Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

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segunda-feira, 22 de julho de 2013

Preview NFL 2013 - Philadelphia Eagles

"Então, qual deles que é o nosso quarterback, mesmo?"


Para saber do que estamos falando aqui e dessas estatísticas, recomendo a leitura desse post antes
Se quiser opinioes e analises sobre o Draft, voces podem ler o Running Diary da primeira rodada ou o manual de como avaliar um Draft na NFL


Depois de terminar a série de previews da AFC East para a temporada 2013 da NFL, passamos a falar da NFC East, começando pelo atual campeão dela, Washington Redskins, e depois pelo Dallas Cowboys e pelo popular New York Giants. Hoje, vamos terminar a divisão falando da sua maior incógnita, Philadelphia Eagles. Se você não tem ideia do que estou falando, recomendo que leia esse post introdutório. Btw, a falta de crases nesse texto é porque esse teclado não tem crase, então não reparem, ok?

Philadelphia Eagles

2012 Record: 4-12
Ataque ajustado: 25th
Defesa ajustada: 26th


Existe três tipos de times que são extremamente difíceis de se prever de uma temporada para a outra na NFL: times que trocaram o QB entre as temporadas; times com indefinições ou disputas de QBs; e times que jogaram tudo fora e decidiram remodelar desde o começo.

O primeiro é bem simples. O quarterback é o jogador mais importante de um time de futebol americano, sendo que 95% das jogadas ofensivas passam pelas mãos dele, e mais de 50% delas terminam com o QB passando, correndo, tomando sack ou fugindo pela sua vida. É a posição com maior produção individual de qualquer esporte coletivo do mundo, e eu não preciso ir muito longe na história da NFL para mostrar o impacto que grandes QBs têm em determinar quais times são bons ou não ao longo dos anos. Então não é de surpreender que o maior tipo de mudança que um time pode sofrer de um ano a outro é mudar a figura que ocupa a posição mais crucial da equipe. Claro, cada caso é um caso e existem dezenas de fatores que influenciam no sucesso ou não de um QB dentro de um time, mas é justamente isso que torna tão difícil imaginar de antemão como o encaixe QB-time vai funcionar em casos de mudanças. Isso é flagrantemente óbvio quando esse QB novo é um calouro sem nenhuma amostra na NFL para saber como ele vai render em uma Liga diferente (em relação a NCAA), mas também acontece com veteranos (exemplo, Carson Palmer indo para o Cardinals): ele vai para um time novo, com um esquema tático diferente, forças e fraquezas diferentes e que vai pedir coisas diferentes. Como projetar o sucesso (ou falta dele) passado nesse novo time? Ele será mais eficiente por ter melhores WRs e uma OL mais sólida? Será que será menos eficiente porque seu novo time irá pedir que ele lance mais bolas sem o auxílio de um jogo terrestre que abra as defesas? Será que esse novo esquema tático vai ressaltar alguma qualidade ou fraqueza do seu jogo que ninguém tenha percebido? É uma tremenda incógnita, e por isso é dificílimo de se projetar a mudança que isso pode causar ano a ano.

(Isso é ainda mais válido por um simples fato: grandes QBs raramente trocam de times por troca ou Free Agency, é um acontecimento muito raro. Tom Brady ou Peyton Manning seriam geniais no Dolphins, no Rams, no meu ex-time de flag ou onde estão de fato - embora obviamente se adaptariam de formas diferentes a situações diferentes - mas eles muito dificilmente gerarão esse tipo de dúvida por raramente trocariam de time. Os QBs que mudam de time são geralmente veteranos medianos, jogadores sem grande história de sucesso ou jogadores jovens que ainda não se provaram na NFL.)

O segundo, de certa forma, é uma variação do primeiro. A dúvida entre dois QBs diferentes não só trás as mesmas dúvidas levantadas anteriormente, mas também levanta (especialmente no caso de QBs com características diferentes, o que normalmente é o caso) questões sobre qual será a abordagem dessa equipe numa dada temporada. Pense no 49ers se tivesse na dúvida entre Colin Kaepernick e Alex Smith como exemplo: os dois tem características diferentes. Smith é um cara menos móvel que gosta de passar de dentro do pocket, tem melhor aproveitamento mas menos explosão, enquanto Kaepernick tem muito mais força no braço e é um QB mais produtivo num ataque de alta velocidade. Ainda que o 49ers seria um grande time com qualquer um dos dois, a escolha mudaria radicalmente o estilo de jogo da equipe: se escolhesse Smith, o time provavelmente iria se focar em um estilo de jogo mais lento, controlando o relógio e vencendo as batalhas dos turnovers, o que explora as forças (controle de jogo, precisão) do seu QB e esconde suas falhas (falta de força, principalmente). Se escolhessem Kaepernick, o time provavelmente iria jogar num ritmo mais rápido, com mais jogadas de option e usando o ataque como o determinador do seu ritmo de jogo (e não a defesa). Então essa decisão não afeta apenas a posição e o jogo aéreo, e sim toda a estratégia da equipe, e por isso é complicado avaliar um time quando a decisão ainda não está tomada.

A terceira é, talvez, a mais rara de todas na NFL. Reconstruir tudo é mais difícil que na NBA ou na MLB pelo número de jogadores relevantes que um time de futebol americano necessita, e ainda mais considerando que a mobilidade de jogadores (especialmente em trocas) é muito menor na NFL que em qualquer outra Liga. São poucos os times que chegam naquele ponto em que podem se livrar de mais de metade do time, mudar o técnico e toda a comissão, e basicamente recomeçar um projeto novo. Recentemente, eu consigo pensar em dois que fizeram isso, e um deles (Lions) foi menos por opção e mais por necessidade, pois o time estava ruim demais e não precisavam se desfazer de muita coisa. E embora aqui seja uma coisa muito caso a caso, os motivos que levam a incertezas aqui são mais do que óbvios: ninguém sabe os jogadores que jogarão juntos, como eles jogarão juntos, qual vai ser a abordagem tática, como o time vai se adaptar aos testes ao longo do ano, e por ai vai.

E é por isso que é tão difícil prever ou saber o que esperar do Eagles para 2013. A equipe se encaixa nos dois últimos critérios de incerteza dos quais falamos e, dependendo do resultado da disputa entre os QBs da equipe, podemos ter um time que se encaixa nos três critérios, e justamente por causa disso não tem um time mais difícil de prever para a temporada que vem na NFL. Mas vamos devagar, caso a caso, para tentar achar os pontos principais dessa confusão toda.

Para entender essa reconstrução pela qual o Eagles está passando, vamos voltar um pouco no tempo para a temporada 2010, quando a equipe terminou 10-6 e ganhou a divisão pela última vez. Depois de trocar Donovan McNabb, o titular da equipe por quase 10 anos, o técnico Andy Reid deu o comando do time para um QB jovem e com poucos jogos no currículo, mas que tinha mostrado algo promissor nesses poucos jogos - Kevin Kolb. Mas quando Kolb se machucou, Reid teve que recorrer ao seu QB reserva que tinha passado dois anos na cadeia, Michael Vick. Apesar das óbvias desconfianças, Vick teve em 2010 a melhor temporada da sua carreira: em apenas 12 jogos, ele teve 63% de aproveitamento, com 250 jardas aéreas por jogo, 21 TDs contra apenas 6 interceptações, sem falar nas 56 jardas terrestre por jogo com mais 9 TDs. Vick terminou a temporada com o quarto melhor rating da NFL (100.2, o melhor da sua carreira) e quinto em QBR (68.2), e apesar de uma derrota na primeira rodada dos playoffs para o eventual campeão Packers, tudo parecia muito bem encaminhado na Philadelphia.

