Vamos brincar de "Descubra qual deles é um pivô"??
Se quer conhecer melhor os prospects desse Draft, suas forças e fraquezas, e minha opinião sobre eles, recomendo fortemente esse artigo que escrevi para o Bola Presa
Infelizmente, esse ano não foi possível fazer o tradicional Running Diary do Draft da NBA. Todo mundo que le o TMW com freqüência sabe o quanto eu amo Drafts em geral, especialmente da NFL e da NBA, então o Running Diary foi uma forma diferente que eu achei para analisar Drafts sem cair na mesmice de "dar uma nota para cada time" ou fazer a famosa coluna "vencedores ou perdedores do Draft". Eu sempre gostei de colunas que fogem do lugar-comum, e essa era uma forma divertida de fazer isso e ainda oferecer uma boa e divertida cobertura, com muitas das minhas reações instantâneas a cada acontecimento. Mas como esse ano não foi possível, por uma série de recursos, fazer a coluna tradicional, a coluna sobre o Draft da NBA vai ser um pouco diferente: um Mock Draft retroativo.
Eu gosto, em geral, de Mock Drafts - uma forma interessante e dinâmica de falar sobre os jogadores e sobre as necessidades de cada time, ao mesmo tempo, montando encaixes que fazem sentido (ou não) e são interessantes de se imaginar. O problema é que Mock Drafts não tem um padrão claro: o que você está tentando fazer com ele, prever o futuro, fazer os encaixes que você julga melhor, antecipar as tendências de algumas franquias, ou o que? Em geral, as pessoas usam esse formato de coluna para tentar "adivinhar" o que vai acontecer na noite do Draft e se gabar pelos acertos, mas isso para mim faz muito pouco sentido. Faz sentido quando olhamos para o MD de pessoas como Jonathan Givony (do ótimo Draft Express) ou Chad Ford, pessoas que estão por dentro dos procedimentos do Draft e incorporam nas suas projeções informações internas sobre as escolhas - seu objetivo é informar o que está acontecendo lá dentro. Mas 80% dos Mock Drafts não são assim, são pessoas externas que avaliam os jogadores do seu ponto de vista e tentam adivinhar onde cada jogador vai sair e o que cada time fará.
Não que tenha algo errado nisso, claro, mas não é o meu tipo favorito de Mock Draft. Eu gosto mais daqueles que não tentam adivinhar nada, e ao invés ignoram os acertos ou erros e focam em fazer uma análise sobre cada escolha, olhando para a conjuntura do time e do Draft, para os talentos disponíveis, e diz o que a pessoa acha que é a melhor coisa a se fazer com aquela escolha. É mais subjetivo e muito menos preciso, mas do ponto de vista analítico, eu acho muito mais profundo e preciso.
Então é isso que eu me proponho fazer hoje: um Mock Draft da NBA sob essa ótica. Com a diferença, é claro, que o Draft em si já aconteceu. A idéia é voltar em cada uma das 30 escolhas da primeira rodada, ver o que cada time fez, e o que cada time deveria ter feito no seu lugar. Não é para refazer o Draft inteiro, e sim refazer todas as escolhas individualmente considerando que tudo antes dela aconteceu exatamente igual. E claro, isso segue a minha opinião individual sobre o que cada time deveria ter feito, não necessariamente a verdade, mas é minha forma de analisar o que cada time fez ou deveria ter feito.
Antes de começarmos, três rápidos esclarecimentos...
1) No caso de trocas envolvendo escolhas de Draft, vou analisar a escolha sob a ótica do time que trocou POR aquela escolha, aproveitando a situação para falar um pouco sobre a troca em si, se necessário. Então se o Sixers tinha a escolha #10 e trocou com o Magic pela #12, no lugar da #10 eu vou olhar a partir do ponto de vista de Orlando, e na #12 do 76ers.
2) Para cada escolha, eu vou colocar qual foi a escolha real, e qual a escolha que cada time "deveria" ter feito - lembrando que esse "deveria" é subjetivo e reflete apenas o meu ponto de vista. Caso as duas sejam iguais, vou explicar porque foi a escolha certa, e caso contrário, vou explicar porque eu acho que o time deveria ter feito outra coisa.
3) Só porque eu coloquei que um time deveria ter feito uma escolha diferente da que ele fez não significa que a escolha real tenha sido ruim, só quer dizer que é diferente do que a que eu teria feito ou a que eu via como a melhor opção naquele momento. Eu vou esclarecer nos comentários de cada escolha, dizendo o que achei da escolha em si e porque eu preferiria outro jogador, mas é bom deixar isso claro para o pessoal que só vai olhar a parte em negrito e ignorar o resto.
Tudo claro? Não? Bom, vocês pegam o jeito conforme formos avançando. Eu espero.
Lembrando que se vocês quiserem ler mais sobre esse Draft, eu e o Zeca escrevemos uma coluna com nossos emails tratando sobre o tema, e que se vocês querem conhecer melhor os jogadores dessa primeira rodada e o que eles tem a oferecer, vocês DEVEM ler a coluna que eu escrevi para o Bola Presa sobre o assunto.
Mock Draft Retroativo NBA 2014
Escolha #1 - Cleveland Cavaliers
Quem escolheu: Andrew Wiggins
Quem deveria ter escolhido: Andrew Wiggins
Desde a lesão de Joel Embiid, a discussão era se o Cavs pegaria Andrew Wiggins ou Jabari Parker na primeira escolha (supondo que mantivessem a escolha). Supostamente, Dan Gilbert (dono do time) queria Wiggins e o resto da diretoria queria Parker. O time mandou 5000 sinais de fumaça e aparentemente entrou em muitas discussões de troca com a #1, selecionando enfim Andrew Wiggins.
Por incrível que pareça, essa foi a decisão correta. Jabari Parker é um jogador mais pronto, mas ele era um encaixe horrível em Cleveland, mais um pontuador que gosta de jogar com a bola nas mãos e não defende e que iria bater cabeça com metade do time do Cavs. Por outro lado, Wiggins logo cobre a área mais carente da equipe (o perímetro), é um excelente defensor capaz de defender quatro posições (algo que o Cavs precisa urgente) e um atleta excepcional para jogar em contra ataques. Ele é exatamente o que Cleveland precisa: alguém para dar flexibilidade a equipe, fazer o trabalho sujo na defesa, e não precisar da bola nas mãos para produzir no ataque. Ele é perfeito para o time. Junte a isso o fato de Wiggins tem um dos maiores potenciais desse draft, e não sei como alguém teve alguma dúvida sobre essa escolha.
O maior perdedor dessa escolha provavelmente é Wiggins, que vai para um time péssimo desenvolvendo jogadores onde ele vai ter que entrar e contribuir de cara em um time disfuncional, sem ter tempo e espaço para desenvolver seu enorme potencial. Mas eu confio no talento do garoto - acho que Cleveland acertou em cheio aqui.
Escolha #2 - Milwaukee Bucks
Quem escolheu: Jabari Parker
Quem deveria ter escolhido: Jabari Parker
Milwaukee teria escolhido Jabari Parker mesmo se tivesse a primeira escolha, então ótimo para eles que tenham conseguido pegar o jogador que queriam no #2. Eu poderia falar sobre porque essa escolha é boa em termos de basquete - Jabari oferece um pontuador que o time precisa urgente, alguém que pode jogar na 3 e na 4 e combina muito bem com Giannis Antetokounmpo - mas tem um motivo mais importante em jogo: Jabari QUERIA jogar pelo Bucks. Esse é um dos problemas eternos da franquia: quem diabos quer jogar em Milwaukee? Mas quando você tem um jogador como Parker que quer jogar lá - ele mesmo disse, ele supostamente foi mal nos treinos em Cleveland para cair até a #2, e Milwaukee é perto de Chicago, onde ele cresceu - é uma coisa excelente. É um bom exemplo para os jogadores, e você fica mais tranquilo que ele não vai forçar uma troca. Muito bom para eles ter um jogador assim.
E claro, isso é ótimo para Parker. Além de jogar pelo time que ele queria desde o começo, ele vai ser o centro do time, jogar com a bola nas mãos e ter liberdade para jogar como quer. Ao invés de ter que se adaptar a uma posição (SF ou PF) para encaixar na equipe, o time vai se encaixar em torno dele. Excelente para ambos.
Escolha #3 - Philadelphia 76ers
Quem escolheu: Joel Embiid
Quem deveria ter escolhido: Joel Embiid
O Sixers poderia ter ido em diversas direções aqui e não sei se alguma delas estaria errada. Joel Embiid era claramente o melhor jogador disponível na escolha (e no Draft), mas vinha com riscos por causa das lesões nas costas e no pé, e provavelmente não poderá jogar em 2015. Então não da para dizer se Embiid valia essa escolha ou não sem saber mais sobre seu estado de saúde - algo sobre o qual sabemos muito pouco - fazendo dele o prospecto mais difícil de compreender desse draft.
Mas para o Sixers, a escolha faz sentido. A proposta atual do time da Philadelphia é a de adquirir os melhores ativos possíveis, sem se preocupar com vitórias ou produção imediata. Então a escolha de Embiid faz sentido: eles adquirem o melhor valor do Draft, e podem continuar sendo ruins em 2015 rumo a mais uma escolha Top5. É um risco, mas um risco que eles estão dispostos a assumir por um talento como Joel Embiid. Se saudável, ele vai ser o melhor pivô da NBA em poucos anos, e é nisso que o Sixers está apostando.
Escolha #4 - Orlando Magic
Quem escolheu: Aaron Gordon
Quem deveria ter escolhido: Dante Exum
Eu sou um dos maiores fãs de Aaron Gordon que eu conheço, e tinha ele como o quinto melhor jogador desse Draft antes de começar... mas mesmo assim, eu não gostei dessa escolha. Gordon é um excelente SF/PF, mas um SF/PF híbrido que não arremessa de fora não é exatamente o que o time já tem em Tobias Harris e Moe Harkless? Porque pegar um jogador semelhante aos que você já tem se tem um prospecto mais bem cotado disponível, e pior, que é exatamente da posição que você urgentemente precisa?!
Isso depois de ter trocado Aaron Afflalo - um dos melhores SGs da NBA - antes do Draft por Evan Fournier e uma escolha futura de segunda rodada. E essa não foi nem a pior coisa que Orlando fez no Draft!! Esperem a escolha #10 para os detalhes macabros...
Escolha #5 - Utah Jazz
Quem escolheu: Dante Exum
Quem deveria ter escolhido: Dante Exum
O Jazz que aproveitou a burrice de Orlando e ficou com Dante Exum. Eles já pegaram Trey Burke, mas Burke é um PG baixo que não necessariamente é a solução a longo prazo na posição. Então tiveram a chance de pegar Exum, um jogador muito interessante e promissor que é o PG alto que estavam procurando desde o começo. Ele pode jogar de SG ao lado de Burke ou assumir o ataque quando necessário, formando uma boa dupla com a ex-estrela de Michigan, Exum atacando o aro e Burke jogando de fora. Sem falar que pegaram o melhor jogador disponível, e um dos jogadores que tem potencial para ser uma grande estrela algum dia. Tiveram a chance com Exum caindo no seu colo, e aproveitaram. Excelente escolha de Utah.
Escolha #6 - Boston Celtics
Quem escolheu: Marcus Smart
Quem deveria ter escolhido: Marcus Smart
A esperança de Boston era de que Embiid caisse até aqui, e provavelmente teria caído se Philly tivesse passado na #3. Mas sem um dos jogadores do Top4 caindo, e sem Aaron Gordon, Marcus Smart era o melhor encaixe mesmo, um jogador físico e muito inteligente capaz de jogar de SG junto de Rajon Rondo - uma versatilidade que encaixa muito bem no esquema tático de Brad Stevens. Um excelente encaixe e o tipo de valor que o Celtics gosta.
Além disso, Smart oferece proteção para o Celtics no médio prazo: Rondo está envolvido em muitos boatos de troca, e parece ser uma questão de tempo para que o PG seja trocado para continuar o processo de reconstrução de Boston, especialmente porque ele vira free agent ao final do ano. Assim Smart é uma opção de segurança que pode assumir a armação da equipe se isso acontecer. Eu adoro Smart e adorei essa escolha, era a melhor opção disponível.
Escolha #7 - Los Angeles Lakers
Quem escolheu: Julius Randle
Quem deveria ter escolhido: Julius Randle
Eu confesso que Randle era o prospecto que eu menos gostava do suposto Top8, mas fazia sentido para o Lakers aqui. Eles querem e precisam de jogadores capazes de contribuir imediatamente junto de Kobe (até porque não tem ninguém para jogar em 2015, ao ponto que Mike D'Anthony pode ter que ser o armador), e Randle era o mais "pronto" que tinha sobrado disponível. Além disso, Randle é um nome muito maior e mais famoso, e isso faz diferença para um time de Los Angeles que perdeu seu "status" nos últimos anos e ainda busca um grande free agent para os próximos anos. E dentro de campo, o Lakers precisa de todo tipo de ajuda que puder sendo que nem tem um time para 2014, então só de ser alguém capaz de jogar, pegar rebotes e fazer cestas, Randle já é um bom encaixe!
Escolha #8 - Sacramento Kings
Quem escolheu: Nik Stauskas
Quem deveria ter escolhido: Noah Vonleh
Eu sou presidente do fã clube do Nik Stauskas, um excelente arremessador com um jogo ofensivo muito variado, e alguém que ainda tem espaço para evoluir tanto física como tecnicamente. Mas nem eu consigo entender essa escolha. Sacramento já tem Ben McLemore, escolha #7 do ano passado jogando de SG, e um SF de 20M de salário como titular. A última coisa que Sacramento precisava era um SG, por mais que precise de arremessos de três. É possível também que Ben McLemore esteja saindo em uma troca, o que faria dessa escolha mais sentido.
Ainda assim, o Kings tinha uma necessidade muito maior, que era a de um PF. Idealmente um PF mais atlético, capaz de proteger o aro e espaçar a quadra no ataque ao lado de DeMarcus Cousins... e era exatamente um jogador assim que ainda estava disponível em Noah Vonleh, e ainda pior, Vonleh era um valor muito melhor na #8 que Stauskas, um jogador que muitos viam saindo no #4 para Orlando. Ainda que trocassem McLemore, porque não ir no melhor jogador disponível e que, por acaso, é exatamente o jogador que vocês mais precisam? Eu adoro Stauskas, mas me parece o jogador errado indo para o time errado. Uma pena.
Escolha #9 - Charlotte Hornets
Quem escolheu: Noah Vonleh
Quem deveria ter escolhido: Noah Vonleh
E o Hornets foi o grande vencedor desse topo de Draft, o time que parecia a uma escolha de entrar em um claro topo de oito jogadores... e que não só viu um deles caindo no seu colo, como era ainda o mais perfeito para eles: o PF capaz de jogar ao lado de Al Jefferson, espaçar a quadra ofensivamente (eles foram letais em 2013 com Josh McRoberts espaçando ao lado de Big Al), defender e proteger o aro (o que Al não consegue) e ainda pegar uns rebotes. Vonleh era de longe o jogador que mais fazia sentido nesse time, e cair até aqui deve ter feito alguém na mesa do Hornets desmaiar. Ele não é um jogador tão pronto, cru e ainda precisa se desenvolver, mas é um excelente valor no #9 e feito sob medida para um time que tem Al Jefferson.
Escolha #10 - Orlando Magic (Via Philadelphia 76ers)
Quem escolheu: Elfrid Payton
Quem deveria ter escolhido: James Young, Zach LaVine
E aqui está o grande problema do Orlando Magic em um dia cheio deles. Eles perderam a chance de pegar Dante Exum na #4 para trocar com o Sixers pela escolha #10 e pegar Elfrid Payton. O preço? A #12, uma escolha de segunda rodada, e uma escolha futura de primeira rodada (!!!). Em outras palavras, eles pagaram muito mais para subir DUAS posições no Draft do que receberam por trocar Aaron Afflalo, um dos melhores SGs da NBA. Tudo isso porque o time estava desesperado por um PG. Hmm... Porque não pegar Dante freaking Exum na escolha #4 então?! Você já garantia seu PG, que por sinal é um jogador melhor e com mais potencial do que Payton, e estava livre para usar a #12 da melhor forma possível, talvez no próprio Dario Saric ou em um arremessador com potencial como James Young ou Zach LaVine.
Mas fica pior. Deixando de lado o valor enorme que tiveram que pagar por essa escolha, eis o núcleo que o Orlando Magic montou ao escolher Gordon e Payton: Payton, Oladipo, Gordon, Tobias Harris, Moe Harkless, Nik Vucevic, Andrew Harrison. Isso da exatamente ZERO jogadores capazes de arremessar uma bola. Marcar o Orlando é a coisa mais fácil do mundo, é só todo o time dar as mãos ao redor do garrafão e brincar de roda, enquanto Payton e Harris amassam o aro com 20-footers. Payton e Gordon seguem a lógica do Magic de pegar jogadores físicos e atléticos com mentalidade defensiva, é verdade, mas desde quando isso é mais importante do que montar um time de basquete de verdade? Porque não pegar Exum (um jogador que tem potencial de superestrela, algo que nenhum no time atual tem) de cara para ser PG e investir em um jogador que fosse um melhor encaixe na equipe, um jogador atlético capaz de arremessar de fora como LaVine ou Young? Boa pergunta. Mas entre a péssima troca de Afflalo, a péssima troca pela #10 pick e duas escolhas questionáveis, uma noite para esquecer em Orlando, talvez o grande perdedor do dia.
Escolha #11 - Chicago Bulls (Via Denver Nuggets)
Quem escolheu: Doug McDermott
Quem deveria ter escolhido: Gary Harris
Chicago trocou suas duas escolhas (#16 e #19) pela #11 do Nuggets, Doug McDermott. Muita gente achava que era uma troca para economizar dinheiro pela diferença no salário garantido entre duas escolhas para uma, mas como eles recearem também o contrato de Anthony Randolph, essa diferença não existe mais e portanto a troca passa a ser vista como ela de fato foi: uma tentativa do Bulls de garantir um jogador que achava que não iria conseguir na sua escolha #16 e que via como sendo crucial, e esse jogador era Doug McDermott (mais sobre a troca daqui a pouco).
McDermott no Bulls faz algum sentido: ele é um bom pontuador e excelente arremessador de três, alguém capaz de esticar defesas e abrir espaço no garrafão - algo que Chicago não tem e procura desesperadamente já faz algum tempo. Ele é um mau defensor, mas o Bulls tem condições de esconder sua defesa com um ótimo esquema tático e um pivô DPOY. Então McDermott é o arremessador (e McBuckets é o segundo melhor nisso do Draft) que eles querem para chutar de fora, aproveitar dos espaços que Rose e - quem sabe? - Melo criam na defesa, e espaçar a quadra. Eles não tem esse jogador, e viram em McDermott um jogador capaz de fazer isso em alto nível, trocando altos valores para adquirí-lo.
Meu único problema: porque pegar McDermott e não Gary Harris? Verdade, McDermott é um arremessador automático e melhor nisso que Harris, mas é um defensor muito pior e joga entre a posição de SF (onde eles querem Melo) e PF (onde já tem Taj Gibson e Nikola Mirotic vindo da Europa). Enquanto isso, Harris é um bom arremessador que é capaz de criar seu arremesso e jogar com a bola nas mãos quando necessário (uma habilidade que Chicago sente muita falta), ocupa uma posição de necessidade (SG) e é capaz de jogar de PG se necessário. Eu entendo a opção de Chicago pelo melhor arremessador e não acho que McDermott foi uma escolha ruim de forma alguma, mas eu acho que Harris teria mais a oferecer para Chicago e que teria sido a escolha certa nesse lugar. Hold that thought.
Escolha #12 - Philadelphia 76ers (Via Orlando Magic)
Quem escolheu: Dario Saric
Quem deveria ter escolhido: Dario Saric
A escolha era de Orlando e foi para Philadelphia naquela troca por Elfrid Payton citada anteriormente. E foi, repito, um assalto para Philadelphia, que conseguiu uma escolha de primeira rodada e ainda pegou o jogador que queria o tempo todo em Dario Saric. Como já disse, o Philadelphia quer saber de acumular ativos e os melhores talentos possíveis, sem se preocupar com a ajuda imediata que eles podem oferecer. Sendo assim, Saric faz mais sentido para Philly do que qualquer outro: ele é um talento especial muito interessante que deve ter feito Sam Hinkie salivar, e ao mesmo tempo o Sixers não liga se ele só vier para a NBA daqui a dois anos. Seguiu o padrão recente da franquia e saiu com um ótimo jogador.
Tangente rápida: o quão engraçado é ver o Sixers tankando de forma descarada? Depois de doar o time inteiro em 2014 e montar uma máquina das desgraças que perdeu 30 jogos seguidos, o Sixers conseguiu seu objetivo de ter uma escolha alta no Draft, com uma extra do Pelicans ainda por cima. Agora que tinham a chance de melhorar a equipe, eles usam essas escolhas em um pivô vindo de lesão que não deve jogar em 2015, e um ala croata que não vem para a NBA antes de 2016 - nenhuma ajuda para 2015. Eu não estou condenando o Sixers por isso, eles estão apenas usando as regras da NBA em seu favor, ainda que desgraçando a liga e o esporte no processo e ofendendo seus fãs e season-ticket holders. Mas para a NBA, é um problema que precisa ser adereçado, e logo.
Escolha #13 - Minnesota Timberwolves
Quem escolheu: Zach LaVine
Quem deveria ter escolhido: Gary Harris, James Young, Adreian Payne
Essa foi uma escolha estranha. É difícil saber exatamente o que esperar do Wolves por causa de Kevin Love, então o objetivo final dessa escolha ainda é incerta. Mas considerando que Love ainda não foi trocado, a idéia do Timberwolves deveria ser de usar essa escolha para melhorar o time para agora da melhor forma possível, de forma a ter um bom 2014 e convencer Kevin Love a renovar (ou pelo menos ficar no time até o final de seu contrato). LaVine, apesar de excelente atleta, não serve a esse propósito - ele é um dos jogadores mais crus desse Draft, alguém cujo valor vem do seu enorme potencial mas que dificilmente vá fazer muita diferença no curto prazo. Essa é uma escolha que faria sentido se o Wolves tivesse aceitado uma oferta como a do Celtics e fosse reconstruir com jogadores jovens, mas atualmente não parecem estar seguindo por esse caminho.
Se o objetivo era conseguir ajuda imediata, Gary Harris ou Adreian Payne (jogadores muito mais prontos para a NBA) fariam muito mais sentido aqui. Se o objetivo do Wolves quando trocarem Love for continuar se mantendo competitivos - como tudo que vem de lá parece indicar - esses dois jogadores também fariam mais sentido a esse plano, ou mesmo James Young, um jogador que também tem ótimo potencial mas é uma realidade muito maior que LaVine no curto prazo. Uma escolha curiosa que vai fazer mais ou menos sentido dependendo do caminho que a franquia for seguir de agora em diante.
Escolha #14 - Phoenix Suns
Quem escolheu: TJ Warren
Quem deveria ter escolhido: James Young
O maior perdedor dessa escolha provavelmente é Wiggins, que vai para um time péssimo desenvolvendo jogadores onde ele vai ter que entrar e contribuir de cara em um time disfuncional, sem ter tempo e espaço para desenvolver seu enorme potencial. Mas eu confio no talento do garoto - acho que Cleveland acertou em cheio aqui.
Escolha #2 - Milwaukee Bucks
Quem escolheu: Jabari Parker
Quem deveria ter escolhido: Jabari Parker
Milwaukee teria escolhido Jabari Parker mesmo se tivesse a primeira escolha, então ótimo para eles que tenham conseguido pegar o jogador que queriam no #2. Eu poderia falar sobre porque essa escolha é boa em termos de basquete - Jabari oferece um pontuador que o time precisa urgente, alguém que pode jogar na 3 e na 4 e combina muito bem com Giannis Antetokounmpo - mas tem um motivo mais importante em jogo: Jabari QUERIA jogar pelo Bucks. Esse é um dos problemas eternos da franquia: quem diabos quer jogar em Milwaukee? Mas quando você tem um jogador como Parker que quer jogar lá - ele mesmo disse, ele supostamente foi mal nos treinos em Cleveland para cair até a #2, e Milwaukee é perto de Chicago, onde ele cresceu - é uma coisa excelente. É um bom exemplo para os jogadores, e você fica mais tranquilo que ele não vai forçar uma troca. Muito bom para eles ter um jogador assim.
E claro, isso é ótimo para Parker. Além de jogar pelo time que ele queria desde o começo, ele vai ser o centro do time, jogar com a bola nas mãos e ter liberdade para jogar como quer. Ao invés de ter que se adaptar a uma posição (SF ou PF) para encaixar na equipe, o time vai se encaixar em torno dele. Excelente para ambos.
Escolha #3 - Philadelphia 76ers
Quem escolheu: Joel Embiid
Quem deveria ter escolhido: Joel Embiid
O Sixers poderia ter ido em diversas direções aqui e não sei se alguma delas estaria errada. Joel Embiid era claramente o melhor jogador disponível na escolha (e no Draft), mas vinha com riscos por causa das lesões nas costas e no pé, e provavelmente não poderá jogar em 2015. Então não da para dizer se Embiid valia essa escolha ou não sem saber mais sobre seu estado de saúde - algo sobre o qual sabemos muito pouco - fazendo dele o prospecto mais difícil de compreender desse draft.
Mas para o Sixers, a escolha faz sentido. A proposta atual do time da Philadelphia é a de adquirir os melhores ativos possíveis, sem se preocupar com vitórias ou produção imediata. Então a escolha de Embiid faz sentido: eles adquirem o melhor valor do Draft, e podem continuar sendo ruins em 2015 rumo a mais uma escolha Top5. É um risco, mas um risco que eles estão dispostos a assumir por um talento como Joel Embiid. Se saudável, ele vai ser o melhor pivô da NBA em poucos anos, e é nisso que o Sixers está apostando.
Escolha #4 - Orlando Magic
Quem escolheu: Aaron Gordon
Quem deveria ter escolhido: Dante Exum
Eu sou um dos maiores fãs de Aaron Gordon que eu conheço, e tinha ele como o quinto melhor jogador desse Draft antes de começar... mas mesmo assim, eu não gostei dessa escolha. Gordon é um excelente SF/PF, mas um SF/PF híbrido que não arremessa de fora não é exatamente o que o time já tem em Tobias Harris e Moe Harkless? Porque pegar um jogador semelhante aos que você já tem se tem um prospecto mais bem cotado disponível, e pior, que é exatamente da posição que você urgentemente precisa?!
Isso depois de ter trocado Aaron Afflalo - um dos melhores SGs da NBA - antes do Draft por Evan Fournier e uma escolha futura de segunda rodada. E essa não foi nem a pior coisa que Orlando fez no Draft!! Esperem a escolha #10 para os detalhes macabros...
Escolha #5 - Utah Jazz
Quem escolheu: Dante Exum
Quem deveria ter escolhido: Dante Exum
O Jazz que aproveitou a burrice de Orlando e ficou com Dante Exum. Eles já pegaram Trey Burke, mas Burke é um PG baixo que não necessariamente é a solução a longo prazo na posição. Então tiveram a chance de pegar Exum, um jogador muito interessante e promissor que é o PG alto que estavam procurando desde o começo. Ele pode jogar de SG ao lado de Burke ou assumir o ataque quando necessário, formando uma boa dupla com a ex-estrela de Michigan, Exum atacando o aro e Burke jogando de fora. Sem falar que pegaram o melhor jogador disponível, e um dos jogadores que tem potencial para ser uma grande estrela algum dia. Tiveram a chance com Exum caindo no seu colo, e aproveitaram. Excelente escolha de Utah.
Escolha #6 - Boston Celtics
Quem escolheu: Marcus Smart
Quem deveria ter escolhido: Marcus Smart
A esperança de Boston era de que Embiid caisse até aqui, e provavelmente teria caído se Philly tivesse passado na #3. Mas sem um dos jogadores do Top4 caindo, e sem Aaron Gordon, Marcus Smart era o melhor encaixe mesmo, um jogador físico e muito inteligente capaz de jogar de SG junto de Rajon Rondo - uma versatilidade que encaixa muito bem no esquema tático de Brad Stevens. Um excelente encaixe e o tipo de valor que o Celtics gosta.
Além disso, Smart oferece proteção para o Celtics no médio prazo: Rondo está envolvido em muitos boatos de troca, e parece ser uma questão de tempo para que o PG seja trocado para continuar o processo de reconstrução de Boston, especialmente porque ele vira free agent ao final do ano. Assim Smart é uma opção de segurança que pode assumir a armação da equipe se isso acontecer. Eu adoro Smart e adorei essa escolha, era a melhor opção disponível.
Escolha #7 - Los Angeles Lakers
Quem escolheu: Julius Randle
Quem deveria ter escolhido: Julius Randle
Eu confesso que Randle era o prospecto que eu menos gostava do suposto Top8, mas fazia sentido para o Lakers aqui. Eles querem e precisam de jogadores capazes de contribuir imediatamente junto de Kobe (até porque não tem ninguém para jogar em 2015, ao ponto que Mike D'Anthony pode ter que ser o armador), e Randle era o mais "pronto" que tinha sobrado disponível. Além disso, Randle é um nome muito maior e mais famoso, e isso faz diferença para um time de Los Angeles que perdeu seu "status" nos últimos anos e ainda busca um grande free agent para os próximos anos. E dentro de campo, o Lakers precisa de todo tipo de ajuda que puder sendo que nem tem um time para 2014, então só de ser alguém capaz de jogar, pegar rebotes e fazer cestas, Randle já é um bom encaixe!
Escolha #8 - Sacramento Kings
Quem escolheu: Nik Stauskas
Quem deveria ter escolhido: Noah Vonleh
Eu sou presidente do fã clube do Nik Stauskas, um excelente arremessador com um jogo ofensivo muito variado, e alguém que ainda tem espaço para evoluir tanto física como tecnicamente. Mas nem eu consigo entender essa escolha. Sacramento já tem Ben McLemore, escolha #7 do ano passado jogando de SG, e um SF de 20M de salário como titular. A última coisa que Sacramento precisava era um SG, por mais que precise de arremessos de três. É possível também que Ben McLemore esteja saindo em uma troca, o que faria dessa escolha mais sentido.
Ainda assim, o Kings tinha uma necessidade muito maior, que era a de um PF. Idealmente um PF mais atlético, capaz de proteger o aro e espaçar a quadra no ataque ao lado de DeMarcus Cousins... e era exatamente um jogador assim que ainda estava disponível em Noah Vonleh, e ainda pior, Vonleh era um valor muito melhor na #8 que Stauskas, um jogador que muitos viam saindo no #4 para Orlando. Ainda que trocassem McLemore, porque não ir no melhor jogador disponível e que, por acaso, é exatamente o jogador que vocês mais precisam? Eu adoro Stauskas, mas me parece o jogador errado indo para o time errado. Uma pena.
Escolha #9 - Charlotte Hornets
Quem escolheu: Noah Vonleh
Quem deveria ter escolhido: Noah Vonleh
E o Hornets foi o grande vencedor desse topo de Draft, o time que parecia a uma escolha de entrar em um claro topo de oito jogadores... e que não só viu um deles caindo no seu colo, como era ainda o mais perfeito para eles: o PF capaz de jogar ao lado de Al Jefferson, espaçar a quadra ofensivamente (eles foram letais em 2013 com Josh McRoberts espaçando ao lado de Big Al), defender e proteger o aro (o que Al não consegue) e ainda pegar uns rebotes. Vonleh era de longe o jogador que mais fazia sentido nesse time, e cair até aqui deve ter feito alguém na mesa do Hornets desmaiar. Ele não é um jogador tão pronto, cru e ainda precisa se desenvolver, mas é um excelente valor no #9 e feito sob medida para um time que tem Al Jefferson.
Escolha #10 - Orlando Magic (Via Philadelphia 76ers)
Quem escolheu: Elfrid Payton
Quem deveria ter escolhido: James Young, Zach LaVine
E aqui está o grande problema do Orlando Magic em um dia cheio deles. Eles perderam a chance de pegar Dante Exum na #4 para trocar com o Sixers pela escolha #10 e pegar Elfrid Payton. O preço? A #12, uma escolha de segunda rodada, e uma escolha futura de primeira rodada (!!!). Em outras palavras, eles pagaram muito mais para subir DUAS posições no Draft do que receberam por trocar Aaron Afflalo, um dos melhores SGs da NBA. Tudo isso porque o time estava desesperado por um PG. Hmm... Porque não pegar Dante freaking Exum na escolha #4 então?! Você já garantia seu PG, que por sinal é um jogador melhor e com mais potencial do que Payton, e estava livre para usar a #12 da melhor forma possível, talvez no próprio Dario Saric ou em um arremessador com potencial como James Young ou Zach LaVine.
Mas fica pior. Deixando de lado o valor enorme que tiveram que pagar por essa escolha, eis o núcleo que o Orlando Magic montou ao escolher Gordon e Payton: Payton, Oladipo, Gordon, Tobias Harris, Moe Harkless, Nik Vucevic, Andrew Harrison. Isso da exatamente ZERO jogadores capazes de arremessar uma bola. Marcar o Orlando é a coisa mais fácil do mundo, é só todo o time dar as mãos ao redor do garrafão e brincar de roda, enquanto Payton e Harris amassam o aro com 20-footers. Payton e Gordon seguem a lógica do Magic de pegar jogadores físicos e atléticos com mentalidade defensiva, é verdade, mas desde quando isso é mais importante do que montar um time de basquete de verdade? Porque não pegar Exum (um jogador que tem potencial de superestrela, algo que nenhum no time atual tem) de cara para ser PG e investir em um jogador que fosse um melhor encaixe na equipe, um jogador atlético capaz de arremessar de fora como LaVine ou Young? Boa pergunta. Mas entre a péssima troca de Afflalo, a péssima troca pela #10 pick e duas escolhas questionáveis, uma noite para esquecer em Orlando, talvez o grande perdedor do dia.
Escolha #11 - Chicago Bulls (Via Denver Nuggets)
Quem escolheu: Doug McDermott
Quem deveria ter escolhido: Gary Harris
Chicago trocou suas duas escolhas (#16 e #19) pela #11 do Nuggets, Doug McDermott. Muita gente achava que era uma troca para economizar dinheiro pela diferença no salário garantido entre duas escolhas para uma, mas como eles recearem também o contrato de Anthony Randolph, essa diferença não existe mais e portanto a troca passa a ser vista como ela de fato foi: uma tentativa do Bulls de garantir um jogador que achava que não iria conseguir na sua escolha #16 e que via como sendo crucial, e esse jogador era Doug McDermott (mais sobre a troca daqui a pouco).
McDermott no Bulls faz algum sentido: ele é um bom pontuador e excelente arremessador de três, alguém capaz de esticar defesas e abrir espaço no garrafão - algo que Chicago não tem e procura desesperadamente já faz algum tempo. Ele é um mau defensor, mas o Bulls tem condições de esconder sua defesa com um ótimo esquema tático e um pivô DPOY. Então McDermott é o arremessador (e McBuckets é o segundo melhor nisso do Draft) que eles querem para chutar de fora, aproveitar dos espaços que Rose e - quem sabe? - Melo criam na defesa, e espaçar a quadra. Eles não tem esse jogador, e viram em McDermott um jogador capaz de fazer isso em alto nível, trocando altos valores para adquirí-lo.
Meu único problema: porque pegar McDermott e não Gary Harris? Verdade, McDermott é um arremessador automático e melhor nisso que Harris, mas é um defensor muito pior e joga entre a posição de SF (onde eles querem Melo) e PF (onde já tem Taj Gibson e Nikola Mirotic vindo da Europa). Enquanto isso, Harris é um bom arremessador que é capaz de criar seu arremesso e jogar com a bola nas mãos quando necessário (uma habilidade que Chicago sente muita falta), ocupa uma posição de necessidade (SG) e é capaz de jogar de PG se necessário. Eu entendo a opção de Chicago pelo melhor arremessador e não acho que McDermott foi uma escolha ruim de forma alguma, mas eu acho que Harris teria mais a oferecer para Chicago e que teria sido a escolha certa nesse lugar. Hold that thought.
Escolha #12 - Philadelphia 76ers (Via Orlando Magic)
Quem escolheu: Dario Saric
Quem deveria ter escolhido: Dario Saric
A escolha era de Orlando e foi para Philadelphia naquela troca por Elfrid Payton citada anteriormente. E foi, repito, um assalto para Philadelphia, que conseguiu uma escolha de primeira rodada e ainda pegou o jogador que queria o tempo todo em Dario Saric. Como já disse, o Philadelphia quer saber de acumular ativos e os melhores talentos possíveis, sem se preocupar com a ajuda imediata que eles podem oferecer. Sendo assim, Saric faz mais sentido para Philly do que qualquer outro: ele é um talento especial muito interessante que deve ter feito Sam Hinkie salivar, e ao mesmo tempo o Sixers não liga se ele só vier para a NBA daqui a dois anos. Seguiu o padrão recente da franquia e saiu com um ótimo jogador.
Tangente rápida: o quão engraçado é ver o Sixers tankando de forma descarada? Depois de doar o time inteiro em 2014 e montar uma máquina das desgraças que perdeu 30 jogos seguidos, o Sixers conseguiu seu objetivo de ter uma escolha alta no Draft, com uma extra do Pelicans ainda por cima. Agora que tinham a chance de melhorar a equipe, eles usam essas escolhas em um pivô vindo de lesão que não deve jogar em 2015, e um ala croata que não vem para a NBA antes de 2016 - nenhuma ajuda para 2015. Eu não estou condenando o Sixers por isso, eles estão apenas usando as regras da NBA em seu favor, ainda que desgraçando a liga e o esporte no processo e ofendendo seus fãs e season-ticket holders. Mas para a NBA, é um problema que precisa ser adereçado, e logo.
Escolha #13 - Minnesota Timberwolves
Quem escolheu: Zach LaVine
Quem deveria ter escolhido: Gary Harris, James Young, Adreian Payne
Essa foi uma escolha estranha. É difícil saber exatamente o que esperar do Wolves por causa de Kevin Love, então o objetivo final dessa escolha ainda é incerta. Mas considerando que Love ainda não foi trocado, a idéia do Timberwolves deveria ser de usar essa escolha para melhorar o time para agora da melhor forma possível, de forma a ter um bom 2014 e convencer Kevin Love a renovar (ou pelo menos ficar no time até o final de seu contrato). LaVine, apesar de excelente atleta, não serve a esse propósito - ele é um dos jogadores mais crus desse Draft, alguém cujo valor vem do seu enorme potencial mas que dificilmente vá fazer muita diferença no curto prazo. Essa é uma escolha que faria sentido se o Wolves tivesse aceitado uma oferta como a do Celtics e fosse reconstruir com jogadores jovens, mas atualmente não parecem estar seguindo por esse caminho.
Se o objetivo era conseguir ajuda imediata, Gary Harris ou Adreian Payne (jogadores muito mais prontos para a NBA) fariam muito mais sentido aqui. Se o objetivo do Wolves quando trocarem Love for continuar se mantendo competitivos - como tudo que vem de lá parece indicar - esses dois jogadores também fariam mais sentido a esse plano, ou mesmo James Young, um jogador que também tem ótimo potencial mas é uma realidade muito maior que LaVine no curto prazo. Uma escolha curiosa que vai fazer mais ou menos sentido dependendo do caminho que a franquia for seguir de agora em diante.
Escolha #14 - Phoenix Suns
Quem escolheu: TJ Warren
Quem deveria ter escolhido: James Young
Eu discordo da escolha de Warren por um simples motivo: eu não acho que ele seja um prospecto tão bom para justificar essa escolha no #14 e na frente de outros prospectos que eu achava melhores. Eu acho que o jogo dele, pouco atlético, que não se estende até a linha dos três pontos e que se baseia principalmente de floaters, ganchos e jogadas de meia e curta distância, não se traduziria bem para a NBA. Para mim faria muito mais sentido ir atrás de James Young, um ótimo encaixe para Phoenix, atlético para acompanhar a correria do time, com arremesso promissor para continuar espaçando a quadra como o Suns gosta, e ainda um jogador com potencial altíssimo para desenvolver para o futuro.
Mas em termos de basquete apenas, Warren para o Suns é um encaixe muito bom. Warren é um pontuador de alto volume que é letal quando tem espaço, e isso ele vai ter muito no esquema de Phoenix que adora espaçar a quadra com um stretch-4. Ele também é um jogador mortal em transição, e portanto encaixa perfeitamente no esquema de alta velocidade da equipe. É um encaixe ótimo em termos de basquete, para o Suns e para TJ. Eu só acho que ele não valia a escolha #14 e que James Young deveria ter sido a escolha, mas isso não faz dela uma escolha ruim.
Escolha #15 - Atlanta Hawks
Quem escolheu: Adreian Payne
Quem deveria ter escolhido: Adreian Payne
O técnico do Hawks, Mike Budenholzer, tem uma paixão que beira a fixação por arremessos de três. Em 2014, não era raro ver o time usando uma formação com cinco arremessadores (inclusive Millsap e Pero Antic, os pivôs) espaçados no perímetro, criando espaço para depois atacar por dentro. Ele já disse muitas vezes que o foco do seu time são os arremessos do perímetro, da primeira a ultima posição da equipe. Portanto não foi nenhuma surpresa quando o Hawks pegou Adreian Payne na primeira rodada, um dos encaixes mais legais de todo esse Draft.
O garrafão do Hawks é forte com Millsap e Horford, mas Sap está no último ano de seu contrato e é um jogador que é uma excelente moeda de troca. Se Sap for trocado, Payne pode imediatamente entrar na equipe como um PF capaz de espaçar a quadra, ou mesmo se Millsap ficar, Payne pode jogar tanto de PF como de C e da a esse time grande flexibilidade de posição sem precisar mudar seu esquema de jogo. Ele era o jogador mais "Hawks" desse Draft e foi draftado pelo time certo.
Escolha #15.5 - National Basketball Association
Quem escolheu: Isaiah Austin
Quem deveria ter escolhido: Isaiah Austin
A melhor escolha da noite. Ponto.
