Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Um Mock Draft retroativo

Vamos brincar de "Descubra qual deles é um pivô"??


Se quer conhecer melhor os prospects desse Draft, suas forças e fraquezas, e minha opinião sobre eles, recomendo fortemente esse artigo que escrevi para o Bola Presa

Infelizmente, esse ano não foi possível fazer o tradicional Running Diary do Draft da NBA. Todo mundo que le o TMW com freqüência sabe o quanto eu amo Drafts em geral, especialmente da NFL e da NBA, então o Running Diary foi uma forma diferente que eu achei para analisar Drafts sem cair na mesmice de "dar uma nota para cada time" ou fazer a famosa coluna "vencedores ou perdedores do Draft". Eu sempre gostei de colunas que fogem do lugar-comum, e essa era uma forma divertida de fazer isso e ainda oferecer uma boa e divertida cobertura, com muitas das minhas reações instantâneas a cada acontecimento. Mas como esse ano não foi possível, por uma série de recursos, fazer a coluna tradicional, a coluna sobre o Draft da NBA vai ser um pouco diferente: um Mock Draft retroativo.

Eu gosto, em geral, de Mock Drafts - uma forma interessante e dinâmica de falar sobre os jogadores e sobre as necessidades de cada time, ao mesmo tempo, montando encaixes que fazem sentido (ou não) e são interessantes de se imaginar. O problema é que Mock Drafts não tem um padrão claro: o que você está tentando fazer com ele, prever o futuro, fazer os encaixes que você julga melhor, antecipar as tendências de algumas franquias, ou o que? Em geral, as pessoas usam esse formato de coluna para tentar "adivinhar" o que vai acontecer na noite do Draft e se gabar pelos acertos, mas isso para mim faz muito pouco sentido. Faz sentido quando olhamos para o MD de pessoas como Jonathan Givony (do ótimo Draft Express) ou Chad Ford, pessoas que estão por dentro dos procedimentos do Draft e incorporam nas suas projeções informações internas sobre as escolhas - seu objetivo é informar o que está acontecendo lá dentro. Mas 80% dos Mock Drafts não são assim, são pessoas externas que avaliam os jogadores do seu ponto de vista e tentam adivinhar onde cada jogador vai sair e o que cada time fará. 

Não que tenha algo errado nisso, claro, mas não é o meu tipo favorito de Mock Draft. Eu gosto mais daqueles que não tentam adivinhar nada, e ao invés ignoram os acertos ou erros e focam em fazer uma análise sobre cada escolha, olhando para a conjuntura do time e do Draft, para os talentos disponíveis, e diz o que a pessoa acha que é a melhor coisa a se fazer com aquela escolha. É mais subjetivo e muito menos preciso, mas do ponto de vista analítico, eu acho muito mais profundo e preciso. 

Então é isso que eu me proponho fazer hoje: um Mock Draft da NBA sob essa ótica. Com a diferença, é claro, que o Draft em si já aconteceu. A idéia é voltar em cada uma das 30 escolhas da primeira rodada, ver o que cada time fez, e o que cada time deveria ter feito no seu lugar. Não é para refazer o Draft inteiro, e sim refazer todas as escolhas individualmente considerando que tudo antes dela aconteceu exatamente igual. E claro, isso segue a minha opinião individual sobre o que cada time deveria ter feito, não necessariamente a verdade, mas é minha forma de analisar o que cada time fez ou deveria ter feito.

Antes de começarmos, três rápidos esclarecimentos...

1) No caso de trocas envolvendo escolhas de Draft, vou analisar a escolha sob a ótica do time que trocou POR aquela escolha, aproveitando a situação para falar um pouco sobre a troca em si, se necessário. Então se o Sixers tinha a escolha #10 e trocou com o Magic pela #12, no lugar da #10 eu vou olhar a partir do ponto de vista de Orlando, e na #12 do 76ers.

2) Para cada escolha, eu vou colocar qual foi a escolha real, e qual a escolha que cada time "deveria" ter feito - lembrando que esse "deveria" é subjetivo e reflete apenas o meu ponto de vista. Caso as duas sejam iguais, vou explicar porque foi a escolha certa, e caso contrário, vou explicar porque eu acho que o time deveria ter feito outra coisa.

3) Só porque eu coloquei que um time deveria ter feito uma escolha diferente da que ele fez não significa que a escolha real tenha sido ruim, só quer dizer que é diferente do que a que eu teria feito ou a que eu via como a melhor opção naquele momento. Eu vou esclarecer nos comentários de cada escolha, dizendo o que achei da escolha em si e porque eu preferiria outro jogador, mas é bom deixar isso claro para o pessoal que só vai olhar a parte em negrito e ignorar o resto.

Tudo claro? Não? Bom, vocês pegam o jeito conforme formos avançando. Eu espero.

Lembrando que se vocês quiserem ler mais sobre esse Draft, eu e o Zeca escrevemos uma coluna com nossos emails tratando sobre o tema, e que se vocês querem conhecer melhor os jogadores dessa primeira rodada e o que eles tem a oferecer, vocês DEVEM ler a coluna que eu escrevi para o Bola Presa sobre o assunto.


Mock Draft Retroativo NBA 2014


Escolha #1 - Cleveland Cavaliers
Quem escolheu: Andrew Wiggins
Quem deveria ter escolhido: Andrew Wiggins

Desde a lesão de Joel Embiid, a discussão era se o Cavs pegaria Andrew Wiggins ou Jabari Parker na primeira escolha (supondo que mantivessem a escolha). Supostamente, Dan Gilbert (dono do time) queria Wiggins e o resto da diretoria queria Parker. O time mandou 5000 sinais de fumaça e aparentemente entrou em muitas discussões de troca com a #1, selecionando enfim Andrew Wiggins.

Por incrível que pareça, essa foi a decisão correta. Jabari Parker é um jogador mais pronto, mas ele era um encaixe horrível em Cleveland, mais um pontuador que gosta de jogar com a bola nas mãos e não defende e que iria bater cabeça com metade do time do Cavs. Por outro lado, Wiggins logo cobre a área mais carente da equipe (o perímetro), é um excelente defensor capaz de defender quatro posições (algo que o Cavs precisa urgente) e um atleta excepcional para jogar em contra ataques. Ele é exatamente o que Cleveland precisa: alguém para dar flexibilidade a equipe, fazer o trabalho sujo na defesa, e não precisar da bola nas mãos para produzir no ataque. Ele é perfeito para o time. Junte a isso o fato de Wiggins tem um dos maiores potenciais desse draft, e não sei como alguém teve alguma dúvida sobre essa escolha.

O maior perdedor dessa escolha provavelmente é Wiggins, que vai para um time péssimo desenvolvendo jogadores onde ele vai ter que entrar e contribuir de cara em um time disfuncional, sem ter tempo e espaço para desenvolver seu enorme potencial. Mas eu confio no talento do garoto - acho que Cleveland acertou em cheio aqui.


Escolha #2 - Milwaukee Bucks
Quem escolheu: Jabari Parker
Quem deveria ter escolhido: Jabari Parker

Milwaukee teria escolhido Jabari Parker mesmo se tivesse a primeira escolha, então ótimo para eles que tenham conseguido pegar o jogador que queriam no #2. Eu poderia falar sobre porque essa escolha é boa em termos de basquete - Jabari oferece um pontuador que o time precisa urgente, alguém que pode jogar na 3 e na 4 e combina muito bem com Giannis Antetokounmpo - mas tem um motivo mais importante em jogo: Jabari QUERIA jogar pelo Bucks. Esse é um dos problemas eternos da franquia: quem diabos quer jogar em Milwaukee? Mas quando você tem um jogador como Parker que quer jogar lá - ele mesmo disse, ele supostamente foi mal nos treinos em Cleveland para cair até a #2, e Milwaukee é perto de Chicago, onde ele cresceu - é uma coisa excelente. É um bom exemplo para os jogadores, e você fica mais tranquilo que ele não vai forçar uma troca. Muito bom para eles ter um jogador assim.

E claro, isso é ótimo para Parker. Além de jogar pelo time que ele queria desde o começo, ele vai ser o centro do time, jogar com a bola nas mãos e ter liberdade para jogar como quer. Ao invés de ter que se adaptar a uma posição (SF ou PF) para encaixar na equipe, o time vai se encaixar em torno dele. Excelente para ambos.


Escolha #3 - Philadelphia 76ers
Quem escolheu: Joel Embiid
Quem deveria ter escolhido: Joel Embiid

O Sixers poderia ter ido em diversas direções aqui e não sei se alguma delas estaria errada. Joel Embiid era claramente o melhor jogador disponível na escolha (e no Draft), mas vinha com riscos por causa das lesões nas costas e no pé, e provavelmente não poderá jogar em 2015. Então não da para dizer se Embiid valia essa escolha ou não sem saber mais sobre seu estado de saúde - algo sobre o qual sabemos muito pouco - fazendo dele o prospecto mais difícil de compreender desse draft.

Mas para o Sixers, a escolha faz sentido. A proposta atual do time da Philadelphia é a de adquirir os melhores ativos possíveis, sem se preocupar com vitórias ou produção imediata. Então a escolha de Embiid faz sentido: eles adquirem o melhor valor do Draft, e podem continuar sendo ruins em 2015 rumo a mais uma escolha Top5. É um risco, mas um risco que eles estão dispostos a assumir por um talento como Joel Embiid. Se saudável, ele vai ser o melhor pivô da NBA em poucos anos, e é nisso que o Sixers está apostando.


Escolha #4 - Orlando Magic
Quem escolheu: Aaron Gordon
Quem deveria ter escolhido: Dante Exum

Eu sou um dos maiores fãs de Aaron Gordon que eu conheço, e tinha ele como o quinto melhor jogador desse Draft antes de começar... mas mesmo assim, eu não gostei dessa escolha. Gordon é um excelente SF/PF, mas um SF/PF híbrido que não arremessa de fora não é exatamente o que o time já tem em Tobias Harris e Moe Harkless? Porque pegar um jogador semelhante aos que você já tem se tem um prospecto mais bem cotado disponível, e pior, que é exatamente da posição que você urgentemente precisa?!

