Essa quase foi a grande estrela do Brooklyn Nets
Ontem começamos a falar dos times de Nova York, com o
Knicks. Hoje, continuamos falando do outro time de NY, o recém-mudado Brooklyn
Nets.
Pra quem não lembra, o Nets amargou em 2010 uma das piores
temporadas da história da NBA. O time (que nem era tão ruim assim!) ganhou
apenas 12 jogos, teve de longe a pior campanha da Liga e por boa parte do ano
correu o risco de bater o recorde de pior campanha da história da NBA, recorde
do Philadelphia 76ers de 1973 (9-73) antes de engrenar uma boa sequência no final e
deixar essa honra duvidosa para trás. No final do ano, pra piorar, ficou apenas
com a terceira escolha do Draft de 2011 (Derrick Favors), vendo o Wizards sair
com o grande prêmio daquele Draft (John Wall, 1st Overall).
Na temporada seguinte, o Nets fez de tudo pra se distanciar
dessa temporada historicamente ruim. Novos uniformes, novas cores, estádio novo, um novo
logo, e até um novo dono, o bilionário russo Mikhael Prohorov. E Prokhorov,
quando assumiu o controle do time, anunciou seus planos de mudar a Franquia de
New Jersey para o Brooklyn, onde estava sendo construída uma nova arena. A mudança
supostamente ocorreria em 2012, ao final da temporada.
Claro, um bom plano: NY é um mercado maior, muito mais
atenção da mídia e muito mais atraente para jogadores do que a fraca New Jersey
(onde o time colecionou fracasso atrás de fracasso ao longo dos anos, vale
lembrar). Era um local para o time se distanciar de seu passado, construir uma
base de fãs numa das cidades mais obcecadas por esportes dos EUA, e aproveitar
da visibilidade e do dinheiro que a cidade trazia pro time pra montar times
competitivos. Esse plano só tinha um
problema: O Nets não podia fazer sua grande mudança rumo (ou pelo menos o que
eles esperavam que fosse) a um novo futuro mais promissor na sua nova cidade
com um elenco cujas estrelas eram Devin Harris, Brook Lopez e o pirralho
extremamente cru Derrick Favors sem passar vergonha. Se você vai mudar para uma
cidade que já tem um time de basquete, e pior, se esse é um dos times mais
tradicionais e com a torcida mais fanática da NBA, você precisa ter um time que
gere interesse, que seja competitivo e que atraia torcedores, senão iria virar
o Clippers de New York. E Harris-Lopez-Favors definitivamente não é um núcleo
interessante ou competitivo.
Por esse motivo, em 2011, o Nets aproveitou a moda lançada
em 2010 de “Estrelas saindo dos times de mercado pequeno” para sair à caça de
pelo menos uma grande estrela para tornar sua mudança para o Brooklyn mais
interessante e atraente para os fãs. E a principal superestrela cujo contrato
terminava no final do ano, não demonstrava interesse em reassinar o contrato
com seu time de mercado pequeno e que estava forçando uma troca pro time não
perder seu jogador de graça era o Carmelo Anthony, que fez um dos maiores corpo
moles da NBA no Nuggets pra forçar essa troca (o famoso “Não é que eu não jogue
sério, eu só não estou nem um pouco envolvido no que estou fazendo” que o
Dwight Howard aperfeiçoou ano passado).
O Nets juntou os ativos que tinha - uma escolha de Draft (que com
certeza seria alta) junto com Derrick Favors (cru mas com muito potencial) e
Devin Harris - e ofereceu ao Nuggets pelo Melo, com o argumento de “Se não
aceitar nossa troca, ele vai sair de qualquer jeito no final do ano e vocês não
vão receber nada por ele” para conseguir a estrela que faria a mudança do time
mais… Marketable.
Mas todo mundo sabe o que aconteceu: O Knicks atravessou o
negócio e ficou com Melo em troca de Danilo Gallinari, Wilson Chandler, Ray
Felton, Timofey Mozgov e uma escolha de Draft (com a promessa de que assinaria
uma extensão contratual por lá), enquanto o Nets de novo se viu diante da
possibilidade real de se mudar para o Brooklyn sem um bom time ou uma estrela.
Mas ai o Nets juntou seu pacote anterior e ofereceu ao Jazz por Deron Williams,
o excelente armador que ainda tinha mais um ano no contrato pra gastar, mas que
tinha causado problemas o suficientes por lá pro Jazz não esperar pra trocar o
jogador antes que ele saisse de Free Agent (reinventando o time do Jazz com a
troca). O problema era que Deron também não tinha se comprometido a assinar uma
extensão contractual com o Nets, virando Free Agent no final da temporada 2012,
quando o Nets estaria se mudando para sua nova casa. O desafio do Nets,
portanto, era simples: Eles tinham que construir um time bom o suficiente pra
convencer o Deron Williams a ficar com eles quando acabasse seu contrato, ou
então ficariam sem a estrela e sem os ativos que mandaram para o Jazz.
Em 2011/12, o Nets tentou duas abordagens que ninguém
aguenta mais ouvir: Trocar por Dwight Howard (o pu-pu-platter de Brook Lopez,
Marshon Brooks, escolhas de Draft e contratos expirantes), ou então limpar
espaço salarial o suficiente pra assinar Dwight com um Free Agent ao final da
temporada junto com Deron, já que o pivô tinha a opção de terminar seu contrato
mais cedo. A segunda foi pro saco quando Dwight, cedendo à pressão dos
torcedores, decidiu não terminar seu contrato mais cedo, deixando assim Deron
Williams como o unico Free Agent de nome no final da temporada. Em pânico, o
Nets trocou sua escolha de primeira rodada – protegida Top3 – por dois meses do
Gerald Wallace, cujo contrato também acabava no final do ano. Eu não vou nem
entrar nos méritos da estupidez dessa troca, uma escolha destinada a ser alta
num Draft profundo por um jogador que poderia dar o fora em três meses, mas o
fato é que o Nets terminou a temporada, a sua escolha de Draft (6th)
foi pro Blazers, e o Nets viu Deron Williams, Wallace e Kris Humphries saindo
da equipe como Free Agents. E pra piorar, o Magic não só não parecia disposto a
aceitar a troca por Dwight Howard (não que eu possa culpá-los, o melhor jogador
que receberiam era Brook Lopez, um pivô que não defende, pega 4 rebotes por
jogo – o que Dwight pega em um quarto – não toma uma boa decisão em quadra e
que teria que receber uma extensão maxima para fazer a troca funcionar) como
mais times – Lakers, Rockets, Hawks – entraram na briga pelo pivô do Magic.
E ai o Nets reassinou com Wallace por 4 anos, 40 milhōes (Um
absurdo! Não os 10M por ano, e sim os 4 anos – Crash tem 30 anos, um estilo que
machuca demais e raramente fica saudável, qual a chance dele ainda estar
jogando bem daqui a dois anos?) e fez a seguinde troca: Adquiriu Joe Johnson em
troca de uma montanha de contratos expirantes e role players pouco importantes (Jordan Farmar, Johan Petro, Jordan Williams, DeShawn Stevenson, Anthony Morrow e uma escolha de primeira rodada protegida do Rockets) junto ao Hawks. E quer saber?
Foi a melhor coisa que o Nets poderia ter feito.
Eu explico. O Joe Johnson é de longe o jogador mais overpaid
da NBA inteira, mas pro Nets isso não é bem problema pra um time cujo dono é a
versão russa do Mark Cuban. E apesar de não valer metade do que ganha, o Joe
Johnson ainda é um All Star, um dos SGs mais confiáveis da Liga, um excelente
arremessador, capaz de criar o próprio arremesso e que ainda é capaz de armar o
jogo. O Nets mandou um monte de role players inúteis, e matou seu teto
salarial, mas sabia exatamente o que adquiria: O SG mais confiável da Liga
depois de Kobe e Dwyane Wade e que complementa muito bem o Deron Williams.
Talvez o mais importante aqui seja o seguinte: O Nets era
uma droga, e o Nets não ia conseguir trocar por Dwight Howard – O Magic
definitivamente não queria pagar um contrato máximo do Brook Lopez, tinha
opçōes mais interessantes, provavelmente iria preferir segurar o pivô até
aparecer algo melhor, um tempo que o Nets não tinha. E se o Nets não se
mexesse, Deron Williams ia concluir que o time era ruim e que não valia a pena
ficar por lá, e se mandar pra Dallas (Onde jogaria com Dirk Nowitzki, e onde
ele cresceu). O Nets precisava se mexer pra adicionar mais peças pro seu time,
a única disponível era JJ, e o time não pensou duas vezes antes de puxar o
gatilho pra trazer JJ pro Brooklyn. Joe Johnson é overpaid? Sem dúvida. Mas a
troca foi necessária. Sem ela, o Nets não traria Dwight e ainda perderia Deron
(que admitiu que só voltou pro Nets por causa da troca por Joe Johnson). Ao
invés disso, manteve sua estrela e a trouxe um All Star, um dos melhores SGs da
NBA, pra jogar junto dela.
O “problema” era que essa troca tornava quase impossível
trazer Dwight Howard por causa de restriçōes salariais. Teria que ser um sign
and trade máximo pelo Lopez (e o próprio Brook admitiu que talvez não assinasse
se fosse para ser trocado pro Magic) e teria que envolver mais QUATRO sign and
trades diferentes nessa troca, extremamente improvável (e mesmo se conseguisse,
o Magic mesmo assim provavelmente não trocaria). Então o Nets, sabendo que
estava fora da briga por Dwight, reassinou Kris Humphries por um assalto de 2
anos, 28M e deu – adivinhe! – um contrato máximo pro Brook Lopez.
O time do Nets para 2012/13? Deron, JJ, Wallace, Humphries,
Lopez. É um puta time? Definitivamente não, vai ter problemas defensivos
demais, por exemplo, e vai apanhar de times mais atléticos. Ele também está
alto demais no teto salarial (salario anual de cada titular: 18M, 22M, 10M,
14M, 16M. YIEEEKES!!!) e isso provavelmenta vai tirar um pouco da flexibilidade
do time para se reforçar nos próximos anos. Mas ele cumpre o que o Nets tinha
como o objetivo – montar um time decente e com uma superestrela para sua mudança
para o Brooklyn. Se o time quisesse Dwight Howard, teria que esperar o final do
ano que vem para assiná-lo como Free Agent… Mas isso significaria perder Deron
e ir pro Brooklyn com Brook Lopez e Gerald Wallace de grandes estrelas. O time
optou por agir antes com JJ, perdeu a chance de trazer Dwight, mas pelo menos
agora o Brooklyn tem um time que deve ir aos playoffs e atrair algum interesse
na sua nova casa. E quer saber? O Nets fez a coisa certa, dadas as
circunstâncias. Dinheiro não é problema, Prokhorov paga as multas numa boa, e
faz muito mais sentido apostar no garantido – Johnson – do que esperar por um
Dwight que pode nunca acontecer. O essencial para o Nets era garantir uma
estrela, e o time garantiu Deron. Tem um bom time titular (o banco é fraco, mas
enfim), deve atrair interesse em sua nova casa, ir aos playoffs e pelo menos
ser algo que o time não foi nos últimos oito anos: Um time de basquete de
verdade.