Por isso me parece uma boa hora para olhar para falar sobre o Draft. Claro, nós já falamos bastante sobre o assunto: tivemos o meu tradicional
Running Diary, contando os eventos e minhas reações a primeira rodada do Draft; e tivemos uma coluna explicando sobre
qual a melhor forma de se avaliar e pensar um Draft, bem como os melhores times da NFL usam isso para se manter no topo.
Então para encerrar a nossa cobertura e virar a página de vez para a temporada 2014 da NFL, vamos passar pelos 32 times da NFL com comentários rápidos sobre o que foi bom e o que não foi do seu Draft. Semana passada, fizemos alguns
comentários sobre o Draft de cada time da AFC. Hoje, é a vez dos times da NFC receberem os elogios... ou não.
Dallas Cowboys
O Draft do Dallas Cowboys foi um difícil de ser julgado, e que gerou reações ambíguas. Por um lado, é inegável que a equipe conseguiu dois bons jogadores nas suas primeiras escolhas.
Zack Martin e
Demarcus Lawrence são dois jogadores que eu gostava e que preenchem necessidades imediatas da equipe: Martin chega pra resolver de uma vez por todas a instabilidade na linha ofensiva de Dallas junto de
Tyron Lannister Smith, e Lawrence é o pass rusher que o time precisa desesperadamente depois de perder
Demarcus Ware e Jason Hatcher nessa offseason. Então são boas adições para a equipe, sem dúvida alguma.
Por outro lado, quando observamos o contexto do Cowboys, vemos algumas decisões curiosas. Em primeiro lugar, Dallas precisa urgentemente de defesa, em um nível desesperado: eles tiveram a terceira PIOR defesa de 2013, e isso foi antes de perder seus DOIS melhores jogadores na offseason. Não é preciso de muito para perceber que a defesa de Dallas tem tudo para ser uma das piores da NFL e que precisa urgente de reforços, mas apesar disso, a equipe optou por usar sua escolha mais alta em um jogador de linha ofensiva. Martin solidifica essa linha, mas tinha um abismo absurdo entre as necessidades na linha ofensiva e na defesa, e Martin era o quarto tackle a sair do Draft. Uma escolha por um jogador defensivo faria muito mais sentido, e por isso foi estranho ver a equipe indo em outra direção.
Mas a gritante necessidade por um defensor pesou, e o time acabou trocando com o
Redskins para subir na segunda rodada e pegar Lawrence. Mas o custo foi caríssimo, sua escolha de segunda rodada E uma de terceira rodada, 40% a mais do que a escolha valia. Esse overpay veio, claro, pela enorme necessidade de um defensor, que poderia ter sido evitada com uma escolha mais esperta na primeira rodada. E considerando que Dallas é um time com problemas de profundidade e que tem enormes dificuldades de contratar jogadores por causa da sua horrível situação salarial, parece ainda mais importante para Dallas manter suas escolhas de Draft como forma de conseguir trabalho bom e barato, ao invés de ficar dando escolhas de graça por ai para justificar seus erros. Em resumo, o Cowboys saiu com dois bons jogadores que devem ajudar a equipe desde o primeiro dia, mas a um custo exagerado, que nos deixa imaginando que a equipe poderia ter feito melhor com o que tinha em mãos.
Washington Redskins
Ir para o Draft sem a sua escolha de primeira rodada sempre é doloroso. Ver essa escolha acabar sendo a #2 em um excelente Draft... é ainda pior. Guerras foram travadas por muito menos.
Sabendo sobre esse valor perdido e sabendo também que precisava dar um jeito de recuperar parte desse valor, a equipe inteligentemente desceu na segunda rodada para roubar uma escolha de terceira rodada extra do Cowboys, o tipo de troca esperta que um time nessa situação deve fazer. Foi um bom valor, e adequado ao contexto.
O problema é o que o Redskins fez com essas escolhas.
