Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

quinta-feira, 31 de março de 2016

Top 100 Prospectos da MLB - 2016


Em março de 2014, alguns dias antes da temporada da MLB começar, nós - Vitor Camargo, do Two-Minute Warning, e Vinicius Veiga, do Spinball Net - decidimos fazer a primeira versão em português de uma lista dos 100 Melhores Prospectos do beisebol. O projeto foi um grande sucesso e agora, dois anos depois, trazemos a terceira versão da lista, atualizada e refletindo todas as mudanças que ocorreram nas ligas menores do beisebol profissional em 2015.

O que vocês estão prestes a ler é a forma como nós - Vitor Camargo, do Two-Minute Warning, e Vinicius Veiga, do Spinball Net - decidimos montar a lista dos "100 Melhores Prospectos" do beisebol para a temporada 2016, com base em todo tipo de videos, estatísticas e opiniões educadas.   


As regras para a elaboração da lista são as mesmas do ano passado. Para entender melhor os critérios e como pensamos essa lista, é melhor ler em detalhes a introdução dessa coluna. Mas as regras são as mesmas: apenas foram considerados jogadores que são elegíveis como calouros pelas regras da MLB, ou seja, tem menos de 130 at bats ou 50 entradas arremessadas nas grandes ligas, tendo passado não mais que 45 dias no elenco principal. Alguns jogadores já tem experiência nas ligas maiores, mas ainda não atingiram os limites mínimos para deixarem de ser calouros.

A lista também não considera jogadores com experiências profissionais em outros países, então nada de Kenta Maeda por aqui, por exemplo.

Sobre o modelo das cartas, o formato mudou, mas a estrutura de montagem continua a mesmo. Isso significa que, para os rebatedores, os periféricos de home runs e bases roubadas são acumulativos ao longo do ano, enquanto o aproveitamento no bastão, em base e slugging são os números conseguidos na divisão mais alta, ou com mais passagens relevantes pelo bastão, pelo qual o jogador passou. Nos arremessadores, os acumulativos dentro do ano são entradas arremessadas, strikeouts e walks, enquanto ERA e FIP são de acordo com a determinada liga que este lançador se encontra agora (ou teve mais jogos relevantes).

Espero que aproveitem a leitura tanto quanto nós nos divertimos ao montá-la!

Glossário


Esse glossário é para explicar os ternos e siglas usados nessa coluna. Se você já sabe, pode ir direto para a próxima seção e descobrir quais são os 100 melhores prospectos da MLB. As abreviações e termos usados são:

AVG - Aproveitamento no bastão. Conta quantas as idas de um jogador ao bastão renderam rebatidas.
OBP - Porcentagem em base. Mostra qual a porcentagem de idas ao bastão que o jogador chegou salvo em base.
SLG - Slugging. É uma medida de força, quantas bases totais um jogador consegue por ida ao bastão.
SB - Bases roubadas
HR - Home Runs
ERA - Número de corridas que um arremessador cede a cada 9 entradas de jogo
FIP - Estatística que mostra o ERA "real" de um jogador considerando apenas o que ele pode controlar (saiba mais sobre o assunto aqui)
IP - Número de entradas arremessadas por um pitcher
SO - Strikeouts. Número total de rebatedores que um arremessador elimina por strikes
BB - Walks. Rebatedores que um arremessador coloca em base errando os arremessos

Sobre posições
C - Catcher
1B - Primeira base
2B - Segunda base
3B - Terceira base
SS - Shortstop
OF - Jogador do campo externo
LF - Joga no lado esquerdo do campo externo
RF - Joga no lado direito do campo externo
CF - Joga na parte central do campo externo
Pitcher - Arremessador
RHP - Arremessador destro
LHP - Arremessador canhoto
Bullpen - Arremessador que não é titular, que vem do banco durante os jogos

Sobre as ligas menores, do nível mais baixo ao mais alto
R - Rookie
A- - Low-A/Short-season A
A - Mid-A
A+ - High-A
AA - Double-A
AAA - Triple-A
MLB - Major League Baseball, as ligas maiores

Acho que é isso de enrolação. Vamos, enfim, para a nossa lista dos 100 Melhores Prospectos da MLB.

