Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

Mostrando postagens com marcador Aldon Smith. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Aldon Smith. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Pontos importantes da semana 3 da NFL



Ainda não participou da nossa ultra nerd e ultra divertida promoção de NBA? Não sabe o que está perdendo! Clique aqui e tenha a chance de ganhar um livro massa de basquete - ou pelo menos ter o que fazer nessa offseason!!

---------------------------------------------------------------------------------

Acabou a semana 3 da NFL, uma das mais cheias de surpresas dos últimos tempos, e é hora de fazer nosso tradicional giro pelo que de importante aconteceu nos últimos dias. Para os perdidos de plantão a idéia aqui é a seguinte: isso aqui NÃO é um recap da rodada, e o nosso intuito não é passar por todos os jogos ou falar de todos os jogadores, bons ou não. Outras pessoas podem fazer isso, mais rápido e melhor do que eu, e eu também não acho que isso se enquadre na proposta do blog. A proposta aqui é para dar uma olhada nos fatores, dentro de cada jogo, que são relevantes ao maior cenário da NFL. Vamos olhar a performances que foram importantes mas receberam pouco crédito, fatores pouco observados que estão influenciando alguns pontos importantes, e por ai vai. Então de novo, o objetivo não é passar por todos os jogos e falar alguma coisa relevante: muitas vezes teremos dois ou mais pontos sobre um mesmo jogo, e jogos sem comentário nenhum. 

Curiosamente, em uma rodada cheia de "zebras" e a primeira vitória de um time "underdog" por 10 ou mais pontos na temporada, os dois pontos de maior interesse da semana vieram fora de campo.


A troca mais corajosa da história recente da NFL


Eu confesso que adoro quando trocas acontecem na NFL, especialmente se forem trocas importantes, bombásticas ou polêmicas como essa. Porque? Elas nunca acontecem na NFL, por isso! Em termos de futebol americano, 95% das trocas acontecem no draft e envolvem basicamente só escolhas de draft, algo que é divertido de julgar mas ao mesmo tempo é totalmente insosso e até mesmo desinteressante. Mesmo a maior dos últimos anos, a troca do Redskins para subir e pegar Robert Griffin ano passado (a escolha de primeira rodada dos 0-3 Redskins desse ano pertence ao Rams, btw) foi assunto por algumas horas e depois sumiu. Quando jogadores são trocado, geralmente são jogadores menores e por escolhas menores, que não atraem interesse. Marshawn Lynch foi o melhor RB de 2012 não chamado Adrian Peterson, mas você provavelmente não lembra que ele foi trocado para o Seattle alguns anos atrás por uma escolha de quarta e uma de quinta rodada quando esquentava o banco de Buffalo. Talvez pelo impacto limitado que um único jogador que não seja QB possa ter sozinho hoje em dia, talvez pelos enormes elencos de um time de NFL, ou talvez até mesmo porque na NFL não existe um motivador financeiro relacionado ao tamanho do mercado (como é o caso da NBA ou da MLB), mas fato é que grandes trocas envolvendo jogadores simplesmente não fazem parte da cultura da NFL. Por isso que, quando temos uma, é um grande acontecimento. Especialmente uma envolvendo um jogador que foi a terceira escolha de um draft menos de 18 meses atrás.

A essa altura, você provavelmente já sabe o que aconteceu. Jim Irsay, o meio bizarro dono do Colts que adora chamar a atenção, disse que tinha uma troca "monstro" para anunciar. Da última vez que Irsay fez farol sobre uma contratação, sua equipe trouxe Darius Heyward-Bey, então todo mundo estava realmente cético quanto ao grande anúncio do Colts. Então todo mundo ficou realmente de boca aberta quando Adam Schefter anunciou antes dele que de fato era uma troca importante, com o Colts trocando uma escolha de primeira rodada de draft por Trent Richardson, o RB de Alabama que o Browns tinha escolhido em terceiro lugar no draft de 2012 (logo depois de Andrew Luck e Robert Griffin). Eu não consigo lembrar da última vez que uma escolha tão alta foi trocada tão rápido (tirando claro trocas no próprio dia do draft, como Eli Manning), e realmente foi inesperado: ninguém esperava que Cleveland fosse se livrar tão rápido do que muitos projetavam como seu Franchise RB, e foi um pouco surpreendente um time como o Colts que não parecia ter grandes pretensões para a temporada fazer uma aposta com valores tão altos dessa maneira. Foi sob todos os aspectos uma troca fora do comum, e por isso temos que analisar ela de forma um pouco diferente também. Em uma troca como essa, temos que olhar para mais coisas do que somente ver o impacto disso na prática, envolve todo um processo incomum de tomada de decisões. Então temos que olhar para três pontos diferentes nessa cadeia: primeiro, temos que olhar no que motivou o Browns a querer trocar Richardson, já que sabemos hoje que eles que iniciaram as conversas; depois, olhar para porque o Colts ofereceu essa troca; e por fim, porque o Browns aceitou e aonde isso os deixa.

No primeiro ponto, sobre porque o Browns quis trocar seu RB, a reação mais comum que eu encontrei por ai era de choque. Porque o Browns trocou um jogador tão bom em apenas um ano de time?? Mas a pergunta mais relevante aqui para mim é outra: porque nós temos tanta certeza de que o Trent Richardson é um bom/grande jogador?

A verdade é que o único motivo para acharmos Trent Richardson um bom RB é o fato dele ter sido draftado em terceiro ano passado. Só por causa disso ainda achamos que ele é um jogador valioso como foi dito por ai depois da troca. Abstraindo isso por um instante, quem é Trent Richardson? Um RB que teve uma temporada de calouro mediana, com 3.6 jardas por corrida (Doug Martin, escolhido 28 picks depois, correu para 4.6. Alfred Morris, escolhido seis rodadas e 170 picks depois, teve 4.8), cuja corrida mais longa da carreira foi para 28 jardas e que, desde que estreou na NFL, tem apenas QUATRO corridas de mais de 20 jardas e 16 de mais de 10 jardas. Algumas pessoas tentam defender Richardson culpando a linha ofensiva de Cleveland, o que não é bem verdade: antes da temporada passada, a linha do Browns era considerada sólida e terminou o ano na média ou acima em boa parte das estatísticas avançadas. Se esquecermos de quem estavamos falando e de sua posição no draft, esses são os números e o histórico (curto, claro) de um RB bastante medíocre. E se quiser ir além dos números, é só ver três jogos de Richardson: ele até agora ele não mostrou nem perto da explosão que se esperava, e tem dificuldade de identificar espaços e tomar decisões sobre qual buraco atacar na linha de scrimmage. Ignorando seu status na noite do draft, a amostra (pequena) que temos até aqui indicam que Richardson é apenas um RB mediano.

A decisão do Browns de trocar Richardson claramente indica que, por algum motivo, a diretoria atual (que não foi a mesma que o draftou) não acredita que ele seja o pilar ofensivo que se esperava para o futuro, e que eles queriam aproveitar e conseguir o máximo de valor possível por ele agora (já chegaremos nisso). E talvez esse tenha sido o motivo: eles assistiram e observaram Richardson jogar por tempo suficiente (principalmente em treinos e workouts, algo que eu, você e o Jim Irsay não vimos) para concluir que como RB ele é mediano e que não traria futuro para a equipe. Talvez eles tenham alguma preocupação quanto as lesões que supostamente o incomodaram ano passado, talvez tenham problemas com sua atitude e personalidade, talvez seja um encaixe ruim no que a organização está tentando implementar em termos de jogo, mas fato é que os cabeças da organização concluíram dentro do que eles sabem (e eles possuem muito mais informações sobre Richardson do que o resto da NFL) que Richardson não era o jogador que prometia ser e que levaria esse time para o futuro. De certa forma, eles estão tentando corrigir um erro da organização anterior (que ainda subiu no draft para pegar Richardson sem a menor necessidade), mas não estariam fazendo isso se não tivessem certeza de que conseguiriam por ele muito mais do que ele realmente vale.

(Um ponto interessante levantado pelo Bill Simmons: o atual GM do Browns, Mike Lombardi, escreveu em sua coluna antes do draft daquele ano que Richardson era o terceiro melhor jogador depois de Andrew Luck e Robert Griffin. Então não é como se ele tivesse algum preconceito contra o jogo de Richardson ou simplesmente quisesse se livrar de um jogador importante da organização anterior. Claramente alguma coisa chamou a atenção de Lombardi que o fez acreditar que Richardson não era tudo isso, mas só podemos especular o que.)

Entra o Colts, que imediatamente ofereceu uma escolha de primeira rodada ao Browns quando oferecido o camisa 33. A idéia do Colts era adquirir um talento de primeira rodada imediatamente para ajudar seu time a brigar pelo Super Bowl (sim, essa é a idéia de Irsay), e para isso eles estavam dispostos a abrir mão do seu segundo maior ativo, a escolha de primeira rodada de 2014. O problema com isso é o seguinte: a não ser que seja um talento fora de série como Adrian Peterson, é uma estupidez usar escolhas tão altas de draft em um RB nessa época onde o passe é muito mais valioso do que qualquer outra coisa em um campo de futebol americano. A grande maioria dos times tem tido grande sucesso achando RBs entre o finalzinho da primeira rodada e o começo da terceira, especialmente hoje em dia que os times em geral preferem ter múltiplos RBs com características complementares - ou seja, você simplesmente não usa escolhas altas assim (a do Colts deve cair em torno da metade da primeira rodada, mais ou menos) em um RB que não seja de elite. E Richardson não é, pelo menos até agora, elite. Meu problema com a decisão do Colts é menos com a troca por Trent (afinal, o Colts está em parte pensando também no futuro e que ele possa evoluir, não apenas no que ele mostrou até agora) e mais no preço a ser pago. Hoje em dia, com tantos backfields revezando jogadores, é mais vantajoso buscar RBs na segunda ou terceira rodada e usar suas escolhas mais valiosas em posição de maior impacto, especialmente um com tantos buracos como Indianapolis.

Claro, a impaciência de Indianapolis (que ao invés de esperar o próximo draft saiu trocando valores altíssimos agora) para achar um RB vem da política de Irsay que quer/acredita na capacidade de seu time de competir imediatamente, seja por um título ou só por playoffs. Em outras palavras, esse valor "a mais" pago por Richardson é porque Irsay acredita que com a chegada do seu Franchise RB o time esteja pronto para brigar por coisas maiores. O Colts vem de uma grande vitória fora de casa contra o 49ers, mas também é o time que perdeu em casa do Miami (um bom time) e quase não vence o Raiders, então é difícil acreditar que o Colts esteja de fato a chegada de um RB de competir com times como Broncos, Patriots ou mesmo Bengals pela supremacia da AFC, pelo menos no curto prazo. Então sua opinião sobre a troca do lado do Colts depende da sua crença em duas coisas: se Richardson pode evoluir e se tornar um RB de elite que justifique uma escolha de primeira rodada como Lynch ou Peterson (ou mesmo seja capaz de ser algo semelhante logo de cara) ; e o quão perto o Colts está de realmente competir por grandes coisas só com a chegada de um novo RB. Eu não confio muito em nenhuma das duas coisas no momento, acho que Richardson não mostrou nada que me faça crer que ele seja um RB superior (tanto com seus números como com seu jogo) e não acho que Indianapolis esteja tão perto assim de brigar por grandeza na AFC enquanto não resolver diversos outros problemas (provavelmente ficando naquele 8-8/9-7 que briga pela última vaga dos playoffs), e por isso eu não achei uma boa troca, achei que pagaram caro demais com base numa ilusão. Se trouxeram Richardson e suas 3.6 YPC a esse preço proibitivo, porque não trazer um RB como Willis McGahee (4.4 YPC em 2012) a um valor muito menor para dar uma produção semelhante em 2013, e dai usar uma escolha de segunda ou terceira rodada em um RB (e sua 1st round em um jogador muito melhor que tape uma necessidade muito maior)? A não ser que Richardson acabe se transformando fora de Cleveland (em 2013 e no futuro) para virar um Franchise RB, eu não gosto da forma como o Colts lidou com essa questão - o que não quer dizer que a franquia não seja melhor agora do que era antes. Eu só acho que erraram totalmente na avaliação de valor da posição de RB e da sua escolha de draft.

E para o Browns, aceitar essa oferta foi fácil pelo mesmo motivo: ninguém hoje em dia usa uma escolha tão alta em um RB tão questionável, o que significa que nenhum time iria trocar uma escolha de primeira rodada... até que o Colts aceitou, o que facilitou muito a tomada de decisão. Uma vez que eles concluíram que Richardson não valia o trabalho e que preferiam adquirir mais ativos, o fato de que alguém realmente lhes ofereceu uma escolha de primeira rodada foi praticamente um presente de natal antecipado. Se o Browns esperasse até a trade deadline, o Colts provavelmente não estaria tão desesperado atrás de um RB para vencer agora e o valor de Richardson teria caído ainda mais depois de (supostamente) mais um ano fraco. Então se a idéia era se livrar de Richardson e maximizar o retorno pensando em um draft de 2014 extremamente carregado, eles conseguiram o grande prêmio: nenhum time além do Colts estava tão desesperado a ponto de pagar tanto por Trent, e agora eles conseguiram "de volta" uma escolha de primeira rodada sabendo que poderiam substituir a produção de Richardson em campo com uma escolha de segunda ou terceira rodada. Para o Cleveland, o importante é conseguir finalmente seu QB do futuro, algo que eles tem tido um enorme insucesso conseguindo, e agora - na véspera de um draft particularmente profundo - eles tem duas chances de conseguir atingir seu objetivo. Eles podem montar um pacote muito bom com seu alto número de escolhas de draft para subir até as duas primeiras e pegar Teddy Bridgewater, ou pelo menos ter uma escolha ruim o suficiente para pegar um Aaron Murray ou mesmo Johnny Manziel (e ainda ter uma segunda escolha de primeira rodada para adereçar outras necessidades). Como um time muito jovem e talentoso mas que possui uma fraqueza na posição mais importante de todas, foi uma decisão extremamente corajosa para maximizar suas chances de sair do draft de 2014 com o jogador que iria solucionar esse problema de uma vez por todas.

E por isso ela faz dessa a troca mais corajosa da história recente da NFL: a nova diretoria do Browns (e esperança de um futuro melhor para essa torturada franquia) acabou de trocar o jogador que muitos tinham encarado como a "salvação" do ataque do time para os próximos anos, e o trocou por uma tentativa no futuro de adquirir um Franchise QB que ninguém sabe se virá ou se será realmente bom. Foi basicamente um all-in: se o Browns sair do próximo draft com Manziel ou Bridgewater, tem tudo para voltar a disputar uma vaga nos playoffs e solidificar a posição de QB pelos próximos 10 anos e finalmente colocar esse time cheio de fracassos de volta no bom caminho da NFL; mas se fracassar nessa empreitada ou sair de lá com um QB decepcionante, vai ter jogado fora todo seu moral e apoio da torcida de uma vez por todas e o resultado pode ser irrecuperável. E sinceramente, para uma franquia que há tanto busca sair da lama, eu adorei a coragem de Lombardi e da nova diretoria da equipe! Isso provavelmente significará mais um ano de sofrimento e mediocridade, mas vai ser o time mais interessante da NFL chegando Março.

(Ps. Algumas pessoas me falaram que a troca foi ruim porque o Browns tem errado em suas decisões no draft e tem saido de lá sem bons QBs. Esse é um argumento bem fraco, considerando que é uma diretoria totalmente nova da que trouxe Brandon Weeden e Brady Quinn e que ainda não temos um histórico no draft para nos basearmos)

Nas manchetes, pelo motivo errado


A classe defensiva do draft de 2011 parecia pronta para entrar para a história da NFL em apenas dois anos. Ao final da temporada 2012, esse draft já tinha gerado o melhor pass rusher da NFL inteira (Aldon Smith), o melhor LB da liga (Von Miller) E o melhor jogador defensivo da liga (JJ Watt), sem falar em jogadores como Justin Houston, Ryan Kerrigan, Richard Sherman e Patrick Peterson. Se tudo continuasse como estava, essa classe tinha tudo para ser lembrada como a lendária classe de QBs de 1983, que nos trouxe Jim Kelly, Dan Marino E John Elway de uma só vez. Mas essa semana, dois jogadores dessa classe algum-dia-será-lendária viraram notícia e foco de polêmica pelos motivos errados. E o pior, aconteceu em um espaço de 24h.

A primeira e talvez mais triste notícia envolveu Aldon Smith, OLB do San Francisco 49ers. Smith foi preso após um acidente bizarro, no qual ele teria batido seu carro contra uma árvore na madrugada de sexta feira, sozinho e completamente bêbado. Smith foi preso por dirigir embriagado, e uma busca no seu carro revelou também diversos remédios não revelados para os quais o jogador não teria receita. Considerando que foi o segundo DUI de Smith e mais um problema extra-campo para o talentoso jogador, isso imediatamente chamou a atenção da mídia e da própria NFL para seus problemas, inclusive com muitos comentários chamando a atenção da necessidade de ajuda profissional para o jogador, dado o grande risco que Smith colocou a si mesmo (afinal, ele bateu o carro contra uma árvore!). Depois da partida contra o Colts (na qual Smith jogou mas não teve impacto significante), o 49ers emitiu uma nota dizendo que seu OLB estava entrando em uma clínica de reabilitação para resolver seus problemas de abuso de substâncias e que seria colocado na NFI, ou Non-Football Injury, ficando fora do time por tempo indeterminado. Como isso resultou em um número surpreendentemente grande de perguntas sobre o que isso significa, e um número lamentavelmente grande de pessoas passando informações errôneas ou precipitadas, e portanto acho importante esclarecer essa situação para todo mundo.

Em primeiro lugar, é importante frisar o papel da equipe nessa situação. Pelo novo CBA, o 49ers não tem o direito de suspender (e portanto suspender também os pagamentos) um jogador do seu time por questões fora da organização, uma tarefa que cabe somente a NFL. Da mesma forma, a NFL tem um comitê para monitorar e disciplinar jogadores por conta de problemas com abuso de substâncias (o que aconteceu, por exemplo, com Von Miller nessa offseason), mas nesse aspecto ele era réu primário e não foi pego em um exame antidoping, o que tornava a tarefa da NFL bem mais delicada e difícil. Uma suspensão era provável em algum ponto, mas não era uma situação comum e portanto não tinha exatamente uma solução clara ou "tabelada" para a liga, era o tipo de coisa que precisava ser considerada sob diversos aspectos, inclusive os legais (ou seja, o que a NFL teria ou não legitimidade para usar como base na suspensão, de acordo com o CBA). Foi quando o 49ers indicou que Smith deveria entrar em reabilitação segunda feira, o que de fato aconteceu.

Nesses casos, sempre tem o aspecto humano da questão: Aldon Smith é um ser humano com um problema sério e que precisa de tratamento, aquilo que cansamos de ouvir toda vez que o Adriano fazia uma besteira aqui no Brasil. A questão é que Smith admitiu seu problema e aceitou a internação, um ponto importante pois o time não pode "forçar" o jogador a isso. Com isso, Smith foi colocado na NFI, o que significa que ele continua recebendo salário, mas não conta entre o limite de 53 jogadores do time (o que permite a equipe buscar alguém para ocupar seu lugar no plantel). Vamos falar mais da NFI mais para frente, mas por enquanto a questão é que Smith só pode ser colocado na NFI se for confirmada sua internação, então já é oficial que ele está nesse momento nessa clínica. A idéia, naturalmente, é que Aldon Smith possa tratar da melhor forma possível seu problema e retornar ao time quando os médicos e os cartolas do 49ers acharem que ele está pronto, o que pode demorar um mês ou um ano. Mas de certa forma, o fato de Smith ter aceitado a internação de admitido seu problema já é um avanço tanto na situação pessoal do jogador como na questão burocrática da NFL, já que agora o 49ers pode adquirir um novo jogador e manter Smith no seu time enquanto ele se trata. Isso também provavelmente significa uma vida mais fácil para a NFL, que agora não precisa mais se preocupar tanto em dar uma suspensão ao jogador. O fato dele já perder algumas semanas e ter se internado voluntariamente vai contar a seu favor, e considerando as dificuldades legais da NFL em definir a punição (como dito anteriormente), é menos problemático para a liga também não precisar tomar nenhuma atitude drástica. Uma pequena punição ainda pode acontecer para estabelecer um precedente, mas não será nada muito volumoso ou complexo dadas as circunstâncias atuais.

Por fim, as pessoas perguntam quando Smith pode voltar, agora que está na NFI. A NFI é uma de várias listas que um time pode colocar um jogador para tirá-lo da contagem de 53 jogadores do elenco, mas ela tem uma diferença em relação as outras. Algumas mais famosas como o IR (quando o jogador não volta mais a jogar nessa temporada), IR designated for return (apenas um jogador por time, esse jogador precisa ficar de fora até pelo menos a semana 11 e pode ou não voltar depois), ou PUP (o jogador é obrigado a perder seis semanas, e dai o time tem três semanas para decidir se ativa o jogador ou o coloca na IR) possuem todos um tempo "mínimo" de permanência e possuem regras ditando quando e como o jogador pode voltar a ser ativado, mas no caso da NFI, isso não acontece: o 49ers pode trazer de volta o jogador a qualquer momento que quiser, sem qualquer regra ou consequência. Naturalmente, para o time e para o jogador a questão é que isso seja quando ele estiver apto a voltar para sua vida (pelo menos até o final da temporada), então é totalmente imprevisível: pode ser que em um mês ele faça progressos para voltar, pode ser que não faça até o final da temporada, ninguém sabe, é algo muito pessoal do jogador. As expectativas são de pelo menos um mês fora, mas depende 100% do jogador, nenhuma regra que o impeça de voltar antes ou depois.

Infelizmente, esse caso Aldon Smith acabou obscurecendo um caso ainda mais grave envolvendo outro OLB desse draft, Von Miller. Miller foi suspenso por quatro jogos antes da temporada começar por ter sido pego em um exame antidoping por uso de substâncias proibidas (importante: no caso de Smith e Miller, quando falamos de substâncias proibídas estamos falando de drogas ou de medicamentos, não PEDs como foi o caso de metade do time do Seahawks ano passado), pois já tinha passagem pelo comitê de abuso de substâncias da NFL. O jogador do Broncos decidiu apelar da suspensão, e muita gente ficou surpresa quando ao invés de reduzida, sua pena foi aumentada para seis jogos. Claro que logo começaram as piadas com os advogados do Broncos, mas ninguém entendeu exatamente os motivos que levaram a NFL a aumentar em dois jogos a pena de Miller.

Pelo menos até essa semana, quando foi revelado que Miller tinha conspirado com um coletor oficial de amostras da NFL para adulterar seu exame. Obviamente, essa é uma acusação extremamente séria por dois motivos. Primeiro, enquanto basicamente é uma admissão de culpa no antidoping que levou a esses dois jogos a mais de suspensão, também é um evento criminoso contra as regras da NFL que pode levar a uma nova punição ainda mais severa. Ninguém sabe dizer ao certo se essa nova punição já está imbutida nesses seis jogos de suspensão, ou se estavam apenas juntando evidências para depois iniciar um novo processo contra o jogador, mas se for esse segundo caso a situação pode ficar dramática para um forte candidato ao Super Bowl desse ano. Se for aberto um novo processo dentro da NFL contra Miller, isso provavelmente lhe custaria o resto da temporada dada a gravidade dessa ofensa, então o Broncos pode perder seu segundo melhor jogador durante uma das últimas temporadas da carreira de Peyton Manning. Em outras palavras, Broncos fans, torçam para sua pena já estar incluída naqueles seis jogos.

O segundo problema é bem maior: isso cria uma enorme desconfiança sobre o atual sistema de testes da NFL, já que temos evidências de que um dos supervisores gerais dos testes estavam em conluio com um acusado, obviamente levantando enormes dúvidas sobre a credibilidade dessas pessoas e desses testes. Algumas pessoas insinuam que isso pode levar a NFL a mudar seu sistema de coleta de amostras, enquanto outras acreditam que uma nova investigação pode colocar em xeque diversas amostras anteriores de jogadores acusados (sim, estamos olhando para você, Richard Sherman). Por algum motivo, isso tudo acabou sumindo da mídia que mostrou um interesse muito maior na história de Aldon Smith, talvez porque a NFL prefere assim. Mas enquanto algo a esse respeito não for esclarecido, fica a dúvida sobre o quão significativo foi o impacto dessa descoberta e quais as consequências, tanto para Miller como para uma liga que parecia estar dando passos importantes na direção de apertar o controle de substâncias proibidas, incluindo PEDs.

E além disso, agora temos dois dos melhores jovens jogadores da NFL que podem perder o resto da temporada por conta dessas questões extra-campo, e talvez mesmo até mais tempo depois. Espero que possamos ver os dois de volta aos campos o quanto antes, pois nada é mais triste do que ver esse tipo de coisa minando a carreira de dois talentos fora de série.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Os calouros da temporada 2011 da NFL

Enquanto não soluciono meus problemas de falta de tempo e falta de um computador (pelo menos um deles será resolvido até o final do mês com certeza, o que já deve melhorar), além de pedir perdão de joelhos aos leitores, o que nós vamos fazer será simples: Analisar os jogadores que foram calouros na temporada 2011 da NFL.

Pra quem não lembra, algum tempo atrás nós fizemos uma análise de como se sairam os Quarterbacks calouros da NFL, comparando o que se falava deles antes do Draft com como eles se saíram e as habilidades que edmonstraram. Falamos de Cam Newton, Andy Dalton e companhia. Quando esse post saiu, muitas pessoas nos pediram posts semelhantes para calouros de diferentes posições. Por fim, depois de muita enrolação e muita dificuldade pra postar, vamos fazer um post com vários calouros de posições diferentes, separados pela expectativa antes do Draft e do dia do Draft em si. Vamos a isto que não sei quando tempo ainda tenho pra escrever. Chega logo, fim do mês!! Prometo que quando chegar, eu volto a postar decentemente. Tenham paciência!


As certezas do dia do Draft
Von Miller, OLB, 2nd pick (1st round), Denver Broncos (8-8)
Antes do Draft, muita gente falava que o Von Miller era o melhor jogador do Draft. Atlético e explosivo, tinha tudo pra ser um grande OLB numa defesa 3-4, usando sua velocidade e explosão pra vir pela lateral e contornar os jogadores de linha ofensiva. Muita gente comparou ele ao Demarcus Ware, dominante OLB do Cowboys, mas pra mim essa avaliação era muito errada. Ware é um jogador muito forte, que usa seu corpo e força física como sua principal arma pra destruir as defesas, enquanto Miller é um jogador muito mais magro, mas bem mais rápido e que ia usar sua velocidade e agilidade pra conseguir colocar pressão.

O Broncos Draftou o Miller com a secunda escolha contra minha vontade (Pra mim um DT permitiria que o time jogasse com uma defesa 3-4, liberando o Elvis Dumervil pra jogar de OLB,onde ele rende mais). Pra mim era mais importante draftar o Marcell Dareus. Mas o Broncos pegou o Miller e teve que viver com os altos e baixos da decisão.

O alto é que, no final das contas, o Miller era ainda melhor do que se supunha. Extremamente rápido e explosivo como anunciado, ele realmente foi uma força pressionando o Quarterback como esperado (11,5 sacks apesar de ter jogado alguns jogos com uma lesão na mão), mas mais do que isso, ele mostrou um jogo muito completo que logo se tornou o pilar defensivo da equipe. Ele mostrou boa cobertura nas jogadas de passe mas, mais importante ainda pra um time que não tinha uma linha defensiva dominante (leia-se muito ruim) , ele foi um monstro contra o jogo terrestre, parou todo mundo que tentasse correr pela lateral, deu tackle atras de tackle antes da linha de scrimmage e foi o líder da defesa.

O lado negativo é que pelo fato dele ser um OLB e não um DT, o time não tinha condições de montar uma linha defensiva forte o suficiente pra defesa jogar na formação 3-4, que pra mim maximiza o poder de fogo da dupla Dumervil-Miller. Com isso, o time teve que jogar na formação 4-3, com o Dumervil de DE, o que não faz com que ele seja desperdiçado mas também não é onde ele rende mais. O Miller até se virou muito bem como OLB nesse esquema, demonstrou suas habilidades contra o jogo terrestre, mas essa dupla numa formação 3-4 seria algo de outro planeta. Mas pra isso acontecer, o Broncos precisa antes de mais nada de algo que lembre uma linha defensiva, consequencia de ter passado o Dareus. Mas eles não ligam, o Miller é um grande jogador, que ancorou uma defesa que jogou muito bem apesar das limitações óbvias e ele realmente era o melhor jogador defensivo desse Draft.


"Forças especiais... GINYU!!"


Marcell Dareus, DT, 3rd pick (1st Round), Buffalo Bills (6-10)
Cotado por muitos como a possível primeira escolha do Draft antes do Panthers decidir pelo Cam Newton, o Marcell Dareus caiu até a terceira escolha, e o Bills decidiu pegar o melhor jogador disponível. O Dareus era um DT muito grande e forte, com um bom motor e movimentação, e que eu chamei de "âncora" pela sua capacidade de ancorar uma linha defensiva, ocupar bloqueadores e causar problemas pelo miolo da defesa.

O problema pro Bills é que o melhor jogador do time, Kyle Williams, tem exatamente essas características, e ninguém vai tirar o Williams da sua posição no miolo da linha defensiva do Bills. O que o Bills tentou fazer, portanto, foi adaptar o Dareus ao esquema, colocando ele pra jogar muitas vezes na lateral da linha de DE. Ele não jogou mal, seu tamanho foi valioso tapando buracos e as vezes funcionando pra vencer adversários mais fracos e forçar o QB a se livrar da bola. Mas a verdade é que ele também não esteve tão confortável jogando um pouco fora de posição. Seu enorme tamanho é uma vantagem muito maior no miolo da defesa do que na lateral, ele claramente se mostrou um pouco perdido numa posição onde não tinha jogado antes.

Ao longo do tempo ele até mostrou adaptação e usou seu bom motor pra dominar alguns jogos, mas ele mostrou que é um jogador dominante mesmo quando o Williams machucou e o Dareus jogou no lugar dele no meio da linha. Ai sim seu motor e tamanho fizeram a diferença e ele conseguiu se mostrar um defensor dominante. Acho que a ideia do Bills é continuar insistindo na dupla e tentar desenvolver o Dareus jogando mais pelas laterais da linha como um DE no esquema 3-4. Acho que ele até vai render bem na função, ele teve bons momentos e tem talento de sobra, mas definitivamente não é onde ele rende mais. Mas como o Kyle Williams vive machucando, talvez seja bom ter ele na sombra pra assumir a função. E fato é que a defesa do Bills foi muito melhor quando os dois estavam saudáveis...

AJ Green vai dar um beijinho de amigo na bola


AJ Green, WR, 4th pick (1st Round), Cincinnati Bengals (9-7)
AJ Green era considerado o melhor WR do Draft, hands down. Atleticismo, boas mãos, velocidade, altura, salto, controle do corpo e precisão das rotas. Agora podemos dizer é que ele é ainda melhor do que anunciado.

Jogadores com o pacote físico do Green não são raros. O raro é encontrar alguém que além disso tudo saiba usar essas ferramentas e tenha uma cabeça que favoreça o desenvolvimento desse jogo. O Dez Bryant, por exemplo, é muito bom em termos físicos e sabe tirar vantagem dos WRs, mas não tem cabeça e nem inteligência dentro de campo (suas rotas são muito malfeitas). Mas o Green é um jogador extremamente completo, e um dos motivos do Andy Dalton ter jogado com tanto conforto nesse ano de calouro - faz toda a diferença ter um WR que você possa confiar em cobertura dupla E em terceiras descidas. Pra mim, o Green foi o segundo melhor calouro ofensivo do ano atrás do Cam Newton, mas dentro da sua posição talvez ele seja ainda mais dominante. A NFL não viu seis WRs melhores que Green em 2011. E tem tudo pra ser um dos jogadores mais dominantes da Liga nos próximos anos.

Essa foto é legal demais pra virar piadinha


Patrick Peterson, CB, 5th pick (1st Round), Arizona Cardinals (8-8)
No ambiente do Draft, temos vários termos diferentes pra designar como um jogador correspondeu em relação às expectativas. Temos os clássicos "bust" ou "steal", mas também temos outro como "late bloomers" (alguém que demora pra atingir seu potencial) ou "stud". Mas precisamos de um termo novo pra determinar jogadores que entram na Liga com enormes expectativas, nunca as atingem, mas também não são fracassos (Pense num Emeka Okafor se você gostar de NBA ou até mesmo na versão 2011 do Alex Smith).

Claro que usar esse termo ainda inexistente pra determinar o Patrick Peterson é um tremendo exagero, afinal ele acabou de terminar o seu primeiro ano na Liga e mostrou potencial pra ser um tremendo jogador. Mas serviria pra descrever como foi seu primeiro ano na NFL muito bem: Chegou com pinta de ser um grande craque desde o começo, o novo Darrelle Revis, o melhor jogador do Draft para muitos (Inclusive pra mim)... Mas começou devagar, tomou muita canseira dos WRs no profissional, e acabou tendo muita gente da mídia falando que ele era muito inferior ao que tinha sido anunciado (porque, afinal, a mídia nunca exagera). Mas com o tempo sua habilidade motora fora de série, sua habilidade na antecipação e capacidade geral para jogar na cobertura nos fizeram lembrar que ele é muito bom e que é simplesmente muito dificil fazer a transição entre ser Cornerback no College e nos profissionais, é raro ver jogadores que já entram e tem sucesso na posição. Ao longo da temporada o Peterson acostumou muito bem à sua posição nos profissionais, conseguiu boas partidas e, ainda que não tenha sido dentro de campo o jogador que muita gente achou que ele ia ser logo de cara, ele mostrou que tem tudo pra vir a ser nas próximas temporadas.

A função que realmente fez o Peterson se destacar, no entanto, não foi a de Cornerback, e sim a de Punt Returner. O Peterson, ao longo do ano, retornou quatro punts pra TD (recorde da NFL empatado com Devin Hester), sendo todos de 80 jardas ou mais (recorde da NFL). Ainda que jogar duas vezes contra o Rams faça esses números subirem (foram dois deles contra o Rams), é uma performance impressionante para um calouro, que o levou ao Pro Bowl. Grande talento, grande potencial. Apesar de não ter mostrado o que esperávemos até agora, tem tudo pra ser um jogador tão bom quanto o anunciado.



As apostas

Antes de virar jogador, Julio Jones estrelou o papel de Predador no cinema


Julio Jones, WR, 6th Pick (1st Round), Atlanta Falcons (10-6)
O Julio Jones, ainda que fosse amplamente considerado o segundo melhor WR do Draft e um talento top10, foi uma aposta que saiu muito cara para o Falcons. O time de Atlanta trocou duas escolhas de primeira rodada (2011 e 2012), uma de segunda rodada (2011) e duas de quarta rodada (2011 e 2012) pela sexta escolha do Draft de 2011 com o Browns, pra poder pegar o Julio Jones. Ainda que caro, na época, o investimento do Falcons fez sentido: O time tinha saído de uma excelente campanha em 2010 mesmo com seu melhor defensor (John Abraham) machucado, mas que tinha esbarrado nos playoffs na sua falta de um segundo playmaker pra complementar o Roddy White no ataque - o Packers dobrou a marcação em White, forçou Matt Ryan a lançar para os demais recebedores... E o ataque do Falcons se autodestruiu. Por esse motivo, um WR tão promissor como Jones parecia a única coisa entre o Falcons e um time ainda melhor, com ainda mais chances de título que no ano anterior.

Bom, as coisas não foram bem assim para o Falcons em 2011 - Matt Ryan não conseguiu duplicar o sucesso de 2010, a defesa não jogou bem, e várias falhas do time que não tinham aparecido em 2010 foram escancaradas. O Falcons sobreviveu e foi aos playoffs graças a uma tabela muito fácil, mas claramente não jogou bem e foi massacrado pelo Giants nos playoffs anotando apenas dois pontos. Sim, um safety.

A culpa não foi, claro, do Julio Jones. Jones teve alguns jogos excepcionais e outros relativamente apagados. Uma boa parte da sua falta de produtividade em algumas partidas se deveu à temporada fraca do Ryan e da linha ofensiva do time. Mas o Jones também mostrou que as comparações com o AJ Green antes do Draft eram exageradas. Ele mostrou grande velocidade e agilidade, disparava pelo campo sempre que conseguia segurar uma bola, um dos melhores WRs da NFL em jardas após a recepção, mas também mostrou um lado mais cru: Suas rotas não eram tão precisas, ele não tinha grande antecipação e nem era o tipo de jogador que consegue cavar um espaço no meio de uma marcação apertada ou até dupla (como o AJ Green faz parecer fácil, por exemplo). Mas o motivo da troca não ter dado tão certo foi o próprio time do falcons que não estava tão pronto como a gente imaginava, não o Jones jogando mal de alguma maneira. Existem poucos WRs mais explosivos na Liga.

Adoro quando alguém da esses abraços de corpo inteiro 
no comissário no Draft. O melhor? Darius Miles,
 é claro! Mas depois vem essa do Epke Udoh!


Aldon Smith, OLB, 7th Pick (1st Round), San Francisco 49ers (13-3)
Todo Draft tem pelo menos um jogador que, quando é escolhido, deixa todo mundo pensando algo como "Espera, esse cara não foi escolhido uma rodada antes?" ou "Quem diabos é esse cara??", e nesse Draft foi o Aldon Smith. Smith era cotado como muitos pra sair lá pela 14ª, 18ª escolha, e para alguns não sairia nem na primeira rodada. ~Quando o Niners escolheu ele com a sétima escolha, o sentimento geral era que o Jim Harbaugh tinha surtado no seu primeiro Draft, pegando um jogador muito acima do seu verdadeiro valor com jogadores melhores disponíveis. Uma temporada espetacular e 14 sacks depois... Ahn... É, ele é bom.

Os scouting reports sobre o Smith geralmente concordavam em algumas coisas: Um jogador muito forte e atlético, bastante explosivo, mas que não sabia usar as mãos muito bem, e que precisaria de algum tempo pra se adaptar a jogar como OLB numa defesa 3-4, ao invés de DE numa defesa 4-3 como estava acostumado (São funções parecidas, mas diferentes. A principal diferença possivelmente é que um OLB numa defesa 3-4 começa a jogada de pé, e não com a mão apoiada no chão. Pode parecer pouco, mas faz muita diferença pro impulso inicial), além de que ainda lhe faltavam habilidades mais gerais para a posição de OLB. Mas o que se viu foi um jogador extremamente explosivo, com um excelente motor e que não teve absolutamente nenhuma dificuldade pra sair de uma postura levantada, que sabe usar as mãos com maestria e que nunca desiste de perseguir o adversário numa jogada. Se ele ainda tem algumas deficiências pra se tornar um jogador completo pra posição, ele compensa sendo um dos melhores pass rushers de TODA a NFL. Conseguiu 14 sacks (A apenas meio sack de empatar o recorde de calouros do Jevon Kearse) mesmo jogando apenas algumas descidas por campanha, e sendo titular apenas quando o Ahmad Brooks se machucou.

No final, teve muita discussão sobre quem merecia ser o Defensive Rookie of The Year, entre Miller e Smith. Miller é mais completo, não só é um ótimo pass rusher como também sabe jogar na cobertura e é absolutamente devastador contra o jogo terrestre. Do outro lado, o Smith ainda deixa a desejar na cobertura e não tem ainda experiência pra ser forte contrao jogo terrestre, ele é um jogador mais unidimensional que o Miller... Mas nessa sua dimensão ele é um dos melhores do mundo e, como pass rusher puro, muito melhor até mesmo que o Miller. No que ele faz, ele é o melhor. Já o Miller faz tudo e, por jogar nas três descidas (por causa do seu jogo mais completo), impacta o time de formas mais variadas e em mais jogadas. Os dois melhores calouros defensivos do Draft sem dúvida, e Smith acabou sendo um jogador muito melhor do que esperado.


Os steals do Draft

Brooks Reed, DE/OLB, 42nd Pick (2nd Round), Houston Texans (10-6)
Eu podia comentar do DE JJ Watt, Draftado pelo Texans em 11th Overall e que é um excelente jogador - muito forte, consegue dar voltas tanto por dentro como por fora da linha e sempre parece aparecer quando o time precisa de uma jogada defensiva - mas quem me chamou a atenção mesmo foi o Brooks Reed, draftado na segunda rodada e com muito menos pompa que o Watt, mas que jogou ainda melhor. Quando o Mario Williams machucou, o Reed foi quem tapou o buraco jogando de OLB e DE, anotou seis sacks até o final da temporada, correu por três, executou todo o trabalho sujo pra facilitar a vida do Brian Cushing e do Watt, e foi o principal responsável por tapar o buraco deixado pelo Pro Bowler. Talvez o que tenha feito tanto sucesso foi a combinação dos dois: JJ Watt e Reed, o Watt pelo meio com sua força e o Reed com sua versatilidade. Não é um steal tão grande assim, mas jogou mais do que seu status no Draft indicava. Grande achado.


DeMarco Murray, RB, 71st Pick (3rd Round), Dallas Cowboys (8-8)
Eu sempre digo que avaliar Running Backs é a tarefa mais ingrata da história do Draft. O College é muito melhor pra RBs, que enfrentam jogadores mais fracos e lentos, que jogam menos fechados que na NFL, e é muito dificil separar que talento vai ser levado pro nível da NFL e qual não vai ser. Por exemplo, entre os melhores RBs da NFL temos jogadores draftados no top 5 (Adrian Peterson) e jogadores não Draftados (Arian Foster). Temos muitos jogadores chegando com pompa na Liga, draftados com escolhas altas, que somem na Liga (CJ Spiller), e outros que chegam como resíduo e que se destacam (LeGarret Blount, Fred Jackson). Se avaliar talentos saindo do College é uma ciência muito inexata, avaliar RBs é a mais inexata de todas elas.

E lá está DeMarco Murray, pouco comentado antes do Draft, que sai na terceira rodada pra um time que tem Felix Jones e Tashard Choice. Murray ficou o banco, jogou pouco e quase não se destacou, até que o Jones estourou o joelho e Murray começou de titular na sétima semana. O resultado? 253 jardas e um recorde da história do Cowboys. Nos jogos seguintes, Murray continuou destruindo tudo e todos: Foram 74 jardas (em 8 carregadas, absurdas 9.3 jardas por carregada) na semana seguinte, depois 140 e 136 antes de acalmar o fogo, especialmente quando voltou o Felix Jones de lesão. Quando ele finalmente machucou o pé e perdeu o resto da temporada, todo mundo já estava pensando "Que diabos, como nós deixamos passar esse cara??". Mas eu já disse, avaliar RBs é dificílimo. Eu acho mais absurdo ainda ninguém ter pego o Arian Foster, mas enfim.

O problema é que as vezes é difícil cravar alguma coisa sobre um calouro que jogou pra valer só cinco jogos, destruiu em três, foi bom em um, mediano em outro, e depois estourou o pé. Ele pode ser realmente um monstro nível Arian Foster, mas tem muita pouca amostra pra poder falar com certeza, e precisamos também ver como ele vai render quando as defesas começarem a se ajustar a ele (Corte para Jeremy Lin concordando com a cabeça). Mas pelo que mostrou até agora, pelo menos, vale o entusiasmo, porque ele quebrou o recorde de jardas pra um jogo da Franquia que teve Emmit Smith e Tony Dorset (e o recorde do Eric Dickerson pra mais jardas de um calouro nos primeiros jogos como titular). A companhia, pelo menos, é muito boa. Vamos ver como ele volta depois dessa lesão que acabou com sua temporada, dessa vez como titular desde a offseason.


Os não Draftados


Doug Baldwin, WR, Seattle Seahawks (7-9)
Apenas um jogador calouro não draftado, na história da NFL, liderou seu time em jardas recebidas e recepções na temporada, e foi o Doug Baldwin, do Seahawks. E ele fez isso jogando com o Tarvaris Jackson, é incrível que ele tenha conseguido receber bolas. Não é exatamente comum, mas também não é uma grande raridade quando algum jogador não draftado se destaca (Arian Foster, Miles Austin, LeGarrett Blount... Kurt Warner...). O Baldwin acabou aproveitando muito bem a chance, se destacou como um alvo grande e atlético e se destacou num ataque meio confuso, mas que tinha outros recebedores consagrados (Zach Miller, Sidney Rice) e outros promissores (Golden Tate). Agora que o Matt Flynn chegou (Post sobre isso ainda essa semana se tudo der certo - leia-se se meu computador funcionar) o Baldwin pode se tornar um alvo mais importante pro time, porque... sabe... o Flynn sabe lançar a bola pra frente.


Sterling Moore, CB, Oakland Raiders/New England Patriots
Sterling Moore teve um único momento relevante na sua temporada de calouro. Que foi tirar das mãos de manteiga do Lee Evans o passe que resultaria num touchdown do Ravens nos segundos finais da Final da AFC e que teria dado a vitória ao Ravens, levando o time de Baltimore ao Super Bowl (onde eles teriam a chance de fazer uma das maiores justiças da história da NFL: O Baltimore Ravens ganhando um título em Indianapolis, a cidade que roubou o Baltimore Colts). Ao invés disso, Evans não segurou a bola e Moore derrubou a bola o chão, Billy Cundiff  errou um FG tosco e o Patriots foi pro Super Bowl.

E sim, o fato do Patriots estar contando com um calouro não Draftado na jogada mais importante da temporada resume o que você precisa saber sobre o Patriots de 2011.