Enquanto não soluciono meus problemas de falta de tempo e falta de um computador (pelo menos um deles será resolvido até o final do mês com certeza, o que já deve melhorar), além de pedir perdão de joelhos aos leitores, o que nós vamos fazer será simples: Analisar os jogadores que foram calouros na temporada 2011 da NFL.
Pra quem não lembra, algum tempo atrás nós fizemos uma análise de como se sairam os Quarterbacks calouros da NFL, comparando o que se falava deles antes do Draft com como eles se saíram e as habilidades que edmonstraram. Falamos de Cam Newton, Andy Dalton e companhia. Quando esse post saiu, muitas pessoas nos pediram posts semelhantes para calouros de diferentes posições. Por fim, depois de muita enrolação e muita dificuldade pra postar, vamos fazer um post com vários calouros de posições diferentes, separados pela expectativa antes do Draft e do dia do Draft em si. Vamos a isto que não sei quando tempo ainda tenho pra escrever. Chega logo, fim do mês!! Prometo que quando chegar, eu volto a postar decentemente. Tenham paciência!
As certezas do dia do Draft
Von Miller, OLB, 2nd pick (1st round), Denver Broncos (8-8)
Antes do Draft, muita gente falava que o Von Miller era o melhor jogador do Draft. Atlético e explosivo, tinha tudo pra ser um grande OLB numa defesa 3-4, usando sua velocidade e explosão pra vir pela lateral e contornar os jogadores de linha ofensiva. Muita gente comparou ele ao Demarcus Ware, dominante OLB do Cowboys, mas pra mim essa avaliação era muito errada. Ware é um jogador muito forte, que usa seu corpo e força física como sua principal arma pra destruir as defesas, enquanto Miller é um jogador muito mais magro, mas bem mais rápido e que ia usar sua velocidade e agilidade pra conseguir colocar pressão.
O Broncos Draftou o Miller com a secunda escolha contra minha vontade (Pra mim um DT permitiria que o time jogasse com uma defesa 3-4, liberando o Elvis Dumervil pra jogar de OLB,onde ele rende mais). Pra mim era mais importante draftar o Marcell Dareus. Mas o Broncos pegou o Miller e teve que viver com os altos e baixos da decisão.
O alto é que, no final das contas, o Miller era ainda melhor do que se supunha. Extremamente rápido e explosivo como anunciado, ele realmente foi uma força pressionando o Quarterback como esperado (11,5 sacks apesar de ter jogado alguns jogos com uma lesão na mão), mas mais do que isso, ele mostrou um jogo muito completo que logo se tornou o pilar defensivo da equipe. Ele mostrou boa cobertura nas jogadas de passe mas, mais importante ainda pra um time que não tinha uma linha defensiva dominante (leia-se muito ruim) , ele foi um monstro contra o jogo terrestre, parou todo mundo que tentasse correr pela lateral, deu tackle atras de tackle antes da linha de scrimmage e foi o líder da defesa.
O lado negativo é que pelo fato dele ser um OLB e não um DT, o time não tinha condições de montar uma linha defensiva forte o suficiente pra defesa jogar na formação 3-4, que pra mim maximiza o poder de fogo da dupla Dumervil-Miller. Com isso, o time teve que jogar na formação 4-3, com o Dumervil de DE, o que não faz com que ele seja desperdiçado mas também não é onde ele rende mais. O Miller até se virou muito bem como OLB nesse esquema, demonstrou suas habilidades contra o jogo terrestre, mas essa dupla numa formação 3-4 seria algo de outro planeta. Mas pra isso acontecer, o Broncos precisa antes de mais nada de algo que lembre uma linha defensiva, consequencia de ter passado o Dareus. Mas eles não ligam, o Miller é um grande jogador, que ancorou uma defesa que jogou muito bem apesar das limitações óbvias e ele realmente era o melhor jogador defensivo desse Draft.
Marcell Dareus, DT, 3rd pick (1st Round), Buffalo Bills (6-10)
Cotado por muitos como a possível primeira escolha do Draft antes do Panthers decidir pelo Cam Newton, o Marcell Dareus caiu até a terceira escolha, e o Bills decidiu pegar o melhor jogador disponível. O Dareus era um DT muito grande e forte, com um bom motor e movimentação, e que eu chamei de "âncora" pela sua capacidade de ancorar uma linha defensiva, ocupar bloqueadores e causar problemas pelo miolo da defesa.
O problema pro Bills é que o melhor jogador do time, Kyle Williams, tem exatamente essas características, e ninguém vai tirar o Williams da sua posição no miolo da linha defensiva do Bills. O que o Bills tentou fazer, portanto, foi adaptar o Dareus ao esquema, colocando ele pra jogar muitas vezes na lateral da linha de DE. Ele não jogou mal, seu tamanho foi valioso tapando buracos e as vezes funcionando pra vencer adversários mais fracos e forçar o QB a se livrar da bola. Mas a verdade é que ele também não esteve tão confortável jogando um pouco fora de posição. Seu enorme tamanho é uma vantagem muito maior no miolo da defesa do que na lateral, ele claramente se mostrou um pouco perdido numa posição onde não tinha jogado antes.
Ao longo do tempo ele até mostrou adaptação e usou seu bom motor pra dominar alguns jogos, mas ele mostrou que é um jogador dominante mesmo quando o Williams machucou e o Dareus jogou no lugar dele no meio da linha. Ai sim seu motor e tamanho fizeram a diferença e ele conseguiu se mostrar um defensor dominante. Acho que a ideia do Bills é continuar insistindo na dupla e tentar desenvolver o Dareus jogando mais pelas laterais da linha como um DE no esquema 3-4. Acho que ele até vai render bem na função, ele teve bons momentos e tem talento de sobra, mas definitivamente não é onde ele rende mais. Mas como o Kyle Williams vive machucando, talvez seja bom ter ele na sombra pra assumir a função. E fato é que a defesa do Bills foi muito melhor quando os dois estavam saudáveis...
AJ Green, WR, 4th pick (1st Round), Cincinnati Bengals (9-7)
AJ Green era considerado o melhor WR do Draft, hands down. Atleticismo, boas mãos, velocidade, altura, salto, controle do corpo e precisão das rotas. Agora podemos dizer é que ele é ainda melhor do que anunciado.
Jogadores com o pacote físico do Green não são raros. O raro é encontrar alguém que além disso tudo saiba usar essas ferramentas e tenha uma cabeça que favoreça o desenvolvimento desse jogo. O Dez Bryant, por exemplo, é muito bom em termos físicos e sabe tirar vantagem dos WRs, mas não tem cabeça e nem inteligência dentro de campo (suas rotas são muito malfeitas). Mas o Green é um jogador extremamente completo, e um dos motivos do Andy Dalton ter jogado com tanto conforto nesse ano de calouro - faz toda a diferença ter um WR que você possa confiar em cobertura dupla E em terceiras descidas. Pra mim, o Green foi o segundo melhor calouro ofensivo do ano atrás do Cam Newton, mas dentro da sua posição talvez ele seja ainda mais dominante. A NFL não viu seis WRs melhores que Green em 2011. E tem tudo pra ser um dos jogadores mais dominantes da Liga nos próximos anos.
Patrick Peterson, CB, 5th pick (1st Round), Arizona Cardinals (8-8)
No ambiente do Draft, temos vários termos diferentes pra designar como um jogador correspondeu em relação às expectativas. Temos os clássicos "bust" ou "steal", mas também temos outro como "late bloomers" (alguém que demora pra atingir seu potencial) ou "stud". Mas precisamos de um termo novo pra determinar jogadores que entram na Liga com enormes expectativas, nunca as atingem, mas também não são fracassos (Pense num Emeka Okafor se você gostar de NBA ou até mesmo na versão 2011 do Alex Smith).
Claro que usar esse termo ainda inexistente pra determinar o Patrick Peterson é um tremendo exagero, afinal ele acabou de terminar o seu primeiro ano na Liga e mostrou potencial pra ser um tremendo jogador. Mas serviria pra descrever como foi seu primeiro ano na NFL muito bem: Chegou com pinta de ser um grande craque desde o começo, o novo Darrelle Revis, o melhor jogador do Draft para muitos (Inclusive pra mim)... Mas começou devagar, tomou muita canseira dos WRs no profissional, e acabou tendo muita gente da mídia falando que ele era muito inferior ao que tinha sido anunciado (porque, afinal, a mídia nunca exagera). Mas com o tempo sua habilidade motora fora de série, sua habilidade na antecipação e capacidade geral para jogar na cobertura nos fizeram lembrar que ele é muito bom e que é simplesmente muito dificil fazer a transição entre ser Cornerback no College e nos profissionais, é raro ver jogadores que já entram e tem sucesso na posição. Ao longo da temporada o Peterson acostumou muito bem à sua posição nos profissionais, conseguiu boas partidas e, ainda que não tenha sido dentro de campo o jogador que muita gente achou que ele ia ser logo de cara, ele mostrou que tem tudo pra vir a ser nas próximas temporadas.
A função que realmente fez o Peterson se destacar, no entanto, não foi a de Cornerback, e sim a de Punt Returner. O Peterson, ao longo do ano, retornou quatro punts pra TD (recorde da NFL empatado com Devin Hester), sendo todos de 80 jardas ou mais (recorde da NFL). Ainda que jogar duas vezes contra o Rams faça esses números subirem (foram dois deles contra o Rams), é uma performance impressionante para um calouro, que o levou ao Pro Bowl. Grande talento, grande potencial. Apesar de não ter mostrado o que esperávemos até agora, tem tudo pra ser um jogador tão bom quanto o anunciado.
As apostas
Julio Jones, WR, 6th Pick (1st Round), Atlanta Falcons (10-6)
O Julio Jones, ainda que fosse amplamente considerado o segundo melhor WR do Draft e um talento top10, foi uma aposta que saiu muito cara para o Falcons. O time de Atlanta trocou duas escolhas de primeira rodada (2011 e 2012), uma de segunda rodada (2011) e duas de quarta rodada (2011 e 2012) pela sexta escolha do Draft de 2011 com o Browns, pra poder pegar o Julio Jones. Ainda que caro, na época, o investimento do Falcons fez sentido: O time tinha saído de uma excelente campanha em 2010 mesmo com seu melhor defensor (John Abraham) machucado, mas que tinha esbarrado nos playoffs na sua falta de um segundo playmaker pra complementar o Roddy White no ataque - o Packers dobrou a marcação em White, forçou Matt Ryan a lançar para os demais recebedores... E o ataque do Falcons se autodestruiu. Por esse motivo, um WR tão promissor como Jones parecia a única coisa entre o Falcons e um time ainda melhor, com ainda mais chances de título que no ano anterior.
Bom, as coisas não foram bem assim para o Falcons em 2011 - Matt Ryan não conseguiu duplicar o sucesso de 2010, a defesa não jogou bem, e várias falhas do time que não tinham aparecido em 2010 foram escancaradas. O Falcons sobreviveu e foi aos playoffs graças a uma tabela muito fácil, mas claramente não jogou bem e foi massacrado pelo Giants nos playoffs anotando apenas dois pontos. Sim, um safety.
A culpa não foi, claro, do Julio Jones. Jones teve alguns jogos excepcionais e outros relativamente apagados. Uma boa parte da sua falta de produtividade em algumas partidas se deveu à temporada fraca do Ryan e da linha ofensiva do time. Mas o Jones também mostrou que as comparações com o AJ Green antes do Draft eram exageradas. Ele mostrou grande velocidade e agilidade, disparava pelo campo sempre que conseguia segurar uma bola, um dos melhores WRs da NFL em jardas após a recepção, mas também mostrou um lado mais cru: Suas rotas não eram tão precisas, ele não tinha grande antecipação e nem era o tipo de jogador que consegue cavar um espaço no meio de uma marcação apertada ou até dupla (como o AJ Green faz parecer fácil, por exemplo). Mas o motivo da troca não ter dado tão certo foi o próprio time do falcons que não estava tão pronto como a gente imaginava, não o Jones jogando mal de alguma maneira. Existem poucos WRs mais explosivos na Liga.
Aldon Smith, OLB, 7th Pick (1st Round), San Francisco 49ers (13-3)
Todo Draft tem pelo menos um jogador que, quando é escolhido, deixa todo mundo pensando algo como "Espera, esse cara não foi escolhido uma rodada antes?" ou "Quem diabos é esse cara??", e nesse Draft foi o Aldon Smith. Smith era cotado como muitos pra sair lá pela 14ª, 18ª escolha, e para alguns não sairia nem na primeira rodada. ~Quando o Niners escolheu ele com a sétima escolha, o sentimento geral era que o Jim Harbaugh tinha surtado no seu primeiro Draft, pegando um jogador muito acima do seu verdadeiro valor com jogadores melhores disponíveis. Uma temporada espetacular e 14 sacks depois... Ahn... É, ele é bom.
Os scouting reports sobre o Smith geralmente concordavam em algumas coisas: Um jogador muito forte e atlético, bastante explosivo, mas que não sabia usar as mãos muito bem, e que precisaria de algum tempo pra se adaptar a jogar como OLB numa defesa 3-4, ao invés de DE numa defesa 4-3 como estava acostumado (São funções parecidas, mas diferentes. A principal diferença possivelmente é que um OLB numa defesa 3-4 começa a jogada de pé, e não com a mão apoiada no chão. Pode parecer pouco, mas faz muita diferença pro impulso inicial), além de que ainda lhe faltavam habilidades mais gerais para a posição de OLB. Mas o que se viu foi um jogador extremamente explosivo, com um excelente motor e que não teve absolutamente nenhuma dificuldade pra sair de uma postura levantada, que sabe usar as mãos com maestria e que nunca desiste de perseguir o adversário numa jogada. Se ele ainda tem algumas deficiências pra se tornar um jogador completo pra posição, ele compensa sendo um dos melhores pass rushers de TODA a NFL. Conseguiu 14 sacks (A apenas meio sack de empatar o recorde de calouros do Jevon Kearse) mesmo jogando apenas algumas descidas por campanha, e sendo titular apenas quando o Ahmad Brooks se machucou.
No final, teve muita discussão sobre quem merecia ser o Defensive Rookie of The Year, entre Miller e Smith. Miller é mais completo, não só é um ótimo pass rusher como também sabe jogar na cobertura e é absolutamente devastador contra o jogo terrestre. Do outro lado, o Smith ainda deixa a desejar na cobertura e não tem ainda experiência pra ser forte contrao jogo terrestre, ele é um jogador mais unidimensional que o Miller... Mas nessa sua dimensão ele é um dos melhores do mundo e, como pass rusher puro, muito melhor até mesmo que o Miller. No que ele faz, ele é o melhor. Já o Miller faz tudo e, por jogar nas três descidas (por causa do seu jogo mais completo), impacta o time de formas mais variadas e em mais jogadas. Os dois melhores calouros defensivos do Draft sem dúvida, e Smith acabou sendo um jogador muito melhor do que esperado.
Os steals do Draft
Brooks Reed, DE/OLB, 42nd Pick (2nd Round), Houston Texans (10-6)
Eu podia comentar do DE JJ Watt, Draftado pelo Texans em 11th Overall e que é um excelente jogador - muito forte, consegue dar voltas tanto por dentro como por fora da linha e sempre parece aparecer quando o time precisa de uma jogada defensiva - mas quem me chamou a atenção mesmo foi o Brooks Reed, draftado na segunda rodada e com muito menos pompa que o Watt, mas que jogou ainda melhor. Quando o Mario Williams machucou, o Reed foi quem tapou o buraco jogando de OLB e DE, anotou seis sacks até o final da temporada, correu por três, executou todo o trabalho sujo pra facilitar a vida do Brian Cushing e do Watt, e foi o principal responsável por tapar o buraco deixado pelo Pro Bowler. Talvez o que tenha feito tanto sucesso foi a combinação dos dois: JJ Watt e Reed, o Watt pelo meio com sua força e o Reed com sua versatilidade. Não é um steal tão grande assim, mas jogou mais do que seu status no Draft indicava. Grande achado.
DeMarco Murray, RB, 71st Pick (3rd Round), Dallas Cowboys (8-8)
Eu sempre digo que avaliar Running Backs é a tarefa mais ingrata da história do Draft. O College é muito melhor pra RBs, que enfrentam jogadores mais fracos e lentos, que jogam menos fechados que na NFL, e é muito dificil separar que talento vai ser levado pro nível da NFL e qual não vai ser. Por exemplo, entre os melhores RBs da NFL temos jogadores draftados no top 5 (Adrian Peterson) e jogadores não Draftados (Arian Foster). Temos muitos jogadores chegando com pompa na Liga, draftados com escolhas altas, que somem na Liga (CJ Spiller), e outros que chegam como resíduo e que se destacam (LeGarret Blount, Fred Jackson). Se avaliar talentos saindo do College é uma ciência muito inexata, avaliar RBs é a mais inexata de todas elas.
E lá está DeMarco Murray, pouco comentado antes do Draft, que sai na terceira rodada pra um time que tem Felix Jones e Tashard Choice. Murray ficou o banco, jogou pouco e quase não se destacou, até que o Jones estourou o joelho e Murray começou de titular na sétima semana. O resultado? 253 jardas e um recorde da história do Cowboys. Nos jogos seguintes, Murray continuou destruindo tudo e todos: Foram 74 jardas (em 8 carregadas, absurdas 9.3 jardas por carregada) na semana seguinte, depois 140 e 136 antes de acalmar o fogo, especialmente quando voltou o Felix Jones de lesão. Quando ele finalmente machucou o pé e perdeu o resto da temporada, todo mundo já estava pensando "Que diabos, como nós deixamos passar esse cara??". Mas eu já disse, avaliar RBs é dificílimo. Eu acho mais absurdo ainda ninguém ter pego o Arian Foster, mas enfim.
O problema é que as vezes é difícil cravar alguma coisa sobre um calouro que jogou pra valer só cinco jogos, destruiu em três, foi bom em um, mediano em outro, e depois estourou o pé. Ele pode ser realmente um monstro nível Arian Foster, mas tem muita pouca amostra pra poder falar com certeza, e precisamos também ver como ele vai render quando as defesas começarem a se ajustar a ele (Corte para Jeremy Lin concordando com a cabeça). Mas pelo que mostrou até agora, pelo menos, vale o entusiasmo, porque ele quebrou o recorde de jardas pra um jogo da Franquia que teve Emmit Smith e Tony Dorset (e o recorde do Eric Dickerson pra mais jardas de um calouro nos primeiros jogos como titular). A companhia, pelo menos, é muito boa. Vamos ver como ele volta depois dessa lesão que acabou com sua temporada, dessa vez como titular desde a offseason.
Os não Draftados
Doug Baldwin, WR, Seattle Seahawks (7-9)
Apenas um jogador calouro não draftado, na história da NFL, liderou seu time em jardas recebidas e recepções na temporada, e foi o Doug Baldwin, do Seahawks. E ele fez isso jogando com o Tarvaris Jackson, é incrível que ele tenha conseguido receber bolas. Não é exatamente comum, mas também não é uma grande raridade quando algum jogador não draftado se destaca (Arian Foster, Miles Austin, LeGarrett Blount... Kurt Warner...). O Baldwin acabou aproveitando muito bem a chance, se destacou como um alvo grande e atlético e se destacou num ataque meio confuso, mas que tinha outros recebedores consagrados (Zach Miller, Sidney Rice) e outros promissores (Golden Tate). Agora que o Matt Flynn chegou (Post sobre isso ainda essa semana se tudo der certo - leia-se se meu computador funcionar) o Baldwin pode se tornar um alvo mais importante pro time, porque... sabe... o Flynn sabe lançar a bola pra frente.
Sterling Moore, CB, Oakland Raiders/New England Patriots
Sterling Moore teve um único momento relevante na sua temporada de calouro. Que foi tirar das mãos de manteiga do Lee Evans o passe que resultaria num touchdown do Ravens nos segundos finais da Final da AFC e que teria dado a vitória ao Ravens, levando o time de Baltimore ao Super Bowl (onde eles teriam a chance de fazer uma das maiores justiças da história da NFL: O Baltimore Ravens ganhando um título em Indianapolis, a cidade que roubou o Baltimore Colts). Ao invés disso, Evans não segurou a bola e Moore derrubou a bola o chão, Billy Cundiff errou um FG tosco e o Patriots foi pro Super Bowl.
E sim, o fato do Patriots estar contando com um calouro não Draftado na jogada mais importante da temporada resume o que você precisa saber sobre o Patriots de 2011.
Ao longo do tempo ele até mostrou adaptação e usou seu bom motor pra dominar alguns jogos, mas ele mostrou que é um jogador dominante mesmo quando o Williams machucou e o Dareus jogou no lugar dele no meio da linha. Ai sim seu motor e tamanho fizeram a diferença e ele conseguiu se mostrar um defensor dominante. Acho que a ideia do Bills é continuar insistindo na dupla e tentar desenvolver o Dareus jogando mais pelas laterais da linha como um DE no esquema 3-4. Acho que ele até vai render bem na função, ele teve bons momentos e tem talento de sobra, mas definitivamente não é onde ele rende mais. Mas como o Kyle Williams vive machucando, talvez seja bom ter ele na sombra pra assumir a função. E fato é que a defesa do Bills foi muito melhor quando os dois estavam saudáveis...
AJ Green vai dar um beijinho de amigo na bola
AJ Green, WR, 4th pick (1st Round), Cincinnati Bengals (9-7)
AJ Green era considerado o melhor WR do Draft, hands down. Atleticismo, boas mãos, velocidade, altura, salto, controle do corpo e precisão das rotas. Agora podemos dizer é que ele é ainda melhor do que anunciado.
Jogadores com o pacote físico do Green não são raros. O raro é encontrar alguém que além disso tudo saiba usar essas ferramentas e tenha uma cabeça que favoreça o desenvolvimento desse jogo. O Dez Bryant, por exemplo, é muito bom em termos físicos e sabe tirar vantagem dos WRs, mas não tem cabeça e nem inteligência dentro de campo (suas rotas são muito malfeitas). Mas o Green é um jogador extremamente completo, e um dos motivos do Andy Dalton ter jogado com tanto conforto nesse ano de calouro - faz toda a diferença ter um WR que você possa confiar em cobertura dupla E em terceiras descidas. Pra mim, o Green foi o segundo melhor calouro ofensivo do ano atrás do Cam Newton, mas dentro da sua posição talvez ele seja ainda mais dominante. A NFL não viu seis WRs melhores que Green em 2011. E tem tudo pra ser um dos jogadores mais dominantes da Liga nos próximos anos.
Essa foto é legal demais pra virar piadinha
Patrick Peterson, CB, 5th pick (1st Round), Arizona Cardinals (8-8)
No ambiente do Draft, temos vários termos diferentes pra designar como um jogador correspondeu em relação às expectativas. Temos os clássicos "bust" ou "steal", mas também temos outro como "late bloomers" (alguém que demora pra atingir seu potencial) ou "stud". Mas precisamos de um termo novo pra determinar jogadores que entram na Liga com enormes expectativas, nunca as atingem, mas também não são fracassos (Pense num Emeka Okafor se você gostar de NBA ou até mesmo na versão 2011 do Alex Smith).
Claro que usar esse termo ainda inexistente pra determinar o Patrick Peterson é um tremendo exagero, afinal ele acabou de terminar o seu primeiro ano na Liga e mostrou potencial pra ser um tremendo jogador. Mas serviria pra descrever como foi seu primeiro ano na NFL muito bem: Chegou com pinta de ser um grande craque desde o começo, o novo Darrelle Revis, o melhor jogador do Draft para muitos (Inclusive pra mim)... Mas começou devagar, tomou muita canseira dos WRs no profissional, e acabou tendo muita gente da mídia falando que ele era muito inferior ao que tinha sido anunciado (porque, afinal, a mídia nunca exagera). Mas com o tempo sua habilidade motora fora de série, sua habilidade na antecipação e capacidade geral para jogar na cobertura nos fizeram lembrar que ele é muito bom e que é simplesmente muito dificil fazer a transição entre ser Cornerback no College e nos profissionais, é raro ver jogadores que já entram e tem sucesso na posição. Ao longo da temporada o Peterson acostumou muito bem à sua posição nos profissionais, conseguiu boas partidas e, ainda que não tenha sido dentro de campo o jogador que muita gente achou que ele ia ser logo de cara, ele mostrou que tem tudo pra vir a ser nas próximas temporadas.
A função que realmente fez o Peterson se destacar, no entanto, não foi a de Cornerback, e sim a de Punt Returner. O Peterson, ao longo do ano, retornou quatro punts pra TD (recorde da NFL empatado com Devin Hester), sendo todos de 80 jardas ou mais (recorde da NFL). Ainda que jogar duas vezes contra o Rams faça esses números subirem (foram dois deles contra o Rams), é uma performance impressionante para um calouro, que o levou ao Pro Bowl. Grande talento, grande potencial. Apesar de não ter mostrado o que esperávemos até agora, tem tudo pra ser um jogador tão bom quanto o anunciado.
As apostas
Antes de virar jogador, Julio Jones estrelou o papel de Predador no cinema
Julio Jones, WR, 6th Pick (1st Round), Atlanta Falcons (10-6)
O Julio Jones, ainda que fosse amplamente considerado o segundo melhor WR do Draft e um talento top10, foi uma aposta que saiu muito cara para o Falcons. O time de Atlanta trocou duas escolhas de primeira rodada (2011 e 2012), uma de segunda rodada (2011) e duas de quarta rodada (2011 e 2012) pela sexta escolha do Draft de 2011 com o Browns, pra poder pegar o Julio Jones. Ainda que caro, na época, o investimento do Falcons fez sentido: O time tinha saído de uma excelente campanha em 2010 mesmo com seu melhor defensor (John Abraham) machucado, mas que tinha esbarrado nos playoffs na sua falta de um segundo playmaker pra complementar o Roddy White no ataque - o Packers dobrou a marcação em White, forçou Matt Ryan a lançar para os demais recebedores... E o ataque do Falcons se autodestruiu. Por esse motivo, um WR tão promissor como Jones parecia a única coisa entre o Falcons e um time ainda melhor, com ainda mais chances de título que no ano anterior.
Bom, as coisas não foram bem assim para o Falcons em 2011 - Matt Ryan não conseguiu duplicar o sucesso de 2010, a defesa não jogou bem, e várias falhas do time que não tinham aparecido em 2010 foram escancaradas. O Falcons sobreviveu e foi aos playoffs graças a uma tabela muito fácil, mas claramente não jogou bem e foi massacrado pelo Giants nos playoffs anotando apenas dois pontos. Sim, um safety.
A culpa não foi, claro, do Julio Jones. Jones teve alguns jogos excepcionais e outros relativamente apagados. Uma boa parte da sua falta de produtividade em algumas partidas se deveu à temporada fraca do Ryan e da linha ofensiva do time. Mas o Jones também mostrou que as comparações com o AJ Green antes do Draft eram exageradas. Ele mostrou grande velocidade e agilidade, disparava pelo campo sempre que conseguia segurar uma bola, um dos melhores WRs da NFL em jardas após a recepção, mas também mostrou um lado mais cru: Suas rotas não eram tão precisas, ele não tinha grande antecipação e nem era o tipo de jogador que consegue cavar um espaço no meio de uma marcação apertada ou até dupla (como o AJ Green faz parecer fácil, por exemplo). Mas o motivo da troca não ter dado tão certo foi o próprio time do falcons que não estava tão pronto como a gente imaginava, não o Jones jogando mal de alguma maneira. Existem poucos WRs mais explosivos na Liga.
Adoro quando alguém da esses abraços de corpo inteiro
no comissário no Draft. O melhor? Darius Miles,
é claro! Mas depois vem essa do Epke Udoh!
Aldon Smith, OLB, 7th Pick (1st Round), San Francisco 49ers (13-3)
Todo Draft tem pelo menos um jogador que, quando é escolhido, deixa todo mundo pensando algo como "Espera, esse cara não foi escolhido uma rodada antes?" ou "Quem diabos é esse cara??", e nesse Draft foi o Aldon Smith. Smith era cotado como muitos pra sair lá pela 14ª, 18ª escolha, e para alguns não sairia nem na primeira rodada. ~Quando o Niners escolheu ele com a sétima escolha, o sentimento geral era que o Jim Harbaugh tinha surtado no seu primeiro Draft, pegando um jogador muito acima do seu verdadeiro valor com jogadores melhores disponíveis. Uma temporada espetacular e 14 sacks depois... Ahn... É, ele é bom.
Os scouting reports sobre o Smith geralmente concordavam em algumas coisas: Um jogador muito forte e atlético, bastante explosivo, mas que não sabia usar as mãos muito bem, e que precisaria de algum tempo pra se adaptar a jogar como OLB numa defesa 3-4, ao invés de DE numa defesa 4-3 como estava acostumado (São funções parecidas, mas diferentes. A principal diferença possivelmente é que um OLB numa defesa 3-4 começa a jogada de pé, e não com a mão apoiada no chão. Pode parecer pouco, mas faz muita diferença pro impulso inicial), além de que ainda lhe faltavam habilidades mais gerais para a posição de OLB. Mas o que se viu foi um jogador extremamente explosivo, com um excelente motor e que não teve absolutamente nenhuma dificuldade pra sair de uma postura levantada, que sabe usar as mãos com maestria e que nunca desiste de perseguir o adversário numa jogada. Se ele ainda tem algumas deficiências pra se tornar um jogador completo pra posição, ele compensa sendo um dos melhores pass rushers de TODA a NFL. Conseguiu 14 sacks (A apenas meio sack de empatar o recorde de calouros do Jevon Kearse) mesmo jogando apenas algumas descidas por campanha, e sendo titular apenas quando o Ahmad Brooks se machucou.
No final, teve muita discussão sobre quem merecia ser o Defensive Rookie of The Year, entre Miller e Smith. Miller é mais completo, não só é um ótimo pass rusher como também sabe jogar na cobertura e é absolutamente devastador contra o jogo terrestre. Do outro lado, o Smith ainda deixa a desejar na cobertura e não tem ainda experiência pra ser forte contrao jogo terrestre, ele é um jogador mais unidimensional que o Miller... Mas nessa sua dimensão ele é um dos melhores do mundo e, como pass rusher puro, muito melhor até mesmo que o Miller. No que ele faz, ele é o melhor. Já o Miller faz tudo e, por jogar nas três descidas (por causa do seu jogo mais completo), impacta o time de formas mais variadas e em mais jogadas. Os dois melhores calouros defensivos do Draft sem dúvida, e Smith acabou sendo um jogador muito melhor do que esperado.
Os steals do Draft
Brooks Reed, DE/OLB, 42nd Pick (2nd Round), Houston Texans (10-6)
Eu podia comentar do DE JJ Watt, Draftado pelo Texans em 11th Overall e que é um excelente jogador - muito forte, consegue dar voltas tanto por dentro como por fora da linha e sempre parece aparecer quando o time precisa de uma jogada defensiva - mas quem me chamou a atenção mesmo foi o Brooks Reed, draftado na segunda rodada e com muito menos pompa que o Watt, mas que jogou ainda melhor. Quando o Mario Williams machucou, o Reed foi quem tapou o buraco jogando de OLB e DE, anotou seis sacks até o final da temporada, correu por três, executou todo o trabalho sujo pra facilitar a vida do Brian Cushing e do Watt, e foi o principal responsável por tapar o buraco deixado pelo Pro Bowler. Talvez o que tenha feito tanto sucesso foi a combinação dos dois: JJ Watt e Reed, o Watt pelo meio com sua força e o Reed com sua versatilidade. Não é um steal tão grande assim, mas jogou mais do que seu status no Draft indicava. Grande achado.
DeMarco Murray, RB, 71st Pick (3rd Round), Dallas Cowboys (8-8)
Eu sempre digo que avaliar Running Backs é a tarefa mais ingrata da história do Draft. O College é muito melhor pra RBs, que enfrentam jogadores mais fracos e lentos, que jogam menos fechados que na NFL, e é muito dificil separar que talento vai ser levado pro nível da NFL e qual não vai ser. Por exemplo, entre os melhores RBs da NFL temos jogadores draftados no top 5 (Adrian Peterson) e jogadores não Draftados (Arian Foster). Temos muitos jogadores chegando com pompa na Liga, draftados com escolhas altas, que somem na Liga (CJ Spiller), e outros que chegam como resíduo e que se destacam (LeGarret Blount, Fred Jackson). Se avaliar talentos saindo do College é uma ciência muito inexata, avaliar RBs é a mais inexata de todas elas.
E lá está DeMarco Murray, pouco comentado antes do Draft, que sai na terceira rodada pra um time que tem Felix Jones e Tashard Choice. Murray ficou o banco, jogou pouco e quase não se destacou, até que o Jones estourou o joelho e Murray começou de titular na sétima semana. O resultado? 253 jardas e um recorde da história do Cowboys. Nos jogos seguintes, Murray continuou destruindo tudo e todos: Foram 74 jardas (em 8 carregadas, absurdas 9.3 jardas por carregada) na semana seguinte, depois 140 e 136 antes de acalmar o fogo, especialmente quando voltou o Felix Jones de lesão. Quando ele finalmente machucou o pé e perdeu o resto da temporada, todo mundo já estava pensando "Que diabos, como nós deixamos passar esse cara??". Mas eu já disse, avaliar RBs é dificílimo. Eu acho mais absurdo ainda ninguém ter pego o Arian Foster, mas enfim.
O problema é que as vezes é difícil cravar alguma coisa sobre um calouro que jogou pra valer só cinco jogos, destruiu em três, foi bom em um, mediano em outro, e depois estourou o pé. Ele pode ser realmente um monstro nível Arian Foster, mas tem muita pouca amostra pra poder falar com certeza, e precisamos também ver como ele vai render quando as defesas começarem a se ajustar a ele (Corte para Jeremy Lin concordando com a cabeça). Mas pelo que mostrou até agora, pelo menos, vale o entusiasmo, porque ele quebrou o recorde de jardas pra um jogo da Franquia que teve Emmit Smith e Tony Dorset (e o recorde do Eric Dickerson pra mais jardas de um calouro nos primeiros jogos como titular). A companhia, pelo menos, é muito boa. Vamos ver como ele volta depois dessa lesão que acabou com sua temporada, dessa vez como titular desde a offseason.
Os não Draftados
Doug Baldwin, WR, Seattle Seahawks (7-9)
Apenas um jogador calouro não draftado, na história da NFL, liderou seu time em jardas recebidas e recepções na temporada, e foi o Doug Baldwin, do Seahawks. E ele fez isso jogando com o Tarvaris Jackson, é incrível que ele tenha conseguido receber bolas. Não é exatamente comum, mas também não é uma grande raridade quando algum jogador não draftado se destaca (Arian Foster, Miles Austin, LeGarrett Blount... Kurt Warner...). O Baldwin acabou aproveitando muito bem a chance, se destacou como um alvo grande e atlético e se destacou num ataque meio confuso, mas que tinha outros recebedores consagrados (Zach Miller, Sidney Rice) e outros promissores (Golden Tate). Agora que o Matt Flynn chegou (Post sobre isso ainda essa semana se tudo der certo - leia-se se meu computador funcionar) o Baldwin pode se tornar um alvo mais importante pro time, porque... sabe... o Flynn sabe lançar a bola pra frente.
Sterling Moore, CB, Oakland Raiders/New England Patriots
Sterling Moore teve um único momento relevante na sua temporada de calouro. Que foi tirar das mãos de manteiga do Lee Evans o passe que resultaria num touchdown do Ravens nos segundos finais da Final da AFC e que teria dado a vitória ao Ravens, levando o time de Baltimore ao Super Bowl (onde eles teriam a chance de fazer uma das maiores justiças da história da NFL: O Baltimore Ravens ganhando um título em Indianapolis, a cidade que roubou o Baltimore Colts). Ao invés disso, Evans não segurou a bola e Moore derrubou a bola o chão, Billy Cundiff errou um FG tosco e o Patriots foi pro Super Bowl.
E sim, o fato do Patriots estar contando com um calouro não Draftado na jogada mais importante da temporada resume o que você precisa saber sobre o Patriots de 2011.