Escolha #16 - Denver Nuggets (Via Chicago Bulls)
Quem escolheu: Jusuf Nurkic
Quem deveria ter escolhido: Jusuf Nurkic
Eu adorei a troca do Nuggets com o Bulls (#11 e o contrato de Anthony Randolph pelas #16 e #19) por diversos motivos. Mas o mais importante talvez tenha sido que o Denver Nuggets é um time que, no momento, não faz idéia do que quer fazer da vida. Reconstruir depois da queda de 2013 para 2014? Continuar investindo em bons jogadores para formar times sólidos, mas não espetaculares, apostar na "classe média" da NBA para ir aos playoffs e contar com um ou outro golpe de sorte para tentar ir longe (como fez com George Karl)? O Nuggets não sabe ao certo, está indo com o fluxo, e portanto acho que faz bastante sentido para eles trocar uma escolha alta (na qual não tinham uma escolha clara) em troca de duas escolhas em um Draft muito profundo, e portanto duas chances de conseguir algo que lhes permita seguir em alguma direção (seja ela qual).
A primeira escolha foi ótima para eles, que selecionaram o pivô Jusuf Nurkic. Desde que Brian Shaw assumiu a equipe e implementou seu esquema de jogo de meia quadra, o time estava procurando desesperadamente por um homem de garrafão capaz de pontuar de costas para a cesta e próximo do aro, mas o time não tinha ninguém assim. Então Nurkic faz muito sentido, que tem tido números impressionantes por minuto na Europa e é um jogador muito forte (nos moldes de Nikola Pekovic) que se especializa em finalizar pick and rolls e tem um promissor jogo de costas para a cesta. É incerto se ele virá para a NBA imediatamente, mas ele oferece uma opção com bastante potencial para Denver conseguir o jogador que eles precisam. Ótima troca, e boa escolha.
Escolha #17 - Boston Celtics
Quem escolheu: James Young
Quem deveria ter escolhido: James Young
Outra excelente escolha do Celtics, que aproveitou essa queda maluca de James Young para pegá-lo na #17. O Celtics poderia ter pego Gary Harris aqui e faria muito sentido, mas já tinha pego o jogador mais realizado e pronto na #6 com Marcus Smart, então a meu ver a escolha do mais explosivo, atlético e com mais potencial James Young foi correta.
O Celtics deve ter ficado em êxtase por Young ter caído até aqui. Boston tem uma base interessante, mas faltava um jogador mais explosivo, de alto potencial capaz de criar seu arremesso. Especialmente se Rondo for trocado e o Celtics entrar em modo total de reconstrução, Young vai ter um excelente técnico e muito espaço para desenvolver no grande jogador que pode ser, um jogador versátil e um bom parceiro para Smart. Ótima escolha, e um grande Draft de Boston.
Escolha #18 - Phoenix Suns
Quem escolheu: Tyler Ennis
Quem deveria ter escolhido: Rodney Hood
Antes desse Draft, o Suns tinha excesso de dois tipos de jogadores: armadores (com Bledsoe e Dragic) e SF/PFs híbridos (gêmeos Morris). Então o que o Suns faz no Draft? Pegar mais um armador e mais um SF/PF híbrido, é claro!
Não que eu tenha achado Tyler Ennis uma escolha ruim - o Suns criou uma identidade veloz com base nos seus armadores, e tanto Bledsoe como Dragic podem jogar de SG para acomodar Ennis. O canadense pode funcionar como um ótimo reserva para ambos, mantendo o time funcionando em alta velocidade e tomando boas decisões. Eu gosto do encaixe, e também do valor que Ennis pode ter em um repasse para um time como Toronto que busca um PG. Mas de novo, o Suns já não tinha dois PGs que eram a base do seu time? Porque pegar mais um, ainda que um bom reserva? Eu acho que Phoenix teria se saído melhor escolhendo um jogador de uma posição mais carente (como Rodney Hood, um SF) capaz de espaçar a quadra e manter o esquema tático do time funcionando. Assim como TJ Warren, não é uma escolha ruim, e é uma escolha que faz sentido... mas não é a que eu achava a melhor opção disponível.
Escolha #19 - Denver Nuggets (Via Chicago Bulls)
Quem escolheu: Gary Harris
Quem deveria ter escolhido: Gary Harris
O Nuggets trocou sua escolha por duas na tentativa, entre outros, de maximizar os valores que poderia tirar desse draft... e ao ver Gary Harris caindo na escolha #19, eu só posso imaginar que alguém deva ter desmaiado na sala do Nuggets, e que outro tenha abandonado o esporte para virar pastor. Porque foi realmente o maior golpe de sorte que o time poderia ter pedido.
Harris era desde o começo um dos melhores jogadores dessa classe, um legítimo two-way player capaz de defender em altíssimo nível, arremessar bem, e jogar com a bola na mão quando necessário. Ele caiu por questões sobre sua habilidade atlética e potencial limitado, mas é um ótimo talento e um valor fantástico no #19. Verdade que o Nuggets já pegou um SG em Afflalo no assalto na troca com o Magic mais cedo, mas não vejo um problema nisso - você sempre quer acumular o máximo de talento possível, e Gary Harris era de longe o melhor disponível. Um excelente dia do Nuggets.
Btw, vou ser um pouco injusto com Chicago aqui, porque era impossível para o Bulls saber como o resto do Draft deveria se desenrolar. Mas quem vocês prefeririam ter, Doug McDermott e o contrato de Anthony Randolph, ou Gary Harris e quem quer que o Bulls pudesse ter pego na #16 no lugar de Nurkic (meu palpite: James Young). Harris era um encaixe perfeito para Chicago (tanto que achei que deveriam tê-lo pego no #11 antes de McBuckets) e Young um ala com potencial capaz de espaçar a quadra. Verdade que Chicago não tinha como saber que Harris ia cair até a #16, mas em retrospecto, Denver saiu como um grande vencedor nessa troca.
Escolha #20 - Toronto Raptors
Quem escolheu: Bruno Caboclo
Quem deveria ter escolhido: Shabazz Napier
Vamos deixar uma coisa bem clara: eu estou muito feliz por Bruno Caboclo, torço para que tenha muito sucesso na NBA, quero que ele seja um ótimo jogador. Mas esse não é o meu trabalho aqui - meu trabalho é avaliar de forma imparcial as decisões tomadas por cada time. E por essa ótica, o Toronto fez uma grande besteira.
Me deixe colocar da seguinte maneira: nos últimos três meses, eu li pelo menos uns 30 Mock Drafts. Provavelmente mais. E Bruno Caboclo estava presente em exatos ZERO deles. Zero. Isso quer dizer que, entre especialistas e pessoas dentro da NBA, ninguém via o garoto como um talento para ser escolhido no Draft inteiro, muito menos na escolha #20. A história que consta é que o Raptors queria pegar Tyler Ennis na escolha #20 e Caboclo com a #37 na segunda rodada, mas quando Ennis saiu antes Toronto antecipou e pegou o brasileiro. Bom, isso é extremamente estúpido - cada escolha que você tem é um ativo, e é seu trabalho maximizar o valor que você recebe em troca de cada uma delas. Toronto usou a sua escolha de primeira rodada em um dos melhores Drafts dos últimos 20 anos em um jogador que os especialistas acharam que não deveria sequer ser draftado. Pense nisso.
Eu confesso que conheço muito pouco do Bruno como jogador, e não o conhecia at all antes do Draft. Desde então tentei ver o máximo possível de jogos e vídeos nos quais ele aparece, o que me apresentou um pouco e me permitiu tirar algumas conclusões (embora não possa falar com nenhuma certeza). Pelo pouco que vi, entendo o que o Raptors viu nele (corpo impressionante, envergadura monstruosa, muito atlético)... e entendo o que os críticos acham de tão absurdo na escolha do Raptors (não consegue driblar, passar ou criar seu arremesso, e não parece em nenhum momento conseguir jogar em um nível próximo da NBA). As pessoas o comparam a Giannis pelo físico, mas Giannis era um jogador muito mais avançado, especialmente como ball handler e passador, quando foi escolhido.
Se Toronto perdeu o jogador que queria em Ennis, deveria ter ido atrás ou do melhor PG disponível (Shabazz Napier) ou então do melhor valor (Hood, Capela, Hairston ou Napier) e esperado para pegar Bruno na segunda rodada. Foi um grande erro de um time que parece estar preso entre "podemos competir em um Leste muito fraco" e "queremos reconstruir". Mas ei, toda vez que você pode gastar a escolha #20 de um Draft fortíssimo em um jogador que teve menos de 5 pontos por jogo de média em uma das piores ligas profissionais do mundo, você tem que fazê-lo!!
Escolha #21 - Oklahoma City Thunder
Quem escolheu: Mitch McGary
Quem deveria ter escolhido: PJ Hairston
O Thunder usou sua escolha de primeira rodada para escolher um PF/C branco que não consegue criar seu próprio arremesso ou chutar de fora, mas um jogador grande e trombador, com bom motor e energia e que vive de rebotes ofensivos, pontos fáceis perto da cesta, faz o trabalho sujo e pronto. Ou seja, exatamente a mesma coisa que fizeram ano passado ao escolher Steven Adams. Agora eles tem um Steven Adams, um Nick Colison, e acabaram de selecionar um clone misto dos dois primeiros, sendo que nenhum dos três é titular.
Enquanto isso, o Thunder em 2014 teve um jogador horrível que chutou 39% na temporada regular e 31% nos playoffs, enquanto oferecia defesa horrível e uma avenida a ser atacada (de fato, foi em cima dele que o Spurs atacou todas as jogadas possíveis)... só que esse jogador ficou em quadra 18 minutos por jogo (!!!!!!) simplesmente porque Scott Brooks precisava de uma opção nas bolas de longe e um ballhandler secundário (Derek Fisher). Você está me dizendo que esse time NÃO teria se beneficiado mais de escolher PJ Hairston, um jogador atlético e excelente arremessador capaz de ficar com a bola nas mãos quando necessário? Claro que sim. Uma escolha bem duvidosa com uma opção claramente muito melhor disponível.
Escolha #22 - Memphis Grizzlies
Quem escolheu: Jordan Adams
Quem deveria ter escolhido: Rodney Hood
Muita gente gosta de Jordan Adams e da sua habilidade de pontuar, mas eu não sou um desses. Vejo ele como uma versão piorada de TJ Warren, um jogador ainda menos atlético (acho que eu sou mais que ele) que não espaça a quadra e vive da pontuação bem dentro da linha de três - basicamente uma versão menos atlética, menos destrutiva na transição e sem a quantidade de recursos do novo jogador do Suns. No time e no esquema certo, Adams pode ser útil. Mas no Memphis, um time que se concentra no jogo de garrafão, lento, e tem dificuldade para espaçar a quadra? Adams é um PESSIMO encaixe, e isso antes de falar que eles já tem Courtney Lee, Tony Allen e Mike Miller (que é free agent) para jogar na posição.
