Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Hack-a-Cast – Edição Conferência Leste


Edição especial do Hack-a-Cast! Nesta, Vinícius Veiga e Vitor Camargo falam exclusivamente sobre a conferência Leste. Uma passada sobre todas as equipes e o cenário geral até o fim da temporada.
Planilha dos assuntos (a partir do):

Minuto 2: Cleveland Cavaliers

Minuto 15: Charlotte Hornets

Minuto 25: Washington Wizards

Minuto 29: Toronto Raptors

Minuto 41: Miami Heat

Minuto 51: Chicago Bulls

1h6: Atlanta Hawks

1h15: Boston Celtics

1h20: Detroit Pistons

1h25: Philadelphia 76ers


segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Hack a Cast 2016 #3 - Knicks, Pacers, Warriors e mais!




Novo Hack-A-Cast no ar!!!

Dessa vez, eu e o Vinicius Veiga discutimos sobre Warriors, Knicks, Magic, Warriors, Kings, Pacers, Rockets, e Warriors mais uma vez.

Não perca!!


Planilha dos assuntos (a partir do):
Minuto 3: New York Knicks e Kristaps Porzingis
Minuto 21: Orlando Magic
Minuto 33: Indiana Pacers e Paul George
Minuto 46: Sacramento Kings e DeMarcus Cousins
1h1: Houston Rockets e a má fase
1h15: Golden State Warriors e a invencibilidade


terça-feira, 1 de dezembro de 2015

David Price no Red Sox

Deal with it!



Para quem não sabe, alguns anos atrás eu sofri um sério acidente envolvendo um DeLorean, um cavaleiro medieval, uma cruz de massaranduba (o relatório da polícia diz mogno, mas não acreditem nele) e uma jacuzzi. O trauma me deixou com sérios problemas psicológicos, e entre eles está o surgimento de duas novas personalidades alternativas: Jean, a otimista; e Javert, a pessimista. 

Normalmente, as duas ficam controladas, mas devido ao choque que sofri hoje ao descobrir que meu amado Red Sox ofereceu 217 M de patacas para David Price meu sistema nervoso central achou mais seguro desligar-se por algumas horas. Nesse momento de fraqueza psicológica, meus alter-egos decidiram tomar controle do meu corpo, e aproveitaram para discutir essa contratação tão bombástica antes que eu acordasse. Por sorte, meu assistente Igor escutou todo o diálogo e registrou o dito-cujo aqui. Então descubram o que Jean e Javert tem a dizer sobre David Price no Red Sox.

--------------------------------------------------------------

Javert: Alguém ai?

Jean: Eu. E holy crap, essa foi feia. Eu não via o chefe apagando assim desde que o 49ers decidiu mandar o Jim Harbaugh embora.

Javert: Melhor, assim não fala besteira. 

Jean: Ei, pelo que eu entendi aqui, parece que o motivo foi uma contratação do Red Sox. Deixa eu ver aqui... DAVID PRICE?!?! YESS!!!!!

Javert: Por 217 milhões de dólares em 7 anos! Porque diabos você está animado com isso?!

Jean: Bem, para começar, por que se o Red Sox teve uma franqueza particularmente gritante no ano passado, foi na rotação titular. O ataque também decepcionou em 2015, mas pelo menos acordou pós-All Star Game e foi um dos 10 melhores da liga na reta final da temporada. O grande problema foi no montinho: o Sox teve a terceira pior rotação da AL em 2015 e nona pior da MLB. E não é como se isso melhorasse ao longo do ano: pós All Star Game foi a quarta pior da AL e de novo nona pior da MLB. O time até tinha vários braços decentes de fim de rotação - o problema foi encher a rotação inteira com eles. Buchholz foi ótimo em meio a lesões (apenas 113 IP), mas entre arremessadores com mais entradas o melhorzinho foi Wade Miley e seu WAR de 2.6. Sólido para o fundo da rotação, mas se esse é seu ás, você não vai muito longe. Boston tem alguma profundidade, mas o que falta é realmente um ás, alguém capaz de ancorar o topo da rotação.

E David Price realmente se encaixa nessa definição. O canhoto é, sem dúvida, um dos melhores arremessadores da MLB faz um bom tempo: nas últimas 3 temporadas, apenas Clayton Kershaw e Max Scherzer tem mais WAR do que o ex-arremessador do Jays. Expandindo o número para cinco anos, apenas Kershaw aparece na frente de Price. Ele consegue mais de um strikeout por entrada, raramente cede walks, e teve 200+ IP em 5 dos últimos 6 anos que jogou. Ficou bem próximo de ganhar o Cy Young desse ano, e teria sido merecido se ganhasse. Então para um time que precisava de um arremessado de topo, é difícil conseguir alguém melhor do que David Price. É a peça que o Sox tanto precisava.

Javert: Acho que ninguém discute que o Sox precisa urgente de um bom arremessador para o topo da rotação, e que o David Price é um excelente pitcher... na temporada regular. Mas ele também é um SP de 30 anos que tem 5.4 de ERA nos playoffs. Então tem isso.

Jean: É verdade, mas eu não estou convencido de que exista alguma evidência sustentável para dizer que Price não pode arremessar bem nos playoffs. Seus números superficiais podem ser ruins - 5.4 ERA, 4.21 FIP - mas a maior parte disso é ruído causado por uma amostra muito pequena (apenas 63 entradas). NADA no baseball é mais perigoso do que tirar conclusões a partir de uma amostra pequena.

Além disso, não existe nenhum parâmetro para indicar que exista uma queda de performance por parte do canhoto: seus strikeouts caem um pouco (23.2% para 22.2%), mas seus walks também diminuem e em proporção ainda maior (6.3% para 4.6%) e nada indica que ele ceda mais rebatidas fortes nos playoffs. Na verdade, sua taxa de ground balls é quase 2 pontos percentuais maior na pós-temporada (44.2% para 46%). A diferença em performance é quase toda resultado de uma variação em HR/FB Ratio (9% para 15.5%), uma estatística que sabemos ser extremamente volátil em amostras pequenas. Então os números não sustentam que Price piore significativamente nos playoffs. É uma amostra pequena. E mesmo que exista alguma pequena piora (seu xFIP nos offs é de 3.45, na regular 3.35), isso é mais do que compensado pela sua capacidade de ajudar o time a chegar nos playoffs. Não da pra vencer na pós-temporada sem chegar lá primeiro, afinal.

Javert: Tudo isso é muito bonito, mas você está só tratando de David Price o jogador em um vácuo. Mas os jogadores não existem em um vácuo - eles custam dinheiro ou ativos para trazer. E Price custou muito, muito caro. 217 milhões de dólares (por 7 anos) é muito dinheiro - na verdade, a figura anual de 31M é a mais alta da história do baseball, empatada com Miguel Cabrera... que também foi um contrato dado pelo mesmo GM, Dave Dombrowski. 

Para colocar isso em contexto, o valor médio de uma "vitória" extra no mercado é de pouco mais de 6M de dólares. Para valer seu contrato, Price teria que ter uma média de 5 WAR por temporada durante os 7 anos do seu contrato, o que é absurdo. Nos últimos 5 anos, Price tem média de 5.2 WAR por temporada, então não é absurdo esperar que ele vá conseguir atingir essa marca nos primeiros anos de seu contrato... mas é ridículo imaginar que ele consiga chegar perto disso nos últimos anos. Nesse tipo de contrato longo e caro, o normal é que jogador supere essa média nos primeiros anos do seu contrato para "compensar" os anos de declínio no final, mas muito dificilmente será o caso de Price. E o Red Sox vai acabar preso a um contrato de 30M por ano para um arremessador de 37 anos de idade. Péssimo contrato.

Jean: O valor realmente é absurdo, mas é errado tratar o contrato como uma coisa só. Embora na superfície ele seja de 7y/217M, ele tem uma peculiaridade: David Price pode sair do contrato depois de apenas três anos, que totalizam 93M. Então é um contrato de 3y/93M com uma opção para Price de mais 4y/124M no final.

Em outras palavras, não está garantido que Price ficará até o final do seu contrato e que o Sox ficará pagando o que sobrar dele 31M ao ano em 2022. Existe um melhor-cenário possível para Boston no qual Price tem três ótimos anos - três anos onde ele é bastante capaz e talvez até provável de fazer jus ao seu valor anual, tendo 6+ de fWAR nos seus dois últimos anos - e depois opta por sair do seu contrato. Price terá apenas 33 anos em 2016, e se estiver jogando em alto nível pode querer garantir sua segurança financeira em um contrato mais longo. É possível.

Javert: É um cenário possível, mas improvável. Pense assim: porque um jogador iria aceitar esse tipo de contrato? Por que ele oferece nenhum risco e toda a segurança do mundo. O time todo assume o risco. Se Price jogar bem, ele pode realmente optar por sair do seu contrato em troca da segurança de um contrato mais longo, mas ele terá 33 anos então, e como eu já disse esse é o contrato com maior valor por ano da história da MLB. É bastante possível que mesmo jogando bem, Price ainda não ache um contrato que pague mais que os 124M que o Sox lhe deveria. 

E claro, tem o reverso da moeda: se por qualquer motivo Price não tiver sucesso, ou pior, sofrer uma lesão (lembrando que arremessadores são bem mais vulneráveis a lesões, ainda mais nessa época de Tommy John Surgery) ele está garantido de qualquer forma. Tudo que tem que fazer é aceitar sua opção que ele tem garantia de 31M por ano até sua possível aposentadoria. Existe sim um cenário positivo para Boston, mas a grande probabilidade é que Price aceite sua opção e Boston acabe com um albatroz na mão.

Ah sim, e fica pior. Boston não acabou de se queimar por sair no mercado e pagar grande dinheiro pelos jogadores errados? Que eu me lembre, na última offseason Boston também botou a mão no cofre e desembolsou 200 milhões em Sandoval e Hanley Ramirez... que combinaram para -3.8 fWAR em 2015, dois dos três piores jogadores da temporada. Agora o time está comprometendo contratos imensos para Hanley, Sandoval, Price e Pedroia, sendo que os dois últimos ainda são bons jogadores mas cujos contratos devem durar até depois do seu valor em campo ser aproveitado. Boston está seguindo por um perigosíssimo caminho, que é o de encher seu elenco de veteranos improdutivos mas que recebem demais e ocupam toda a folha salarial da equipe no longo prazo... que aliás foi EXATAMENTE o que acabou com o Tigers de Dombrowski. 

