Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Faça um TOUR pela temporada 2014 da MLB!

Acho que todo mundo que gosta e assiste MLB com alguma regularidade já pensou em como deve ser legal assistir ao vivo uma partida dessas. Ir com alguns amigos, comer hot dogs de estádio, quem sabe até pegar uma foul ball ou um Home Run. Comprar dedões de espuma e um boné brega. Eu sei que eu já.

Bom, agora você tem como.

Já faz algum tempo que o excelente site 10 Jardas tem feito com sucesso excursões aos EUA para levar o pessoal daqui pra assistir a jogos da NFL em grupo, com um pacote de viagens para o período próximo as férias para que a galera que nunca teve a oportunidade possa ir aos EUA, conhecer o lugar e claro, assistir de perto os esportes que tanto gostamos.

Agora chegou a vez da MLB - o 10 Jardas anunciou em Fevereiro um pacote de viagem para Agosto, que vai levar o pessoal para ver QUATRO jogos da MLB entre Nova York e Chicago. Vocês podem ver os detalhes, como trajeto, dias e valores, no próprio site ---> http://www.10jardas.com/viagens/2014/02/20/tour-baseball-2014/

Eu pessoalmente recomendo muito para quem puder, eu conversei com o JP e ele montou um trajeto muito bom e descontraído, que incluem assistir aos jogos na zona de Home Runs e um que você assiste em um bar/restaurante no alto ao lado do estádio. Acho imperdível, e uma oportunidade única para quem gosta do esporte e quer muito assistir um jogo ao vivo.

Quem tiver maiores dúvidas, pode me mandar email para tmwarning@hotmail.com ou entrar em contato com o o JP, do 10 Jardas, no email ---> viagens@10jardas.com

Aproveito também para pedir que quem eventualmente entrar em contato com o 10 Jardas para comprar o pacote, que avise por favor que veio do TMW para que ele possa melhor controlar os acessos e as vendas.

Aproveitem essa oportunidade!!

Vitor Camargo, CEO do Two-Minute Warning

quinta-feira, 20 de março de 2014

Como arrumar a loteria da NBA

Resumo da temporada 2014 do 76ers (Imagem: SB Nation)



Com uma das melhores classe de draft em 11 anos a espreita na NCAA e um número muito alto de times dedicando a temporada 2013/14 da NBA a conseguir uma escolha alta de draft na tentativa de conseguir o próximo Anthony Davis ou Kevin Durant, voltou ao palco central de debates - tanto entre os altos escalões da NBA como nos círculos obscuros da internet - a questão do "tank". Para quem não sabe, "tank" é o termo usado vagamente em times que dedicam uma temporada - ou pelo menos uma parte dela - a serem o pior possível, com o objetivo de perder jogos, terminar o ano com um record ruim e ter uma escolha maior no draft. E essa prática parece ainda mais em voga atualmente.

Na temporada 2014, já temos Philadelphia, Boston, Milwaukee (que ironicamente montou um time para tentar os playoffs, mas quando viu que não ia dar jogou tudo para o alto), Orlando, Utah, Los Angeles Lakers e Sacramento em modo de tank, e é só questão de tempo para Detroit (precisa ficar com uma pick Top8 para não mandá-la para Charlotte), New Orleans (pick é só Top6 protegida), Nuggets e Cavaliers se juntarem ao time. São 11 times de 30 totais - ou seja, mais de 33% da NBA está jogando para perder nessa reta final de temporada. 

Embora exista um debate sobre se isso realmente é uma questão preocupante ou não, a questão é que a própria estrutura da NBA, dentro e fora de quadra, incentiva esse tipo de coisa. Temos anos e anos (e mais anos e anos) de evidência na história da NBA de que é extremamente difícil vencer um título na NBA sem pelo menos uma superestrela, e essas são bastante raras na liga. Além disso, é difícil conseguir uma estrela já estabelecida, especialmente se você é um time de mercado menor: jogadores assim são menos propensos a atingirem o mercado, e o novo CBA coloca fortes incentivos (um ano a mais de contrato e dinheiro extra) para que esses jogadores renovem com seus times ao invés de mudar de ares quando acaba seu contrato. Então a melhor (e as vezes única) forma que um time tem de conseguir esse tipo de jogador é o draft, e portanto não é a toa que tantos times decidam desmontar times medianos que não brigarão pelo título em uma tentativa de ser muito ruim, conseguir uma escolha alta na hora certa e pegar o próximo Anthony Davis.

Então esse é o lado da necessidade, a enorme importância de conseguir achar ouro no topo do draft para tentar brigar por um título. Mas tem o outro lado, que é a forma como a estrutura do draft incentiva esse tipo de coisa. Se você desmontar todo sue time na offseason, trocar dois dos seus melhores jogadores por bolachas, jogar Byron Mullens por 20 minutos, perder 20 jogos seguidos e terminar com a pior campanha da NBA - basicamente tudo que o Sixers fez nos últimos meses - o sistema de loteria da NBA te recompensa com 25% de chance de conseguir a 1st pick do draft e 100% de chance de conseguir uma das quatro primeiras. 

Em outras palavras, você tem incentivo demais na NBA para perder. Claro, os benefícios de ganhar existem: você incentiva seus torcedores a irem ao estádio, incentiva a compra de season tickets, vai vender mais camisas e outros produtos da equipe, e se for aos playoffs, vai ter a chance de sediar pelo menos dois jogos de playoffs. Não é como se ganhar viesse sem benefícios. A questão é que os benefícios de se destruir seu time, perder o máximo de jogos e terminar com uma das piores campanhas da liga são muito maiores. A regra da NBA é que, se o seu time não é bom o suficiente para brigar pelo título e não tem meios de crescer (ativos para uma troca bombástica, jogadores jovens em evolução, cap space, etc) é melhor que você jogue tudo fora, troque seus jogadores por ativos futuros e aposte no draft - especialmente depois que o Thunder executou esse plano a risca e virou um dos melhores times da NBA (a verdade é que não é tão simples assim, mas esse é assunto para outro post).

Algumas pessoas veem isso como um problema - se você incentiva um terço da liga a perder de propósito, você diminui a competitividade, torna jogos menos interessantes e diminui o interesse na NBA por parte do público. Muita gente se desliga da liga quando vê seu time jogando tão mal por muito tempo, e muitos fãs casuais podem se perder na letargia que vira o final da temporada regular quando tantos times estão interessados em perder. Outros veem isso como uma estratégia válida: se as regras da liga permitem e incentivam esse tipo de coisa, é uma alternativa de alto risco e alta recompensa com o objetivo final de conseguir uma superestrela no draft que pode dar muito errado e ser bastante custosa. Afinal, não é como se os jogadores e técnicos estivessem tentando perder de propósito dentro de quadra, é só uma estratégia da diretoria de depenar o plantel (modo FM: ligado) em troca de jogadores jovens e ativos futuros (o Sixers conseguiu Nerlens Noel e a 1st round pick do Pelicans, por exemplo) enquanto busca essa escolha alta de draft. Mas não importa sua visão, ambas parecem chegar em um consenso: a loteria da NBA é falha e precisa mudar.

Para quem não sabe como isso funciona, é simples: entre os 14 times da NBA que não vão aos playoffs tem um sorteio para determinar quem fica com as três primeiras escolhas do draft, usando bolas de ping-pong. Quanto pior sua colocação final na temporada, maior a chance de ganhar - 25% de chance de ganhar a 1st pick se você foi o pior time, enquanto que o 14th pior time (ou seja, o melhor a não ir para os playoffs, o último da loteria) tem só 0.5% de chance. Usando bolas de ping-pong, são sorteados times para as primeiras três escolhas do draft, e a partir dai é ordenado por ordem de pior campanha para melhor. A idéia é que você ainda tente ajudar mais os piores times, mas sem dar a eles a certeza da 1st pick para tirar uma parte do interesse no tank.

Claro, não funciona: tankar ainda é muito mais atraente do que tentar ir para os playoffs com um time mediano. E ultimamente, a NBA tem trabalhado em busca de uma nova solução para a loteria e para o draft que diminua o interesse no tank e incentive mais os times a tentar uma baga na pós-temporada.

Entre elas, uma das que tem ganho mais força e debate ultimamente é a da "roda", que o grande Zach Lowe explicou em detalhes. A idéia da "roda" é que os times sempre draftarão em uma posição pré-estabelecida em um esquema de rotatividade: ao longo de 30 anos, cada time vai draftar uma vesz em cada uma das 30 posições possíveis do draft. Então se eu tenho a 1st pick em 2014, eu teria a 30th pick em 2015, a 19th em 2016, e por ai vai, passando por todas as escolhas até voltar a ter a 1st pick em 2045 (para os detalhes exatos, recomendo ler o texto do Lowe). Como cada escolha é fixa e não depende da performance de cada time em um dado ano, ela desincentiva o tank e aumenta as chances de times bons ou medianos se reforçarem no draft. Mas claro, ela também gera alguns problemas: é muito mais difícil para times ruins se reforçarem escolhendo no Top6 apenas uma vez a cada seis anos; você coloca um peso maior na free agency (o que tecnicamente favoreceria times mais ricos ou de mercado maior); e você cria todo tipo de viés para jogadores que estão decidindo entrar no draft ou não (uma 1st pick projetada pode preferir voltar para a NCAA ao invés de ir para um time inferior). Algumas soluções já estão sendo propostas para solucionar alguns desses problemas - por exemplo, ao invés de o ciclo ser de 30 anos, ser de seis, e em cada etapa do ciclo o time escolher em um grupo de picks (1-6, 7-12, etc), e dentro desse grupo a posição de cada time seria selecionada por uma mini loteria. É mais um exemplo de como a NBA está investindo em solucionar o problema da loteria, mas como isso será feito ainda é alvo de debates. Zach Lowe propôs um debate muito interessante com diversas soluções e seus problemas (inclusive a citada acima para a "roda"), e a questão está ganhando força em ciclos da NBA.

Então como a idéia atual é fazer sugestões e criar modos para resolver o problema da loteria da melhor forma possível, eu tenho algumas sugestões. Não são totalmente minhas, algumas são totalmente inspiradas em outras teorias já existentes (os devidos créditos serão dados, claro), outras pegam emprestados detalhes, e por ai vai. Mas entre as muitas soluções possíveis, eu tenho três a sugerir que me parecem mais divertidas, mais justas e que melhor podem resolver alguns dos problemas atuais. Vamos da mais extrema para a mais razoável.

Chances iguais para toda a loteria - com uma diferença


Essa obviamente não é uma idéia nova, mas que eu sempre achei interessante. Se o problema é que você premia os times que perdem demais ao invés de se esforçar para manter um elenco competitivo, porque não tirar o incentivo do último lugar? Dando chances iguais para todo mundo, você mantém os incentivos dos times por vencer jogos, deixar um time competitivo e agradar a torcida e os consumidores, e ao mesmo tempo mantém os times da loteria como os beneficiados pelo draft. Assim o Sixers teria a mesma chance de ter a 1st pick e um franchise player que um time que tentou vencer jogos e ficou de fora dos playoffs por jogar em uma conferência ultra-forte, como o Wolves e o Suns. Porque francamente, porque o Sixers, que jogou uma temporada fora e avacalhou com seus jogos, deveria ser mais beneficiado pela sua temporada do que um time como o Wolves, que tentou vencer até o final mas não foi aos playoffs por jogar em um Oeste historicamente forte.

Então as chances iguais na loteria - e o sorteio pelo menos para as 6 primeiras picks, digamos - beneficiariam os times que quase chegaram aos playoffs e iria desincentivar os times que perdem de propósito. Você tem o benefício de montar um bom time e gastar dinheiro, e se não for bom o suficiente para ir aos playoffs, você continua tendo a chance de arrumar um grande jogador para continuar melhorando.

Claro, algumas reclamações logo aparecem para esse modelo. O primeiro é que torna mais difícil para times ruins se reconstruírem, já que se você chegou no fundo do poço por qualquer motivo (por exemplo, Lebron saindo do seu time) você não tem o consolo de pelo menos. E tem uma certa verdade. Mas esses são, hoje, uma minoria dos times que acabam com escolhas altas, a maioria sendo times que jogam fora seus jogadores para tankar (Sixers) ou que são incapazes demais por tempo demais de desenvolver jogadores e talentos (Kings). Porque recompensar esses caras em detrimento de times como Minnesota, Phoenix ou New Orleans, que vem desenvolvendo talentos, fazendo ótimos negócios (Luis Scola por Miles Plumlee, Gerald Green e uma 1st round pick, alguém?) e tentando chegar aos playoffs? Outros dizem que esse sistema valoriza demais a classe "média" da NBA e da a chance para times já bons de conseguirem os astros, mas de novo, qual o problema de reforçar times bons?! Você não pode ter times ótimos e recheados de talento sem ter outros times ruins. Se quer ser bom, que aproveite suas escolhas de primeira rodada não importa onde caiam (Paul George, DeMar DeRozan, Roy Hibbert, etc), desenvolva seus talentos e faça negócios inteligentes - seja uma boa organização ao invés de simplesmente ser ruim.

Claro, a grande objeção a esse esquema é que ele deixa o tank mais "fácil". Você pode tankar e tentar uma escolha alta de draft mesmo sem precisar jogar tudo fora e perder 20 jogos seguidos, sem trocar todos seus bons jogadores e sem descaradamente se esforçar para terminar 20-62 - é um tank mais fácil e mais discreto. Mas ai que entra a diferença: as duas 8th seeds dos playoffs TAMBÉM fariam parte da loteria - seria uma loteria com 16 times, e não 14 como é hoje. Isso serve para tornar a 8th seed - e portanto uma vaga nos playoffs - o MELHOR lugar para um time mediano ou fraco terminar a temporada, você tem os incentivos de costumes para ir aos playoffs (chance de tentar um upset, pelo menos dois jogos em casa, dinheiro extra, popularidade, visibilidade, etc) e ainda mantém as chances de conseguir um grande talento no draft. Em outras palavras, os times que estivessem no modo tank "light" facilitado por esse tipo de loteria agora tem um incentivo maior para se reforçar e tentar ir aos playoffs. E apesar da 8th seed poder gerar algum tank de final de temporada entre times que estão acima dela, ela também oferece desvantagens para um time que já estaria indo aos playoffs: ela é mais próxima da eliminação (e nesse caso você possivelmente estaria a um jogo ou dois dando errado de cair fora dos playoffs, já que a briga pela vaga entre as 10-8th sedes seria maior), e também significa um 1st round matchup contra a top seed da sua conferência, tornando mais difícil avançar no torneio. Funciona de todos os lados.

Em outras palavras, esse modo de loteria evita o super-tank estilo Philly, aumenta as chances de times medianos darem um salto rumo a disputa do título ganhando a loteria, incentiva os times "não fedem nem cheiram" a investir e brigar pelos playoffs tornando a temporada mais competitiva, e não gera incentivos demais para times que já estão indo aos playoffs perderem para entrar na loteria. Problemas esse tipo tem - nenhum vai ser perfeito - mas soluciona diversos deles e gera incentivos melhores. Sou particularmente fã dessa solução, talvez seja minha favorita.


Entertaining as Hell Tournament, de Bill Simmons 


Essa é a melhor idéia relacionada a NBA que eu vi nos últimos anos e não tem um motivo pela qual não deveria acontecer. Na verdade, essa idéia deveria acontecer independente do que acontecesse com a loteria, porque ela é boa demais, mas já que o debate atual é esse, vamos tentar encaixar as duas coisas. Simmons propôs essa idéia já faz uns 7 anos, eu me apaixonei por ela logo de cara, e ela ganhou tanto interesse ao redor da liga que a própria NBA chegou a ter uma ou duas reuniões para discuti-la. Se você ainda não conhece o Entertaining as Hell Tournament, você está perdendo tempo.

A idéia é simples: com uma temporada regular mais curta, ao invés de classificarem os 8 melhores times de cada conferência para formar os playoffs como são hoje, classificam automaticamente apenas os 7 melhores. Os 16 times restantes jogariam um torneio mata-mata, jogo único, estilo March Madness pelas duas vagas restantes. Ignorando conferências, os times receberiam seeds de acordo apenas com seu record na temporada regular. O bracket seria montado igual ao do March Madness, com o time com a seed mais alta jogando a partida em casa. Os dois finalistas se classificariam para os playoffs como as 8th seeds, e o vencedor da final teria duas recompensas: ele poderia escolher em qual conferência entraria como 8th seed, e também participaria da loteria como o 15o time. Enquanto isso, os times que classificaram automaticamente ganham uma semana extra para descansar.

Em termos de loteria, diferentes soluções já foram propostas pelo próprio Simmons sobre o torneio. A que eu defendo é a mesma de antes, chances iguais para todos os times que não foram aos playoffs mais o campeão do torneio. Isso faz com que perder na temporada regular seja totalmente inútil - tudo que vai te render é uma seed pior e menos dinheiro - e todos tem incentivo para montar times competitivos mesmo com trocas ao longo do ano, já que todos tem chance de ir aos playoffs. Na verdade, a natureza de jogo único do torneio faria ainda mais fácil entrar nos playoffs, então você tem um incentivo até o final de vencer e montar um bom time. Você não pode montar um time horrível como o Sixers para uma dada temporada sem se prejudicar enormemente, e não ganha nada com isso - pelo contrário, só tem a perder em sua relação com a torcida ao não montar um time respeitável para o EAHT. E nenhum time tem incentivo para perder nenhum jogo que seja - os times que já em boa posição para os playoffs não vão querer o risco de cair fora dos playoffs por uma chance em 15 de conseguir a 1st pick, e para os times que já estão no torneio a maior recompensa seria ganhar todos os jogos.

Eu não consigo ver o lado negativo disso tudo. Primeiro, seria divertido pra cacete - dai o nome do torneio, tão magistralmente escolhido. Segundo, ele daria uma alternativa extremamente interessante para a reta final da temporada regular, que normalmente é cansativa e arrastada com muitos jogos que não valem nada - encurtem a temporada em uns 10 ou 12 jogos, façam o EAHT no lugar, e recompensem os times bons com uma semana de descanso. Terceiro, você valoriza os times que se reforçaram ao longo do campeonato ou que tiveram jogadores importantes perdendo tempo demais da temporada, mas que voltaram para a reta final - agora eles tem uma chance de ir aos playoffs, ao invés de colocar os melhores jogadores no banco para tentar uma pick melhor. Quarto que você resolve o problema do tank... e isso sem falar nos benefícios menos evidentes, como a chance de um time menor ganhar uma série de jogos estilo March Madness e ganhar destaque nacional e mais torcedores; que isso iria aumentar muito a exposição da NBA pré-playoffs e atrair muitos fãs casuais; ou que você aumenta sua receita vendendo patrocínio e direitos de transmissão dessa bagaça. Essa proposta funciona em todos os níveis. E claro, seria a coisa mais divertida que criariam na NBA desde a criação do campeonato de enterradas. Faça acontecer, Adam Silver!


Loteria completa


Esse é basicamente um meio termo entre tudo isso, menos extremo que a primeira proposta e menos inovador demais para a NBA que a segunda (a NBA só não é a liga mais jurássica dos EUA porque temos a MLB). E ela vem em duas etapas.

Primeiro, suavizar as porcentagens entre os times de loteria. Não precisa dar chances iguais para todos os times, mas diminuir a diferença de forma que os piores times não tenham uma vantagem tão desproporcional. Hoje, o pior time recebe 25% de chance, o segundo 19.9%, o terceiro 15.6%, o oitavo 2.8%, e o último 0.5%. Idealmente, essa diferença seria normalizada, mudando a distribuição para que os times do final da loteria não tenham tão pouca chance nem que os primeiros tenham tanta, ainda que mantendo a ordem original de que as maiores chances sejam dos piores times. É uma forma menor de causar o impacto que eu queria na primeira proposta, dar aos times medianos uma chance de conseguir se reforçar e tirar as vantagens de ser horrível comparativamente a ser abaixo da média.

Mas ai entra a segunda etapa: TODAS as 14 picks são sorteadas. Hoje em dia, apenas as três primeiras são, e dai em diante é por ordem de record. Isso significa que acabar com o pior record da NBA não só te garante 25% de chance de acabar com a 1st pick, ele também te garante 100% de certeza de uma Top4 pick, o que talvez seja tão importante quanto. Então esse modo faria o ajuste para que você não tivesse garantia de nada dentro da loteria, sorteando todas as picks. O pior time teria as maiores chances de conseguir uma escolha boa, mas ai teria mais influência de sorte - hoje, com má sorte, o máximo que ele cai é para 4th, mas com chances menos favoráveis ele poderia facilmente cair para 9th ou 10th. Você garante menos para os piores times, e portanto tira seus incentivos a serem tão ruins.

Eu não gosto tanto dessa proposta como gosto do resto, porque ela não corrige os problemas atuais, ela só os ameniza. Mas ela é conservadora, e portanto é a que tem mais chances de ser aprovada entre essas três. Ela não cria novos problemas ou novas formas de tank, ela mantém os incentivos atuais para os times vencedores... mas ela corta alguns dos incentivos para os times que decidem tankar uma temporada inteira, com a possibilidade de reforçar alguns dos times médios ou superiores da loteria com escolhas altas aqui e ali (o que, como eu já disse, é bom!). Então ele não faz tanto por novidades, ele mantém a base atual da estrutura de "recompensa", ele só diminuiu a quantidade dos incentivos e tenta balancear as coisas melhor. É um progresso.

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Então são os meus três métodos favoritos para arrumar o problema da loteria. Nenhum realmente resolve tudo, mas alguns adereçam melhor alguns problemas do que outros, e todos possuem um lado positivo tentando dar um passo contra o tank. E alguns tem potencial para ser muito divertido.

Então eu pergunto, quais vocês gostam mais? E qual outras sugestões vocês acham que pode dar um passo contra essa questão do tank e ainda resolver outros problemas de quebra na NBA?

sexta-feira, 14 de março de 2014

NFL Mailbag: Final de temporada regular

"Eu não acredito, ele finalmente fez um mailbag!!!"



Bom, como prometido, chegou a hora de esvaziar a caixa de entrada para fazer o nosso Mailbag. Para quem não sabe, o formato é bem simples: vocês mandam emails com dúvidas, perguntas, comentários ou o que quiserem, e eu respondo/comento aqui em uma coluna. O tema dessa era NFL, especificamente o final da temporada e o começo da Free Agency, embora eu não tenha limitado nenhum assunto. Perguntas sobre outros esportes - recebi algumas de NBA, principalmente - serão respondidas futuramente em outros Mailbags que provavelmente não irão demorar.

Se quiserem participar de outros mailbags - seja sobre o que passou na Free Agency, sobre o Draft que está vindo, sobre basquete, sobre baseball ou sobre qualquer tema diverso, é bem fácil, é só mandar seu email para tmwarning@hotmail.com com o assunto "Mailbag" (e seu nome para ser publicado com o email, mas esse é opcional). Você pode ter seu email publicado e respondido nesse espaço.

Enfim, vamos começar com o mailbag. Vou começar tirando algumas dúvidas que me foram enviadas antes de passar para o resto, porque serão as respostas mais longas e complexas. Se não está com paciência de ler respostas longas e detalhadas sobre salários e franchise tags, pule direto para onde está escrito "TERMINOU" em negrito que continuaremos o mailbag mais dinâmico a partir de lá.

(Só lembrando, esses são emails reais enviados por leitores reais)


Sobre Franchise Tag. Como ela funciona? O time pode usar em qualquer jogador que esteja no ultimo ano de contrato? O jogador pode recusar? Quais são os valores? (Aproveitando a polêmica do Graham) Quem decide a posição do jogador? E quanto custaria para outro time tirar esse jogador com Franchise Tag? - Ricardo "Mugen" Venturelli

A Franchise Tag (existe outros tipos de tags, como a transition, por exemplo, mas vamos nos focar na mais comum que é a franchise) funciona da seguinte forma: cada time tem direito a aplicar uma FT por offseason, e pode fazê-lo em qualquer jogador que vai se tornar um free agent irrestrito, a não ser que o contrário esteja especificado no seu contrato (o do Darrelle Revis com o Bucs, por exemplo, tinha uma cláusula que impedia o time de usar a FT nele). A FT serve para você "prender" um jogador ao seu time, e se o jogador assinar (ele não é obrigado, mas chegaremos lá) a Tag, ela funciona basicamente como um  contrato de um ano para esse jogador, totalmente garantido. Durante esse ano, o salário do jogador será igual a média dos cinco maiores salários de jogadores sua posição na NFL, OU 120% do seu último salário, o que for maior. Ao final desse ano, o jogador volta a ser um free agent irrestrito, e se o time quiser usar novamente uma FT no mesmo jogador, o valor dela sobe 20%.

Muitos times usam a FT menos como um contrato de um ano e mais como uma garantia para segurar o jogador. Quando é um jogador que vai atrair muito interesse na FA ou um que o time quer manter a todo custo, a opção da equipe por usar a FT pode ser para impedir que esse jogador atinja o mercado e garanti-lo por um ano no seu time, e enquanto isso o time negocia um contrato longo tranquilamente com ele. É menos comum você ver um jogador atuando por um ano sob a FT do que ver um jogador taggeado negociando uma grande extensão logo depois.

Na NFL, existe dois tipos de FT: a exclusiva, e a não exclusiva. No caso da exclusiva, uma vez que você designa um jogador para ela, ele assinando ou não, nenhum time pode negociar com esse jogador além de você. Se ele assinar, ótimo, entra em vigor o que foi dito dois parágrafos atrás, senão ele fica um ano inteiro sem poder ir para outro time e sem jogar, dai vira FA irrestrito de novo. Se for a não-exclusiva e ele assinar, ótimo, mas se ele não assinar, os demais times da NFL tem direito de negociar um contrato com ele como negociariam com um FA normal, com a diferença de que o time que o taggeou tem o direito de igualar o contrato oferecido e ficar com o jogador (igual a um free agent restrito) e, caso não iguale, ele recebe escolhas de draft como "compensação" por perder seu franchise player (se não me engano, a compensação atual seria duas escolhas de primeira rodada).

Sobre a polêmica do Jimmy Graham, o time não escolhe a posição que ele taggeia o jogador, ele só aplica a tag e o sistema da NFL automaticamente atribui a posição com base na posição que ele é registrado. No caso do Graham, isso seria TE. No entanto, o jogador ou o time podem entrar com um recurso pedindo uma mudança caso o jogador não jogue na posição originalmente atribuída (pense por exemplo em Devin Hester, draftado como CB, registrado como CB - inclusive usando camisa 23 - mas que jogava de WR. Se ele fosse tagged, seria atribuído a ele a tag de CB, mas qualquer recurso mudaria isso para uma de WR). Esse é o argumento de Graham: embora ele seja registrado como TE, ele joga de WR no Saints e por isso a tag deveria mudar. Mais sobre isso daqui a pouco.


Sobre Salary Cap. O que acontece se um time está acima do Cap? No contrato de um jogador, além do salário, o que mais influencia no Cap? E o dead money, o que é isso? Ainda no contrato do jogador, como é definido coisas como Bonus ou Salário Garantido? - Ricardo "Mugen" Venturelli

Todos os times TEM que estar abaixo do cap quando começar oficialmente a free agency. Se não estiver? Reze. Ainda não tivemos um caso concreto para saber com certeza o que aconteceu, mas eu sei que a NFL tem poder de anular alguns contratos de um time caso isso aconteça como "punição". Acredito que além de anular alguns contratos para o time entrar dentro do cap, a NFL iria aplicar algum tipo de punição, como perda de escolhas de draft ou algo semelhante ao que fez com Redskins e Cowboys alguns anos atrás quando tentaram usar um ano que a NFL jogou sem salary cap para "burlar" as regras, e foram punidos com perda de espaço salarial em anos futuros. Melhor jeito de saber é esperar o Cowboys fazer isso daqui a um ou dois anos.

Sobre o contrato e como ele influencia no cap, ele funciona a partir das três fases da sua composição: você tem o salário anual do jogador, você tem o "bônus de assinatura" (o que no futebol chamamos de "luvas") e os demais bônus (que podem vir de diversas formas, desde "500 mil para cada jogo que for relacionado" ou "5M se você for o MVP"). Geralmente, o valor divulgado de um contrato já inclui os salários anuais totais e o bônus de assinatura. O bônus de assinatura (que vou chamar de "bônus" genericamente aqui, quando for um outro mais específico ele será, bem... especificado) você recebe totalmente no momento que assina o contrato, mas ele não conta todo de uma vez no salary cap - na verdade, ele é igualmente dividido entre todos os anos do contrato em termos de salary cap. Além disso, o salário anual - que é dividido quando o contrato é assinado - pode ou não ser garantido, dependendo da negociação. Isso não interfere no cap hit anual, só no dead money (chegaremos lá). Então o cap hit anual de um jogador é o seu salário daquele ano, mais a parte do bônus que foi distribuída pela duração do contrato, mais os eventuais bônus específicos que ele possa receber naquele ano conforme foi especificado em contrato (esses bônus em geral só contam para o cap se a NFL determinar que as condições são "prováveis" de serem cumpridas - se não, elas não contam em um primeiro momento, e passam a contar de forma retroativa caso sejam atendidas ao longo do ano).

Então fazendo um exemplo prático, imagine que eu assinei um contrato de 5 anos e 40M, com 15M de bônus e 25M totais garantidos. Em outras palavras, meu contrato tem 15M de bônus e 25M de salários, sendo que 10M de salários são garantidos. Para facilitar, o salário anual será igualmente distribuído por toda a duração do contrato: 5M em cada um dos cinco anos. Então no momento que assinei meu contrato, eu já ganhei 15M dele, mas o cap hit desse bônus será 3M a cada ano (btw, o salário anual pode ser distribuído ao longo da duração de diversas maneiras, não precisa ser igualmente, mas o bônus é obrigatoriamente igualmente distribuído). Então se o time me mantiver na equipe durante toda a duração do contrato, o meu cap hit será de 8M cada um dos cinco anos. 

No entanto, em algum momento, o time pode decidir me cortar antes do final do meu contrato. Isso vai gerar o famoso "dead money", que nada mais é do que o dinheiro que vai contar no seu salary cap caso um jogador saia do time antes do final do seu contrato (seja por troca, aposentadoria, dispensa ou whatever - vamos focar mais na dispensa porque é o caso mais comum). O dead money de um jogador dispensado é todo o cap hit futuro desse jogador que vem de dinheiro garantido, seja ele da parte do bônus daqueles anos ou salários garantidos, que contabiliza de uma vez só no seu cap.

Então no exemplo anterior, o cap hit anual era de 8M, com 5M vindo de salários e 3M do bônus. Eu disse também que 10M do salários seriam garantidos, então vamos supor que fossem os 10M correspondentes aos dois primeiros anos de salário. Então se o time quiser me cortar ao final do terceiro ano, ao invés do cap hit de 8M que eu teria no ano seguinte caso estivesse no time, eu saio da folha salarial do time (como meu salário daquele ano é não garantido, eles não precisam pagá-lo e ele não conta contra o cap caso eu não esteja mais no time), mas eles terão 6M na sua folha salarial daquele ano em "dead money" pela minha saída, que equivalem aos 3M de bônus que corresponderam aos dois últimos anos do contrato que eu não jogarei. Se o time quiser me dispensar apenas no último ano, dos 8M daquele ano eles só terão 3M contando como dead money. Se o time quiser me dispensar depois do segundo ano, quando meu salário para de ser garantido, eles também podem - mas dai o dead money passaria a ser de 9M (três anos de bônus) ao invés dos 8M caso eu estivesse no time, então é ruim para abrir espaço salarial.

No entanto, suponha que o time concluiu que eu sou um babaca no vestiário que tentou assediar a secretária do chefe, e eles querem se livrar de mim um ano depois de assinar o contrato. Eles podem me dispensar a vontade, mas agora além do dead money equivalente aos quatro anos restantes de contrato (totalizando 12M), o meu salário daquele ano é totalmente garantido. Ou seja, eles precisam me pagar o salário eu estando no time ou não. Então se me dispensarem mesmo assim, agora eu conto como 17M em dead money (12M do bônus mais meu salário garantido de 5M) e eu recebo os 5M em dinheiro pelo salário garantido.

Espero que tenha ficado claro o que o tal do "dead money" é, afinal: são todos os cap hits futuros garantidos (bônus ou salários garantidos) que são contabilizados de uma vez só quando um jogador sai do seu time antes da hora. É possível jogar uma parte do dead money relativo a uma dispensa para o ano seguinte, mas ai é complicação demais para explicar aqui, basta saber que é possível. Espero que tenha ficado claro, é um assunto dificilimo mas interessantíssimo.


TERMINOU!

Espero ter esclarecido as dúvidas sobre salary cap, são bem comuns. Agora antes de passar para a parte do Mailbag que envolvem perguntas sobre times específicos, vamos ver alguns dos outros emails. 



- Para minha supresa descobri que o Julian Edelman era quarterback na Universidade de Kent State, e acabou se transfomando num bom WR na NFL.

Esse tipo de caso é comum? um jogador mudar de posição só depois que chega a NFL? e se você conhece outros jogadores que são relevantes hoje em dia que tenham mudado de posição. - Fabiano Dantas

Não é exatamente comum, mas acontece. Acho que até mais do que jogadores que mudam de posição quando vão para a NFL, uma coisa mais comum é jogador que muda de esporte: Antonio Gates provavelmente é o exemplo mais famoso, um Power Forward no College que, quando viu que não tinha futuro na NBA, arrumou um workout com o Chargers e virou um dos melhores TEs da NFL. Ironicamente, o College onde ele jogava basquete? Kent State! Outros exemplos de jogadores de outros esportes incluem Jimmy Graham, que jogou basquete pela Flórida durante seus quatro anos de College antes de entrar no time de futebol um ano depois quando assistia a um curso complementar, e Wes Welker, que apesar de jogar futebol americano na faculdade também era jogador de futebol e foi não-draftado em parte por causa disso.

Mas só trocando de posição, como eu disse, não é comum mas acontece - as vezes o conjunto de habilidades ou tipo físico do jogador leva algum técnico a mudar um jogador de posição para melhor se adaptar ao jogo da NFL. Randle El é um bom exemplo de um QB que virou WR na NFL e teve muito sucesso. Delaine Walker também lembro que era WR e foi adaptado para TE pelo seu talento como bloqueador.

Mas acho que o mais comum é ou um jogador que mudou de posição ao longo do College, ou que jogava em mais de uma: Vernon Davis chegou a jogar de defensive end, linebacker e safety do lado defensivo, e Tony Gonzalez além de ser All-American jogando basquete foi linebacker durante dois anos na faculdade,  por exemplo. Alguns exemplos de jogadores recentes envolvem Wines Ward (foi RB por dois anos na faculdade antes de virar WR), Joe Thomas  e Jason Peters (eram TEs na faculdade antes de virar LT), Charles Woodson (era RB no colegial e tem até hoje vários recordes), Warren Sapp (era linebacker e PUNTER no colegial e chegou a jogar de MLB na faculdade) e Steve Smith (RB e cornerback no colegial).


Bom, eu tornei-me,recentemente, fã de futebol americano e esta época foi a primeira que acompanhei. Ainda não consegui escolher a minha equipa favorita e por isso a minha pergunta é a seguinte: como escolho a minha equipa de futebol americano? Que critérios devo seguir? E já agora, como você escolheu a sua? -João Almeida

Não existe um critério a ser seguido. Sempre achei que os melhores times são escolhidos naturalmente, e não seguindo algum critério. Algum jogador que você goste muito de acompanhar, uma camisa ou logo que você ache legal, uma torcida que te inspire, um jogo que te marcou... tem diversos motivos que podem levar você a escolher um time. Conheço um torcedor do Broncos que escolheu o time porque adorava acompanhar a história do Tim Tebow, por exemplo, e minha namorada mesmo torce para o Lakers porque quando era criança adorava roxo e, portanto, a camisa roxa do Lakers. Um amigo meu torce para o Pats porque o primeiro jogo que ele sentou para assistir direito foi um Sunday Night entre Patriots e Bills que o Pats perdia por uns 12 pontos faltando 5 minutos e conseguiu a virada, e o co-fundador do Two-Minute Warning Marcelo Ferrantini torce para o Bears porque estava lendo sobre a história da NFL e se apaixonou pelos Monsters of the Midway. Não tem um critério, e se você não tem um time e quer achar um, o melhor que você faz é assistir o máximo de jogos possíveis de times diferentes, e ver se alguma coisa em um deles te atinge de uma forma diferente.

O meu caso é até chato: eu torço para o 49ers porque meu pai torcia desde criança e me criou assim, como se fosse time de futebol - eu tenho um vídeo meu de criança com uns 4 anos no qual eu estou de camisa do Niners, lançando uma bola de futebol de criança e levantando os braços dizendo "Touchdown, Steve Young!". Mas meu pai torce porque quando criança morou nos EUA, se apaixonou pelo esporte e gostou do 49ers porque suas cores lembravam o vermelho-branco-e-preto do São Paulo Futebol Clube, seu time do coração. Então realmente não tem só um caminho para escolher um time, e tenho certeza que alguma hora você vai achar o seu.


Considerando que times como Chiefs, Saints e 49ers devem ser wildcards e são no minimo candidatos a chegar a final da conferência, fiquei com uma curiosidade: Já houve alguma final de conferência, ou até um Superbowl, entre dois times de wildcard? Desculpe se a pergunta for muito irrelevante. - Felipe Amorim

Obviamente a pergunta foi feita antes dos playoffs, mas a pergunta ainda é válida: desde 1970, quando o Wild Card foi criado, 10 times de WC chegaram ao Super Bowl e 6 foram campeões (2010 Packers sendo o mais recente). No entanto, até hoje nunca tivemos um Super Bowl entre dois times de Wild Card, e até onde eu sei nem sequer uma final de conferência entre os dois times WC.


O San Diego Chargers afinal é o melhor time ruim ou o pior time bom da NFL? Por quê tanta oscilação? É razoável acreditar, com a fraca defesa de Denver e os problemas no ataque e contra o jogo terrestre de New England, e ainda os inúmeros problemas tanto ofensivos quanto defensivos do Colts, que o San Diego chegue ao SB? - Danilo Vilas Boas

Obviamente essa também é uma pergunta para um Mailbag pré-Super Bowl que nunca aconteceu e está... hmm... desatualizada. Mas vale a resposta só porque é um ponto que eu sempre gosto de insistir e revisitar: praticamente QUALQUER time que chega nos playoffs pode vencer um Super Bowl. O modelo de jogo único e a natureza altamente volúvel do jogo de futebol americano significam que, na amostra pequena que são os playoffs, qualquer coisa pode acontecer, e normalmente o time que vence os playoffs não é o melhor da temporada regular (2013 obviamente não foi o caso), e sim o time que fica mais inteiro, pega fogo na hora certa e conta com mais golpes de sorte. O melhor exemplo é o Giants de 2011, o único time com Pythagorean Wins negativo que ganhou um Super Bowl, que viu sua linha defensiva explodir (e nunca mais repetir o nível) naquela pós-temporada, recuperou sete fumbles seguidos (!!), contou com um game-winning drop do Tarrell Brown e dois fumbles do retornador adversário na final de conferência para vencer.

Para dar um exemplo prático, eis os rankings finais da temporada regular para o Chargers de 2013 em DVOA: 3rd em ataque (22.5%), 32nd em defesa (17.5% - lembrando que em defesa, o DVOA bom é o negativo) e 12th (5.8%) em eficiência. O Giants de 2007 terminou 18th em ataque (-1.1%), 13th em defesa (-3.8) e 14th em eficiência (1.9%). Então se você chegou nos playoffs, você tem chances de vencer sim, mesmo que sua temporada regular tenha deixado a desejar. Esse mesmo Chargers esteve a uma 3rd and 17 convertida de possivelmente derrubar o Broncos e chegar na final de conferência em 2013. Então sempre tem chance. Sempre.


Para mim um posição muito difícil de ser avaliada no F.A. é a de um receiver,visto que para ter bons números ele depende de certos fatores como um quartback razoável,foco da equipe no jogo aéreo etc..vejamos o caso de Julian Eldemam agora super valorizado após uma temporada recebendo passes do Bradboy, numa equipe sem bons receivers para fazer sombra.Quais os critérios que você utiliza e leva em consideração na hora de avaliar um wide receiver? - Sérgio Estevão Silveira Silva, Pelotas/RS

Essa é a grande questão, na verdade. Da até para extrapolar e perguntar não só sobre WRs, mas como qualquer jogador funciona fora de um esquema tático definido e com companheiros específicos. O melhor exemplo disso é o San Francisco, que desde 2009 tem uma das melhores defesas da NFL. Todo ano, seus jogadores são bastante assediados na free agency e recebem contratos muito caros, na esperança de que mantenham o nível. Mas até agora, todos que saíram falharam em repetir sequer perto do nível mostrado em SF: Dashon Goldson, Isaac Sopoaga, Jean-Ricky François, Takeo Spikes,  Aubrayo Franklin, Parys Harrelson... a lista é considerável. É muito mais fácil para esses jogadores renderem dentro de um bom esquema defensivo e em meio a jogadores excepcionais do que mudando para um esquema novo e não tão completo. 

Isso é especificamente válido, como você pergunta, para WRs. Na verdade, acho que não existe uma posição tão depende de outra como o WR depende do QB para produzir, além dos fatores citados na pergunta. Por isso é tão difícil avaliar WRs, e por isso todo ano aparece alguém recebendo um contrato absurdo na free agency: você fica seduzido pelos números de touchdowns, número de jardas, número de recepções e esquece o contexto nos quais eles aconteceram. As 1300 jardas e 11 TDs de Eric Decker são impressionantes, mas é mais fácil conseguir isso quando você recebe passes de Manning em um dos melhores ataques da história da NBA. Em contraste, 520 jardas e 2 TDs não parecem bons até lembrar que o QB de Michael Floyd esse ano era uma mistura de Kevin Kolb, John Skelton e Ryan Lindley. Então enquanto números são sempre importantes, é bem mais difícil avaliar um WR corretamente só por eles.

O mais importante quando se avalia um WR é saber qual tipo de jogador ele é, e portanto, quais características ele tem que ter. Um alto catch rate (ou seja, % dos passes na sua direção que o WR recebe) é uma ótima estatística, mas ela é menos importante em um burner (jogador de velocidade que recebe aquelas bombas longas, passes de aproveitamento menor) do que em um slot receiver.  Então precisa saber com o que está lidando com o jogador em questão. Em geral, a questão mais importante do WR é como ele consegue criar separação. Nenhum arremesso na NFL vai ser 100% perfeito, assim como uma boa defesa não vai impedir 100% dos passes para um dado jogador. O que a defesa faz é reduzir ao máximo a janela para um passe alcançar seu alvo, e portanto a tarefa do WR é criar a maior janela possível para o QB acertar o passe. Claro, isso é feito de formas distintas: um burner vai precisar ter a velocidade, explosão e aceleração para criar uma vantagem na linha sobre o CB; um cara como Anquan Boldin usa sua força física para criar uma vantagem sobre seus adversários e ganhar lances 50-50; Wes Welker sua sua agilidade no curto espaço para criar essa separação; Megatron ou Demariyus Thomas usam sua habilidade atlética e explosão para ganhar uma vantagem pelo ar; e por ai vai. A questão é que se o jogador é capaz de criar algum tipo de separação, não importa como, ele vai poder render em um ataque. Se ele vai se adaptar ao que você procura no seu ataque é outra questão, mas é a habilidade mais importante.

Em geral, acho que o segredo para WRs não é ignorar as estatísticas, é colocá-las em contexto. Os números de Decker são inflados por jogar com Manning, sem dúvida alguma, mas ele também tem um alto índice de recepções nos passes lançados na sua direção e tem poucos drops, duas habilidades que tem menos a ver com contexto. Além disso, colocar 1300 jardas e 11 TDs com PM não significa que Decker o fará em New York, mas o fato dele ter sido uma arma tão utilizada em um ataque tão bom mostra que ele é um jogador com habilidades confiáveis. Então ainda que tenha muitas coisas importantes para se observar em um WR - como ele ganha bolas disputadas, o quanto ele consegue correr depois da recepção, quebrar tackles e conseguir jardas extras, o quanto ele dropa ou não passes, % de passes na sua direção que viram recepções, eficiência na red zone, etc - o mais importante mesmo é saber colocar em contexto aquilo qiue você está vendo.


Tem uma sequência de perguntas aqui do Sérgio, então vamos dar uma passada por elas em sequência.


 drop-kick do F.A. é igual ao do rugby?Em alguma ocasião está jogada teve um destaque e foi decisiva na NFL?

Semelhante. Qualquer jogador da NFL pode fazer um drop-kick como FG ou extra-point desde que esteja atrás da linha de scrimmage e nenhum passe para a frente tenha sido feito na jogada. Mas como você deve imaginar, não é uma tática nem um pouco eficiente: o chute normal da NFL te oferece muito mais estabilidade e precisão, então não tem motivo para você tentar um durante uma partida já que diminui muito suas chances de converter. Era uma tática mais comum antigamente, quando o futebol americano ainda era muito parecido com o rubgy e a bola mais arredondada, mas caiu totalmente em desuso conforme o futebol americano foi se refinando e a bola ficando mais pontuda. 

Até onde eu sei, a era moderna da NFL só viu um drop kick oficial, quando o Pats mandou seu QB reserva, Doug Flutie, fazer um extra point com um drop-kick. Não alterou em nada o resultado, mas como era o jogo final de Flutie antes de se aposentar, foi uma forma do Pats de fazer uma homenagem ao seu ex-QB sendo o primeiro e único da NFL a executar esse tipo de jogada em tanto tempo. Ele acertou, btw. 


Há uma tendencia de as equipes dispensarem jogadores veteranos e uns nem tão veteranos com 30 anos ou mais. Estes jogadores conseguem se manter pelos resto de suas vidas sem precisar de outro tipo de trabalho ou só as estrelas conseguem isso??Visto que mega-salários só alguns recebem em uma equipe que tem ao todo 53 jogadores.

De acordo com um excelente documentário da 30 for 30 sobre o assunto, cerca de 70% dos jogadores de esportes americanos declaram falência pouco depois de se aposentaram (acho que era até 3 anos depois). Jogar na NFL da bastante dinheiro, mas também tem uma vida útil curta, e nem todos conseguem um emprego como comentarista ou repórter depois de aposentados, então muitos dependem só do que ganham jogando. E como meu professor da faculdade sempre falava, o que importa para o indivíduo não é quanto ele ganha, é quanto ele gasta. Muitos jogadores da NFL vivem um estilo de vida muito luxuoso e com muitos gastos, e quando a renda da profissão acaba eles não tem como se manter e acabam tendo que ir trabalhar com outras coisas para se sustentar. Claro, alguns ganham tanto dinheiro que conseguem se manter por muito mais tempo, outros conseguem continuar no ramo (seja como técnico, coordenador, comentarista, olheiro ou etc), e alguns investem ou poupam inteligentemente seu dinheiro para que dure depois da aposentadoria. Mas a grande parte vai logo a falência quando para de ganhar dinheiro.


Nas análises e previsões entre uma temporada e outra sempre se fala nos grupos de ataque e defesa, mas muitas partidas são definidas pelo time de especialistas..tirando os kickers,punters e retornadores,há um trabalho específico para jogadores que atuam nos Specials Team?  - Sérgio Estevão Silveira Silva, Pelotas/RS

Existe sim, é um trabalho bastante difícil que exige bastante coordenação. Muitos jogadores tem carreiras longas e lucrativas na NFL por serem monstros nos special teams, coordenando as jogadas, fazendo leituras, bloqueando nos lugares certos e achando as falhas para atravessar os bloqueios e fazer tackle, como Kassim Osgood e Blake Costanzo, mesmo que não rendam nas suas posições naturais. Normalmente as pessoas pensam em special teams em termos de kicker, punter e retornador, mas tão importante quanto é ganhar a pequena batalha das posições de campo, evitando que os adversários possam ganhar jardas extras com retornos e ganhando você essas posições. O melhor exemplo que posso te dar é o Chargers: em 2009, eles tiveram um ST sólido e Osgood foi ao Pro Bowl como Special Teamer. Em 2010, dispensaram Osgood, e caíram imediatamente para o pior ST da NFL, tomando uns oito ou nove TDs de retorno aquele ano e perdendo a temporada nisso.

O principal motivo de eu não falar tanto do ST quando faço algum preview de time é porque tem um fator muito aleatório ano a ano nisso. Em geral eu cito mais quando um time teve um espetacular ou horrível que deve normalizar, mas na maioria das vezes é algo muito difícil de prever ou mesmo de entender vendo de fora, e por isso prefiro não tocar no assunto sem ter uma boa base. Mas sim, pode ter certeza que é um fator imenso determinando a temporada de um time, assim como ataque ou defesa - tanto que DVOA, a estatística que sempre uso, vem em ataque, defesa E ST para gerar a eficiência total. Só é muito mais difícil de acompanhar ou de se prever mesmo.


A respeito do Head Coach na NFL, qual o verdadeiro papel do HC? Já que normalmente os times possuem coordenadores ofensivos, defensivos, para os Special Teams além dos mais especificos de linha ofensiva, secundária e etc.
 
Enfim com todo esses tecnicos exercendo suas funções o que sobra para o HC? - Fabiano Dantas

Isso depende e varia MUITO, de acordo com o técnico em questão, a organização, seus assistentes e tudo mais. Alguns diriam que o HC é basicamente o cara que coordena tudo isso, ele controla quem está fazendo o que e é o centro disso tudo. Mas a verdade é que depende demais de quem é. Um técnico como Lovie Smith, por exemplo, que é um mestre defensivo e que não entende o que é um passe, vai delegar a maior parte do seu plano de jogo ofensivo para seu coordenador ofensivo, mas vai estar profundamente envolvido com a parte defensiva, muitas vezes montando ele mesmo o plano defensivo e só contando com auxílio do coordenador defensivo. Um técnico mais ofensivo como Chip Kelly seria o contrário, por exemplo. Outros, como Bill Belichick, que são ótimos estrategistas dos dois lados da bola, estarão profundamente envolvidos com todas as áreas do jogo, enquanto técnicos menos especializados podem delegar a maior parte das tarefas e só servir para centralizar tudo isso.

Em geral, no entanto, o HC é o cara que toma as decisões. Ele que sabe qual coordenador vai ser, e qual a direção do plano de jogo que ele vai montar. É ele quem toma as decisões no elenco, como qual QB vai jogar,  e como vão se preparar para enfrentar os adversários. Eles centralizam essa tomada de decisão, e embora futebol americano seja um esporte complexo demais para um cara só deter todo o conhecimento do que está acontecendo, é ele quem da as direções e depois da a palavra final. Mas naturalmente, como eu disse, o nível de envolvimento e a extensão completa das funções varia muito dependendo do cara e da organização em questão. 


Li algumas notícias de que o Raiders teria interesse em contratar o Matt Schaub, com isso fiquei pensando times necessitam de qb's pra essa temporada de 2014 e poderiam ser bons para o Schaub. De imediato o Vikings me veio a cabeça, será que não daria certo a dupla Schaub + AP? O que acha? - Thiago Berti

Essa pergunta foi editada (ficou só a pergunta mesmo por questões de espaço), mas o Thiago também entra no mérito do Vikings, perguntando sobre a questão de QB, o que deveriam fazer e tudo mais. Então vamos responder em duas partes.

Sobre os times que poderiam ser um fit para o Schaub, isso depende se você acha que ele ainda tem lenha para queimar, e se ele vai mesmo ser dispensado. Se sim, então o fit ideal seria um time mais ou menos estabelecido em outras áreas, pronto para competir, mas cujo time teria mais dificuldade pegando um QB no draft por algum motivo. Então um time como Bucs (que foi atrás de outro veterano, Josh McCown), Arizona (seria o fit perfeito se não tivessem já o Carson Palmer por lá), Bills (se não estiverem tão confiantes no EJ Manuel no curto prazo), ou mesmo Jets ou, ironicamente, o próprio Texans. A outra solução para ir atrás do Schaub seria um time com um QB jovem (que já está no elenco ou que ainda viria pelo draft) e que precisasse de um veterano para dar estabilidade enquanto o jovem treina e se refina, para fazer essa transição. Isso poderia funcionar para diversos times como Bills, Bucs ou mesmo times como Jaguars, Cleveland ou Oakland, dependendo do que pretendem fazer essa offseason. Se você for pegar um cara pro-ready como Ted Bridgewater, não tem porque, mas se a idéia for pegar um QB mais cru como Blake Bortles ou mesmo um no final da primeira rodada (ou segunda e terceira), Schaub parece uma ótima opção para fazer a transição. Minha aposta é que o Raiders não vai pegar um QB na primeira rodada e sim na segunda ou terceira, dai pegar o Schaub para ser o "mentor".

Sobre o Vikings, eu entrei no mérito do vencer agora vs apostar no futuro em uma coluna recente. A verdade é que o ataque é bastante jovem ainda, tirando AP, e que com um s´ølido QB essa unidade está pronta para deslanchar, mas a defesa - que também se livrou de seus jogadores mais velhos e está se reconstruindo em torno de caras mais novos - ainda está longe de ser a de um contender, então considerando que o elenco é jovem e ainda não está pronto para ir aos playoffs em uma NFC North fortíssima, faria sentido ir com calma. Para mim o ideal é pegar um cara no draft sem pressa, deixar um ano ou dois desenvolvendo a la Colin Kaepernick. A questão é que, tendo renovado com Matt Cassell por 5M ao ano, se for esse o plano então Cassell será o titular, não faria sentido trazer mais um veterano. Pode ser também que eles nunca tenham pensado em trazer um garoto e queiram vencer logo de cara, mas também não me parece que Schaub seria o ideal nesse cenário já tendo Cassell, com Vick sendo uma alternativa de maior potencial.


Ok, vamos passar a uma série mais rápida sobre times específicos.


O ataque do Vikings, até a 15ª rodada, é o 2° em jardas conquistadas e 9° em pontos da NFL, e esses números poderiam ser ainda melhores se não houvesse essa indefinição quanto ao QB titular. Enquanto isso, a defesa caminha para ser uma das piores da história do time, com problemas na secundária e no corpo de linebackers, além de não conseguir parar ataques nos momentos decisivos do jogo em vários casos. Sendo assim, qual você acha que deve ser a prioridade do time para o próximo draft? - Matheus Milanez

Bom, ainda acho que um QB é essencial. O que não significa que o Vikings deve ficar totalmente focado nisso, claro: ainda acho que um QB do trio principal do draft cai para o Viks no número 8 (provavelmente Bortles), mas se não cair, a pior coisa que podem fazer é se desesperar e pegar o próximo QB disponível. Esse draft tem boa profundidade, e se Bortles, Manziel ou Bridgewater não sobrarem na 8th pick, eles podem pegar na segunda rodada (ou mesmo trocar para entrar no final da primeira) e pegar Derek Carr, Jimmy Garopollo ou meu favorito, Zach Mettenberger. Mas acho que não deveriam sair desse draft sem pelo menos um projeto de segunda ou terceira rodada para treinar um ano atrás de Matt Cassell.

Além disso, acho que o ataque está bem encaminhado, então a defesa tem que ser o foco. Um LB cairia muito bem no time para liberar Chad Greenway, e embora um DE para substituir Jared Allen fizesse bastante sentido, o time pagou demais para Everson Griffen ser apenas um jogador situacional, então acho que cai na lista de prioridades. Um segundo safety também faria muito sentido por lá. Mas a necessidade de playmakers passa por todas as posições na defesa, praticamente, então acho que o Viks deve focar desse lado da quadra pegando o melhor jogador disponível.


De acordo com os jogos finais de divisão percebeu-se que o time do NEW ENGLAND PATRIOTS estava um passo atrás dos outros concorrentes, BRONCOS, 49ers, SEAHAWKS, e até de alguns outros times que ficaram pelo caminho na corrida dos playoffs. Gostaria que você comentasse sobre o que o time de NEW ENGLAND precisa para estar no nível desse times na próxima temporada. As posições mais carentes, as manobras que o time deve fazer usando a free agency o draft e possíveis trades. - Geraldo Neto, Uberlândia, MG

E estava um passo atrás mesmo, e embora eu ache que não era tanto quanto pareceu na Final de Conferência, o fato é que jogar na fraca AFC fez o time parecer melhor do que era de verdade. Ainda assim, é difícil culpar DEMAIS o Patriots depois de tudo que deu errado na temporada: Danny Amendola quase não ficou saudável (e quando ficou não foi bem), Rob Gronkowski e Sebastian Vollmer se machucaram e perderam a segunda metade da temporada, e a defesa parecia contagem de corpos de filme de terror (Jerod Mayo, Vince Wilfork, Brandon Spikes, Tommy Kelly... até Aqib Talib). Então a história talvez fosse diferente com um time saudável.

Para 2013, eu falei um pouco sobre o que eu teria feito, liberando cap space e indo atrás de, principalmente, um pass rush e ajuda para a secundária. O Patriots fez o segundo muito bem, indo atrás do Darrelle Revis para substituir Talib e parece estar perto de Brandon Browner (os dois encaixam muito bem, btw) - então eles foram ativamente atrás de resolver um problema. Mas me preocupa a falta de soluções para as demais áreas: o ataque terrestre perdeu seu melhor LB em Spikes e deve perder seu melhor DT em Wilfork, e ainda não achou nenhuma solução para seu complicado jogo aéreo - sim, enquanto tiver Tom Brady o time vai funcionar, mas a falta de alvos além de Julian Edelman foi um problema em 2013 quando Gronk esteve fora, e não só Edelman saiu como o time ainda não trouxe nenhuma alternativa para o jogo aéreo, seja WR ou TE. Então eu acho que esses seriam os três focos do time para o resto da offseason: precisa trazer alvos para o jogo aéreo (um TE reserva seria legal, dado que Gronk não fica saudável), precisa de mais um pass rusher, e precisa de alguém para ancorar essa defesa terrestre. O problema é só ter 10M de cap space, mas o Pats tem um longo histórico de achar contribuintes baratos. 


O que o Green Bay Packers precisava fazer para ser forte candidato ao título do Super Bowl? - Eliel Santos

Precisa reorganizar basicamente o time inteiro. Não que o time tenha problemas do começo ao fim do elenco, mas tem buracos que atrapalham todo o funcionamento: a linha ofensiva é bem fraca, e a defesa é uma zona do começo ao fim. Não que não tenha bons jogadores, mas não é suficiente para fazer funcionar o elenco. O time continua ganhando porque Aaron Rodgers é um dos melhores jogadores do mundo, e em 2013, o time achou um RB que conseguiu levar o time nas costas. Mas precisa continuar construindo o time até o fim do elenco, e o time tem sido muito ruim nisso nos últimos dois anos. A defesa tem bons jogadores, especialmente na secundária, mas a unidade não funciona porque todo mundo tem que desdobrar para cobrir múltiplas funções. Não tem aquela dupla que vá ancorar o jogo terrestre, nem alguém para acompanhar o Clay Matthews no jogo terrestre, o time é muito vulnerável pelos lados... ou seja, todas as área defensivamente tem alguma falha, e então você precisa que os bons jogadores de lá saiam do que fazem de melhor para tentar cobrir o resto. O resultado é uma bagunça.

O Packers vai ser um candidato ao Super Bowl enquanto tiver Aaron Rodgers, mas tem esbarrado na falta do resto do time. Melhorar a linha ofensiva é uma preocupação antiga do time, mas nada do que tem feito parece resolver a questão, então ir atrás de ajuda para a defesa era o ideal. Um MLB capaz de cobrir o meio do campo e um pass rusher parecem ser as prioridades, e um safety também era bom. Todo mundo comenta de Rodgers e do bom ataque do Packers, mas o time campeão de 2010 era impulsionado também pela segunda melhor defesa da NFL. Só com o ataque vai ficar difícil voltar ao Super Bowl.


Eu li em outro site que o Draft, da temporada passada, foi um dos melhores na posição de offensive linemen. Se isso for verdade porque o Pittsburgh Steelers não escolheu nenhum jogador para essa posição, já que essa é a principal necessidade do time? E no Draft desse ano, quantos jogadores você acha que os Steelers deveriam escolher nessa posição e em quais rodadas? - Antonio Carlos Moraes

Ela era considerada profunda em OL sim, mas nenhum dos três primeiros OLs do draft (1st, 2nd e 4th picks) jogaram bem, então menos mal.

Eu acho que não escolheram porque a necessidade não era tão grande assim como você diz. Eles terminaram 15th em proteção em 2012 (e 2013), e investiram várias 1st round picks em OLs que simplesmente machucaram, como Maurkice Pouncey e David DeCastro. Eles não vão machucar sempre, e acho que com um bom tackle (esse draft é profundo) a linha ofensiva fica boa, ou pelo menos acima da média. Em 2013, o time terminou 12th ofensivamente e 20th defensivamente, então acho que a defesa é ainda mais complicada hoje que o ataque, especialmente tendo em vista as dispensas recentes.

Sobre o draft, como eu disse um tackle cairia bem, mas acho que não é a maior urgência. Acho que eles precisam mesmo é de um novo pass rusher depois da dispensa de LaMarr Woodley, e ajuda para a secundária que perdeu bons jogadores (e não perdeu Ike Taylor). Acho que a pressão pode vir de ajuda interna com Jarvis Jones evoluindo, mas ainda é pouco. Um MLB para solidificar o miolo não era mau também. Eu acho que um tackle ou um CB na primeira rodada, depois um OLB ou DE (e um tackle mais para o final) era o ideal, especialmente em um draft profundo ofensivamente.


Por fim, uma pergunta mais pessoal. Sabemos que na última década na NFL ficou "mais fácil passar a bola". Então o recorde do Marino de jardas passadas ou o recorde do Jerry Rice em jardas recebidas foi quebrado (do Marino várias vezes), mas ainda sim, tem gente que considera a temporada do Marino como melhor temporada para um QB e a temporada do Rice como melhor temporada para um WR (o que eu concordo) pois hoje em dia é "mais fácil passar a bola". Mas isso não pode acabar desmerecendo os QBs e WRs de hoje em dia? Digo isso pois, por exemplo, se um QB lançar 6000+ jardas ou um WR receber 2000+ jardas ainda vão ficar falando que Marino e Rice tiveram uma temporada melhor. Ou melhor ainda, o que um QB ou um WR devem fazer, hoje em dia, para que suas temporadas sejam consideras por todos (ou quase todos) como a melhor temporada para um QB e um WR?
P.S: Note que o cara ter uma temporada melhor que a do Marino ou do Rice não significa, necessariamente, que ele é melhor que o Marino ou Rice (só pra ficar claro). - Ricardo "Mugen" Venturelli

Resposta curta... SIM!!! É inegável que o jogo mudou muito e que existe uma grande diferença entre o que acontecia em 1988 e o que acontece em 2013.  O problema é que as pessoas são 8 ou 80 em relação a isso e aos números: ou elas ignoram totalmente as mudanças e os diferentes contextos, só olhando para os números frios e tirando a conclusão de que a > b porque o número de a é maior que o número de b; ou então elas criam uma barreira entre as duas eras, concluindo que só porque hoje é mais fácil então é impossível ser melhor hoje e isolam as duas coisas. O problema é que existe DE FATO uma enorme mudança entre as eras, que se refletiu tanto nas estatísticas como no estilo de jogo (um segundo viés menos citado, mas os QBs passam hoje muito mais do que em 1986, por exemplo, o que contribui para inflar estatísticas), e é muito difícil colocar isso no contexto apropriado. Por isso as pessoas recorrem a essas medidas extremas. Eu particularmente prefiro criar a barreira entre as duas e tratar as duas coisas separadamente (mais ou menos como tratamos pré-merger e post-merger separadamente) a achar que são iguais, mas o ideal mesmo é achar aquele meio termo.

Sobre o que teria que fazer para ser considerada a melhor temporada de todos os tempos, eu acho que você precisaria passar de alguma marca redonda. Ou seja, o WR teria que passar das 2000 jardas com alguma folga, e o QB teria que chegar nas 6000 passando de 50 TDs. Sim, é arbitrário e estúpido, mas 90% das discussões do tipo também são. Durante muito tempo, a marca de 5000 jardas foi um taboo para os QBs da NFL, como a marca a ser alcançada... dai 10 QBs fizeram isso, incluindo Matt Stafford, e ela perdeu o significado. 5000 virou o novo 4000. Então acho que 5500 ou 6000, possivelmente 6000, seria o patamar que todo mundo subsconscientemente iria colocar como aquele a ser alcançado. Para o WR, o jogo é TÃO mais fácil (sim, mais que para QBs) que talvez nem 2000 jardas fizesse o serviço. Acho que para Megatron ter a melhor temporada, ele precisa ser o MVP da NFL, e ele não vai conseguir isso com menos de 2000 jardas e 12 TDs. É arbitrário e talvez até injusto, mas é assim que funcionaria, acho. Acho que na média, a mentalidade "glorificar demais o passado por conta das mudanças" ainda é mais forte. 

(For the record, eu ainda acho que 1984 foi a melhor temporada regular de um QB de todos os tempos, e 1989 Montana foi a melhor começo-ao-fim. Eu só acho que elas não são impossíveis de serem alcançadas)


O assunto é basicamente sobre a era Brady/Manning.Não é uma comparação entre eles- até porque odeio esse tipo de comparação,de que é melhor e não acompanhava NFL de perto quando o Peyton jogava em Indianapolis.Na verdade é sobre as gestões do Colts e do Patriots nesse período.

Poxa,ambas as equipes tiveram/tem mais de uma década de dois dos maiores QB que passaram pela liga,jogando no mais alto nível.Mas não dá pra deixar de notar que o Patriots fez 6 finais de conferência com 5 títulos da AFC e 3 de SB enquanto o Colts teve 2 finais AFC e 1 SB.Não é nada mal conseguir um título de SB(ao contrário) mas não fica aquela sensação de que poderiam ter conseguido mais?O que faltou pro COLTS,quais foram seus erros e principalmente,olhando pra era Manning e já projetando uma Era Andrew Luck o que eles podem tirar de lição pros próximos anos com o garoto,isto é,como aproveitar ao máximo o talento dele e traduzir isso em títulos. - Sebastião Neto

É um assunto bem delicado que provavelmente merece um post inteiro, então vou ser o mais direto possível porque o mailbag já está longo o suficiente: eu acho que a grande diferença entre as carreiras de Brady no Pats e Manning no Colts é a mesma lição que eu acho que Indy tem que aprender para Andrew Luck - não se acomodar com o que está bom. Brady sempre teve uma das diretorias e um dos técnicos mais inteligentes da NFL dando apoio, sempre mantendo o cap sob controle, sempre achando valor onde deveria, sempre fazendo trocas e contratações inteligentes para sempre melhorar marginalmente o elenco aonde poderia. Manning não pode dizer o mesmo Colts - certamente o Colts tinha um grande time ao longo da década, mas nunca teve a capacidade do Patriots de desenvolver talentos, fazer trocas inteligentes e sempre continuar evoluindo dentro e fora de campo. As vezes parecia que Indianapolis se acomodava com seu sucesso e só tentava dar grandes passos decisivos para o título, enquanto o Patriots continuava dando os pequenos passos que aumentam o valor de cada escolha e cada contrato, e se você acha que isso não faz diferença ao longo de 10 anos, você precisa repensar a NFL. 

Isso ficou particularmente evidente na segunda metade da década, quando o Patriots continuava renovando sua equipe, achando talentos no draft e se mantendo como um dos times mais completos da NFL, enquanto que o Colts perdia cada vez mais peças importantes sem conseguir uma reposição, se mantendo forte só com o que restava do seu antigo núcleo e seu QB Hall of Famer. Se o Colts tivesse conseguido manter o cap sob controle e desenvolver melhor seus jovens jogadores, como fez o Pats mais para o final da década, aqueles times de Manning entre 2008 e 2010 teriam chegado sido muito mais fortes. Então se em termos de carreiras e conquistas você quer achar uma diferença definitiva entre Manning e Brady, não olhe para números de vitórias em playoffs e sim para as diretorias. Indy tinha um fantástico núcleo (que foi um pouco underachiever, verdade) que eles tiraram tudo que podiam, enquanto que Patriots não só teve ótimos núcleos como eles estavam consistentemente se renovando e adicionando novas peças. É verdade. 

Para a era Luck, é importante saber disso. O Colts hoje vai vencer jogos porque tem um fantástico QB, mas o resto do time é muito fraco -  a linha ofensiva ainda é fraca, tirando Reggie Wayne e TY Hilton não sobra nenhum bom recebedor, e a defesa como um todo é abaixo da média (especialmente se Robert Mathis não conseguir repetir seu espetacular 2013). Só porque você está vencendo não quer dizer que você é bom, e definitivamente não quer dizer que você é tão bom quanto pode ser. Sucesso na NFL é muito passageiro, e se você quer torná-lo duradouro, vai precisar mais do que só contar com um QB fora de série a cada 13 anos.

segunda-feira, 10 de março de 2014

O caminho dos 32 times na offseason - NFC (parte II)


"Pega essa flag e enfia no...!!!!"


AVISO IMPORTANTE: Para compensar a ausência no final da temporada, e colocar um ponto final decente na boa temporada 2013 da NFL, a idéia é fazer um mega-Mailbag daqui a uma semana. A semana que vem vai ser dedicada a olhar o caminho dos 32 times para o ano que vem, e a idéia então é que só na outra semana a gente faça o Mailbag mesmo. Qualquer tópico é válido, qualquer coisa sobre a temporada regular, playoffs, técnicos, jogadores, Free Agency e etc. Perguntas sobre o Draft também serão respondidas, mas terão menor preferência pois é um assunto que ainda vai ter sua cobertura. Então aproveitem para mandar suas perguntas/dúvidas/comentários finais da temporada para tmwarning@hotmail.com com o assunto "Mailbag", que você pode ver sua pergunta aqui e no Esporte Interativo (perguntas enviadas a Mailbags anteriores e não respondidas também serão respondidas, se ainda relevantes, btw). Então participem e vamos fazer desse último MB da temporada 2013 um sucesso.

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Depois de olhar para o passado - mais especificamente, olhar para nossos palpites de antes da temporada começar e ver quais deram certo e quais foram fiascos homéricos - é hora de olhar um pouco para o futuro de cada uma das 32 franquias da NFL. A temporada 2013 agora é passado,  e estamos entrando na pior época do ano (o tempo entre o Super Bowl e o começo do Draft e da Free Agency, que é quando por bem ou por mal a NFL começa de novo). Então é hora de pegar todos os times da NFL e ver em que ponto exatamente cada um deles se encontra nesse momento da offseason, quando estamos todos recolhendo os cacos de 2013 e se preparando para 2014. Qual a direção que cada time deve tomar para 2014? Quais mudanças devem ser feitas? Quais as incógnitas e quais as certezas? É isso que vamos tentar achar nesses posts. Serão três: um para os times de playoffs, um pra os times que não foram aos playoffs na AFC, e um aos times que não foram aos playoffs na NFC.

Começamos pelo times que foram aos playoffs e agora tentam voltar a pós temporada. Depois, falamos em duas partes sobre os times da AFC que não foram aos playoffs (Parte I e Parte II). Agora, é hora de falar dos times da NFC que não tiveram a honra de jogar em Janeiro. Tivemos a Parte I com os times das NFC East e South. Agora é hora de falar dos cinco times restantes.

Para facilitar (AKA Carnaval), esse post também foi dividido em duas partes.


Times da NFC fora dos playoffs (Parte II)


Chicago Bears

A grande história dessa offseason para o Bears foi a renovação de contrato de Jay Cutler, um contrato de 7 anos e 126M. Muita gente - corretamente - achou que era um contrato absurdo tanto em duração como em valor para um QB de 31 anos (em Abril) que tem dificuldade ficando saudável e que nunca foi muita coisa em Chicago desde que foi adquirido de Denver. Ele é um sólido QB em geral, mas é instável, nunca fez nada para justificar um contrato que lhe pague mais que os de Matt Ryan, Peyton Manning ou Ben Roethlisberger... e talvez mais importante, o Bears vem de uma temporada na qual Cutler foi substituido (quando machucado) por um veterano de 34 anos que não era titular na NFL desde 2004, e conseguiu com ele produção igual ou superior da que Cutler proporcionou em meio a um ataque muito completo. Então o contrato realmente foi causa para questionamentos.

Embora o contrato seja questionável, o fato é que o Bears o montou muito bem. A duração e o valor do contrato enganam um pouco a primeira vista: embora o contrato seja de 7 anos e 126 milhões, só os primeiros três anos (e os 54M de salário base desses três anos) são garantidos, sem nenhum tipo de bônus. Em outras palavras, embora o Bears esteja totalmente preso a ele e seus salários imensos pelos próximos três anos, depois disso o time já pode cortar o QB sem nenhum custo adicional ou dinheiro morto no salary cap, então não é como se o time fosse ficar preso a Cutler por esses sete anos. Ainda que me pareça demais pagar 18M anualmente (a anualidade do contrato dele não é igual para os três anos, mas essa é a média) para um QB como Cutler quando você consegue produção igual ou melhor de um QB mediano como Josh McCown, o fato é que o contrato foi bem estruturado e oferece opções para Chicago, que manda uma mensagem clara de que acredita que Cutler seja sua melhor chance de sucesso no curto (e talvez médio) prazo.

Mas por melhor estruturado que seja o contrato para proteger a folha salarial futura de Chicago, o fato é que pelo menos por três anos, o time vai ter um contrato imenso entupindo sua folha salarial. O que, claro, gera para Chicago um problema semelhante ao que Joe Flacco gera para o Ravens: deixa o time sem flexibilidade salarial para a free agency. Hoje, Chicago tem apenas 8M livres para contratar jogadores e renovar com os seus, e se quiser aumentar esse valor vai ter que dispensar Julius Pepper (10M), vindo de temporada decepcionante, Lance Briggs (5M, mas foi o melhor defensor de Chicago em 2013 mesmo perdendo metade dos jogos) e/ou Earl Bennett (2.5M).

O problema, como vocês talvez tenham reparado, é que dois desses jogadores - e mais os quatro principais free agents do time, Henry Melton, Charles Tillman, Landon Cohen e Major Wright - são todos jogadores da defesa, e pior, a defesa de Chicago foi um enorme fiasco em 2013. Parte disso foram as lesões - jogadores como Melton, Briggs, Stephen Paea e DJ Williams perderam bastante tempo machucados, por exemplo. Mas isso não muda o fato de que Briggs foi o único defensor acima da média de Chicago em 2013, e que o time tem uma TOTAL falta de talento em todas as posições. Se Briggs for mesmo dispensado para abrir espaço salarial, quem sobra de defensor que tem lugar garantido na equipe? Jay Ratliff vai jogar de DT com seu contrato recém-assinado e o time espera que ele possa render perto do que rendeu no Cowboys, mas é uma aposta grande; Stephen Paea é um sólido titular quando saudável, o que não foi em 2013 (nem saudável, nem sólido titular quando jogou) e deve fazer a dupla de DT; Tim Jennings tem um contrato longo e caro e deve ser o CB titular, mas apesar das interceptações ele é mediano no máximo... quem mais? Quem vai cobrir o meio do campo com Briggs e DJ Williams fora? Quem vai pressionar o QB sem Julius Peppers (que foi mal nisso em 2013, mas para ser sincero, ninguém foi bem além de Landon Cohen, e ele mesmo foi apenas ok)? Quem vai jogar na secundária? Por conta de lesões, dispensas, idade e aposentadorias, Chicago não ficou com alguns buracos na defesa, a defesa inteira é um buraco!

Então mesmo que Chicago consiga liberar esses 25M de folha salarial com todas as dispensas, ainda vão ter muito trabalho para montar uma defesa competente. O principal alvo do time parece ser Michael Bennett, vindo de uma temporada espetacular com Seattle e que seria tudo que Peppers não foi em 2013, mas tamb ém ocuparia sozinho uns 8-9M dessa folha salarial, e ele não vai resolver todos os problemas. Chicago tem tudo para ser um time bastante ativo em busca de defensores nessa free agency, e se quiserem ir aos playoffs com Cutler, precisam de jogadores de impacto o quanto antes. 


Detroit Lions

A ex-garantia nos playoffs da NFL que virou piada perdendo 6 de seus 7 últimos jogos na temporada fez a coisa que todo mundo estava louco para vê-los fazendo: demitiu o péssimo técnico Jim Schwartz, um dos fatores que mais estava atrapalhando um bom time (Detroit terminou 7-9 com Pythagorean Wins de 8.5-7.5, segundo ano consecutivo que o time termina a pelo menos 1.5 vitórias atrás do que devia). Ok, o substituto que eles acharam foi o fraquíssimo Jim Caldwell, que me parece uma pequena overcorrection: depois do fracasso do ultra-descontrolado Schwartz, foram atrás de Caldwell, que não esboça nenhuma emoção sob nenhuma circunstância e parece estar eternamente preso em uma expressão de coitado. Mas estou fugindo da questão: o time corretamente se livrou de um de seus maiores problemas, mas depois de ser recusado por Ken Whisenhunt e não ter sucesso com Lovie Smith, foi atrás de um técnico muito fraco, que não é o ideal para um time com talento que tem repetidamente acabado abaixo do que deveria. 

A boa notícia para o Detroit é que o time tem uma base excepcionalmente talentosa em mãos, dos dois lados da bola. O Lions tem sido o melhor time da NFL nos últimos anos desenvolvendo jogadores de linha ofensiva, com uma das melhores da NFL pelo segundo ano consecutivo mesmo perdendo dois titulares entre 2012 e 2013, e o guard calouro Larry Warford pode ser o melhor calouro de 2013 que ninguém conhece. Eles tem um bom QB (ainda que inconsistente) em Matt Stafford (btw, para so que acham que Stafford é um caso perdido, ele é só 4 meses mais velho que Ryan Tannehill), e o melhor WR da NFL em Calvin Johnson, e começaram a ter algum sucesso correndo com a bola em 2013, algo que deve ser uma parte maior de seu ataque para 2014. Defensivamente, o time sai de um bom 2013 com uma das melhores bases jovens da NFL: Ndamukong Suh e Nick Fairley podem formar a melhor dupla de DTs da NFL, Ziggy Ansah mostrou muito potencial como calouro apesar de cru e deve assumir a titularidade, Stephen Tulloch e DeAndre Levy solidificaram o meio da defesa, e Glover Quin jogou muito bem no seu primeiro ano em Detroit. O time tem problemas, claro, mas poucos tem uma base tão talentosa na NFL dos dois lados da bola, muito menos tão jovem como essa.

Detroit tem, como todo time nessas condições, alguns buracos atrapalhando o time. No ataque, o grande problema é a falta de complemento a Megatron. Nenhum - NENHUM - WR do time foi sequer "competente" em 2013, e aliado isso a falta de um bom TE, deixa Stafford e Megatron como a mais manjada combinação de passe da NFL. Claro que ela ainda funciona, mas esse ataque iria ser extremamente mais assustador se o time tivesse outro bom WR e um bom TE para atrair atenções da defesa ou se beneficiar da marcação extra (e por "extra" leiam "tripla") que as defesas dedicam a Megatron. Defensivamente, o grande problema tem sido a secundária. O time é extremamente forte na frente, mas Louis Delmas é FA e só sobra Glover Quinn como um bom jogador nessa unidade, depois que Chris Houston decepcionou em 2013. 

Detroit tem o suficiente para brigar pelos playoffs imediatamente, se Jim Caldwell conseguir ser sequer competente (e mesmo não gostando de Caldwell, acho que ele não vai ser tão prejudicial como Schartz), mas o time precisa adereçar esses problemas se quer continuar crescendo. O time tem apenas 10M em salary cap, o que prejudica consideravelmente suas pretensões, e embora deva receber algum alívio nisso quando Suh finalizar seu novo contrato, dificilmente terá condições de ser um time ativo na FA. Minha expectativa é que o time tente resolver seu problema ofensivo no Draft - um draft extremamente forte em WRs do qual o time pode facilmente sair com Mike Evans ou Marquise Lee da primeira rodada - e tente adicionar alguns veteranos baratos na defesa de menor impacto enquanto esperam um 2015 mais favorável salarialmente (o mercado de CBs está muito bom, e tem alguns jogadores de menor expressão ou mais veteranos que seriam interessantes como um complemento). A margem de manobra é pequena, mas a recompensa pode ser muito grande.


Minnesota Vikings

Esse é complicado. Vamos começar da declaração recente de Adrian Peterson de que com Michael Vick de QB, o time estaria indo aos playoffs. Mas vamos mudar um pouco, passando de "Michael Vick" para "um bom QB" (que não necessariamente é o caso de Vick, mas nunca se sabe), porque esse tem sido o grande problema do Vikings desde que Brett Favre aposentou: Christian Ponder foi um bust, ninguém mais rendeu, e embora Matt Cassell tenha sido competente ano passado e tenha renovado seu contrato, acho que todo mundo sabe que ele não é o cara que vai resolver as coisas por lá.

A primeira pergunta é, um QB teria condições boas de jogo em Minny, com um bom elenco de apoio? A verdade é que teria. Em 2013, o time teve uma sólida e jovem linha ofensiva que estará de volta, e embora ela ainda seja melhor correndo do que protegendo o QB, ela também se mostrou promissora nesse sentido, com quatro OL (mais um TE e um FB) tendo notas positivas em pass protection em 2013. O QB também contaria com a presença de um dos melhores RBs da liga em Adrian Peterson, um cara capaz de ser o foco do ataque, encurtar descidas, abrir a defesa e tornar MUITO mais fácil a vida em play actions pelo mundo (em 2013, as defesas consistentemente colocavam 8 ou 9 jogadores na linha para segurar AP apenas deixando ENORMES espaços para um QB aproveitar... que não foram aproveitados pela falta de um QB). E por fim, o time conta com um corpo interessante de WRs, com Greg Jennings, Cordarelle Patterson e o interessante Jairus Wright (e Jerome Simpson também, se voltar, mas acho difícil), além de uma dupla de TEs (Kyle Rudolph e John Carlson) que mostrou ser promissora tanto bloqueando como recebendo. Falta aquele WR de segurança pelo meio, e um TE mais dominante (ao invés de dois acima da média) seria ótimo, mas é uma boa base para um QB ser colocado, seja ele Vick ou qualquer outro.

E defensivamente, será que ela consegue segurar? Bom, isso é um problema bem maior, porque a defesa foi bem mal em 2013 e não apresenta muitos sinais de melhora. O melhor defensor do time em 2013 (Kevin Williams) e o jogador mais dominante individualmente (Jared Allen) não devem voltar, e isso é um problema para uma defesa que foi a sexta pior da NFL em 2013 em DVOA e pior em pontos cedidos. O time inteligentemente renovou com o promissor Everson Griffen (embora a um valor absurdo), Harrison Smith deve ajudar com uma temporada inteira saudável e Xavier Rhodes se mostrou interessante como calouro, e embora Shariff Floyd tenha decepcionado, a saida de Williams deve abrir mais espaço para ele ser titular e se desenvolver... Mas ainda falta muito para essa defesa conseguir lidar com as potências da NFC. O time precisa de mais pass rush além de Griffen e Brian Robison (sim, Robison), Chad Greenway foi muito mal em 2013 jogando fora de posição, e a secundária ainda precisa de muitos reforços antes de sequer ser considerada "decente" (quarta pior em 2013). Além disso, acho que o impacto da saída de Williams e Allen vai ser mais sentida do que parecem a princípio, com Griffen e Robison não tendo mais os espaços gerados pela marcação dupla no camisa 69 e Williams deixando de existir como o pilar da defesa ocupando dois bloqueadores. A boa notícia é que o time tem muito espaço salarial - 40M antes de contar os salários de Griffen e Cassell, o que deve deixar uns 26M sobrando - e essa é uma free agency interessante do lado defensivo da bola. Esperem um bom DE (Micahel Johnson?) e um CB ou mesmo safety (Aqib Talib? TJ Ward?) sendo os principais alvos do time, mas mesmo assim, essa defesa ainda me parece algum tempo distante de ser a defesa de um candidato ao título na forte NFC, QB novo ou não.

Então acho que Peterson, embora não totalmente absurdo, não esteja tão certo achando que só um QB é o que falta para o time decolar. O ataque sem dúvida tem potencial para ser bom com um upgrade na posição, mas a defesa não vai acompanhar de imediato. O que, para mim, não é um problema, considerando que a defesa tem alguns talentos jovens de base mas precisa de muita coisa nova por cima, e o ataque é composto principalmente de jogadores jovens e veteranos com contratos que ainda duram bastante. Vencer agora seria ótimo, mas não é como se Minny tivesse um núcleo veterano e caro que precise vencer logo para não desperdiçar alguns bons jogadores. Se algum time tem uma base que pode esperar, é Minny.

Claro, ainda tem o problema do QB a ser resolvido, e tenho certeza que o Vikings quer vê-lo resolvido o quanto antes, porque é o que falta para o ataque do time se acertar. Minnesota tem a 8th escolha do próximo draft, e adoraria que um jogador do trio Manziel-Bridgewater-Bortles sobrasse para eles nessa escolha. A chance é real: quatro times na frente do Minnesota tem necessidade de QB, mas o Texans parece estar avaliando o mercado de veteranos e tem boas chances de escolher Jadeveon Clowney, e se ele não escolher, o Jaguars pega. Aliás, o Jaguars é um time interessante, que renovou com Chad Henne e talvez não esteja tão desesperado atrás de um QB, e é possível que ou eles ou o Raiders optem pelo caminho de "escolher o melhor jogador disponível independente de posição", que pode significar Sammy Watkins. É uma aposta que um dos três QBs caia até a 8th pick, mas é possível, e caso não aconteça, o time já mostrou que não tem nenhum pudor de trocar muitas escolhas valiosas para subir no draft para pegar quem eles querem, então podem muito bem entrar no final da primeira rodada com uma troca para pegar Jimmy Garopollo ou Zach Mettenberger. Mas vai ser interessante ver como o time resolver esse problema, ou mesmo SE direciona recursos demais a isso no momento com Cassell de volta ganhando 5M por ano.


Arizona Cardinals

Como o dono de um dos meus twitters favoritos e uma das interações mais legais da internet, Neal Kendrick (torcedor do Seahawks) disse, você poderia fazer um excelente argumento que no final da temporada o Cardinals era o terceiro melhor time da NFC depois de Seattle e San Francisco. Você pode concordar ou não com a afirmação, mas definitivamente pode fazer um argumento: Arizona teve a segunda melhor defesa da temporada regular, achou um ataque dinâmico em volta do RB calouro Andre Ellington e sua dupla espetacular de WRs titulares (Larry Fitzgerald e Michael Floyd) e foi 7-1 entre as semanas 8 e 16 (incluindo uma vitória sobre o Seahawks EM Seattle) para chegar na semana 17 ainda com chances de playoffs, mesmo enfrentando um dos três calendários mais difíceis da temporada.

Ironicamente, os dois fatores que seguraram o time em 2013 foram seu QB, e seu técnico. Bruce Arians recebeu muitos elogios por seu trabalho como técnico em Arizona e até consideração para Coach of the Year, e ele fez muitas coisas boas, mas uma das mais inexplicáveis foi manter Rashard Mendenhall de RB titular com suas 3.2 jardas por corrida e absolutamente se recusar a usar o muito mais explosivo Ellington (5.5 jardas por corrida e um dos RBs mais dinâmicos da temporada recebendo passes). Até entendo ter um RB mais "tradicional" para mover as correntes e usar o mais dinâmico Ellington em situações não convencionais, mas essa lógica passa a ser ridícula quando seu RB "convencional" é um dos piores da NFL. E em termos de QB, quando seu QB titular é um veterano de 34 anos que foi trocado 2x nos últimos três anos depois de se recusar a jogar pelo seu time da época, e ele lança 22 interceptações... isso é um problema.

Fato é que Carson Palmer não foi horrível em 2013, mas certamente não foi bom. 24 TDs, 22 interceptações e mais altos e baixos do que uma temporada de Dexter, ele foi basicamente um QB médio e muito inconsistente (sério, vejam seus game logs: ele teve seus melhores jogos contra Atlanta, Jacksonville, Indy, Tennessee e Saint Louis e os piores contra Carolina, San Francisco, New Orleans e principalmente Seattle). Ele continua no time para 2014 (cortar Palmer custaria ao time quase 7M em dead money, embora salve 5M do salary cap), e é uma incógnita em qual direção Arizona vai se mover. Enquanto Palmer for o titular do time, ele provavelmente vai continuar sendo esse cara mediano de alto risco, e é difícil imaginar esse time dando um grande salto de produtividade, mas Arizona não parece em uma situação ideal para resolver essa questão agora. O mercado de QBs hoje é basicamente composto de veteranos medianos (eles não precisam de outro) ou jovens sem experiência com preçøs inflacionados (btw, NINGUÉM vai pagar uma 2nd round pick por Kirk Cousins ou Ryan Mallett) e dificilmente um dos três principais QBs do draft sobraria para o Cards. E enquanto me parece o time ideal para pegar um QB mais cru na segunda ou terceira rodada e deixá-lo um ano desenvolvendo atrás de Palmer, é difícil imaginar que Palmer não vá ser o titular do time em 2013.

Isso limita o potencial ofensivo do time, mas é favorável a tentar resolver o problema de forma arriscada e extremamente cara (AKA trocar por Kirk Cousins ou Mallett, ou trocar mundos e fundos para subir no draft e tentar um QB melhor). Enquanto isso, o time deve direcionar seus 22M de cap space e escolhas de draft para resolver o outro enorme problema da equipe: linha ofensiva. O Cardinals teve uma das três piores OLs da NFL em 2013, com NENHUM dos seus lineman terminando o ano com uma nota positiva (per ProFootballFocus). O mercado de LTs está muito interessante (Eugene Monroe, Brandon Albert ou Jared Veldheer seriam ótimas adições), e embora só um LT não iria salvar essa péssima linha ofensiva, é um bom começo. Um desses jogadores ainda iria deixar um bom espaço salarial, e o time poderia pegar jogadores a custos menores ou mesmo no draft para pelo menos completar os cinco titulares que precisa. Uma linha competente pode significar mais tempo e calma para Palmer no pocket, e isso pode ajudar bastante mesmo que o time não arrume um QB novo.

O Cards tem outras áreas de necessidade - um outro safety, um pass rusher e um TE quebra-galho sendo as principais - mas o time consegue se virar bem com o que tem e jogadores baratos nessas posições. QB não deve mudar, então vamos ver se o Cards mergulha de cabeça no mercado para transformar sua linha e tentar derrubar Niners e/ou Seahawks.


Saint Louis Rams

Por mais que seja irônico dizer isso sobre um time 7-9 que nem chegou perto de ir aos playoffs, o Rams foi o grande vencedor da NFL entre os times que não foram aos playoffs. E eles devem isso a Robert Griffin.

Quando o Redskins trocou para subir no draft e pegar RG3, parte do pacote que foi para Saint Louis foi a 1st pick deles em 2013. E com RG3 jogando muito mal e o Redskins terminando como o segundo pior time da liga, isso significa que o Rams agora tem a 2nd overall pick do draft além da sua própria, e um núcleo muito interessante que deu um passo a frente em 2013 (você não pode culpar o Rams por jogar na NFC West). Por isso podemos falar que o Rams se deu muito bem saindo de 2013 apesar do pouco espaço salarial (10M).

Os planos para a 2nd pick do Rams é o que vai determinar a direção da sua offseason. É uma posição que pode dar ao Rams o offensive tackle que eles tanto querem (Greg Robinson sendo o principal candidato, mas não durma em Jake Matthews) para reforçar sua eternamente problemática linha ofensiva e dar ao recém-descoberto Zac Stacey um companheiro para lhe abrir o caminho nas corridas, mas também é uma posição de alto valor em um draft com um jogador como Jadeveon Clowney ou seus três QBs "principais". Não sei exatamente qual seria o mercado por essa pick, mas se Clowney passar de Houston vai ter muito time de olho em uma troca, ou mesmo times intermediários (Vikings, principalmente) buscando subir para garantir seu QB, então o Rams pode trocá-la, acumular ativos como tem feito e ir atrás de uma maior variedade de talentos. É difícil dizer realmente porque acho que nem o Rams sabe, eles vão seguir a correnteza e decidir o que é mais vantajoso na hora, mas é o foco dessa offseason.

O Rams não é um time muito completo em termos de talento, mas eles defintivamente tem jogadores de muito potencial - futuro ou presente. Ofensivamente, com um sólido tackle (acho que é o que eles pegarão, com a 2nd pick ou trocando para descer), Jake Long e os decentes guards da equipe (especialmente se Roger Saffold voltar, e deveria) o time parece ter uma linha ofensiva estabelecida, e Zac Stacey mostrou muita promessa como um RB titular ano passado. Tavon Austin foi uma grande decepção como WR, mas se mostrou extremamente dinâmico com a bola nas mãos e um ataque criativo pode fazer bom uso dessa habilidade, embora para um QB ele não seja tão útil como alvo confiável. E defensivamente, Robert Quinn explodiu como um dos melhores defensores da NFL e sólido candidato a DPOY, e com Chris Long e Kendall Langford o Rams parece estável com uma das melhores linhas da liga. Mas fora isso, o time ainda enfrenta questões: a não ser que Austin evolua muito como WR puro nessa offseason, o time continua sem alvos confiáveis para seu QB, e embora uma evolução de Alec Ogletree e um 2014 melhor de James Laurinaitis possam solidificar um pouco o miolo da defesa (uma aposta, btw, já tem dois anos que Laurinaitis não vem bem), a secundária ainda é um enorme problema se Janoris Jenkins continuar sem mostrar evolução alguma. 

Por isso não vejo como um problema que o time tenha não decidido mudar de rumo com um QB novo, dispensando o caro e improdutivo Sam Bradford. O time fez um ótimo trabalho acumulando ativos e jovens jogadores, e está em posição de adicionar pelo menos mais dois na primeira rodada esse ano, mas ainda não tem o time completo para disputar a fortíssima NFC West. O time faz bem em não ter pressa, e a não ser que o time veja algum QB sobrando na 2nd pick que acredite que venha a ser um franchise QB, o time deve continuar juntando seus talentos jovens até achar o jogador certo. E sendo assim, as vezes vale mais a pena um último ano para ver se Sam Bradford desponta de vez do que se apressar e draftar um QB só para competir logo quando o resto do seu time não está pronto. Não que o Rams não seja HOJE um sólido time, competitivo e dando trabalho para os fortes da NFL, mas não sei o quanto seu teto estaria limitado hoje pela falta de WRs e de secundária - dois problemas que será difícil adereçar sem o cap space hoje. Não é fácil ter paciência na NFL, mas o Rams tem feito um bom trabalho misturando paciência para acumular ativos com um time sólido dentro de campo.