Trenzinho Carreta Furacão, edição Saint Louis
Nessa série de previews já falamos de 30 times diferentes, incluindo toda a AFC East, South, North e West e das NFC East, South e North, mais o San Francisco 49ers e o Seattle Seahawks. Você pode acessar todos os previews direto do nosso índice. Se você não tem ideia do que estou falando, recomendo que leia esse post introdutório. Btw, a falta de crases nesse texto é porque esse teclado não tem crase, então não reparem, ok?
Saint Louis Rams
2012 Record: 7-8-1
Ataque ajustado: 21st
Defesa ajustada: 7th
Parabéns! Acabamos de chegar no ganhador de 2012 do "Troféu de Melhor Time que Ninguém Presta Atenção" da NFL! Seu prêmio são mais 1000 palavras sobre o Rams!
Por algum motivo, muita gente correu para descartar o Rams como um time insignificante durante e ao final da temporada, mesmo com a equipe terminando 7-8-1 com uma tabela insanamente difícil e terminando 4-1-1 dentro da divisão. Na verdade, Saint Louis terminou em 15th em eficiência ajustada na NFL (logo atrás e quase empatado com Minnesota) e, usando as estatísticas de eficiência ponderadas (ou seja, que atribuem maior peso aos jogos mais tardios no campeonato), o Rams termina com um bom 12th lugar, na frente de times como Vikings, Houston e Atlanta. Claro que isso não significa que o Rams seja melhor que o Atlanta, especialmente porque essa melhora ao longo do ano não teve uma causa direta como um jogador voltando de lesão ou uma mudança de coordenador (como foi o caso do Tampa Bay despencando sem Carl Nicks), e então no fundo os jogos do começo do campeonato tem tanta significância quanto os do final (especialmente porque o Falcons relaxou quando garantiu sua vaga). Mas ainda assim, é algo impressionante, certo? Serve para mostrar um pouco que esse time do Rams é, na verdade, bem sólido.
Então porque ninguém presta atenção neles? Primeiro, porque eles jogam numa divisão insanamente difícil com dois dos melhores times da NFL ano passado, 49ers e Seahawks. Não só esses dois chamam toda a atenção (merecidamente, mas enfim) como os dois logo mostraram que iriam garantir a divisão e deixaram o Rams para trás e fora da briga, o que deixou a equipe de Saint Louis em uma posição secundária na temporada. Um outro motivo foi o mesmo do Panthers: a equipe melhorou mais para o final da temporada, ganhando quatro dos últimos seis jogos depois de começar a temporada com um irrelevante 3-6-1, outro motivo que fez muita gente descartar a equipe cedo e não prestar atenção quando ela jogou seu melhor futebol. E por fim, o fato de que o Rams teve a segunda tabela mais forte de toda a NFL: oito de seis jogos foram contra times de playoffs, e mais dois contra Bears (melhor time da NFL a não ir para a pós-temporada) e Lions (muito melhor do que seu record indica) - só o Cardinals teve uma tabela pior. Por isso que as métricas ajustadas por adversário são generosas com o Rams: eles não tiveram uma grande temporada, mas tiveram uma temporada decente contra uma tabela extremamente difícil, e essa tabela tornou difícil ver o quão bom era o Rams já que toda semana estavam enfrentando (e perdendo de) pedreiras. Então motivos nós temos para não ter prestado atenção no Rams, mas o importante é saber exatamente o que estamos perdendo com isso.
Para começar, estamos perdendo uma das melhores defesas da NFL. Ter uma defesa dominante é quase um pré-requisito para jogar na NFC West atualmente, na verdade: das sete melhores defesas de 2012, quatro são dos times da West, inclusive a número 2 e a número 4 que foram tema dos dois últimos previews (49ers e Seattle, respectivamente). O Rams não é exceção, terminando 2013 com a sétima melhor defesa da liga. E talvez até mais importante é o fato de que não só é uma defesa forte e dominante, mas também uma defesa muito jovem e com muitas peças em evolução.
A defesa começa por dois jogadores que durante anos foram dois dos mais underrateds jogadores defensivos da NFL, Chris Long e James Laurianaitis, dois daqueles "excelentes jogadores presos em um time horrível" por anos a fio. Long, em particular, foi sempre o que mais me chamou a atenção por um simples motivo: ele nunca para de se mexer. É assustador, mas ele é daqueles DEs que não dão um passo, travam uma batalha parada com o OL adversário para abrir um espaço e usam esse espaço para atacar o QB: ele está sempre mexendo as pernas, sempre buscando um contorno ou coisa assim, sempre se movimentando lateralmente para fechar espaços... enfim, é basicamente o jogador com o motor mais impressionante da NFL, e por isso um dos meus favoritos de assistir. Nos últimos dois anos, quando Saint Louis finalmente deu a ele um bom parceiro na linha defensiva (Robert Quinn) Long totalizou 24.5 sacks (sétima melhor marca nesse período) e ancorou o que promete ser uma defesa muito dominante. Quinn teve também uma temporada muito boa em 2012 (sua primeira como titular) com 10.5 sacks, então é realmente uma dupla que tem tudo para ser muito dominante, especialmente com Quinn indo para sua terceira temporada e com bastante potencial de evoluir ainda mais.
Atrás dessa forte dupla de frente, o Rams também montou um grupo de linebackers muito forte. Em uma defesa 4-3 base, os OLBs não são daqueles que vão para a blitz na maior parte do tempo como Aldon Smith ou DeMarcus Ware, mas prometem ser sólidos: em adição ao eterno James Laurianaitis (apenas "James" daqui para frente porque ninguém merece escrever Laurianaitis), a equipe draftou o bom e problemático Alec Ogletree e trouxe o veterano Will Weatherspoon para compor seu trio de LBs. Laurianaitis é um dos melhores MLBs da liga e Ogletree era considerado o melhor LB dessa classe de calouros (apesar dos problemas extra-campo), e considerando que essa defesa terrestre já foi uma sólida 8th melhor contra o jogo terrestre em 2013, existe ainda mais potencial aqui. A chave provavelmente vai ser como os DTs se comportam em 2012, já que a equipe não possui um dominante, mas com esse ótimo pass rush e bom grupo de LBs, ainda tem tudo para ser um bom grupo.
O draft de Ogletree mostra novamente uma tendência desse time do Rams nos anos recentes, que é a de se preocupar mais com talento e menos com problemas fora de campo. Ogletree era o típico caso de jogador muito talentoso que acaba caindo no draft pelos seus problemas, mas o Rams se focou (e admitiu isso depois) apenas no que ele pode oferecer dentro de campo. Na verdade, foi essa mentalidade que o time usou para montar sua secundária em 2012, trazendo o talentoso, problemático e um pouco overrated Cortland Finnigan na free agency, e no draft foi atrás de Jannoris Jenkins, um talento de primeira rodada que caiu para a segunda rodada por ter sido preso algumas vezes. A estratégia deu certo: a defesa aérea saltou para 10th melhor da liga em 2012, conseguiu um sólido número de 17 intereptações mesmo contra uma tabela forte e gerou bastante interesse ao redor da liga. O sucesso dessa estratégia em 2012 provavelmente foi o que motivou a seleção de Ogletree, e vai continuar inspirando esse tipo de posicionamento até algo dar errado.
E ai chegamos ao maior ponto positivo dessa defesa: idade. Os dois veteranos dessa defesa, Long e James, ainda estão em seu auge (28 e 27, respectivamente). Quinn está indo apenas para seu terceiro ano, Jenkins para seu segundo. Ogletree é calouro, e Finnegan - o mais velho desse núcleo - faz 29 em fevereiro. Para um time como o Rams que provavelmente ainda está pensando alguns anos no futuro, essa é uma ótima notícia: seu núcleo ainda vai jogar junto por um bom tempo, e ainda tem muito espaço para evoluir. Para 2013 isso não necessariamente vai ajudar tanto, considerando algum possível sophomore slump de Jenkins (que pareceu ser um pouco "exposto" mais para o fim da temporada) e pelo fato da equipe ter perdido seus dois safeties titulares (Quintin Mikell foi para o Panthers e Craig Dahl para o 49ers) sem nenhum bom substituto disponível, então é possível esperar alguma piora dessa unidade. Mas mesmo assim o Rams deve continuar com uma das melhores linhas de frente de qualquer time na liga, e isso provavelmente vai ser suficiente para ancorar uma defesa extremamente forte, especialmente se os CBs continuarem com a boa fase.
O ataque é mais problemático. Desde que fizeram de Sam Bradford a primeira escolha do draft em 2010, esse grupo terminou a temporada 30th, 32nd e 21st em ataque ajustado. Enquanto um otimista pode olhar e falar que pelo menos o grupo evoluiu para 2012, um realista vai apontar que esses são três péssimos números. Embora seja mais do que óbvio que não seja possível atribuir tudo isso a Bradford quando ele tem jogado em um ataque muito fraco e sem o pessoal adequado para ajudá-lo, o fato é que ele também não tem se destacado positivamente. Nesses três anos, Bradford ainda não mostrou o que se esperava dele quando se tornou a primeira escolha do draft: seu braço não é forte e ele tem mostrado dificuldade nas bolas longas (como o grande Bill Barnwell nota, Bradford é o QB que menos tenta passes de mais de 20 jardas na NFL), e sua precisão no resto dos passes deixa muito a desejar. Ele não compensa seu baixo aproveitamento com ganhos longos e vice versa, e isso é um problema quando seu QB ainda tem metade de um contrato de 6 anos, 78M para cumprir (com absurdos 50M garantidos). Parte disso não é culpa de Bradford - ele nunca jogou com uma boa linha ofensiva ou teve alvos competentes além de Steven Jackson e Danny Amendola - mas ele também não se destacou com o que teve em mãos de alguma forma, ou mostrou as ferramentas de um grande QB na NFL.
E embora não seja exatamente culpa de Bradford, o fato é que ele gerou muitos problemas, junto com uma série de decisões da diretoria cujos resultados foram desastrosos (algumas eu também critiquei na época). O primeiro problema é que Bradford foi a última 1st pick no antigo CBA. O grande problema a ser resolvido no lockout de 2011 foi a questão dos contratos de calouros, que tinham escalado demais e saído de controle. Isso foi eficientemente controlado no novo CBA, mas times que ainda mantinham jogadores com seus contratos antigos se viram em uma situação complicada. Para efeito de comparação, Bradford ganhou um contrato de 6 anos, 78M quando calouro... a próxima 1st pick, Cam Newton, assinou um de 4 anos, 22M. Então é uma diferença brutal, e isso tem causado alguns problemas para o Rams. Esse foi, inclusive, o motivo pelo qual a equipe deveria ter mantido a 2nd pick em 2012 (e Robert Griffin) ao invés de trocá-la e manter Bradford: Sam come um pedaço imensamente maior do espaço salarial da equipe do que Griffin (falamos segunda no preview do Seahawks sobre a enorme vantagem que é ter um franchise QB em contrato de calouro). Eu entendo os motivos que levaram o Rams a tomar essa decisão - em particular que o retorno por uma eventual troca de Bradford seria muito menor do que o que Griffin trouxe - mas na época muita gente já defendia manter Griffin pela questão salarial, o que fica ainda mais claro quando vemos o resultado disso um ano depois. Na verdade, se o Rams tivesse feito a coisa mais fácil em 2010 e draftado Ndamukong Suh em primeiro (que era claramente o melhor jogador do draft na época), poderia ter hoje Suh E Griffin no seu time, então tem isso também - bem como o fato de que Bradford pode ser cortado ao final dessa temporada para economizar salário enquanto Griffin revive o esporte em Washington.
Um tema clichê nos previews do Rams desde 2011 é que esse é o ano que Bradford tem ao seu redor o melhor grupo da sua vida. Foi dito em 2011, foi dito em 2012, e tem que ser dito em 2013: pela primeira vez ele tem um bom LT em Jake Long, o que via dar muita estabilidade na linha ofensiva, e adicionaram duas armas importantes para seu QB nessa offseason em Jared Cook (muito talento, nunca despontou como esperado) e Tavon Austin (8th pick nesse draft), que a equipe espera que possa adicionar dois alvos confiáveis e explosivos para Bradford finalmente se desenvolver... apesar de ele já ter 26 anos. Então é fato que no papel o Rams está oferecendo a ele um grupo melhor do que ele já viu em anos, mas isso já foi dito antes e não rendeu nenhum tipo de resultado, então não me culpem se me sinto um pouco cético. Também vale citar que Bradford perdeu o seu melhor recebedor em Amendola, que quando esteve saudável era o principal alvo aéreo da equipe. Como Barnwell nota em seu excelente preview, Bradford completou 66.5% de seus passes para Amendola e apenas 56.8% para o resto de seu time, uma diferença absurda que só reforça a importância de Amendola saindo do slot como uma opção nesse ataque. Mas Amendola saiu, e nao se sabe ainda se Tavon Austin vai conseguir realizar essa função ou ser usado em um papel mais explosivo estilo DeSean Jackson (a comparação mais comum para Austin) em rotas longas que não vão oferecer para Bradford a opção de segurança que ele precisa. Então ainda existe algum motivo para dúvida, ainda que no papel esse ataque tenha evoluido um pouco (principalmente por causa de Long, na verdade) - de novo. Vamos ver se dessa vez a melhora no papel se traduz para uma melhora dentro de campo.
Mas o fator mais duvidoso nesse ataque é o jogo terrestre, simplesmente porque ele pode cair para qualquer lado. A equipe se livrou do grande Steven Jackson, um dos melhores RBs da sua geração, por questões salariais antes de dar o comando da equipe aos jovens Daryl Richardson e Isaiah Pead, e é difícil saber exatamente qual vai ser o impacto disso na equipe. Jackson foi um grande RB, isso é inegável, mas já tem 30 anos, sendo 8 deles como o titular de uma equipe fraca tendo que carregar nas costas o time com uma carga de trabalho imensa, e nos últimos anos viu sua produtividade decair um pouco. Jackson sempre foi uma grande válvula de escape para Bradford por sua versatilidade recebendo passes, algo que provavelmente não vai acontecer (ou pelo menos no mesmo nível) com a nova dupla de RBs, mas ao mesmo tempo vale destacar que em 2012 Jax teve uma média de 4.1 jardas por corrida e Richardson teve 4.8 atrás da mesma linha ofensiva. Claro que é mais fácil ter uma média alta com menos corridas e em situações mais favoráveis, mas ainda é uma boa diferença e Richardson projeta como sendo uma opção mais jovem e explosiva para esse jogo terrestre. É difícil saber exatamente o impacto dessa mudança, mas diria vai ter impacto importante no destino dessa equipe.
Em resumo, o Rams é um bom time que muita gente negligencia. Mas infelizmente para eles, eles ainda tiveram alguma sorte em 2012 (uma vitória acima da sua Pythagorean Expectation) e apesar de não ser o inferno de 2012, a tabela ainda vai ser consideravelmente difícil em 2013 com um Cardinals reforçado e quatro jogos contra a fortíssima NFC South. A defesa vai continuar sendo forte como sempre, com potencial para evoluir (jovens jogadores, Ogletree chegando) ou regredir (sem seus safeties), mas dividindo a diferença ainda tem tudo para ser uma das melhores da liga. O wild card para a equipe, naturalmente, é seu ataque, e como Bradford vai render naquela que pode ser sua última chance como titular da equipe com uma linha ofensiva reforçada e um conjunto totalmente diferente ao seu redor. Eu confesso que não me sinto otimista em relação a essa última, acredito que vá ser um ataque decente mas não bom o suficiente, e por isso não vejo o Rams sendo melhor do que 7-9 ou 8-8, o que não quer dizer que seja um time ruim: se enfrentasse a tabela de um time como Chiefs ou jogasse na AFC South, seria um forte candidato a ganhar 10 jogos e ir aos playoffs. Por enquanto, vai ter que se contentar com uma forte defesa e com o trabalho que sempre dá aos favoritos Niners e Seahawks enquanto pensa no que fazer com Sam Bradford.
Atrás dessa forte dupla de frente, o Rams também montou um grupo de linebackers muito forte. Em uma defesa 4-3 base, os OLBs não são daqueles que vão para a blitz na maior parte do tempo como Aldon Smith ou DeMarcus Ware, mas prometem ser sólidos: em adição ao eterno James Laurianaitis (apenas "James" daqui para frente porque ninguém merece escrever Laurianaitis), a equipe draftou o bom e problemático Alec Ogletree e trouxe o veterano Will Weatherspoon para compor seu trio de LBs. Laurianaitis é um dos melhores MLBs da liga e Ogletree era considerado o melhor LB dessa classe de calouros (apesar dos problemas extra-campo), e considerando que essa defesa terrestre já foi uma sólida 8th melhor contra o jogo terrestre em 2013, existe ainda mais potencial aqui. A chave provavelmente vai ser como os DTs se comportam em 2012, já que a equipe não possui um dominante, mas com esse ótimo pass rush e bom grupo de LBs, ainda tem tudo para ser um bom grupo.
O draft de Ogletree mostra novamente uma tendência desse time do Rams nos anos recentes, que é a de se preocupar mais com talento e menos com problemas fora de campo. Ogletree era o típico caso de jogador muito talentoso que acaba caindo no draft pelos seus problemas, mas o Rams se focou (e admitiu isso depois) apenas no que ele pode oferecer dentro de campo. Na verdade, foi essa mentalidade que o time usou para montar sua secundária em 2012, trazendo o talentoso, problemático e um pouco overrated Cortland Finnigan na free agency, e no draft foi atrás de Jannoris Jenkins, um talento de primeira rodada que caiu para a segunda rodada por ter sido preso algumas vezes. A estratégia deu certo: a defesa aérea saltou para 10th melhor da liga em 2012, conseguiu um sólido número de 17 intereptações mesmo contra uma tabela forte e gerou bastante interesse ao redor da liga. O sucesso dessa estratégia em 2012 provavelmente foi o que motivou a seleção de Ogletree, e vai continuar inspirando esse tipo de posicionamento até algo dar errado.
E ai chegamos ao maior ponto positivo dessa defesa: idade. Os dois veteranos dessa defesa, Long e James, ainda estão em seu auge (28 e 27, respectivamente). Quinn está indo apenas para seu terceiro ano, Jenkins para seu segundo. Ogletree é calouro, e Finnegan - o mais velho desse núcleo - faz 29 em fevereiro. Para um time como o Rams que provavelmente ainda está pensando alguns anos no futuro, essa é uma ótima notícia: seu núcleo ainda vai jogar junto por um bom tempo, e ainda tem muito espaço para evoluir. Para 2013 isso não necessariamente vai ajudar tanto, considerando algum possível sophomore slump de Jenkins (que pareceu ser um pouco "exposto" mais para o fim da temporada) e pelo fato da equipe ter perdido seus dois safeties titulares (Quintin Mikell foi para o Panthers e Craig Dahl para o 49ers) sem nenhum bom substituto disponível, então é possível esperar alguma piora dessa unidade. Mas mesmo assim o Rams deve continuar com uma das melhores linhas de frente de qualquer time na liga, e isso provavelmente vai ser suficiente para ancorar uma defesa extremamente forte, especialmente se os CBs continuarem com a boa fase.
O ataque é mais problemático. Desde que fizeram de Sam Bradford a primeira escolha do draft em 2010, esse grupo terminou a temporada 30th, 32nd e 21st em ataque ajustado. Enquanto um otimista pode olhar e falar que pelo menos o grupo evoluiu para 2012, um realista vai apontar que esses são três péssimos números. Embora seja mais do que óbvio que não seja possível atribuir tudo isso a Bradford quando ele tem jogado em um ataque muito fraco e sem o pessoal adequado para ajudá-lo, o fato é que ele também não tem se destacado positivamente. Nesses três anos, Bradford ainda não mostrou o que se esperava dele quando se tornou a primeira escolha do draft: seu braço não é forte e ele tem mostrado dificuldade nas bolas longas (como o grande Bill Barnwell nota, Bradford é o QB que menos tenta passes de mais de 20 jardas na NFL), e sua precisão no resto dos passes deixa muito a desejar. Ele não compensa seu baixo aproveitamento com ganhos longos e vice versa, e isso é um problema quando seu QB ainda tem metade de um contrato de 6 anos, 78M para cumprir (com absurdos 50M garantidos). Parte disso não é culpa de Bradford - ele nunca jogou com uma boa linha ofensiva ou teve alvos competentes além de Steven Jackson e Danny Amendola - mas ele também não se destacou com o que teve em mãos de alguma forma, ou mostrou as ferramentas de um grande QB na NFL.
E embora não seja exatamente culpa de Bradford, o fato é que ele gerou muitos problemas, junto com uma série de decisões da diretoria cujos resultados foram desastrosos (algumas eu também critiquei na época). O primeiro problema é que Bradford foi a última 1st pick no antigo CBA. O grande problema a ser resolvido no lockout de 2011 foi a questão dos contratos de calouros, que tinham escalado demais e saído de controle. Isso foi eficientemente controlado no novo CBA, mas times que ainda mantinham jogadores com seus contratos antigos se viram em uma situação complicada. Para efeito de comparação, Bradford ganhou um contrato de 6 anos, 78M quando calouro... a próxima 1st pick, Cam Newton, assinou um de 4 anos, 22M. Então é uma diferença brutal, e isso tem causado alguns problemas para o Rams. Esse foi, inclusive, o motivo pelo qual a equipe deveria ter mantido a 2nd pick em 2012 (e Robert Griffin) ao invés de trocá-la e manter Bradford: Sam come um pedaço imensamente maior do espaço salarial da equipe do que Griffin (falamos segunda no preview do Seahawks sobre a enorme vantagem que é ter um franchise QB em contrato de calouro). Eu entendo os motivos que levaram o Rams a tomar essa decisão - em particular que o retorno por uma eventual troca de Bradford seria muito menor do que o que Griffin trouxe - mas na época muita gente já defendia manter Griffin pela questão salarial, o que fica ainda mais claro quando vemos o resultado disso um ano depois. Na verdade, se o Rams tivesse feito a coisa mais fácil em 2010 e draftado Ndamukong Suh em primeiro (que era claramente o melhor jogador do draft na época), poderia ter hoje Suh E Griffin no seu time, então tem isso também - bem como o fato de que Bradford pode ser cortado ao final dessa temporada para economizar salário enquanto Griffin revive o esporte em Washington.
Um tema clichê nos previews do Rams desde 2011 é que esse é o ano que Bradford tem ao seu redor o melhor grupo da sua vida. Foi dito em 2011, foi dito em 2012, e tem que ser dito em 2013: pela primeira vez ele tem um bom LT em Jake Long, o que via dar muita estabilidade na linha ofensiva, e adicionaram duas armas importantes para seu QB nessa offseason em Jared Cook (muito talento, nunca despontou como esperado) e Tavon Austin (8th pick nesse draft), que a equipe espera que possa adicionar dois alvos confiáveis e explosivos para Bradford finalmente se desenvolver... apesar de ele já ter 26 anos. Então é fato que no papel o Rams está oferecendo a ele um grupo melhor do que ele já viu em anos, mas isso já foi dito antes e não rendeu nenhum tipo de resultado, então não me culpem se me sinto um pouco cético. Também vale citar que Bradford perdeu o seu melhor recebedor em Amendola, que quando esteve saudável era o principal alvo aéreo da equipe. Como Barnwell nota em seu excelente preview, Bradford completou 66.5% de seus passes para Amendola e apenas 56.8% para o resto de seu time, uma diferença absurda que só reforça a importância de Amendola saindo do slot como uma opção nesse ataque. Mas Amendola saiu, e nao se sabe ainda se Tavon Austin vai conseguir realizar essa função ou ser usado em um papel mais explosivo estilo DeSean Jackson (a comparação mais comum para Austin) em rotas longas que não vão oferecer para Bradford a opção de segurança que ele precisa. Então ainda existe algum motivo para dúvida, ainda que no papel esse ataque tenha evoluido um pouco (principalmente por causa de Long, na verdade) - de novo. Vamos ver se dessa vez a melhora no papel se traduz para uma melhora dentro de campo.
