Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Preview NFL 2013 - Seattle Seahawks

Talentos especiais de Golden Tate: Voar
e transformar interceptações em touchdowns



Nessa série de previews já falamos de 28 times diferentes, incluindo toda a AFC East, South, North e West e das NFC East, South e North, mais o San Francisco 49ers. Hoje continuamos a falar da NFC West pelo Seattle Seahawks. Você pode acessar todos os previews direto do nosso índice. Se você não tem ideia do que estou falando, recomendo que leia esse post introdutório. Btw, a falta de crases nesse texto é porque esse teclado não tem crase, então não reparem, ok?

Seattle Seahawks

2012 Record: 11-5
Ataque ajustado: 4th
Defesa ajustada: 4th


Uma coisa muito interessante de sempre se observar em qualquer esporte é que, dependendo de como se comportam as tendências de mercado e as regras do CBA envolvendo contratos e tetos salariais, alguns ativos passam a ser mais valiosos do que outro por gerarem uma vantagem competitiva. Meu exemplo favorito: Moneyball. Muitas pessoas erroneamente acreditam que a essência do Athletics na era Moneyball era simplesmente usar estatísticas avançadas para descobrir quais jogadores eram bons ou ruins, mas não é verdade. A questão do Moneyball era outra: como o time de Oakland era o mais pobre de toda a MLB e com um dono muquirana, em uma liga sem teto salarial ou controle sobre os contratos oferecidos, então ele simplesmente não podia contratar ou bancar os melhores jogadores da liga. Assim, eles precisavam achar outra forma de se manterem competitivos explorando alguma "falha" de mercado (o termo "ineficiência" é melhor, mas enfim), e foram fazer isso usando um sistema que lhes dava uma informação na hora de tomar decisões que nenhum outro time tinha e portanto lhes permitia melhor identificar o valor de jogadores e achar quem contribuía com o que o time precisava. O uso de estatísticas avançadas - o que acabou popularizando e expandindo disso tudo - na verdade era apenas o instrumento que a equipe usou para atingir o objetivo de conseguir montar um time competitivo com pouco dinheiro, achando valor onde os times não viam.

No caso da NFL, não existe uma ineficiência de mercado como era o caso da MLB no começo da década, mas ainda existem algumas situações que oferecem aos times uma vantagem comparativa. Com um salary cap rígido, regras de distribuição de receitas e tudo mais, não existem times pobres ou ricos dentro de campo ou na hora de contratar jogadores, todos possuem os mesmos recursos. Mesmo assim, existe alguns ativos específicos que geram distorções positivas para os times que os possuem, e lhes oferecem um tipo de vantagem competitiva que hoje em dia é extremamente importante. E isso ajuda a explicar porque o Seahawks está em uma situação extremamente confortável em relação ao resto da NFL. No caso do Seattle, isso pode ser resumido em um simples número:

US$ 1,450,000.00

Um milhão, quatrocentos e cinquenta mil doletas. Esse é o valor TOTAL que o Seattle Seahawks vai pagar para quarterbacks em 2013, incluindo os que já foram dispensados. Pense nisso por um segundo, e lembre que Philip Rivers ganha 17M por ano, que Tony Romo e Joe Flacco vão ganhar perto dos 20M por ano, e que se o segundo semestre de 2012 não foi uma aberração, Russell Wilson é bem melhor que todos esses. A NFL tem se tornado cada vez mais, com as novas regras, uma liga que se fundamenta no jogo aéreo, e então um bom quarterback tem um peso cada vez maior, e portanto ganham salários cada vez maiores. No mercado aberto, um QB como Wilson ganharia cerca de 18M por ano, mas como ele ainda está preso ao seu contrato de calouro, ele vai receber menos de 1M em 2013, 2014 e 2015 antes de receber um novo contrato. Isso significa que nesses três anos, o Seahawks vai ter cerca de 17M a mais do que deveria ter para oferecer a outros jogadores, reforçando o resto do seu time e adicionando talentos que seria impossível caso Wilson estivesse comendo 18M do seu teto salarial.

