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sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Distribuindo prêmios para a NFL - 2014

Run, JJ, Run!!!


A temporada da NFL chegou ao fim, e nós chegamos aos playoffs. Eu sei, eu sei, a cobertura do TMW tem estado... deficiente, pra dizer o mínimo. Bom, foi por uma boa causa, embora uma que talvez só seja sentida daqui a uns meses. Vocês saberão do que se trata quando chegar a hora.

Como eu não queria pegar o bonde andando e cair de paraquedas no meio de análises complexas - até porque não tenho acompanhado em tantos detalhes como gostaria essas duas últimas semanas, por motivos profissionais e pessoais - não vou falar aqui de playoffs ainda. Naturalmente, vocês podem todos acompanhar meus comentários pelo twitter (www.twitter.com/tmwarning) ou pelo facebook (TM Warning), onde eu falo disso o tempo todo. Vocês também podem acompanhar meus palpites (e o de vários outros) pelo blog The Playoffs

Mas antes eu queria falar sobre um último tema da temporada regular: prêmios. Todo ano, é quase tradição aqui fazer minhas escolhas para os principais prêmios (e outros não tão principais assim) da temporada e justificá-las, e esse ano não vai ser diferente. Lembrando que, no fundo, isso é uma questão de opinião - eu tenho a minha e farei questão de justificá-las, porque todas são profundamente pensadas e pesadas, mas você pode ter uma diferente. 

Então sem enrolações, vamos ver quem teria meu voto para os principais prêmios da temporada (e mais uns outros): Comeback Player of the Year, Coach of the Year, Offensive e Defensive Rookie of the Year, Offensive e Defensive Player of the Year, e MVP. E mais alguns outros que eu criei, mais pro final.


Comeback Player of the Year: Rolando McClain

Sejamos sinceros, esse é um prêmio um tanto quanto estúpido. Não que não seja legal celebrar jogadores que, de alguma forma, deram a volta por cima em suas carreiras. O estúpido é tentar pesar esses jogadores e essas situações uma contra a outra para decidir quem foi o "Cara que deu a volta por cima do ano". Isso é ainda mais ridículo quando se considera que estamos falando da NFL, uma liga cujo jogo envolve mastodontes de 150kg correndo e pulando uns em cima dos outros. Lesões são o lugar-comum da NFL, então todo ano você tem uns 40 jogadores diferentes importantes voltando de uma lesão séria. É uma amostra enorme de jogadores.

Além disso, outro problema é como você deve votar nesse prêmio, como escolher o vencedor dentro dessa amostra enorme. Seu voto deve ir para quem? Para quem superou a maior adversidade? Para quem jogou melhor em 2014 entre todos os que superaram algum tipo de adversidade? Para o que fez maior diferença em um time melhor? Ou só para o que tem a história mais interessante? Alguma combinação deles? Todos os prêmios individuais sofrem de alguma ambiguidade, mas esse talvez seja a pior de todas.

Então vira muito algo individual. Cada um que crie seu próprio critério e escolha um jogador de acordo com isso (razão número 294 de porquê esse prêmio devia ser abolido). E esse ano - como todos os anos, já que lesões são o lugar-comum da NFL - temos uma boa variedade de jogadores que merecia esse prêmio se escolhidos: Jeremy Maclin, Maurkice Pouncey, Justin Forsett (meu segundo colocado), James Harrison, Jay Ratliff - para citar alguns. 

Mas meu vencedor é Rolando McClain, por uma enorme combinação de fatores: ele foi um dos melhores jogadores em sua posição na temporada; ele teve um papel importantíssimo em um bom time; ele chamou bastante atenção ao longo do ano com suas jogadas... e em grande parte porque ele quem superou a maior e mais bizarra adversidade entre todos esses citados.

A verdade é que, doze meses atrás, Rolando McClain estava fora da NFL. Draftado em 2010 pelo Raiders com uma escolha de primeira rodada, McClain era um talentosos mas problemático que nunca correspondeu ao hype dentro de campo e gerou problemas suficientes fora dele para que Oakland o dispensasse durante a temporada 2012. Ele assinou um contrato não-garantido com Baltimore antes de decidir que não estava mais em condições de continuar jogando futebol americano profissional, e decidiu se aposentar dos campos. Voltou para Alabama para terminar sua graduação, e ficou longe do esporte profissional por um ano, sem lugar na liga nem interesse em voltar. Eventualmente manifestou seu interesse em participar dos treinos de offseason do Ravens mas foi dispensado, e acabou assinando um contrato não-garantido com o Cowboys para voltar a NFL.

