava disso, como torcedor. A resposta dele, em tradução livre e tirando os  “man…” do final de cada frase:

“Eu, e provavelmente a grande parte dos torcedores do Knicks, nos sentimos traídos quando vimos que Dolan não quis manter Lin depois de ter prometido que o faria. Foi um choque coletivo, um tapa na cara dessa fanbase. A cidade parecia de luto do basquete. Não é pelo que Lin significava dentro de quadra… Era pro que ele significava pra todos nós que torcemos pelo time, que acompanhamos esse time durante tantos anos e aguentamos muita incompetência e jogadores pouco carismáticos ao longo do tempo. Lin era o nosso jogador. Eu sei que Carmelo é o nosso Franchise Player e nosso melhor jogador, e vamos aonde ele nos levar… Mas Melo foi criado no Nuggets. Nós só o trouxemos para NY. Lin era nosso desde o começo. Ele surgiu aqui, tinha orgulho em ser um Knick e de jogar no MSG enquanto assistíamos. E ele conectava com a torcida de uma forma que Melo ou Stoud (Quem diabos chama o Amare de Stoud??) nunca seriam capazes. Ele trouxe o interesse de volta pro time, ao ponto de que os ingressos subiram de preço no seu terceiro jogo e ninguém ligou de pagar o extra. Não nos importávamos, nós só queriamos estar lá para ver Lin e o Knicks. E agora esse jogador saiu daqui por causa do mesmo dono incompetente que tem nos torturado há anos. Alguns jogadores simplesmente conectam com a torcida de uma forma diferente, especial. Alguns de nós esperam a vida toda por um jogador assim. Pros torcedores do seu Celtics, é o Pierce. Pro Yankees, é o Alex Rodriguez (Ok, ok, essa talvez ele não tenha falado, eu só queria colocar aqui). E pros torcedores do  Knicks, era Jeremy Lin. E ele se foi.”

(Se eu fosse tão direto assim, vocês teriam acabado esse post 15 minutos atrás)

Ta aí pra vocês de um torcedor do Knicks direto de New York. E ele está certo em uma coisa: Alguns jogadores REALMENTE conectam com a torcida de uma forma diferente dos outros. E não era difícil ver que a relação deles com Lin era diferente. Talvez não no nivel Bernard King ou Willis Reed… Mas sem dúvida diferenciada. Um jogador esforçado, que todo mundo tinha descartado e deu a volta por cima, e que tinha genuino orgulho de ser um Knick. Você nunca quer ver um jogador assim jogando para outro time, com outro uniforme, especialmente quando foi por uma decisão do seu próprio time… E especialmente quando foi por um motivo idiota. O time do Knicks vai sentir falta de Jeremy Lin dentro de quadra, mas talvez quem mais vá sentir vai ser a torcida do Knicks. Depois de anos de má gestão, fracassos e jogadores pouco carismáticos, o Knicks montou um bom time, e pegou um raio numa garrafa com Jeremy Lin, a peça que faltava pra esse time dentro de campo e o jogador carismático e divertido que a torcida queria e precisava fora dele pra voltar a conectar com o time. E deixou esse jogador sair sem nenhum esforço para mantê-lo. E depois se perguntam porque os torcedores do Knicks odeiam James Dolan.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Podcast sobre lockouts

Ainda sem condiçoōes de voltar a escrever decentemente, participei de um podcast organizado pelo Overtime, sobre os lockouts que afetaram NBA e NFL, e sobre a possibilidade de um lockout na NHL. O resultado acabou ficando bem legal, e vale a pena ouvir, tocamos em quase todos os assuntos relacionados. Para ouvir o podcast, só entrar nessa pagina e procurar pelo Overtime 65.

Espero que gostem, e essa semana devemos voltar ao ritmo normal.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Voltando de viagem

Pois é, estou de volta de viagem. Mas infelizmente, ainda não estou em condiçōes normais para escrever um texto coerente com começo, meio, fim e 5000 palavras que de alguma forma tentem fazer sentido. Então vamos apelar e mandar apenas os bullet points de costume, pra não deixar passar em branco a quantidade de coisa que eu perdi enquanto estive fora. Assim que possivel, retomamos a programação normal. Ou quase, não sei se falar de times de basquete enfrentando aliens pode ser chamada de "normal".


