Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

segunda-feira, 10 de março de 2014

O caminho dos 32 times na offseason - NFC (parte II)


"Pega essa flag e enfia no...!!!!"


AVISO IMPORTANTE: Para compensar a ausência no final da temporada, e colocar um ponto final decente na boa temporada 2013 da NFL, a idéia é fazer um mega-Mailbag daqui a uma semana. A semana que vem vai ser dedicada a olhar o caminho dos 32 times para o ano que vem, e a idéia então é que só na outra semana a gente faça o Mailbag mesmo. Qualquer tópico é válido, qualquer coisa sobre a temporada regular, playoffs, técnicos, jogadores, Free Agency e etc. Perguntas sobre o Draft também serão respondidas, mas terão menor preferência pois é um assunto que ainda vai ter sua cobertura. Então aproveitem para mandar suas perguntas/dúvidas/comentários finais da temporada para tmwarning@hotmail.com com o assunto "Mailbag", que você pode ver sua pergunta aqui e no Esporte Interativo (perguntas enviadas a Mailbags anteriores e não respondidas também serão respondidas, se ainda relevantes, btw). Então participem e vamos fazer desse último MB da temporada 2013 um sucesso.

-------------------------------------------------------------------------

Depois de olhar para o passado - mais especificamente, olhar para nossos palpites de antes da temporada começar e ver quais deram certo e quais foram fiascos homéricos - é hora de olhar um pouco para o futuro de cada uma das 32 franquias da NFL. A temporada 2013 agora é passado,  e estamos entrando na pior época do ano (o tempo entre o Super Bowl e o começo do Draft e da Free Agency, que é quando por bem ou por mal a NFL começa de novo). Então é hora de pegar todos os times da NFL e ver em que ponto exatamente cada um deles se encontra nesse momento da offseason, quando estamos todos recolhendo os cacos de 2013 e se preparando para 2014. Qual a direção que cada time deve tomar para 2014? Quais mudanças devem ser feitas? Quais as incógnitas e quais as certezas? É isso que vamos tentar achar nesses posts. Serão três: um para os times de playoffs, um pra os times que não foram aos playoffs na AFC, e um aos times que não foram aos playoffs na NFC.

Começamos pelo times que foram aos playoffs e agora tentam voltar a pós temporada. Depois, falamos em duas partes sobre os times da AFC que não foram aos playoffs (Parte I e Parte II). Agora, é hora de falar dos times da NFC que não tiveram a honra de jogar em Janeiro. Tivemos a Parte I com os times das NFC East e South. Agora é hora de falar dos cinco times restantes.

Para facilitar (AKA Carnaval), esse post também foi dividido em duas partes.


Times da NFC fora dos playoffs (Parte II)


Chicago Bears

A grande história dessa offseason para o Bears foi a renovação de contrato de Jay Cutler, um contrato de 7 anos e 126M. Muita gente - corretamente - achou que era um contrato absurdo tanto em duração como em valor para um QB de 31 anos (em Abril) que tem dificuldade ficando saudável e que nunca foi muita coisa em Chicago desde que foi adquirido de Denver. Ele é um sólido QB em geral, mas é instável, nunca fez nada para justificar um contrato que lhe pague mais que os de Matt Ryan, Peyton Manning ou Ben Roethlisberger... e talvez mais importante, o Bears vem de uma temporada na qual Cutler foi substituido (quando machucado) por um veterano de 34 anos que não era titular na NFL desde 2004, e conseguiu com ele produção igual ou superior da que Cutler proporcionou em meio a um ataque muito completo. Então o contrato realmente foi causa para questionamentos.

Embora o contrato seja questionável, o fato é que o Bears o montou muito bem. A duração e o valor do contrato enganam um pouco a primeira vista: embora o contrato seja de 7 anos e 126 milhões, só os primeiros três anos (e os 54M de salário base desses três anos) são garantidos, sem nenhum tipo de bônus. Em outras palavras, embora o Bears esteja totalmente preso a ele e seus salários imensos pelos próximos três anos, depois disso o time já pode cortar o QB sem nenhum custo adicional ou dinheiro morto no salary cap, então não é como se o time fosse ficar preso a Cutler por esses sete anos. Ainda que me pareça demais pagar 18M anualmente (a anualidade do contrato dele não é igual para os três anos, mas essa é a média) para um QB como Cutler quando você consegue produção igual ou melhor de um QB mediano como Josh McCown, o fato é que o contrato foi bem estruturado e oferece opções para Chicago, que manda uma mensagem clara de que acredita que Cutler seja sua melhor chance de sucesso no curto (e talvez médio) prazo.