Ele foi um grande sucesso desde então. Longe de problemas (a não ser lesões), McClain brilhou para uma defesa que desesperadamente precisava de ajuda (e estaria sem Sean Lee a temporada toda), com duas impressionantes interceptações no começo do ano e sendo uma força contra o jogo terrestre. McClain conseguiu "Stops" - quando ele é responsável por interromper o avanço do jogador - em 15% das jogadas terrestres nas quais esteve envolvido, a segunda maior marca da liga atrás de Chris Borland (com 21,3%) e confortavelmente na frente do terceiro, Luke Kuechly (com 12.9%). Mesmo perdendo três jogos, foi o melhor ou segundo melhor jogador da defesa do Cowboys essa temporada. 

Então McClain tem meu voto porque é quem melhor combina fatores favoráveis ao prêmio, alguém que estava literalmente fora do esporte e voltou para atuar em alto nível para um time que desesperadamente precisava disso.

Ballot hipotético: 1. Rolando McClain; 2. Justin Forsett; 3. Maurkice Pouncey.


Coach of the Year: Bruce Arians

Esse é, de longe, o prêmio que eu mais odeio na NFL e em qualquer outro esporte. É o supremo prêmio de resultados sobre processo. É muito difícil perceber que técnico é o melhor e faz o melhor trabalho ano a ano, especialmente se ele está fazendo esse trabalho a mais tempo. Então como é difícil discernir que técnico tem o maior impacto isolado, os votantes geralmente voltam suas atenções para o time que mudaram de técnico e sofreram grandes melhoras no processo - cegamente creditando tal evolução ao novo técnico, e não quaisquer outras mudanças do processo. 

Então normalmente eu estaria apenas reclamando do prêmio e passando por ele rapidamente. Mas esse ano, existe um técnico que realmente merece esse prêmio, e ele é Bruce Arians. O trabalho que ele fez para manter junto um time do Cardinals em decomposição esse ano - ganhando 11 jogos e uma vaga nos playoffs no processo - foi fantástico, e merece ser reconhecido.

A verdade é que o Cardinals não foi tão bom como seu record (11-5) parece indicar. Mesmo antes da lesão de Carson Palmer, eles tinham diversos indicadores mostrando que esse record enganava: seu Pythagorean Wins era de um time 8-8 (4-1 em jogos decididos por até 7 pontos, e 5-1 em jogos decididos por oito), e DVOA coloca o Cardinals como apenas o 22nd melhor time da NFL na temporada. Embora sejam fatores sutis, o fato é que Arizona não era a máquina que muitos times imaginavam mesmo quando estava ganhando vários jogos.

Mesmo admitindo que não era um time tão bom assim e que teve muita sorte, o que o grupo de Arians fez esse ano ainda foi impressionante. DEZ dos jogos do time foram iniciados por Ryan Lindley ou Drew Stanton de QB, e eu não preciso dizer sobre como isso é algo péssimo para qualquer time absolutamente incapaz de correr com a bola (3.3 jardas por corrida, pior marca da liga). A defesa também sofreu imensamente desde o ano passado. Em 2013, o Cardinals e sua sufocante defesa contou com as performances de Darnell Dockett, Karlos Dansby, John Abraham, Daryl Washington, Jeremiah Bell e Tyrann Mathieu rumo a terminar a temporada como a segunda melhor defesa do ano, mas esse ano não tinham mais nada disso - Bell aposentou, Dockett e Washington perderam a temporada com suspensões, Abraham e Dansby saíram antes da temporada, e mesmo Mathieu começou apenas 6 jogos na temporada por conta de lesões. Essa é uma quantidade impressionante de problemas para um time que sequer foi aos playoffs em 2013 e não contou com nenhum enorme reforço tirando Jared Veldheer.

Então é verdade, o Cards não era tão bom assim. Ms a verdade é que eles não deveriam nem ter sido bons NESSE ponto, considerando os QBs que jogaram 60% dos snaps para Arizona, a falta de um jogo terrestre, e as enormes perdas na defesa. Que esse time chegasse a 8-8 (como seu Pythagorean Record) já é um milagre enorme, especialmente lembrando que eles jogam na divisão mais forte da NFL e tiveram o terceiro calendário mais difícil de toda a NFL. Bruce Arians fez magia com o que tinha, e colocou a equipe em uma situação que, com meia dúzia de golpes de sorte, poderia arrancar uma vaga nos playoffs. Ele merece esse prêmio.