Na offseason o Eagles decidiu que, tendo o terceiro melhor ataque da Liga em 2010 e projetando uma temporada inteira de Michael Vick a la Steve Young, decidiu reforçar a defesa, e o fez agressivamente. Trouxe o que era considerado o melhor Free Agent da temporada, Nnamdi Asomugha, por anos o melhor CB da NFL, e trouxe também o segundo maior prêmio da FA, o pass rusher Jason Babin, além do valorizado DT Cullen Jenkins. Além disso, o time trocou Kolb para o Cardinals em troca de mais um CB All-Star (Dominique Rodgers-Cromartie), e juntando aos All-Stars que sua defesa já tinha (particularmente Trent Cole e Asante Samuel), a franquia montou o que seus próprios jogadores chamaram de "Dream Team", o que projetava ser um dos melhores times da Liga em 2011.

Não aconteceu. Michael Vick regrediu como era esperado, o resto do ataque não conseguiu manter o ritmo sem seu QB produzindo a níveis estelares, e o ataque caiu para o oitavo melhor da NFL. A defesa, apesar de suas três novas estrelas, continuou sendo apenas a 11th melhor da Liga, e o time viu seu record cair para 8-8 no que foi considerado um enorme fiasco. Mas na verdade, o problema não foi o Eagles sendo um time ruim. Na verdade, o Eagles foi um time igualmente bom mas muito mais azarado, terminando com o mesmo Pythagorean Expectation do ano passado (10-6) e um record absurdo de 2-5 em jogos decididos por uma posse de bola apesar de um calendário que passou do 20th mais difícil para o 10th mais difícil da Liga. O problema mesmo foi a questão da percepção, sobre como o time que deveria dar um grande salto com suas grandes contratações não evoluiu em nada e ainda viu seu record cair e tirá-lo dos playoffs. Mesmo que não houvesse grandes motivos para pânico, a questão expectativas vs realidade (e o record bruto do time) fizeram a diretoria e a mídia entrarem num modo de ataque para cima da equipe, e ai tudo foi ladeira abaixo.

A temporada 2012 do Eagles foi a típica temporada "tudo que pode dar errado, vai dar errado". Apesar de ser o melhor jogador da secundária da equipe em 2011, Asante Samuel reclamou de ficar no banco e foi imediatamente trocado. A diretoria entrou em pânico e demitiu o coordenador defensivo Juan Castillo apesar de números sólidos da defesa, e tudo foi para o inferno a partir desse ponto, com Asomugha e Cromartie saindo do papel ao qual estavam acostumados e rendendo muito pouco, Jason Babin e Trent Cole tendo um ano horrível (8,5 sacks entre os dois... juntos!), e basicamente do o resto da defesa sendo horrível. Uma defesa do mesmo nível de antes (11th) antes da demissão de Castillo, a equipe terminou com a sétima pior defesa da temporada e a PIOR de toda a NFL pelos números ponderados (que atribuem maior valor aos jogos quanto mais perto do fim da temporada). Do outro lado, o ataque foi um problema por conta das lesões que sofreu e pelos enormes problemas de Vick. O camisa 7 teve a pior temporada de toda sua carreira em QBR, jogando apenas 10 jogos e sofrendo um incrível número de 11 fumbles nesses 10 jogos (contra apenas um TD terrestre), sendo um número enorme deles na red zone. Além disso, os principais backs da equipe (DeSean Jackson e LeSean McCoy) combinaram para perder 10 jogos e, talvez ainda mais importante, apenas um dos principais jogadores de linha ofensiva de 2010 E 2011 juntos conseguiu jogar mais de 13 jogos na temporada (Evan Mathis), com todos os outros (inclusive seus melhores jogadores em Jason Peters e Todd Herremmans) sofrendo lesões que os tiraram da temporada. A combinação disso tudo foi desastrosa, com o time terminando 4-12 e sem nenhum consolo analítico (a Pythagorean Expectation da equipe foi exatamente de 4-12 e o time venceu metade dos jogos decididos por uma posse de bola) além do fato que todos os torcedores do Eagles vieram correndo adivinhar quando comecei essa série, que a equipe foi a quarta pior de toda a NFL recuperando fumbles (36%). Se em 2011 era possível ter esperanças por conta do azar da equipe, em 2012 o time foi um dos piores da NFL por qualquer métrica disponível aos seres humanos.

Entre a decepção de 2011 e o fracasso retumbante de 2012, os cabeças da franquia decidiram que era hora de jogar tudo para o alto, fingir um ataque cardíaco e seguir em outra direção. A equipe demitiu o técnico Andy Reid, no comando da equipe há 14 anos, e toda sua comissão técnica para começar do zero. Para isso, trouxe da NCAA Chip Kelly, um HC sem experiência na NFL mas famoso por seus ataques altamente explosivos e criativos, considerado uma das mentes ofensivas mais interessantes do futebol americano. A direção também não perdeu tempo em se livrar de quase toda sua problemática defesa, com quase todos os principais jogadores (Asomugha, Cromartie, Babin, Jenkins, Jarred Page, entre outros) sendo dispensados e poupando apenas Cole e Nate Allen, entre os principais jogadores que acompanharam a franquia nesses anos. E apesar do ataque não ter passado por grandes mudanças de pessoal, ainda deve passar por mudanças enormes dentro de campo por mudar do ataque de Andy Reid para o de Kelly.

Então foi assim que o Eagles chegou até aqui, e é a partir disso que devem seguir em frente para reconstruir um time que chegou a um Super Bowl (2004) e mais quatro finais de conferência (2001, 2002, 2003, 2008) sob o comando de Reid. Então dentro do possível, o que podemos esperar ou tirar dessa que deve ser uma radical mudança na franquia?

Em primeiro lugar, eu acho que existe pouco interesse na defesa do time para 2013 do ponto de vista analítico. Kelly é um técnico de mentalidade ofensiva e temos pouca amostra do que seus coordenadores defensivos devem implementar desse lado da quadra. Com números razoáveis em 2012 e a chegada do bom NT Isaac Sopoaga para ocupar bloqueadores, a expectativa é que a defesa terrestre do time continue sendo uma unidade decente indo para frente, mas mais do que isso é muito difícil analisar porque grande parte da defesa do time vai ser composta de garotos com pouca rodagem, jogadores que tinham pouco espaço em outros clubes, e algumas peças que já estavam na equipe mas tiveram rendimentos muito pouco convincentes em 2012. Ainda que seja interessante ver como a nova comissão técnica lida com esse grupo, ainda é uma incógnita grande e não devemos esperar grandes coisas da defesa para 2012.

O ataque é um caso a parte. Não foi um grupo que sofreu grandes cortes desde a temporada passada, o que claramente indica que a diretoria e a nova comissão técnica estão satisfeitos com as peças que têm nas mãos e acha que esses são os jogadores que podem funcionar no esquema de Kelly. O time trouxe ainda duas adições espetaculares via Draft (Draft esse que eu elogiei amplamente) em Lane Johnson e Zach Ertz (chegaremos lá) e conta com um excelente núcleo (quando saudável) desse lado da bola, e Kelly vai ter bastante material para trabalhar. Então deixando de lado a questão do QB por enquanto, vamos ver o que podemos esperar dessa unidade.