Jean: Vale a pena apontar, no entanto, que em 3 anos - quando Price tem a sua opt out - acaba o contrato de Ramirez, e Sandoval só tem mais um. Ou seja, é possível que o time limpe dois enormes contratos de uma vez só em 2018, e mesmo se Price ficar, o final dos contratos de Hanley e Sandoval coincide com a parte do contrato de Price que deve começar a ficar problemática. Nesse ponto, a folha salarial de Boston deve dar uma limpada para trazer os novos reforços e assumir o futuro da equipe.

Importante lembrar também que 2018-2019 - esse período onde os contratos de Sandoval, Hanley e talvez Price acabam - é quando os principais jovens talentos do time como Bogaerts e Mookie Betts estarão entrando na free agency, então não é como esses contratos ruins estariam impedindo a renovação dos jovens craques do time. Essa inclusive é a vantagem de montar um bom time pelas minor leagues: como várias posições importantes do time estão ocupadas por jogadores ganhando um mínimo, você tem mais dinheiro sobrando para direcionar a nomes maiores. Os contratos podem ser ruins, mas a timeline da equipe bate. 

Javert: Acabei de escutar um ronco, acho que o chefe está acordando. Alguma consideração final?

Jean: Queria lembrar que, apesar dos contratos ruins em um vácuo, precisa ser lembrado que Boston está querendo vencer agora. E nesse contexto, a chegada de Price faz sentido, um talento de elite que cobre a maior fraqueza do time e reforça as chances da franquia de competir logo - especialmente antes de Ortiz aposentar. 2015 foi um ano péssimo pro Red Sox, mas também foi um ano onde muita coisa deu errado. O time sabe que tem mais talento que isso, tem um núcleo bastante jovem que deve evoluir a alta velocidade, ainda tem boas peças veteranas... é uma boa combinação, tanto que muita gente apostava em Boston como um forte candidato a dar a volta por cima em 2016. E agora eles adicionaram David Price para a mistura. Em contexto, o plano me parece bastante claro, e Price encaixa nessa visão. Mesmo se o contrato, em um vácuo, for bastante... erm... polêmico.

Javert: Sempre habilidoso com as palavras. Eu teria mais fé no Dombrowski se ele não tivesse trocado quatro prospectos, inclusive dois Top50, por um closer semanas depois de chegar em Boston. Mas I digress.

Jean: Bem, acho que nosso tempo acabou. Vou ligar o Netflix e maratonar Jessica Jones. E você?

Javert: Lakers e Sixers está rolando. Preciso me lembrar que existe algo pior no mundo dos esportes nesse momento do que a folha salarial do Red Sox.


segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Hack-a-Cast: Power Ranking NBA


A temporada da NBA está prestes para começar e como parte do preview do Spinball Net e Two-Minute Warning lançamos um podcast completo sobre a prévia da nova campanha. Análise dos 30 times em formato Power Ranking, do primeiro ao último.

Passamos por cada equipe falando do ponto forte, o que esperar na nova temporada e o League Pass Ranking - que consiste em classificar por nota se o time é bom ou não para assistir.

Como ficou grande, cerca de 2h30, resolvemos dividir em duas parte. A primeiro fica para os últimos 15 times lista, seguido dos melhores na segunda e final.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Distribuindo prêmios para a temporada 2015 da MLB

Ele não aparece na coluna, mas o prêmio "Pedro Martinez de
Jogador Mais Carismático do Ano" vai para Bartolo Colón!


Apesar do triste fato de que meu Red Sox foi um fiasco desde o primeiro dia da temporada e pagou 205 milhões de dólares (algo como 392 bilhões de reais no câmbio atual) na offseason para dois jogadores que totalizaram -3.7 fWAR (entre jogadores com 400+ passagens pelo bastão, Sandoval é o segundo pior e Hanley o terceiro pior em fWAR, atrás apenas de Victor Martinez) 2015 foi uma das minhas temporadas favoritas da MLB que eu lembro de ter assistido.

Teve de tudo: performances históricas de múltiplos jogadores, trocas bombásticas, grandes surpresas, grandes decepções, uma safra histórica de calouros, grandes jogos, e tudo que você poderia pedir em uma temporada. E, enquanto os playoffs não chegam, não consigo pensar em uma forma melhor de terminar a temporada regular com uma fantástica disputa pelos prêmios individuais da temporada. Ainda que a MLB seja péssima em dar esses prêmios de forma inteligente, eu ainda tenho um estranho fascínio por eles. E, todo final de temporada, não consigo deixar de fazer minha lista pessoal de quem iria no meu ballot que nunca terei.

E eu pessoalmente não lembro de ter visto uma disputa melhor pelos prêmios individuais, de modo geral, do que está acontecendo em 2015. Dos 6 prêmios principais da temporada (e eu estou excluindo Manager of the Year por ser o pior prêmio dos esportes), TRÊS são disputas extremamente parelhas sem um claro favorito, QUATRO ainda estão bem abertas, e duas ou três envolvem performances históricas de pelo menos um jogador. Isso obviamente gera muito chorume na internet, mas também abre espaço para debates muito interessantes. Então vamos fazer nosso giro tradicional pelos prêmios individuais da MLB, começando com o menos disputado.

Colunas escritas e estatísticas válidas até 03/10, exceto a parte do MVP da AL e quando mais for avisado o contrário. 


National League MVP

É, esse é bem óbvio.

Absurdamente, a verdade é que existe uma chance real de Bryce Harper não vencer esse prêmio, o que seria um dos maiores roubos da história da MLB. Infelizmente, alguns dinossauros ainda acham que para ser o MVP seu time precisa ter ido aos playoffs, o que é patético porque você está usando um fator coletivo (vitórias do time) para julgar um prêmio individual. Sim, o Nationals não vai para os playoffs, mas que culpa Bryce Harper tem que seus companheiros não foram bem durante o ano, que o time foi assolado por lesões, e que a troca do Jonathan Papelbon falhou miseravelmente? Ao mesmo tempo, outro grande craque, Andrew McCutchen, teve uma temporada muito boa, ainda que muito inferior à de Harper... só que seu time foi aos playoffs. O fato de Cutchen ter ido aos playoffs e Harper não não tem NADA a ver com suas performances individuais, e sim com a performance do resto da equipe - porque deveria então premiar individualmente McCutchen sobre Harper sendo que a diferença foi ter companheiros melhores?

Claro, eu não digo que não se deve NUNCA olhar a performance da equipe. Entendo o conceito de valor relativo, e não sou contra se considerar tal fator em escalas menores, ou mesmo como critério de desempate entre dois jogadores muito próximos (vejam o próximo prêmio). Mas quando você tem um jogador sendo CLARAMENTE superior por uma grande margem aos demais, você não pode me dizer que ele não é o MVP. E esse é o caso de Bryce Harper.

Então vamos aos números. Harper lidera com folga a NL (e toda a MLB) em fWAR, com 9.5 - duas vitórias inteiras acima do segundo colocado. Harper também está rebatendo ridículos .331/.461/.646 na temporada com 41 HRs (líder da NL), o que da um wRC+ de 197 (ou seja, ajustando para estádio, a produção por at bat de Harper é 97% superior a de um jogador médio da MLB), com folga a melhor marca da liga (Votto é o segundo com 175). Deixe eu tentar colocar isso em contexto...

Bryce Harper: .331/.461/.646, 197 wRC+, 41 HRs.
Jogador B: .356/.499/.648, 209 wRC+, 36 HRs.

Sim, eu sei que o jogador B foi melhor, mas olhe um pouco para esses números. Um pouco mais. Deixe entrar o quão absurdos eles são. Pronto?

Bem, o primeiro obviamente é de Bryce Harper na temporada 2015, com 22 anos. O Jogador B, por outro lado, é ninguém menos que o segundo melhor rebatedor da história do esporte, Ted Williams, na sua temporada 1942 - com 24 anos. Em outras palavras, aos 22 anos Harper acabou de ter uma temporada comparável a uma temporada do auge de Teddy fucking Ballgame!! Eu já mencionei que Harper tem 22 anos? Isso é insano. Legitimamente surreal.

Espere ai, ainda não terminei de falar do quão ridícula está sendo a temporada de Bryce Harper. Desconsiderando o fato de que nenhum jogador em atividade na MLB teve uma temporada com wRC+ que chegue no nível dos 197 de Harper - nem Trout, nem Miguel Cabrera, nem Albert Pujols, nem Joey Votto, nem Alex Rodriguez - porque ele é pouco para o que o canhoto fez essa temporada, vamos tentar olhar um contexto um pouco mais histórico:

1. O único jogador da HISTÓRIA do baseball com wRC+ melhor que o de Bryce Harper em 2015 com 22 anos ou menos foi Ted Williams (221 no ano que rebateu .400). Ninguém mais.

2. Harper está com 9.5 de fWAR na temporada. Com um restinho de temporada pela frente, ainda pode chegar a 10.0 de fWAR em 2015. Os únicos jogadores da Live Ball Era a atingir esse feito com 22 anos ou menos foram Ted Williams e Mike Trout... que é tão ridículo que fez isso DUAS vezes. Se acabar com 9.5 mesmo, fica atrás apenas de Ted, Trout e Stan Musial. Excelente companhia.

Nota: Harper terminou o ano com 9.6 fWAR

3. Ted Ballgame se aposentou em 1960. Desde então, os únicos jogadores a terminarem uma temporada completa com wRC+ superior aos 197 de Harper foram Barry Bonds, Mike Schmidt, George Brett, Mark McGwire e Dick Allen. Ainda é possível que Bryce Harper termine 2015 com a melhor temporada ofensiva não-PEDs de um jogador desde 1960. Leia isso de novo. Eu já disse que Harper tem 22 anos?

Nota: Harper terminou o ano com 198 wRC+, a segunda melhor temporada ofensiva completa sem PEDs desde 1960 atrás apenas de Dick Allen em 1972.