Mas por melhor estruturado que seja o contrato para proteger a folha salarial futura de Chicago, o fato é que pelo menos por três anos, o time vai ter um contrato imenso entupindo sua folha salarial. O que, claro, gera para Chicago um problema semelhante ao que Joe Flacco gera para o Ravens: deixa o time sem flexibilidade salarial para a free agency. Hoje, Chicago tem apenas 8M livres para contratar jogadores e renovar com os seus, e se quiser aumentar esse valor vai ter que dispensar Julius Pepper (10M), vindo de temporada decepcionante, Lance Briggs (5M, mas foi o melhor defensor de Chicago em 2013 mesmo perdendo metade dos jogos) e/ou Earl Bennett (2.5M).

O problema, como vocês talvez tenham reparado, é que dois desses jogadores - e mais os quatro principais free agents do time, Henry Melton, Charles Tillman, Landon Cohen e Major Wright - são todos jogadores da defesa, e pior, a defesa de Chicago foi um enorme fiasco em 2013. Parte disso foram as lesões - jogadores como Melton, Briggs, Stephen Paea e DJ Williams perderam bastante tempo machucados, por exemplo. Mas isso não muda o fato de que Briggs foi o único defensor acima da média de Chicago em 2013, e que o time tem uma TOTAL falta de talento em todas as posições. Se Briggs for mesmo dispensado para abrir espaço salarial, quem sobra de defensor que tem lugar garantido na equipe? Jay Ratliff vai jogar de DT com seu contrato recém-assinado e o time espera que ele possa render perto do que rendeu no Cowboys, mas é uma aposta grande; Stephen Paea é um sólido titular quando saudável, o que não foi em 2013 (nem saudável, nem sólido titular quando jogou) e deve fazer a dupla de DT; Tim Jennings tem um contrato longo e caro e deve ser o CB titular, mas apesar das interceptações ele é mediano no máximo... quem mais? Quem vai cobrir o meio do campo com Briggs e DJ Williams fora? Quem vai pressionar o QB sem Julius Peppers (que foi mal nisso em 2013, mas para ser sincero, ninguém foi bem além de Landon Cohen, e ele mesmo foi apenas ok)? Quem vai jogar na secundária? Por conta de lesões, dispensas, idade e aposentadorias, Chicago não ficou com alguns buracos na defesa, a defesa inteira é um buraco!

Então mesmo que Chicago consiga liberar esses 25M de folha salarial com todas as dispensas, ainda vão ter muito trabalho para montar uma defesa competente. O principal alvo do time parece ser Michael Bennett, vindo de uma temporada espetacular com Seattle e que seria tudo que Peppers não foi em 2013, mas tamb ém ocuparia sozinho uns 8-9M dessa folha salarial, e ele não vai resolver todos os problemas. Chicago tem tudo para ser um time bastante ativo em busca de defensores nessa free agency, e se quiserem ir aos playoffs com Cutler, precisam de jogadores de impacto o quanto antes. 


Detroit Lions

A ex-garantia nos playoffs da NFL que virou piada perdendo 6 de seus 7 últimos jogos na temporada fez a coisa que todo mundo estava louco para vê-los fazendo: demitiu o péssimo técnico Jim Schwartz, um dos fatores que mais estava atrapalhando um bom time (Detroit terminou 7-9 com Pythagorean Wins de 8.5-7.5, segundo ano consecutivo que o time termina a pelo menos 1.5 vitórias atrás do que devia). Ok, o substituto que eles acharam foi o fraquíssimo Jim Caldwell, que me parece uma pequena overcorrection: depois do fracasso do ultra-descontrolado Schwartz, foram atrás de Caldwell, que não esboça nenhuma emoção sob nenhuma circunstância e parece estar eternamente preso em uma expressão de coitado. Mas estou fugindo da questão: o time corretamente se livrou de um de seus maiores problemas, mas depois de ser recusado por Ken Whisenhunt e não ter sucesso com Lovie Smith, foi atrás de um técnico muito fraco, que não é o ideal para um time com talento que tem repetidamente acabado abaixo do que deveria. 