E desde que o novo CBA começou a controlar contratos de calouros, essa é a maior vantagem competitiva que um time pode ter: um (ou pelo menos que muita coisa indica que seja) franchise QB preso em um contrato de calouro, ganhando uma merreca e abrindo todo o espaço salarial do mundo para reforçar o resto do time. Esse é um dos motivos secretos pelos quais times como Seattle, 49ers e Washington estão conseguindo oferecer e manter tantos outros jogadores com contratos altos por enquanto. E enquanto outros times também se beneficiam dessa vantagem comparativa (49ers, Colts, Redskins e talvez Panthers), o Seahawks tem vantagem por dois motivos: Andrew Luck, Robert Griffin e Cam Newton foram todos 1st ou 2nd picks do draft, e portanto seu salário inicial é muito mais alto (quatro vezes mais) do que o de Wilson; e como ele foi draftado em 2012 e não 2011, a penchincha de Wilson vale por uma temporada a mais do que a de Colin Kaepernick (que só tem dois anos). Então pelos próximos dois anos (mais esse), o Seattle terá mais espaço relativo para reforçar o resto do seu time do que qualquer outro na NFL, e isso é uma grande vantagem.

Claro, isso depende da sua avaliação de como Russell Wilson é um franchise QB. Durante a primeira metade da temporada regular em 2012, ele foi basicamente Christian Ponder (ou pior, se contarmos o Fail Mary como uma interceptação), e durante a segunda metade, seus números são quase idênticos aos de Colin Kaepernick em San Francisco (apesar de uma tabela bem mais fácil, mas enfim). Qual deles é o verdadeiro Wilson? Eu me inclino a imaginar que seja mais próximo do segundo: Wilson era calouro e claramente teve problemas enfrentando adversários mais altos em um jogo muito mais veloz, uma situação diferente do que no College onde sua falta de altura não fazia tanta diferença. Mas Wilson se adaptou muito bem a NFL e ao seu novo sistema e começou a compensar essa falta de altura com muito scramble (para abrir sua visão sem jogadores na frente) e sua inteligência para ler defesas, algo que foi desenvolvendo ao longo do ano. Alguns fatores indicam que a reta final de Wilson teve algo de insustentável e deve sofrer alguma regressão (em especial uma taxa de interceptações historicamente insustentável), mas as ferramentas que ele mostrou são reais e fazem dele um jogador especial com 2m10 ou 1m40 de altura. Ele também terminou a temporada em 8th em QBR (69.6, embora esse números tenha sido bem aumentado pelo Fail Mary) e 6th em produtição ajustada por jogo, um ano espetacular, então não é como se não tivesse talento no meio. Mesmo com o potencial de regressão que Wilson apresenta, ele ainda vai ser um excelente QB indo para frente.

E mesmo assim, o ataque de Seattle não depende exclusivamente dele. Assim como seus rivais da Califórnia, o Seahawks baseia seu ataque em um fortíssimo jogo terrestre que terminou 2012 como o melhor da NFL nas costas de um monstro chamado Marshawn Lynch (terceiro melhor RB de 2012, per Football Outsiders) e das corridas de Wilson (não é coincidência que os três melhores ataques terrestres da NFL - San Fran, Washington e Seattle - são liderados por QBs que correm bem com a bola), o que abre muito mais o espaço aéreo do time. Lynch teve uma média incrível de cinco jardas por carregada, e tirando Adrian Peterson nenhum RB da NFL é melhor correndo e ganhando jardas após o contato, o que é importante considerando que essa linha ofensiva foi 19th na NFL apenas um ano atrás. Então o jogo terrestre vai continuar sendo a força motriz desse grupo, o que é ótimo considerando que o jogo aéreo enfrenta algumas dúvidas.