Ballot hipotético: 1. Bruce Arians. 2. Bill Belichick. 3. Mike Zimmer


Defensive Rookie of the Year: Aaron Donald

Esse prêmio teria sido de Chris Borland se ele tivesse jogado mais do que oito jogos na temporada, mas a presença de Patrick Willis, um começo lento e uma lesão tiraram dele os jogos que precisaria para garantir o prêmio. Ele teria sido uma escolha merecida, e até certo ponto "fácil": Borland é o tipo de jogador que simplesmente chama a atenção. Ele está sempre fazendo jogadas espetaculares, acumulando números incríveis, e jogando em altissimo nível na posição que seu time perdeu não um, mas DOIS All-Pro MLBs (que, aliás, foram os dois melhores de 2013 pelo rating da PFF). Um bom exemplo: Chris Borland liderou todos os LBs da MLB em "Stops" no jogo terrestre, conseguindo um em 21.3% (!!!!) dos seus snaps de jogadas terrestres. O atual Defensive Player of the Year, Luke Kuechly, foi terceiro entre os MLBs com... 12.9%. A  diferença entre Borland (#1) e Kuechly (#3) é quase a mesma entre Kuechly (#3) e AJ Hawk (#56). Ele teria sido uma escolha válida.

Mas ele jogou apenas 8 jogos completos, então é difícil votar nele quando outros jogadores foram tão dominantes quanto, mas jogando mais snaps e mais jogos. Então meu voto fica entre os dois monstros da primeira metade da primeira rodada, Kahlil Mack e Aaron Donald. Depois de muito pensar, fico com Donald, um monstro no interior da linha defensiva de Saint Louis e uma força destrutiva tanto contra a corrida como contra o passe. Ele terminou o ano com 9 sacks (segundo melhor entre DTs) e 29 QB hurries (sexto melhor), e só Kyle Williams, Ndamukong Suh e Gerald McCoy afetaram diretamente mais jogadas de passe (Sacks, hits, hurries e passes desviados) que Donald. Ele terminou quarto entre DTs em Stop% e sexto em produtividade no pass rush, e terminou o ano como o DT mais bem rankeado pelas notas da Pro Football Focus (cometeu apenas duas faltas o ano todo também). E ele fez tudo isso apesar de enfrentar marcações duplas quase toda jogada.

Mack foi um monstro na temporada contra a corrida, somou 40 QB Hurries e terminou o ano como o jogador mais bem rankeado da SUA posição, então não é uma disputa fácil. Mas para mim a constante presença e efeito nos ataques que Donald teve ao longo do ano faz dele um pouco melhor, e merecedor desse prêmio.

Ballot hipotético: 1. Aaron Donald; 2. Kahlil Mack. 3. Chris Borland; 4. CJ Mosley; 5. Anthony Barr


Offensive Rookie of the Year: Odell Beckham Jr

De longe o voto mais fácil de todo essa lista. 

Apesar de ter jogado em apenas 12 partidas (e sido titular em 11) por conta de uma lesão no começo do ano, OBJ terminou o ano décimo em jardas recebidas, nono em recepção e quarto em touchdowns na temporada inteira. Se pegarmos suas estatísticas na temporada (91 recepções, 1305 jardas e 12 touchdowns) e projetarmos seus números para uma temporada completa (16 jogos), ele "terminaria" a temporada com ridículas 121 recepções para 1740 jardas e 16 touchdowns (a primeira ficaria em segundo, e as outras duas liderariam a liga). Ele também recebeu 70% das bolas lançadas na sua direção, um número ridículo para um WR que recebe tantas bolas longas. Você pode muito bem fazer um argumento de que Beckham foi um dos quatro melhores WRs da temporada (junto de Dez Bryant, Jordy Nelson e Antonio Brown), e mesmo com três jogos a menos, a diferença dele para seu competidor mais próximo pelo prêmio entre WRs (Mike Evans) é significativa - 23 recepções e 250 jardas. Oh, talvez você tenha ouvido falar também, mas ele também teve uma recepção legalzinha.