Mas o fator mais duvidoso nesse ataque é o jogo terrestre, simplesmente porque ele pode cair para qualquer lado. A equipe se livrou do grande Steven Jackson, um dos melhores RBs da sua geração, por questões salariais antes de dar o comando da equipe aos jovens Daryl Richardson e Isaiah Pead, e é difícil saber exatamente qual vai ser o impacto disso na equipe. Jackson foi um grande RB, isso é inegável, mas já tem 30 anos, sendo 8 deles como o titular de uma equipe fraca tendo que carregar nas costas o time com uma carga de trabalho imensa, e nos últimos anos viu sua produtividade decair um pouco. Jackson sempre foi uma grande válvula de escape para Bradford por sua versatilidade recebendo passes, algo que provavelmente não vai acontecer (ou pelo menos no mesmo nível) com a nova dupla de RBs, mas ao mesmo tempo vale destacar que em 2012 Jax teve uma média de 4.1 jardas por corrida e Richardson teve 4.8 atrás da mesma linha ofensiva. Claro que é mais fácil ter uma média alta com menos corridas e em situações mais favoráveis, mas ainda é uma boa diferença e Richardson projeta como sendo uma opção mais jovem e explosiva para esse jogo terrestre. É difícil saber exatamente o impacto dessa mudança, mas diria vai ter impacto importante no destino dessa equipe.
Em resumo, o Rams é um bom time que muita gente negligencia. Mas infelizmente para eles, eles ainda tiveram alguma sorte em 2012 (uma vitória acima da sua Pythagorean Expectation) e apesar de não ser o inferno de 2012, a tabela ainda vai ser consideravelmente difícil em 2013 com um Cardinals reforçado e quatro jogos contra a fortíssima NFC South. A defesa vai continuar sendo forte como sempre, com potencial para evoluir (jovens jogadores, Ogletree chegando) ou regredir (sem seus safeties), mas dividindo a diferença ainda tem tudo para ser uma das melhores da liga. O wild card para a equipe, naturalmente, é seu ataque, e como Bradford vai render naquela que pode ser sua última chance como titular da equipe com uma linha ofensiva reforçada e um conjunto totalmente diferente ao seu redor. Eu confesso que não me sinto otimista em relação a essa última, acredito que vá ser um ataque decente mas não bom o suficiente, e por isso não vejo o Rams sendo melhor do que 7-9 ou 8-8, o que não quer dizer que seja um time ruim: se enfrentasse a tabela de um time como Chiefs ou jogasse na AFC South, seria um forte candidato a ganhar 10 jogos e ir aos playoffs. Por enquanto, vai ter que se contentar com uma forte defesa e com o trabalho que sempre dá aos favoritos Niners e Seahawks enquanto pensa no que fazer com Sam Bradford.
Entendo o seu ponto de vista em relação ao Jackson, mas vc gosta mesmo da troca?
ResponderExcluirFaz sentido trocar um running back mais velho por 2 jovens talentos, mas eu não gostei de eles se livrando do RB deles.Muito disso pode ser por eu ter começado a assistir NFL no final do the greatest show on turf e na minha cabeça Rams significa Steven Jackson.Só que ele sempre produziu muito com um time muito ruim e fazendo de tudo, não compensaria ainda manter ele no time?
Gostei. O Jackson ta ficando velho e não vai participar do próximo time vencedor de Saint Louis, melhor conseguir alguma coisa por ele agora para render frutos depois. Entendo quem defende a permanencia dele, mas acho que também existe algo de legal no Rams dando ao cara que carregou o time horrível deles por tanto tempo a chance de ir buscar um título num time forte de verdade. Achei um win-win para o time e o jogador.
ExcluirSJ saiu do time porque o CO e o HC foram bem claros que esse ano iriam dividir carries com os RBs, ele disse que não aceitava ficar no banco e foi para um time top, parabens para um cara que talvez muitos só o conheceram agora que ele foi para o Falcons torço muito pelo seu sucesso é merecedor pelo que ja fez na NFL e pelo Rams, o autor do texto foi muito certo ao colocar "Troféu de Melhor Time que Ninguém Presta Atenção" da NFL!, isso inclui SJ que é muito melhor do que muito RB badalado pq esta num time de mídia. Quanto ao Ataque vai melhorar muito pelo menos esse ano temos um estilo de jogo sólido, finalmente o ataque tem uma filosofia de jogo, isso ja é um grande avanço. Piter Damacino RamsBrasil
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