4. Nenhum jogador com 22 anos da história do esporte teve taxa de walks melhor que os 19.2% de Harper. Nunca aconteceu. 

A temporada do Bryce Harper foi tão ridícula que eu não dei conta de compilar fatos suficientes sobre o quão ridículo ele é e/ou tem sido. Então pedi ajuda do mestre das estatísticas históricas de baseball, o fantástico Ryan Spaeder (sigam ele no twitter, sério. Agora!), para me mandar algumas estatísticas divertidas sobre esse monstro mitológico. Eis o que ele tinha a dizer:

1. Bryce Harper agora detém o recorde de bWAR para temporadas de jogadores com 19 anos (5.1) e 22 anos (10.2) na história do esporte

2. Em 2015, Bryce Harper se tornou o jogador mais jovem da história do esporte com 40 HRs e 120 walks em uma temporada. O recordista anterior? Babe Ruth. Com 25 anos. 

3. Bryce Harper tem 10.2 bWAR em 2015. Isso é mais que as melhores temporadas da CARREIRA de Albert Pujols (9.7), Ken Griffey Jr (9.7) e Hank Aaron (9.4). Você sabia que Br... pensando bem, sabe sim.

4. Bryce Harper tem 124 walks essa temporada. Isso é mais que a melhor marca da carreira de Sammy Sosa (116), Albert Pujols (115), Willie Mays (112), A-Fraud (100), Ken Griffen Jr (96) e Hank Aaron (92).

5. Em 114 jogos entre 6 de maio e 21 de setembro, Bryce Harper rebateu .376/.486/.726.

6. Dia 11 de Agosto, Bryce Harper atingiu a marca de 7.2 bWAR na temporada. Isso é igual ao TOTAL que Miguel Cabrera teve na temporada toda no ano que ganhou a tríplice coroa. 

7. Bryce Harper em 2015 lidera a NL em WAR, oWAR, wRC+, OBP, SLG, ISO, OPS, OPS+, wOBA, BB%, R, TB, HR, OffW%, RE24, WPA/LI, REW, WAA e Rbat.

Então a verdade é que Bryce Harper está tendo uma temporada tão superior a todo o resto do baseball que compará-lo com seus colegas não é mais suficiente - para uma comparação justa, precisamos recorrer às maiores ofensivas da história do baseball e seus maiores jogadores. Ele tem sido bom a esse ponto. Bryce Harper fez história em 2015, com uma das melhores temporadas da história do esporte. E qualquer jogador bom a esse ponto é o MVP, não importa se o seu time foi para os playoffs ou não. 

E antes de passar para a próxima categoria, deixo vocês com meu fato favorito, mais uma vez cortesia do grande Ryan Spaeder.

Slash line na carreira depois de 500 jogos:

Jogador A: .255/.345/.465
Jogador B: .299/.365/.488
Jogador C: .296/.385/.507
Jogador D: .291/.386/.521

Jogador A é Barry Bonds. Jogador B é Ken Griffey Jr. Jogador C é Willie Mays.

E o jogador D é Bryce Harper.

NL MVP Ballot: 1. Bryce Harper; 2. Joey Votto; 3. Arremessador A; 4. Arremessador B (Hold that thought...); 5. Paul Goldschmidt 6. Buster Posey; 7. Kris Bryant; 8. AJ Pollock; 9. Andrew McCutchen; 10. Jason Heyward.


American League MVP

Eu não sei o que foi mais difícil nesse prêmio: decidir quem foi o MVP entre Mike Trout e Josh Donaldson, ou decidir o resto do meu ballot. Sério, tente fazer esse exercício: como ficaria o resto do Top10 para AL MVP? É impossível. Por isso eu trapaceei e, diferente do NL MVP (que tem pelo menos uns 15 caras que eu queria citar e acabei colocando 10), vou fazer só um Top6. Minha coluna, minhas regras. Me processem.

De volta ao MVP da AL, acho que é óbvio para qualquer ser humano normal que a disputa só pode ser entre dois jogadores, Trout e Donaldson. Eles tem sido consideravelmente superiores a todos os demais jogadores da liga, com ambos no Top4 em wRC+ na AL (1st e 4th, respectivamente) e  Trout a 2 vitórias inteiras acima do terceiro colocado da AL em fWAR (Manny Machado). Não existe nenhuma alternativa realista ao prêmio de MVP que não esses dois.

Decidir entre Trout e Donaldson, por outro lado, é uma tarefa bastante difícil, pois os dois estão bastante próximos. No bastão, Trout tem uma vantagem considerável sobre Donaldson e qualquer jogador da AL: o OF do Angels tem uma slash line impressionante de .298/.400/.588 que é bastante superior aos (também ótimos) .298/.373/.571, e isso antes de lembrar que Trout joga em um dos estádios mais desfavoráveis para rebatedores da liga, e Donaldson em um dos mais favoráveis. Juntando tudo, Trout tem um wRC+ de 171 (ou seja, foi 71% melhor que um rebatedor médio da MLB por at bat) - a melhor marca da AL - e Donaldson de 155. Incluir baserunning na equação não tira a vantagem de Trout: o OF roubou mais bases mas também foi mais vezes eliminado, e Donaldson é um corredor bastante inteligente, mas a diferença é mínima: BsR diz que Trout gerou 3.3 corridas com as pernas acima da média, e Donaldson 3.9. Diferença pequena.

Do lado defensivo da bola, por outro lado, é que Donaldson tira essa diferença (ou pelo menos uma parte dela). Trout é um sólido defensor no campo externo - +0,4 UZR, +5 DRS e +2.3 Defensive Rating - mas Donaldson (um ex-catcher, btw) é um defensor de elite no canto do infield: +7.9 UZR, +11 DRS, e +9.4 Defensive Rating, a terceira melhor marca entre 3Bs qualificados da American League (Beltre e Machado). Se Trout tem vantagem no ataque, Donaldson tem vantagem na defesa.

Então se queremos decidir quem foi o jogador que mais gerou valor para seu time em 2015, Trout ou Donaldson, tem a questão importante é a seguinte: a vantagem de Donaldson do lado defensivo é o suficiente para compensar a vantagem de Trout no ataque? Eu acho que não, e as estatísticas concordam comigo: Trout tem uma vantagem tanto em fWAR (8.9 a 8.7) como bWAR (9.3 a 8.9), ainda que pequena. Se você me obrigar a dizer quem foi o melhor jogador da AL em 2015, eu direi que foi Mike Trout.

Nota: Trout terminou o ano com 9.0 de fWAR, e Donaldson com 8.6.

Ainda assim, pelo fato de que as estatísticas defensivas ainda não tem uma precisão perfeita, não é uma boa idéia levar WAR de forma absoluta para pequenas diferenças - uma pequena mudança em DRS ou UZR já seria suficiente para cobrir essa diferença. Por mais que eu acredite que Trout tenha sido o melhor jogador em 2015, não acho que essa diferença pequena em WAR (especialmente em fWAR, que eu confio muito mais) seja suficiente para dizer que Trout foi comprovadamente melhor. Pode-se dizer que os dois estão quase em empate técnico - com a diferença entre eles dentro da margem de erro.

Então se o valor absoluto dos dois foi igual - ou pelo menos muito próximo - precisamos procurar novas formas de decidir nosso MVP. Não existe escolha errada entre esses dois, é uma questão de opinião. E então podemos começar a usar alguns fatores mais abrangentes para separar os dois - como por exemplo, o contexto dos times nos quais jogam.

Eu acho ridículo, absurdo e patético - como eu disse acima - a idéia de que a campanha da equipe tem que ter um peso grande na votação para MVP. Sendo um prêmio individual, essa idéia de que você só pode vencer o prêmio se seu time foi para os playoffs é de um nível de mente pequena assustador. Não existe um esporte coletivo mais individual que baseball, e a performance coletiva não deveria ser usada quase que como uma "condição" para um jogador disputar o MVP: se seu time foi, está dentro, se não foi, está fora. Eu sei que o prêmio é para o mais "valioso", não para o "melhor" jogador, mas que valor um jogador tem pelo nível dos seus companheiros?!

No entanto, isso não quer dizer que você não possa aplicar um pouco de análise contextual - ou seja, falar um pouco do time - como um critério menor, por exemplo como desempate entre dois jogadores praticamente empatados, como é o caso em questão. Então se você quiser me falar que seu voto vai para Donaldson porque sua temporada fantástica veio para um time melhor e que vai aos playoffs, e portanto o valor adicionado pelo jogador teve um peso mais significativo na big picture da temporada... eu não tenho um problema com isso. Na verdade, é o que eu acho que vai acontecer, e se for verdade, eu estarei tranquilo. Donaldson seria um vencedor merecedor do prêmio de MVP.

Mas eu olho por outro ponto de vista. Hoje (domingo) é o último dia da temporada regular da MLB, e o Angels ainda está jogando para chegar aos playoffs - ou seja, mesmo se acabarem fora dos offs, definitivamente, não é como se a temporada do Angels não tivesse sido competitiva, ou não tivesse valor no big picture da temporada. Eles chegaram até o último dia com chances. Só você já viu o resto do time do Angels ao redor de Mike Trout?! É um milagre que tenham chegado até aqui tão próximos ainda com chances!!

O rebatedor de leadoff do Angels, Erick Aybar, teve OBP de .303 na temporada. Seu rebatedor de cleanup, Albert Pujols, rebateu 40 HRs, mas também perdeu tempo com lesões e teve OBP de .310. O único jogador do time além de Trout com fWAR acima de 2.5 foi Kole Calhoum... que você não vai acreditar nisso, mas teve OBP de .310. O Angels até jogou com Matt Joyce por incríveis 93 jogos (!!) pela falta de opção melhor. Mike Trout tem 8.9 de fWAR - todo o resto dos rebatedores do time SOMADOS tem 11.2 fWAR. Leia isso de novo. É um desastre de lineup, um dos piores da MLB uma vez que se tira Trout da equação.

E não é como se as coisas ficassem melhores do outro lado da bola. O melhor arremessador do time em 2015 foi Garrett Richards, que teve um FIP abaixo da média (ajustando por estádio) para titulares da AL com 3.83 (2.5 fWAR). Dois três pitchers seguintes com mais entradas arremessadas pelo Angels em 2015 (Hector Santiago, Matt Shoemaker, e notório lançador de pudim Jered Weaver), NENHUM DELES teve fWAR acima de 1. UM! O Angels termina a temporada com a terceira PIOR rotação titular de toda a American League. Nenhuma ajuda desse lado da bola também.