A primeira coisa que chama a atenção vendo Chip Kelly quando era técnico de Oregon é que seus ataques gostam de jogar em grande velocidade. Seja correndo ou em jogadas aéreas, é um esquema com muita movimentação, improviso e que se beneficia de jogadores rápidos e explosivos. Isso encaixa bem com o que ele tem, com LeSean McCoy sendo um dos melhores RBs da Liga e DeSean Jackson sendo um dos jogadores mais explosivos de toda a NFL. Na verdade, eu sempre achei que Jackson era um pouco mal utilizado com Reid: o ex-técnico sempre explorou muito bem sua velocidade nas rotas longas, mas achava que sendo um dos retornadores mais dinâmicos da Liga, o Eagles pecava ao não criar tantas jogadas que dessem a bola para Jax em espaços abertos próximos a linha de scrimmage, onde ele poderia causar estragos com a bola nas mãos (pense Percy Harvin). Com Kelly, isso deve ser uma arma mais usada, especialmente agora que o time trouxe Lane Johnson, um dos OTs mais atléticos que eu já vi e que é perfeito para esse estilo de passe curtos e lateral que exige um tackle de grande mobilidade para acompanhar os corredores perto da linha. Ertz também é um encaixe interessante, é um TE muito atlético cujo potencial recebendo passes é enorme, criando missmatches por conta do seu tamanho e velocidade, outro bom encaixe para um ataque dinâmico e explosivo. Com um pouco mais de sorte com lesões (especialmente com a linha ofensiva), Kelly deve ter um prato cheio para implementar seu estilo, combinando jogadores mais veteranos e completos como Peters e Herremans, mais sólidos na proteção, com a explosão dos jovens Johnson e Danny Watkins. O fato da equipe não possuir um recebedor "possession" de meia distância deve ser disfarçado pelo melhor uso das rotas curtas em velocidade de Jax e Jeremy Maclin, ou então do uso de seus dois TEs pelo meio estilo Patriots com a velocidade de Jackson abrindo a defesa nas rotas longas. Então em geral, devemos esperar um ataque muito mais dinâmico e explosivo que em 2012, e só Deus sabe as invenções que Kelly vai conseguir tirar com um ataque tão variado (de novo, supondo que o pessoal fique saudável) e com tantos jogadores interessantes.

A grande dúvida aqui, claro, é quem vai ser o quarterback da equipe. O Eagles entra no training camp com três opções possíveis: Vick, Nick Foles, ou o calouro Matt Barkley. Cada uma faz sentido, e cada uma pode levar o ataque do time numa direção diferente.

Começando por Michael Vick, que terminou a temporada passada no banco mas parece o candidato com mais chances de ficar com a vaga. Um dos pontos mais interessantes, caso Vick seja nomeado o titular, para mim é a forma como ele deve ser usado. Reid sempre tentou adequar o camisa 7 ao papel de passador de pocket, com sua velocidade e explosão sendo mais usada com improviso do que como algo planejado. Em 2010 deu certo, Vick foi um dos melhores pocket passers da NFL, mas desde então sua falta de precisão e sua falta de paciência para ler defesas causou boa parte de suas regressões como passador, e essa frustração contribuiu para o grande número de turnovers do QB pois ele parecia ficar desconfortável no pocket e corria para qualquer lado sem pensar quando um passe fácil não aparecia. Com Kelly, isso deve ser diferente. Em Oregon, ele sempre mostrou muita criatividade usando quarterbacks móveis e atléticos em jogadas desenhadas para tirar vantagem desses atributos, ao invés de tentar adaptar seus QBs ao estilo de pocket passer. Acho que esse é o ingrediente crucial aqui e que deve fazer Vick começar a temporada como titular: Chip Kelly sabe usar QBs móveis e atléticos como tal, sabe que se for para usar Vick como um pocket passer ele tem opções melhores, e a explosão e velocidade lateral do quarterback se encaixa muito bem no esquema rápido e de muita movimentação que é a preferência do novo técnico. Os problemas dele para esse esquema são claros, pois Vick não tem a mesma precisão nos passes curtos e médios em velocidade e não é o melhor jogador do mundo tomando decisões rápidas, mas pelo menos no curto prazo ele é quem oferece o maior potencial para esse ataque por causa de suas pernas.

No entanto, Barkley e Foles oferecem algo que Vick não pode, que é um possível QB para o futuro. Vick tem 33 anos e, por conta do seu estilo que depende demais do seu físico, está se aproximando do final da sua carreira e dificilmente teria gasolina para ser um QB por anos a fio para essa equipe. Isso não acontece com os outros dois, já que Foles tem 24 e Barkley 22 anos. Então embora Vick ofereça um potencial maior no curto prazo para esse ataque explosivo, se o foco da franquia for já começar um processo de adaptação para o futuro, a posição pode cair nas mãos de um dos mais novos.

É difícil julgar Foles pelo que vimos ano passado dele, afinal foi um ataque muito machucado e disfuncional  durante boa parte da temporada. Ele certamente não se destacou muito nos seis jogos que foi titular, mostrando um braço forte mas pouca precisão e pouca mobilidade fora do pocket (dois ingredientes importantes para o esquema ofensivo de Kelly) e um QBR abaixo de 50. Mas ainda era um QB calouro, sem uma linha ofensiva e com DeSean Jackson e LeSean McCoy batalhando lesões, de forma que é realmente difícil usar o pouco que vimos dele ano passado como uma sólida base de análise. Eu não acho que o instrumental de Foles seja tão impressionante assim, mas caso se destaque no training camp, acho possível que roube a vaga por ser uma versão mais jovem do que Vick e com potencial maior por conta do seu braço do que Barkley.

Eu não acho que seria o caso por um simples motivo: Barkley é ainda mais novo e tem um instrumental mais adequado ao esquema que o Eagles deve implementar essa temporada. Ainda que ele não tenha um braço tão forte como o de Foles ou Vick (o que certamente tira uma dinâmica importante do ataque aéreo da equipe nas ultimas temporadas), ele é quem melhor apresenta a mistura de habilidade atlética, precisão, velocidade e capacidade de ler as jogadas e as defesas. Apesar de ser um calouro, Barkley jogou quatro anos em USC com um playbook muito próximo do estilo da NFL e sempre se destacou chamando jogadas, lendo defesas e basicamente jogando como um QB pronto para a NFL. Apesar de ser principalmente um pocket passer, ele tem uma mobilidade e velocidade muito boa e que pode usar para provocar o tipo de mudanças na defesa que Kelly gosta, saindo do pocket e fazendo jogadas em velocidade enquanto a defesa se desmonta. Sua precisão na curta e média distância provavelmente é a melhor entre os três quarterbacks do elenco, e embora ele talvez não tenha o potencial de Foles por conta dos passes longos, eu acho que ele a opção mais sólida do elenco, alguém mais pronto que Foles, com o instrumental adequado ao esquema de seu novo técnico e com mais perspectiva de futuro que Vick. Ainda que seu impacto seja um pouco limitado pela falta de força no braço, eu continuo achando esse um aspecto um pouco overrated para alguém que acabou de entrar na Liga. Afinal, o maior QB da história da NFL, Joe Montana, caiu para o final da terceira rodada porque todos julgavam que seu braço era fraco demais para jogar na NFL. So yeah, scouts eram incompetentes desde 1979. Sem querer comparar os dois jogadores diretamentes, claro, mas quando você tem um calouro experiente, inteligente e completo como Barkley, você não pode descartá-lo só por causa de um pequeno problema como esse.