Então sim, é bem fácil dar o prêmio para Odell Beckham Jr. Ele foi espetacular e extremamente dominante quando esteve em campo, e foi de longe o calouro mais memorável da temporada.

O quanto jogar com um bom QB ajudou Odell Beckham Jr em relação aos seus companheiros? Bastante. Eli Manning teve talvez sua melhor temporada como profissional, e foi um QB bem acima da média, enquanto Mike Evans e Sammy Watkins ficaram presos recebendo passes de caras como Mike Glennon, Josh McCown, EJ Manuel e Kyle Orton. Mas ainda assim, tem vários WRs - não só calouros, no geral - que jogam com QBs bem melhores que Eli Manning e mesmo assim não conseguem esses números de vídeo game que OBJ teve. Em uma espetacular classe de WRs que tem tudo para ser uma das melhores da história da NFL, Beckham ficou consideravelmente acima da sua competição como o melhor da temporada. 

A classe de WRs calouros foi, de longe, a que mais recebeu atenção (merecida) da mídia e dos torcedores, mas não quer dizer que tenha sido a única a se destacar na temporada. Outros jogadores de outras posições também merecem destaque.

Os QBs de 2014 - bastante celebrados antes o Draft - foram em certa medida uma decepção. Blake Bortles (vou evitar criticar mais o coitado do que já fiz) foi um fracasso homérico, com quase duas vezes mais turnovers (21) que touchdowns (11) e, em QBR, foi o segundo pior QB da temporada entre os 44 com pelo menos 100 passes lançados (21.3 - apenas EJ Manuel foi pior); Johnny Manziel chamou muito mais atenção pelos problemas extra-campo que pelo que fez dentro deles; e Derek Carr, apesar dos 21 TDs, completou apenas 58% dos seus passes a 5.5 jardas por passe (pior marca da NFL). Não que todo eles sejam fracassos sem salvação, claro, mas para quem esperava mais da classe no curto prazo foi uma decepção. A exceção foi nosso salvador, Teddy "Footballgame" Bridgewater, que foi o melhor QB dessa classe durante dois anos antes do Draft para, na hora do vamos ver, vários "olheiros anônimos" ficarem procurando motivos estúpidos para criticá-lo. Bridgewater caiu até a #32, o Vikings ficou com o steal do Draft, e não tem qualquer duvida que atualmente ele é muito melhor que Manziel e Bortles. A lição, como sempre: "olheiros anônimos" são muito, muito burros.

Talvez por ter pegado fogo só na segunda metade da temporada, talvez porque isso aconteceu em um time irrelevante, talvez porque todo mundo estava babando demais nos WRs para se importar, mas a verdade é que Bridgewater teve uma temporada incrível que não recebeu a devida atenção. Apesar de estar recebendo pouquíssima ajuda de seus companheiros - o Vikings teve a sexta pior OL protegendo o passe e um grupo horrível de WRs (Cordarelle Patterson, que recebeu 49% dos passes lançados na sua direção e teve 384 jardas, foi o segundo WR mais usado do time) - Bridge terminou o ano com 64.4% de passes completados e 7.1 jardas por passe, e esses números ainda não traduzem o quão bom ele foi na reta final da temporada. Nos últimos sete jogos do ano, Bridge completou 68.2% dos seus passes para 7.8 jardas por passe com 12 TDs e 7 interceptações, sendo que três delas foram desviadas por seus próprios WRs. De acordo com o rating da PFF, nessas sete semanas apenas Rodgers e Drew Brees geraram mais valor para suas equipes que Teddy. Bridgewater também terminou o ano acertando 75.3% de seus passes (!!!) quando sob pressão, a melhor marca da NFL desde pelo menos 2008 (quando essa estatística passou a existir) e algo fundamental para sobreviver atrás de uma péssima linha ofensiva. Foi uma performance espetacular do camisa 5, e deixa poucas dúvidas de quem era no final das contas o melhor QB do Draft.

Por fim, o fato de jogarem na posição mais anônima da NFL impediu que recebessem muitas honras, mas dois dos melhores calouros de 2014 passaram a temporada dominando o interior de linhas ofensivas de forma impressionante. Joel Bitonio foi o LG titular do Browns, e Zack Martin o RG titular do Cowboys, e ambos tiveram temporadas absolutamente dominantes: em 32 jogos, os dois COMBINARAM para ceder um sack e 5 QB hits TOTAIS, estiveram entre os guards mais importantes contra o jogo terrestre e ajudaram a ancorar duas das melhores linhas ofensivas do esporte. A posição em que jogam não ajuda, mas em termos de dominância dentro da posição, provavelmente foram os dois melhores calouros tirando OBJ.