Não por causa de Wilson, já cobrimos como ele é bom. Mas porque o Seattle não tem um grande corpo de recebedores, uma fraqueza que eles tentaram cobrir trocando por Percy Harvin, que (previsivelmente) machucou logo na primeira semana e deve perder pelo menos seis jogos (possivelmente a temporada inteira). Sobra para a equipe Doug Baldwin, Golden Tate e Sidney Rice, três jogadores decentes mas nenhum realmente confiável, o que não é compensado com a presença de um bom TE como é o caso por exemplo do 49ers (Zach Miller não é grande coisa). Não que seja um grupo ruim, é um grupo com três bons role players com características que complementam bem seu QB, mas falta aquele alvo de confiança para desenvolver o entrosamento com Wilson e virar uma arma que exija dobras na marcação (o que aconteceu com Michael Crabtree no 49ers ano passado, por exemplo). Jogar com um grande QB como Wilson sem dúvida ajuda qualquer grupo de recebedores a parecer bom, então não existe realmente motivos para o Seahawks entrar em pânico sobre seu grupo de WRs, mas é um ponto fraco da equipe que pode acabar sendo exposto contra bons adversários.

A parte boa é que o ataque do Seattle não é como o do Packers ou do Saints que precisa produzir sozinho e compensar todas as áreas da equipe que não são tão boas. Na verdade, o Seahawks é um dos times mais completos e profundos de toda a liga, e não só conta com um ótimo ataque, mas também com uma das melhores defesas da NFL, ainda que com alguns pontos de interrogação. Em particular, a grande força dessa unidade vem da sua secundária, melhor do que talvez qualquer outra da liga: a equipe tem dois All-Pros em Richard Sherman (que foi engolido nos playoffs, mas enfim) e Earl Thomas (talvez o melhor FS da atualidade) e mais uma excelente dupla no CB Brandon Browner e no SS Kam Chancellor. É uma unidade extremamente física e atlética que faz um inferno da vida dos adversários com empurrões e trombadas sempre que possível, e não é a toa que foi a terceira melhor secundária de 2012 - no papel, para mim é A melhor (uma curiosidade dessa secundária: a unidade foi exatamente a mesma em 2011 e 2012, só que em 2011 eles foram a que mais marcou faltas de pass interference com essas trombadas, e em 2012 a secunda com menos faltas. Vai ver os juizes acostumaram). O problema do Seattle é a linha de frente: foi a 12th melhor defesa contra o jogo terrestre apenas, e na verdade foi uma área que despencou ao longo da temporada, sendo inclusive destruída nos playoffs por Michael Turner, um cara que agora não consegue encontrar emprego na NFL. Eles também tiveram sua dose de problemas criando pressão, especialmente quando Chris Clemons esteve machucado (enfim rompendo o ligamento nos playoffs). Esse último, na verdade, foi um problema que a equipe buscou resolver na free agency, trazendo o bom mas overrated Cliff Avril e o bom Michael Bennett se aproveitando daquele espaço salarial que o contrato de Russell Wilson lhes permite. Os dois são bons pass rushers que tem problemas contra corridas, então não resolvem muito o problema contra o jogo terrestre, mas são dois enormes ativos contra o jogo aéreo (se saudáveis, pelo menos, os dois já enfrentaram algumas lesões na pré-temporada) e também ajudam nessa área de ir atrás do QB. Então pelo menos no papel, é uma unidade que se reforçou consideravelmente sem perder nenhum jogador importante (tirando Bobby Wagner para suspensão, mas são só 4 jogos) e que ainda foi excelente ano passado (embora alguém cínico poderia apontar que piorou bastante chegando no final da temporada, 7th em DVOA ponderado).

Quando falamos de um time que deu um salto tão grande como esse, sempre podemos ficar com um pé atrás e olhar para alguns fatores que podem indicar uma regressão, e que acontece um pouco aqui. Mas os fatores de regressão do Seattle são interessantes porque podem significar a diferença entre "Superpotência favorita ao Super Bowl" e "time muito bom candidato ao Super Bowl", mas não são nem de longe tão fortes como os de Colts ou Vikings. É que para times que estão nesse patamar que o Seahawks está, as pequenas coisas podem fazer a maior diferença enfrentando outros times de elite. Mas vale citar que o Seahawks teve uma grande sorte com jogadores ficando saudáveis em 2012, inclusive entre jogadores com histórico de lesões como Russell Okung, e que isso já começou a dar errado em 2013 com várias lesões, e mais outras provavelmente acontecerão. Um outro ponto é que a defesa do Seattle foi extremamente eficiente forçando turnovers rumo a um saldo de +13, quinta melhor marca da liga, e algo que dificilmente vai se repetir em 2013 já que é uma estatística com grande flutuação ano a ano. Uma possível regressão do Russell Wilson já foi citada antes, também.

E por fim, tem o motivo mais bizarro de uma possível queda que eu escrevi em todos esses playoffs: PEDs. Nos últimos três anos, SETE jogadores do Seahawks foram suspensos pela NFL pelo uso de substâncias proibidas, e todos seguiam o mesmo padrão: calouros ou segundo-anistas que superaram em muito suas expectativas e seu status anterior. As últimas três suspensões foram para Bowner, Wagner e Sherman, três dos jogadores mais importante para a incrível volta por cima do time em 2013 (sim, Sherman evitou suspensão, mas foi pelo mesmo erro processual que o Ryan Braun usou em 2011, e todos sabem como essa história acabou). A NFL chegou mesmo a considerar uma investigação ou punição sobre a equipe do Seahawks já que nenhum outro time na NFL teve tantos jogadores importantes (e nessas circunstâncias duvidosas) sendo pego no antidoping, enfim decidindo por não tomar nenhuma ação imediata. Eu não faço idéia se o Seahawks como time está envolvido nisso ou se é simples coincidência, mas o fato é que alguns jogadores importantes para o time estavam ou estão se beneficiando de uso de PEDs, e agora não só esses jogadores serão testados com mais rigor (depois da primeira vez eles entram automaticamente no sistema de prevenção de PEDs da NFL) como a própria NFL vai manter a equipe em uma rédea muito mais curta em testes para os demais jogadores. Então se - e eu repito, SE - existe um benefício da equipe do Seahawks do uso de PEDs como essas suspensões parecem indicar, existe uma margem para erro. Eu não quero pular para nenhum tipo de conclusão ou fazer acusações, principalmente porque não temos todos os dados da questão, mas isso levanta algumas perguntas: qual foi o impacto dos PEDs na grande melhora de jogadores como Browner, Sherman e Wagner? Será irão conseguir manter o mesmo nível alto com esse controle maior (ou seja, menos PEDs)? Será que o time tem mais jogadores que estão usando PEDs e correm o risco de serem pegos pela NFL? Infelizmente não da para saber a resposta, o impacto disso pode ser enorme como pode ser absolutamente nulo, e não temos como prever: nenhuma equipe da NFL enfrentou situação semelhante nos anos recentes. Mas se estamos olhando do ponto de vista da possibilidade, então sim, existe um risco aqui para o Seahawks. E eu, como amante da NFL, só posso torcer para que não passe de fumaça sem fogo.

(Por algum motivo, PEDs ainda é um tabu enorme no mundo dos esportes americanos depois do que aconteceu na MLB ao longo dos últimos 15 anos, e as pessoas são extremamente chatas com relação a isso, então para esclarecer de uma vez por todas: esse último parágrafo é composto apenas de especulações com base em alguns fatos recentes - no caso, as sete suspensões do Seattle por PEDs nos últimos anos e a possível investigação da NFL - e não possui qualquer conteúdo definitivo ou especializado, ou mesmo tenta provar - ou sequer concluir - que exista uma grande conspiração Biogenesis por trás disso tudo. Estamos apenas analisando possibilidades que apareceram recentemente com base em fatos. Se não concordarem, ótimo, nada é melhor no mundo dos esportes do que debater de forma inteligente e racional com pessoas com opiniões diversas, mas não me torrem o saco por tocar nesse assunto tabu só porque todo mundo encolhe de medo quando ele aparece. Obrigado)