A boa notícia para o Detroit é que o time tem uma base excepcionalmente talentosa em mãos, dos dois lados da bola. O Lions tem sido o melhor time da NFL nos últimos anos desenvolvendo jogadores de linha ofensiva, com uma das melhores da NFL pelo segundo ano consecutivo mesmo perdendo dois titulares entre 2012 e 2013, e o guard calouro Larry Warford pode ser o melhor calouro de 2013 que ninguém conhece. Eles tem um bom QB (ainda que inconsistente) em Matt Stafford (btw, para so que acham que Stafford é um caso perdido, ele é só 4 meses mais velho que Ryan Tannehill), e o melhor WR da NFL em Calvin Johnson, e começaram a ter algum sucesso correndo com a bola em 2013, algo que deve ser uma parte maior de seu ataque para 2014. Defensivamente, o time sai de um bom 2013 com uma das melhores bases jovens da NFL: Ndamukong Suh e Nick Fairley podem formar a melhor dupla de DTs da NFL, Ziggy Ansah mostrou muito potencial como calouro apesar de cru e deve assumir a titularidade, Stephen Tulloch e DeAndre Levy solidificaram o meio da defesa, e Glover Quin jogou muito bem no seu primeiro ano em Detroit. O time tem problemas, claro, mas poucos tem uma base tão talentosa na NFL dos dois lados da bola, muito menos tão jovem como essa.

Detroit tem, como todo time nessas condições, alguns buracos atrapalhando o time. No ataque, o grande problema é a falta de complemento a Megatron. Nenhum - NENHUM - WR do time foi sequer "competente" em 2013, e aliado isso a falta de um bom TE, deixa Stafford e Megatron como a mais manjada combinação de passe da NFL. Claro que ela ainda funciona, mas esse ataque iria ser extremamente mais assustador se o time tivesse outro bom WR e um bom TE para atrair atenções da defesa ou se beneficiar da marcação extra (e por "extra" leiam "tripla") que as defesas dedicam a Megatron. Defensivamente, o grande problema tem sido a secundária. O time é extremamente forte na frente, mas Louis Delmas é FA e só sobra Glover Quinn como um bom jogador nessa unidade, depois que Chris Houston decepcionou em 2013. 

Detroit tem o suficiente para brigar pelos playoffs imediatamente, se Jim Caldwell conseguir ser sequer competente (e mesmo não gostando de Caldwell, acho que ele não vai ser tão prejudicial como Schartz), mas o time precisa adereçar esses problemas se quer continuar crescendo. O time tem apenas 10M em salary cap, o que prejudica consideravelmente suas pretensões, e embora deva receber algum alívio nisso quando Suh finalizar seu novo contrato, dificilmente terá condições de ser um time ativo na FA. Minha expectativa é que o time tente resolver seu problema ofensivo no Draft - um draft extremamente forte em WRs do qual o time pode facilmente sair com Mike Evans ou Marquise Lee da primeira rodada - e tente adicionar alguns veteranos baratos na defesa de menor impacto enquanto esperam um 2015 mais favorável salarialmente (o mercado de CBs está muito bom, e tem alguns jogadores de menor expressão ou mais veteranos que seriam interessantes como um complemento). A margem de manobra é pequena, mas a recompensa pode ser muito grande.


Minnesota Vikings

Esse é complicado. Vamos começar da declaração recente de Adrian Peterson de que com Michael Vick de QB, o time estaria indo aos playoffs. Mas vamos mudar um pouco, passando de "Michael Vick" para "um bom QB" (que não necessariamente é o caso de Vick, mas nunca se sabe), porque esse tem sido o grande problema do Vikings desde que Brett Favre aposentou: Christian Ponder foi um bust, ninguém mais rendeu, e embora Matt Cassell tenha sido competente ano passado e tenha renovado seu contrato, acho que todo mundo sabe que ele não é o cara que vai resolver as coisas por lá.

A primeira pergunta é, um QB teria condições boas de jogo em Minny, com um bom elenco de apoio? A verdade é que teria. Em 2013, o time teve uma sólida e jovem linha ofensiva que estará de volta, e embora ela ainda seja melhor correndo do que protegendo o QB, ela também se mostrou promissora nesse sentido, com quatro OL (mais um TE e um FB) tendo notas positivas em pass protection em 2013. O QB também contaria com a presença de um dos melhores RBs da liga em Adrian Peterson, um cara capaz de ser o foco do ataque, encurtar descidas, abrir a defesa e tornar MUITO mais fácil a vida em play actions pelo mundo (em 2013, as defesas consistentemente colocavam 8 ou 9 jogadores na linha para segurar AP apenas deixando ENORMES espaços para um QB aproveitar... que não foram aproveitados pela falta de um QB). E por fim, o time conta com um corpo interessante de WRs, com Greg Jennings, Cordarelle Patterson e o interessante Jairus Wright (e Jerome Simpson também, se voltar, mas acho difícil), além de uma dupla de TEs (Kyle Rudolph e John Carlson) que mostrou ser promissora tanto bloqueando como recebendo. Falta aquele WR de segurança pelo meio, e um TE mais dominante (ao invés de dois acima da média) seria ótimo, mas é uma boa base para um QB ser colocado, seja ele Vick ou qualquer outro.