Isso depois de ter trocado Aaron Afflalo - um dos melhores SGs da NBA - antes do Draft por Evan Fournier e uma escolha futura de segunda rodada. E essa não foi nem a pior coisa que Orlando fez no Draft!! Esperem a escolha #10 para os detalhes macabros...


Escolha #5 - Utah Jazz
Quem escolheu: Dante Exum
Quem deveria ter escolhido: Dante Exum

O Jazz que aproveitou a burrice de Orlando e ficou com Dante Exum. Eles já pegaram Trey Burke, mas Burke é um PG baixo que não necessariamente é a solução a longo prazo na posição. Então tiveram a chance de pegar Exum, um jogador muito interessante e promissor que é o PG alto que estavam procurando desde o começo. Ele pode jogar de SG ao lado de Burke ou assumir o ataque quando necessário, formando uma boa dupla com a ex-estrela de Michigan, Exum atacando o aro e Burke jogando de fora. Sem falar que pegaram o melhor jogador disponível, e um dos jogadores que tem potencial para ser uma grande estrela algum dia. Tiveram a chance com Exum caindo no seu colo, e aproveitaram. Excelente escolha de Utah.


Escolha #6 - Boston Celtics
Quem escolheu: Marcus Smart
Quem deveria ter escolhido: Marcus Smart

A esperança de Boston era de que Embiid caisse até aqui, e provavelmente teria caído se Philly tivesse passado na #3. Mas sem um dos jogadores do Top4 caindo, e sem Aaron Gordon, Marcus Smart era o melhor encaixe mesmo, um jogador físico e muito inteligente capaz de jogar de SG junto de Rajon Rondo - uma versatilidade que encaixa muito bem no esquema tático de Brad Stevens. Um excelente encaixe e o tipo de valor que o Celtics gosta.

Além disso, Smart oferece proteção para o Celtics no médio prazo: Rondo está envolvido em muitos boatos de troca, e parece ser uma questão de tempo para que o PG seja trocado para continuar o processo de reconstrução de Boston, especialmente porque ele vira free agent ao final do ano. Assim Smart é uma opção de segurança que pode assumir a armação da equipe se isso acontecer. Eu adoro Smart e adorei essa escolha, era a melhor opção disponível.


Escolha #7 - Los Angeles Lakers
Quem escolheu: Julius Randle
Quem deveria ter escolhido: Julius Randle

Eu confesso que Randle era o prospecto que eu menos gostava do suposto Top8, mas fazia sentido para o Lakers aqui. Eles querem e precisam de jogadores capazes de contribuir imediatamente junto de Kobe (até porque não tem ninguém para jogar em 2015, ao ponto que Mike D'Anthony pode ter que ser o armador), e Randle era o mais "pronto" que tinha sobrado disponível. Além disso, Randle é um nome muito maior e mais famoso, e isso faz diferença para um time de Los Angeles que perdeu seu "status" nos últimos anos e ainda busca um grande free agent para os próximos anos. E dentro de campo, o Lakers precisa de todo tipo de ajuda que puder sendo que nem tem um time para 2014, então só de ser alguém capaz de jogar, pegar rebotes e fazer cestas, Randle já é um bom encaixe!


Escolha #8 - Sacramento Kings
Quem escolheu: Nik Stauskas
Quem deveria ter escolhido: Noah Vonleh

Eu sou presidente do fã clube do Nik Stauskas, um excelente arremessador com um jogo ofensivo muito variado, e alguém que ainda tem espaço para evoluir tanto física como tecnicamente. Mas nem eu consigo entender essa escolha. Sacramento já tem Ben McLemore, escolha #7 do ano passado jogando de SG, e um SF de 20M de salário como titular. A última coisa que Sacramento precisava era um SG, por mais que precise de arremessos de três. É possível também que Ben McLemore esteja saindo em uma troca, o que faria dessa escolha mais sentido.

Ainda assim, o Kings tinha uma necessidade muito maior, que era a de um PF. Idealmente um PF mais atlético, capaz de proteger o aro e espaçar a quadra no ataque ao lado de DeMarcus Cousins... e era exatamente um jogador assim que ainda estava disponível em Noah Vonleh, e ainda pior, Vonleh era um valor muito melhor na #8 que Stauskas, um jogador que muitos viam saindo no #4 para Orlando. Ainda que trocassem McLemore, porque não ir no melhor jogador disponível e que, por acaso, é exatamente o jogador que vocês mais precisam? Eu adoro Stauskas, mas me parece o jogador errado indo para o time errado. Uma pena.


Escolha #9 - Charlotte Hornets
Quem escolheu: Noah Vonleh
Quem deveria ter escolhido: Noah Vonleh

E o Hornets foi o grande vencedor desse topo de Draft, o time que parecia a uma escolha de entrar em um claro topo de oito jogadores... e que não só viu um deles caindo no seu colo, como era ainda o mais perfeito para eles: o PF capaz de jogar ao lado de Al Jefferson, espaçar a quadra ofensivamente (eles foram letais em 2013 com Josh McRoberts espaçando ao lado de Big Al), defender e proteger o aro (o que Al não consegue) e ainda pegar uns rebotes. Vonleh era de longe o jogador que mais fazia sentido nesse time, e cair até aqui deve ter feito alguém na mesa do Hornets desmaiar. Ele não é um jogador tão pronto, cru e ainda precisa se desenvolver, mas é um excelente valor no #9 e feito sob medida para um time que tem Al Jefferson.


Escolha #10 - Orlando Magic (Via Philadelphia 76ers)
Quem escolheu: Elfrid Payton
Quem deveria ter escolhido: James Young, Zach LaVine

E aqui está o grande problema do Orlando Magic em um dia cheio deles. Eles perderam a chance de pegar Dante Exum na #4 para trocar com o Sixers pela escolha #10 e pegar Elfrid Payton. O preço? A #12, uma escolha de segunda rodada, e uma escolha futura de primeira rodada (!!!). Em outras palavras, eles pagaram muito mais para subir DUAS posições no Draft do que receberam por trocar Aaron Afflalo, um dos melhores SGs da NBA. Tudo isso porque o time estava desesperado por um PG. Hmm... Porque não pegar Dante freaking Exum na escolha #4 então?! Você já garantia seu PG, que por sinal é um jogador melhor e com mais potencial do que Payton, e estava livre para usar a #12 da melhor forma possível, talvez no próprio Dario Saric ou em um arremessador com potencial como James Young ou Zach LaVine.

Mas fica pior. Deixando de lado o valor enorme que tiveram que pagar por essa escolha, eis o núcleo que o Orlando Magic montou ao escolher Gordon e Payton: Payton, Oladipo, Gordon, Tobias Harris, Moe Harkless, Nik Vucevic, Andrew Harrison. Isso da exatamente ZERO jogadores capazes de arremessar uma bola. Marcar o Orlando é a coisa mais fácil do mundo, é só todo o time dar as mãos ao redor do garrafão e brincar de roda, enquanto Payton e Harris amassam o aro com 20-footers. Payton e Gordon seguem a lógica do Magic de pegar jogadores físicos e atléticos com mentalidade defensiva, é verdade, mas desde quando isso é mais importante do que montar um time de basquete de verdade? Porque não pegar Exum (um jogador que tem potencial de superestrela, algo que nenhum no time atual tem) de cara para ser PG e investir em um jogador que fosse um melhor encaixe na equipe, um jogador atlético capaz de arremessar de fora como LaVine ou Young? Boa pergunta. Mas entre a péssima troca de Afflalo, a péssima troca pela #10 pick e duas escolhas questionáveis, uma noite para esquecer em Orlando, talvez o grande perdedor do dia.


Escolha #11 - Chicago Bulls (Via Denver Nuggets)
Quem escolheu: Doug McDermott
Quem deveria ter escolhido: Gary Harris

Chicago
trocou suas duas escolhas (#16 e #19) pela #11 do Nuggets, Doug McDermott. Muita gente achava que era uma troca para economizar dinheiro pela diferença no salário garantido entre duas escolhas para uma, mas como eles recearem também o contrato de Anthony Randolph, essa diferença não existe mais e portanto a troca passa a ser vista como ela de fato foi: uma tentativa do Bulls de garantir um jogador que achava que não iria conseguir na sua escolha #16 e que via como sendo crucial, e esse jogador era Doug McDermott (mais sobre a troca daqui a pouco).

McDermott no Bulls faz algum sentido: ele é um bom pontuador e excelente arremessador de três, alguém capaz de esticar defesas e abrir espaço no garrafão - algo que Chicago não tem e procura desesperadamente já faz algum tempo. Ele é um mau defensor, mas o Bulls tem condições de esconder sua defesa com um ótimo esquema tático e um pivô DPOY. Então McDermott é o arremessador (e McBuckets é o segundo melhor nisso do Draft) que eles querem para chutar de fora, aproveitar dos espaços que Rose e - quem sabe? - Melo criam na defesa, e espaçar a quadra. Eles não tem esse jogador, e viram em McDermott um jogador capaz de fazer isso em alto nível, trocando altos valores para adquirí-lo.

Meu único problema: porque pegar McDermott e não Gary Harris? Verdade, McDermott é um arremessador automático e melhor nisso que Harris, mas é um defensor muito pior e joga entre a posição de SF (onde eles querem Melo) e PF (onde já tem Taj Gibson e Nikola Mirotic vindo da Europa). Enquanto isso, Harris é um bom arremessador que é capaz de criar seu arremesso e jogar com a bola nas mãos quando necessário (uma habilidade que Chicago sente muita falta), ocupa uma posição de necessidade (SG) e é capaz de jogar de PG se necessário. Eu entendo a opção de Chicago pelo melhor arremessador e não acho que McDermott foi uma escolha ruim de forma alguma, mas eu acho que Harris teria mais a oferecer para Chicago e que teria sido a escolha certa nesse lugar. Hold that thought.


Escolha #12 - Philadelphia 76ers (Via Orlando Magic)
Quem escolheu: Dario Saric
Quem deveria ter escolhido: Dario Saric

A escolha era de Orlando e foi para Philadelphia naquela troca por Elfrid Payton citada anteriormente. E foi, repito, um assalto para Philadelphia, que conseguiu uma escolha de primeira rodada e ainda pegou o jogador que queria o tempo todo em Dario Saric. Como já disse, o Philadelphia quer saber de acumular ativos e os melhores talentos possíveis, sem se preocupar com a ajuda imediata que eles podem oferecer. Sendo assim, Saric faz mais sentido para Philly do que qualquer outro: ele é um talento especial muito interessante que deve ter feito Sam Hinkie salivar, e ao mesmo tempo o Sixers não liga se ele só vier para a NBA daqui a dois anos. Seguiu o padrão recente da franquia e saiu com um ótimo jogador.

Tangente rápida: o quão engraçado é ver o Sixers tankando de forma descarada? Depois de doar o time inteiro em 2014 e montar uma máquina das desgraças que perdeu 30 jogos seguidos, o Sixers conseguiu seu objetivo de ter uma escolha alta no Draft, com uma extra do Pelicans ainda por cima. Agora que tinham a chance de melhorar a equipe, eles usam essas escolhas em um pivô vindo de lesão que não deve jogar em 2015, e um ala croata que não vem para a NBA antes de 2016 - nenhuma ajuda para 2015. Eu não estou condenando o Sixers por isso, eles estão apenas usando as regras da NBA em seu favor, ainda que desgraçando a liga e o esporte no processo e ofendendo seus fãs e season-ticket holders. Mas para a NBA, é um problema que precisa ser adereçado, e logo.


Escolha #13 - Minnesota Timberwolves
Quem escolheu: Zach LaVine
Quem deveria ter escolhido: Gary Harris, James Young, Adreian Payne

Essa foi uma escolha estranha. É difícil saber exatamente o que esperar do Wolves por causa de Kevin Love, então o objetivo final dessa escolha ainda é incerta. Mas considerando que Love ainda não foi trocado, a idéia do Timberwolves deveria ser de usar essa escolha para melhorar o time para agora da melhor forma possível, de forma a ter um bom 2014 e convencer Kevin Love a renovar (ou pelo menos ficar no time até o final de seu contrato). LaVine, apesar de excelente atleta, não serve a esse propósito - ele é um dos jogadores mais crus desse Draft, alguém cujo valor vem do seu enorme potencial mas que dificilmente vá fazer muita diferença no curto prazo. Essa é uma escolha que faria sentido se o Wolves tivesse aceitado uma oferta como a do Celtics e fosse reconstruir com jogadores jovens, mas atualmente não parecem estar seguindo por esse caminho.

Se o objetivo era conseguir ajuda imediata, Gary Harris ou Adreian Payne (jogadores muito mais prontos para a NBA) fariam muito mais sentido aqui. Se o objetivo do Wolves quando trocarem Love for continuar se mantendo competitivos - como tudo que vem de lá parece indicar - esses dois jogadores também fariam mais sentido a esse plano, ou mesmo James Young, um jogador que também tem ótimo potencial mas é uma realidade muito maior que LaVine no curto prazo. Uma escolha curiosa que vai fazer mais ou menos sentido dependendo do caminho que a franquia for seguir de agora em diante.



Escolha #14 - Phoenix Suns
Quem escolheu: TJ Warren
Quem deveria ter escolhido: James Young

Eu discordo da escolha de Warren por um simples motivo: eu não acho que ele seja um prospecto tão bom para justificar essa escolha no #14 e na frente de outros prospectos que eu achava melhores. Eu acho que o jogo dele, pouco atlético, que não se estende até a linha dos três pontos e que se baseia principalmente de floaters, ganchos e jogadas de meia e curta distância, não se traduziria bem para a NBA. Para mim faria muito mais sentido ir atrás de James Young, um ótimo encaixe para Phoenix, atlético para acompanhar a correria do time, com arremesso promissor para continuar espaçando a quadra como o Suns gosta, e ainda um jogador com potencial altíssimo para desenvolver para o futuro. 

Mas em termos de basquete apenas, Warren para o Suns é um encaixe muito bom. Warren é um pontuador de alto volume que é letal quando tem espaço, e isso ele vai ter muito no esquema de Phoenix que adora espaçar a quadra com um stretch-4. Ele também é um jogador mortal em transição, e portanto encaixa perfeitamente no esquema de alta velocidade da equipe. É um encaixe ótimo em termos de basquete, para o Suns e para TJ. Eu só acho que ele não valia a escolha #14 e que James Young deveria ter sido a escolha, mas isso não faz dela uma escolha ruim.


Escolha #15 - Atlanta Hawks
Quem escolheu: Adreian Payne
Quem deveria ter escolhido: Adreian Payne

O técnico do Hawks, Mike Budenholzer, tem uma paixão que beira a fixação por arremessos de três. Em 2014, não era raro ver o time usando uma formação com cinco arremessadores (inclusive Millsap e Pero Antic, os pivôs) espaçados no perímetro, criando espaço para depois atacar por dentro. Ele já disse muitas vezes que o foco do seu time são os arremessos do perímetro, da primeira a ultima posição da equipe. Portanto não foi nenhuma surpresa quando o Hawks pegou Adreian Payne na primeira rodada, um dos encaixes mais legais de todo esse Draft.

O garrafão do Hawks é forte com Millsap e Horford, mas Sap está no último ano de seu contrato e é um jogador que é uma excelente moeda de troca. Se Sap for trocado, Payne pode imediatamente entrar na equipe como um PF capaz de espaçar a quadra, ou mesmo se Millsap ficar, Payne pode jogar tanto de PF como de C e da a esse time grande flexibilidade de posição sem precisar mudar seu esquema de jogo. Ele era o jogador mais "Hawks" desse Draft e foi draftado pelo time certo.


Escolha #15.5 - National Basketball Association
Quem escolheu: Isaiah Austin
Quem deveria ter escolhido:  Isaiah Austin

A melhor escolha da noite. Ponto.


Escolha #16 - Denver Nuggets (Via Chicago Bulls)
Quem escolheu: Jusuf Nurkic
Quem deveria ter escolhido: Jusuf Nurkic

Eu adorei a troca do Nuggets com o Bulls (#11 e o contrato de Anthony Randolph pelas #16 e #19) por diversos motivos. Mas o mais importante talvez tenha sido que o Denver Nuggets é um time que, no momento, não faz idéia do que quer fazer da vida. Reconstruir depois da queda de 2013 para 2014? Continuar investindo em bons jogadores para formar times sólidos, mas não espetaculares, apostar na "classe média" da NBA para ir aos playoffs e contar com um ou outro golpe de sorte para tentar ir longe (como fez com George Karl)? O Nuggets não sabe ao certo, está indo com o fluxo, e portanto acho que faz bastante sentido para eles trocar uma escolha alta (na qual não tinham uma escolha clara) em troca de duas escolhas em um Draft muito profundo, e portanto duas chances de conseguir algo que lhes permita seguir em alguma direção (seja ela qual).

A primeira escolha foi ótima para eles, que selecionaram o pivô Jusuf Nurkic. Desde que Brian Shaw assumiu a equipe e implementou seu esquema de jogo de meia quadra, o time estava procurando desesperadamente por um homem de garrafão capaz de pontuar de costas para a cesta e próximo do aro, mas o time não tinha ninguém assim. Então Nurkic faz muito sentido, que tem tido números impressionantes por minuto na Europa e é um jogador muito forte (nos moldes de Nikola Pekovic) que se especializa em finalizar pick and rolls e tem um promissor jogo de costas para a cesta. É incerto se ele virá para a NBA imediatamente, mas ele oferece uma opção com bastante potencial para Denver conseguir o jogador que eles precisam. Ótima troca, e boa escolha.


Escolha #17 - Boston Celtics
Quem escolheu: James Young
Quem deveria ter escolhido: James Young

Outra excelente escolha do Celtics, que aproveitou essa queda maluca de James Young para pegá-lo na #17. O Celtics poderia ter pego Gary Harris aqui e faria muito sentido, mas já tinha pego o jogador mais realizado e pronto na #6 com Marcus Smart, então a meu ver a escolha do mais explosivo, atlético e com mais potencial James Young foi correta.

O Celtics deve ter ficado em êxtase por Young ter caído até aqui. Boston tem uma base interessante, mas faltava um jogador mais explosivo, de alto potencial capaz de criar seu arremesso. Especialmente se Rondo for trocado e o Celtics entrar em modo total de reconstrução, Young vai ter um excelente técnico e muito espaço para desenvolver no grande jogador que pode ser, um jogador versátil e um bom parceiro para Smart. Ótima escolha, e um grande Draft de Boston.


Escolha #18 - Phoenix Suns
Quem escolheu: Tyler Ennis
Quem deveria ter escolhido:  Rodney Hood

Antes desse Draft, o Suns tinha excesso de dois tipos de jogadores: armadores (com Bledsoe e Dragic) e SF/PFs híbridos (gêmeos Morris). Então o que o Suns faz no Draft? Pegar mais um armador e mais um SF/PF híbrido, é claro!

Não que eu tenha achado Tyler Ennis uma escolha ruim - o Suns criou uma identidade veloz com base nos seus armadores, e tanto Bledsoe como Dragic podem jogar de SG para acomodar Ennis. O canadense pode funcionar como um ótimo reserva para ambos, mantendo o time funcionando em alta velocidade e tomando boas decisões. Eu gosto do encaixe, e também do valor que Ennis pode ter em um repasse para um time como Toronto que busca um PG. Mas de novo, o Suns já não tinha dois PGs que eram a base do seu time? Porque pegar mais um, ainda que um bom reserva? Eu acho que Phoenix teria se saído melhor escolhendo um jogador de uma posição mais carente (como Rodney Hood, um SF) capaz de espaçar a quadra e manter o esquema tático do time funcionando. Assim como TJ Warren, não é uma escolha ruim, e é uma escolha que faz sentido... mas não é a que eu achava a melhor opção disponível.


Escolha #19 - Denver Nuggets (Via Chicago Bulls)
Quem escolheu: Gary Harris
Quem deveria ter escolhido:  Gary Harris

O Nuggets trocou sua escolha por duas na tentativa, entre outros, de maximizar os valores que poderia tirar desse draft... e ao ver Gary Harris caindo na escolha #19, eu só posso imaginar que alguém deva ter desmaiado na sala do Nuggets, e que outro tenha abandonado o esporte para virar pastor. Porque foi realmente o maior golpe de sorte que o time poderia ter pedido.