Eles deveriam ter ido de Rodney Hood. Memphis tem dificuldade para espaçar a quadra e precisa do máximo de arremessadores que puder, e Hood é um ótimo pontuador (16 ppg, 42 3PT%) que também joga de SF, a posição mais carente da equipe e atualmente ocupada por Tyshaun Prince - um dos piores titulares da NBA. Hood era um jogador para entrar e contribuir imediatamente na pior posição e com a habilidade mais carente da equipe (3PT). Não sei mais do que o Grizzlies precisava para fazer a escolha certa.
Escolha #23 - Utah Jazz
Quem escolheu: Rodney Hood
Quem deveria ter escolhido: Rodney Hood
As vezes, no Draft, ter sorte é mais importante do que outra coisa. E para o Utah Jazz, esse foi o caso. Primeiro, o PG grande que eles tanto queriam inexplicavelmente caiu para o #5, um excelente valor sendo que Dante Exum era cotado para sair até na #2. Eles imediatamente o pegaram. Depois, viram Rodney Hood escorregar até a escolha 23 quando três ou quatro times antes deveriam te-lo escolhido. E de novo, aproveitaram para sair com ótimo valor e um jogador que faz muito sentido. No final, Jazz saiu com dois ótimos jogadores e como um dos maiores vencedores da noite, e isso principalmente porque tiveram a sorte de ver vários times na sua frente passar esses jogadores.
Hood faz sentido para Utah porque ele é um jogador de perímetro, o ponto fraco do Jazz, capaz de arremessar de fora. Jazz só tem Alec Burks e Gordon Heyward, mas Burks é melhor vindo do banco e Heyward é free agent, ninguém sabe se vai ficar. Mesmo se Utah for jogar com Trey Burke e Dante Exum juntos, eles ainda precisam de um SF, encontraram esse jogador em Hood, alguém para espaçar a quadra, acompanhar contra ataques e que pode até jogar de PF em formações baixas. E mesmo se Heyward voltar, eles podem jogar juntos (com Heyward de SG) e no mínimo oferecem opções versáteis ao técnico. Sem falar, claro, que ele era o melhor jogador disponível. Ótima escolha, ótimo Draft de Utah.
Escolha #24 - Miami Heat (via Charlotte Hornets)
Quem escolheu: Shabazz Napier
Quem deveria ter escolhido: Shabazz Napier
O Hornets trocou Shabazz Napier para o Heat, e eu odiei essa troca para eles por três motivos: primeiro, porque eu achei que Napier era uma excelente escolha para o Hornets, alguém que ajudaria muito a equipe e era um bom valor a essa altura; segundo, porque o Hornets não recebeu nada relevante em troca, desceu duas escolhas em troca da #55 (que vendeu para OKC) e uma escolha futura de segunda rodada; e terceiro e talvez mais importante, porque diabos o Hornets - um time que está montado para vencer o quanto antes em um Leste cada vez mais aberto - está ajudando justamente o time que eles tem como objetivo superar?!
Miami, que não tem nada a ver com isso, fez seu trabalho e conseguiu um Home Run. Napier faz sentido em todos os quesitos, mas principalmente porque Miami precisa muito de um armador (Chalmers é free agent e Norris Cole não é confiável), e Napier tem todas as características que eles precisam no seu novo PG: alguém capaz de entrar e jogar logo de cara, um jogador inteligente que se encaixa no esquema de Miami, que tem bom 3PT range para espaçar a quadra, e um vencedor experiente que não tem medo de chamar a responsabilidade. Em termos de basquete Napier sempre foi um excelente encaixe. E ah sim, ele era o jogador favorito de LeBron James nesse Draft, e se free agent LeBron James manda você pular, você pergunta de onde. Assim você reforça seu time com o jogador ideal e ainda agrada sua superestrela. Ponto para Miami.
Escolha #25 - Houston Rockets
Quem escolheu: Clint Capela
Quem deveria ter escolhido: Clint Capela
Essa escolha é bem simples: Capela é um PF suíço com grande potencial como reboteiro e protetor de aro, mas muito cru, que deve continuar na Europa por mais algum tempo se desenvolvendo. Isso é ótimo para o Rockets, um time que quer fazer estrago entre os free agents esse ano e para isso precisa de muito espaço salarial. Portanto um jogador que não vem para a NBA agora - e portanto não ocupa espaço no salary cap - era a melhor coisa que eles fariam nesse momento. Capela ficará na Europa servindo de ativo para o futuro, enquanto Houston mantém a folha salarial limpa para tentar Melo e/ou LeBron.
Escolha #26 - Charlotte Hornets (via Miami Heat)
Quem escolheu: PJ Hairston
Quem deveria ter escolhido: PJ Hairston
Apesar de eu preferir Napier, Hairston foi uma ótima escolha também que o Hornets viu caindo no seu colo. Charlotte precisava de arremessadores capazes de fazer estrago do perímetro para abrir o garrafão para Al Jefferson, e depois de conseguir um stretch-4 ideal para seu sistema em Vonleh, o Hornets selecionou um dos melhores arremessadores de perímetro do Draft em PJ Hairston. Hairston é uma excelente opção aqui, um arremessador espetacular que no mínimo vai abrir a quadra e criar seu próprio arremesso quando o ataque fica estagnado.
Ele tem problemas extra-quadra e não tem um jogo muito inteligente dentro dela, muitas vezes força demais e quer fazer o que não sabe. Mas o Hornets coloca ênfase em um bom ambiente, e se o bom Steve Clifford conseguir fazer Hairston focar nas coisas que ele sabe fazer e não nas que ele quer fazer, ele pode ser um belo steal no #26. Duas ótimas escolhas do Hornets.
Escolha #27 - Phoenix Suns
Quem escolheu: Bogdan Bogdanovic
Quem deveria ter escolhido: Bogdan Bogdanovic
O Suns tinha três escolhas de primeira rodada, e de forma alguma eles iriam trazer três novos calouros para competir por minutos no que já era um time jovem e promissor. Então era lógico que usassem sua terceira escolha em um prospecto draft-and-stash, alguém para ficar na Europa por algum tempo antes de vir para a NBA. Foi o que fizeram com Bogdanovic, o melhor prospecto internacional restante, um excelente pontuador com um jogo que deve traduzir bem para a NBA. Uma boa aposta a essa altura que faz sentido dada a situação da equipe, e que deve vir da Europa só daqui a alguns anos.
Escolha #28 - Los Angeles Clippers
Quem escolheu: CJ Wilcox
Quem deveria ter escolhido: Jarnell Stokes
Eu gosto de CJ Wilcox, um sólido veterano capaz de arremessar de fora e um razoável atleta. Mas não é exatamente o tipo de jogador que pegaram ano passado em Reggie Bullock? E o Clippers sabe que seus únicos big men sob contrato para 2015 são Blake Griffin e DeAndre Jordan e que o time já está 8M acima do salary cap, certo? Ao invés de pegar um cara que é igual ao que pegaram um ano atrás e para uma posição razoavelmente lotada no elenco (nenhum é um grande titular, mas até ai Wilcox também não), porque não ir atrás do melhor pivô/PF disponível e usá-lo como um reserva de Griffin e Jordan, alguém capaz de fazer o trabalho sujo dos dois lados da quadra, controlar os rebotes e dar algum descanso aos titulares? Jarnell Stokes e Johnny O'Bryant estavam disponíveis e ambos teriam sido uma escolha melhor. Clippers perdeu uma importante chance de reforçar o garrafão, uma que eles lamentarão ano que vem quando estiverem desesperadamente atrás de um reserva na trade deadline.
Escolha #29 - Oklahoma City Thunder
Quem escolheu: Josh Husties
Quem deveria ter escolhido: KJ McDaniels
Depois de pegar um PF/C branquelo e trombador, o Thunder pegou um jogador de perímetro baixo, mas famoso pelos rebotes e pela defesa. Em outras palavras, eles acabaram de repetir em 2014 o Draft que tiveram em 2013 ao pegar Adams e Robertson. Porque? Eu não sei.
Huestis era inclusive um dos favoritos a steal do Zeca, então é um prospecto interessante para OKC. Mas eis a questão: se o Thunder queria pegar um defensor físico, porque não pegar KJ McDaniels, um jogador com as mesmas características, só que melhor e muito mais bem avaliado ao redor da liga? Huestis era considerado um jogador de meio de segunda rodada, enquanto muitos (inclusive eu) viam McDaniels como um talento de primeira, alguém pronto para entrar e jogar. Se era o conjunto de habilidade de Huestis que OKC queria, McDaniels faz as mesmas coisas mas melhor. Escolha esquisita.
(Eu achei engraçada a sugestão, depois do Draft, que OKC gostou de Huestis porque ele falava bem e passava liderança. Não era esse o argumento usado para jogar Derek Fisher 18 minutos por jogo quando ele não conseguia defender, passar ou arremessar?! A gente viu o quão certo isso deu!)
Escolha #30 - San Antonio Spurs
Quem escolheu: Kyle Anderson
Quem deveria ter escolhido: Kyle Anderson
Se fosse para achar uma comparação na NBA para os talentos de Kyle Anderson, seria Boris Diaw: tamanho de PF, mas habilidades como ballhandler e passador dignas de um armador, lento mas extremamente efetivo graças a boa habilidade nos rebotes, bom arremesso de fora e versatilidade com a bola nas mãos. Então é adequado que Anderson vai para o time que acabou de ter o próprio Boris Diaw como um dos melhores jogadores de um time campeão.
Se Boris Diaw (free agent) deixar o time, Anderson pode entrar e assumir seu papel vindo do banco, e se ele não sair (btw, ele não vai. Ele ama o Spurs) Anderson pode ficar um pouco no banco aprendendo com Diaw para assumir a função no futuro. Suas habilidades são perfeitas para o Spurs, um daqueles encaixes jogador-time simplesmente perfeitos para ambas as partes. O jogador mais Spurs desse Draft caiu para San Antonio na escolha #30 - o que mais eu posso dizer?
Quem escolheu: Adreian Payne
Quem deveria ter escolhido: Adreian Payne
O técnico do Hawks, Mike Budenholzer, tem uma paixão que beira a fixação por arremessos de três. Em 2014, não era raro ver o time usando uma formação com cinco arremessadores (inclusive Millsap e Pero Antic, os pivôs) espaçados no perímetro, criando espaço para depois atacar por dentro. Ele já disse muitas vezes que o foco do seu time são os arremessos do perímetro, da primeira a ultima posição da equipe. Portanto não foi nenhuma surpresa quando o Hawks pegou Adreian Payne na primeira rodada, um dos encaixes mais legais de todo esse Draft.
O garrafão do Hawks é forte com Millsap e Horford, mas Sap está no último ano de seu contrato e é um jogador que é uma excelente moeda de troca. Se Sap for trocado, Payne pode imediatamente entrar na equipe como um PF capaz de espaçar a quadra, ou mesmo se Millsap ficar, Payne pode jogar tanto de PF como de C e da a esse time grande flexibilidade de posição sem precisar mudar seu esquema de jogo. Ele era o jogador mais "Hawks" desse Draft e foi draftado pelo time certo.
Escolha #15.5 - National Basketball Association
Quem escolheu: Isaiah Austin
Quem deveria ter escolhido: Isaiah Austin
A melhor escolha da noite. Ponto.
Escolha #16 - Denver Nuggets (Via Chicago Bulls)
Quem escolheu: Jusuf Nurkic
Quem deveria ter escolhido: Jusuf Nurkic
Eu adorei a troca do Nuggets com o Bulls (#11 e o contrato de Anthony Randolph pelas #16 e #19) por diversos motivos. Mas o mais importante talvez tenha sido que o Denver Nuggets é um time que, no momento, não faz idéia do que quer fazer da vida. Reconstruir depois da queda de 2013 para 2014? Continuar investindo em bons jogadores para formar times sólidos, mas não espetaculares, apostar na "classe média" da NBA para ir aos playoffs e contar com um ou outro golpe de sorte para tentar ir longe (como fez com George Karl)? O Nuggets não sabe ao certo, está indo com o fluxo, e portanto acho que faz bastante sentido para eles trocar uma escolha alta (na qual não tinham uma escolha clara) em troca de duas escolhas em um Draft muito profundo, e portanto duas chances de conseguir algo que lhes permita seguir em alguma direção (seja ela qual).
A primeira escolha foi ótima para eles, que selecionaram o pivô Jusuf Nurkic. Desde que Brian Shaw assumiu a equipe e implementou seu esquema de jogo de meia quadra, o time estava procurando desesperadamente por um homem de garrafão capaz de pontuar de costas para a cesta e próximo do aro, mas o time não tinha ninguém assim. Então Nurkic faz muito sentido, que tem tido números impressionantes por minuto na Europa e é um jogador muito forte (nos moldes de Nikola Pekovic) que se especializa em finalizar pick and rolls e tem um promissor jogo de costas para a cesta. É incerto se ele virá para a NBA imediatamente, mas ele oferece uma opção com bastante potencial para Denver conseguir o jogador que eles precisam. Ótima troca, e boa escolha.
Escolha #17 - Boston Celtics
Quem escolheu: James Young
Quem deveria ter escolhido: James Young
Outra excelente escolha do Celtics, que aproveitou essa queda maluca de James Young para pegá-lo na #17. O Celtics poderia ter pego Gary Harris aqui e faria muito sentido, mas já tinha pego o jogador mais realizado e pronto na #6 com Marcus Smart, então a meu ver a escolha do mais explosivo, atlético e com mais potencial James Young foi correta.
O Celtics deve ter ficado em êxtase por Young ter caído até aqui. Boston tem uma base interessante, mas faltava um jogador mais explosivo, de alto potencial capaz de criar seu arremesso. Especialmente se Rondo for trocado e o Celtics entrar em modo total de reconstrução, Young vai ter um excelente técnico e muito espaço para desenvolver no grande jogador que pode ser, um jogador versátil e um bom parceiro para Smart. Ótima escolha, e um grande Draft de Boston.
Escolha #18 - Phoenix Suns
Quem escolheu: Tyler Ennis
Quem deveria ter escolhido: Rodney Hood
Antes desse Draft, o Suns tinha excesso de dois tipos de jogadores: armadores (com Bledsoe e Dragic) e SF/PFs híbridos (gêmeos Morris). Então o que o Suns faz no Draft? Pegar mais um armador e mais um SF/PF híbrido, é claro!
Não que eu tenha achado Tyler Ennis uma escolha ruim - o Suns criou uma identidade veloz com base nos seus armadores, e tanto Bledsoe como Dragic podem jogar de SG para acomodar Ennis. O canadense pode funcionar como um ótimo reserva para ambos, mantendo o time funcionando em alta velocidade e tomando boas decisões. Eu gosto do encaixe, e também do valor que Ennis pode ter em um repasse para um time como Toronto que busca um PG. Mas de novo, o Suns já não tinha dois PGs que eram a base do seu time? Porque pegar mais um, ainda que um bom reserva? Eu acho que Phoenix teria se saído melhor escolhendo um jogador de uma posição mais carente (como Rodney Hood, um SF) capaz de espaçar a quadra e manter o esquema tático do time funcionando. Assim como TJ Warren, não é uma escolha ruim, e é uma escolha que faz sentido... mas não é a que eu achava a melhor opção disponível.
Escolha #19 - Denver Nuggets (Via Chicago Bulls)
Quem escolheu: Gary Harris
Quem deveria ter escolhido: Gary Harris
O Nuggets trocou sua escolha por duas na tentativa, entre outros, de maximizar os valores que poderia tirar desse draft... e ao ver Gary Harris caindo na escolha #19, eu só posso imaginar que alguém deva ter desmaiado na sala do Nuggets, e que outro tenha abandonado o esporte para virar pastor. Porque foi realmente o maior golpe de sorte que o time poderia ter pedido.
Harris era desde o começo um dos melhores jogadores dessa classe, um legítimo two-way player capaz de defender em altíssimo nível, arremessar bem, e jogar com a bola na mão quando necessário. Ele caiu por questões sobre sua habilidade atlética e potencial limitado, mas é um ótimo talento e um valor fantástico no #19. Verdade que o Nuggets já pegou um SG em Afflalo
Btw, vou ser um pouco injusto com Chicago aqui, porque era impossível para o Bulls saber como o resto do Draft deveria se desenrolar. Mas quem vocês prefeririam ter, Doug McDermott e o contrato de Anthony Randolph, ou Gary Harris e quem quer que o Bulls pudesse ter pego na #16 no lugar de Nurkic (meu palpite: James Young). Harris era um encaixe perfeito para Chicago (tanto que achei que deveriam tê-lo pego no #11 antes de McBuckets) e Young um ala com potencial capaz de espaçar a quadra. Verdade que Chicago não tinha como saber que Harris ia cair até a #16, mas em retrospecto, Denver saiu como um grande vencedor nessa troca.
Escolha #20 - Toronto Raptors
Quem escolheu: Bruno Caboclo
Quem deveria ter escolhido: Shabazz Napier
Vamos deixar uma coisa bem clara: eu estou muito feliz por Bruno Caboclo, torço para que tenha muito sucesso na NBA, quero que ele seja um ótimo jogador. Mas esse não é o meu trabalho aqui - meu trabalho é avaliar de forma imparcial as decisões tomadas por cada time. E por essa ótica, o Toronto fez uma grande besteira.
Me deixe colocar da seguinte maneira: nos últimos três meses, eu li pelo menos uns 30 Mock Drafts. Provavelmente mais. E Bruno Caboclo estava presente em exatos ZERO deles. Zero. Isso quer dizer que, entre especialistas e pessoas dentro da NBA, ninguém via o garoto como um talento para ser escolhido no Draft inteiro, muito menos na escolha #20. A história que consta é que o Raptors queria pegar Tyler Ennis na escolha #20 e Caboclo com a #37 na segunda rodada, mas quando Ennis saiu antes Toronto antecipou e pegou o brasileiro. Bom, isso é extremamente estúpido - cada escolha que você tem é um ativo, e é seu trabalho maximizar o valor que você recebe em troca de cada uma delas. Toronto usou a sua escolha de primeira rodada em um dos melhores Drafts dos últimos 20 anos em um jogador que os especialistas acharam que não deveria sequer ser draftado. Pense nisso.
Eu confesso que conheço muito pouco do Bruno como jogador, e não o conhecia at all antes do Draft. Desde então tentei ver o máximo possível de jogos e vídeos nos quais ele aparece, o que me apresentou um pouco e me permitiu tirar algumas conclusões (embora não possa falar com nenhuma certeza). Pelo pouco que vi, entendo o que o Raptors viu nele (corpo impressionante, envergadura monstruosa, muito atlético)... e entendo o que os críticos acham de tão absurdo na escolha do Raptors (não consegue driblar, passar ou criar seu arremesso, e não parece em nenhum momento conseguir jogar em um nível próximo da NBA). As pessoas o comparam a Giannis pelo físico, mas Giannis era um jogador muito mais avançado, especialmente como ball handler e passador, quando foi escolhido.
Se Toronto perdeu o jogador que queria em Ennis, deveria ter ido atrás ou do melhor PG disponível (Shabazz Napier) ou então do melhor valor (Hood, Capela, Hairston ou Napier) e esperado para pegar Bruno na segunda rodada. Foi um grande erro de um time que parece estar preso entre "podemos competir em um Leste muito fraco" e "queremos reconstruir". Mas ei, toda vez que você pode gastar a escolha #20 de um Draft fortíssimo em um jogador que teve menos de 5 pontos por jogo de média em uma das piores ligas profissionais do mundo, você tem que fazê-lo!!
Escolha #21 - Oklahoma City Thunder
Quem escolheu: Mitch McGary
Quem deveria ter escolhido: PJ Hairston
O Thunder usou sua escolha de primeira rodada para escolher um PF/C branco que não consegue criar seu próprio arremesso ou chutar de fora, mas um jogador grande e trombador, com bom motor e energia e que vive de rebotes ofensivos, pontos fáceis perto da cesta, faz o trabalho sujo e pronto. Ou seja, exatamente a mesma coisa que fizeram ano passado ao escolher Steven Adams. Agora eles tem um Steven Adams, um Nick Colison, e acabaram de selecionar um clone misto dos dois primeiros, sendo que nenhum dos três é titular.
Enquanto isso, o Thunder em 2014 teve um jogador horrível que chutou 39% na temporada regular e 31% nos playoffs, enquanto oferecia defesa horrível e uma avenida a ser atacada (de fato, foi em cima dele que o Spurs atacou todas as jogadas possíveis)... só que esse jogador ficou em quadra 18 minutos por jogo (!!!!!!) simplesmente porque Scott Brooks precisava de uma opção nas bolas de longe e um ballhandler secundário (Derek Fisher). Você está me dizendo que esse time NÃO teria se beneficiado mais de escolher PJ Hairston, um jogador atlético e excelente arremessador capaz de ficar com a bola nas mãos quando necessário? Claro que sim. Uma escolha bem duvidosa com uma opção claramente muito melhor disponível.
Escolha #22 - Memphis Grizzlies
Quem escolheu: Jordan Adams
Quem deveria ter escolhido: Rodney Hood
Muita gente gosta de Jordan Adams e da sua habilidade de pontuar, mas eu não sou um desses. Vejo ele como uma versão piorada de TJ Warren, um jogador ainda menos atlético (acho que eu sou mais que ele) que não espaça a quadra e vive da pontuação bem dentro da linha de três - basicamente uma versão menos atlética, menos destrutiva na transição e sem a quantidade de recursos do novo jogador do Suns. No time e no esquema certo, Adams pode ser útil. Mas no Memphis, um time que se concentra no jogo de garrafão, lento, e tem dificuldade para espaçar a quadra? Adams é um PESSIMO encaixe, e isso antes de falar que eles já tem Courtney Lee, Tony Allen e Mike Miller (que é free agent) para jogar na posição.
Eles deveriam ter ido de Rodney Hood. Memphis tem dificuldade para espaçar a quadra e precisa do máximo de arremessadores que puder, e Hood é um ótimo pontuador (16 ppg, 42 3PT%) que também joga de SF, a posição mais carente da equipe e atualmente ocupada por Tyshaun Prince - um dos piores titulares da NBA. Hood era um jogador para entrar e contribuir imediatamente na pior posição e com a habilidade mais carente da equipe (3PT). Não sei mais do que o Grizzlies precisava para fazer a escolha certa.
Escolha #23 - Utah Jazz
Quem escolheu: Rodney Hood
Quem deveria ter escolhido: Rodney Hood
As vezes, no Draft, ter sorte é mais importante do que outra coisa. E para o Utah Jazz, esse foi o caso. Primeiro, o PG grande que eles tanto queriam inexplicavelmente caiu para o #5, um excelente valor sendo que Dante Exum era cotado para sair até na #2. Eles imediatamente o pegaram. Depois, viram Rodney Hood escorregar até a escolha 23 quando três ou quatro times antes deveriam te-lo escolhido. E de novo, aproveitaram para sair com ótimo valor e um jogador que faz muito sentido. No final, Jazz saiu com dois ótimos jogadores e como um dos maiores vencedores da noite, e isso principalmente porque tiveram a sorte de ver vários times na sua frente passar esses jogadores.
Hood faz sentido para Utah porque ele é um jogador de perímetro, o ponto fraco do Jazz, capaz de arremessar de fora. Jazz só tem Alec Burks e Gordon Heyward, mas Burks é melhor vindo do banco e Heyward é free agent, ninguém sabe se vai ficar. Mesmo se Utah for jogar com Trey Burke e Dante Exum juntos, eles ainda precisam de um SF, encontraram esse jogador em Hood, alguém para espaçar a quadra, acompanhar contra ataques e que pode até jogar de PF em formações baixas. E mesmo se Heyward voltar, eles podem jogar juntos (com Heyward de SG) e no mínimo oferecem opções versáteis ao técnico. Sem falar, claro, que ele era o melhor jogador disponível. Ótima escolha, ótimo Draft de Utah.
Escolha #24 - Miami Heat (via Charlotte Hornets)
Quem escolheu: Shabazz Napier
Quem deveria ter escolhido: Shabazz Napier
O Hornets trocou Shabazz Napier para o Heat, e eu odiei essa troca para eles por três motivos: primeiro, porque eu achei que Napier era uma excelente escolha para o Hornets, alguém que ajudaria muito a equipe e era um bom valor a essa altura; segundo, porque o Hornets não recebeu nada relevante em troca, desceu duas escolhas em troca da #55 (que vendeu para OKC) e uma escolha futura de segunda rodada; e terceiro e talvez mais importante, porque diabos o Hornets - um time que está montado para vencer o quanto antes em um Leste cada vez mais aberto - está ajudando justamente o time que eles tem como objetivo superar?!
Miami, que não tem nada a ver com isso, fez seu trabalho e conseguiu um Home Run. Napier faz sentido em todos os quesitos, mas principalmente porque Miami precisa muito de um armador (Chalmers é free agent e Norris Cole não é confiável), e Napier tem todas as características que eles precisam no seu novo PG: alguém capaz de entrar e jogar logo de cara, um jogador inteligente que se encaixa no esquema de Miami, que tem bom 3PT range para espaçar a quadra, e um vencedor experiente que não tem medo de chamar a responsabilidade. Em termos de basquete Napier sempre foi um excelente encaixe. E ah sim, ele era o jogador favorito de LeBron James nesse Draft, e se free agent LeBron James manda você pular, você pergunta de onde. Assim você reforça seu time com o jogador ideal e ainda agrada sua superestrela. Ponto para Miami.
Escolha #25 - Houston Rockets
Quem escolheu: Clint Capela
Quem deveria ter escolhido: Clint Capela
Essa escolha é bem simples: Capela é um PF suíço com grande potencial como reboteiro e protetor de aro, mas muito cru, que deve continuar na Europa por mais algum tempo se desenvolvendo. Isso é ótimo para o Rockets, um time que quer fazer estrago entre os free agents esse ano e para isso precisa de muito espaço salarial. Portanto um jogador que não vem para a NBA agora - e portanto não ocupa espaço no salary cap - era a melhor coisa que eles fariam nesse momento. Capela ficará na Europa servindo de ativo para o futuro, enquanto Houston mantém a folha salarial limpa para tentar Melo e/ou LeBron.
Escolha #26 - Charlotte Hornets (via Miami Heat)
Quem escolheu: PJ Hairston
Quem deveria ter escolhido: PJ Hairston
Apesar de eu preferir Napier, Hairston foi uma ótima escolha também que o Hornets viu caindo no seu colo. Charlotte precisava de arremessadores capazes de fazer estrago do perímetro para abrir o garrafão para Al Jefferson, e depois de conseguir um stretch-4 ideal para seu sistema em Vonleh, o Hornets selecionou um dos melhores arremessadores de perímetro do Draft em PJ Hairston. Hairston é uma excelente opção aqui, um arremessador espetacular que no mínimo vai abrir a quadra e criar seu próprio arremesso quando o ataque fica estagnado.
Ele tem problemas extra-quadra e não tem um jogo muito inteligente dentro dela, muitas vezes força demais e quer fazer o que não sabe. Mas o Hornets coloca ênfase em um bom ambiente, e se o bom Steve Clifford conseguir fazer Hairston focar nas coisas que ele sabe fazer e não nas que ele quer fazer, ele pode ser um belo steal no #26. Duas ótimas escolhas do Hornets.
Escolha #27 - Phoenix Suns
Quem escolheu: Bogdan Bogdanovic
Quem deveria ter escolhido: Bogdan Bogdanovic
O Suns tinha três escolhas de primeira rodada, e de forma alguma eles iriam trazer três novos calouros para competir por minutos no que já era um time jovem e promissor. Então era lógico que usassem sua terceira escolha em um prospecto draft-and-stash, alguém para ficar na Europa por algum tempo antes de vir para a NBA. Foi o que fizeram com Bogdanovic, o melhor prospecto internacional restante, um excelente pontuador com um jogo que deve traduzir bem para a NBA. Uma boa aposta a essa altura que faz sentido dada a situação da equipe, e que deve vir da Europa só daqui a alguns anos.
Escolha #28 - Los Angeles Clippers
Quem escolheu: CJ Wilcox
Quem deveria ter escolhido: Jarnell Stokes
Eu gosto de CJ Wilcox, um sólido veterano capaz de arremessar de fora e um razoável atleta. Mas não é exatamente o tipo de jogador que pegaram ano passado em Reggie Bullock? E o Clippers sabe que seus únicos big men sob contrato para 2015 são Blake Griffin e DeAndre Jordan e que o time já está 8M acima do salary cap, certo? Ao invés de pegar um cara que é igual ao que pegaram um ano atrás e para uma posição razoavelmente lotada no elenco (nenhum é um grande titular, mas até ai Wilcox também não), porque não ir atrás do melhor pivô/PF disponível e usá-lo como um reserva de Griffin e Jordan, alguém capaz de fazer o trabalho sujo dos dois lados da quadra, controlar os rebotes e dar algum descanso aos titulares? Jarnell Stokes e Johnny O'Bryant estavam disponíveis e ambos teriam sido uma escolha melhor. Clippers perdeu uma importante chance de reforçar o garrafão, uma que eles lamentarão ano que vem quando estiverem desesperadamente atrás de um reserva na trade deadline.
Escolha #29 - Oklahoma City Thunder
Quem escolheu: Josh Husties
Quem deveria ter escolhido: KJ McDaniels
Depois de pegar um PF/C branquelo e trombador, o Thunder pegou um jogador de perímetro baixo, mas famoso pelos rebotes e pela defesa. Em outras palavras, eles acabaram de repetir em 2014 o Draft que tiveram em 2013 ao pegar Adams e Robertson. Porque? Eu não sei.
Huestis era inclusive um dos favoritos a steal do Zeca, então é um prospecto interessante para OKC. Mas eis a questão: se o Thunder queria pegar um defensor físico, porque não pegar KJ McDaniels, um jogador com as mesmas características, só que melhor e muito mais bem avaliado ao redor da liga? Huestis era considerado um jogador de meio de segunda rodada, enquanto muitos (inclusive eu) viam McDaniels como um talento de primeira, alguém pronto para entrar e jogar. Se era o conjunto de habilidade de Huestis que OKC queria, McDaniels faz as mesmas coisas mas melhor. Escolha esquisita.
(Eu achei engraçada a sugestão, depois do Draft, que OKC gostou de Huestis porque ele falava bem e passava liderança. Não era esse o argumento usado para jogar Derek Fisher 18 minutos por jogo quando ele não conseguia defender, passar ou arremessar?! A gente viu o quão certo isso deu!)
Escolha #30 - San Antonio Spurs
Quem escolheu: Kyle Anderson
Quem deveria ter escolhido: Kyle Anderson
Se fosse para achar uma comparação na NBA para os talentos de Kyle Anderson, seria Boris Diaw: tamanho de PF, mas habilidades como ballhandler e passador dignas de um armador, lento mas extremamente efetivo graças a boa habilidade nos rebotes, bom arremesso de fora e versatilidade com a bola nas mãos. Então é adequado que Anderson vai para o time que acabou de ter o próprio Boris Diaw como um dos melhores jogadores de um time campeão.
Se Boris Diaw (free agent) deixar o time, Anderson pode entrar e assumir seu papel vindo do banco, e se ele não sair (btw, ele não vai. Ele ama o Spurs) Anderson pode ficar um pouco no banco aprendendo com Diaw para assumir a função no futuro. Suas habilidades são perfeitas para o Spurs, um daqueles encaixes jogador-time simplesmente perfeitos para ambas as partes. O jogador mais Spurs desse Draft caiu para San Antonio na escolha #30 - o que mais eu posso dizer?