Foi uma classe realmente incrível para calouros ofensivos, e depois do #1, vocês podem mudar a ordem do meu ballot a vontade e ainda chegar em algo totalmente válido.

Ballot hipotético: 1. Odell Beckham Jr; 2. Teddy Bridgewater; 3. Zack Martin; 4. Mike Evans; 5. Joel Bitonio.
Hon. mention: Jeremy Hill.



Defensive Player of the Year: Justin Houston

Meu eterno problema com o "X Player of the Year": ele é ridículo quando você também tem o MVP para entregar. No caso dos jogadores de defesa, isso não é um problema porque é raríssimo um defensor ganhar o MVP, mas no caso dos jogadores de ataque, fica complicado. Se você foi o MVP e NÃO foi o melhor jogador pelo menos da sua posição, então você muito provavelmente não deveria ter sido o MVP. Então pra que criar um prêmio redundante, que vai premiar alguém duas vezes? Por isso eu longamente defendo que quem ganha o prêmio de MVP não deveria ser permitido ganhar também o respectivo "Player of the Year". Na verdade, no caso dos jogadores de ataque, eu vou um passo além: acho que o Offensive Player of the Year é o melhor jogador que NÃO era da posição do ganhador do MVP. Se Aaron Rodgers ganhar o MVP, então ele foi o melhor QB e pronto, é estúpido dar o "Offensive Player of the Year" para outro QB se Rodgers foi melhor, e é ainda mais dar duas vezes o prêmio para Rodgers. Então se ele ganha o MVP, e o prêmio vai para o melhor não-QB de ataque da temporada. É a única forma de tornar esse prêmio relevante (outra solução seria abolir os "Player of the Year" e dar logo um MVP ofensivo e um MVP defensivo).

Então sim, é extremamente óbvio quem foi o melhor defensor de 2014. Isso não é discutível. JJ Watt é #1 no meu ballot. Mas como aqui no TM Warning ele também ganha o MVP (chegaremos lá), então o Defensive Player of the Year vai para meu #2, que é Justin Houston.

Houston teve provavelmente a temporada menos comentada que um jogador que terminou com 22 sacks já teve na história, embora o fato dele ter chegado a esse número com 4 sacks na última semana provavelmente tenha algo a ver com isso. Mas vai mais além de ter chegado a meio sack do recorde histórico de Michael Strahan (22.5 sacks). Houston foi a força (humana) mais destrutiva da NFL em 2014, e por uma confortável margem. Além de seus 22 sacks, que lideraram a NFL, ele também teve 8 QB hits e 50 (!!) QB Hurries. Isso é um monte de jogadas de passe que ele influenciou positivamente. Ele totalizou 85 jogadas de pressão na temporada, que é 13 a mais do que qualquer outro jogador (tirando obviamente Watt, que liderou a categoria) teve no ano (72 de Ryan Kerrigan e Michael Bennett). Se a NFL é uma liga que cada vez mais valoriza o passe, então ter um jogador capaz de influenciar esse enorme número de jogadas de passe é um ativo valiosíssimo. E Houston foi o melhor não-JJ da NFL fazendo isso no ano inteiro.

E não é como se Houston fosse um pass rusher unidimensional que só ataca o QB e pronto. Ele também teve 50 stops totais (melhor entre 3-4 OLBs) e 22 stops contra o jogo terrestre (4th entre OLBs), e fez tudo isso sem cometer nenhuma falta na temporada e atraindo mais faltas do que qualquer outro pass rusher. Ele destruiu times em jogadas terrestres e de passe, aterrorizou quarterbacks o ano todo e, no final, teve o maior impacto defensivo do que qualquer outro ser humano normal teve nessa temporada. Com Watt fora da jogada, ele é meu DPOY.

Ballot hipotético: 1. JJ Watt; 2. Justin Houston; 3. Ndamukong Suh; 4. Von Miller; 5. Vontae DAvis.
Hon. mention: Cameron Wake; Terrell Suggs; Calais Campbell; Luke Kuechly; