Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Nunca exagere na reação a primeira rodada!

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Quem leu a nossa coluna de terça feira sobre alguns pontos de interesse da primeira rodada da NFL, provavelmente lembra que agora que estamos com maiores responsabilidades nesse blog, estamos procurando um padrão mais ou menos fixo semanal para falar da NFL. Terça feira ficamos com uma visão geral de alguns pontos importantes da rodada, e sexta provavelmente vamos voltar com nossos palpites para a semana, uma forma rápida de passar por todos os times e comentar alguns pontos menores que não valiam a pena ser citados de forma mais extensa. Isso ainda está na fase de testes, estamos usando o modelo para ver a reação das pessoas, se acham satisfatório, se acham que fica faltando alguma coisa, e por ai vai.

O de quinta feira, inicialmente, era para ser meu post de análise: pegar um tema e fazer uma análise aprofundada dele. O problema é que não da para fazer uma análise sem dados, e uma semana não oferece dado ALGUM para qualquer tipo de análise decente (sim, eu usei a palavra análise quatro vezes - agora cinco - em menos de um parágrafo. O momento exigia). Então já que para podermos fazer dessa coluna uma regular, com um certo padrão, vamos ter que esperar mais dados se acumularem e mais rodadas serem jogadas, queria aproveitar esse espaço hoje para falar do que eu costumo chamar de Overreaction Week.

Overreaction Week


Overreaction Week é o nome que eu dou, carinhosamente, a semana que se segue a primeira rodada da NFL, simplesmente porque é nessa semana onde todo mundo perde a cabeça e começa a tirar conclusões que chamar de "precipitadas" é um elogio. Todo mundo assiste aos jogos e usa os resultados como sendo um retrato fiel da temporada de cada time, ou de para onde os times estão se movendo em relação ao ano anterior.

O processo é, na verdade, bastante simples. Passamos sete longos e duros meses esperando sem NFL, apenas lembrando da temporada anterior e sonhando com a próxima. Passamos esses meses especulando, prevendo, palpitando e imaginando como cada time virá para um novo ano, com novos jogadores e tudo mais. Criamos, na nossa própria cabeça ou colocando num blog para todos os torcedores te xingarem depois, expectativas ou projeções para 32 diferentes times. E ai quando chega na primeira rodada, um time acaba se comportando - ou até mesmo o resultado acaba sendo - totalmente diferente do que você tinha imaginado na cabeça, e então você corre para substituir todo aquela imagem cuidadosa e gradual que você tinha lapitado por sete meses com base no resultado de um único jogo. E durante toda a semana, você passa a acreditar que aquele é de fato a verdade daquela equipe na temporada. Por isso, Overreaction Week, a semana que você passa com uma idéia exagerada de uma equipe baseada em apenas um jogo.

Os problemas óbvios com isso são os mesmos que estamos comentando desde que começamos nossa série de previews: um jogo é uma amostra extremamente limitada e viesada. Um time pode estar simplesmente em um dia bom, ou seu adversário em um dia ruim, ou vice versa. Um time pode dar azar ou sorte em uma série de pequenas jogadas (Dallas recuperando os cinco fumbles do jogo, alguém?), pode enfrentar um matchup que seja favorável ou não. Alguns jogadores terão performances totalmente fora da curva, outros vão demorar para engrenar. Alguns jogos são mais difíceis do que outros, e por ai vai. Colocando tudo isso em uma amostra grande o suficiente, essas coisas tendem todas a se normalizar, mas passamos 32 previews mostrando que uma temporada inteira não é uma amostra grande o suficiente. Se 16 jogos em uma temporada inteira as vezes apresenta uma série de fatores enganosos e que precisam ser observados com calma, o que dizer então de um único jogo? Zero.

Todo ano, a primeira rodada nos trás um certo número de overreactions, em geral com times que todos esperavam que fossem muito bons ou muito ruins. Esse ano, o que eu mais tenho visto é relativo ao New England Patriots, um dos eternos grandes times da NFL.

Você conhece a narrativa a esse ponto. New England Patriots, grande time, cinco títulos da AFC nos últimos 12 anos, liderado por um dos grandes técnicos e grandes QBs da história da NFL. Depois de uma offseason que viu seus três melhores recebedores do ano anterior deixarem o time - um foi para Denver, um foi para a cadeia, e um foi para o departamento médico - o Patriots entrou nessa offseason enfrentando algumas questões bastante sérias sobre seu ataque, em particular seu corpo de recebedores. MAs com Tom Brady segurando as rédeas e Bill Belichick no comando, todo mundo ainda botava alta fé na equipe, sempre um dos grandes candidatos ao título. Ou pelo menos era o que todo mundo achava antes da semana um, quando o Patriots foi até Buffalo enfrentar o Bills, um time que sempre tiveram grande sucesso... e quase que não escapam com a vitória. Buffalo chegou no final com o controle do jogo, e New England precisou de uma série de milagres de Tom Brady e Danny Amendola para conseguir sair com uma vitória muito magra por 23 a 21 nos segundos finais da partida. A vitória foi extremamente apertada contra um time ruim com QB calouro, e todo mundo logo correu para decretar o fim de New England. E por mais que eu saiba como quase todos os não torcedores da equipe adoram odiar o Patriots, eu preciso dizer: se você acha que o Pats acabou, você provavelmente nasceu de sete meses.

Primeiro de tudo, existem motivos legítimos para essa dificuldade de New England na primeira partida. Quando olhamos para a offseason do Patriots, vimos que eles passaram por algumas dificuldades: Wes Welker saiu da equipe, Brandon Lloyd não voltou e eventualmente aposentou. Mesmo com a chegada de Amendola, isso deixou a equipe extremamente magra na posição de WRs, algo que naturalmente iria exigir alguns ajustes do plano ofensivo do time. Mas um dos motivos que levou a equipe a observar isso sem fazer maiores movimentos na direção de compensar essas falhas foi o simples fato de que a equipe podia tranquilamente se dar ao luxo de reconstruir esse ataque em torno da sua dupla de tight ends, a melhor da NFL. Tanto Rob Gronkowski como Aaron Hernandez eram dois excelentes jogadores, versáteis e que poderiam executar diversas funções, danto ao Pats uma flexibilidade imensa na hora de montar suas jogadas. Com esses dois e um dos melhores QBs de todos os tempos, não havia urgência para ir atrás de novas peças. Ou pelo menos não tinha, até que o azar resolveu dar um tapa na cara da equipe: Rob Gronkowski precisou fazer mais duas cirurgias na offseason, atrasando seu retorno aos gramados, e Hernandez foi preso por estar ligado a pelo menos três (parece já chegar a cinco) homicídios diferentes, o que o torna o pior ser humano a jogar na NFL nos últimos anos. Em um piscar de olhos, o time se viu sem as duas peças que eram o centro de todo seu plano ofensivo para a nova temporada, com o draft e o grosso da free agency já no passado. E o time teve que se virar nessa situação, sem possuir um bom meio para adquirir novos jogadores.

Você provavelmente já sabe aonde vou com isso: no espaço de dois meses antes da temporada, o time teve que reconstruir praticamente todo seu ataque sem dois dos seus três principais jogadores. Sem condições de se reforçar antes da temporada começar sem se comprometer com trocas ou salários, todo o novo ataque do Patriots passou a usar jogadores em funções que nunca deveriam ter recebido, a contar com jogadores de special teams (Julian Edelman), calouros não draftados (Zach Sudfeld, Kendall Thompkins - que conseguiu a façanha de pegar apenas 4 das 14 bolas lançadas para ele), calouros suspeitos (Aaron Dobson) e caras de nome engraçado (Michael Hoomanawanui). Nenhum desses jogadores deveria estar tendo um papel importante em qualquer time da NFL, muito menos em um que briga pelo título. Ao redor de um bom núcleo, como complementos, tudo bem, mas sendo o foco das atenções? De jeito nenhum. Então quando consideramos isso, e que esse grupo teve que se reinventar DEPOIS dos problemas com Gronk e Hernandez, e que o playbook do Patriots é famoso por ser particularmente complexo... então não tem nenhuma surpresa para esses caras não terem demonstrado um bom futebol, especialmente na primeira semana.

Outra coisa que engana é o resultado final. Um 23-21, especialmente com a virada acontecendo nos minutos finais, implica em um jogo extremamente parelho, onde os dois times trocaram golpes e estiveram pau a pau até o final. Ou seja, implica que o Pats foi igual a um time fraco do Bills. Mas quando olhamos de fato para o jogo e para alguns detalhes, é fácil ver que esse resultado em especial foi motivado por diversos fatores além do controle da equipe. Em particular, precisamos olhar para os turnovers. A primeira vista, não tem nada de absurdo: New England cometeu três, Buffalo dois, e pronto. Mas não é tão simples assim. Primeiro, é importante lembrar como exatamente essas aconteceram, bem como as que deixaram de acontecer. Em particular, três lances chamam a atenção: primeiro, a interceptação de Tom Brady, em uma bola que foi desviada e sobrou nas mãos de um defensor; e depois, os dois turnovers de Buffalo que voltaram atrás, uma interceptação de EJ Manuel (que bateu no chão) e um fumble. Esses são três lances que foram decididos por muito pouco: por alguns centímetros a bola de Manuel não bate no chão, por alguns centímetros o fumble não é validado, e por pouco a bola de Brady não é desviada e vira apenas um passe incompleto. São três lances capitais - três turnovers - que foram decididos por poucos centímetros, e nos três casos a "sorte" foi para o Bills.

Mas talvez ainda mais importante, a chave para entender porque o resultado final parece pior do que foi de fato foram os dois fumbles de Buffalo. O primeiro aconteceu com Stevan Ridley: o Patriots estava em field goal range quando Ridley sofreu um fumble, que foi retornado para touchdown. Eu já disse isso antes, mas para relembrar, é importante ter em mente o quanto isso depende de sorte: recuperar um fumble (com todos os fatores incluidos) depende muito mais de sorte do que de habilidade - a chance é 50/50 - e transformar um turnover em touchdown também é algo que depende muito mais do acaso do que da capacidade de um time. Então considerando que esse evento sozinho gerou uma diferença de 10 pontos - o FG que o Pats deixou de fazer, mais os sete do TD - é uma diferença considerável num jogo tão apertado, não? E ai chegamos ao segundo fumble: um snap equivocado em um 4th and 1 na linha do goal desenhado para ser Brady pegando a bola e indo em frente. Nas últimas 19 vezes que o Patriots executou essa jogada específica, o time e Brady converteram 18 dessas. 18-19!! Mas dessa vez, por acaso, o snap falhou, Buffalo recuperou, e evitou tomar sete pontos. Então é verdade que Buffalo recuperou apenas 3 dos 5 fumbles do jogo, não sendo particularmente sortudo nesse aspecto. Mas quando consideramos as situações específicas de cada fumble - um retornado para TD, outro salvando um TD que tinha 94.7% de chance de acontecer - eles representaram basicamente um swing direto de 17 pontos. Como esse 23-21 parece agora? O Patriots mostrou problemas e não jogou particularmente bem, mas o resultado final dificilmente mostra a história do jogo e dos times.

Isso não é para dizer que o Patriots não tem problemas: possui vários. Seu RB mais completo, Shane Vereen, está fora por pelo menos 10 rodadas; Danny Amendola deve ficar machucado por mais 2 a 6 semanas; Gronk ainda não tem data para voltar; e já cobrimos a tremenda falta de bons alvos ofensivos anteriormente - eu sei que alguns jogadores não draftados acabam dando certo na NFL (Arian Foster, Miles Austin, Kurt Warner), mas em geral, eles não foram draftados por um motivo. Então esses problemas são bastante reais, e diminuem um pouco do favoritismo de New England na divisão e na conferência. Mas se olhando para apenas esse primeiro jogo, com todos esses fatores, você correu para descartar o Patriots em 2013, é melhor pensar de novo. Um bom conselho de regra geral para a primeira semana.

Palpite para o jogo de quinta feira a noite


PATRIOTS over Jets
Por tudo que foi coberto acima, mais o fato de que o Pats joga em casa, que é o primeiro jogo noturno, o primeiro jogo fora de casa E o primeiro jogo televisionado nacionalmente de Geno Smith... e mais algumas coisas que ficam para a coluna de amanhã. Mas...
Contra o spread: Jets (+11.5) over PATRIOTS - Essa linha está um pouco alta demais para mim, Pats está sem três dos seus quatro melhores jogadores ofensivos, seu melhor WR ativo pegou apenas 4 de 14 passes semana passada, seu segundo melhor WR ativo viveu quaes toda sua carreira nos special teams, e o Jets é melhor do que algumas pessoas pensam. Essa linha está alta demais.

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