100 Melhores Prospectos do Beisebol em 2016*



#1, Corey Seager, SS/3B, Los Angeles Dodgers

#2, Byron Buxton, OF, Minnesota Twins

#3 Lucas Giolito, RHP, Washington Nationals

#4 JP Crawford, SS, Philadelphia Phillies

#5, Julio Urias, LHP, Los Angeles Dodgers

#6 Tyler Glasnow, RHP, Pittsburgh Pirates

#7, Alex Reyes, RHP, Saint Louis Cardinals

#8, Yoan Moncada, 3B, Boston Red Sox


#9, Orlando Arcia, SS, Milwaukee Brewers

#10, Joey Gallo, 3B/OF, Texas Rangers

#11, Blake Snell, LHP, Tampa Bay Rays

#12, Dansby Swanson, SS/2B, Atlanta Braves

#13 Nomar Mazara, OF, Texas Rangers

#14 Steven Matz, LHP, New York Mets

#15 Brendan Rodgers, SS, Colorado Rockies

#16 Trea Turner, SS, Washington Nationals

#17 Jose Berrios, RHP, Minnesota Twins

#18 Andrew Benintendi, OF, Boston Red Sox

#19 Lewis Brinson, OF, Texas Rangers

#20, Austin Meadows, OF, Pittsburgh Pirates

#21 Rafael Devers, 3B, Boston Red Sox

#22 Alex Bregman, SS/2B, Houston Astros

#23 Bradley Zimmer, OF, Cleveland Indians

#24 Franklin Barreto, SS, Oakland Athletics

#25, Aaron Judge, OF, New York Yankees

#26 Sean Newcomb, LHP, Atlanta Braves

#27 Jose De Leon, RHP, Los Angeles Dodgers

#28 Manuel Margot, OF, San Diego Padres

#29 Robert Stephenson, RHP, Cincinnati Reds

#30 Jesse Winker, OF, Cincinnati Reds

#31 Jon Gray, RHP, Colorado Rockies

#32 Clint Frazier, OF, Cleveland Indians

#33 Brett Phillips, OF, Milwaukee Brewers

#34, Anderson Espinoza, RHP, Boston Red Sox

#35 Gleyber Torres, SS, Chicago Cubs

#36 Ozhaino Albies, SS, Atlanta Braves

#37 Francis Martes, RHP, Houston Astros

#38 Max Kepler, OF, Minnesota Twins

#39 Victor Robles, OF, Washington Nationals

#40 Anthony Alford, OF, Toronto Blue Jays

#41 Cody Reed, LHP, Cincinnati Reds

#42 AJ Reed, 1B, Houston Astros


#43 Ryan McMahon, 3B, Colorado Rockies

#44 Wilson Contreras, C/3B, Chicago Cubs

#45 David Dahl, OF, Colorado Rockies

#46, Javier Guerra, SS, San Diego Padres

#47 Josh Bell, 1B/Of, Pittsburgh Pirates

#48 Tim Anderson, SS, Chicago White Sox


#49 Sean Manaea, LHP, Oakland Athletics

#50 Brent Honeywell, RHP, Tampa Bay Rays

#51, Dillon Tate, RHP, Texas Rangers

#52 Aaron Blair, RHP, Atlanta Braves

#53 Nick Williams, OF, Philadelphia Phillies


#54 Braden Shipley, RHP, Arizona Diamondbacks

#55 Ian Happ, 2B/OF, Chicago Cubs

#56 Gary Sanchez, C, New York Yankees

#57 Kyle Zimmer, RHP, Kansas City Royals

#58 Carson Fulmer, RHP, Chicago White Sox

#59 Mark Appel, RHP, Philadelphia Phillies

#60 Jameson Taillon, RHP, Pittsburgh Pirates

#61 Willy Adames, SS, Tampa Bay Rays

#62 Nick Gordon, SS, Minnesota Twins

#63 Jorge Mateo, SS, New York Yankees

#64 Grant Holmes, RHP, Los Angeles Dodgers

#65 Jose Peraza, 2B, Cincinnati Reds

#66 Jake Thompson, RHP, Philadelphia Phillies

#67 Taylor Guerrieri, RHP, Tampa Bay Rays

#68 Archie Bradley, RHP, Arizona Diamondbacks

#69 Michael Fulmer, RHP, Detroit Tigers

#70 Tyler Jay, RHP, Minnesota Twins

#71 Christian Arroyo, SS, San Francisco Giants

#72 Dominic Smith, 1B, New York Mets

#73 Jorge Lopez, RHP, Milwaukee Brewers


#74 Billy McKinney, OF, Chicago Cubs

#75 Luis Ortiz, RHP, Texas Rangers

#76 Jeff Hoffman, RHP, Colorado Rockies

#77 Amir Garrett, LHP, Cincinnati Reds

#78 Kyle Tucker, OF, Houston Astros

#79 Dylan Bundy, RHP, Baltimore Orioles

#80 Albert Almora, OF, Chicago Cubs

#81 Trent Clark, OF, Milwaukee Brewers

#82 Daz Cameron, OF, Houston Astros

#83 Hunter Harvey, RHP, Baltimore Orioles

#84 Raimel Tapia, OF, Colorado Rockies

#85 Daniel Robertson, SS, Tampa Bay Rays

#86 Raul Mondesi, SS, Kansas City Royals

#87 Hunter Renfroe, OF, San Diego Padres

#88 Matt Olson, 1B, Oakland Athletics

#89 Josh Hader, LHP, Milwaukee Brewers

#90 Kolby Allard, LHP, Atlanta Braves

#91 Brady Aiken, LHP, Cleveland Indians

#92 Cody Bellinger, 1B, Los Angeles Dodgers

#93 Jorge Alfaro, C, Philadelphia Phillies

#94 Forrest Wall, 2B, Colorado Rockies

#95 Bobby Bradley, 1B, Cleveland Indians

#96 Reese McGuire, C, Pittsburgh Pirates

#97 Jack Flaherty, RHP, Saint Louis Cardinals

#98 Alex Jackson, OF, Seattle Mariners

#99 Cornelius Randolph, OF, Philadelphia Phillies

#100 Tyler Kolek, RHP, Miami Marlins

Menções honrosas:

Roman Quinn, OF, 22 anos, Philadephia Phillies
Touki Toussaint, RHP, 19 anos, Atlanta Braves
Jorge Polanco, SS, 22 anos, Minnesota Twins
Amed Rosario, SS, 20 anos, New York Mets
Justus Sheffield, LHP, 19 anos, Clevleand Indians
Alex Verdugo, OF, 19 anos, Los Angeles Dodgers
Michael Kopech, RHP, 19 anos, Boston Red Sox
Max Fried, LHP, 22 anos, San Diego Padres
Tom Murphy, C, 24 anos, Colorado Rockies
Gavin Cecchini, SS, 22 anos, New York Mets

Agradecimentos especiais: Marcelo Mazzini (@maecomazzini)!