Então é, Donaldson teve a chance de brilhar por um Blue Jays que vai aos playoffs com certeza e foi o melhor time da AL em 2015. Mas o Jays também teve Edwin Encarnacion (12h em fWAR na AL), Jose Bautista (16th), Kevin Pillar (19h), Russell Martin (30th, com ótima defesa e bom pitch framing) e David Price (provável Cy Young da AL), enquanto o Angels não teve ninguém além de Trout. Tire Donaldson do Jays e eles certamente perdem muito, mas provavelmente ainda é um time que vai aos playoffs. Tire Trout do Angels e o time de Anaheim se torna um time abaixo de .500, que não chegaria nem PERTO dos playoffs e teria trocado seus principais jogadores muito tempo atrás pensando no futuro. Só por causa de Trout eles se mantiveram o ano todo na briga, e chegam nesse último dia de temporada regular com chances de playoffs. Você não vai encontrar outro jogador com maior impacto nesse sentido do que Mike Trout.

Junte isso ao fato de que, a meu ver ele, foi melhor do que Donaldson - por muito pouco, mas foi -  e você tem que Trout não foi só o melhor jogador da AL em 2015, mas também o mais valioso. Mike Trout é o meu AL MVP de 2015.

(Só para não deixar batido, mas Kevin Kiermaier, CF do Rays, teve possivelmente a melhor temporada defensiva de um OF na era das estatísticas defensivas, desde 2002: 41 DRS - o recorde anterior era 35 do Franklin Gutierrez em 2009 em 200 entradas a mais - e 29.3 UZR com 40.2 UZR por 150 jogos - melhor marca para um mínimo de 1000 entradas antes era 32 (!!!) do Brett Gardner em 2011. Esses 41 DRS também são a melhor marca para QUALQUER posição em uma temporada desde que a estatística foi criada. Adicione a essa defesa histórica um bastão médio e sólido baserunning, e Kiermaier é um muito merecido candidato a entrar em qualquer ballot de MVP. Ele não vai, porque ninguém presta atenção na defesa na hora de dar esses prêmios, mas ele merece.)

NL MVP Ballot: 1. Mike Trout; 2. Josh Donaldson; 3. Manny Machado; 4. Lorenzo Cain; 5. Kevin Kiermaier; 6. Chris Davis.


National League Cy Young

Uma das melhores corridas para Cy Young que eu lembro nos últimos anos. Entre Clayton Kershaw, Jake Arrieta e Zack Greinke, temos três arremessadores com temporadas fantásticas que disputam esse prêmio a unhas e dentes.

E dependendo do critério que você usar para definir seu Cy Young, você vai chegar em um resultado diferente. Se for por FIP, Kershaw é o claro favorito e líder da liga na categoria.. Se for por ERA, vai chegar em Greinke, líder da categoria que aliás também é o melhor rebatedor dos três. E se for por algum meio termo entre os dois, vai chegar em Jake Arrieta, que é #2 em ambos. Na verdade, eis a colocação dos três jogadores entre arremessadores da NL para diferentes categorias:


Bem parelho. Dependendo do ponto de vista, cada um tem um caso a ser feito.

Então como vamos escolher um sobre os demais? Bem, vamos por partes...

Embora ainda seja a estatística mais popular e mais usada, a verdade é que ERA é uma estatística útil, mas insuficiente. Já foi há muito provado que ERA é uma estatística influenciada por diversos fatores que estão além do controle de um arremessador, de forma que julgar um pitcher por ERA significa estar dando (ou tirando) crédito ao jogador por fatores externos a sua performance. Não que não possa existir nenhum mérito do arremessador em um ERA mais baixo, mas 95% (btw, não é figura de linguagem, esse é um número real de estudos sobre o assunto) da diferença entre o ERA e o FIP de um pitcher vem de BABIP e LOB% - duas estatísticas que os jogadores tem pouquíssimo controle sobre. FIP não é perfeito de modo algum, mas é uma forma melhor de avaliar sua performance.

Se você não acredita em mim, vamos dar uma olhada em Greinke, considerado por muitos o favorito ao prêmio. Seu ERA de 1.68 é ridículo e histórico, e Greinke merece ser celebrado por isso. Mas será que todo o mérito disso vem do arremessador? Usando FIP - que usa apenas elementos que o SP controla, como walks, strikeouts e HRs cedidos - Greinke tem 2.75, uma enorme diferença para seu ERA. E embora você possa argumentar que a diferença é mérito do jogador, é difícil sustentar esse argumento com fatos. Ao longo de sua carreira, Greinke nunca mostrou uma capacidade de gerar esse tipo de diferença entre ERA e FIP - na verdade, na sua carreira, Greinke tem um ERA MAIOR que seu FIP por 4 pontos (3.36 contra 3.32). Seu ERA extremamente baixo vem de dois fatores: um BABIP de .232 (média da liga é de .298) e um LOB% (porcentagem de jogadores que chegam em base e que não anotam corrida) de 86% (média da liga: 72.3%).

E, de novo, Greinke nunca foi capaz na sua carreira de controlar esses arremessos de forma diferenciada (nem nenhum arremessador da história, mas I digress): seu BABIP da carreira é de exatos .298, e seu LOB% de 74.9%. Então a não ser que o seu argumento seja que de repente, aos 31 anos, sem nunca ter mostrado nenhuma tendência disso na vida, Greinke descobriu uma forma milagrosa de controlar dois fatores que nenhum pitcher da história conseguiu controlar, é meio difícil argumentar que o ERA de Greinke seja realmente seu mérito e que isso faça dele o Cy Young. Não que o destro não esteja tendo uma temporada fantástica por seus próprios méritos, ele está... só não tão boa quanto parece a primeira vista.

Kershaw, por outro lado, tem um ERA de 2.16 mas sustentado por um FIP de 2.04, o melhor da liga de longe... e que aliás é o melhor da MLB para um arremessador com 200+ IP desde Pedro Martinez em 1999. Mesmo ajustando para o ambiente menos prolífico para rebatedores de hoje e as dimensões muito favoráveis do seu estádio, ainda é o quinto melhor FIP desde 2000, perdendo apenas para Pedro e Randy Johnson, os dois maiores SP da história do esporte.

E isso é fácil de identificar olhando para os números certos: Kershaw conseguiu strikeouts em 33.5% de seus confrontos (de novo, desde 2000 perdendo apenas para Pedro e Randy) - muito superior aos 23.6% de Greinke - e ainda cedeu walks em apenas 4.8%, o mesmo número do seu companheiro de time. Greinke tem obtido sucesso limitando o contato forte feito pelos rebatedores, cedendo bolas rebatidas classificadas como "forte" apenas em 27% das passagens pelo bastão... mas Kershaw cedeu em apenas 25.2%. Não importa onde você olhe, canhoto continua sendo o melhor arremessador do time. 

Mas se você quer achar uma disputa para Kershaw pelo prêmio, não é para Zack Greinke que deveria olhar. É para Jake Arrieta. 

O FIP do destro do Cubs é o segundo melhor da NL atrás apenas de Kershaw, com 2.35, e a diferença é menor do que parece quando lembramos que Kershaw joga em um dos estádios mais favoráveis da MLB. E, assim como Greinke, Arrieta tem um ERA superior ao astro do Dodgers, com 1.77. E se você quer argumentar que existe um arremessador na NL que poderia ter uma chance de ter um impacto real nessa diferença entre ERA e FIP, esse é Arrieta: o astro do Cubs tem cedido bolas rebatidas de forma "forte" à menor taxa da NL, e tem induzido contatos "fracos" com a terceira maior frequência da liga, estando em ambas as categorias melhor do que Greinke e Kershaw. 

Então vamos deixar ERA e FIP de lado por um instante e olhar uma terceira variável que tem se tornado cada vez mais usada no meio analítico para avaliar arremessadores: a performance dos rebatedores quando enfrentam-no. Não é um método perfeito, assim como FIP, mas é melhor do que ERA e um ponto de vista diferente. Para isso, vamos usar wOBA ajustado por estádio. E, para minha surpresa, quem lidera a NL com alguma folga é Jake Arrieta: rebatedores tem um wOBA ajustado de .225 quando enfrentam o destro do Cubs. Greinke (.234) e Kershaw (.242) tem ótimos números por mérito próprio que são inclusive inferiores aos do PIOR rebatedor qualificado da temporada (Chris Owings, com .258), mas Arrieta deixa os dois para trás na categoria. Claro, isso não é uma medida final: wOBA é mais interessante do que ERA por tirar LOB% da equação, mas ainda é influenciado por BABIP, ainda que em menor medida que ERA. Mas é um bom parâmetro para se olhar quando tentamos separar três arremessadores tão próximos.

E ainda tem o seguinte: Arrieta tem sido insano na segunda metade da temporada. Desde o All Star Game, Arrieta tem FIP de 2.00, ERA de 0.75 e um wOBA dos oponentes de .186 em 107.1 entradas arremessadas. Esse ERA de 0.75 na verdade é o melhor ERA da segunda metade de uma temporada na história do baseball. Entre Agosto, Setembro e Outubro, o destro tem 0.43 de ERA - isso da QUATRO corridas merecidas em dois meses e uma semana. Eu não sei o quanto isso deveria considerar na hora de avaliar o Cy Young - que afinal é um prêmio para a temporada inteira - mas os seres humanos tem um certo viés para eventos mais recentes, e acho que será algo que acabará mandando alguns votos na direção de Arrieta na hora de preencher os ballots.

No final, eu acabei chegando muito, muito perto de dar o Cy Young para Jake Arrieta. Mas no fundo, a questão Kershaw vs Arrieta se resumia à especulação e às possibilidades sobre o controle que Arrieta poderia ter sobre seu ERA contra os fatos que são os periféricos de outro mundo de Kershaw. E por mais que eu tenha adorado assistir Arrieta arremessando mais do que qualquer outro pitcher da MLB em 2015 e ache sua temporada fantástica, eu não consigo colocar a especulação na frente dos fatos. A diferença é muito, muito pequena e Arrieta será um vencedor digno se ficar com o prêmio. Mas meu voto vai para Clayton Kershaw. De novo.