Mas sinceramente, em termos de two-way teams (ou seja, times que são bons dos dois lados da bola), Niners e Seahawks são os melhores que você vai encontrar na NFL: duas defesas de elite (Seattle construída em torno da secundária, SF em torno da linha de frente) e que simplesmente desgasta os adversários com seu jogo físico, dois ataque explosivos baseados no chão e com enorme potencial, e dois times extremamente completos entre o primeiro e o último jogador do seu plantel. Eles são times capazes de executar todos os tipos de função em um campo de futebol americano, se adaptar a qualquer estilo e enfrentar qualquer adversário por conta da sua flexibilidade, e por isso são para mim os dois melhores times da NFL na atualidade. Se a defesa está num dia ruim, eles podem vencer qualquer adversário no volume de ataque, e se o ataque não estiver produzindo bem, podem ganhar jogos de placar baixo com suas defesas. Os dois tem suas falhas, mas também tem tantas forças que compensam com sobras. É realmente impossível escolher entre um dos dois para ir melhora, então faço para o Seahawks a mesma previsão que fiz para o Niners: 11 ou 12 vitórias e uma vaga nos playoffs. Seattle tem um calendário mais fácil e um estádio mais difícil para visitantes, mas também possui alguns fatores de regressão mais interessantes como já vimos antes. Para mim a disputa entre esses dois vai acabar sendo decidida em fatores menores como jogos por uma posse de bola, melhor sorte com uma lesão ou outra ou mesmo no confronto direto. E se tudo der certo, estamos assistindo o nascimento de uma das melhores rivalidades da NFL pelos próximos anos.

5 comentários:

  1. muito bom o post, mas gostaria de fazer uma pergunta sobre seu comentario no começo falando um pouco da distribuiçao de renda da nfl. Os times sao rigorosamente iguais quando a questao é ter poder financeiro para oferecer contratos e montar um time campeao? O rams, por exemplo, tem a mesma chance de montar um time de elite tanto quanto os giants ou cowboys?

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    1. Não necessariamente, todos tem a mesma chance de dar os contratos, visto que o teto da NFl é hard cap(é um teto "fixo", sendo igual para todos), diferente do da NBA que é soft cap(podendo ser ultrapassado, apesar e isso gerar multa) ou outras ligas sem teto salarial.

      O que difere um time de outro é a gestão dele, no caso do Cowboys ou Raiders(até a morte de Al Davis) eram os donos dos times que tomavam as decisões e quase sempre não eram as melhores possíveis.Então o Rams tem chance de montar time campeão como qualquer outra franquia.

      No caso do Rams, eles estão bem encaminhados, possuem jovens jogadores talentosos na defesa, comecaram a adicionar bons jogadores na linha ofensiva e querem ver se o Bradford é o franchise QB ou não.

      Ser rico não influencia muito os times, mas tem coisas que influenciam jogadores na hora de assinar contrato, alguns anos atrás muitos jogadores diziam não querer jogar em Miami. Times mais fracos tem mais dificuldades de assinar free agency, então devem apostar em contratos grandes para estrelas e as vezes ficam presos nisso.

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    2. O que acontece é o seguinte: na NFL existe um sistema de distribuição de renda bem abrangente, e muitos dos contratos assinados (TV, patrocínio, etc) são assinados com a NFL ( e não com os times), e a NFL redistribui igualmente esses recursos para os times independente da localização. Ou seja, todo mundo ganha dinheiro suficiente para pagar comissão técnica e jogadores dentro das normas da liga, e como todos os times estão sujeitos ao mesmo teto salarial e as mesmas regras na hora de oferecer contrato, eles estão em total posição de igualdade nesse aspecto. Então um time como o Packers, que é sediado em uma cidade de 150 mil habitantes e cujos donos são esses próprios habitanets, tem tanta capacidade de montar um grande time e pagar por ele como o Dallas.

