Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

domingo, 24 de julho de 2011

Análise do Draft da NFL - AFC South

A reação de Jake Locker ao ser escolhido pelo Titans


Foi mal galera, sumi de novo, eu sei. Fiquei sem computador alguns dias, mas já estamos de volta.

Antes de mais nada, queria explicar a situação da NFL no momento, já que a semana passada acabou sem um novo CBA. Mas não precisam se preocupar porque não aconteceu nada demais.

O que aconteceu foi que ambos os lados já estavam muito próximos de um acordo, a maior parte dos detalhes já tinha sido discutida e os donos colocaram tudo numa proposta para oferecer aos jogadores para votação. A expectativa era de que os jogadores revisassem tudo na quarta feira e realizassem uma votação na quinta para que o novo CBA fosse colocado em vigor. No entanto, os jogadores recuaram um pouco, falaram que alguns dos detalhes finais foram apressados pela Liga e que queriam um pouco mais de tempo para acertar esses últimos detalhes que segundo eles foram 'apressados'. Esses detalhes foram discutidos sexta feira, devemos ter uma nova reunião segunda para revisão dos detalhes do acordo e a expectativa é que quarta feira enfim saia o novo CBA, com a Free Agency sendo iniciada no máximo na outra semana.

Se for o caso, ainda é incerto se a temporada começará a tempo. Seria muito pouco tempo de offseason e talvez a temporada seja adiada em uma ou duas semanas, mas isso ainda não foi discutido e só atualizaremos quando tivermos alguma informação, ficar especulando não vai levar a nada.

Agora, vamos continuar com nossa turnê pelo Draft.

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Indianapolis Colts
Nota: B
Escolhas:
1st round, 22nd pick: Anthony Castonzo, OL, Boston College
2nd round, 49th pick: Ben Ijalana, OL, Villanova
3rd round, 87h pick: Drake Nevis, DL, LSU
4th round, 119th pick: Delone Carter, RB, Syracuse
6th round, 188th pick, Chris Rucker, DB, Michigan. State

Análise: Quando seu time tem um dos dois melhores QBs do mundo na atualidade, é normal que você tenha uma boa colocação ao final da temporada e com isso ganhe de brinde uma escolha alta. Nessas situações, tudo que você puder fazer para melhorar seu time é lucro, já que você terá a chance de escolher um bom jogador mas nem sempre um jogador capaz de fazer um time que já é bom melhor.

Mas o Colts se saiu muito bem nessa situação quando o Anthony Castonzo caiu no colo deles até a 22ª escolha. Não só ele é um dos três melhores Offensive Tackles como também, dos três, é o que tem as características que mais ajuda ao Colts. Todo mundo sabe que o Colts vai até onde o Peyton Manning puder levar, então proteger o Manning é a lei por lá. O time cede poucos sacks porque o Manning pensa e age com uma rapidez sobrenatural, mas isso muitas vezes leva a decisões precipitadas e passes incompletos, e portanto adicionar mais um OT para dar segurança ao Manning era necessário, e o Castonzo não só é o OT mais pronto pra entrar e jogar desse grupo como também é um jogador muito técnico, que protege muito bem o Quarterback, melhor do que abre espaço pras corridas. O Colts sentiu a falta de um jogo terrestre ano passado, mas nunca ligou muito pro assunto e não parece que vai ser agora que vai pensar nisso. 

Adicionar um jogador sólido pra entrar e jogar protegendo seu jogador mais valioso sempre é uma vitória num Draft, mas eu não entendi a escolha do Ben Ijalana na segunda rodada. Ele é talentoso, mas ainda é muito cru e vai precisar de uns anos até que seja capaz de jogar em alto nível, e de que adianta isso se seu QB titular tem 35 anos e seu QB reserva é o Curtis Painter? Se era pra pensar no longo prazo, era melhor ter Draftado um QB como o Ryan Mallett pra assumir quando o Manning aposentasse.



Houston Texans
Nota: B+
Escolhas:
1st round, 11th pick: JJ Watt, DE, Wisconsin
2nd round, 42nd pick: Brooks Reed, DE, Arizona
2nd round, 60th pick: Brandon Harris, DB, Miami
4th round, 127th pick: Rashad Carmichael, DB, Virginia Tech
5th round, 144th pick, Shiloh Keo, DB, Idaho
5th round, 152nd pick, Taylor Yates, QB, North Carolina
7th round, 214h pick, Derek Newton , OL, Arkansas State
7th round, 254th pick, Cheta Ozougwu, DL, Rice

Análise: O Texans foi um time que entrou no Draft com um plano muito claro, e seguiu ele tão à risca que chega a ser quase uma trollagem quando você olha pra essa tabela acima e vê que as CINCO primeiras escolhas do time no Draft foram de Defensive Ends ou Defensive Backs. O que faz todo o sentido do mundo (tirando um pequeno detalhe). O Texans tem um ataque extremamente eficiente: Um ótimo Quarterback, um dos melhores WRs da Liga e o melhor RB da Liga no ano passado. O trio de Matt Schaub, Andre Johnson e Arian Foster é jovem e talentoso e vai ficar por muito tempo na ativa dando alegrias pro time. O problema do time ano passado foi a defesa, e nesse caso nada deu certo: O Brian Cushing não funcionou sem os esteroides, o pass rush foi insuficiente e a secundária foi uma peneira sem o Dunta Robinson. Ou seja, se o ataque é forte e a defesa não acompanha, nada mais natural do que reforçar a defesa.

Ela já foi reforçada com a chegada do Wade Phillips, que teve seus problemas de Head Coach em Dallas mas é um ótimo coordenador defensivo. O time foi pesado investir na linha defensiva e pegou o JJ Watt, que é um DE mais forçudo que não só adiciona ao pass rush como também é ótimo segurando as corridas e pode jogar mais pelo meio da linha, e o Brooks Reed é mais um híbrido de OLB com DE que prefere jogar pelas laterais para ir atrás do QB, vai combinar direitinho com o Mario Williams. Achei que os dois foram ótimas peças que tem as características que o time precisava. Se o Brian Cushing conseguir recuperar a forma de 2009 e voltar a ser uma força nos tackles pelo meio da defesa, esses dois tem tudo pra dar certo.

Depois disso, ainda foram atrás de uma cacetada de DBs pra reforçar a secundária. Ainda precisam de um titular mais confiável, mas o Brandon Harris pode jogar de nickel logo de cara e os outros podem contribuir para a rotação da equipe, se o Harris conseguir uma vaga de titular já vai ser uma ótima melhoria pro time.

Só não entendi porque um time que sofreu por não ter outros alvos além do Johnson não tentou um WR veloz ou um TE. Ainda tinham alguns bons disponíveis e eles preferiram confiar nos que já tem, ou então buscar algum outro na Free Agency. Talvez funcione, o ataque já é bom o suficiente e a defesa era uma peneira, no geral um Draft muito sólido.

Aliás, uma curiosidade é que o Cheta Ozougwu foi o Mr Irrelevant desse Draft. O Mr Irrelevant é uma tradição antiga na NFL e é a designação para o último escolhido em cada Draft, e que ganha um certo destaque na mídia na Irrelevant Week, uma semana cheia de atividades relacionadas a ele. Nenhum Mr Irrelevant até hoje foi um grande jogador, o melhor talvez seja o kicker do Chiefs, mas eu gosto de tradições e a NFL também, então torçam pelo Ozougwu.



Jacksonville Jaguars
Nota: A-
Escolhas:
1st round, 10th pick: Blaine Gabbert, QB, Missouri
3rd round, 76th pick: Williams Rackey, OL, Lehigh
4th round, 114th pick: Cecil Shorts, WR, Mount Union
4th round, 121st pick: Chris Prosinski , DB, Wyoming
5th round, 147th pick, Rod Isaac, DB, Middle Tennessee State

Análise: Eu gosto quando os times assumem riscos calculados em relação às situações de cada time em particular. E acho que a decisão do Jaguars de subir da 16ª posição pra 10ª posição em troca da escolha de segunda rodada para pegar o Blaine Gabbert foi um risco calculado e muito inteligente. O Jaguars de 2007 era um time veterano, com o David Garrard na melhor fase da carreira e que possivelmente teria ido ao Super Bowl se não tivesse topado com aquele Patriots 18-1. Mas aquele time perdeu, vários jogadores saíram e o Garrard não é mais o QB que um dia foi. O Jaguars, desde então, montou um núcleo muito jovem e talentoso, que pra mim tem tudo pra ir pros playoffs em breve. E embora o Garrard ainda tenha bons momentos, ele está velho e pra mim não adianta ter um elenco jovem, promissor e que precise de jogo se quando esse elenco estiver pronto o QB titular aposentar. A saída, portanto, era arrumar algum QB jovem pra acompanhar o elenco, e eles conseguiram isso no Blaine Gabbert.

Eu não acho que o Gabbert vai ser um gênio, mas ele tem potencial pra ser um jogador muito sólido. E apesar de pronto pra entrar e jogar, todos os jogadores vão ser afetados pelo lockout prolongado e a dificuldade de se adaptar ao jogo dos profissionais vai ser ainda mais evidente. Por isso é importante ter o Garrard pra mentorar o Gabbert por enquanto, ele vai poder se desenvolver sem a pressão de ser o titular calouro de um time que disputa para ir aos playoffs. Foi uma ótima jogada, e uma escolha de segunda rodada não foi um preço alto a pagar pelo Gabbert, acho que ele tem tudo pra se desenvolver ainda mais jogando sem pressão e com um mentor experiente e ser o líder desse jovem elenco por anos a fio.

Pra melhorar, eu amei as escolhas de terceira e quarta rodadas do time. O Williams Rackey chega pra jogar de Guard e eu acho que ele vai ser muito bom, ele tem o físico e a habilidade pra jogar por dentro da linha e vai ser importante para continuar mantendo o Maurice Jones-Drew em boas condições pra ganhar jardas. O sucesso do Gabbert vai passar pelo do MJD e um bom Guard vai ser importante para os dois. E o Cecil Shorts foi outra aposta calculada, ele é talentoso pra burro e o potencial desse cara é pra ser um ótimo jogador, ele é muito inteligente nas suas rotas e consegue muitas jardas depois das recepções. Se conseguir desenvolver seu jogo no nível da NFL, vai ser o parceiro do Gabbert por muitos anos ainda.

A nota alta do Jaguars foi porque eu adorei a aposta no Gabbert, achei que foi calculada e importante para um time que está evoluindo e não pode estagnar agora, se aproveitando da situação. Mas obviamente o sucesso ou fracasso do time no Draft vai depender do sucesso ou fracasso do Gabbert, e por isso é uma nota dificil de dar. Eu acredito que foi a escolha certa.



Tennessee Titans
Nota: C+
Escolhas:
1st round, 8th pick: Jake Locker, QB, Washington
2nd round, 39th pick: Akeem Ayers, LB, UCLA
3rd round, 77th pick: Jurrell Casey, DL, USC
4th round, 109th pick: Colin McCarthy, LB, Miami
4th round, 130th pick, Jamie Harper, RB, Clemson
5th round, 142nd pick, Karl Klug, DL, Iowa
6th round, 175th pick, Byron Stingily , OT, Louisville
7th round, 212nd pick, Zach Clayton, DT, Auburn
7th round, 251st pick, Tommie Campbell, DB, California
 
Análise: Difícil pra burro dar uma nota aqui. O Titans foi um time que de certa forma usou as várias escolhas que tinha de forma sábia, pelo menos no que diz respeito às posições, e pegou jogadores para todas as posições carentes da equipe: Quarterback, Defensive Line, Linebacker e Offensive Tackle.
 
O Titans era um time fortíssimo uns anos atrás, chegou a ter a melhor campanha da Liga em 2008 antes de perder para o Ravens nos playoffs e parecia que tinha anos de sucesso à frente. Mas o Kerry Collins nunca conseguiu repetir seu ano de 2008, o Vince Young foi mais problema do que solução e jogadores chave na defesa, como Albert Haynesworth, foram encher as cuecas de dinheiro em outros times. Agora o time está se desfazendo, trocou até de técnico e quer vida nova na cidade, e isso significa um novo Quarterback. O time tinha o Blaine Gabbert na mão, mas preferiu passar por ele e pegar o Jake Locker.
 
É de novo aquela questão dos riscos calculados. Eu adoro o Jake Locker, acho que com um ou dois anos de treino intenso na reserva de um bom QB ele tem tudo pra desabrochar num grande jogador, mas o risco do Titans talvez tenha sido um pouco exagerado aqui. O Kerry Collins não deve voltar em 2011 e o Locker vai ter que entrar e jogar de cara, e ele não está pronto para isso, e colocar o Locker de titular de cara é um risco muito grande, não só de perder jogos como de atrapalhar o seu desenvolvimento. O Gabbert era muito mais pronto pra entrar e jogar, e era uma escolha mil vezes mais segura. Até entendo que gostem do Locker, ele é um vencedor e seus intangíveis tornam ele um jogador importante pra liderar uma franquia em reconstrução, mas eles pegaram o cara muito acima do que ele deveria. Poderiam ter trocado essa escolha com algum outro time e selecionado o mesmo Locker mais embaixo no Draft enquanto ganhavam outros jogadores ou escolhas de Draft. Mais uma vez, essa escolha vai ser um sucesso ou fracasso dependendo da atuação do QB, mas se for pra dar nota pelo risco assumido pelo time, eu não gostei. Ainda pode dar muito certo e me fazer calar a boca, eu ainda acho o Locker um bom jogador, mas a situação do time não é nem um pouco favorável ao moleque. Parece o cara certo no lugar errado e na escolha errada.
 
O que salva o time é que o resto do Draft foi muito bom. Tanto o Akeem Ayers e o Jurrell Casey tem condições de entrar e contribuir de imediato em áreas deficientes, a linha defensiva pode se desmontar após perder seu coordenador e o Stephen Tullock pode seguir o Keith Bullock pra fora do time, o que vai deixar a defesa toda esburacada. Casey e Ayers vão entrar logo de cara pra jogarem nessas posições carentes e o time agora deve voltar seu foco para o Draft nas temporadas futuras.
 
Também não podemos descartar o seguinte cenário: O novo técnico Mike Munchak força uma torção no tornozelo do Locker, convence o departamento médico a colocá-lo no IR e escala o Rusty Smith de titular. O time perde 14 jogos, escapando por pouco com uma vitória contra o Bengals e uma contra o Panthers, e fica com a primeira escolha no Draft. O time consegue seu QB do futuro no Andrew Luck e ainda trocam o Jake Locker por uma escolha futura de primeira rodada. Todos saem ganhando!

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