- Primeiro, o mais recente, a derrota da seleção brasileira de basquete pros EUA segunda a noite, 80 a 69. Sinceramente, muita gente fez tempestade em copo d'água com esse jogo. Por exemplo, se o jogo realmente valesse alguma coisa, vocês acham que o Magnano teria deixado o Raulzinho tanto tempo em quadra no segundo quarto (os minutos que definiram a mudança de panorama do jogo)? Claro que não. Mas em um amistoso, o importante era que o Raulzinho apanhasse um pouco e ganhasse experiência jogando contra os melhores. Uma vitória ontem não teria ajudado em nada pras Olimpiadas, talvez desse confiança mas deixaria os americanos mais motivados. Uma derrota ontem na qual pudemos ver nossas fraquezas, nossas forças, o que precisamos evoluir, uma derrota que servisse pro time ganhar manha, experiência e motivação definitivamente pode ajudar a equipe no longo prazo. Nenhum adversário melhor que os EUA pra mostrarem nossas deficiências. O amistoso cumpriu perfeitamente a função que o Magnano queria.


- Holy smokes, tem alguma coisa que grite a incompetência dos GMs da NBA mais do que a Free Agency? Depois que o último CBA incluiu a cláusula da "Anistia" - que permitia ao time dispensar um jogador, tirando-o do seu plantel e da sua folha salarial, desde que continuasse pagando o salário do seu contrato - vocês já pararam pra observais que boa parte dos jogadores anistiados tiveram seus contratos assinados na temporada imediatamente anterior ao lockout? Travis Outlaw, Brandon Haywood, Andray Blatche, Josh Childress, Darko Milicic, Luis Scola (Ok, esse foi pra abrir espaço salarial, perdoável porque vale o que ganhava)... Todos eles assinaram contratos antes da temporada 2010. E olha que ainda existem muitos debates acerca de jogadores como Carlos Boozer. Em resumo, o CBA deu aos GMs a chance de se livrar de um contrato estúpido, e boa parte deles estão se livrando de contratos que foram assinados na temporada anterior!! E depois se perguntam porque tivemos um lockout...


- Por falar nisso, parece que a última moda agora é ir atrás de armadores que você mesmo já dispensou ou trocou. O Suns, que trocou Goran Dragic junto de uma escolha de primeira rodada por Aaron Brooks, agora correu pra oferecer pro esloveno 30 milhōes em 4 anos, sendo que podiam ter ficado com ele E uma escolha de primeira rodada de Draft. O Rockets, que dispensou Jeremy Lin ano passado quando o David Stern vetou a troca de Chris Paul-para-o-Lakers, agora ofereceu um contrato de três anos, 25 milhōes pro chinês. Alias, o próprio Rockets estava correndo atrás de Brooks, que acabou indo pra Sacramento. Ah sim, o Knicks também trouxe de volta Ray Felton, que tinha sido mandado embora na troca por Carmelo Anthony. Haja arrependimento, não? Só faltava o Deron Williams correndo pra voltar pra Utah também. Alias, imagina se ano que vem o Chris Paul decide voltar pra New Orleans? Paul, Austin Rivers, Eric Gordon, Anthony Davis e uma boa escolha de Draft? Ou ate mesmo trocando Eric Gordon por Paul George? Wow... Vamos parar por aqui antes que eu me empolgue demais.


- Aliás, outra moda dessa Free Agency tem sido os Restricted Free Agents. A quantidade de debates rolando (ou que já rolaram) sobre os contratos oferecidos pra esses caras, e se os times deviam aceitar ou não, foram mais extensivos que qualquer debate do tipo que eu lembre recentemente. Tivemos Omer Asik e sua proposta do Rockets de 3 anos, 25 milhōes que o Bulls vai ter problemas financeiros caso decida igualar (eu não igualaria - gostei do contrato, mas o Bulls precisa manter Luol Deng a todo custo). Tivemos o Wolves oferecendo a casa (4 anos, 46 milhoes) pro Nicolas Batum, oferta que o Blazers deve igualar (e tem razão nisso). O Suns ofereceu um contrato máximo pro Eric Gordon, que o Hornets igualou sem pensar duas vezes (realmente, era uma decisão fácil). O Knicks não igualou a proposta por Lin feita pelo Rockets (mais no proximo paragrafo). Tivemos o Pacers igualando o contrato absurdo que o Blazres ofereceu pro Roy Hibbert (Essa é dificil, nao sei dizer se eu teria igualado ou não). O Raptors oferecendo 3 anos, 19 milhōes pro Landry Fields pra evitar que o time de NY fosse atrás do Steve Nash. Enfim, foi uma orquestra de contratos absurdos e times se vendo em dificuldades para igualar todos. Acho que foi a forma do mercado reagir a uma classe de Free Agents irrestritos bem fraca...


