Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Sete Segundos ou Menos - 08/12

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Are you not entertained?!


Testando um novo formato de coluna essa semana, que eu chamei de Sete Segundos ou Menos - homenagem ao famoso Seven Seconds or Less, o estilo de jogo do Phoenix Suns sob o comando de Mike D'Antoni nos anos 2000 que revolucionou para a sempre a NBA - e nos deu alguns dos mais divertidos times de todos os tempos.

A ideia da coluna Seven Seconds or Less - em teoria - é ao invés de tratar de um único assunto extensivo, tratar de vários assuntos menores, assuntos que não valem uma coluna sozinhos mas que ainda assim são pontos que eu gostaria de discutir. É uma versão basicamente com mini-colunas, condensada em uma só. Vamos ver se o formato funciona.

E se você não acha que essa só é uma desculpa para postar alguns vídeos do meu jogador favorito de todos os tempos (como esse passe mágico para o Grant Hill)... você não me conhece o suficiente.




Vamos a isto.

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1. Philadelphia 76ers, dividindo minutos entre suas estrelas.

Quinta feira à noite, o Philadelphia 76ers foi surpreendido em casa e derrotado por um fraco time do Lakers. No entanto, seria difícil para você adivinhar isso se eu te falasse do quão dominantes foram suas duas estrelas: Joel Embiid anotou 33 pontos, pegou 7 rebotes e deu 6 assistências (e mais 5 tocos), enquanto Ben Simmons teve um Triple Double com 12 pontos, 13 rebotes e 15 assistências. Ambos foram fantásticos na partida e é difícil acreditar que Philly perderia com ambos tão bem.

O problema é que Philly apanhou quando esteve sem suas estrelas. Nos 36 minutos que Embiid esteve em quadra, Philadelphia foi +14 em quadra. E nos 12 que descansou, Philly perdeu para o Lakers por 17 pontos (!!!!). Com Simmons talvez seja ainda pior: +9 quando esteve em quadra, e nos 6 minutos que descansou, o Sixers perdeu por 12 pontos. Philly passou apenas um minuto e meio com ambas as suas estrelas no banco, mas foram minutos desastroso: o Lakers ganhou a "parcial" (ou as parciais) por 11 a 2.

Essa derrota foi um microcosmos de um problema que tem certamente tirado noites de sono do técnico Brett Brown, e de muitos outros técnicos ao longo do tempo na NBA: Qual é a melhor forma de distribuir os minutos das suas estrelas? Em outras palavras, o melhor é usar as duas junto o máximo de tempo possível junto, maximizar a combinação, mas passar mais tempo com apenas os reservas jogando? Ou então distribuir ao máximo os minutos das estrelas para que o banco nunca precise jogar sem nenhuma delas em quadra?

Foi uma questão que durante muito tempo incomodou (e ainda incomoda) times como Clippers (na época de CP3/Blake) ou Wizards, e não existe uma resposta certa. Durante anos o Wizards optou por juntar Wall e Beal, e foi massacrado quando os dois sentavam. O Clippers teve um problema semelhante com Paul e Blake Griffin. E agora chegou a vez do Sixers tomar algumas decisões.

Até aqui, o Sixers tem optado por jogar as suas estrelas juntas o máximo de tempo possível. Dos 605 minutos que Embiid jogou em jogos que Simmons também atuou, 78% deles (472) vieram jogando junto do calouro, e apenas 133 foram como única estrela em quadra - o que da pouco mais de seis minutos por jogo. Simmons jogou mais tempo sem Embiid (mesmo desconsiderando os jogos com Embiid inativo), 250 minutos, mas também é praticamente metade do tempo que passou ao lado do pivô camaronês.

Isso faz algum sentido. Simmons ainda não tem um arremesso fora do garrafão, e jogar ao lado de Embiid - cujo alcance se estica até a linha dos 3 pontos e sempre comanda uma marcação apertada - abre os espaços que Simmons precisa para chegar até o garrafão e aproveitar linhas de passe. Philadelphia tem destruído times quando os dois estão juntos em quadra: nos 472 que Simmons e Embiid jogaram juntos, Philly está +99, com um Net Rating de +9,9.

O outro lado da moeda, entretanto, são os 164 minutos que o Sixers passou em quadra sem Embiid nem Simmons, e esses minutos Philly está com horríveis -52, ou -12,8 Net Rating. Ontem foi um exemplo (até extremo) desse fenômeno, mas a verdade é que Philly simplesmente não tem a criatividade e o playmaking vindo do banco para aguentar muitos minutos sem uma das suas estrelas em quadra. Talvez isso mude com a volta de Markelle Fultz, mas a essa altura parece um long shot confiar na produção imediata da escolha #1 do Draft. E a margem de erro do Sixers não é grande suficiente para sobreviver a minutos dessas unidades.

Talvez seja hora do Sixers começar a usar suas estrelas de forma mais separada. Exceto quando não há alternativa - jogos que Simmons ou Embiid estiverem fora - esses alinhamentos simplesmente não deveriam passar um minuto sequer em quadra para um time que sonha com a pós temporada. Embora o time caia bastante (previsivelmente) com apenas uma das duas estrelas em quadra, não é para níveis tão desastrosos quanto naqueles momentos sem nenhum dos dois: lineups com apenas Embiid tem enfrentado adversários basicamente em um empate (-2 em 162 minutos), e embora as lineups com apenas Simmons tenham números mais problemáticos (-46 em 358 minutos, -5,2 Net Rating), esses números estão "poluídos" pelos 108 minutos que Simmons jogou com Embiid inativo, enfrentando diretamente unidades titulares que não enfrentaria em situações "normais" de rotação. Pegando apenas os minutos que Simmons jogou sem Embiid em jogos que ambos participaram os números não são tão problemáticos, -18 em 250 minutos de quadra. Nenhuma das duas é perfeita, mas é uma maneira de evitar esses minutos desastrosos sem as estrelas em quadra, quando o time se coloca em buracos com muito mais rapidez relativa do que os dois jogadores juntos "tiram".

Um argumento contrário a essa distribuição de minutos seria que, pensando no futuro, é importante dar a Embiid e Simmons o máximo de minutos possíveis juntos para desenvolver o entrosamento, mas é um argumento que não faz sentido considerando que Simmons (que perdeu o ano de calouro com uma lesão no pé) jogou 42 minutos nesse jogo, e Embiid 36. O Sixers está forçando para chegar nos playoffs agora, e pensando nesse sentido, é crucial eliminar esses minutos sem ambos em quadra. Ontem, custou uma vitória ao Lakers. Não foi a primeira vez. E, se continuar acontecendo, não vai ser a última. E, se o Sixers quer mesmo chegar aos playoffs e talvez surpreender alguém, essas são vitórias que podem fazer falta.


2. Giannis Antetokounmpo, pivô

É difícil realmente classificar Giannis Antetokounmpo com uma posição. Ele é um jogador de 2m11 que arma o jogo, protege o aro, e defende 5 posições. Que seja, ele JOGA nas 5 posições! Essa flexibilidade maluca é parte do que faz de Giannis um jogador tão bom, e tão importante para o Bucks. Que posição Giannis é, ou joga, depende muito mais das peças ao seu redor do que de quem ele realmente é, e podem ter certeza que isso vai gerar discussão na hora de votar o All-Star Game ou até os times All-NBA ao final do ano.

Mas a posição que Giannis mais me intriga é jogando como pivô. Não da nem para chamar essas lineups de baixas - Giannis é mais alto do que vários dos pivôs da NBA, tem alcance maior que praticamente todos, e já se mostrou excelente protegendo o aro - mas as formações sem Maker, Henson ou Monroe que Giannis joga como pivô nominal, em geral cercado por arremessadores. O Bucks tem sido, naturalmente, cauteloso com essas formações, especialmente na temporada regular - você não quer expor Giannis a trombadas constantes no garrafão e taxar o físico da sua superestrela sem necessidade. Ao todo, Giannis jogou com pivô apenas 45 minutos na temporada.

Ainda assim, é difícil não ver o que essas lineups tem de atraente. Giannis tem o tamanho e capacidade defensiva para executar o papel de um (bom) pivô do lado defensivo da quadra, então você não precisa sacrificar tanto nesse sentido. E ofensivamente essas lineups com Giannis e arremessadores são impossíveis de se defenderem normalmente: você pode ficar preso mantendo um pivô ou ala de força mais lento em cima de Giannis, o que é a receita para o desastre, ou então tentar esconder isso em um arremessador e tirar o protetor de aro de dentro do garrafão, onde Antetokounmpo faz a grande maioria dos seus pontos - e isso sem entrar no mérito do caos que um time assim cria em situações de transição, quando o adversário precisa em velocidade achar a marcação certa, abrindo assim espaços e criando missmatches que esse time pode explorar. Milwaukee não é um time grande nas alas, então essas formações não teriam muito tamanho, mas compensariam isso com versatilidade e velocidade. No papel, pode ser a base para um ataque extremamente explosivo.

E a boa notícia é que, desde a chegada de Eric Bledsoe (e a partida de Greg Monroe) o Bucks tem dado mais espaço para essas formações com Giannis na posição 5 - dos 45 minutos que Giannis jogou na posição, 21 vieram desde a troca. A lineup com Bledsoe-Brogdon-Snell-Middleton-Giannis já jogou 16 minutos junta, e com bons resultados, incluindo um Net Rating de 3,5 e um Offensive Rating de 121,8 que destruiria o melhor ataque da liga (Golden State) por muito. A mesma formação, mas com Dellavedova no lugar de Bledsoe (a segunda mais usada), também tem igualmente destruído adversários do lado ofensivo da quadra. No jogo recente contra Boston foram essas lineups que colocaram o Bucks de volta no jogo, antes de Boston enfim abrir uma vantagem definitiva no final.

Claro, a amostra ainda é muito pequena, e essas lineups também sofreram bastante defensivamente nesses minutos limitados (a defesa do Bucks é assunto para outro post). Mas é uma formação bastante interessante e promissora, e é muito bom ver Milwaukee começando a ficar mais confortável com essas lineups - e devem ficar ainda mais quando Jabari Parker voltar. Algo para se monitorar ao longo do ano.


3. Houston Rockets destruindo tudo pelo seu caminho

O Rockets deveria ser uma história maior nesse início de temporada, e por algum motivo está escapando ao grande público. Esse time está FANTÁSTICO até aqui: Apenas Boston tem uma melhor campanha (e o mesmo número de derrotas); apenas Golden State tem melhor Net Rating e melhor ataque; apenas Boston e GSW tem melhor RPI. Seu Net Rating é um historicamente excelente 11,3. Eles estão destruindo times a torto e a direito. E, mais assustador, Chris Paul e James Harden estão mostrando um entrosamento excelente ainda muito cedo.

Mas o que é realmente interessante é o quão bom o Rockets tem sido desde a volta de Chris Paul. Foram 8 jogos desde então, e 8 vitórias do Rockets com um net Rating insano de +20.0 por 100 posses de bola. Para referência, o Warriors lidera a NBA com +13.1, que já é um excelente número. Nesse tempo, o Rockets tem a melhor defesa E o melhor ataque da NBA, e suas duas estrelas estão jogando um basquete de outro nível: Chris Paul tem 14 pontos e 10 assistências de média, com 46 FG%, 46 3PT%, e menos de 2 turnovers por jogo. James Harden - que deveria ser hoje o favorito na briga pelo MVP - teve 33 pontos, 8 assistências e 48-43-93 nos arremessos. Claro, é uma amostra pequena e contra um calendário favorável, mas também uma mostra do quão assustador esse time pode ser.

E o que faz de Houston tão bom e tão assustador é sua capacidade de manter o poder de fogo funcionado por 48 minutos sem interrupção. A dupla Harden-Paul dentro de quadra tem sido sólida jogando junta - +6.8 de Net Rating em 173 minutos com ambos em quadra. Uma marca boa, mas não espetacular dado que o Rockets como time tem +11.2 de Net Rating.

No entanto, esse não é o ponto. Ao contrário do Sixers, Mike D'Antoni tem buscado separar mais suas estrelas. Quando elas estão juntas, ótimo: o Houston ainda está chutando bundas. Mas a mágica do Rockets é que, quando um deles sai, o time ainda tem um armador de nível MVP para comandar seu ataque. A gente sabe repetidamente o que Harden é capaz de fazer conduzindo esse ataque do Rockets, especialmente agora que tem mais armas de bom nível (dos dois lados da quadra) do que nunca: O Rockets tem Net Rating de +14,7 quando James Harden está em quadra sem Chris Paul, um número que engloba os jogos que Paul ficou inativo.

Mas esse não é o pulo do gato. O problema é que quando James Harden sai e Paul entra para comandar o ataque no seu lugar, o Rockets tem um Net Rating de... erm... de +32.1. Yep, 32,1. +66 de +/- em 94 minutos. Sim, esse é um número real. Claro que é um subproduto insustentável de uma amostra pequena contra um calendário fraco, mas é só assistir o jogo que é fácil de perceber o quão devastadora é a segunda unidade do Rockets com Paul no comando. Depois de anos jogando seu estilo favorito - ritmo lento, arremessos de meia distância, controle do jogo  - é surreal o quão rápido Paul se adaptou ao ataque de D'Antoni e já tem total controle do jogo por lá. O pace do time com Paul é um dos mais rápidos da NBA, e CP3 está conduzindo esse ataque com perfeição mesmo sendo apenas seu nono (!!!) jogo em Houston. Paul enxerga todos os passes, todas as movimentações, e sabe exatamente o que fazer em todas as situações. Cerque isso com o esquema certo, as movimentações certas, e os jogadores certos, e você vai certamente ter um ataque infernal.

E, acima de tudo, é isso que faz do Rockets tão bom: 48 minutos de inferno ininterruptos (exceto, bem, garbage time... que tem, alias, acontecido bastante), 48 minutos de um armador nível Hall da Fama (e nível alto mesmo dentro do Hall da Fama) comandando um ataque devastador famoso por destruir adversários. Você não vai ter um minuto para descansar até que a vantagem passe dos 20 pontos. Boa sorte tentando acompanhar essa dupla.

Não da, nessa temporada, para falar de Golden State - o time está claramente jogando em terceira marcha e se poupando para os playoffs (existe algum potencial de 2001 Lakers aqui, diga-se de passagem). Nada que virmos até Abril indicará nada do seu nível real. Mas com o Rockets jogando nesse nível, não é absurdo sugerir que esse seja o time mais dominante da liga que vimos até aqui, com a volta de Chris Paul.

Para a pós-temporada, os minutos dos reservas tende a diminuir, e fica mais fácil desmontar um ataque que depende de um jogador só - Houston vai precisar da combinação entre Harden e Paul mais do que dos minutos que as estrelas jogam separadamente. Até lá, é importante que as formações com CP3 e Harden estejam no seu melhor nível. Mas por enquanto, esse time é forte o suficiente, e tem talento suficiente, para varrer a temporada regular sem deixar vestígios, enquanto nós apreciamos um dos times mais divertidos e interessante dos últimos anos.

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