Harris era desde o começo um dos melhores jogadores dessa classe, um legítimo two-way player capaz de defender em altíssimo nível, arremessar bem, e jogar com a bola na mão quando necessário. Ele caiu por questões sobre sua habilidade atlética e potencial limitado, mas é um ótimo talento e um valor fantástico no #19. Verdade que o Nuggets já pegou um SG em Afflalo no assalto na troca com o Magic mais cedo, mas não vejo um problema nisso - você sempre quer acumular o máximo de talento possível, e Gary Harris era de longe o melhor disponível. Um excelente dia do Nuggets.

Btw, vou ser um pouco injusto com Chicago aqui, porque era impossível para o Bulls saber como o resto do Draft deveria se desenrolar. Mas quem vocês prefeririam ter, Doug McDermott e o contrato de Anthony Randolph, ou Gary Harris e quem quer que o Bulls pudesse ter pego na #16 no lugar de Nurkic (meu palpite: James Young). Harris era um encaixe perfeito para Chicago (tanto que achei que deveriam tê-lo pego no #11 antes de McBuckets) e Young um ala com potencial capaz de espaçar a quadra. Verdade que Chicago não tinha como saber que Harris ia cair até a #16, mas em retrospecto, Denver saiu como um grande vencedor nessa troca.


Escolha #20 - Toronto Raptors
Quem escolheu: Bruno Caboclo
Quem deveria ter escolhido: Shabazz Napier

Vamos deixar uma coisa bem clara: eu estou muito feliz por Bruno Caboclo, torço para que tenha muito sucesso na NBA, quero que ele seja um ótimo jogador. Mas esse não é o meu trabalho aqui - meu trabalho é avaliar de forma imparcial as decisões tomadas por cada time. E por essa ótica, o Toronto fez uma grande besteira.

Me deixe colocar da seguinte maneira: nos últimos três meses, eu li pelo menos uns 30 Mock Drafts. Provavelmente mais. E Bruno Caboclo estava presente em exatos ZERO deles. Zero. Isso quer dizer que, entre especialistas e pessoas dentro da NBA, ninguém via o garoto como um talento para ser escolhido no Draft inteiro, muito menos na escolha #20. A história que consta é que o Raptors queria pegar Tyler Ennis na escolha #20 e Caboclo com a #37 na segunda rodada, mas quando Ennis saiu antes Toronto antecipou e pegou o brasileiro. Bom, isso é extremamente estúpido - cada escolha que você tem é um ativo, e é seu trabalho maximizar o valor que você recebe em troca de cada uma delas. Toronto usou a sua escolha de primeira rodada em um dos melhores Drafts dos últimos 20 anos em um jogador que os especialistas acharam que não deveria sequer ser draftado. Pense nisso.

Eu confesso que conheço muito pouco do Bruno como jogador, e não o conhecia at all antes do Draft. Desde então tentei ver o máximo possível de jogos e vídeos nos quais ele aparece, o que me apresentou um pouco e me permitiu tirar algumas conclusões (embora não possa falar com nenhuma certeza). Pelo pouco que vi, entendo o que o Raptors viu nele (corpo impressionante, envergadura monstruosa, muito atlético)... e entendo o que os críticos acham de tão absurdo na escolha do Raptors (não consegue driblar, passar ou criar seu arremesso, e não parece em nenhum momento conseguir jogar em um nível próximo da NBA). As pessoas o comparam a Giannis pelo físico, mas Giannis era um jogador muito mais avançado, especialmente como ball handler e passador, quando foi escolhido.

Se Toronto perdeu o jogador que queria em Ennis, deveria ter ido atrás ou do melhor PG disponível (Shabazz Napier) ou então do melhor valor (Hood, Capela, Hairston ou Napier) e esperado para pegar Bruno na segunda rodada. Foi um grande erro de um time que parece estar preso entre "podemos competir em um Leste muito fraco" e "queremos reconstruir". Mas ei, toda vez que você pode gastar a escolha #20 de um Draft fortíssimo em um jogador que teve menos de 5 pontos por jogo de média em uma das piores ligas profissionais do mundo, você tem que fazê-lo!!


Escolha #21 - Oklahoma City Thunder
Quem escolheu: Mitch McGary
Quem deveria ter escolhido: PJ Hairston

O Thunder usou sua escolha de primeira rodada para escolher um PF/C branco que não consegue criar seu próprio arremesso ou chutar de fora, mas um jogador grande e trombador, com bom motor e energia e que vive de rebotes ofensivos, pontos fáceis perto da cesta, faz o trabalho sujo e pronto. Ou seja, exatamente a mesma coisa que fizeram ano passado ao escolher Steven Adams. Agora eles tem um Steven Adams, um Nick Colison, e acabaram de selecionar um clone misto dos dois primeiros, sendo que nenhum dos três é titular.

Enquanto isso, o Thunder em 2014 teve um jogador horrível que chutou 39% na temporada regular e 31% nos playoffs, enquanto oferecia defesa horrível e uma avenida a ser atacada (de fato, foi em cima dele que o Spurs atacou todas as jogadas possíveis)... só que esse jogador ficou em quadra 18 minutos por jogo (!!!!!!) simplesmente porque Scott Brooks precisava de uma opção nas bolas de longe e um ballhandler secundário (Derek Fisher). Você está me dizendo que esse time NÃO teria se beneficiado mais de escolher PJ Hairston, um jogador atlético e excelente arremessador capaz de ficar com a bola nas mãos quando necessário? Claro que sim. Uma escolha bem duvidosa com uma opção claramente muito melhor disponível.


Escolha #22 - Memphis Grizzlies
Quem escolheu: Jordan Adams
Quem deveria ter escolhido: Rodney Hood 

Muita gente gosta de Jordan Adams e da sua habilidade de pontuar, mas eu não sou um desses. Vejo ele como uma versão piorada de TJ Warren, um jogador ainda menos atlético (acho que eu sou mais que ele) que não espaça a quadra e vive da pontuação bem dentro da linha de três - basicamente uma versão menos atlética, menos destrutiva na transição e sem a quantidade de recursos do novo jogador do Suns. No time e no esquema certo, Adams pode ser útil. Mas no Memphis, um time que se concentra no jogo de garrafão, lento, e tem dificuldade para espaçar a quadra? Adams é um PESSIMO encaixe, e isso antes de falar que eles já tem Courtney Lee, Tony Allen e Mike Miller (que é free agent) para jogar na posição.

Eles deveriam ter ido de Rodney Hood. Memphis tem dificuldade para espaçar a quadra e precisa do máximo de arremessadores que puder, e Hood é um ótimo pontuador (16 ppg, 42 3PT%) que também joga de SF, a posição mais carente da equipe e atualmente ocupada por Tyshaun Prince - um dos piores titulares da NBA. Hood era um jogador para entrar e contribuir imediatamente na pior posição e com a habilidade mais carente da equipe (3PT). Não sei mais do que o Grizzlies precisava para fazer a escolha certa.


Escolha #23 - Utah Jazz
Quem escolheu: Rodney Hood
Quem deveria ter escolhido: Rodney Hood

As vezes, no Draft, ter sorte é mais importante do que outra coisa. E para o Utah Jazz, esse foi o caso.  Primeiro, o PG grande que eles tanto queriam inexplicavelmente caiu para o #5, um excelente valor sendo que Dante Exum era cotado para sair até na #2. Eles imediatamente o pegaram. Depois, viram Rodney Hood escorregar até a escolha 23 quando três ou quatro times antes deveriam te-lo escolhido.  E de novo, aproveitaram para sair com ótimo valor e um jogador que faz muito sentido. No final, Jazz saiu com dois ótimos jogadores e como um dos maiores vencedores da noite, e isso principalmente porque tiveram a sorte de ver vários times na sua frente passar esses jogadores.

Hood faz sentido para Utah porque ele é um jogador de perímetro, o ponto fraco do Jazz, capaz de arremessar de fora. Jazz só tem Alec Burks e Gordon Heyward, mas Burks é melhor vindo do banco e Heyward é free agent, ninguém sabe se vai ficar. Mesmo se Utah for jogar com Trey Burke e Dante Exum juntos, eles ainda precisam de um SF,  encontraram esse jogador em Hood, alguém para espaçar a quadra, acompanhar contra ataques e que pode até jogar de PF em formações baixas. E mesmo se Heyward voltar, eles podem jogar juntos (com Heyward de SG) e no mínimo oferecem opções versáteis ao técnico. Sem falar, claro, que ele era o melhor jogador disponível. Ótima escolha, ótimo Draft de Utah.


Escolha #24 - Miami Heat (via Charlotte Hornets)
Quem escolheu: Shabazz Napier
Quem deveria ter escolhido: Shabazz Napier

O Hornets trocou Shabazz Napier para o Heat, e eu odiei essa troca para eles por três motivos: primeiro, porque eu achei que Napier era uma excelente escolha para o Hornets, alguém que ajudaria muito a equipe e era um bom valor a essa altura; segundo, porque o Hornets não recebeu nada relevante em troca, desceu duas escolhas em troca da #55 (que vendeu para OKC) e uma escolha futura de segunda rodada; e terceiro e talvez mais importante, porque diabos o Hornets - um time que está montado para vencer o quanto antes em um Leste cada vez mais aberto - está ajudando justamente o time que eles tem como objetivo superar?!

Miami, que não tem nada a ver com isso, fez seu trabalho e conseguiu um Home Run. Napier faz sentido em todos os quesitos, mas principalmente porque Miami precisa muito de um armador (Chalmers é free agent e Norris Cole não é confiável), e Napier tem todas as características que eles precisam no seu novo PG: alguém capaz de entrar e jogar logo de cara, um jogador inteligente que se encaixa no esquema de Miami, que tem bom 3PT range para espaçar a quadra, e um vencedor experiente que não tem medo de chamar a responsabilidade. Em termos de basquete Napier sempre foi um excelente encaixe. E ah sim, ele era o jogador favorito de LeBron James nesse Draft, e se free agent LeBron James manda você pular, você pergunta de onde. Assim você reforça seu time com o jogador ideal e ainda agrada sua superestrela. Ponto para Miami.