- Um minuto de silêncio para todos os torcedores do Knicks que viram mais um show de incompetência do Jim Dolan essa offseason. Perder Lin para o Rockets por birra - sério, foi o principal motivo - sendo que ele gerou 600 milhōes pro Knicks ano passado foi a cereja no topo do bolo. A simples noticia de que o Lin PODERIA sair do Knicks fez as açōes do time de NY despencarem (50 milhōes em um dia). O Knicks não manteve Lin porque acharam que houve "falta de lealdade" do chinês por assinar a oferta qualificatoria com o Rockets e usaram a desculpa do salário alto para um jogador que jogou apenas 25 jogos ano passado, quando o principal motivo foi birra do Dolan com ele porque ele contratou um agente de imagem sem perguntar pro Knicks antes (Ele era Free Agent!) e porque ele assinou a proposta com o Rockets quando o Knicks - surpresa! - não tinha oferecido pra ele nenhum contrato e tinha assinado com Jason Kidd e Ray Felton, e o Dolan ainda chegou a dizer que achava o Felton tão bom quanto ou melhor que o Lin. E agora Lin foi pro unico time que sabe o verdadeiro impacto financeiro de ter uma estrela chinesa no seu time. Ache algo nesse parágrafo que faça sentido.


- Já comentei ali em cima de como os armadores tiveram um papel ativo nessa Free Agency, mas temos ainda dois exemplos que ficaram de fora: Nash, e Kyle Lowry. Depois de perder Dragic, o Rockets acabou investindo em Lin e trocando Lowry por uma escolha de primeira rodada do Raptors. Eu achei uma troca bem legal pra ambos os lados: Dificilmente o Raptors vai conseguir um grande armador no próximo Draft, e Lowry é um dos melhores da NBA, ainda jovem, vai encaixar bem nesse time. Do outro lado, com Lin chegando o time não precisava do insatisfeito Lowry, e conseguiu uma escolha valiosa que pode ser envolvida em alguma troca, ou então trazer um bom jogador temporada que vem pro grupo.

A segunda foi mais dificil... Afinal, naão é todo dia que meu jogador preferido de todos os tempos vai pro maior rival do meu Celtics. Agora minha vontade de ver o Lakers perdendo vai bater de frente com minha vontade de ver o Nash sendo campeão... Se eu tiver um derrame durante os playoffs por causa do Lakers, vocês já sabem o motivo. Não acho que o Nash era o armador perfeito pro Lakers, mas com certeza vai ajudar. Já faz algum tempo que o Kobe não é mais aquele jogador atlético que tinha facilidade em criar o seu espaço pras jogadas, hoje ele é mais eficiente se movimentando sem a bola e recebendo a redonda nos lugares onde ele tem melhor aproveitamento, onde pode dar um ou dois dribles e finalizar sem precisar ganhar muito espaço. PRa ele jogar assim, faltava um armador competente, e se ele aceitar mais esse papel e deixar Nash controlando mais a bola e tomando as decisōes, acho que o time do Lakers só tem a melhorar. O mesmo vale pro garrafão, o Lakers tem um dos melhores da Liga, mas faltava alguém capaz de acioná-lo em boas posiçōes perto da cesta, o que o Nash deve ajudar. Uma boa escolha tanto pra Nash como pro Lakers. Agora com licença, vou colocar fogo na minha camisa do Nash. Comigo dentro.