Esse é o dilema de QBs que o Eagles, agora, enfrenta. Acho difícil arriscar um palpite concreto agora porque tudo depende muito de como esses jogadores irão render no training camp e se adaptar ao longo da pré-temporada ao novo playbook da equipe. Eu pessoalmente acho que Vick seria o candidato mais provável nesse momento porque oferece a esse ataque um potencial maior, mas é muito fácil imaginar o time indo em outra direção e entregando as chaves a alguém mais novo. Só que vindo de uma temporada decepcionante e um fiasco magistral, a equipe parece ansiosa por algum resultado imediato, e Vick é quem provavelmente oferece a melhor chance disso.

Então, em resumo, o que mais sabemos do Eagles é que está muito difícil saber alguma coisa de verdade do que esperar para 2013. O técnico mudou, toda a comissão técnica mudou, as posturas da equipe mudaram de cima a baixo. A defesa foi quase inteira reformulada, e o ataque deve passar por uma mudança bem grande de estilo de jogo. Ninguém sequer sabe quem vai ser o QB da equipe! Então sim, é em difícil saber o que esperar desse grupo. O que a gente sabe é que a defesa deve continuar sendo bem fraca enquanto passa por uma grande reformulação, ainda que a mudança de coordenador e a saida de alguns veteranos improdutivos possa ajudar esse grupo a voltar ao bom caminho. O ataque ainda depende demais da saúde de seus jogadores (vários dos quais já se mostraram propensos a lesões), de uma indefinição de QB que pode jogar a franquia em praticamente três direções diferentes e basicamente de como alguns jogadores vão se adaptar a um esquema novo no ataque. Ainda que essa unidade deva estar consideravelmente melhor que em 2012, a falta de talento na defesa, as múltiplas incertezas dos dois lados do campo e as prováveis adaptações que terão de ser feitas ao longo da temporada me fazem achar que o Eagles não deve passar de uma temporada 6-10 ou algo semelhante. Mas considerando tudo que a franquia fez desde o ano passado - a troca de técnicos, contratar um dos melhores da NCAA em Chip Kelly, a manutenção das peças certas, um excelente Draft - são bons sinais de que o time da Philadelphia está no caminho certo para reconstruir o que foi um dos principais times dos anos 2000.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Vencedores e perdedores do Draft... Do jeito certo

Descubra o que faz de Ozzie "Awesome" Newsome
 um dos melhores GMs em termos de Draft


É muito comum, depois de um Draft (especialmente o da NFL), aparecerem posts falando sobre quem ganhou e quem perdeu o Draft. A premissa é simples: Olhando o talento dos jogadores que foram Draftados, quem "ganhou" foi o time que mais pegou grandes jogadores que vão causar impacto e dominar a NFL, e quem "perdeu" foi o time que usou suas escolhas pra pegar jogadors piores que não vão render. O problema lógico com essa abordagem é simples: Ninguém sabe, dias depois do Draft, quais jogadores vão dar certo e quais não vão. Só podemos usar esse tipo de visão alguns anos depois do Draft em questão, depois de ver os jogadores em seus clubes e o tipo de impacto que tiveram. Por exemplo, se alguém fosse fazer uma história do tipo depois do Draft da NFL de 2000, o Patriots provavelmente não seria citado ou seria citado como um dos "perdedores": Não tendo uma 1st round pick (enviada pro Jets como "compensação" por lhes tirar o técnico, Bill Belichick, no meio do seu contrato), o Pats usou escolhas de segunda e terceira rodada em jogadores duvidosos e não pegaram nenhum daqueles jogadores que eram considerados possiveis "steals". Hoje? Eles foram os grandes vencedores daquele Draft por saírem com Tom Brady da sexta rodada do Draft! E ninguém tinha como saber isso.

Isso acontece por causa de um grande problema quando se trata de esportes: Muitas pessoas preferem julgar as coisas pelo resultado do que pelo processo. Ao invés de avaliar todo o processo, que diz muito mais sobre uma pessoa ou uma ideia, elas preferem decidir se esse processo foi bom ou não com base apenas em ter funcionado no final ou não.

Meu exemplo favorito, é claro, são os Oakland Athletics da era "Moneyball". Pra quem perdeu o filme e o livro (heresia!), o Athletics era o time mais pobre da MLB no começo dos anos 2000 mas, usando estatísticas avançadas e contrariando o senso comum (algo ignorado pelos outros 29 times na época), sempre conseguiam ter um dos melhores records da Liga mesmo com a menor folha salarial. Só que como o A's nunca foi campeão, toda a mídia descartava o método de Billy Beane como sendo um fracassado que nunca levaria um time ao sucesso. E dai que esse método tinha feito do Athletics, todo santo ano, o melhor time da Liga por 162 jogos mesmo perdendo seus melhores jogadores todo ano e montando o elenco com jogadores que todos os outros times descartavam? O resultado final - a derrota nos playoffs, em series de cinco jogos onde a variância estatística é absurda - só provava que o método era falho. Alguns anos depois, Theo Epstein remontou o Red Sox com esses mesmos princípios do Athletics e levou o time ao título de 2004... E ai de repente todo o método rejeitado anteriormente passou a ser visto como um sucesso, todos os times adotaram o modelo, e o Red Sox passou a ser visto como o time que tinha feito isso funcionar, embora fosse exatamente o mesmo metodo que levava os A's aos playoffs todo ano.

O problema do Draft é exatamente esse: Todo mundo quer julgar o Draft com base nos resultados, mas ninguém tem como saber exatamente qual vai ser esse resultado, então todo mundo tenta projetá-lo  com base em palpites e suas avaliaçōes anteriores ao Draft, o que é um absurdo porque cada caso é um caso, e o impacto que um time tem sobre um calouro é diferente em cada situação. Não é apenas sobre talento e instrumental: Depende de como o jogador se encaixa em um certo estilo, como uma comissão técnica consegue desenvolver um jogador, como sua personalidade se adapta ao elenco... É uma infinidade de variáveis que torna isso tão dificil de prever. Então sim, daqui a cinco anos podemos sentar e discutir quem acabou se saindo melhor desse Draft e quem acabou quebrando a cara. Mas agora, dias depois do Draft, a unica coisa que podemos fazer é avaliar o processo pelo qual esses times acabaram com esses jogadores.

Então se você espera que eu diga quais times saíram com jogadores melhores aqui, lamento decepcionar. Se quer meus pensamentos sobre cada jogador e as decisōes dos times em draftá-los, então leia meu Running Diary da primeira rodada do Draft. Lá eu dei meus palpites, disse como cada jogador faz sentido naquela escolha e tudo mais, critiquei alguns por algumas escolhas que eu achei equivocadas, e pronto.