E defensivamente, será que ela consegue segurar? Bom, isso é um problema bem maior, porque a defesa foi bem mal em 2013 e não apresenta muitos sinais de melhora. O melhor defensor do time em 2013 (Kevin Williams) e o jogador mais dominante individualmente (Jared Allen) não devem voltar, e isso é um problema para uma defesa que foi a sexta pior da NFL em 2013 em DVOA e pior em pontos cedidos. O time inteligentemente renovou com o promissor Everson Griffen (embora a um valor absurdo), Harrison Smith deve ajudar com uma temporada inteira saudável e Xavier Rhodes se mostrou interessante como calouro, e embora Shariff Floyd tenha decepcionado, a saida de Williams deve abrir mais espaço para ele ser titular e se desenvolver... Mas ainda falta muito para essa defesa conseguir lidar com as potências da NFC. O time precisa de mais pass rush além de Griffen e Brian Robison (sim, Robison), Chad Greenway foi muito mal em 2013 jogando fora de posição, e a secundária ainda precisa de muitos reforços antes de sequer ser considerada "decente" (quarta pior em 2013). Além disso, acho que o impacto da saída de Williams e Allen vai ser mais sentida do que parecem a princípio, com Griffen e Robison não tendo mais os espaços gerados pela marcação dupla no camisa 69 e Williams deixando de existir como o pilar da defesa ocupando dois bloqueadores. A boa notícia é que o time tem muito espaço salarial - 40M antes de contar os salários de Griffen e Cassell, o que deve deixar uns 26M sobrando - e essa é uma free agency interessante do lado defensivo da bola. Esperem um bom DE (Micahel Johnson?) e um CB ou mesmo safety (Aqib Talib? TJ Ward?) sendo os principais alvos do time, mas mesmo assim, essa defesa ainda me parece algum tempo distante de ser a defesa de um candidato ao título na forte NFC, QB novo ou não.

Então acho que Peterson, embora não totalmente absurdo, não esteja tão certo achando que só um QB é o que falta para o time decolar. O ataque sem dúvida tem potencial para ser bom com um upgrade na posição, mas a defesa não vai acompanhar de imediato. O que, para mim, não é um problema, considerando que a defesa tem alguns talentos jovens de base mas precisa de muita coisa nova por cima, e o ataque é composto principalmente de jogadores jovens e veteranos com contratos que ainda duram bastante. Vencer agora seria ótimo, mas não é como se Minny tivesse um núcleo veterano e caro que precise vencer logo para não desperdiçar alguns bons jogadores. Se algum time tem uma base que pode esperar, é Minny.

Claro, ainda tem o problema do QB a ser resolvido, e tenho certeza que o Vikings quer vê-lo resolvido o quanto antes, porque é o que falta para o ataque do time se acertar. Minnesota tem a 8th escolha do próximo draft, e adoraria que um jogador do trio Manziel-Bridgewater-Bortles sobrasse para eles nessa escolha. A chance é real: quatro times na frente do Minnesota tem necessidade de QB, mas o Texans parece estar avaliando o mercado de veteranos e tem boas chances de escolher Jadeveon Clowney, e se ele não escolher, o Jaguars pega. Aliás, o Jaguars é um time interessante, que renovou com Chad Henne e talvez não esteja tão desesperado atrás de um QB, e é possível que ou eles ou o Raiders optem pelo caminho de "escolher o melhor jogador disponível independente de posição", que pode significar Sammy Watkins. É uma aposta que um dos três QBs caia até a 8th pick, mas é possível, e caso não aconteça, o time já mostrou que não tem nenhum pudor de trocar muitas escolhas valiosas para subir no draft para pegar quem eles querem, então podem muito bem entrar no final da primeira rodada com uma troca para pegar Jimmy Garopollo ou Zach Mettenberger. Mas vai ser interessante ver como o time resolver esse problema, ou mesmo SE direciona recursos demais a isso no momento com Cassell de volta ganhando 5M por ano.