      O que claro, não quer dizer que os times tenham a mesma grana. O Dallas é um time muito mais popular em um mercado muito maior, ganha muito mais dinheiro com marketing, venda de camisetas, ingressos, etc. A questão é que na NFL esse dinheiro não adianta nada dentro de campo, já que o Dallas não pode estourar o limite salarial. O dono do time vai ganhar mais dinheiro que o dono do Jaguars, digamos,e vai ter mais dinheiro para gastar em coisas como melhorar o estádio ou o CT. Mas na hora de montar o time mesmo, os times estão em condições de igualdade financeira e competitiva.

      O que sa vezes acontece, como o Ases mencionou, é que alguns jogadores possuem preferências específicas na hora de assinar um contrato - quer jogar no Arizona pelo calor, não quer jogar em Minny pelo frio, etc - e isso cria alguma distorção, mas é bem pequena. No fundo, tudo acaba se resumindo a competência dos donos e da diretoria mesmo.

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  2. valeu pela explicaçao, deu pra pegar a essencia da coisa. A unica duvida que fica (desculpe estar sendo chato no assunto kk) é a seguinte: esse sistema de distribuiçao de renda é um dos fatores da liga ser tao lucrativa, ou ele só é possivel por que a liga é tao lucrativa? Quero dizer, numa eventual queda financeira da nfl, ou por interesse das franquias maiores, esse sistema estaria ameaçado ou ele é um dos responsaveis direto pela grande popularidade da liga?

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  3. Pode perguntar a vontade, acho um assunto muito interessante esse.

    Acho que um pouco das duas coisas. Em parte, os donos de franquias maiores (como Giants ou Dallas) provavelmente só devem aceitar isso porque sabem que, embora estejam dividindo seus direitos de TV e afins (que sem dúvida são mais chamativos e valiosos do que de times como Green Bay ou Oakland), podem recuperar em muito esse dinheiro em outras formas, como imagem, ingressos, venda de camisas e etc. A receita ainda é muito grande mesmo com essa redistribuição.

    Por outro lado, não tenho dúvida de que isso gera um equilíbrio adicional a NFL, e isso aumenta em muito o interesse. Pense na NBA, por exemplo: mercados menores tem um desinteresse maior na liga, pois sabem da dificuldade que é para eles competir com um time de mercado maior como Lakers por questões de receitas, então gera um desinteresse muito maior a não ser que consigam um talento como Durant ou Duncan por sorte. Na NFL, a competitividade é muito maior, o que mantem todos os times equilibrados e portanto o interesse sempre mais ativo, já que tudo pode mudar muito mais rrapidamente não importa o tamanho do seu mercado. Green Bay é um dos melhores times dos últimos 8 anos e sua cidade tem 150 mil habitantes.

    Tem um terceiro fator que eu não sei bem se coloco como causa ou consequência, mas é que a popularidade da NFL é tão grande que ninguém liga para quais times estão jogando. Um Super Bowl Jacksonville - Packers vai continuar atraindo tanto interesse com qualquer outro, com enormes popularidades, mesmo sendo dois mercados pequenas. Mas pense na NBA, cujas Finais tiveram indices altissimos: teria sido assim caso os times nas Finais fossem, digamos, Grizzlies e Pacers? Claro que não, a audiência iria despencar. A NFL depende muito menos da imagem desses times grandes, e por isso pode se dar ao luxo de ter esse maior equiliíbrio.

    Em resumo, acho que é uma questão de equilibrio mesmo. Isso contribui bastante para a popularidade da liga sem dúvida, mas acho que também nnao seria possível se a popularidade e as receitas não fossem tão grandes.

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