- Por falar em contratos absurdos, queria ressaltar dois fatos relativos aos times de New York. Primeiro, o Knicks: Sabia que o Knicks tem 64 milhōes garantidos em salários para a temporada 2014/2015... Com apenas quatro jogadores (Kidd, Melo, Amare Stoudamire e Tyson Chandler)? Na verdade, o que assassinou o Knicks salarialmente foi o contrato de 5 anos, 100 milhōes que ofereceram para o Amare em 2010... Sabe, o jogador que não conseguiu colocar um seguro nos seus joelhos de tão ferrados que já estavam e que vinha de cinco temporadas recebendo passes do Nash? Bom, a vida naão é tão fácil sem o canadense. Amare nunca repetiu as grandes atuaçōes dos tempos de Suns, teve dificuldade para se encaixar em qualquer esquema que o Knicks jogasse, teve muitos problemas de saúde, e agora seu contrato está assassinando o Knicks. Hell yeah, Nash, acabou com mais uma franquia! Jogadores como Amare, Shawn Marion, Leandrinho, Boris Diaw, Jason Richardson, Quentin Richardson, Channing Frye, Marcin Gortat e companhia deviam ter uma cláusula nos contratos que assinaram depois de jogar com o canadense que revertesse 60% do seu salário pra uma conta do Nash na Suiça.


- Agora, o mais legal: Gerald Wallace, que renovou com o Nets por 4 anos, 40 milhōes, é o titular do Nets que menos ganha em salário anual. So there!


- Não, é sério! Deron Williams ganha 18 milhōes, Joe Johnson ganha 22, Kris Humphries ganhará 12 milhōes, e Brook Lopez ganha 15 milhōes em um contrato máximo. Eu não estou pronto pra viver num mundo onde o Brook Lopez ganha um salário máximo... (Eu tinha outras coisas pra falar sobre o Nets, mas merece um post separado).


- Abriram as apostas de Vegas para o título do Super Bowl de 2013. O favorito? Meu 49ers, é claro, porque aparentemente isso faz algum sentido. Vegas, baby!! Embora eu preferisse quando ninguem acreditava na gente. Oh well...


- Foi mal pelo post esquisito, ainda nao estou 100% desde que voltei. Ainda hoje tem um podcast saindo, então fiquem ligados. Até a proxima!

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Ferias

Infelzimente (ou nem tanto), chegou a hora de sair de férias. Ficarei uns 10 dias fora, volto na outra semana, então o blog ficará um tempinho abandonado. Foi mal, prometo que volto com novos posts sobre diversos assuntos (inclusive a nova modinha de times da NBA de recontratarem armadores que eles mesmos trocaram ou dispensaram), mas por enquanto vocês vão ter que ficar com os posts antigos. Separei alguns pro entretenimento de quem entrar:








Além disso, dois especiais pra quem tiver interesse. O primeiro é uma introdução a baseball, explicando não só as regras, mas o funcionamento de uma partida, é uma boa leitura inicial pra quem quiser começar a assistir baseball. A segunda, é um Especial NFL que fizemos ano passado, explicando tudo sobre a Liga: Como surgiu o esporte, a evolução da Liga, como ela funciona hoje em dia... E, claro, as regras, posicçōes de ataque e defesa, e o funcionamnento do jogo em si, leitura obrigatória ora quem quiser entender mais de NFL.


Especial NFL





Um abraço, obrigado a todos que leem o blog, e até a volta

Vitor

quarta-feira, 4 de julho de 2012

O que as estatísticas não conseguem medir

Kevin Love com seu troféu de "Melhor jogador branco da NBA"



Caso ninguem aqui tenha reparado, eu gosto de estatísticas. Tipo, gosto bastante. Uso elas pra provar meus pontos, me admiro da precisão de algumas estatísticas em refletir exatamente o que eu estou vendo num jogo. Hoje mesmo escrevi um texto para um amigo no Jumper Brasil sobre o Omer Asik, mostrando com estatísticas como ele é bom no que faz e portanto o contrato de três anos, 24 milhōes dele não é tão absurdo quanto parece - na verdade, eu até gosto dele, achei uma jogada esperta do Rockets.

Mas o fato é que estatísticas tem suas limitaçōes, que estão sempre atreladas ao esporte em questão, porque existem coisas que não podem ser medidas em estatísticas. Em qualquer esporte, existem dois tipos de formas que um jogador pode afetar um jogo, uma parte objetiva (e que portanto pode ser medida em estatísticas) e uma parte subjetiva. Dependendo do esporte e de diversas características, cada parte assume um papel muito maior, e portanto isso afeta o quanto as estatísticas são eficientes medindo o que acontece dentro do jogo.

Por exemplo, pegue baseball. Sabe o que é mais legal em baseball (tirando meu amor irracional pelo Red Sox)? O fato de que praticamente TUDO que acontece em um campo de baseball pode ser medido em estatísticas. Quando Billy Beane, Paul DePodesta e o Oakland Athletics trouxeram o agora famoso Moneyball pro Baseball (Uma abordagem para avaliar jogadores 100% baseada em estatísticas chamadas "avançadas", ou Sabermetrics), o resultado foi que um time com a segunda menor folha de pagamento de toda a MLB foi por quatro anos seguidos o maior Juggernault da Liga e que teria conquistado um título não fosse um tremendo azar (uma das maiores injustiças da história do baseball é que aquele Athletics não tenha sido campeão) ao ponto que todo mundo começou a adotar esse modelo. TUDO podia ser medido em estatísticas, voce era capaz de dizer exatamente como um jogador ia se comportar ao longo de uma temporada com números (ao ponto que, antes da temporada de 2002 começar, DePodesta foi capaz de afirmar a quantidade de corridas que o time ia ceder e marcar na temporada - e ele acertou as duas com margem de erro de 10 corridas). Ainda que exista um impacto subjetivo muito pequeno no baseball, em geral você é capaz de dizer exatamente como um jogador contribuiu para seu time com base nos números. E sim, tem um post disso a caminho ainda esse mês.

Por outro lado, basquete talvez seja o pior exemplo possível. Talvez por todos os jogadores jogarem ataque e defesa, tocarem na bola de diferentes formas, e por causa do pouco número de jogadores em quadra (o que aumenta o impacto de cada jogador no todo), o fato é que talvez não exista um esporte onde o subjetivo importe tanto quanto o basquete. Sim, temos excelentes estatísticas, como por exemplo PER (meu favorito), Win Shares, e podemos usar dados fragmentados pra nos mostrar como os jogadores arremessam em diferentes pontos da quadra. A questão é que nós não temos - e nunca teremos - estatísticas que sejam 100% a provas de falhas no basquete, ou tão perto disso quanto possível. Sempre teremos algum tipo de impacto dentro de quadra - subjetivo, impossível de ser medido - que vai alterar algumas estatísticas, ou não receberão o devido crédito nelas. E para isso, temos que confiar em algo ainda mais subjetivo, que é o que estamos observando de fora. Por isso o importante não é usar as estatísticas no basquete para criar opiniōes, mas devemos sempre usá-las para confirmar as que já formamos.

Por exemplo, nas Finais de 2011, Lebron teve o pior jogo da sua carreira (entre os que eu vi, pelo menos) no Jogo 4, onde ele desapareceu completamente de quadra, atrapalhou muito mais do que ajudou e viu Dirk Nowitzki e Jason Terry tomarem de vez controle da série. Quando o jogo acabou, eu lembro de ter ficado chocado na forma como Lebron fugiu do jogo, evitou de qualquer forma tocar na bola e finalizar jogadas, e preferia ficar passando de lado ao invés de assumir a responsabilidade e ajudar seu time a vencer, sendo o jogador mais talentoso do mundo. Alguns minutos depois, alguém me mandou a seguinte estatística: "O Usage Rate (estatística que mede o quanto das posses de bola de um time foram finalizadas por um jogador) de Lebron no Jogo 4 (16.9%) foi o terceiro menor da sua carreira, o menor da sua carreira no Heat, e o menor da sua carreira nos playoffs". Perfeito! A estatística mostrou exatamente o que eu estava vendo acontecer em quadra.

Outro exemplo que eu adoro: Quando alguém fala da defesa de Bill Russell (ou até mesmo de Bill Walton), é muito comum a pessoa citar não só a espetacular capacidade de Russell de bloquear arremessos, mas também da forma como todos esses tocos eram feitos na direção de um companheiro, mantendo a bola em jogo e começando um contra ataque, e não para a lateral, onde a posse de bola. Lembro de uma vez que Kevin Garnett foi entrevistar Russell e perguntou se ele já tinha dado um toco que tinha mandado a bola na torcida, e Russell respondeu sem pestanejar "Nunca, eu sempre direcionava meus tocos para companheiros puxarem um contra ataque". Pode parecer pouco, mas o impacto desse tipo de jogada é muito grande e não tinha como ser medido: Ao invés do toco evitar a cesta, mas o adversário ainda manter a posse de bola, esse tipo de toco evitava a cesta, deixava o time com a posse de bola e ainda começava um contra ataque para dois pontos fáceis. Como disse certa vez um seguidor no twitter, boa defesa não é a que termina com um toco, é a que termina com a posse de bola.