NL Cy Young Ballot: 1. Clayton Kershaw; 2. Jake Arrieta; 3. Zack Greinke; 4. Madison Bumgarner; 5. Max Scherzer.


E, para deixar claro, Arremessadores A e B do meu Ballot para MVP são, naturalmente, Kershaw e Arrieta. Eu só não queria estragar a surpresa. Então oficializando:


NL MVP Ballot: 1. Bryce Harper; 2. Joey Votto; 3. Clayton Kershaw; 4. Jake Arrieta; 5. Paul Goldschmidt 6. Buster Posey; 7. Kris Bryant; 8. Andrew McCutchen; 9 Jason Heyward; 10. Anthony Rizzo.


American League Cy Young

A disputa Kershaw vs Arrieta pelo Cy Young da NL seja a melhor disputa desse prêmio que eu lembro de ter visto em anos. Mas embora a disputa pelo Cy Young da AL não envolva esses números e performances históricas, a disputa ainda está muito parelha e interessante.

Assim como na NL, a meu ver, a corrida pelo prêmio envolve três jogadores: David Price, Dallas Keuchel e Chris Sale. Cada um tem um caso diferente a ser feito, e bastante convincente. Então me permitam fazer rapidamente (ok, talvez nem tão rápido assim) o caso para cada um dos três canhotos.

Para David Price, que começou o ano no Tigers e encerrou no Blue Jays, o caso é bastante simples e direto: o canhoto lidera a liga americana tanto em ERA (2.45) como fWAR (6.4), é o segundo em entradas arremessadas (220.1), e ainda recebe pontos bônus por ter mantido sua dominância (e até melhorado, na verdade) mesmo trocando de time no meio do ano e tendo que se adaptar a um estádio novo e companheiros novos. Price é também o segundo da AL em FIP, oitavo em K% e sexto em BB%. Price é quem tem o caso mais fácil e mais claro para ser o Cy Young.

Keuchel, por outro lado, é um caso mais interessante e que precisa ser esmiuçado mais a fundo. Superficialmente, sua temporada já parece bem boa: terceiro em fWAR (6.1), segundo em ERA (2.48), sexto em FIP (2.91)... e, se você gosta dessa estatística imbecil, é o líder em vitórias (20). Mas tem outras duas estatísticas menos olhadas que falam mais sobre Keuchel: é o líder em entradas arremessadas (232) E em induzir groundballs (61.7%). Sobre a primeira, eu não preciso dizer a importância - se você arremessa mais entradas, você tem a chance de contribuir mais com seu time, manter seu bullpen mais fresco (melhorando sua performance), e por ai vai. A segunda é um ponto mais complicado, mas vamos começar com o seguinte: groundballs não viram home runs. Em outras palavras, se você está induzindo ground balls, você está limitando as oportunidades do adversário de mandar HRs. E ai você olha que Keuchel induz GBs 61.7% do tempo, e Price 40.4%... e ainda assim ambos estão quase empatados em HR/9 entradas: .66 para Keuchel, e .69 para Price.

O que acontece é que Price está cedendo HRs em 7.8% das suas fly balls, e Keuchel em 13.6%. Ainda que arremessadores tenham algum controle sobre essa proporção, fato é que a taxa de Price está bastante abaixo sua média da carreira (9.1%), e isso antes de considerar que o canhoto passou 2/3 da sua temporada arremessando em Detroit, um estádio muito mais favorável para conter HRs do que o Minute Maid Park onde Keuchel arremessou o ano todo. Em outras palavras, ainda que Price esteja sendo mais dominante em um nível per-inning, a dominância de Keuchel (especialmente no que tange aos Home Runs) é mais sustentável pelos parâmetros, e portanto mais mérito individual do arremessador e menos dependente de fatores externos. Some isso ao seu maior número de entradas arremessadas e o impacto que isso teve em preservar um dos bullpens mais eficientes da temporada, e o total da temporada de Keuchel pode muito bem ser superior à temporada de Price. Eu não gosto de bWAR para pitchers, mas é por essas e outras que ele lidera a AL com folga no quesito a 7.3.

Por fim, temos Chris Sale, que lamentavelmente está praticamente fora da discussão atualmente por Cy Young. O que é ridículo, porque Sale certamente tem as credenciais para isso. Lembra que Price é o segundo em FIP, sexto em K% e oitavo em BB% da liga? Acontece que Sale é o líder da AL em FIP (2.74), K% (32.1%, a segunda melhor marca na AL desde Pedro Martinez em 2000) e é segundo em BB% (4.9%), e isso tudo antes de considerar que Sale joga no terceiro pior estádio para arremessadores da AL. Sale tem sido mais dominante do que qualquer outro arremessador da AL essa temporada.

Então porque diabos Sale está sendo excluído das conversas para Cy Young? Por causa do seu ERA de 3.41, quase uma corrida inteira acima de Price e Keuchel. E isso é ridículo, porque o motivo para esse ERA alto é muito óbvio, e em nada culpa de Sale: o Chicago White Sox tem a pior defesa da temporada. De acordo com UZR, a defesa do White Sox custou ao time 39.9 corridas a mais que uma defesa média, a pior marca da temporada de longe, e DRS diz que foram 37 corridas - terceira pior marca da liga e segunda pior da AL. Do outro lado, as defesas de Astros, Tigers e Blue Jays foram a segunda, terceira e sexta melhores da AL na temporada (por DRS). Então por DRS, a diferença entre as defesas do time de Sale e dos de Keuchel e Price foi de 60 corridas. E ai, ficou mais fácil entender porque o ERA alto do Sale não é realmente um fator relevante para tirá-lo da disputa do prêmio, e sim um fator externo sobre o qual o canhoto não teve nenhum controle? E isso, claro, antes de entrar nos outros problemas de ERA, como impacto de fatores além do controle dos arremessadores. Então se você conseguir olhar além de ERA, vai enxergar que Sale foi por uma boa margem o mais dominante arremessador da MLB em 2015.

Em resumo, a verdade é que os três arremessadores tem excelentes argumentos para vencer esse prêmio, e estão separados por muito pouco. A questão é menos qual deles merece mais que os outros, e sim quais critérios cada pessoa decide olhar para tomar uma decisão. Se for olhar para os resultados, Price é a escolha fácil. Se olhar para a questão da dominância, então Sale é a melhor escolha. E se considerar sustentabilidade e impacto total para seu time, então Keuchel possivelmente tem o melhor caso dos três. No final do dia, depende muito mais do critério usado para avaliar. Eu pessoalmente valorizo mais dominação e uma performance individualmente superior para o prêmio de Cy Young, e por isso, fico com Chris Sale. Mas qualquer um dos três se ganhar o prêmio será um vencedor digno e terá feito por merecer. Excelente disputa.


AL Cy Young Ballot: 1. Chris Sale; 2. David Price; 3. Dallas Keuchel; 4. Corey Kluber; 5. Chris Archer.


National League Rookie of the Year

A segunda e última disputa sem muita graça da temporada, porque tem um claro vencedor. Kris Bryant não é só o melhor calouro da temporada, ele foi um dos melhores JOGADORES da temporada, ponto. Tanto que, se você prestou atenção, ele ficou em sétimo no meu ballot para MVP. 

O engraçado é que, no começo da temporada, parecia que essa seria a melhor disputa da temporada. Bryant e Joc Pederson chegaram tomando a liga de assalto e estavam pescoço a pescoço disputando o posto de melhor calouro do ano... até que Bryant começou a rebater HRs monstruosos e Pederson esqueceu de como se acertar uma bola de baseball. Bryant termina a temporada com 26 HRs (melhor marca entre calouros), uma slash line de .277/.368/.492 e um wRC+ que é segundo entre calouros (só Grichuk foi melhor, por 1 ponto, mas com 45 jogos a menos), sólida defesa e excelente produção nas bases. Isso tudo totalizou um fWAR de 6.3 que não só é 1.4 vitórias acima do segundo melhor calouro da temporada, como também é 10th entre TODOS os rebatedores do baseball. Kris Bryant é um monstro. Eu não posso resumir isso de forma mais direta. E como essa coluna já é longa o suficiente, vamos parar por aqui nesse prêmio, porque sinceramente acho que não tem muito a justificar nessa escolha.

NL Rookie of the Year Ballot: 1. Kris Bryant; 2. Matt Duffy; 3. Jung-ho Kang; 4. Noah Syndergaard; 5. Randal Grichuk.


American League Rookie of the Year

Outra disputa muito boa entre dois jogadores muito parecidos. Carlos Correa e Francisco Lindor são ambos shortstops, ambos tem 21 anos e fazem 22 ainda esse ano e jogaram exatamente 97 jogos nas grandes lidas. Ambos foram draftados no Top10 (Lindor #8 em 2011, Correa #1 em 2012), estrearam na MLB em um espaço de uma semana (08/06 para Correa, 14/06 para Lindor), e inclusive estiveram em colocações muito próximas na nossa lista dos Top100 prospectos do baseball (Correa era #3, e Lindor #5) antes da temporada começar.

Dentro de campo, no entanto, os estilos dos dois são bem diferentes. Leia a nossa coluna e você vai ver as diferenças: Corrêa é um rebatedor de grande potência, com um físico impressionante e que deve acabar jogando na 3B com o tempo, enquanto Lindor é um jogador mais ágil, um excelente defensor e um rebatedor mais "leve". 

E até agora na MLB a maior parte dessas afirmações parecem ter acertado em cheio. Corrêa tem 22 HRs em apenas 97 jogos, uma slash line de .282/.348/.520 (136 wRC+) e um controle surreal da zona de strike, mas também tem tido algumas dificuldades na defesa (-5.2 UZR) principalmente pela falta de alcance, mas mostrou boa inteligência e um bom braço que me fazem acreditar que um dia será um defensor acima da média na 3B. Do outro lado, a defesa de Lindor - seu principal atrativo como prospecto - brilhou na MLB também, já se estabelecendo como um defensor de elite e eterno candidato a Gold Gloves: apesar de ter jogado apenas 97 jogos, seu UZR de +9.6 já é o sexto melhor da AL inteira e melhor entre shortstops, seu rating defensivo de +14 é quarto entre jogadores e segundo entre shortstops, e seu UZR por 150 jogos de 17.9 está no nível de jogadores como Adam Hechavarria e Andrelton Simmons. 

O único quesito que na prática tem destoado das previsões até agora tem sido o bastão de Lindor. Um jogador de muito contato mas pouta potência nas ligas menores, Lindor tem rebatido excepcionalmente bem na sua curta carreira nas grandes ligas, com 12 HRs e uma slash line de .317/.357/.487, bom para um wRC+ de 131. E isso tem sido uma grande surpresa, não só pela boa potência demonstrada como pelo alto OBP, cortesia de um ótimo aproveitamento no bastão (cortesia, por sua vez, de um BABIP de .353. Mais sobre isso daqui a pouco). A idéia de Correa e Lindor era que Correa era um defensor aceitável que produziria muito com seu bastão, e Lindor um rebatedor aceitável que produziria muito na defesa. Mas até agora na temporada, Lindor tem produzido muito no bastão E na defesa, e por isso seu WAR é superior ao do calouro do Astros por uma boa margem (4.7 a 3.5). Corrêa é o melhor rebatedor, sem dúvida, mas não está sendo TÃO melhor assim, e defensivamente Lindor tem sido consideravelmente superior, mais do que suficiente para tirar a pequena diferença da produção ofensiva.

Mas como estamos falando de calouros, sempre estamos pensando no futuro, e por isso acho que vale a pena pegar um parágrafo aqui para dizer que, embora Lindor esteja jogando melhor que Correa em 2015, isso não significa que ele seja um jogador melhor ou o será no futuro. E eu digo isso porque a performance de Lindor não me parece muito sustentável. Seus números esse ano dependem de um BABIP de .353 que me parece alto demais para o tipo de rebatidas que Lindor da. Não que jogadores com seu perfil - boa velocidade e boa quantidade de rebatidas em linha - não costumem ter bons BABIPs, mas .353 é algo nível Joey Votto. Meu modelo pessoal para xBABIP estima, dado a distribuição de rebatidas do calouro, que esse número deveria estar muito mais próximo dos .335 (que já é bom, by the way), quase 20 pontos abaixo e que naturalmente derrubaria bastante seus números.

Analogamente, Carlos Correa é alguém que faz muito contato sólido e rebate uma tonelada de line drives, mas que tem um BABIP relativamente baixo de .298. Olhando seu perfil de rebatidas, esse número deveria ser bem melhor, e meu modelo corrobora essa idéia: ele aponta um xBABIP (ou seja, BABIP estimado) de .340 para Correa. Alguns parâmetros não devem se manter tão altos, claro, mas mostra como Correa tem sido ainda melhor do que os números mostram.

Eu também questiono essa repentina força de Lindor (12 HRs e .170 de ISO), um tanto quanto destoantes do que mostrou nas ligas menores. Mais especificamente, muitos de seus HRs tem cruzado por muito pouco as cercas do campo externo, e metade deles foram extremamente rentes à linha de foul ball, onde a cerca é ainda mais próxima do home plate. Pode ser que Lindor tenha apenas excelente mira, mas mostra que a força do jogador não é tão grande assim, e que seus números devem regredir conforme esses HRs mais "fáceis" param de encaixar. Só um de seus HRs viajou mais de 400 feet, apenas dois deles teriam sido HRs em qualquer estádio da MLB, e sua distância média de HR foi de 372 feet - para efeito de comparação, a média da AL é de 394,6 e nenhum rebatedor com 18+ HRs (sua projeção para uma temporada de 150 jogos) teve média inferior a essa. E não é como se Lindor rebatesse a bola com força frequentemente: sua taxa de bolas rebatidas classificadas como "fortes" é de 25.7%, o que seria a 25h pior marca da MLB entre rebatedores qualificados e igual ao número de notórios rebatedores sem potência como Yadier Molina e Nick Markakis (ambos .080 de ISO). Isso não é para dizer que Lindor não é um bom rebatedor, mas é muito provável que não será capaz de sustentar seus números atuais em uma amostra maior.  

Considerando que o prêmio de Rookie of the Year é um prêmio para a produção na temporada 2015 apenas, eu estou tranquilo entregando o prêmio a Lindor - sua produção no bastão foi ótima e sua defesa é de outro mundo, e a combinação dessas duas coisas fez dele o melhor calouro de 2015. Mas isso não quer dizer que ele vá manter esse nível nos próximos anos, ou mesmo que seja um jogador melhor do que Correa.

AL Rookie of the Year Ballot: 1. Francisco Lindor; 2. Carlos Correa; 3. Lance McCullers; 4. Miguel Sano; 5. Billy Burns


As estatísticas nessa coluna vieram de Fangraphs, Baseball-Reference, Baseball Prospectus, Elias Sports Bureal, ESPN Stats & Info, Hit Tracker Online e Brooks Baseball. Agradecimento especial ao Mark Simon, da ESPN, pela ajuda com os dados sobre os HRs do Francisco Lindor. 

E um grande agradecimento especial a Ryan Spaeder pelas estatísticas do Bryce Harper que ele tão gentilmente separou e compartilhou comigo para essa coluna. 

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Previsões embasadas para a temporada 2015 da NFL

"Que que esse cara ta falando de mim ai?"


Infelizmente, por motivos de "emprego novo", faltou o tempo e a disposição para fazer uma cobertura decente da offseason da NFL (a exceção fica por conta da minha coluna favorita, o Running Diary do Draft da NFL), e também para fazer um preview da temporada. Peço desculpas aos que perguntaram e/ou pediram, mas infelizmente, não foi possível esse ano.

O máximo que eu fiz foi um post especial no Spin Bet com minhas apostas para a temporada 2015 da NFL, então se quer ler o que eu penso de alguns times/jogadores e dar risada quando eu perder dinheiro em Janeiro, recomendo muito que leia. 

Mas, para não deixar passar em branco, coloco aqui alguns pensamentos sobre a temporada que se aproxima. Sem falar demais ou sobre todo mundo, vamos ver quais times esse ano parecem se encaixar em diferentes "moldes" para a temporada regular.

Vamos começar com um exemplo, para facilitar, e dai seguimos no ritmo.

(Inspirado nessa coluna do ótimo Bill Barnwell)


O Time Que É o Grande Candidato a Regressão
Em 2014 foi: Carolina Panthers
Em 2015 pode ser: Detroit Lions

Em termos de análise, a temporada regular da NFL tem um grande problema: a amostra de 16 jogos é pequena demais, e como toda amostra pequena, sofre de todo tipo de desvios e influências externas que dificultam nosso entendimento dos fatos. Então enquanto que o que importa ao final da temporada é a campanha de cada equipe (na hora de classificar para os playoffs), esse resultado final nem sempre faz jus ao verdadeiro nível de uma equipe. Muitas vezes, um time conta com ajuda de fatores externos - sob os quais não tem controle - para atingir um resultado melhor do que deveria, e portanto passa a ser um enorme candidato a regressão: quando esses fatores "normalizarem" -e, sendo externos e além do controle da equipe, a tendência é que não se repitam - esse time vai ficar exposto a uma queda normal. Você pode ler mais a respeito dos principais indicadores disso - como Pythagorean Expectations, jogos decididos por uma posse de bola, fumbles recuperados, etc - nessa coluna de 2013 que continua extremamente atual. Outros fatores - como por exemplo mudanças no elenco, perdas para a free agency, lesões - também afetam, obviamente, as chances de um time de regredir de uma temporada para a outra. (PS. Importar frisar que isso pode acontecer para os dois lados. É muito comum um time bom terminar o ano abaixo do esperado devido a fatores externos, sendo assim um candidato a regredir positivamente no ano seguinte).

Esse ano, o grande candidato a regressão é o Detroit Lions. Apesar de terminar o ano passado com 11-5 e uma vaga nos playoffs, tudo indica que o time do Lions não era tão bom assim: seu Pythagorean Expectation (Sério, clique no link acima) diz que o time foi muito mais próximo de um time 9-7, ou seja, quase duas vitórias acima da sua projeção graças em parte a uma campanha de 6-1 em jogos decididos por uma posse de bola ou menos. Ambos os números são insustentáveis, e indicam que Detroit teve ter muito mais dificuldade de ter uma boa campanha em 2015. Times que superam sua PE em 2 jogos perdem, em média, 2.4 jogos a mais no ano seguinte.

Só isso já indicaria uma regressão considerável para Detroit, mas infelizmente para meu amigo Jalisno, os problemas não acabam ai. Em 2014, a grande força do time foi sua dominante linha defensiva, mas nessa offseason o time teve que lidar com as perdas de dois dos seus principais defensores, Ndamukong Suh (Dolphins) e Nick Fairley (Rams). O time trouxe Haloti Ngata para tapar esse buraco, mas ainda é uma perda considerável que enfraquece o que era a grande força da franquia. Entre esses dois fatores - a regressão natural, e a perda de Suh e Farley - é difícil enxergar Detroit repetindo seu 2015, e é um forte candidato a cair de produção.

Menção honrosa: Arizona Cardinals


O Time Que Promete Explodir Mas Decepciona
Em 2014 foi: Cleveland Browns
Em 2015 pode ser: Miami Dolphins

Em 2014, o Browns parecia o time pronto dar um salto e se tornar competitivo: uma boa e jovem defesa cheia de talentos, um ataque com uma boa linha ofensiva e um novo quarterback, e um calendário favorável. O time até mesmo começou o ano 7-4 antes de tudo desandar. Mas o saldo acabou sendo um fiasco: a defesa não evoluiu tão bem como o esperado, Josh Gordon foi suspenso, Manziel e Gilbert não renderam e tiveram problemas extra-campo, Alex Mack machucou, e o Browns teve mais uma temporada de fracassos.

Em 2015, o Bills é óbvio demais, um queridinho da offseason que causou impacto ao contratar nomes como Shady McCoy e Percy Harvin, mas que ainda tem Tyrod Taylor de quarterback e uma péssima linha ofensiva. Então ao invés de falar do Bills, que vai ser grosseiramente movido para menção honrosa, vamos falar de outro popular candidato a dar um salto em 2015: o Miami Dolphins.