O objetivo desse post (pra encerrar de vez minha cobertura do Draft) é outro: Explicar quais são as formas de se avaliar o "processo" de um time no Draft, e como um time se coloca numa posição de sucesso. O resultado aqui é basicamente irrelevante, e vamos focar muito menos no "talento" dos jogadores, uma coisa extremamente subjetiva. Por exemplo, eu acho que o Jets errou ao Draftar Richardson na frente de Lotulelei, os dois jogam na mesma posição e eu acho Lotulelei simplesmente melhor. Mas essa é apenas uma questão de avaliação, de tentar prever o resultado antes dele acontecer. Então podem ficar tranquilos, NYJ fans, vocês não vão ver o Jets entre os "perdedores" aqui. E no final de tudo isso, vou usar esses "métodos" pra falar quais times eu avaliei como positivos e negativos nesse Draft.

Mas bem, vamos a isto: Quais são as formas de se avaliar o processo de um time no dia do Draft?


1. Como o time lidou com o valor de suas escolhas de Draft?

A primeira e mais importante faceta do Draft envolve uma palavra apenas: "Valor". Pense numa escolha de Draft como um ativo. Ela te dá direito a escolher um jogador entre um grupo de jogadores, e quanto antes você escolher, maior será a chance de escolher o cara que é avaliado como o melhor, ou mais valioso. Portanto, a forma como voce usa essas escolhas pra adquirir esse talento faz toda a diferença. O que eu estou falando nao é que você tem sempre que usar suas escolhas pra adquirir o jogador mais valioso disponível, essa é apenas uma abordagem possível e a abordagem depende do caso em questão (já chegaremos lá). O que eu estou falando é que, quando você está no Draft, você tem que maximizar o valor das suas escolhas quando está decidindo o que fazer com cada escolha, seja trocar ou escolher um jogador. 

Pense na seguinte situação. Voltemos ao Draft de 2000, quando Tom Brady entrou na NFL. Brady era avaliado pela Liga como uma escolha de sexta/sétima rodada ou até mesmo não-draftado, aquele QB que voce pega no final do draft pra competir pelo banco. Agora suponha que alguém entrou numa máquina do tempo hoje, voltou pra 2000 e disse ao Bill Belichick "Hey, sabe o garoto Brady? Daqui a 13 anos vão estar discutindo ele contra os maiores QBs de todos os tempos! Você TEM que pegar ele!". Agora me diga: Belichick usa sua escolha de primeira rodada (suponha que ele tivesse uma) pra pegar Brady agora que ele sabe que ele vai ser tão espetacular?

Pense... Pense...

E... Tempo!

NÃO!!! NÃO!!!!!!!! CLARO QUE NÃO!! Porque ele faria isso? Brady está avaliado pela Liga como uma escolha de sexta rodada no máximo, porque ele iria gastar uma escolha de primeira rodada em um jogador que ele pode pegar com uma de quinta ou sexta? Ele tem que usar sua escolha de primeira rodada em um atleta avaliado como tal que ele não seria capaz de pegar mais tarde. Mesmo se ele tiver medo de outro time pegar Brady antes dele na sexta rodada, pode usar uma escolha de quinta ou quarta pra garantir o jogador sem sacrificar o valor das suas escolhas mais altas. E não precisamos nem ir em casos tão extremos: Suponha que um bom time (escolha 25th, digamos) quer pegar um certo jogador cotado como uma escolha de meio de segunda rodada, e não vê nenhum jogador que vale essa 25th pick. Ele pode simplesmente pegar o seu jogador, não é um gap tão absurdo, mas a melhor forma de maximizar o valor dessa escolha seria trocar pra descer no Draft, ainda pegando seu jogador numa posição mais adequada e pegando mais escolhas no processo.

Claro que isso depende de outra questão: A avaliação de jogadores. O importante nesse caso não é o verdadeiro valor do jogador (algo impossível de medir), mas o valor que é atribuído ao jogador antes do Draft por analistas, especialistas e pelos times. Nem todo time vai avaliar os jogadores igual, mas hoje em dia na era da informação, os times em geral tem avaliaçōes bastante próximas, sem grandes desvios. Voltando pra questão do Jets, Richardson e Lotulelei tinham um valor semelhante pra 13th pick do Jets, nenhum deveria cair muito mais. Era apenas uma questão de avaliação. A liga em geral avaliava Lotulelei como melhor, o Jets avaliou Richardson como melhor... Mas ambos avaliavam os dois jogadores como sendo um talento de valor semelhante no Draft. Por isso mesmo que hajam algumas diferenças - que tende a aumentar nas rodadas posteriores - em geral a variação não é tão grande. 

E no final, essa é simplesmente a face mais importante do Draft. Cada pick carrega um certo valor, que decresce conforme a escolha vai sendo mais tardia. Conseguir usar bem o valor dessas picks, seja na hora de escolher um jogador ou de fazer uma troca por outras picks, o importante é sempre maximizar o valor das escolhas que você tem na mão. E como voces vão reparar, mesmo as categorias abaixo envolvem o valor que voce tira das suas escolhas também, só que de outras formas.


2. Como os jogadores escolhidos se encaixam no time?

No fundo, isso esta intimamente relacionado à questão do valor, mas mais específica. O item anterior envolve o valor absoluto dos jogadores mas ainda mais das escolhas, em maximizar o valor de cada escolha na hora de tomar decisōes. Essa envolve uma outra simples verdade: Assim como um objeto nã otem o mesmo valor pra cada pessoa, o valor de cada jogador não é igual para todos os times. 

Isso acontece por uma variedade de motivos. O primeiro, e mais obvio, é que os times jogam de formas diferentes, com estilos diferentes e com playbooks diferentes. Portanto, cada time vai precisar de jogadores com características que se encaixem no que o time vai usar em campo. Por exemplo, se eu jogo com uma defesa 4-3 como base, eu posso até draftar um OLB cuja força é ir atrás do QB, mas esse tipo de jogador vai ter menos valor pra mim do que pra um time que jogue em uma defesa 3-4, por exemplo. Ou de forma mais sutil, se meu ataque é baseado mais fortemente no jogo terrestre do que no jogo aéreo (pense 49ers com Alex Smith), um OG ou um OT mais veloz e mais eficiente na corrida tem  mais valor do que pra um time como Patriots onde o trabalho da OL é proteger o QB na maior parte do tempo. 

Uma outra forma de se pensar em valor relativo é a seguinte: Alguns times simplesmente sabem desenvolver jogadores melhores do que outros em dadas posiçōes. Pense na defesa do Steelers: Eles tem o mesmo DC faz anos, e jogam com o mesmo esquema faz um tempão. Eles sabem exatamente o que precisam nos seus jogadores de defesa e por isso tem mais facilidade que qualquer outro time da Liga desenvolvendo esses jogadores, em especial seus OLBs. Portanto, pra um OLB pego na terceira rodada do Draft, ele tem muito mais chance de se desenvolver em um bom jogador no Steelers, seus técnicos excelentes e seu esquema consolidado,  do que qualquer outro time que tente pegá-lo mais pra frente. Por esse motivo, o Steelers sabe que pode pegar um OLB mais pra frente e desenvolvê-lo, então não precisa usar  suas escolhas mais altas - e mais valiosas - pegando jogadores dessa posição com tanta frequência, podendo dedicá-las a jogadores de outras posiçōes que o time não desenvolva tão bem sabendo que pode conseguir um bom OLB em outro momento do Draft.