E uma coisa que eu sempre criticava no Dwight Howard é que ele não se preocupava em afetar o jogo desse tipo de jeito, ele sempre dava o toco mais chamativo, mais espetacular, que fosse parar no SportsCenter, fazendo o que era mais espetacular do que o que era melhor pro seu time. Até que eu trombei com a seguinte estatística: Em 2010, Dwight deu 240 tocos, e esses tocos geraram 140 pontos pro seu time. Tim Duncan deu 140 tocos, e eles geraram 160 pontos pro seu time. Quando eu apontei esses dados, muita gente disse "Mas espera, esse tipo de dado é influenciado pela eficiencia do time nos contra ataques!"... E alias, é a verdade (embora a disparidade seja grande demais pra não ser significante). Mas a questão é, esse dado refletiu exatamente o que eu sempre pensei sobre as defesas de Duncan (totalmente voltada pro time) e de Dwight (preocupada muito mais com o espetáculo).

Da mesma forma, temos dados que nos enganam. Muita gente simplesmente baba com o Wilt Chamberlain fazendo 50 pontos por jogo em uma temporada, mas ninguém lembra que nesse ano Wilt jogou com três outros Hall of Famers no seu time, e mesmo assim foram varridos na primeira rodada dos playoffs (e não foi nem pro poderoso Celtics). Porque? Porque Wilt marcar 50 pontos MATAVA seu time em outros aspectos, ele arremessava 42 bolas (mais as faltas que sofria e errava metade dos FTs), o resto do time ficava frio, ficava isolado do jogo, o Sixers era um time fácil de marcar nos momentos importantes (já que todo mundo tava frio, e Wilt sempre fugia da bola nos momentos decisivos por medo de sofrer faltas)... Em outras palavras, Wilt marcou 50 pontos, individualmente foi impressionante, mas nenhuma estatística foi capaz de captar o impacto extremamente negativo que isso teve no seu time, a não ser "Time com quatro HoF varrido na primeira rodada dos playoffs". Porque esse é o problema das estatísticas de basquete: Tem certas formas que um jogador impacta no jogo e que não são captadas por nenhuma estatística.

Por esse motivo, submeto a seguinte linha de estatísticas pra vocês de um jogador em 2011/12 na NBA:

41 Jogos, 34 mpg, 10.6 ppg, 8.6 apg, 4.2 rpg, 2.2 steals per game, 36% FG.

Essas estatísticas são suficientes para um PER (Player Efficiency Rating) de 14.6, o que o coloca como o 33o melhor PG da NBA em 2012. E isso reflete TUDO que eu acredito sobre estatísticas no baseball, porque esses são os números de Ricky Rubio em 2012, antes de machucar o joelho. Ainda que pelos números Rubio seja apenas o trigésimo terceiro melhor armador da NBA em 2012, nenhum ser humano em sã consciencia diria que Rubio foi apenas o trigésimo terceiro melhor - ou, melhor ainda, mais valioso - armador da NBA. Rubio foi de longe um dos armadores que mais teve um impacto no seu time em 2012, revolucionou o Wolves e fez do Wolves a 8th seed do Oeste antes de machucar o joelho por culpa do Kobe (calma gente, brincadeira!). Muita gente apontou os números de Rubio dizendo "Olhem, ele não foi tudo isso, o Wolves vai sobreviver sem ele"... E todo mundo sabe que depois disso o Wolves se afundou, jogou um basquete muito ruim e perdeu a chance de ser uma 7th seed no Oeste pra afundar na mediocridade. Nada mau pro valor do trigesimo terceiro melhor armador da NBA, né?