Escolha #25 - Houston Rockets
Quem escolheu: Clint Capela
Quem deveria ter escolhido: Clint Capela

Essa escolha é bem simples: Capela é um PF suíço com grande potencial como reboteiro e protetor de aro, mas muito cru, que deve continuar na Europa por mais algum tempo se desenvolvendo. Isso é ótimo para o Rockets, um time que quer fazer estrago entre os free agents esse ano e para isso precisa de muito espaço salarial. Portanto um jogador que não vem para a NBA agora - e portanto não ocupa espaço no salary cap - era a melhor coisa que eles fariam nesse momento. Capela ficará na Europa servindo de ativo para o futuro, enquanto Houston mantém a folha salarial limpa para tentar Melo e/ou LeBron.


Escolha #26 - Charlotte Hornets (via Miami Heat)
Quem escolheu: PJ Hairston
Quem deveria ter escolhido: PJ Hairston

Apesar de eu preferir Napier, Hairston foi uma ótima escolha também que o Hornets viu caindo no seu colo. Charlotte precisava de arremessadores capazes de fazer estrago do perímetro para abrir o garrafão para Al Jefferson, e depois de conseguir um stretch-4 ideal para seu sistema em Vonleh, o Hornets selecionou um dos melhores arremessadores de perímetro do Draft em PJ Hairston. Hairston é uma excelente opção aqui, um arremessador espetacular que no mínimo vai abrir a quadra e criar seu próprio arremesso quando o ataque fica estagnado.

Ele tem problemas extra-quadra e não tem um jogo muito inteligente dentro dela, muitas vezes força demais e quer fazer o que não sabe. Mas o Hornets coloca ênfase em um bom ambiente, e se o bom Steve Clifford conseguir fazer Hairston focar nas coisas que ele sabe fazer e não nas que ele quer fazer, ele pode ser um belo steal no #26. Duas ótimas escolhas do Hornets.


Escolha #27 - Phoenix Suns
Quem escolheu: Bogdan Bogdanovic
Quem deveria ter escolhido: Bogdan Bogdanovic

O Suns tinha três escolhas de primeira rodada, e de forma alguma eles iriam trazer três novos calouros para competir por minutos no que já era um time jovem e promissor. Então era lógico que usassem sua terceira escolha em um prospecto draft-and-stash, alguém para ficar na Europa por algum tempo antes de vir para a NBA. Foi o que fizeram com Bogdanovic, o melhor prospecto internacional restante, um excelente pontuador com um jogo que deve traduzir bem para a NBA. Uma boa aposta a essa altura que faz sentido dada a situação da equipe, e que deve vir da Europa só daqui a alguns anos.


Escolha #28 - Los Angeles Clippers
Quem escolheu: CJ Wilcox
Quem deveria ter escolhido: Jarnell Stokes

Eu gosto de CJ Wilcox, um sólido veterano capaz de arremessar de fora e um razoável atleta. Mas não é exatamente o tipo de jogador que pegaram ano passado em Reggie Bullock? E o Clippers sabe que seus únicos big men sob contrato para 2015 são Blake Griffin e DeAndre Jordan e que o time já está 8M acima do salary cap, certo? Ao invés de pegar um cara que é igual ao que pegaram um ano atrás e para uma posição razoavelmente lotada no elenco (nenhum é um grande titular, mas até ai Wilcox também não), porque não ir atrás do melhor pivô/PF disponível e usá-lo como um reserva de Griffin e Jordan, alguém capaz de fazer o trabalho sujo dos dois lados da quadra, controlar os rebotes e dar algum descanso aos titulares? Jarnell Stokes e Johnny O'Bryant estavam disponíveis e ambos teriam sido uma escolha melhor. Clippers perdeu uma importante chance de reforçar o garrafão, uma que eles lamentarão ano que vem quando estiverem desesperadamente atrás de um reserva na trade deadline.


Escolha #29 - Oklahoma City Thunder
Quem escolheu: Josh Husties
Quem deveria ter escolhido: KJ McDaniels

Depois de pegar um PF/C branquelo e trombador, o Thunder pegou um jogador de perímetro baixo, mas famoso pelos rebotes e pela defesa. Em outras palavras, eles acabaram de repetir em 2014 o Draft que tiveram em 2013 ao pegar Adams e Robertson. Porque? Eu não sei.

Huestis era inclusive um dos favoritos a steal do Zeca, então é um prospecto interessante para OKC. Mas eis a questão: se o Thunder queria pegar um defensor físico, porque não pegar KJ McDaniels, um jogador com as mesmas características, só que melhor e muito mais bem avaliado ao redor da liga? Huestis era considerado um jogador de meio de segunda rodada, enquanto muitos (inclusive eu) viam McDaniels como um talento de primeira, alguém pronto para entrar e jogar. Se era o conjunto de habilidade de Huestis que OKC queria, McDaniels faz as mesmas coisas mas melhor. Escolha esquisita.

(Eu achei engraçada a sugestão, depois do Draft, que OKC gostou de Huestis porque ele falava bem e passava liderança. Não era esse o argumento usado para jogar Derek Fisher 18 minutos por jogo quando ele não conseguia defender, passar ou arremessar?! A gente viu o quão certo isso deu!)


Escolha #30 - San Antonio Spurs
Quem escolheu: Kyle Anderson
Quem deveria ter escolhido: Kyle Anderson

Se fosse para achar uma comparação na NBA para os talentos de Kyle Anderson, seria Boris Diaw: tamanho de PF, mas habilidades como ballhandler e passador dignas de um armador, lento mas extremamente efetivo graças a boa habilidade nos rebotes, bom arremesso de fora e versatilidade com a bola nas mãos. Então é adequado que Anderson vai para o time que acabou de ter o próprio Boris Diaw como um dos melhores jogadores de um time campeão.

Se Boris Diaw (free agent) deixar o time, Anderson pode entrar e assumir seu papel vindo do banco, e se ele não sair (btw, ele não vai. Ele ama o Spurs) Anderson pode ficar um pouco no banco aprendendo com Diaw para assumir a função no futuro. Suas habilidades são perfeitas para o Spurs, um daqueles encaixes jogador-time simplesmente perfeitos para ambas as partes. O jogador mais Spurs desse Draft caiu para San Antonio na escolha #30 - o que mais eu posso dizer?

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Big Two - Draft 2014 da NBA

"Hahaha e depois ele falou que o Jabari era melhor que a gente!!"


No próximo dia 26 começa o Draft da NBA. E se você não andou morando em uma caverna nos últimos 24 meses, você provavelmente já ouviu falar muito sobre esse Draft. Sobre como esse é o melhor Draft em 11 anos; sobre como Andrew Wiggins é o próximo LeBron; sobre como esse Draft é uma grande decepção; e por ai vai. E embora cada pessoa possa pensar algo diferente sobre ele, o fato é que esse é o Draft mais polarizador da NBA desde 2003, com vários jogadores interessantes e que muitos acreditam poder mudar o destino de uma franquia.

Com pouco tempo para fazer um preview detalhado, acabei recorrendo a ajuda de um dos maiores especialistas brasileiros em NCAA, o grande Zeca Oliveira, que concordou em retomar nossa velha parceria na coluna Big Two para falar um pouco sobre o assunto.

Acabamos trocando alguns emails para tentar chegar ao fundo da questão.


Vitor - Zeca, ainda bem que você está ai. A cada dia que passa, me parece mais difícil colocar esse Draft no seu lugar. Em um espaço de 12 meses, ele passou de historicamente bom, para muito bom, de volta a historicamente bom, dai a decepção, dai de volta a muito bom. Pelo menos três jogadores foram elevados a categoria de “salvador” antes de jogar um jogo sequer de NCAA. Muitos jogadores decepcionaram em 2014, em parte porque colocaram em cima deles expectativas impossíveis. E ainda assim, você tem algo entre 7 e 8 jogadores que teriam sido a escolha #1 do Draft passado. Como diabos eu coloco esse Draft em perspectiva?


Zeca - Fala, Vitor! Eu me sinto muito à vontade pra falar desse Draft por ter acompanhado toda a temporada da NCAA, e você definiu muito bem como vem sendo a linha do tempo desse período. Parte da decepção que alguns tiveram pode ser explicada pelo fato de a maioria daqueles super novatos terem chegado pra jogar em equipes não tão bem estruturadas, com pouca experiência e falta de liderança. Isso influenciou nas suas respectivas performances que, se pensarmos bem, foram muito acima da média pra circunstâncias normais. Mas como estamos falando de jogadores que já eram tidos como futuros heróis antes mesmo de se formarem no high school, as expectativas altas acabaram por ditar a nossa avaliação - ou pelo menos a do senso comum.

Como agora - que a competição universitária acabou - é um período que voltamos a estar mais preocupados com potencial do que com performance, a tendência é que volte com força a ideia de que este recrutamento tem tudo para ser um dos mais fortes dos últimos anos. Com um futuro um pouco obscuro, mas ainda assim muito forte.


Vitor - Como você disse, o foco agora é outro e todo mundo voltou a salivar com os talentos disponíveis. Mas sempre fica a pergunta do quanto uma performance individualmente fraca (ou, ao contrário, uma excepcional) na última temporada é importante na hora de avaliar um talento.

Isso fica bem claro na composição do consensual Top3 desse Draft. Andrew Wiggins teve uma temporada, para alguns, decepcionante depois de ter sido anunciado como o próximo LeBron, o próximo Durant ou o próximo Tracy McGrady. Joel Embiid foi uma surpresa que tem potencial saindo pelas orelhas. E Jabari Parker teve uma dominante temporada em Duke e se mostrou o jogador mais “pronto” desse Draft. E ninguém sabe exatamente o que fazer com esses três na hora de montar um Mock Draft.


Zeca - O certo é que quanto mais cedo os caras chegam na NBA, menor é o peso de sua performance no final das contas. O jogo deles ainda tem tanto espaço pra evolução que suas atuações no presente acabam sendo um pouco menos relevantes - e até por isso eu sou um dos defensores da derrubada da regra do one and done.

No caso deste top 3, cada um tem um ponto fraco diferente: Jabari tem o menor teto; Wiggins até hoje nunca mostrou que tem killer instinct; e Embiid tem sua saúde questionável nesse momento. São problemas tão distintos que é complicado colocá-los numa mesma classe a fim de compará-los. Tudo vai depender da abordagem das franquias que ali irão selecionar; e na NBA existem vários tipos: a conservadora, a ousada, a muito ousada e a abordagem Cleveland Cavaliers.


Vitor - E acho que da mesma forma, cada um dos três possui também um ponto forte diferente que os coloca na briga para ser a primeira escolha do Draft: Jabari é o jogador mais “pronto” para contribuir na NBA e de menor risco; Embiid tem o maior potencial do trio e trás o tipo de two-way game muito raro nos pivôs de hoje em dia; e Wiggins é uma combinação dos dois, muito atlético e pronto defensivamente com um jogo ofensivo ainda para se desenvolver.

Eu sei que muita gente gosta do Parker hoje, mas para mim a primeira escolha fica entre Wiggins e Embiid. Se saudável, Embiid é o melhor jogador desse Draft (e ele certamente será muito testado pelos times com as primeiras escolhas), e Wiggins oferece a combinação de atleticismo e defesa que parecem tão importantes para o Cavaliers nesse momento (sem falar no seu potencial). Eu iria com Embiid desde que ele fosse liberado pelo departamento médico antes.


Zeca - Essa situação me lembra um pouco a de Anthony Davis em sua primeira temporada, onde ele não foi tão bem quando Damian Lillard, por exemplo, e alguns chegaram até a se desapontar com ele num primeiro momento. Nós não fizemos parte desse grupo, você e eu, mas ele existiu. E eu consigo ver isso acontecendo com o próprio Embiid, que não está tão pronto para impactar na NBA como os outros dois - Wiggins, por mais cru que seja, terá a confiança dos treinadores por já ser um defensor relativamente maduro para o profissional.

Você também acha que isso vai acontecer, Vitor? E por que não deve haver overreaction se o início dele não for explicitamente tão promissor quanto normalmente se espera de uma escolha tão alta?


Vitor - Eu acho que isso tem a chance de ser um problema. Por melhor que seja esse Draft - e é muito bom - a questão que todo mundo continua levantando é a falta de um prospect que é claramente uma futura estrela, aquele Blake Griffin ou Anthony Davis. E quem quer que seja Draftado #1 esse ano - especialmente se for alguém mais cru como Embiid ou Wiggins - vai ter que aguentar muitas críticas pela falta de impacto ou dominação imediata. Isso pode afetar um jogador se estiver na situação errada (só ver o que aconteceu com Bennett em 2014), e quem quer que os selecione tem que estar preparado para lidar com esse tipo de coisa e criar o ambiente ideal para desenvolver esses jogadores com as expectativas corretas.

Esse é, inclusive, um dos motivos que me leva a crer que o Cavaliers deve estar explorando todo tipo de opção com a sua escolha #1. Jabari Parker não me parece a melhor opção para o Cavs (mais um pontuador que gosta de ter a bola nas mãos e não defende?), e tanto Wiggins como Embiid exigem um trabalho a médio prazo, muita paciência e expectativas moderadas - nada do que tem sido o forte de Cleveland nos últimos anos.


Zeca - Pra ser sincero, eu acho que o fato de eles estarem indecisos no momento está muito mais ligado às questões sobre a saúde de Embiid do que por qualquer outra coisa. Como você falou, eles não precisam de outro grande scorer e ao invés de pegar Wiggins eles poderiam tentar renovar com Luol Deng - embora não dependa apenas deles. Mas o que esse Cavs não conseguirá tão facilmente é um pivô que protege o aro muito bem e já é muito desenvolvido como reboteiro a esta altura da carreira. Junte isso ao fato de Embiid ter o maior potencial desse recrutamento e, eu acho que a primeira escolha tem tudo pra ser o camaronês.


Vitor - Bom, não é como se o Cavs tivesse um histórico recente de fazer coisas bizarras com suas escolhas altas nem nada


Zeca - Mas até agora nós falamos desses três atletas como se fosse proibido colocar outro na conversa do top 3. De fato há um consenso quanto a isso, e eu tenho certeza que o seu mock também não foge muito dessa regra. Então, Vitor, eu queria entender o porquê de Dante Exum - que também tem um upside absurdo - ser esquecido nessas horas. Quer dizer: você não acha que nós acabamos superestimando um pouco o fato de que o cara tem que atuar na NCAA para se provar? E qual você acha que seria a ideia que teríamos de Exum se ele tivesse passado a temporada passada no college?


Vitor - O problema com Exum é que não sabemos exatamente o nível de competição que ele enfrentou na Austrália essa temporada, e o quanto isso diz sobre suas habilidades. A liga australiana é melhor ou pior do que, digamos, a Big Sky Conference (onde Damian Lillard jogou)? Eu realmente não sei, e por isso é difícil ter certeza do que vimos.

Mas o que eu acho que as pessoas tem esquecido é da atuação de Exum no Mundial Sub-19. Exum teve 18-4 de média e dominou completamente um torneio com os melhores jovens talentos do mundo - um nível de jogo que tenho certeza que não perde nada para a NCAA - e mesmo esses números são enganosos por causa do jogo contra os EUA no qual ele machucou e jogou apenas 10 minutos. Exum teve 25-5 de média nos seus quatro jogos seguintes e levou praticamente sozinho a Austrália para as semifinais, uma atuação realmente assombrosa contra uma competição de alto nível. Se você precisa de uma atuação em alto nível para se convencer de que os talentos naturais de Exum são suficientes para colocá-lo no Top4 desse Draft, essa é a competição que você precisa assistir.


Zeca - Ano passado tínhamos essas mesmas dúvidas com relação ao Antetokounpo, que por sua vez jogava na segunda divisão do basquete de um país onde a economia está tão ruim que parece estar condenado a passar os próximos 500 anos sob um ajuste fiscal. Mas embora o nível tenha sido fraco, o grego pelo menos teve experiência profissional - ou semi-profissional -, o qual não é o caso de Exum. O australiano inclusive chegou a pensar em passar uma temporada na NCAA antes de se inscrever no Draft, algo que só seria possível pra quem nunca atuou profissionalmente antes…


Vitor - Isso é verdade, mas como você disse, as pessoas gostam de superestimar um pouco isso da NCAA. Exum dominou um torneio de alto nível no Mundial U19, e eu adoro as ferramentas dele: alto, veloz, muito forte atacando o aro, combinação de habilidade, tamanho e atleticismo, e seu potencial defensivo. Acho que talvez por não ter a experiência profissional que você citou seja importante para ele cair em uma situação mais estável e com um time mais paciente com ele, mas não vejo porque ele não poderia realizar seu potencial uma vez que esteja na NBA. Não vejo ele na mix para #1 pick, mas acho que da para inclui-lo na Top Tier desse Draft com Embiid, Wiggins e Parker - e parece que não sou o único que pensa assim.


Zeca - Realmente ele é o único que pode desafiar esses três aí; na pior das hipóteses lidera aquele 2nd tier, que também não é nada fraco no recrutamento desse ano.

Aliás, Vitor, eu espero que os times com escolhas nessa área não estejam precisando urgentemente de alguém que arremesse de fora, pois provavelmente não irão encontrar. Daquele quase consensual top 8, não vejo ninguém que se destaque muito nesse fundamento - o próprio Jabari Parker acabou decepcionando um pouco não pela mecânica em si, mas pela frequência com que tentou chutes de fora. Será que isso pode acabar mudando um pouco o cenário das escolhas? Talvez um Doug McDermott ou um Gary Harris sendo pego acima do esperado por ter uma skill excepcional...


Vitor - Interessante voce tocar no assunto. É uma eterna questão do Draft: pegar o melhor jogador disponível, ou pegar aquele que trás as habilidades ou joga na posição que você precisa? É uma pergunta bem pessoal, que depente muito do contexto do time. E como você disse, arremesso é a habilidade a prêmio desse Draft.

O mais interessante é, tem um número ENORME de times nesse topo que precisa de um arremessador. Sixers (#3 e #10), Celtics (#6 - supondo que não a troque), Hornets (#9), Magic (#4 e #12), Minny (#13) e Chicago (#16 e #19 e supostamente querendo subir para a #11). Não acho que isso será um grande problema com escolhas tão altas como a #3, #4 e #6, que tem jogadores bons demais para deixar passar. Mas a partir do # 9, isso começa a ficar interessante. Acho que os maiores candidatos a ver seu valor subir na hora do Draft por conta dos seus arremessos são McDermott, Rodney Hood, Adreian Payne e Nik Stauskas (meu favorito, by the way). Deixo Harris de fora porque acho que ele já está sendo bem underrated. Em um Draft mais profundo em shooters, acho que alguns desses iriam cair bem mais.


Zeca - Exato. Não é só interessante falar da falta de arremessos nos atletas de maior potencial, mas também cabe a questão da falta de potencial físico-atlético desses melhores arremessadores que você citou. É como se cada prospecto só pudesse escolher uma dessas duas coisas…

E essa hierarquia que nós vemos nesse Draft (potencial físico sobre potencial técnico, de certa forma) representa bem o que é a NBA nesse momento: os treinadores se sentem muito mais à vontade utilizando calouros que não comprometem na defesa, mesmo que sejam muito crus na parte ofensiva. Até porque esses atletas podem usar tais minutos para desenvolverem seu jogo ofensivo - especialmente aqueles que já têm um certo potencial pra isso -, já um cara como McDermott tem um teto defensivo porque sua envergadura nunca vai ficar maior nem sua agilidade lateral se tornará acima da média da noite pro dia, ou seja, sua capacidade de impactar na defesa não depende só dele ou de sua experiência adquirida…


Vitor - Existe ainda um certo preconceito na NBA nesse sentido, a velha máxima de que você pode ensinar alguem a arremessar ou driblar, mas não fazer alguém crescer ou ficar atlético. Acho que isso as vezes subvaloriza alguns jogadores de técnica apurada e atleticismo mediano. Eu acho que no caso de alguém como McDermott, por exemplo, você sabe exatamente o que você tem, um eximio arremessador capaz de criar seu arremesso, explorar defensores menores no garrafão, fazer decisões inteligentes, e não muito mais.

Mas pegue Stauskas, por exemplo. Ele é um bom arremessador e ballhandler, mas quando vai olhar de perto, ele é surpreendentemente atlético e teve algo como 12.5% de gordura corporal testada no combine. Em outras palavras, tem MUITO espaço ai para ele se desenvolver fisicamente e transformar gordura em massa muscular, com ajuda de um programa profissional de NBA. A maior parte desses garotos tem entre 19 e 21 anos e não estão finalizados fisicamente. Todo mundo esquece disso.

Em uma nota relacionada, eu adoro Stauskas e acho ele um dos melhores jogadores desse Draft depois daquele primeiro e segundo tier (Wiggins, EMbiid, Parker, Exum, Vonleh, Randle, Gordon e Smart). Na pior das hipóteses ele é um eximio chutador de 3 capaz de criar seu arremesso no pick and roll, então tem um piso alto, mas ainda vejo ele com potencial atlético e all-around para ser um bom SG capaz de criar seu arremesso e atacar a cesta. Eu definitivamente pegaria ele entre os #9 e #13.


Zeca - Não é de hoje que Stauskas é overlooked. Eu lembro que pelo menos até Fevereiro ele não vinha sendo lembrado em quase nenhum mock de 2014. Talvez o fato de que muita gente ainda acha que seu jogo é unidimensional seja explicado pelo papel pequeno que ele teve na temporada passada naquele time que tinha Trey Burke e Hardaway Jr, ou até mesmo pelo simples estereótipo do branquelo que arremessa de três.

De qualquer forma eu estou com você nessa: ele não só é um melhor ball handler e passer do que muitos julgam, mas também toma excelentes decisões dentro de uma quadra. Jogou dois anos dentro do esquema genial de John Beilein, o qual se aproxima bastante dos que temos na NBA atualmente em situações de 5 vs 5, pois junta um ótimo espaçamento da quadra com movimentação de bola constante, vários passes extras e pouquíssimos arremessos de média distância...então Stauskas acabou se tornando um cara muito pouco egoísta e que entende perfeitamente que sua capacidade de chutar de fora não é destinada apenas a adicionar três pontos no placar, mas também a ser indiretamente uma arma capaz de fazer toda sua equipe ter mais facilidade de encontrar o melhor arremesso possível em cada posse de bola.


Vitor - Pessoalmente, eu diria que Stauskas lidera hoje o 3rd Tier da NBA, pelo menos em termos de talento e potencial (Gary Harris junto com ele). Eu consigo vê-lo facilmente saindo para o Hornets no #9 e tenho certeza que não passa do Wolves no #13, e se o Bulls conseguir pega-lo na #11 (subindo para a pick do Nuggets usando suas duas escolhas, como se especula) seria o steal do Draft.

Mas para dizer que Stauskas lidera o 3rd Tier, é bom definir os outros dois. Na minha opinião, temos um claro 1st Tier composto por Wiggins, Embiid e Parker (e TALVEZ Dante Exum), e depois um 2nd Tier composto por Exum (se não estiver no 1st), Smart, Gordon, Vonleh e Randle - qualquer um desses teria sido 1st pick de 2013, by the way. Você concorda com esse ponto de vista? Ou acha que não existe nada tão definido assim nesse Draft, ou então que algum dos Tiers é diferente?


Zeca - Eu acho que estão bem definidos sim, e concordo com sua classificação. O difícil talvez seja ordenar este 2nd tier, mas isso é outra história. Também gostaria de adicionar que Dario Saric estaria no meu segundo grupo se estivéssemos falando do puro talento, mas como ele não é um prospecto convencional, e nem deve vir pra NBA nessa temporada, ele acaba caindo um pouco. Aliás, todos os anos é como se os atletas internacionais disputassem um recrutamento à parte, por todos os fatores os quais nós já conhecemos.


Vitor - Eu adoro Saric, e tenho certeza que muitos GMs na NBA concordam comigo. Ele tem tamanho de PF mas joga como armador, tem muita mobilidade, excelente passador e ball handler. Eu adoro qualquer grande passador, e Saric tem um talento especial no quesito, um legitimo point-forward devastador em transição. Ele já tem um razoável post game e, se seu jumper ficar consistente, tem tudo para ser uma versão mais completa, mais all around da melhor fase de Turkoglu (que era o segundo melhor jogador e crunch-time scorer de um Orlando que chegou nas Finais). Em termos de talento, também coloco ele no 2nd tier, especialmente porque ele pode jogar na 3 e na 4.

O engraçado é que o problema com Saric não é o que normalmente temos com prospectos internacionais. Jogadores como Exum e Nurkic, em geral, são vistos com desconfiança porque jogaram contra competição muito incerta e ninguém consegue ter certeza dos seus talentos reais (como Exum) ou então tiveram ótimos números mas jogando em um papel e minutos limitados (como Nurkic). Mas ninguém tem esse problema com Saric - nós sabemos exatamente quem ele é! Mas entre não saber suas reais intenções profissionais ou se ele vem imediatamente para a NBA (ou mesmo se virá em breve), como você disse, a desconfiança faz ele sair do 2nd Tier. Mas tenho certeza que alguém na loteria vai arriscar ir atrás de um jogador tão talentoso - especialmente um time que possa se dar ao luxo de esperar um ou dois anos por ele.


Zeca - Eu não sou nenhum especialista em prospectos estrangeiros, mas além de Saric eu tenho notado dois outros atletas internacionais que podem estar sendo um pouco negligenciados: Clint Capela e Vasilije Micic. O primeiro tem um atleticismo soberbo e consequentemente um grande potencial, ainda mais porque tem o corpo ideal pra um defensor moderno na posição quatro. Já o segundo se destaca por ler perfeita e rapidamente as jogadas de screen and roll, as quais são muito importantes na NBA hoje. Fora isso eu não estou tão animado com essa class de estrangeiros como em anos anteriores, mas também pode ser por que meu conhecimento sobre eles é limitado mesmo.


Vitor - Capela em particular me interessa pelo seu potencial a médio prazo, mas deve cair para o final da primeira rodada pois não deve vir tão cedo para a NBA. Mas em um lugar (final do Draft) onde tantos times já tem um elenco completo, ele é um excelente prospecto para ficar alguns anos na Europa sem ocupar espaço no plantel, e vir daqui a um tempo quando tiver pronto.

Alias, essa é outra marca desse Draft: profundidade. Muita gente fala sobre as potenciais estrelas do Draft, os Wiggins e Embiids, mas é igualmente importante ter um Draft com um bom número de jogadores de NBA, onde você pode conseguir um role player importante mesmo no final da primeira rodada e no começo da segunda. Capela é um ótimo exemplo de um jogador que pode render muitos frutos em alguns anos e que não precisa de uma escolha alta para ser adquirido. O mesmo provavelmente é verdade para jogadores como KJ McDaniels, Jarnell Stokes, Jeremi Grant, Jordan Clarkson e Glenn Robinson. Como você ve essa profundidade, especialmente em comparação com os últimos anos?


Zeca - Há rumores de que pelo menos umas cinco equipes pretendem fazer trocas para terem escolha de 1st round, mas o que se fala é que estas picks sairiam muito mais caras do que o normal, exatamente por que a iniciativa está partindo de quem quer adquirir e não de quem quer vender. Isso diz muito com relação ao valor de uma escolha no Draft desse ano; tudo bem que a tendência é isso acontecer mais frequentemente nessa era pós-Lockout, com os contratos de calouros sendo tão imprescindíveis para se combinar competitividade com flexibilidade financeira, mas é óbvio que a profundidade de talento do recrutamento tem um peso nisso, como você falou.

É até estranho ver caras como Glenn Robinson III, DeAndre Daniels e Jarnell Stokes sendo projetados para o 2nd round em boa parte dos mocks. São caras que pegariam contratos garantidos na maioria dos anos. Também vale destacar que temos alguns juniors e seniors com um pouco mais de potencial do que geralmente se espera de caras com idade entre 21 e 23 anos, e te dou alguns bons exemplos: Adreian Payne, KJ McDaniels e Elfrid Payton. Então eu não tenho nenhuma dúvida de que temos um Draft com uma profundidade especial. E eu não sei se eu acho isso bom, porque vai ter muito cara que poderia estar voltando pra mais um ano de protagonismo na NCAA, tendo que ir tentar a vida no basquete internacional por conta da grande concorrência. Espero que o russo deles esteja em dia.


Vitor - Isso pode funcionar por outro ponto de vista também. Um contrato de segunda rodada é uma comodidade ainda mais valiosa para os times hoje em dia, porque te garante um jogador por três anos em um contrato muito barato, mas sem as garantias que um contrato de primeira rodada trás. Os times tem ficado mais espertos indo atrás de jogadores de segunda rodada, conforme o novo CBA aumentou seu custo-benefício. Então de certa forma, cair para o começo da segunda rodada pode acabar aumentando o valor desses jogadores uma vez que estejam na NBA, se é que isso faz sentido. O maior ênfase recente na D-League também pode ajudar, algo que tornou mais eficiente o uso de talento na NBA e que só deve continuar evoluindo. Então não tenho muita preocupação nesse sentido do êxodo de talento.

Algo que me interessa na profundidade desse Draft é que normalmente isso está associado a jogadores mais velhos sem tanto potencial, que acabam sendo passados para o segundo plano. Certamente temos desses jogadores no Draft, “veteranos” capazes de ajudar uma equipe de imediato como CJ Wilcox, Russ Smith, Jabari Brown ou Cleanthony Early, mas também temos um bom número de jogadores que ainda apresentam um bom potencial e que podem ser apostas a médio prazo, como Nick Johnson, Glenn Robinson e Mitch McGary, Spencer Dinwiddie, Jahii Carson e até mesmo draft-and-stash players como Micic, Bogdan Bogdanovic, Arten Klimenko e Walter Tavares. É uma profundidade para todos os gostos e todos os estilos. Eu adoraria ter uma escolha de segunda rodada nesse Draft.


Zeca - Que bom que você citou o Dinwiddie. Pra quem não sabe, antes de começar a temporada do basquete universitário ele era cotado até pro final da loteria, mas rompeu o ligamento do joelho em Janeiro e ninguém mais vai ter coragem de pegá-lo no 1st round e dar-lhe um contrato garantido. Mas eu gosto tanto do skill set dele - excelente floor general que está sempre sob controle e adora jogar no erro do adversário - que acho que a partir da escolha 31 ele passa a ser o melhor atleta disponível (em circunstâncias normais). Você lembrou que o contrato pra um cara de 2nd round não é 100% garantido mesmo podendo ser multiyear, e por isso fica ainda mais válida a aposta nele...o problema é que não vai ter Summer League e training camp pra avaliá-lo, mas é o pequeno risco que você corre pra tentar pegar um grande jogador numa escolha tão baixa.


Vitor - Eu sempre gostei muito de Dinwiddie, mas fiquei surpreso que ele fosse direto para a NBA vindo dessa lesão no joelho ao invés de voltar para a NCAA mais um ano. Dinwiddie pode começar na NBA uma tendência que a NFL popularizou nos últimos anos: um bom jogador que cai por conta de uma lesão, o time drafta, deixa um ano treinando com calma e se habilitando, e ele basicamente vira um redshirt no seu primeiro ano (mais ou menos o que o Sixers fez com Noel ano passado, só que com um prospecto não tão valioso).

Em uma nota relacionada, eu acho que Dinwiddie tem que ser um dos primeiros jogadores a sair na primeira rodada. Seu contrato seria barato e não garantido, e é um fortissimo candidato a steal do Draft. Nós sempre gostamos de falar sobre quais jogadores podem ser as “steals” desse Draft, e acho que Dinwiddie estaria no topo de ambas as nossas listas. Eu também gostaria de adicionar Jordan Clarkson (um jogador que passei a gostar recentemente e que pode ser o novo Reggie Jackson) e Nick Johnson, esse último um jogador bem underrated em Arizona que é considerado pequeno demais para ser SG na NBA mas parece ter as habilidades que voce busca nesse tipo de jogador. Quais os seus?


Zeca - Que bom que você tocou nesse assunto! Não sei quanto a você, mas essa é minha parte favorita do Draft. Meus patrocinados esse ano são muitos, mas eu vou destacar só três aqui diferentes dos seus: KJ McDaniels, Cameron Bairstow e Josh Huestis.

O primeiro é um dos meus jogadores preferidos dessa class; foi o melhor defensor da ACC em 2014 e estaria entre os meus cinco maiores candidatos a MVP se este prêmio fizesse parte do college basketball, tal foi o impacto que ele teve em Clemson. É um cara que vai forçar seu marcador a fazer um box out nele, se não quiser tomar uma putback slam, sem contar que também é mortal em transição. Bairstow é um grande scorer da posição 4 que vai ter muito trabalho pra não virar piada como defensor, mas acho que ele tem chance de se tornar algo próximo de um Luis Scola. E Huestis é o meu maior patrocinado: protege o aro e pega rebotes como um big man, mas defende atletas de perímetro com certa facilidade também. Não vai ter a zona de Stanford pra maximizar seu impacto defensivo, no entanto acho que pode ser uma versão menos atlética de Andre Roberson (porém com um jogo de perímetro melhor).


Vitor - Eu particularmente adoro KJ McDaniels e acho que é um lock para sair na primeira rodada (faria muito sentido no Houston com a 25th pick). Poucos jogadores tem a all-aroundness dele nesse draft.

E legal que bem quando iamos partir para as considerações finais sobre o Draft e terminar essa coluna, chega a notícia de que Joel Embiid - o melhor prospecto e a clara escolha #1 desse Draft - teve uma fratura no pé.

Como você acha que isso vai afetar o topo do Draft? Embiid ainda é o melhor jogador, mas essa (stress fracture) é uma lesão complicada para big men, a mesma que acabou com as carreiras de Sam Bowie, Yao Ming e Bill Walton. Ninguém sabe exatamente a extensão da lesão, mas é fato que isso vai aumentar muito o risco de escolher o camisa 21. Qual o impacto imediato disso?


Zeca - Eu acredito que essa lesão vai acabar sendo decisiva para o Draft no final das contas. É impossível dizer se ele vai sofrer com lesões no decorrer de sua carreira profissional, mas vem batalhando com elas desde Fevereiro, e o histórico, como você lembrou bem, nos deixa preocupado com relação a isso.

Vale lembrar também de exemplos recentes como Anthony Bennett, Otto Porter, Alex Len e CJ McCollum que perderam Summer League, offseason e uma parte da temporada por estarem lesionados, e nenhum deles conseguiu o espaço que queriam na rotação após isso. Então vai ser muito complicado pra Embiid superar tudo isso e ter um início de carreira sólido, sem prejuízo...Enfim, hoje eu creio que o Cavs não deve mais bancá-lo na primeira escolha; talvez Bucks e Sixers pensem dessa mesma forma.


Vitor - Eu particularmente tenho certeza que Embiid não sai mais no Top2. Sixers no #3 pode olhar para ele (já não tiveram problema em deixar Nerlens Noel um ano parado), bem como Orlando no #4, mas considerando o alto risco que vem junto com um jogador desses e o fato de que o seu agente vai querer direcioná-lo para um grande mercado se ele não for escolhido no Top3, acho que o destino mais provável é que ele saia para o Celtics no #6. Boston não tem tanto medo de apostar alto, e precisam urgente de uma estrela - e Embiid é bom demais para deixar passar dessa forma apesar de tudo.

O maior perdedor dessa lesão - tirando o Cavs, para quem Embiid era de longe a melhor escolha, e o próprio Embiid - provavelmente é o Sixers, que tem seus olhos desde o começo em Andrew Wiggins e que parecia confiante de que conseguiria o SF de Kansas no #3, com Cavs pegando Embiid e o Bucks, Jabari Parker. Agora, salvo uma troca pela #1 pick, o Sixers só consegue seu alvo caso o Bucks pegue Dante Exum na segunda rodada, o que me parece improvável. Então Philadelphia vai ter que ser criativo com essa escolha #3, de uma forma que não esperava uma semana atrás.


Zeca - Também existe a chance do Cavs pegar Exum na pick 1, especialmente sendo o Cavs...mas também não acho isso provável. O Sixers me parecia o mais confortável desse top 3, afinal só teria o trabalho de pegar o cara que sobrasse daquele top tier, mas agora se complica um pouco e dá um toque de imprevisibilidade no recrutamento.


Vitor - Ainda assim, tem um certo alívio cômico no Cavs querendo pegar Jabari Parker, um pontuador que joga com a bola nas mãos e não defende ninguém (assim como Irving e Waiters), ou mesmo um SF/PF acima do peso como Bennett. As piadas nunca vão parar, Cleveland.


Zeca - Vítor, eu sei que temos que finalizar esse post, mas antes eu queria deixar uma última pergunta pra você: se existisse um League Pass Draft, onde os times mais chatos de se assistir têm as primeiras escolhas e pegam os prospectos mais divertidos, independente das necessidades reais, qual seria seu top 5?


Vitor - Opa, gostei disso! Uma boa forma de adiar o final! Acho seguro dizer que os primeiros 5 times do seu Draft seriam Lakers, Sixers, Bucks, Jazz e Detroit em alguma ordem também.

Sobre as primeiras cinco escolhas, eu acho que Aaron Gordon seria a #1. Eu adoro a forma como ele consegue enterrar por cima de qualquer um, e ele definitivamente vai ganhar um vídeo no YouTube chamado “BLAKE GRIFFIN Aaron Gordon coloca as bolas na cara de Timofey Mozgov!” algum dia. O resto do Top5 teria Andrew Wiggins, o cara que consegue pular para fora do ginásio… Dante Exum, em parte pela aura de mistério e em outra parte porque ele me parece um armador tipo Derrick Rose (e todo mundo sabe que a gente precisa de um novo Derrick Rose)… Zach LaVine, por puro potencial e explosão… e Marcus Smart, simplesmente porque eu adoro o seu jogo extremamente completo e acho que ele vai ser um 15-7-7 ambulante no time certo (tipo MCW ano passado, só que bom). Dario Saric teria certamente entrado nesse Top5 no lugar de Exum ou Smart se não fosse ficar mais dois anos na Europa. Obrigado por acabar com a animação, Saric.

E você, pra finalizar: mudaria meu Top5?


Zeca - As equipes do top 5 eu não mudaria. Sixers e Lakers fizeram com que eu passasse a odiar o ritmo acelerado no basquete, e ainda bem que você alfinetou MCW por que senão seria eu.

 Já nos jogadores eu mudaria algumas coisas: provavelmente por não ter acompanhado ele, tiraria Dante Exum e colocaria Kyle Anderson. É incrível como o cara é mais lento que uma tartaruga correndo contra o vento e consegue ser efetivo. Eu ainda estou tentando decifrar isso...Também tiraria Marcus Smart pra colocar Noah Vonleh. Mas em uma coisa nós concordamos: Aaron Gordon seria a primeira escolha. Mal posso esperar pra falar YOU CAN’T LIVE IN THE GORDON DESERT novamente!


Vitor - Anderson foi meu último “corte” tirando Saric, colocaria ele no lugar do Exum. Mas o Exum me interessa muito justamente por não ter acompanhado ele, não sei o que esperar… e isso é ótimo! E eu iria até ai te dar um pescotapa se você não tivesse Aaron Gordon na sua posição #1 - um dos MUITOS motivos que me fazem estar animado com esse cara.

Zeca, eu adoraria explorar uns boatos de troca a mais - MCW pela #7? Rondo pela #8 + McLemore? - mas se continuarmos, só vamos parar depois do Draft. Então é melhor a gente encerrar por aqui, e guardar os comentários extras para uma futura coluna, entitulada “Por que o Cavs fez besteira com a #1 pick”. Alguma consideração final?


Zeca - Eu estava pronto pra vir aqui tirar uma onda com Cleveland, Vítor, porém eles mesmos conseguiram fazer isso:




Vitor - Justo. Eu aceito também a coluna “Porque o Boston Celtics foi o grande vencedor desse Draft” *cruzando os dedos*


Zeca - Mas vamos terminar por aqui pois o Marco Civil da Internet já entrou em vigor, e tenho medo que tirem esse post do ar alegando que agora é direito absoluto do usuário ler apenas textos com menos de cinco dígitos de caracteres. Enfim, deixo aqui um abraço pra você, boa sorte ao seu Boston Celtics no recrutamento e minhas condolências aos argentinos pela eliminação de sua seleção na Copa do Mundo (esse último foi só pra adiantar).

Até a próxima!


Vitor- Também me despeço aqui, foi um prazer retomar essa coluna com você, e espero que, na falta de um Mock Draft ou uma cobertura extensa sobre o Draft, isso ajude os leitores a entenderem melhor o que está acontecendo nesse momento tão importante do futuro da NBA.


Um abraço a todos, e até a próxima, Zeca!