Então esse tipo de encaixe importa. Valor não depende apenas da escolha que está sendo usada, mas do encaixe do jogador com o time. Um jogador tem maior valor relativo pra um time se ele se encaixar melhor no seu estilo de jogo (o que não quer dizer que um time não vá pegar um grande talento cujo instrumental não seja o mais perfeito ao seu estilo, though), e um time eficiente em certas áreas pode usar isso pra buscar maior valor em áreas deficientes. Combinar isso com o valor de cada escolha é uma constante em times que draftam bem (Steelers, Ravens, etc).


3. Como a abordagem do time no Draft impacta na situação atual do time?

De novo, valor é algo relativo. A chave do Draft é maximizar o valor de cada escolha que você tem, mas cada time tenta fazer isso seguindo uma estratégia diferente baseado em uma necessidade diferente. A ideia do Draft é que não apenas ela trás valor na forma de jogadores, mas duas outras coisas: Jogadores baratos (contrato de calouro) e jogadores jovens (portanto você pode desenvolvê-los). A segunda parte, nesse caso, é um pouco mais importante: Jogadores não saem do Draft prontos, eles passam por um processo de alguns anos de adaptação e desenvolvimento. E até por uma questão estatística, quanto mais jogadores você tiver, maior a chance de um deles virar um bom titular mesmo vindo de rodadas mais tardias. Pra um time ruim e com vários buracos, é interessante ter o maior número possível de escolhas pra ter maior numero de chances de conseguir bons jogadores. Da mesma forma, pra um time mais pronto e com poucos buracos, as vezes vale a pena sacrificar algumas escolhas de Draft, subir posiçōes e pegar um jogador mais pronto e explosivo pra ajudar em uma área chave do seu time.

Um bom exemplo recente é o do Atlanta Falcons. Dois anos atrás, o Falcons tinha um bom time: Boa linha, bom QB, boa defesa. Era um time bem completo que tinha apenas um buraco grande: O time precisava de outro WR. Com um bom numero de picks no Draft, o Falcons decidiu trocar uma cacetada de picks (duas 1st rounds, duas seconds, uma 4th) pela sexta escolha do Draft (Browns) e pegar o WR Julio Jones. Em um vácuo, o valor das escolhas que o Falcons enviou para o Browns valiam mais do que a que eles receberam em troca. Mas pra um time tão lotado e com poucas falhas como o Falcons, o valor marginal de Julio Jones (ou seja, o valor que a adição do jogador adiciona ao conjunto) era maior do que o valor marginal que eles iriam conseguir adicionando cinco outros jogadores inferiores que não encaixassem tão bem no time como JJ. E pro Browns, cheio de buracos no time, o valor adicional desse monte de escolhas de Draft, jogadores que cobrem mais funçōes no time, compensava a perda de uma possível estrela. Tudo depende da situação.

Claro, você não pode ser cego e fazer as coisas sem pensar. Um time ruim pode trocar todas suas escolhas altas por dezenas de escolhas baixas, e pode sair com um monte de bom role players disso, mas vai perder a chance de adicionar jogadores mais garantidos e com maior potencial. Da mesma forma, um time não pode trocar suas 7 escolhas por uma só lá no alto, o risco eé alto demais de uma lesão ou um bust acabar com um ano. Entao tudo depende de achar o equilíbrio certo e a estratégia certa pra otimizar o valor pro seu time.


4. Como o Draft supriu as necessidades do time?

O último ponto pode parecer óbvio - e de certa forma é - e está intimamente ligado aos outros três pontos: Praticamente todo time tem alguma posição de necessidade, alguma posição deficiente que precisa ser adereçada, e o Draft é muitas vezes a ferramenta perfeita pra isso já que a essa altura, um bom numero de Free Agents já saiu do mercado. Então, a lógica diz que você deve usar o Draft, de alguma forma, pra suprir essas necessidades ou se arriscar a ir pra temporada com essa falha.

Esse ponto aparece aqui por ultimo porque ele é o mais simples, mais fácil de se ver, e justamente por isso é o que mais GMs retardados usam como o ponto principal, quando na verdade ele deve sempre estar sujeito aos três primeiros pontos. O pior pecado que um GM pode cometer com regularidade no Draft é ficar cego pelas necessidades do time e ignorar os outros três pontos cruciais, e pegar cegamente um jogador que ele precisa.

Por exemplo, pegue o San Francisco 49ers. Eles trocaram uma escolha de terceira rodada pra subir na primeira rodada e pegar um FS, Eric Reid, que tapava a maior necessidade do time no lugar do Free Agent Dashon Goldson. Em termos de valor, as picks que o 49ers perdeu são 20% mais valiosas (de acordo com Football Outsiders) do que a que eles receberam. Só que ai entra o contexto: O 49ers tinha 13 escolhas de primeira rodada e um elenco recheado de tal modo que teria pouco espaços pra muitos calouros, então fazia todo o sentido pra equipe subir no Draft (conforme dito no item anterior) e pegar o jogador que seria o melhor encaixe no seu time. Se um time tipo Browns fizesse isso, eu iria rir da cara deles. Entao tudo depende de contexto.

Pense de outra forma: Na média, os times avaliam os jogadores de forma semelhante antes do Draft. Alguns avaliam certos jogadores melhor, outros pior, mas na média - ainda mais hoje em dia nessa época de tanto acesso à informação - a avaliação é semelhante pros 30 clubes. Então porque os mesmos times e GMs sempre saem do Draft melhores do que a média dos times enquanto outros sempre parecem sair mal do Draft?? Porque os GMs/técnicos inteligentes (Bill Belichick, Trent Balkee, John Schneider, Ozzie Newsome, etc) sabem muito bem como trabalhar o valor no dia do Draft ao invés de simplesmente ir cegamente atrás dos bons jogadores ou que cobrem as necessidades, enquanto os outros não pensam dessa forma e só pegam os jogadores que querem independente da possibilidade de extrair maior valor da situação. E por isso essa categoria, ainda que importante, é apenas a quarta.


Então essas são as quatro melhores formas de se avaliar um Draft. Os times inteligentes sabem como lidar com todas essas faces do Draft e extrair o maior proveito deles no dia do Draft em si, apesar de toda a incerteza em relação aos resultados, enquanto times burros escolhem punters na terceira rodada porque "prefere escolher um titular do que um reserva com a 3rd rounder" (FYI, esse time tem Blaine Gabbert de QB e passou Russell Wilson pra pegar esse punter). Obviamente, a chave é equilibrio. Não existe uma resposta certa e cada situação exige uma resposta diferente, e os capazes de juntar esses conceitos nessa resposta são os que tem sucesso.

Usando agora esses conceitos, e também pra exemplificar o que eu quero dizer, vamos ver alguns exemplos rápidos de times que mandaram bem e que mandaram mal nesse Draft.


Philadelphia Eagles

Pra mim, o Eagles foi um dos grandes vencedores desse Draft, embora eles tivessem uma certa... "vantagem". O Eagles trocou de técnico ao final da temporada passada, depois de anos jogando sob a batuta de Andy Reid, pra dar o cargo de Head Coach pra Chip Kelly, um técnico vindo da NCAA famoso por seus explosivos esquemas ofensivos como técnico de Oregon. Portanto, essa troca de técnico significou uma mudança drástica de esquema tático: Kelly vai querer implementar seu ataque extremamente veloz e explosivo no lugar do esquema de Reid, e muitos dos jogadores que estão atualmente no elenco do Eagles foram draftados por Reid pra servir aos seus esquemas. E como Kelly vai precisar usar e testar seu esquema na NFL para poder adaptá-lo, ele precisaria de um time capaz de executá-lo em primeiro lugar.