Trent Murphy foi um grande reach na segunda rodada, provavelmente ainda poderia ser pego na terceira (Skins tinha duas escolhas ainda) ou até mesmo na quarta, e
Spencer Long (um Guard vindo de uma lesão no joelho que pode perder a temporada e deveria cair para o final do Draft) foi uma péssima escolha na terceira rodada. Ganha algum desconto porque eu achei
Morgan Moses na terceira rodada uma excelente escolha e pela troca com o Cowboys, mas só. Um ano para esquecer.
Philadelphia Eagles
Eu realmente não gostei nem um pouco da escolha de primeira rodada do Eagles, que gastou a #26 escolhendo
Marcus Smith, um OLB que alguns tinham saindo na terceira rodada e foi um gigantesco reach nessa altura. Para ser justo, o Eagles provavelmente estava de olho em
Brandin Cooks na #22, então quando o
Saints trocou para subir e pegar Cooks na #20, o Eagles perdeu seu alvo (tanto que trocou para descer). Mas isso não justifica essa escolha.
Mas pelo menos o Eagles compensou isso escolhendo muito bem no resto das rodadas.
Jordan Matthews foi um ótimo valor na segunda rodada, e
Josh Huff é um ex-jogador de
Chip Kelly que encaixa muito bem no esquema tático da equipe - pegar um WR era uma necessidade depois de perder
DeSean Jackson, e o Eagles saiu com dois muito bons e a ótimos valores. Eles também fizeram bem pegando o CB
Jaylen Watkins na quarta rodada, e Kelly achou mais um de seus ex-jogadores no Oregon na quinta rodada (
Taylor Hart). Todas boas escolhas. A verdade é que primeira escolha foi muito abaixo do esperado, mas o time foi impecável depois e saiu do Draft com jogadores nas principais áreas de necessidade.
New York Giants
O Giants teve um sólido - ainda que não espetacular - Draft, e embora a primeira escolha da equipe pudesse ter levado o time em uma direção diferente (mas não necessariamente melhor), é difícil achar algo para criticar ou elogiar muito nessa noite.
Beckham Jr foi uma escolha interessante, e a escolha que poderia talvez ter colocado o Draft da equipe um nível acima. Ninguém nega a necessidade do Giants por um WR, e vários analistas (inclusive eu) gostavam muito de Beckham Jr, mas não da para se perguntar se, com um Draft tão profundo em WRs e sendo OBJ um jogador tão parecido com
Victor Cruz, o NYG não poderia ter ido em outra direção com essa escolha. Não que a escolha tenha sido ruim ou um valor fraco, longe disso, mas com tantos times querendo subir de olho em OBJ, me pergunto se essa foi a melhor opção da equipe. Talvez um OT ou um defensor fizessem mais pela equipe (ou uma troca para descer).
Não que isso fosse fazer o Draft melhor, mas seria diferente. O Giants usou suas demais escolhas para adereçar outras necessidades, como linha ofensiva e defensiva, nenhuma tendo sido um problema nem de grande destaque. A escolha de
Andre Williams (RB) me foi particularmente interessante, dados os problemas na posição em 2013 e o baixo valor gasto (quarta rodada). Sólido, ajuda em algumas posições carentes, mas não me parece o tipo de Draft que vá mudar o destino da franquia.
Green Bay Packers
Green Bay deu bastante sorte quando
Ha Ha Clinton-Dix caiu no colo deles, um jogador que é ao mesmo tempo um excelente valor no final da primeira rodada, um jogador que preenche uma necessidade imediata na equipe e alguém que melhora a equipe desde o primeiro dia. Se você fosse desenhar um "melhor cenário possível" para GB antes do Draft começar, provavelmente seria esse.
O Packers também achou bons valores no resto do Draft, especialmente
Davante Adams (um bom WR que encaixa bem no seu esquema tático). Eles foram atrás de suas necessidades (um TE, um DT e um LB eram as maiores) entre as rodadas 3 e 4, e ainda tiveram como apostar em alguns WRs no final do Draft. Poucos times tem feito um trabalho melhor achando WRs no miolo do Draft como Green Bay (sim, jogar com
Aaron Rodgers ajuda), e um dos dois pode explodir. Um bom e inteligente Draft ajudado pela sorte de Dix cair até eles na primeira rodada.
Chicago Bears
Um Draft um pouco esquisito, um time que não pareceu prestar muita atenção na questão do valor de cada escolha, saindo com alguns jogadores que foram escolhidos antes do que deveriam... e ao mesmo tempo não pareceu prestar tanta atenção nas maiores necessidades da equipe.
Kyle Fuller claramente foi uma escolha por necessidade, um sólido CB e uma ajuda muito necessária a uma secundária, mas que foi um reach e que não faz tanto sentido com
Clinton-Dix e Calvin Pryor - dois jogadores mais bem cotados e que jogam em uma posição muito mais carente para Chicago - ainda disponíveis. Também foi estranho ver Chicago fazendo dois reachs diferentes na segunda e terceira rodada para pegar dois DTs depois de encher sua linha defensiva de jogadores na offseason: a equipe já conta com
LaMarr Houston, Jared Allen, Willie Young, Shea McCLellin, Stephen Paea, Jay Ratliff, Israel Idonije e Ego Ferguson, mais jogadores do que lugares disponíveis na linha, então é muito estranho ver o Bears usando suas escolhas de segunda E terceira rodada para mais dois DTs, e dois jogadores que deveriam cair um pouco mais.
Eu até gostei da escolha de Fuller, acho que a secundária de Chicago vai ser um problema enorme em 2014 e que foi uma boa forma de se antecipar a isso, mas com tantas outras necessidades significativas (em particular safety e linebacker, talvez até mais de um jogador em cada posição), achei que Chicago pouco fez para resolver a questão usando as escolhas de segunda e terceira rodada em dois jogadores de uma posição de menor necessidade (a não ser que Chicago esteja planejando usar uma linha defensiva com oito jogadores como sua defesa base) e cujo valor não correspondia muito bem a escolha utilizada. Um safety só foi escolhido no final da quarta rodada, e nenhum LB foi selecionado. Chicago é um bom time que investiu pesado na última offseason, então é compreensível que tenham se encontrado em uma posição onde poderiam arriscar um pouco mais nos jogadores que gostavam, e por isso não digo que foi um Draft ruim. Foi só estranho.
Detroit Lions
Talvez a mais importante mudança de Detroit tenha sido na offseason, a de técnico. Mas eles continuaram esse trabalho admiravelmente na noite do Draft, mostrando flexibilidade e bom discernimento.
Eric Ebron, um TE extremamente versátil, não era a prioridade da equipe, mas reforçar o ataque era e Ebron é uma ótima adição que complementa muito bem Golden Tate e Megatron, e uma boa escolha uma vez que
Justin Gilbert já estava indisponível.
Kyle Van Noy também fez muito sentido, um sólido jogador que preenche uma necessidade e que é um grande amigo da primeira escolha de 2013,
Ziggy Ansah (nunca subestime o impacto que esse tipo de coisa pode ter em um jogador jovem como Ansah), e
Travis Swanson foi uma boa escolha para dar profundidade a linha ofensiva e eventualmente substituir
Dominic Raiola. Três boas escolhas nas três primeiras rodadas.
Se existe uma crítica a ser feita aqui, é que o time pouco fez para adereçar seu grande problema na secundária, talvez a grande necessidade da equipe - o Lions só achou ajuda para a posição na quarta rodada com
Nevin Lawson. Mas olhando a cada escolha, é difícil criticar o Lions por não estar empolgado com as opções disponíveis na secundária e ir atrás de jogadores melhores e mais valorizados com suas escolhas, esperando até achar um CB que realmente gostavam. Achar soluções para suas maiores necessidades é sempre importante no Draft, mas precisa ser balanceado com diversos outros pontos, e embora a falta de um CB possa voltar para assombrar a franquia em 2014, eles fizeram um trabalho muito bom saindo com ótimos talentos nesse Draft.
Minnesota Vikings
O Draft do Vikings apresentou alguns altos e baixos, mas o time saiu com tanto talento e com acertos tão marcantes que não tem como não achar que a equipe saiu muito bem desse ano, e enfim com a Franquia bem encaminhada.
A principal escolha, é claro, foi a de
Teddy Bridgewater com a escolha #32. Teddy foi considerado, por dois anos, o melhor QB dessa classe, um Franchise QB capaz de entrar e jogar de cara, experiente em ataques profissionais e ler defesas, com uma capacidade sobre humana de
escapar da pressão e ainda concluir jogadas. Ele terminou muito bem sua carreira em Louisville e parecia tão bom quanto sempre foi... até que, em algum ponto entre o fim da temporada e o Draft, alguns olheiros decidiram que não gostavam mais dele e que esses dois anos de atuações excepcionais mostrando todo esse talento de nada valiam, e ele começou a cair absurdamente em diversos Mock Drafts, com outros QBs com muito menos histórico de sucesso de repente aparecendo como prospectos mais bem cotados. No entanto, lembrem-se disso: em nenhum momento essa campanha da mídia e de alguns olheiros apaga os dois anos que Bridgewater mostrou ser um excelente QB, tanto que ao final do ano os principais avaliadores sérios de Draft da NFL ainda tinham Bridgewater como o melhor QB do Draft, caindo por questões de percepção de valor.
Então sair com um QB desses é sempre bom para um time como o Vikings, que tem problemas imensos com a posição desde que
Brett Favre foi interceptado no final de conferência de 2009. Mas conseguir pegar o melhor QB desse Draft com a última escolha da primeira rodada é um golpe de mestre, possivelmente a melhor escolha desse Draft inteiro. E para Minnesota - um time que tem uma ótima fundação ofensiva, bons alvos, uma linha jovem e promissora e um dos melhores RBs da história da NFL - faz todo o sentido achar um QB sólido e inteligente como Bridgewater. Ótimo talento, ótimo encaixe e um valor espetacular. Só essa escolha já valeria o Draft inteiro.
Eu particularmente não fui fã da outra escolha de primeira rodada do Vikings.
Anthony Barr era um bom prospecto, mas me pareceu um pequeno reach na escolha #9, e não acho que o cru pass rusher de UCLA faça muito sentido na defesa 4-3 do Vikings no momento. Ele não me parece um bom encaixe nem um bom valor a esse ponto, e acho que Minny ainda vai se arrepender dessa escolha. O Vikings também merece algumas críticas por ter falhado em resolver seu grande problema defensivo (MLB) e não ter adereçado mais os WRs em um Draft de grande profundidade e onde a equipe tinha 10 escolhas, e não no sentido "Não usou escolhas altas nisso, mas podem ser perdoados se não acharam nenhum jogador que valesse a pena", e sim que eles ignoraram completamente e passaram os três dias sem escolher UM jogador dessas posições.
Mas entre Bridgewater e as boas escolhas intermediárias que fez (algumas boas apostas em jogadores que encaixam bem na equipe, como
David Yankey, Antone Exum e Kendall James), o saldo sem dúvida é positivo, e o Vikings pode ficar mais otimista indo para o futuro.