O principal motivo disso é que o Rubio não era só um jogador que entrava, controlava a bola um pouco, dava meia duzia de assistências e pronto. O Rubio, assim que chegou ao Wolves, virou o líder do time dentro de quadra com sua visão de jogo única, habilidade no passe, capacidade de estar sempre um passo a frente no jogo, e seu altruísmo. E o time assumiu sua personalidade dentro de pouco tempo. Com duas semanas de temporada, o Wolves era um time que adorava jogar no contra ataque, rodava a bola melhor do que nenhum time em toda a NBA (tirando o Spurs), todos os jogadores tinham prazer em rodar a bola, achar companheiros livres e passar bons arremesssos para conseguir melhores para os companheiros. Depois de algum tempo jogando com Rubio e Kevin Love (outro bom passador e extremamente inteligente), os companheiros começaram a ver os mesmos ângulos de passe, antecipar as jogadas uns dos outros e, talvez o mais importante, se divertiam jogando dessa maneira.

No fundo, talvez essa seja a maneira mais importante que um jogador pode afetar os companheiros. Na história da NBA, talvez nenhum jogador tenha afetado os companheiros melhor do que Larry Bird e Magic Johnson, dois passadores transcendentais e extremamente altruístas em quadra. Eles não simplesmente davam grandes passes, eles contagiavam tanto o time que o Celtics de 86 e o Lakers de 87 eram dois dos melhores times passadores de todos os tempos, o ápice do jogo de equipe, com todo mundo procurando o companheiro livre e rodando a bola (De certa forma, isso também vale pro Blazers de 77' em torno do Bill Walton, outro passador transcendental). Lakers e Celtics encorporaram essa identidade, jogadores antes considerados fominhas como Kareem e Kevin McHale começaram a procurar jogar pro time e viraram bons passadores do garrafão, e o resultado era um show de passes pra quem gosta de basquete bem jogado. Ainda que os números dos dois sejam extremamente sólidos (Em 1988 Magic teve média de 24-6-12 e Bird de 28-9-8 chutando 50-40-90), nenhum número captura exatamente o impacto que tiveram nos seus companheiros e transformando a identidade dos seus times. Uma vez, Paul Shirley fez um caso para Steve Nash ganhar o MVP argumentando que o verdadeiro valor do canadense pro Suns era que ele liderava por exemplo, e todo o time seguia a deixa: Em dias, todo mundo estava tentando achar o companheiro livre, todo mundo jogava coletivamente, todo mundo tinha prazer em dar cestas fáceis pros outros e ajudar o time dessa forma, e esse foi o principal motivo do Suns ter atingido um patamar ainda maior no seu jogo ofensivo. Seu jogo passou para os companheiros, assim como fizeram Magic, Bird ou Walton.

Mais ou menos como Rubio: Os números nos indicam um jogador mediano, bom passador, chutador fraco, que não teve um grande impacto no seu time e que poderia ter sido substituído por 32 outros armadores da Liga. O que é exatamente o oposto da realidade: Rubio não só é um excelente passador, como ele está sempre adiantado no jogo (o que faz dele um defensor fora de série), joga com velocidade e alegria, envolve seus companheiros, mantém todo mundo no jogo, faz o time funcionar em torno dele e de Love, e aparece quando o time precisa (Que nem a bola de três no minuto final pra empatar um jogo contra o Clippers, que Love venceu com uma bola de três at the buzzer, ou quando faltando 15 segundos contra o Mavs ele infiltrou, atraiu Dirk  e fez um passe espetacular entre as pernas do alemão para um livre Anthony Tolliver acertar a bola de três que matou o jogo) e tornou o Wolves um time genuinamente divertido pra jogar e assistir. Jogadores como Nikola Pekovic, Tolliver e até Wes Johnson de repente começaram a aparecer, o time todo parecia sempre na mesma página, o time impôs o jogo coletivo e rápido do técnico Rick Adelman, jogou mais coletivamente do que eu nunca tinha visto, e tudo isso por causa da influência de um grande passador extremamente altruísta liderando a equipe. E não temos estatísticas pra isso, a não ser uma estatística primitiva e overrated chamada "Vitórias". Com Rubio, o Wolves teria ido aos playoffs, talvez até na 6th seed. Sem ele, o time afundou na mediocridade.

Pense da seguinte maneira: Kyrie Irving foi um jogador melhor que Rubio em 2012. As estatísticas dizem isso, os meus olhos dizem isso, todo mundo é capaz de dizer isso. Ele simplesmente foi melhor, ele é mais explosivo, tem potencial saindo pelo teto. Mas eu tenho certeza que o Wolves não seria um time melhor com Irving no lugar de Rubio, porque Irving (e provavelmente nenhum outro jogador na Liga tirando Nash) não seria capaz de contagiar os companheiros, estabelecer aquele jogo coletivo e tirar o máximo de jogadores medianos como Rubio fez. Por isso eu gosto tanto de basquete, nada é exato, o tipo de impacto que um jogador tem num time pode não ser igual em lugares diferentes.