Arizona Cardinals

Como o dono de um dos meus twitters favoritos e uma das interações mais legais da internet, Neal Kendrick (torcedor do Seahawks) disse, você poderia fazer um excelente argumento que no final da temporada o Cardinals era o terceiro melhor time da NFC depois de Seattle e San Francisco. Você pode concordar ou não com a afirmação, mas definitivamente pode fazer um argumento: Arizona teve a segunda melhor defesa da temporada regular, achou um ataque dinâmico em volta do RB calouro Andre Ellington e sua dupla espetacular de WRs titulares (Larry Fitzgerald e Michael Floyd) e foi 7-1 entre as semanas 8 e 16 (incluindo uma vitória sobre o Seahawks EM Seattle) para chegar na semana 17 ainda com chances de playoffs, mesmo enfrentando um dos três calendários mais difíceis da temporada.

Ironicamente, os dois fatores que seguraram o time em 2013 foram seu QB, e seu técnico. Bruce Arians recebeu muitos elogios por seu trabalho como técnico em Arizona e até consideração para Coach of the Year, e ele fez muitas coisas boas, mas uma das mais inexplicáveis foi manter Rashard Mendenhall de RB titular com suas 3.2 jardas por corrida e absolutamente se recusar a usar o muito mais explosivo Ellington (5.5 jardas por corrida e um dos RBs mais dinâmicos da temporada recebendo passes). Até entendo ter um RB mais "tradicional" para mover as correntes e usar o mais dinâmico Ellington em situações não convencionais, mas essa lógica passa a ser ridícula quando seu RB "convencional" é um dos piores da NFL. E em termos de QB, quando seu QB titular é um veterano de 34 anos que foi trocado 2x nos últimos três anos depois de se recusar a jogar pelo seu time da época, e ele lança 22 interceptações... isso é um problema.

Fato é que Carson Palmer não foi horrível em 2013, mas certamente não foi bom. 24 TDs, 22 interceptações e mais altos e baixos do que uma temporada de Dexter, ele foi basicamente um QB médio e muito inconsistente (sério, vejam seus game logs: ele teve seus melhores jogos contra Atlanta, Jacksonville, Indy, Tennessee e Saint Louis e os piores contra Carolina, San Francisco, New Orleans e principalmente Seattle). Ele continua no time para 2014 (cortar Palmer custaria ao time quase 7M em dead money, embora salve 5M do salary cap), e é uma incógnita em qual direção Arizona vai se mover. Enquanto Palmer for o titular do time, ele provavelmente vai continuar sendo esse cara mediano de alto risco, e é difícil imaginar esse time dando um grande salto de produtividade, mas Arizona não parece em uma situação ideal para resolver essa questão agora. O mercado de QBs hoje é basicamente composto de veteranos medianos (eles não precisam de outro) ou jovens sem experiência com preçøs inflacionados (btw, NINGUÉM vai pagar uma 2nd round pick por Kirk Cousins ou Ryan Mallett) e dificilmente um dos três principais QBs do draft sobraria para o Cards. E enquanto me parece o time ideal para pegar um QB mais cru na segunda ou terceira rodada e deixá-lo um ano desenvolvendo atrás de Palmer, é difícil imaginar que Palmer não vá ser o titular do time em 2013.

Isso limita o potencial ofensivo do time, mas é favorável a tentar resolver o problema de forma arriscada e extremamente cara (AKA trocar por Kirk Cousins ou Mallett, ou trocar mundos e fundos para subir no draft e tentar um QB melhor). Enquanto isso, o time deve direcionar seus 22M de cap space e escolhas de draft para resolver o outro enorme problema da equipe: linha ofensiva. O Cardinals teve uma das três piores OLs da NFL em 2013, com NENHUM dos seus lineman terminando o ano com uma nota positiva (per ProFootballFocus). O mercado de LTs está muito interessante (Eugene Monroe, Brandon Albert ou Jared Veldheer seriam ótimas adições), e embora só um LT não iria salvar essa péssima linha ofensiva, é um bom começo. Um desses jogadores ainda iria deixar um bom espaço salarial, e o time poderia pegar jogadores a custos menores ou mesmo no draft para pelo menos completar os cinco titulares que precisa. Uma linha competente pode significar mais tempo e calma para Palmer no pocket, e isso pode ajudar bastante mesmo que o time não arrume um QB novo.

O Cards tem outras áreas de necessidade - um outro safety, um pass rusher e um TE quebra-galho sendo as principais - mas o time consegue se virar bem com o que tem e jogadores baratos nessas posições. QB não deve mudar, então vamos ver se o Cards mergulha de cabeça no mercado para transformar sua linha e tentar derrubar Niners e/ou Seahawks.


Saint Louis Rams

Por mais que seja irônico dizer isso sobre um time 7-9 que nem chegou perto de ir aos playoffs, o Rams foi o grande vencedor da NFL entre os times que não foram aos playoffs. E eles devem isso a Robert Griffin.

Quando o Redskins trocou para subir no draft e pegar RG3, parte do pacote que foi para Saint Louis foi a 1st pick deles em 2013. E com RG3 jogando muito mal e o Redskins terminando como o segundo pior time da liga, isso significa que o Rams agora tem a 2nd overall pick do draft além da sua própria, e um núcleo muito interessante que deu um passo a frente em 2013 (você não pode culpar o Rams por jogar na NFC West). Por isso podemos falar que o Rams se deu muito bem saindo de 2013 apesar do pouco espaço salarial (10M).

Os planos para a 2nd pick do Rams é o que vai determinar a direção da sua offseason. É uma posição que pode dar ao Rams o offensive tackle que eles tanto querem (Greg Robinson sendo o principal candidato, mas não durma em Jake Matthews) para reforçar sua eternamente problemática linha ofensiva e dar ao recém-descoberto Zac Stacey um companheiro para lhe abrir o caminho nas corridas, mas também é uma posição de alto valor em um draft com um jogador como Jadeveon Clowney ou seus três QBs "principais". Não sei exatamente qual seria o mercado por essa pick, mas se Clowney passar de Houston vai ter muito time de olho em uma troca, ou mesmo times intermediários (Vikings, principalmente) buscando subir para garantir seu QB, então o Rams pode trocá-la, acumular ativos como tem feito e ir atrás de uma maior variedade de talentos. É difícil dizer realmente porque acho que nem o Rams sabe, eles vão seguir a correnteza e decidir o que é mais vantajoso na hora, mas é o foco dessa offseason.

O Rams não é um time muito completo em termos de talento, mas eles defintivamente tem jogadores de muito potencial - futuro ou presente. Ofensivamente, com um sólido tackle (acho que é o que eles pegarão, com a 2nd pick ou trocando para descer), Jake Long e os decentes guards da equipe (especialmente se Roger Saffold voltar, e deveria) o time parece ter uma linha ofensiva estabelecida, e Zac Stacey mostrou muita promessa como um RB titular ano passado. Tavon Austin foi uma grande decepção como WR, mas se mostrou extremamente dinâmico com a bola nas mãos e um ataque criativo pode fazer bom uso dessa habilidade, embora para um QB ele não seja tão útil como alvo confiável. E defensivamente, Robert Quinn explodiu como um dos melhores defensores da NFL e sólido candidato a DPOY, e com Chris Long e Kendall Langford o Rams parece estável com uma das melhores linhas da liga. Mas fora isso, o time ainda enfrenta questões: a não ser que Austin evolua muito como WR puro nessa offseason, o time continua sem alvos confiáveis para seu QB, e embora uma evolução de Alec Ogletree e um 2014 melhor de James Laurinaitis possam solidificar um pouco o miolo da defesa (uma aposta, btw, já tem dois anos que Laurinaitis não vem bem), a secundária ainda é um enorme problema se Janoris Jenkins continuar sem mostrar evolução alguma. 

Por isso não vejo como um problema que o time tenha não decidido mudar de rumo com um QB novo, dispensando o caro e improdutivo Sam Bradford. O time fez um ótimo trabalho acumulando ativos e jovens jogadores, e está em posição de adicionar pelo menos mais dois na primeira rodada esse ano, mas ainda não tem o time completo para disputar a fortíssima NFC West. O time faz bem em não ter pressa, e a não ser que o time veja algum QB sobrando na 2nd pick que acredite que venha a ser um franchise QB, o time deve continuar juntando seus talentos jovens até achar o jogador certo. E sendo assim, as vezes vale mais a pena um último ano para ver se Sam Bradford desponta de vez do que se apressar e draftar um QB só para competir logo quando o resto do seu time não está pronto. Não que o Rams não seja HOJE um sólido time, competitivo e dando trabalho para os fortes da NFL, mas não sei o quanto seu teto estaria limitado hoje pela falta de WRs e de secundária - dois problemas que será difícil adereçar sem o cap space hoje. Não é fácil ter paciência na NFL, mas o Rams tem feito um bom trabalho misturando paciência para acumular ativos com um time sólido dentro de campo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário