Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Jimmy Garoppolo e o dilema de encontrar um quarterback

Mirou no WR, acertou em nossos corações

Essa é uma coluna que eu escrevi semana passada para o site Pick Six, a pedido de um amigo. Eu acabei achando a coluna tão interessante que pedi para postar aqui também. Ela fala um pouco sobre os caminhos e as dificuldades para times acharem seus QBs na NFL; como o 49ers encarou essa situação ao longo do último ano; o que significa a troca do time por Jimmy Garoppolo - e se ele é o QB que o time procurou para seu futuro.

Os números da parte final estão, claro, desatualizados por causa do jogo de domingo, mas tudo que aconteceu na vitória do 49ers sobre o Titans só reforça o sentimento e as avaliações passadas em todo esse texto.

Então trouxe a coluna para cá também. Espero que gostem, e não deixem de prestigiar o trabalho do Pick Six, e de seguir o site no Twitter e/ou Facebook!

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Existe uma questão que praticamente todo time da NFL que passa por uma reconstrução precisa cedo ou tarde responder. E a resposta para essa pergunta, muitas vezes, pode determinar o sucesso ou fracasso de um período inteiro de reconstrução, e definir o futuro da franquia.

Como conseguir o seu quarterback para o futuro?

Querendo ou não, a posição de QB é de longe a mais importante do futebol americano, e muitas vezes o diferencial entre o sucesso e o fracasso. Existe um motivo pra 90% dos vencedores do prêmio de MVP sejam quarterbacks. Então se você é um time ruim que quer ser bom, a melhor forma de atingir essa virada – e, talvez mais importante, de garantir que essa virada seja sustentável no médio e longo prazo – é conseguir acertar em cheio no jogador que você escolhe para comandar o ataque da sua franquia. Times como Jets e Texans tentaram se reconstruir muitas vezes nos últimos anos, mas sem achar uma solução para a posição, sempre dependeram de um sucesso pontual em meio a diversos anos decepcionantes (o Texans, claro, parece enfim ter encontrado seu QB). Browns nunca conseguiu uma reconstrução em parte por nunca ter achado o seu quarterback. Times como o Jaguars – que deve finalmente voltar aos playoffs esse ano e está 9-4 – podem conseguir um bom ano atrás de uma dominante defesa apesar de começar com Blake Bortles de titular, mas pense em quantos anos não foram desperdiçados de boas defesas em Jacksonville, Chicago, Saint Louis (RIP) e Minnesota nos últimos anos devido à incerteza na principal posição do jogo.

Então times que estão em reconstrução precisam, em algum momento, encarar essa mesma questão e decidir de onde vão tirar o quarterback para chamar de seu. E, como todo jogador, existe três formas de se adquirir um: por troca, pelo Draft, ou assinando um agente livre. E o pior, ou talvez mais interessante, é que não existe uma resposta certa. Todos os três meios tem seus prós e contras, e não existe uma maneira segura de garantir que seu time vai encontrar uma solução para os próximos 10 anos. GMs inteligentes em reconstruções são os que mantém as três vias abertas e manipulam seus ativos de forma a maximizar suas chances, e se colocam assim em uma boa situação para aproveitar as oportunidades que aparecem.

O Draft costuma ser a via mais utilizada por tais times em busca de um Franchise QB, o que faz bastante sentido. Times em reconstrução costumam ser ruins e ganhar poucos jogos, o que significa que escolhem perto do topo do Draft com frequência – o lugar onde costumam se encontrar os melhores QBs. Dos 32 QBs “ideais” para começar de titular nesse ano para as franquias da NFL, 20 deles foram selecionados na primeira rodada, e 5 outros na segunda rodada. Uma escolha alta no Draft é, em tese, a melhor maneira de garantir que esses jogadores estejam no seu time.

Outro benefício de encontrar esse jogador no Draft é que isso garante a você 5 anos baratos para a posição mais cara do time, economizando assim um valioso dinheiro que pode ser usado em outras posições importantes (Russell Wilson, escolha de 3ª rodada, é o melhor exemplo disso: durante 4 anos o Seahawks teve seu Franchise QB ganhando 1 MM por ano, e pode gastar esse dinheiro para ir na free agency contratar estrelas e renovar com seus melhores jogadores, montando assim a espinha dorsal do time campeão de 2013). Escolher um QB jovem no Draft também significa que esse jogador estará na mesma "linha do tempo" do resto do seu elenco.

Mas o Draft também é de certa forma uma loteria. O índice de acertos não é grande o suficiente para essa ser uma opção de baixo risco, e escolher o QB errado no topo do Draft é uma coisa que pode atrasar sua reconstrução em anos enquanto a franquia fica comprometida com um QB ruim. O Rams escolheu Sam Bradford, não deu certo, e demorou 8 anos até voltar a ser um time competitivo. Titans, Jaguars e Vikings escolheram Jake Locker, Blaine Gabbert e Christian Ponder no mesmo Draft, e demoraram anos para se recuperar da decisão. O Broncos parece ter errado feio com Paxton Lynch, e agora tem talvez a pior situação de QBs da NFL segurando o que deveria ser um ótimo time. E, para compor o problema, tem o seguinte: muito do sucesso no Draft envolve a forma como os times desenvolvem os jovens talentos que adquiriram, e um time em reconstrução normalmente não tem grandes peças para colocar em volta de um jovem QB e auxiliar seu desenvolvimento (pense Alex Smith, escolha #1 de 2005, com os 49ers), o que pode diminuir as chances de sucesso de uma escolha desse tipo. É uma opção de alto risco.

Buscar esse QB na free agency não tem o mesmo risco, mas também é uma oportunidade infinitamente mais limitada por um simples motivo: Franchise QBs simplesmente não chegam no mercado. A estrutura de salários da NFL – em especial a Franchise Tag – geram incentivos muito maiores para os times manterem suas grandes estrelas, e como QB é a posição mais importante do time, esses são os jogadores que concentrarão os esforços das franquias para manterem. Situações como as de Drew Brees e Peyton Manning são enormes outliers – contextos muito únicos com questões complicadas de lesões para adicionar – que times em reconstrução dificilmente podem prever ou se apoiar como uma estratégia confiável. Os QBs que normalmente se encontram no mercado são os QBs medianos (como Tyrod Taylor ou Jay Cutler) que podem servir na função certa, mas estão longe de serem uma garantia – caso contrário não estariam disponíveis. Certo, Brock Osweiller?

Geralmente os melhores resultados na free agency vêm para times que fazem compras baratas e apostam em um jogador que floresce em um contexto favorável e específico, com o Vikings encontrou esse ano com Case Keenum ou o Cardinals com Carson Palmer. Mas também são minoria, e ambos tiveram sucesso em parte porque encontraram uma situação muito favorável e um time extremamente completo e bem montado ao seu redor, situação que um time ruim em reconstrução dificilmente vai propiciar. Além disso, não é como se fossem apostas de alto índice de sucesso – Keenum foi contratado para ser a terceira opção atrás de Bradford e um Teddy Bridgewater em recuperação, e se o Vikings tivesse a menor ideia de que Keenum iria explodir em Minnesota, com certeza teria oferecido a ele um contrato mais longo que mantivesse-o sob controle da franquia por mais tempo (e a um baixo custo).

Por fim, as trocas são as situações mais imprevisíveis das três. Franchise QBs raramente ficam disponíveis por troca, e os jogadores que ficam muitas vezes são os que enfrentam muitas dúvidas ou que dependiam muito de um esquema tático específico. A melhor situação é algo como aconteceu com Alex Smith – um bom QB “forçado” ao banco por uma opção melhor – e ainda assim são situações que costumam envolver um alto preço, muitas vezes em escolhas de Draft, que um time em reconstrução pode hesitar em pagar sem ser por uma certeza em uma janela que costuma fechar rapidamente. É talvez a opção mais interessante por oferecer maior variedade de situações, e a que os GMs mais precisam estar alertas para aproveitar quando aparece, mas também é uma via bastante escassa.

Então considerando a imprevisibilidade e alto custo da primeira opção, e a baixa oferta das últimas duas, não é de se espantar que tantos times emperrem na dificuldade de achar um bom quarterback para seu time, especialmente um que faça sentido com a timeline do resto do seu elenco. Cometa um erro com a opção errada, e seu time pode se atrasar em anos até voltar a ser competitivo. Deixe passar uma boa opção, e seu emprego estará em xeque com sua cabeça sendo pedida por boa parte da mídia e dos torcedores (como aconteceu com o Browns, por exemplo). É uma situação delicada, uma fina linha entre explorar o máximo de vias possíveis enquanto não compromete os recursos de forma apressada, e saber exatamente a hora (e o custo) certo para se fazer uma aposta. Paciência, pensamento de longo prazo e - sejamos sinceros - uma boa dose de sorte costumam fazer a diferença nessas horas.




A reconstrução do 49ers

O 49ers era um dos times que estava nessa situação no ano passado. Com Jed York finalmente admitindo o erro passado e aceitando que a franquia precisava recomeçar quase do zero, San Francisco dispensou os resquícios da antiga gestão (incluindo seu QB titular, Colin Kaepernick), trouxe um novo técnico e um novo GM, e anunciou sua intenção em enfim focar no longo prazo (a decisão correta com dois anos de atraso). E, claro, parte importante desse processo (especialmente tendo dispensado um QB que te levou ao Super Bowl quatro anos antes) era descobrir quem seria o novo quarterback de uma franquia com uma longa tradição na posição.

E o interessante é que o novo GM John Lynch tinha à sua frente múltiplas opções para tomar na busca pelo novo QB do futuro da franquia, e sendo seu primeiro cargo executivo na NFL, muitas pessoas especulavam se essa falta de experiência levaria Lynch a querer ir para o Home Run logo de cara com alguma grande movimentação nesse sentido. No entanto, Lynch fez aquilo que, a meu ver, foi a decisão mais correta no momento: ele não fez nada.

Com a escolha #2 do Draft, San Francisco estava em boas condições de ir atrás de um QB como Mitch Trubsky ou Deshaun Watson, consideradas as duas melhores opções do ano na posição. No entanto, a avaliação de Lynch era de que nenhum dos dois valeria essa escolha – uma avaliação partilhada por mim e grande parte dos analistas – então Lynch inteligentemente foi na direção oposta, trocando suas escolhas para descer no Draft e acumular seleções extras (como times em reconstrução deveriam fazer).

Enxergando (novamente de forma correta) que não teria à sua disposição como adereçar a questão do QB de forma satisfatória e ao preço certo no momento (e, talvez, que não fosse a hora para isso), o GM do Niners se preocupou em manter as opções em aberto para o ano seguinte. A classe de QBs de 2018 prometia ser bastante intrigante com Josh Rosen e Sam Darnold. As escolhas de Draft extras que Lynch acumulou no seu primeiro recrutamento como GM deram ao 49ers um rico baú de ativos que poderia usar caso quisesse entrar em alguma negociação de troca, ou até para subir no próximo Draft. E, no horizonte, Kirk Cousins estava ameaçando virar free agent depois de dois anos jogando sob a Franchise Tag e múltiplos dissabores com a diretoria de Washington.

Ao invés de tentar resolver tudo de uma vez só, Lynch enxergou no horizonte possibilidades muito melhores se desenhando para ano que vem, e posicionou o time de forma a explorar todas elas conforme fossem aparecendo. Enquanto isso, manteve a pólvora seca: trouxe Brian Hoyer na free agency, um QB veterano que já tinha trabalhado com o novo técnico Kyle Shanahan e iria ajudar a implementar seu esquema tático, e usou uma escolha de terceira rodada (luxo que poderia se dar com tantas escolhas adicionais) em CJ Beathard. Nenhuma das duas era um movimento que fosse provável resolver a posição para o futuro, mas foram dois movimentos de baixo custo que poderiam dar resultados modestos no médio prazo, apostas inteligentes de baixa probabilidade, mas baixo custo – e, afinal, ALGUÉM precisava jogar de QB para esse time.




Lynch faz o sua jogada

Agora todos já sabemos como essa história terminou. Depois de passar boa parte do ano esperando o mercado se desenhar enquanto Beathard e Hoyer não funcionaram como titulares, o 49ers eventualmente acabou enviando sua escolha de segunda rodada de 2018 (um preço bastante em conta considerando que San Francisco tem escolhas extras de segunda e terceira em 2018, rodada graças às trocas do Draft passado) para New England em troca de Jimmy Garoppolo, o promissor QB que não encontrou espaço para jogar graças a um tal de Tom Brady.

O preço de uma escolha de segunda rodada por Jimmy G é bastante modesto comparado ao que New England supostamente estava pedindo ano passado e até no Draft desse ano, que variava entre múltiplas escolhas de primeira rodada ou uma escolha alta de primeira rodada. E isso é um testamente ao quão bem o 49ers jogou o jogo da paciência. A impressão que da, entre tudo que é reportado vindo de Foxborough, é que a vontade de Bill Belichick sempre foi manter Brady E Garoppolo (o que, de certa forma, já é um elogio imenso à capacidade do camisa 10) no time. Belichick tentou caminhar a linha de manter os dois jogadores até que concluiu que não seria possível, e acabou aceitando a proposta do 49ers.

Lynch lidou com a situação de forma perfeita. Se essa troca fosse feita no começo do ano, teria custado bem mais ao 49ers, pois o Patriots ainda estava com a força das negociações e tentando manter os dois QBs. Ao invés disso, Lynch esperou até o momento que o Patriots enfraqueceu sua posição e chegou a um bom acordo com um dos GMs mais difíceis de negociar da NFL.

Claro que o Niners poderia ter simplesmente esperado acabar o ano e tentar pegar Garoppolo então, mas isso também envolveria muitos riscos. New England ainda poderia usar a Franchise Tag em Garoppolo (e nesse caso dificilmente o preço cairia mais), e mesmo se ele chegasse ao mercado, isso significaria que o 49ers teria que entrar em uma provável batalha financeira com outros times interessados, o que aumentaria consideravelmente o preço financeiro do negócio, e aumenta também as chances do Niners NÃO conseguir o jogador. E se conseguisse, provavelmente seria em um contrato longo e muito custoso, para um jogador que o 49ers teria apenas DOIS jogos como titular em New England (ambos ano passado, em um esquema tático diferente e conhecido por “proteger” seu QBs e fazer jogadores medianos parecerem muito melhores) para avaliar. É o tipo de jogada all-in de altíssimo risco que o 49ers deveria evitar (e vem evitando), e trocando por Garoppolo agora não só San Francisco se coloca com todas as cartas para manter o jogador no time no longo prazo por um contrato menor do que daria no mercado, como também San Francisco agora ganha meia temporada para avaliar Garoppolo, seja jogando como titular, seja nos treinos e como se relaciona com a comissão técnica, antes de tomar a decisão se quer apostar seu futuro no jogador.

E o mais interessante é o seguinte: com o contrato expirante de Garoppolo, essa troca em nenhum momento compromete as outras possibilidades para o 49ers de conseguir um QB. Se Garoppolo não fosse bem ou o time avaliasse que não valeria a pena seguir e investir no jogador, San Francisco poderia simplesmente deixar Garoppolo ir embora, aceitar a escolha compensatória pelo jogador (inferior à que o time pagou por ele, sem dúvida, mas um preço que o time pode se dar ao luxo de pagar), e voltar sua atenção para as opções no topo do Draft ou para Kirk Cousins. Isso teria um custo, mas a informação e a posição de força nas negociações adquirida teriam valido a pena, e San Francisco poderia não se comprometer com uma opção sub-ótima, mantendo ainda as opções muito abertas.

Mas, claro, até aqui parece muito improvável que vá chegar a isso.




Jimmy Garoppolo em campo

Dois jogos não fazem uma carreira, sem dúvida. É impossível avaliar um jogador por tão pouco, e mesmo em cinco jogos (a quantidade de jogos que Garoppolo pode ter de titular antes de virar free agent) muita coisa ainda será um mistério. Quase qualquer QB ruim da NFL pode pegar dois jogos da carreira e apontar para eles como sendo uma amostra de que é um bom jogador. Então sempre temos que tomar cuidado para não ler demais em informações de menos.

Mas é humanamente impossível não se empolgar com o que Jimmy Garoppolo está mostrando em suas duas primeiras partidas como titular. Não é a questão da sua produção, embora essa também esteja sendo ótima: 66,7%, 9.0 Y/A, 8,3 AY/A, 645 jardas, 2 TDs, 2 INTs. Seu QBR seria 6º na NFL inteira, e seu DVOA seria #2, logo na frente de Tom Brady. Mas vocês não vão me ver referenciando esses números de novo nessa coluna, simplesmente porque eles não importam. 2 jogos é uma amostra pequena demais, e nenhuma estatística tem valor com uma amostra insignificante dessas. Não são os números que estão enchendo os olhos. É como Jimmy está jogando.

O 49ers teve uma abordagem cautelosa com seu novo QB. Ao invés de jogar Garoppolo no fogo de cara, mantiveram o camisa 10 no banco enquanto ele aprendia o playbook e o Niners esperava sua boa dupla de tackles (Trent Brown e Joe Staley) voltarem do departamento médico. Ainda assim, Jimmy entrou em uma situação bastante complicada após a lesão de Beathard, conhecendo apenas uma parte pequena do playbook, e com um elenco de apoio bem abaixo da média em termos de alvos e linha ofensiva.

E apesar disso, nesses dois jogos Garoppolo mostrou que estava mais do que pronto para o desafio. Apesar do conhecimento limitado do playbook e o pouco entrosamento com o resto do ataque, a simples presença de um QB capaz de ler e executar as jogadas já abriu muito esse ataque. Kyle Shanahan está conseguindo chamar mais jogadas e explorar mais jogadores e movimentações do que jamais conseguiu com Beathard e Hoyer, e o comando sobre esse ataque que Garoppolo já tem é surreal para alguém com tão pouco tempo de casa. Seu entendimento do jogo e da posição permitiu que isso fosse possível, e sua entrada já destravou mais o ataque do que poderíamos imaginar.

Mas o que mais chama a atenção em Garoppolo é sua capacidade de lidar com a pressão. Na semana 14, desfalcado de seu RT e sofrendo pressão em incríveis 47% das jogadas de passe (maior marca da rodada), Garoppolo mostrou todo seu repertório depois de alguns arremessos ruins no começo do jogo. Em parte por sua força no braço, Jimmy tem no seu currículo o arremesso patenteado do Aaron Rodgers em movimento, que consegue lançar a bola com velocidade e precisão impressionantes só com o movimento do pulso, e o QB sabe usar isso muito bem. Ele espera até o último segundo para soltar a bola (e seu lançamento é incrivelmente rápido) e tem a combinação de conseguir sentir e lidar com o jogador de defesa no seu cangote enquanto mantém os olhos na secundária para continuar achando as jogadas, fazendo com que repetidamente vença a blitz em conversões cruciais e transforme situações negativas em ganhos. Nos seus dois jogos como titular (contra duas defesas acima da média) Garoppolo continuou mantendo campanhas vivas com conversões longas em terceiras descidas apesar de jogar com um defensor pendurado nele o tempo todo. Essa é uma das habilidades mais importantes de um QB no nível NFL, e Garoppolo está mostrando ser um dos melhores no negócio.

A verdade é que nesses dois jogos Garoppolo mostrou todas as habilidades que você procura em um Franchise QB. Sua inteligência em campo e sua leitura de jogo são excelentes. Ele consegue jogar em alto nível tanto dentro do pocket como saindo dele. Tem uma excelente precisão e ótima força no braço, e está se mostrando capaz de executar praticamente todos os passes que o ataque de Shanahan exige. Sua capacidade de lidar com a pressão é ainda mais impressionante. E se você acredita que para ser QB na NFL você precisa de uma certa qualidade quase “mística” de incentivar e motivar os companheiros, você não precisa ir muito longe para tropeçar em algum jogador do 49ers derramando elogios sobre o novo QB da franquia. Até agora, Jimmy G parece ser o pacote completo.

Novamente, é importante frisar o quanto dois jogos não servem para fazer uma avaliação exaustiva e completa de nenhum jogador. Nós só podemos avaliar o que nós vimos nesses dois jogos, mas não necessariamente Garoppolo será sempre o que foi neles. Nossa avaliação é limitada a esse respeito, graças a uma amostra pequena.

Mas também é importante lembrar que a avaliação do 49ers sobre Garoppolo não se limita apenas aos jogos. Além do que vemos em campo, o Niners tem Garoppolo nos treinos, aprendendo o playbook, lidando com jogadores e comissão técnica. Essa também é uma valiosa fonte de informações e muito maior e mais rica em qualidade do que nós, observadores externos, podemos captar. E é esse conhecimento agregado que só o Niners possui é o que vai fazer a diferença na hora do time decidir o que fazer com a situação do seu QB para 2018.

Por enquanto, o que podemos dizer é que tudo indica que o 49ers achou o seu QB do futuro, e que ele é realmente muito bom – o tipo do jogador em torno do qual você constrói algo maior. O 49ers até aqui jogou todas as suas cartas com perfeição, maximizando suas avenidas para achar esse jogador, e os primeiros retornos indicam que o time conseguiu cumprir essa complicadíssima tarefa com bastante sucesso.


Ainda temos que ver como o 49ers vai dar os próximos passos nessa situação, e qual vai ser sua abordagem para 2018. Mas é difícil não se animar com o que estamos vendo do casamento entre Garoppolo e Kyle Shanahan, e com uma offseason inteira para se reforçar pela frente (na qual San Francisco deve ter mais salary cap do que qualquer time da NFL tirando o Browns), esse ataque pode começar a fazer barulho muito antes do que o esperado. Dedos cruzados.

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