Para ficar claro, não estou dizendo que o Dolphins vai ser um time ruim. Mas depois de contratar Ndamukong Suh o Dolphins se tornou um time frequentemente citado na hora de apontar as "surpresas" de 2015 ou times que tendem a melhorar e brigar pelos playoffs. E embora isso não esteja fora do alcance de Miami, também me parece prematuro ficar animado demais.

Suh sem dúvida é um grande jogador, e próximo a Cameron Wake e Olivier Vernon, a expectativa é que Miami tenha uma das melhores linhas de frente da liga. E pode até ser que aconteça, mas ainda assim, a defesa preocupa. O enorme dinheiro dado a Suh significa que o Dolphins não teve como adereçar suas enormes falhas entre os linebackers e na secundária, e portanto vai depender demais  da sua linha de frente para aguentar a barra por 16 jogos. Apesar de ter uma ótima defesa no começo do ano, a secundária do time despencou para uma das piores da liga na reta final, e sem ter contratado bons reforços na offseason, é difícil imaginar muita mudança nesse sentido. Apostar em um time muito focado no topo, com algumas estrelas mas pouca profundidade, é sempre arriscado, e o Falcons está ai pra lembrar que nem sempre funciona.

Outro ponto que faz muitas pessoas terem otimismo com o Dolphins é o QB Ryan Tannehill, que aparentou uma evolução em 2014 depois de subir seu aproveitamento de 60% para 66.4%. Muitos encararam isso como um sinal de que o jovem QB estava prestes a explodir. Mas ai você começa a olhar mais de perto, e percebe que apesar dessa aparente evolução, suas jardas por passe subiram apenas de 6.7 para 6.9, números um pouco abaixo da média. O que aconteceu então? Tannehill simplesmente passou a fazer passes mais curtos, de maior aproveitamento (por isso o salto em %) mas de menos jardas. Não que não tenha acontecido alguma melhora do jogador, mas muito foi uma mudança de esquema tático, e não tem muito a indicar que Tannehill esteja para explodir.

Considerando tudo, Miami deve ser um time decente que pode muito bem beliscar uma vaga de wild card na AFC, mas considerando os buracos do elenco (especialmente na defesa), ainda acho que não é a hora do Dolphins dar um salto rumo a relevância nos playoffs.

Menção honrosa: Buffalo Bills


O Jogador Desconhecido Que Explode no Lugar Certo
Em 2014 foi: Justin Forsett
Em 2015 pode ser: Joseph Randle

Uma escolha de sétima rodada em 2008, Justin Forsett tinha apenas 347 corridas na carreira antes de ganhar por default a vaga de RB titular do Ravens em 2014... onde imediatamente explodiu para 1266 jardas e 5.4 jardas por corrida (melhor marca da NFL) no esquema de bloqueios por zona do coordenador ofensivo Gary Kubiak. Esse esquema é famoso por transformar RBs anônimos em estrelas (Arian Foster, alguém?), e Forsett aproveitou a oportunidade para transformar sua carreira.

O maior candidato para ser o jogador "Lugar certo, hora certa" de 2015 é Joseph Randle. Lembra ano passado quando DeMarco Murray explodiu para 1845 jardas? Esse total teve mais a ver com a linha ofensiva do que você imagina. Escrevi sobre isso na época (na parte de "Offensive Player of the Year), mas Murray teve 2.3 jardas por corrida ANTES de sofrer qualquer contato ano passado, e a linha ofensiva de Dallas foi a segunda melhor no jogo terrestre (per PFF). Não que Murray não tivesse tido um ótimo ano, mas também teve muita ajuda da sua linha ofensiva. E agora quem está jogando atrás dessa fantástica linha ofensiva é Joseph Randle... que aliás teve 6.7 jardas por corrida em 2014 atrás dessa mesma linha. Claro que manter esse número é impossível, com uma carga maior, mas da uma amostra de que Randle se sentiu bem confortável nesse esquema tático.

O Dallas ameaçou fazer uma rotação no backfield, o que naturalmente iria limitar os toques de Randle e portanto suas jardas, mas o camisa 21 ainda deve ser o principal jogador nessa rotação de Dallas, e com um ótimo combo QB/WR abrindo espaços e jogando atrás de uma dominante linha ofensiva, Randle tem tudo para explodir em 2015 e, no mínimo, ganhar algumas ligas de fantasy por conta própria.


Jogador Subvalorizado Que Estoura Na Situação Certa
Em 2014 foi: Golden Tate
Em 2015 pode ser: DeAndre Hopkins

Eu sou suspeito para falar, pois sou um grande fã de Golden Tate desde antes do Draft, ainda em seus dias em Notre Dame. Lembro especificamente de estar falando com meu amigo e colega Marcelo Ferrantini - hoje comentarista do Esporte Interativo - uma noite de NCAA quando Tate anotou um touchdown depois de driblar 24 jogadores (ok, foram uns 10, mas ainda assim) do time adversário que nos fez imediatamente parar a conversa e ficar meia hora no telefone trocando grunhidos como "Wow" e "Caaaara..." por causa do touchdown. Enfim, fato é que Tate se tornou o principal alvo do campeão Seattle antes de sair na offseason para Detroit... onde imediatamente teve uma temporada de 99 recepções, 1300 jardas e se estabeleceu como um dos melhores WRs da NFL. Não é que Tate tenha se tornado um bom WR em 2014 - ele já era ótimo em Seattle, mas era mais difícil de perceber isso em um ataque muito mais voltado para o jogo terrestre (Seattle foi o time que menos vezes passou a bola entre 2012 e 2013). Em 2014, em um ataque muito mais aéreo, Tate assumiu o papel de principal WR com a lesão de Megatron e mostrou todo seu arsenal, sua capacidade de quebrar tackles e seu incrível dinamismo após a recepção. Hoje, todo mundo reconhece Tate, mas ele precisou explodir na situação certa para isso.

Em 2015, meu candidato a isso é DeAndre Hopkins, o que de certa forma é trapacear, porque Hopkins já é um dos melhores WRs da NFL. Apesar de receber passes de Ryan Fitzpatrick, Case Keenum e Ryan MAllett e ser apenas a segunda opção de WRs do seu time, Hopkins terminou 2014 12h em jardas recebidas com 1220. Eu já citei que Hopkins estava no seu segundo ano na NFL? O camisa 10 já é um ótimo WR, falta o reconhecimento.

Esse reconhecimento deve enfim vir em 2015. Não é a toa que eu apostei em DeAndre Hopkins para liderar a liga em jardas recebidas essa temporada. Com Andre Johnson - que teve 147 passes lançados na sua direção - fora da cidade, o palco é todo de Hopkins para brilhar, algo que se torna ainda mais verdade considerando a lesão de Arian Foster e o tempo que o RB deve perder. Mesmo com QBs fracos (Brian Hoyer e Mallett), os passes ainda precisam ir na direção de alguém, e sem Johnson então Hopkins é o óbvio alvo de boa parte desses passes - ainda mais sem o RB que deveria ser o foco do time, forçando a equipe a passar ainda mais. Hopkins é um ótimo candidato a ter uma temporada incrível em 2015 que vai te deixar se questionando porque nunca tinha prestado mais atenção nele antes.

Menção honrosa: Davante Adams


A Grande Contratação Que Fracassa
Em 2014 foi: Michael Johnson
Em 2015 pode ser: Julius Thomas

Michael Johnson era um dos melhores DEs da NFL jogando em Cincinnati quando virou Free Agent e recebeu 43M de dólares do Tampa Bay Buccaneers em uma das grandes contratações da offseason. Foi um fracasso: Johnson teve apenas 4 sacks na temporada e, longe de Mike Zimmer e Geno Atkins, foi um dos piores jogadores da temporada 2014. Depois de apenas um ano na Flórida, o Bucs cortou Johnson, que voltou para o Bengals essa offseason.

O grande candidato a fracasso milionário dessa offseason tem que ser Julius Thomas, que recebeu um contrato de 5 anos, 46M do Jaguars. Deixando de lado os valores por um instante, primeiro tem uma pergunta a ser feita: nós temos certeza que Julius Thomas realmente é tão bom assim?

Um calouro da quarta rodada do Draft de 2011, Thomas teve uma recepção para 5 jardas nos seus dois primeiros anos de NFL antes de Peyton Manning fazer dele uma estrela, indo para dois Pro Bowls consecutivos com 24 touchdowns em dois anos. Mas Thomas é um jogador bastante limitado: um dos piores bloqueadores da NFL, Thomas também não é um bom jogador quando se trata de receber passes em espaço, sendo um corredor de rotas medíocre. O que Julius Thomas tem é um físico enorme, o que o torna um alvo fantástico na end zone, como atestam seus 24 touchdowns. Mas fora da end zone, não sei se Thomas realmente adiciona muito: nesses mesmos dois anos, o TE teve apenas 1277 jardas recebidas, uma marca medíocre, especialmente considerando que passou esse tempo em alguns dos ataques mais produtivos da história da NFL. E isso antes de lembrar que seu QB nesse tempo foi Peyton Manning, um mago que tem um longo histórico de transformar jogadores medianos e/ou unidimensionais em estrelas com esquemas inteligentes, audibles geniais e passes fora de série. Tire todos os fatores que não devem se repetir em Jacksonville, e a verdade é que Thomas é basicamente um humano muito grande, que pode causar estrago na end zone mas pouco mais faz pelo time. Não é exatamente o tipo de jogador que você quer essa bolada. É um erro clássico -e mortal - overpay um jogador mediano pela sua produção dentro de um sistema muito específico e esperar que ele produza igual em outra situação.

Eu entendo que Jacksonville - o segundo pior time na Red Zone em 2014 - queira um jogador para facilitar os touchdowns próximos para ajudar seu ataque e o desenvolvimento de Blake Bortles. Mas ao mesmo tempo, qual a vantagem de ter um ótimo alvo de end zone se, para começar, seu time não chega lá? O Jaguars foi o time com menos posses de bola na red zone da liga - 28 em 16 jogos - e, como foi dito, Thomas pouco vai ajudar nesse aspecto, já que sua maior força é converter os passes dentro da linha das 20 jardas. Da para entender buscar um jogador que pode corrigir uma fraqueza, mas não da para justificar pagar a esse jogador um excesso de dinheiro que poderia ser muito melhor empregado corrigindo outras áreas mais importantes do time.