Talvez quem mais tenha se beneficiado disso tudo foi Kevin Love. Em 2011, Love surgiu pra Liga, destruiu todo mundo nos rebotes, colocou números nível Moses Malone (30-30? Are you fucking kiddind me?) com 25-foot range. Ele arremessava de qualquer lugar da quadra, extremamente inteligente, grande passador, sabia se posicionar como ninguém... Mas era uma aflição ver ele jogando num time de jogadores cujo QI mal superava o da Luciana Gimenez, jogadores que não sabiam rodar a bola ou se desmarcar, que não conseguiam fazer o ataque fluir pra melhor aproveitá-lo. Deve ser uma tortura pra alguém que sempre ta bem posicionado, sempre faz a movimentação correta e que deveria produzir como um dos dez melhores jogadores da Liga e sempre procura os companheiros fazendo o mesmo, jogar com jogadores que não jogam da mesma forma, não entendem as movimentaçōes de ataque, preferem jogar para si mesmos e são treinados pelo Kurt Rambis. De repente chega Rubio e seu QI de 200, chega Rick Adelman (patrono da movimentação de bola, jogo coletivo e chutes de três), o time começa a se encaixar em torno disso, todo mundo roda a bola e acha o companheiro livre, e de repente o Love se firma como um dos cinco melhores jogadores da NBA, coloca números de 26-13-2 e um PER de 25.4 (Superando a melhor temporada estatística de Duncan, btw), acerta game winners na fuça de todo mundo.

O bem que Rubio fez pra carreira do Love não foi do nível "Nash revitalizando a carreira do Amare Stoudamire ao ponto que algum idiota em NY decidiu que ele valia 100 milhōes" (Uma das minhas frases preferidas sobre o assunto foi do Bill Simmons, em 2005, quando algum idiota deu ao Amare um voto de primeiro lugar pra MVP: "Votar no Amare pra MVP sobre o Nash é que nem não votar no Dr. Frankenstein pra prémio Nobel de medicina e ao invés disso votar no monstro que ele criou"), mas o tipo de jogo que o Wolves começou a jogar por causa de Rubio e Adelman - coletivo, inteligente, jogadores sempre procurando os melhores lugares da quadra pra espaçar o jogo, muitas bolas longas, sempre procurando o companheiro livre, foi o que permitiu ao Wolves tirar o máximo do talento do Love. Se você tivesse que escolher dois companheiros de equipe pra construir uma franquia em torno deles daqui pra frente, Love/Rubio estaria em terceiro ou quarto atrás de Durant/Westbrook e Lebron/Wade (e talvez atrás de Blake Griffin/Chris Paul dependendo de como você avaliar os playoffs do Paul).

Junte a isso Rick Adelman, possivelmente Nicolas Batum (de quem eu gosto muito), Derrick Williams (ainda vai ser muito bom), Nikola Pekovic (melhor reboteiro ofensivo da NBA em 2011), JJ Barea (pontuador porra-louca pra vir do banco) e tudo mais, e de repente o Wolves - pela primeira vez desde que Kevin Garnett foi MVP em 2004 - realmente tem um futuro promissor pela frente. E tudo isso foi possível graças ao impacto que Rubio teve sobre o time como um todo, e pela forma como o time se transformou jogando perto de um armador cuja visão de jogo e habilidade nos passes realmente é única e contagiante. Não fosse a lesão do Rubio, o Wolves teria ido aos playoffs. Com um ano a pais pro time se entrosar, pros jogadores jovens se desenvolverem e a possível chegada de mais algumas peças, de repente o Wolves é um dos times mais interessantes da NBA. Não nível Rudy Gay, mas ainda assim realmente interessante. E no Wolves ninguem vai ligar se o Rubio for apenas o 33rd melhor PG estatisticamente pro resto da carreira, porque todos eles sabem que eles não chegariam alí com praticamente nenhum outro PG na NBA. Esse é o verdadeiro valor do Rubio, e como eu disse, não tem estatísticas pra medir isso. Mas eles sabem. E a gente também.