New Orleans Saints
O Saints não tinha muitas escolhas para trabalhar esse ano, e ficou com ainda menos quando fez uma troca bem ruim com o
Arizona para subir sete posições na primeira rodada (ao custo exagerado de uma escolha de terceira rodada) para pegar
Brandin Cooks. Eu adoro Cooks e acho que vai ser um ótimo WR na NFL, entendo que a troca era para pegar Cooks antes que o Eagles o fizesse na #22, e faz sentido o Saints ir atrás de mais armas para seu ataque. Mas colocando em contexto, os problemas aparecem: esse era um Draft extremamente profundo em WRs, e sem dúvida o time teria outras oportunidades de pegar outros bons recebedores sem precisar jogar fora uma valiosa escolha de terceira rodada, ainda mais valiosa considerando a situação salarial o Saints, a necessidade por mais profundidade e a falta de escolhas que a equipe tinha no ano. Além disso, parte do sucesso do Saints ofensivamente vem da sua capacidade de achar peças importantes sem gastar escolhas altas para isso, confiando no gênio de S
ean Payton e em seu QB Hall of Famer. Então um overpay por um WR na primeira rodada faz menos sentido para o Saints do que para qualquer outro time, especialmente dadas as circunstâncias do Draft (poderiam ter tranquilamente escolhido
Marqise Lee ou Kelvin Benjamin na #27, se quisessem). Eu adoro o jogador e gosto do encaixe, mas o preço a pagar foi alto e desnecessário demais.
Fora isso, o Saints pouco fez para se destacar com as poucas escolhas que lhes restavam. Apostaram em jogadores de alto potencial mas muito crus e ainda distantes da NFL, como o CB
Stan Jean-Baptiste e o LB
Khairi Fortt. Essas escolhas podem parecer ótimas em alguns anos, mas não passam segurança e dificilmente fazem o time melhor no curto prazo. E mesmo assim, o Saints falhou em adereçar seu outro emergente problema na linha ofensiva, não conseguindo então grandes valores nem resolver seus maiores buracos. Não foi um bom uso de uma quantidade limitada de recursos por parte do Saints.
Atlanta Falcons
Eu sei que o Falcons queria um pass rusher como
Mack ou
Clowney, e que
Greg Robinson era o OT mais bem cotado do Draft. Mas para mim,
Jake Matthews era o jogador perfeito para o Falcons, um time bem montado e maduro que já quer voltar aos playoffs o quanto antes. Matthews é o encaixe perfeito, um jogador muito experiente e pronto para entrar e jogar que vai solidificar desde o primeiro dia a linha ofensiva. Ele vai proteger
Matt Ryan, e sua versatilidade permite que ele jogue do lado esquerdo (para enfim proteger o lado cego de Ryan) ou do lado direito (caso o Falcons queira insistir com
Sam Baker na esquerda), dando ao Falcons um número muito maior de opções. Eu adoro essa escolha.
Ra'Shede Hageman foi uma mais complicada, um jogador talentoso de muito potencial que foi um bom valor na segunda rodada, mas que é um encaixe mais difícil em um time que não tem desenvolvido tão bem seus jogadores de defesa e que precisa de ajuda imediata... embora valha reforçar, um bom valor no #37 e que tem o potencial para ser um All-Star, faz sentido considerando as opções disponíveis. Eu também gostei muito da aposta em
Dez Southward, um jogador que cobre uma necessidade imediata de safety e que encaixa bem no elenco. Um sólido uso de suas principais escolhas, e embora as críticas de que o Falcons não fez muito para adereçar sua principal fraqueza (pass rush) sejam justas sem um grande retorno de valor, achei que foi um Draft inteligente dadas as circunstâncias de cada escolha (a escolha mais questionável das três primeiras foi Hageman, mas não tinha um bom pass rusher disponível no #37) e a falta de opções claras para o pass rush.
Carolina Panthers
Todo mundo falou muito sobre a falta absoluta de alvos para o Panthers, e sobre como eles precisavam usar esse Draft para resolver esse problema. Mas com a enorme profundidade na posição e a aposentadoria de
Jordan Gross, a linha ofensiva me parecia uma necessidade muito mais urgente, especialmente um LT. E apesar de diversas oportunidades para conseguir o OT que precisavam, o Panthers ignorou todas elas e fez muito pouco para adereçar uma linha ofensiva que pode ser um problema em 2014, usando apenas uma escolha de terceira rodada em um Guard e mais nada. Isso depois de ter usado a escolha de segunda rodada em
Kony Early, um valor interessante na segunda rodada mas que dificilmente vai ter espaço imediato na excelente linha defensiva da equipe. Entendo a idéia de reforçar a profundidade e pensar em um projeto para desenvolvimento futuro, mas com extensões milionárias para
Luke Kuechly e Cam Newton vindo ai, acho que era muito mais importante resolver os problemas imediatos da franquia e brigar por um título enquanto seus principais jogadores ainda são baratos e lhe oferecem uma vantagem competitiva.
E embora fizesse sentido que o time fosse atrás de um WR, a abordagem deles foi esquisita.
Kelvin Benjamin é um bom jogador, mas é bastante cru e não me parece o encaixe ideal para o braço forte mas pouco preciso de Newton, especialmente com jogadores como
Jordan Matthews e Marqise Lee ainda disponíveis (e provavelmente disponíveis ainda mais abaixo). Além disso, o time não usou nenhuma escolha depois da primeira rodada em um WR, não usando nem sequer uma escolha de sexta rodada para adicionar profundidade ou possíveis talentos para a posição apesar da absoluta carência (draftando ao invés disso um RB que eles não precisam). Isso seria aceitável se tivessem usado suas escolhas intermediárias e tardias em bons valores, mas nem isso foi o caso: uma foi usada em um RB desnecessário, e as outras duas em dois DBs que pouca gente via como um bom valor aonde foram pegos. Considerando as gritantes necessidades por WR e OT nesse Draft, é difícil gostar da forma como o Panthers usou o final das suas escolhas, mesmo com uma necessidade por DBs. Péssimo uso das escolhas, péssimos resultados, um Draft para esquecer.
Tampa Bay Buccaneers
Depois de ter investido muito pesado (e com bom sucesso) na sua defesa na offseason, faria todo o sentido se o Bucs se voltasse para o ataque no Draft, ataque esse que parece ser o fator limitante do potencial da franquia para 2014. Então não foi nenhuma surpresa quando o Bucs usou todas as suas seis escolhas de Draft em jogadores de ataque. E o melhor: usou-as muito bem.
Mike Evans caiu para o Bucs na escolha #7, um "melhor cenário possível" para Tampa que ficou feliz em adicionar um segundo WR grandalhão para fazer par com
Vincent Jackson. Eles também aproveitaram para pegar
Austin Seferian-Jenkins na segunda rodada, outro jogador que deve ser titular e reforçar o corpo de recebedores da equipe.
Charles Smith (RB) e
Kadeem Edwards (guard) também fazem bastante sentido para um time que precisa de profundidade nas posições. Um Draft com poucas escolhas espetacularmente complexas ou criticáveis, simplesmente um excelente uso pontual de suas escolhas para resolver suas necessidades mais urgentes associada a uma pequena sorte de ver os jogadores certos caírem até eles duas vezes.
San Francisco 49ers
Quer saber porque
Trent Balkee é um mago dos Drafts? Veja o que ele fez esse ano: San Francisco entrou no Draft precisando de um terceiro WR, e munido de muitas escolhas de Draft, o que fez muita gente pensar que o Niners era um grande candidato a trocar para subir em busca de um jogador que queriam. Mas quando a oportunidade certa não apareceu e Odell Beckham Jr saiu do Draft mais cedo do que o antecipado, o Niners desistiu de trocar, usou sua escolha de primeira rodada em
Jimmy Ward (uma escolha muito boa em um safety capaz de jogar de nickel - uma necessidade da equipe - e que provê profundidade para um time com dois safeties com histórico de lesões) e, depois da primeira rodada, trocou uma escolha de quarta rodada de 2015 para o
Bills em troca de
Stevie Johnson, o WR que eles tanto queriam. No segundo dia, o Niners tinha a escolha #56, mas
assaltou trocou a escolha para o
Broncos junto de uma escolha de sétima rodada em troca da escolha do Broncos na segunda rodada (#63), uma escolha de quinta rodada, e uma escolha de quarta rodada de 2015. Em seguida, o time pegou essa escolha #63 e a escolha de quinta rodada recebida... e trocou com o
Dolphins pela #57 para pegar
Carlos Hyde, o melhor RB do Draft. Então se você acompanhou, na prática o Niners desceu UMA posição na segunda rodada (#56 para #57) e cedeu uma escolha de sétima rodada para pagar a troca que fez por um Steve Johnson, um WR que teve três temporadas seguidas com 1000+ jardas e 7+ TDs e tem apenas 27 anos. Esse é o uso perfeito das escolhas de Draft .
Tendo garantido seu WR praticamente de graça e achando o jogador para a secundária que queria, e sem outros grandes buracos no time, o Niners pode se dar ao luxo de fazer o que bem entendesse no Draft. E claro, o fez perfeitamente: uma troca para descer da escolha #61 para a terceira rodada em troca de uma escolha extra, ainda conseguindo pegar o melhor C do Draft e um jogador que queriam desde o começo (
Marcus Martin); roubou
Chris Borland, o segundo melhor MLB do Draft e um clone do
Zach Thomas que encaixa perfeitamente na sua defesa (especialmente com
NaVorro Bowman voltando de lesão), na terceira rodada; pode se dar ao luxo de gastar sua terceira escolha de terceira rodada em
Brandon Thomas, um guard com potencial de Pro Bowl que caiu por conta de uma lesão no joelho... e francamente, usou todas as suas demais escolhas em jogadores que ao mesmo tempo apresentam um ótimo valor e um enorme potencial.
Eu teria preferido um pouco mais de agressividade para subir na primeira rodada e garantir um CB como
Jason Verrett ou Marqueze Dennard, mas tirando isso, é difícil ter um Draft mais perfeito do que SF teve. Mesmo sem escolhas altas, eles conseguiram suprir suas duas necessidades maiores, pagar uma troca por um ótimo veterano com suas próprias escolhas, e ainda sair com o melhor RB, melhor C, melhor FB, possivelmente o melhor G e segundo melhor MLB do Draft, além de enormes escolhas de alto potencial. Dadas as escolhas que cada time possuía, nenhum time fez mais com elas do que o 49ers.
Arizona Cardinals
O Cardinals fez uma coisa que eu adoro e que sempre defendo que os times façam: se não tem uma escolha clara para você na sua escolha de primeira rodada, então troque para descer e acumular outros ativos, ao invés de pegar um jogador que não justifique o valor. Foi o que o Cardinals fez, descendo da escolha #20 para a #27, ganhando uma escolha extra de terceira rodada no processo. Eles usaram a escolha #27 para pegar
Deone Bucannon. Bucannon foi um reach no #27, era considerado o quarto melhor safety do Draft e uma escolha de segunda rodada, mas considerando que você já tirou um enorme retorno da sua escolha com a troca para descer, não tem problema fazer um reach como esses, especialmente em um jogador como Bucannon, um jogador físico que complementa muito bem
Tyrann Mathieu no esquema tático do Cardinals.
Eles complementaram essa boa decisão achando jogadores que encaixam bem na equipe e significam ajuda imediata, como
Troy Niklas (um TE bem completo) e
Josh Brown (que pelo menos deve ajudar nos retornos, e é um bom WR de velocidade). Também gostei muito da escolha do DE Kareem Martin na terceira rodada, não é o jogador que eles mais precisavam, mas encaixa bem no esquema tático e é um bom valor.
A única questão aqui é que o time não solucionou a questão do QB, uma necessidade menos urgente para o curto prazo, mas ainda assim uma necessidade. O Cards escolheu
Logan Thomas na quarta rodada, mas é extremamente improvável que um QB que completou apenas 55% dos seus passes na NCAA (com 39 interceptações em três anos) tenha algum futuro na NFL. Mas um problema menor no que foi, em geral, um Draft muito bom e muito inteligente, que foi esperto na hora de manipular o valor das escolhas, e saiu com bons jogadores que preenchem necessidades e encaixam bem no esquema da equipe.
Saint Louis Rams
O Rams teve muita sorte antes mesmo do Draft começar, quando a temporada abismal do
Redskins deu a Saint Louis a escolha #2 de bandeja. Com sua própria escolha bem colocada (#13), o Rams parecia pronto para ter um excelente Draft.
Mas todo mundo sabe que ter um bom Draft antes dele começar não necessariamente significa que ele vai ser bom quando terminar - você ainda precisa acertar suas escolhas, tomar boas decisões, e fazer o máximo com o que tem nas mãos. E o Rams fez tudo isso muito bem, ele aproveitou a condição prévia (a escolha alta extra), incorporou isso ao seu plano, e saiu do Draft como um grande vencedor. A escolha do Redskins acabou virando
Greg Robinson, um imenso e fortíssimo OT que ainda é cru demais para jogar de LT... mas tudo bem, porque
Jake Long ainda está em Saint Louis, o que permite que Robinson se desenvolva sem pressa enquanto ocupa outra posição (guard ou RT) que ele pode dominar mais facilmente com suas habilidades naturais.
Mas a melhor escolha mesmo foi a de #13,
Aaron Donald. O Rams tem uma sólida linha defensiva, e melhorá-la não era prioridade... mas quando Donald caiu no colo deles, ele foi demais em termos de valor e talento para deixar passar. Ele é uma força destrutiva no meio da linha que é perfeito para Saint Louis, e se a linha era boa antes, agora ela é uma força da natureza que tem tudo para ser a melhor da NFL. Mesmo que DT não fosse uma necessidade, a equipe identificou o melhor valor e o jogador disponível que mais teria condições de ajudar no curto e longo prazo, e portanto foi uma escolha perfeita.
No restante do Draft, Saint Louis manteve o bom nível, achando reforços importantes para a secundária (o versátil
Lamarcus Joyner e o sólido
Maurice Alexander) e sem cometer nenhum erro digno de nota. A quantidade de talento é impressionante, adereçando áreas importantes e reforçando outras de forma dominante. Foi um excelente Draft por esse ponto de vista. Minha única crítica é não ter buscado um WR em um Draft tão profundo quando seu grupo de recebedores é péssimo, mas é uma crítica menor.
Seattle Seahawks
Seattle foi campeão do Super Bowl ano passado, e um dos motivos para isso foi o enorme sucesso que o time teve achando talentos em rodadas tardias e desenvolvendo jogadores menos cotados. Então faz sentido a postura da equipe de descer no Draft enquanto acumulava escolhas tardias, e leve com um grão de sal tudo que eu disse que não pareceu uma boa decisão pelo resto da coluna. Se existe um time com o benefício da dúvida na NFL hoje, é o Seahawks.
Mas que as decisões foram confusas e meio absurdas, elas foram. As trocas para descer, ainda que boas, não trouxeram enormes retornos em valor, e quando o time usou a escolha de fato, parecia sempre pegar um jogador que era uma escolha horrível:
Paul Richardson seria um tremendo reach na segunda rodada para qualquer time, com muitos jogadores ainda melhores disponíveis, e
Justin Britt não devia sair até a quarta rodada para muitos. É verdade que WR e OT eram duas posições que eram necessidades, mas dava para ter feito muito melhor em termos e valor.
O Draft inteiro foi mais ou menos assim, com trocas para descer e jogadores sendo escolhidos muito antes do que seu valor de mercado indicaria. Normalmente isso seria um Draft muito questionável, mas provavelmente é mais um time que tem se destacado pelo seu reconhecimento de talentos e fantástico desenvolvimento confiando no seu taco. Eles merecem o benefício da dúvida, mas hoje, antes da temporada começar, foi um Draft muito fraco.