E eis porque eu acho que o Eagles se deu bem: O time conseguiu os jogadores perfeitos no local perfeito para poder usar seu plano ofensivo com liberdade. Em um Draft considerado fraco e com poucos times dispostos a pagar caro pra subir nas primeiras rodadas, o Eagles optou por usar suas escolhas pra arrumar a casa e dar ao Kelly os jogadores pra ele poder implementar seu estilo, ao invés de gastar mais um ano tentando acumular os jogadores. E eles conseguiram os jogadores perfeitos pra isso: Na primeira rodada, pegaram o terceiro melhor OT do Draft, Lane Johnson. Pra mim, Johnson é o terceiro melhor OT desse Draft, mas ai que está: Nenhum era mais perfeito que Johnson pra jogar com esse HC. O estilo de Kelly é baseado em muita velocidade e precisa de jogadores que possam sair da linha e acompanhar bloqueios ao longo da jogada, e a primeira coisa que chama a atenção em Johnson é sua absurda velocidade e capacidade de ao longo de uma jogada. Então era o tipo de jogador que era chave pra esse esquema e que o Eagles pegou pro lugar de sua linha mais velha e menos explosiva. Outro jogador ideal que o Eagles pegou foi o TE Zach Ertz. Hoje em dia, todo ataque da NFL precisa de um TE explosivo, capaz de dar uma opção pelo meio e usando sua velocidade e tamanho pra criar mismatches. Em um ataque como o de Kelly que prioriza a velocidade dos jogadores e gosta de jogar pelo meio da defesa, um TE como Ertz - um missmatch ambulante capaz de se alinhar em qualquer lugar do campo - é um requisito indispensável. Em Johnson e Ertz, o Eagles adquiriu duas peças que são fundamentais pro futuro da Franquia.

Mas o Eagles teve outro grande acerto: Trocar na 4th round pra pegar Matt Barkley. Barkley, ano passado, era cotado como uma escolha de primeira rodada de Draft, possivelmente top10, e a provavel 1st pick de 2013. Esse ano, caiu pra quarta rodada, principalmente por causa de um ano ruim na universidade marcado por lesōes e um time que decepcionou. As duvidas sobre seu braço "fraco" e sua saude o acabaram tornando uma escolha duvidosa pra primeira rodada, mas definitivamente com valor na segunda/terceira como um QB inteligente, acostumado a jogar em um esquema de NFL no College e que poderia ter sucesso na NFL em um ataque que jogasse em torno das suas forças (vale notar: Outro otimo College QB que caiu pra terceira rodada por conta de lesōes e um braço "fraco"? Joe Montana). O Eagles, sem um QB preparado pra 2013, não teve interesse nele no começo, preferiu ir atrás de jogadores diferentes, mas quando ele caiu pra quarta rodada, Kelly foi atrás dele tanto como escolha de valor (Ele é bem mais NFL-ready do que uma escolha de quarta rodada) e porque Barkley PODE vir a ser um bom QB para um time que nao confia no seu titular (Michael Vick). O Eagles joga em um esquema de passes curtos, pensamento rápido e inteligencia na chamada de jogadas na linha de scrimmage, e pelo menos em teoria, Barkley é mais adequado a esse esquema que Vick ou Foles, além de ser um esquema cheio de playmakers onde seu braço "fraco" seria um problema menor. Então pra quarta rodada, o Eagles soube identificar um talento que escorregou demais e que ainda poderia se encaixar bem na equipe, tanto por esquema como pela posição. Excelente pick, excelente abordagem, excelente Draft.


Oakland Raiders

O Raiders, antes do Draft, se tomou de amores pelo CB DJ Hayden. Cotado originalmente como o segundo melhor CB do Draft e uma escolha de meio/fim de primeira rodada, Hayden aparentemente convenceu o Raiders com seus workouts e entrevistas que ele era o terceiro melhor jogador do Draft, depois de Eric Fisher/Luke Joeckel. Como eu disse, isso é uma questão de avaliação: O Raiders avaliou ele como um jogador muito superior ao que o resto da Liga tinha avaliado em termos de talento/encaixe. E não estamos julgando avaliaçōes aqui, e sim processo.

E aqui está porque o Raiders se saiu como um vencedor do Draft: Oakland tinha Hayden como o terceiro melhor jogador do Draft e estava disposto a draftá-lo com a terceira escolha, embora a Liga o avaliasse com um valor inferior. Mas o Raiders, por causa de diversas trocas e más decisōes nos ultimos anos, passou os ultimos Drafts com poucas escolhas altas e até por conta disso fracassou em desenvolver uma boa base de talento jovem pra equipe. Sabendo dessas duas coisas, o Raiders buscou ativamente alguém pra trocar sua 3rd pick da primeira rodada, sabendo que precisava urgentemente de mais escolhas de Draft (de preferencia altas) pra recompor a base de talento do time e conseguiu uma escolha de segunda rodada por descer 9 picks na primeira rodada, uma boa troca que rendeu ao Raiders uma escolha de segunda rodada que o time não tinha e ainda pegar o jogador que queria em uma posição mais adequada. Então o Raiders fez o certo ao identificar o jogador que queria, não se desesperar para pegá-lo, ser paciente, conseguir um maior valor pela sua escolha e conseguir o jogador que queria e as picks que precisava.


San Francisco 49ers

Um caso interessante por ser o oposto do Eagles e Raiders: Um time extremamente cheio de talento, com algumas posiçōes de necessidade mas com um grupo que tem poucos lugares pra calouros. E a abordagem do 49ers foi consistente: Aproveitando-se do numero absurdo de escolhas que o time tinha (13) e sabendo que não teria lugar pra 13 calouros no seu time, o 49ers usou essas escolhas pra subir no Draft e ir atrás dos jogadores que precisava: Trocou uma escolha de 3rd round que não realmente precisava pra ir atrás da unica posição que tinha real urgência (safety), indo atrás do safety que o time melhor tinha rankeado; e depois trocou também escolhas de final de draft (que tinha de sobra) para subir no final das segundas e terceiras rodadas e roubar o TE Vance McDonald (pro lugar de Delanie Walker, Free Agent) e o DT Corey Lemonier, dois jogadores que o time tinha em alta conta e podia se dar ao luxo de gastar picks para adquirir.

A situação estável e completa do 49ers também deu ao time outro luxo: Ir atrás de dois talentos de primeira rodada que cairam por conta de lesōes. "Tank" Carradine era o jogador perfeito pro lugar de Justin Smith na linha do 49ers, um DE físico e excelente pass rusher que era cotado como um dos melhores do Draft antes de estourar o joelho no final da temporada passada. A questão é, o 49ers tem talento e depth suficientes pra pegar esses jogadores e deixá-los treinando e se recuperando até estarem realmente prontos para entrarem. O mesmo aconteceu com Marcus Lattimore, considerado por muitos o melhor RB dos ultimos anos e melhor back desse Draft, que caiu por conta de duas lesōes assustadoras no joelho e dúvidas sobre fragilidade e capacidade de contribuir desde já. Mas com um time com pelo menos três excelentes RBs e muita tranquilidade na posição (e 400 escolhas de Draft), o time pode se dar ao luxo de pegar Lattimore e deixá-lo um ou dois anos treinando e se recuperando com calma antes de ter necessidade de entrar e contribuir. Mesmo se der errado, não perde nada.

Apesar de ter usado com muita inteligencia sua posição pra adotar uma estratégia agressiva, isso não quer dizer que Balkee tenha confundido agressividade com impaciência. Sabendo da absoluta falta de necessidade do time por mais escolhas em 2013, o time aproveitou o desespero do Titans pra conseguir um importante ativo pro futuro, no caso uma escolha de terceira rodada do ano que vem (um draft supostamente profundo), trocando escolhas de segunda rodada (recuando apenas sete posicoes) pra conseguir essa escolha futura. É outra abordagem de Draft que tem a ver com o estado atual da equipe, mas não menos brilhante: Aproveitar suas vantagens pra adquirir o maior valor marginal para a equipe e ativos para o futuro. Saber usar sua posição de força é o que mantém bons times bons.


Buffalo Bills

E aqui chegamos ao grande erro do Draft de 2013: EJ Manuel.

Vamos repassar o que nós aprendemos: O Bills draftar EJ Manuel sobre Geno Smith, Barkley e cia foi uma questão de avaliação. O Bills tem um técnico novo, com um novo esquema e eles acreditaram que Manuel e sua habilidade física pra sair do pocket (embora tenha usado muito pouco option no College) poderia ver a calhar numa NFL que está tendo muito sucesso com o option. Portanto, por ser uma questão de encaixe num esquema novo e adaptação, não podemos criticar o Bills por alguns anos até ver no que isso vai dar (embora eu pessoalmente acho que se era pra pegar um QB pela mobilidade, o Geno servia).

E aqui está o que eu POSSO criticar o Bills: Eles ficaram cegos pela necessidade de um QB e se focaram nisso, ignorando as três primeiras "liçōes" desse post, em especial a primeira. Manuel era cotado como uma escolha de de terceira rodada e olhe lá, o quarto ou quinto melhor QB de uma classe particularmente fraca. Geno Smith, amplamente considerado na NFL o melhor do Draft, só saiu na 39th pick, e o terceiro a sair foi só no meio da terceira rodada (Mike Glennon). Matt Barkley caiu pra quarta rodada. Eu acho que todo mundo já entendeu que o valor do Manuel nao era maior do que uma escolha de final de segunda/terceira ou até quarta rodada. Porque draftar ele no meio da primeira rodada quando não tinha NENHUMA movimentação da Liga em direção a um Quarterback??

O Bills fez a coisa certa da primeira vez, na verdade, descendo da oitava pick do Draft pra pegar uma escolha extra de segunda rodada, um excelente valor aproveitando do desespero do Rams (não critico o Rams por overpay pela pick porque precisavam urgente de um WR e tinha um bom numero de escolhas, btw). Se fosse um time muito sólido em diversas posiçōes essa primeira troca teria sido talvez suficiente, mas num time cheio de necessidades - WR, TE, linha ofensiva, algumas posiçōes de defesa -  o valor da escolha que voce joga no lixo draftando um jogador de terceira rodada na primeira faz muita falta. Pega o melhor jogador disponivel ou então troca pra descer e adquirir multiplas escolhas (ou até mesmo, melhor ainda, uma escolha futura de primeira rodada ou até segunda/terceira), mas não pode jogar fora esse valor todo só porque quer garantir um jogador. Mesmo os melhores e mais recheados time (como o 49ers acima) sabem a hora de ser agressivos e a hora de garantir os melhores ativos para seu time, e o Bills jogou isso pela janela. Pode ser que Manuel seja o novo Russell Wilson e o Bills ganhe cinco Super Bowls, mas de novo, esse seria o resultado. E o pior, eu gostei do Draft do Bills em geral tirando essa pick, mas um time que não é relevante em uns 15 anos não vai melhorar se não explorar o verdadeiro valor dos seus ativos.


Minnesota Vikings

Outro time que fez uma coisa inteligente outra mas jogou um monte de lixo por cima e enterrou no quintal pra crescer uma árvore radioativa.

O Vikings, mesmo vindo de uma ótima temporada e playoffs, não é realmente um grande time do primeiro ao ultimo jogador. Tem bons jogadores, a OL é sólida e tem o melhor RB da NFL desde LT, mas o time perdeu seu melhor WR e o trocou por um bom WR com pernas de vidro, não tem outro WR competente e tem muitos buracos ao longo do plantel. Mas com um bom número de escolhas e duas picks de primeira rodada, o Vikings parecia numa boa posição pra trazer um bom número de jovens jogadores e recompor o elenco, tapando os buracos e trazendo talento jovem pra equipe.

O Viks começou bem o Draft, pegando Shariff Floyd com sua primeira escolha, uma potencial Top5 pick que caiu no Draft devido a problemas de personalidades mas ainda era um ótimo valor pra equipe, sem dúvida o melhor disponível, mesmo não sendo a maior necessidade da equipe. Com sua segunda pick, o time draftou o CB Xavier Rhodes, cotado como fim de primeira/começo de segunda rodada. De novo, nenhum problema aqui. Eu pessoalmente achava que um WR era uma necessidade mais urgente pro Viks, mas nenhum problema pois o Draft tinha boa profundidade de WRs. Podia pegar um na rodada seguinte e ainda ter um bom numero de escolhas pra adicionar a profundidade necessária.

E ai que tudo desandou. Trocando sua escolha de segunda rodada, uma de terceira, uma de quarta E uma de sétima, o Vikings subiu pro final da primeira rodada (29th) pra pegar Cordarelle Patterson, um WR mais cru que praticamente qualquer outro WR do Draft. O que aconteceu foi provavelmente que o time tinha Rhodes bem cotado (acima da 25th pick), ficou surpreso quando ele caiu até sua pick, e achou que valia a pena pegá-lo ali, mas ai o time quis pegar também sua escolha original e trocou tudo que pode pra pegá-lo. O Patriots, um dos times que melhor entende o valor de escolhas de Draft, se aproveitou da situação e aproveitou pra tirar do Vikings tudo que pode: No final, eles acabaram com esse show de escolhas que, segundo o Football Outsiders, vale 60% a mais do que a 29th pick que eles enviaram ao Vikings.

Colocando em perspectiva: Quando um time quer subir no Draft, ele acaba tendo que overpay pela escolha que ele busca na maioria das vezes por ter menor base de negociação. Entre todas as outras trocas nessa primeira rodada, quem mais overpaid por picks foram o Niners (22%) e o Atlanta (28%), dois times que chegaram muito longe ano passado e buscavam peças especificas pra complementar seus times (além de terem um bom número de picks). O Viks pagou mais do que os dois juntos sendo que tem um time muito inferior e com maior necessidade dessas picks de meio de rodada, um exagero inexplicavel ainda mais considerando a boa profundidade de WRs nesse Draft. Falcou jogo de cintura aqui pro Vikings: Tiveram a chance de pegar um jogador que provavelmente tinham rankeado mais alto e o pegaram, mas ai teimaram em pegar o mesmo WR que queriam e pagaram um preço muito caro por isso. Faltou jogo de cintura pra pensar "Ok, perdemos o WR que queriamos ams pegamos alguem que gostavamos mais, agora vamos em busca de outro pro lugar dele". E pros que se perguntam se isso realmente é tão ruim assim, foi essa lógica que fez o Minnesota Timberwolves pegar Jonny Flynn sobre Steph Curry em 2009. So there!