Além do que, o Jaguars deveria ser o primeiro time a ficar esperto na hora de pagar TEs limitados que anotam toneladas de touchdowns. Em 2010, Marcedes Lewis teve a temporada da sua carreira, sendo um monstro na end zone e anotando 10 touchdowns na temporada, eventualmente ganhando uma vaga no Pro Bowl. Inspirados por esse sucesso, o Jags renovou seu TE por 35M de patacas ao final da temporada... só para ver Lewis anotar 10 touchdowns nos 4 anos desde então. Somados. A situação não é a mesma, claro, mas é o tipo de experiência que deveria fazer Jacksonville pensar duas vezes antes de overpay um jogador como Thomas.

Menção honrosa: Byron Maxwell


O Jovem Time Que Explode de Produção
Em 2013 foi: Carolina Panthers
Em 2014 foi: Ninguém
Em 2015 pode ser: Minnesota Vikings

Eu tenho estado na Vikings Bandwagon desde 2014e , com um ano de delay, digo que agora vai: ESSE É O ANO!

Times "jovens e promissores" sempre são perigosos, porque embora as vezes um time entregue o que prometeu e seja realmente divertido, também acontece muitas vezes de um time ficar preso tempo demais nesse "quase", sem nunca realmente dar o salto de produtividade que precisa para ser um contender. As vezes é porque o talento em mãos nunca se desenvolve como esperado; as vezes por puro azar, por estar no lugar errado na hora errada; e as vezes porque o time foi overrated desde o começo. É mais comum que times jovens e promissores decepcionem e continuem medianos do que realmente atingirem seu potencial.

Dito isso, eu estou bastante confiante no que tange ao Minnesota Vikings de 2015, porque embora tenha sido aos poucos e as vezes sem chamar a atenção, esse time está LOTADO de grandes talentos, do começo ao fim. Vocês já devem ter percebido isso pelas minhas apostas, mas eu estou esperando um grande salto de produção da equipe.

Antes de mais nada, Minnesota deve ter uma das melhores defesas da liga. Apesar da inconsistência em 2014, normal dada a pouca idade do time, o Vikings terminou o ano 9th em defesa pela PFF, e tem tudo para explodir. Para começar, Minnesota deve ter uma das melhores secundárias da NFL: Harrison Smith é o melhor safety da liga não chamado Etan Thomas (Smith nunca ter ido a um Pro Bowl é um crime), e seu parceiro na retaguarda Robert Blanton finalmente desabrochou em 2014, formando uma das melhores duplas de safeties da liga. Xavier Rhodes e Captain Munnerlyn formam uma sólida dupla de cornerbacks, e com a chegada de Trae Waynes (escolha de primeira rodada no Draft de 2015) Munnerlyn pode enfim dedicar a maioria do seu tempo ao slot, formando assim um ótimo trio de cornerbacks. Todo mundo sabe que Seattle usa Game Shark, mas entre as defesas normais, Minny tem tudo para ter a melhor secundária da liga.

Além disso, a linha de frente de Minny também é uma força a ser considerada. Sharif Floyd e Anthony Barr são duas jovens estrelas em ascenção, Everson Griffen explodiu em um papel mais integral depois de receber uma bela extensão, Gerald Hodges e Audie Cole tiveram ótimas temporadas, e o time enfim conseguiu solucionar seu maior problema (a falta de um bom MLB) selecionando o ótimo Eric Kendricks no Draft. É muito talento em uma defesa só, e com as importantes chegadas de Waynes e Kendricks, um ano a mais de evolução para os jovens talentos, e um ano a mais sob o comando do guru defensivo Mike Zimmer, essa é a aposta mais segura da temporada para dar um grande salto defensivo.

E do lado ofensivo, apesar de algumas falhas importantes, o Vikings também parece pronto para melhorar consideravelmente. Eu sou suspeito para falar por ser fã do cara desde o College (e um dos seus maiores defensores na época do Draft), mas Bridgewater foi de longe o melhor quarterback calouro de 2014 e um dos melhores da NFL, ponto, durante a reta final da temporada. Ter um bom QB é sempre ótimo na NFL, e um ótimo QB em um contrato de calouro é o tipo de ativo que pode mudar um time inteiro (ver: SEAHAWKS, Seattle). E agora Bridge terá ajuda de Adrian Peterson, que foi o melhor RB da liga não muito tempo atrás, e reforços no jogo aéreo com a chegada de Mike Wallace. A linha ofensiva - um dos maiores problemas em 2014 - ainda é ruim, e isso limita consideravelmente o potencial desse ataque, mas se conseguir evoluir o suficiente para ser sólido e a defesa der o salto esperado, já é o suficiente para fazer de Minnesota um time muito assustador. Não é o tipo de time que eu queria ver pela frente em 2015.

Por falar nisso, deixa eu ver contra quem meu time joga essa semana...

... fuck.

Menção honrosa: Saint Louis Rams


O Nome Grande Que Cai Em Um Time Novo
Em 2014 foi: Hakeem Nicks
Em 2015 pode ser: LeSean McCoy

LeSean McCoy ganhou muitas manchetes quando foi para Buffalo em troca de Kiko Alonso, e muito mais hype sobre como agora o Bills iria finalmente engrenar um bom ataque terrestre. Eu acho que não será o caso, e acho que McCoy vai ser uma frustração para o Bills e para quem pegou ele na primeira rodada do fantasy (algo que eu evitei como a praga). Me permita explicar.

Primeiro de tudo, embora McCoy seja um bom RB, eu acho que o camisa 25 acabou overrated por causa do seu ótimo 2013, onde acumulou números fantásticos dentro do esquema revolucionário e ultra-veloz de Chip Kelly: 1607 jardas corridas, 2146 jardas totais, 11 touchdowns. Esse é o tipo de outlier que você precisa tomar cuidado, especialmente se foi atingido dentro de um esquema extremamente favorável e diferente do novo.

Segundo, McCoy regrediu visivelmente em 2014. Sua relação de jardas por corrida caiu de 5.1 para 4.2, apenas a vigésima segunda melhor marca da NFL (min. 100 corridas), o que fica ainda mais medíocre quando lembramos que o Eagles não só tem um ótimo esquema ofensivo como também teve a melhor linha ofensiva no jogo terrestre de 2014. Para efeito de comparação, no mesmo esquema e com a mesma linha, Darren Sproles teve 5.8 jardas por corrida. Individualmente, McCoy não teve uma boa temporada - suas 1300 jardas são mais devido a sua ótima linha ofensiva e alto número de corridas, e o RB também teve as piores marcas da carreira em touchdowns (5), fumbles (4) e jardas recebidas (150). E embora seja normal esperar flutuações nas temporadas dos jogadores e um ano em queda não queira indicar uma tendência, vale citar que desde 2011 McCoy é o segundo jogador com mais corridas e o jogador com mais toques entre todos da NFL, só que não é um monstro físico como Lynch (primeiro no primeiro e segundo no segundo quesito. Sim, isso faz sentido. Releia). RB tendem a decair cedo, especialmente com uma carga grande. Não quer dizer que SEJA o caso, mas algo para ter em mente

Terceiro, muito se falou sobre o Bills finalmente ter um bom RB e escapar da ineficiência e improdutividade de jogadores como CJ Spiller (3.8 jardas por corrida em 2014) e Fred Jackson (3.7). No entanto, a poucas pessoas ocorreu que talvez essa falta de produção não seja exatamente um problema dos running backs - de fato, o site ProFootball Focus, que da notas baseado nos feitos individuais dos jogadores, colocou Fred Jackson como um RB acima da média em 2014. A verdade é que o Bills teve a PIOR linha ofensiva bloqueando para a corrida em 2014, e quando você não tem espaços, é bastante difícil correr mesmo, seja você Spiller, Jackson, McCoy ou Barry Sanders. Em 2014, Jackson teve 2.3 jardas por corrida DEPOIS do contato, marca igual a Le'Veon Bell, Mark Ingram, Frank Gore e Justin Forsett (líder da NFL em jardas por corrida, btw). E, claro, .2 melhor do que LeSean McCoy. Ele simplesmente não tinha para onde correr. O maior problema do time não foi o jogador, e sim sua horrível linha ofensiva.

Desses três pontos, é o terceiro que mais me faz temer por McCoy em 2015. McCoy está no seu melhor operando em espaço, quando pode usar sua absurda agilidade para desviar de marcadores e encontrar espaços para explodir, mas não é um jogador particularmente produtivo quando precisa operar nas trincheiras e fazer algo acontecer sem ajuda dos bloqueadores. Dos 18 RBs em 2014 que tiveram pelo menos metade das corridas do time, McCoy foi o segundo PIOR conseguindo jardas e quebrando tackles quando não estava sendo ajudado pelos bloqueadores, ganhando apenas de Andre Ellington. E acontece que, a não ser que algo mude drasticamente em Buffalo, é exatamente isso que McCoy vai ter que fazer em sua passagem por lá, tanto pela péssima ajuda que terá com bloqueios e espaços, tanto pela preferência do coordenador ofensivo Greg Roman de jogar um jogo fisico e de atrito pelo chão. Basicamente você está tirando McCoy da melhor situação possível (excelente e variado esquema ofensivo, ótima linha, muitos espaços e jogadas em campo aberto) para ele e colocando-o na pior (nenhuma ajuda dos bloqueios, poucas armas, pouca ajuda do jogo aéreo, poucas jogadas em espaço, muita necessidade de achar espaço na força), e isso indica um ano muito complicado para o ex-jogador do Eagles.

Menção honrosa: Brandon Marshall

Palpites oficiais para a temporada 2015 da NFL

AFC East: New England Patriots
AFC North: Baltimore Ravens
AFC South: Indianapolis Colts
AFC West: Denver Broncos
AFC Wild Card: Pittsburgh Steelers, San Diego Chargers

NFC East: Philadelphia Eagles
NFC North: Green Bay Packers
NFC South: New Orleans Saints
NFC West: Seattle Seahawks
NFC Wild Card: Minnesota Vikings, Saint Louis Rams


Podem começar a xingar!