*Nota: A lista e as cartas foram feitas antes do começo da temporada, e foram atualizadas até dia 24/03. Atuações, promoções ou lesões após essa data ou durante a temporada 2016 não foram consideradas para a elaboração desse ranking



Introdução - Top 100 Prospectos do Beisebol 2016

A trajetória profissional dos jogadores na Major League Baseball, desde o draft até o momento no qual eles enfim chegam a jogar nas ligas maiores, é algo que a diferencia das outras duas principais ligas americanas, a NBA e a NFL. Nessas duas, o jogador que é selecionado no draft vai direto para o time principal e já é parte do elenco, sendo usados em jogos e tudo mais. Na NBA alguns jogadores até passam algum tempo na D-League, mas é a exceção e não a regra. O comum é o jogador que já chega da faculdade, é incorporado ao elenco e passa a contribuir desde esse momento.

Na MLB, não funciona assim. Eles possuem o que é chamado de "ligas menores", uma espécie de categorias de base de cada time, mas onde os jogadores não são separados por idade mas sim por produtividade e pelo quanto estão prontos. Quando um atleta é selecionado no draft - seja direto do colegial, ou nos últimos dois anos de faculdade - ele vai para os níveis mais baixos das ligas menores para se aclimatar ao jogo profissional e se desenvolver. Então passa alguns anos nessas ligas menores se desenvolvendo, aperfeiçoando e refinando seu jogo, subindo de nível (ou não) conforme se desenvolve e vai ficando pronto para enfrentar adversários melhores. Até que enfim o time acha que ele está pronto para contribuir nas ligas maiores, e esse jogador pode subir para o time principal, na MLB. E é só ai, depois de um longo processo de desenvolvimento, que ele tem a chance de estrear e começar sua carreira profissional de fato.

Deixando de lado o que isso representa para os times, os jogadores e a MLB em si, para os torcedores isso gera um certo "problema": é muito mais difícil saber no beisebol quais são os jogadores que ainda não estão nas ligas maiores mas que logo causarão impacto por lá. Na NBA ou na NFL, eu sei perfeitamente quais são as jovens promessas do jogo (pois elas já estão lá) e quais as próximas (é só olhar o draft). Mas não no beisebol, em que essas promessas estão em ligas menores que pouca gente assiste, não tem transmissão na TV e raramente por links piratas, é mais difícil achar estatísticas ou histórias, e que pouca gente se interessa de modo geral. Então é mais difícil para os torcedores saberem o que esperar do futuro, quais são os próximos grandes craques da liga, como seu time está produzindo jovens talentos, e se um certo time pode esperar coisas boas no futuro próximo.

Para resolver essa questão, uma prática comum nos EUA são os "Top 100 Prospectos", listas especializadas que ranqueiam os 100 melhores prospectos ou promessas das ligas menores, como tentativa de informar aos torcedores tudo isso que eles desconhecem. No entanto, essas listas são poucas, muitas vezes precisando de algum tipo de assinatura ou comprar algum tipo de pacote, e nenhuma delas é em português. Então, lá atrás em 2014, decidimos fazer a mesma coisa, criar um Top 100 Prospectos nosso, com nossos próprios conhecimentos e experiência, e trazê-lo a vocês em português: passamos um bom tempo analisando tudo que podíamos sobre os prospectos das ligas menores, assistindo vídeos, compilando estatísticas, lendo relatos e análises especializadas, e tirando nossas próprias conclusões sobre esses jogadores, para então montarmos a nossa própria lista com os 100 melhores prospectos do beisebol no momento. É uma forma de tornar mais acessível e compreensível para o público brasileiro em geral a informação sobre esses jogadores, tão pouco conhecidos e que podem ter um impacto muito grande em um futuro próximo.

O que vocês estão prestes a ler é a forma como nós - Vitor Camargo, do Two-Minute Warning, e Vinicius Veiga, do Spinball Net - decidimos montar essa lista dos "100 Melhores Prospectos" do beisebol, com base em todo tipo de videos, estatísticas e opiniões educadas. Antes de passarmos para os finalmentes e para a lista em si, queria só esclarecer três tópicos: primeiro, explicar exatamente como funciona a lista, quais foram os critérios utilizados e o que isso significa; depois, explicar a forma como estamos apresentando isso, em forma de cartões, e o que significa cada parte do cartão; e por fim, um rápido glossário para quem não conhece ou não está acostumado com os termos e abreviações usados.

Espero que aproveitem.

Sobre a lista

Para compor essa lista, e julgar quais prospectos eram os melhores (e portanto foram classificados melhores) e quais acabaram sendo deixados de fora, usamos principalmente quatro critérios:

a) Potencial - Esse é talvez o mais importante. O que importa para qualquer time não é o que esses jogadores são hoje, quando ainda não estão contribuindo nas ligas maiores. O que importa é o que esses atletas serão quando atingirem esse estágio, e ainda mais, o quão bom eles podem ser depois que chegarem na MLB. Se um jogador tem, por algum motivo, chances realistas de ser um candidato a MVP em algum ponto no seu futuro, pode ter certeza que isso vai ser ótimo para seu valor.

b) Realização - Em outras palavras, o quanto do jogo desse jogador é uma certeza já realizada? Potencial é ótimo, mas o quanto desse potencial vai ser realizado de um jogador é uma incógnita. Quanto mais longe no seu desenvolvimento estiver e quanto mais perto de atingir um nível aceitável esse jogador vai estar, maior será o que já sabemos sobre ele, mais perto de contribuir na MLB estará, e menor vai ser a incerteza em torno do seu futuro. Isso é importante.

c) Risco - Isso está um pouco contido em "realização", mas pode assumir diferentes formas. Um jogador com grande potencial, mas ainda muito cru e longe de atingi-lo, oferece um risco considerável para a organização pois se seu desenvolvimento não ocorrer como esperado, ele não vai ter muito valor para oferecer nesse "pior cenário". Da mesma forma, um jogador avançado e muito próximo das grandes ligas oferece um risco muito menor de fracasso. Risco também pode aparecer sobre outras formas: risco de lesões (para jogadores que tem dificuldade em ficar saudáveis ou que estão vindo de uma contusão séria recente e ainda apresentam dúvidas sobre sua recuperação), risco de personalidade que possa atrapalhar uma carreira, risco por causa de um conjunto de habilidades que costuma ter menores chances de funcionar no longo prazo, e tudo mais. 

d) Posição - É um simples fato, mas algumas posições são mais valiosas que a outra, seja pelo seu papel defensivo maior, seja pela sua relativa escassez nas ligas maiores. Isso é importante na hora de determinar o valor desses jogadores.

Fizemos também o possível para eliminar fatores de contexto: não importa se um jogador está sendo "travado" na sua organização porque um jogador melhor ocupa a mesma posição nas ligas maiores, o que importa aqui é o valor do jogador para o mercado como um todo, não apenas para seu time.

Claro, é sempre difícil conciliar esses quatro tópicos na hora de avaliar. Naturalmente, entre dois jogadores com mesmo potencial, mas um mais avançado em seu desenvolvimento, ele será mais valioso como prospecto. O mesmo acontece se dois jogadores estão no mesmo nível mas um tem potencial muito superior. E se um for uma realidade maior, mas outro tem mais potencial? E se jogam em posições muito diferentes, ou um está voltando de lesão? Ai que entra o problema, e por isso é tão difícil montar essa lista. Chegamos no que consideramos ser o melhor resultado possível, porém, sempre vai haver alguma discordância ou pessoas que valorizam de forma diferente outros critérios.

Muitos jogadores dessa lista vão decepcionar e acabar abaixo do que falamos sobre eles, outros irão superar em muito seu status, e outros que nem estão nessa lista acabarão fazendo sucesso. Avaliar prospectos é uma das coisas mais difíceis dos esportes, e portanto vamos acertar alguns jogadores dessa lista e errar outros. Até por isso é importante não obcecar demais com a colocação precisa de cada um - obviamente consideramos os prospectos 1-10 muitos melhores que os de 40-50, mas só porque um é 54 e outro 56 não quer dizer que exista muita diferença entre eles. É tudo uma questão de ponto de vista.

Apresentação

Os prospectos estão organizados em formatos de cartas, que trará algumas informações sobre os jogadores para melhor situar os leitores sobre quem eles são, aonde estão na escala das ligas menores, e quais foram suas performances recentes. Esse é o modelo da carta que vai ser utilizado:




O modelo da carta desse ano é uma referência aos lendários baseball cards, os cartões de beisebol tão populares nos Estados Unidos desde o começo do século passado. Para quem não conhece, as cartas projetadas pela Topps são colecionadas quase como ações da bolsa de valores, ganhando ou perdendo valor de mercado com o tempo dependendo da sua raridade, da carreira do jogador em questão, e da qualidade da carta. Elas estão em circulação desde 1900, e as vezes são consideradas quase como uma representação da história do esporte, algo profundamente importante para um jogo que se liga tanto em tradição. Essas cartas - especialmente as dos craques do começo do século 20, como Honus Wagner e Ty Cobb - chegam a valer centenas de milhares de dólares e, em alguns casos, até a ultrapassar a barreira dos milhões. Um bom exemplo é esse card histórico do grande Jackie Robinson. Então como referência à história do esporte e desse fenômeno tão interessante decidimos homenagear esses cards com os cartões dessa edição do Top100.

Mas vamos aos cartões propriamente ditos. No superior da carta, mais à esquerda, você tem as informações principais sobre o prospecto: seu nome e a posição (ou posições) que ele joga ou projeta jogar ao longo de sua carreira, logo depois da sua posição nessa lista. Logo abaixo, você encontra algumas informações sobre seu desenvolvimento: sua idade, qual o seu braço dominante quando está lançando ou arremessando, qual a organização a qual pertence e, entre parênteses, qual foi a liga mais alta por onde atuou em 2015 (mesmo que por pouco tempo), para dar uma noção do quão perto das grandes ligas esse jogador está.

Abaixo dessas informações temos a grande novidade dos cartões desse ano: um total de estrelas para cada jogador, para mostrar quão bom ele é em dois quesitos específicos. Voltaremos a falar delas daqui a pouco.

No lado esquerdo da carta, assim como nos lendários cards da Topps, você encontra a foto do jogador em questão. E em um pequeno quadrado no canto direito da imagem tem um resumo com as estatísticas do jogador no último ano que atuou. Nessa linha, as estatísticas cumulativas (home runs e bases roubadas para rebatedores, entradas arremessadas, strikeouts e walks para arremessadores) valem para todo o ano inteiro, somando diferentes níveis por onde o jogador passou. Já as estatísticas relativas são aproveitamento no bastão (AVG), porcentagem em base (OBP), e slugging (SLG) para rebatedores, e ERA e FIP para arremessadores (ver glossário abaixo). Para essas não usamos as do ano todo, e sim as relativas ao nível no qual o jogador passou mais tempo significativo na temporada. Isso também está indicado entre parênteses logo depois do ano. Não necessariamente vai ser o mesmo nível mais alto que ele chegou, indicado no centro da carta, pois depende de qual ele passou mais tempo significativo.

No lado direito, na parte de cima, homenageamos Oscar Taveras com as suas iniciais e o número. Uma forma de manter viva a memória da grande promessa dos Cardinals que faleceu em 2014, quando era um dos principais nomes da nossa lista de prospectos.

Por fim, temos do lado direito do card uma breve descrição do jogador para situar os leitores, contando um pouco mais sobre suas habilidades, projeções e tudo mais. E ao final da carta, no canto inferior da imagem (lado esquerdo) uma comparação com um jogador da MLB. 

Sobre a comparação, o "estilo de jogo" do final, queria esclarecer exatamente o que isso significa. Ela nada mais é do que uma tentativa de achar um jogador recente (o ano de corte foi 2000, dando preferência para jogadores atuais) que tenha um estilo semelhante de jogo, seja por possuir o mesmo conjunto de habilidades, as mesmas forças ou fraquezas, ou mesmo uma trajetória semelhante na sua carreira. A comparação não significa NADA em termos de habilidade ou potencial, e nem foi pensada como tal. Só porque um prospecto foi comparado a um certo jogador não quer dizer que tenha o mesmo talento, que vai ser tão bom quanto ele, ou então que não possa ser melhor. Da mesma forma, só porque um prospecto foi comparado a um jogador melhor que outro não quer dizer que esse prospecto seja melhor ou pior. A comparação não foi pensada para ser assim, e portanto é inútil obcecar demais com ela. É só um "guia", mais nada.

Antes de acabar, vamos apenas retomar a questão das estrelas. Como vocês podem ver, elas foram atribuídas para dois quesitos diferentes: "Atual" e "Potencial". Elas indicam exatamente o que parecem: o quão bom o jogador é nesse determinado quesito. No quesito "Potencial", avaliamos o quão bom esse jogador seria no seu melhor cenário possível para o futuro, o quão bom ele pode ser com seu conjunto de habilidades se conseguir atingir seu máximo. E o quesito "Atual" diz o quão próximo de realizar suas habilidades ele está, quão "pronto" para utilizá-las para produzir em alto nível. É importante frisar que isso não quer dizer que o jogador esteja perto do seu potencial, ou perto de estar "pronto" - nenhum jogador de 21, 22 anos está. Isso também não quer dizer o quão bom o jogador é hoje. Só quer dizer que, para o conjunto de habilidades que aquele jogador possui, ele está mais ou menos próximo de desenvolver essas habilidades a ponto de poder produzir no curto prazo.

Também é importante frisar que essas notas não querem dizer nada em absoluto - elas são totalmente comparativas. Não é que um cara com potencial 5 estrelas tenha potencial de MVP, um 4 estrelas de All-Star, etc. Elas foram feitas por comparação: nós pegamos aquele jogador da lista que considerávamos o "cinco estrelas" de cada quesito, e a partir dele fizemos uma comparação com os demais jogadores da lista para saber onde eles se encontram em relação ao benchmark. Assim, ter uma nota baixa (digamos, um 2 em potencial) não quer dizer que o jogador não tenha nenhum potencial, ou não possa evoluir mais - só quer dizer que esse potencial é comparativamente menor em relação ao resto dos jogadores da lista.

Por fim, vale lembrar que esses dois NÃO são os únicos quesitos pelo qual julgamos jogador. Não é só porque um jogador tem mais estrelas que outro que ele será um prospecto melhor, e você vai achar jogadores acima de outros com "ratings" melhores. É porque tem muitos outros fatores em avaliação - valor da posição, fatores de risco, lesões, estilo de jogo, evolução ao longo do tempo, etc - que influenciam em onde acabamos colocando esses jogadores. As estrelas são só para evidenciar melhor dois dos componentes dessa avaliação. Vai ser comum, por exemplo, ao chegar na segunda metade da lista achar jogadores com mais estrelas do que os da primeira metade. Mas eles não estão mais alto por causa de fatores de risco, problemas de lesão, baixa amostra para serem julgados entre os profissionais, e outros fatores que fazem com que eles caiam. Como de costume, usem essa informação mais como um guia, como um auxílio, do que como a verdade absoluta.

Glossário

Esse glossário é para explicar os ternos e siglas usados nessa coluna. Se você já sabe, pode ir direto para a próxima seção e descobrir quais são os 100 melhores prospectos da MLB. As abreviações e termos usados são:

AVG - Aproveitamento no bastão. Conta quantas as idas de um jogador ao bastão renderam rebatidas.
OBP - Porcentagem em base. Mostra qual a porcentagem de idas ao bastão que o jogador chegou salvo em base.
SLG - Slugging. É uma medida de força, quantas bases totais um jogador consegue por ida ao bastão.
SB - Bases roubadas
HR - Home Runs
ERA - Número de corridas que um arremessador cede a cada 9 entradas de jogo
FIP - Estatística que mostra o ERA "real" de um jogador considerando apenas o que ele pode controlar (saiba mais sobre o assunto aqui)
IP - Número de entradas arremessadas por um pitcher
SO - Strikeouts. Número total de rebatedores que um arremessador elimina por strikes
BB - Walks. Rebatedores que um arremessador coloca em base errando os arremessos

Sobre posições
C - Catcher
1B - Primeira base
2B - Segunda base
3B - Terceira base
SS - Shortstop
OF - Jogador do campo externo
LF - Joga no lado esquerdo do campo externo
RF - Joga no lado direito do campo externo
CF - Joga na parte central do campo externo
Pitcher - Arremessador
RHP - Arremessador destro
LHP - Arremessador canhoto
Bullpen - Arremessador que não é titular, que vem do banco durante os jogos

Sobre as ligas menores, do nível mais baixo ao mais alto
R - Rookie
A- - Low-A/Short-season A
A - Mid-A
A+ - High-A
AA - Double-A
AAA - Triple-A
MLB - Major League Baseball, as ligas maiores


Acho que é isso de enrolação. Vocês estão prontos para ir para a lista de fato, e enfim conhecer os 100 melhores prospectos do beisebol.

quinta-feira, 24 de março de 2016

O herói que eu nunca vi



Quando eu era criança e minha paixão por futebol estava no seu auge - sabe, aquela idade em que futebol era a coisa mais importante do mundo - eu era apaixonado por Copas do Mundo. E nessa época tinha uma pergunta que sempre me fascinava mais que todas as outras: Como foi que a Holanda de 74 (bem como a Hungria de 54) não ganhou uma Copa do Mundo?

Claro, como toda criança brasileira que gosta de futebol, eu adorava ouvir as histórias sobre Pelé, ver os dribles de Garrincha, e admirar a genialidade de Vavá, Didi, Jairzinho, Rivelino, Gerson, Tostão, Amarildo e tantos outros grandes. Na minha coleção de fitas de Copas do Mundo - e, futuramente, DVDs - os de 58 e 70 (e depois 2002) eram de longe os mais assistidos. 

Mas essa era a parte divertida. Toda criança gosta de vencer, e o Brasil era o melhor do mundo. Tinha mais títulos, as melhores seleções, e os melhores jogadores. Torcer para o Brasil era a diversão. Mas a Holanda era quem me fazia pensar, refletir e tentar entender como algo tão descabido poderia ter acontecido. 

Com o tempo, Cruyff se tornou o meu herói trágico do futebol, o craque que nunca venceu a Copa que deveria. Ele era meu jogador favorito em todas as "Seleções de Todos os Tempos" que eu criei entre mais de 10 FIFAs, Winning Elevens e International Superstar Soccers ao longo da vida. Minha primeira camisa de um time de futebol - na quinta série, time de futsal - foi número 14 em referência ao holandês, um número que usei muitas outras vezes. 

Então talvez eu nunca tenha tido nenhum tipo de contato com Johan Cruyff, mas indiretamente ele foi responsável por uma parte do meu amor e fascínio por futebol - e, por extensão, esportes em geral. E saber que Cruyff faleceu hoje foi como perder uma parte dessa minha história com o esporte, que como todo mundo sabe é uma parte extremamente importante da minha existência. Uma parte da minha vida. Eu me senti realmente triste. 

Então hoje o herói que eu nunca vi jogar ao vivo se foi. E uma parte da minha história no futebol com ele. Mas ao mesmo tempo, eu estou tranquilo. Por que eu sei que Johan Cruyff será alguém que continuará vivo mesmo muito depois de todos nós termos partido desse mundo. 

Não sabe como isso é possível? Tudo bem. Também tem coisas que eu não entendo.

Por exemplo, como foi que a Alemanha venceu a Holanda na Copa de 74.

Um dia, quando encontrar com Cruyff em outro lugar, eu pergunto para ele.

sexta-feira, 4 de março de 2016

O grande problema do Oklahoma City Thunder

OKC tem um problema sério, e nenhuma solução à vista



Na noite de quarta feira, no jogo mais esperado do dia, OKC tinha uma vantagem de 22 pontos sobre o Los Angeles Clippers no final do terceiro quarto. Com uma revanche contra Golden State no dia seguinte, parecia o cenário perfeito para o Thunder: uma boa vitória sobre um grande time para dar confiança, e um cenário no qual você poderia descansar alguns titulares no quarto período para se preparar para o confronto do dia seguinte.

Ao invés disso, tudo desandou: OKC manteve os titulares, os arremessos pararam de cair, e OKC perdeu a calma e implodiu em meio a uma sequência de más decisões, turnovers estúpidos, arremessos ruins e falhas defensivas. Nos últimos 7 minutos e meio, Thunder anotou 5 pontos, Westbrook foi 0-6 de quadra, e viu o Clippers destruir uma vantagem de 17 pontos rumo a uma vitória que deixou o terceiro colocado do Oeste cada vez mais próximo de um confronto com o Warriors na segunda rodada dos playoffs.

Infelizmente para OKC esse cenário não é uma novidade: os quartos períodos tem sido um problema real para o time. O time está 2-6 desde a volta do All Star Game, e em quatro dessas seis derrotas o time chegou a ter a vantagem no quarto período antes de tomar a virada. Aconteceu contra o Pacers logo na volta do "feriado", depois duas viradas épicas de Warriors e Clippers, e por fim a surra de ontem a noite do Warriors em Oakland. O Thunder agora soma incríveis 10 derrotas em jogos que entrou vencendo no quarto período, pior marca da NBA, na frente até mesmo do fraquíssimo Sixers

Isso também não é um fenômeno recente ou surpreendente. Ao longo da temporada, Oklahoma City tem o segundo melhor ataque da NBA e terceiro melhor Net Rating (saldo de pontos por 100 posses de bola), mas quando chegamos nos finais dos jogos isso cai por terra. Em quartos períodos, Oklahoma tem apenas o décimo melhor ataque, e é um fraquíssimo 19th em Net Rating. Pegando apenas o final dos jogos - o famoso crunch time - e definindo nosso parâmetro como 3 minutos finais de jogos separados por 5 pontos (para mais ou para menos), os números são ainda piores: O Thunder tem o 13th melhor ataque e o oitavo PIOR Net Rating da liga. Para efeito de comparação, o Net Rating do time nessas situações é de -10.6 - exatamente o mesmo que o Philadephia 76ers tem na temporada 2015-16 da NBA.

Dificuldade em crunch time é um problema antigo em OKC, e foi um dos fatores chaves da saída do técnico Scott Brooks. A chegada de Billy Donovan deveria corrigir essas questões, em particular a estagnação ofensiva que assola o time nessas situações de fim de jogo. Mas até agora, não funcionou. O time, que já era ruim, pareceu ter ficado ainda (relativamente) pior essa temporada. E embora isso possa ser atribuído em partes a uma amostra pequena e um período ainda de adaptação ao novo técnico, é um motivo para grande preocupação em uma temporada como essa - especialmente considerando o término do contrato de Kevin Durant ao final da temporada.

Como vocês ficarão chocados em saber, eu tenho algumas ideias sobre o que pode estar causando esse problema.

Um problema - e um dos principais - é a forma como o time reestruturou seu ataque. Embora a base seja a mesma - poucos passes, muita isolação, bola na mão das estrelas - o técnico Donovan fez uma mudança importante: Russell Westbrook agora é quem é o foco ofensivo da equipe (em termos de volume), e não mais Kevin Durant.

Para mim, era uma mudança que fazia muito sentido: Westbrook evoluiu em um excelente criador (#2 na NBA em assistências, com 10.3 por jogo), então deixar a bola nas suas mãos e deixar West operar através do pick and roll (E atacando a cesta) é a melhor forma de criar chances para o resto do elenco do Thunder, um elenco que (salvo Durant e talvez Waiters) não tem condições de criar seu próprio arremesso. Ao mesmo tempo, Durant é um jogador que comanda MUITO mais atenção do que Westbrook jogando longe da bola por conta de seu arremesso, o que força maiores movimentações do adversário e abre muito mais espaço para o resto da equipe (mais ou menos como Atlanta usa Korver e o Warriors usa Curry fora da bola, por exemplo). E no geral, parece estar funcionando: Oklahoma City tem hoje um Net Rating de 109.1 de acordo com os dados oficiais da NBA (2nd melhor da história da franquia) e de 112.8 de acordo com os dados extra-oficiais do Basketball-Reference (melhor da história da franquia), em ambos os casos #2 da NBA.

No entanto, vale questionar se essa abordagem tem contribuído para os problemas do time em crunch time. Durant é um dos melhores jogadores de crunch time da NBA, mas colocar a bola integralmente nas mãos de KD significa desviar do que o time faz normalmente e mudar toda sua forma ofensiva de jogar, o que naturalmente pode causar todo tipo de estranheza. Ao mesmo tempo, manter a bola nas mãos de Westbrook também não tem se mostrado uma grande opção: por melhor que Russ seja, ele ainda tem a tendência de as vezes jogar um pouco fora de controle e ficar um pouco tunnel vision, especialmente em crunch time, e sem um bom arremesso de longe para manter defesas honestas, adversários estão mais do que satisfeitos de fechar o caminho para o garrafão e deixar Russ se complicar sozinho. Em 130 minutos de crunch time na temporada, Russ está arremessando 38% de quadra, 13% de três pontos e tem 18 turnovers contra 26 assistências. Então ainda que de modo geral faça sentido essa nova forma de OKC atuar, é possível que tenha contribuído para aumentar as dificuldades da equipe em crunch time.

Outros problemas que tem contribuído para essa dificuldade do Thunder já são bem conhecidos. A equipe não tem um ataque dinâmico ou inteligente, o tipo de ataque que envolve espaçamento de quadra e muitos passes para achar os companheiros livres que consagrou times como Warriors ou Spurs. O que OKC tem é um sistema muito estático e de pouca criatividade que se baseia no fato de ter dois talentos ofensivos transcendentais em KD e Russ Westbrook capazes de destruírem sozinhos marcações e esquemas defensivos inteiros:  nenhum time passa menos a bola do que OKC, e nenhum termina mais posses de bola através de isolações, segundo dados da Synergy Sports. Não existe um esquema complexo, jogadas bem desenhadas e decisões de alto QI de basquete envolvidas, e sim o talento sobre-humano de duas superestrelas.

Na maior parte do tempo, isso funciona porque Russ e KD são aliens e conseguem carregar nas costas o time rumo a um ataque top5. Mas isso não tem sido verdade em crunch time. Em um momento do jogo onde as defesas ficam mais ligadas e o ritmo diminui, o ataque de OKC se torna extremamente previsível, com as defesas sabendo o que o Thunder fará e ajustando de acordo: fechando o garrafão contra Westbrook e mandando marcações duplas contra Durant, despreocupadas com movimentações ou jogadas criativas e decisões em alta velocidade que podem fazê-los pagar por essas decisões. Faça isso contra o Spurs ou o Warriors e eles irão te tirar da zona de conforto com trocentas screens, movimentações, cortes e passes destinados a liberar suas estrelas e/ou conseguir arremessos de altos aproveitamentos para os role players, e se a defesa se comprometer demais com uma opção, a versatilidade e inteligência desses times imediatamente vai aproveitar os espaços deixados para atingir seus objetivos. O Thunder não tem esses elementos em alto nível no seu ataque ou nos seus jogadores, então eles se tornam previsíveis e dependem continuamente de Russ e KD fazendo jogadas individuais, só que agora com defesas muito mais atentas e preparadas especificamente para parar essas jogadas individuais.

Claro que Donovan - assim como Brooks antes dele - tem jogadas e variações específicas para serem usadas nessas situações, mas quando é algo que o time não está acostumado a fazer normalmente é muito difícil que eles executem em situações de pressão contra defesas mais atentas e bem montadas. Muito do basquete de hoje não depende de algo desenhado e sim da capacidade dos jogadores de tomarem decisões certas em alta velocidade, e isso é algo que é impossível de fazer só em momentos específicos, depende de repetições, treino e experiência. Donovan chegou com a esperança de mudar exatamente esse aspecto do seu predecessor, mas até agora, está difícil achar grandes diferenças nesse sentido. 

Por fim, existe outro grande problema em Oklahoma City, que é o elenco de apoio ao redor de suas duas estrelas. Na verdade, são dois problemas que acabam se influenciando e tendo um único resultado, que eu inclusive já citei em mais de um Hack a Cast: OKC tem muita dificuldade de achar um time ideal para usar no final dos jogos, justamente por causa dessa limitação do elenco. Desde que trocaram James Harden (não se preocupem, não vou bater nesse cavalo morto) o time não tem outra peça confiável capaz de criar o seu arremesso de forma consistente e eficiente, para ajudar a aliviar a pressão de Russ e West em crunch time (com a possível exceção de Reggie Jackson). Harden não só oferecia mais uma opção para criar jogadas com a qual a defesa precisava se preocupar - abrindo o espaço para os companheiros - como também era uma opção para desafogar o ataque quando a ação iniciaç de Russ ou KD estagnava. Se a defesa matava a jogada inicial, Harden era uma opção capaz de manter o fluxo do ataque, atacar espaços e manter o ataque em funcionamento, sem deixar a defesa voltar a se estabelecer. Mas desde sua saída, OKC não tem nenhum jogador capaz de fazer essa função. Quem cerca o Big Three de OKC hoje são role players com pouca variação ou repertório, ninguém que a defesa precise respeitar ou seja capaz de aproveitar as ações iniciais do ataque ou mesmo de manter o ataque funcionando. 

Isso leva ao segundo problema, que é o cobertor curto de opções do time. Qual é a melhor lineup para fechar jogos para OKC? Russ, KD e Ibaka são no brainers, mas quem mais? Waiters e Kanter tem uma chance melhor de desafogar o ataque e oferecer opções de pontuação, mas Waiters é ineficiente (40 FG%) e imprevisível, e ambos são enormes problemas defensivos que o adversário pode simplesmente atacar de novo e de novo até Donovan não ter opção senão tirá-los de quadra. As outras opções são jogadores defensivos como Adams ou Robertson, que não arremessam e podem ser ignorados ofensivamente, congestionando novamente assim o ataque. Não existe uma solução para essa questão no elenco de OKC hoje. Em uma NBA que cada vez mais valoriza jogadores versáteis com nenhuma falha que possa ser explorada, o Thunder simplesmente não tem jogadores assim o suficiente para cercar KD e Westbrook de forma eficiente. Cameron Payne provavelmente seria quem mais se aproxima disso no papel, mas o calouro claramente não tem a confiança do técnico ainda para ganhar minutos significativos. E esse é o grande problema que OKC enfrenta hoje: não adianta jogar de igual para igual ou até um pouco melhor do que seus principais adversários durante 43 minutos se o time não consegue manter o ritmo nos 5 minutos finais e continua entregando grandes vantagens. E apesar de tudo que se aplica sobre amostra pequena e adaptação, existem motivos legítimos para crer que essas dificuldades não são passageiras.

Com duas estrelas do nível de KD e Westbrook, talvez isso não importe - OKC tem condição de bater de frente com qualquer um com base no talento bruto de suas estrelas, e enquanto elas estiverem saudáveis, o Thunder será um candidato ao título. Mas em uma temporada com tanta competição no topo - e dois times em níveis históricos como Golden State e San Antonio - você quer apresentar o mínimo possível de fraquezas, e nesse momento, Oklahoma City tem uma significativa que começou a mostrar sua cara na pior hora possível. Isso não acaba com as chances de título da franquia, mas se continuar assim, elas diminuem consideravelmente. 

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Hack a Cast #6 - Edição Deadline



Tem Hack a Cast novo no ar!

Dessa vez, eu e o Vinicius Veiga falamos durante 1h30 sobre a Trade Deadline: quem foi trocado, quem saiu beneficiado, quem pagou demais, os vencedores e perdedores, e muito mais.

Confiram!!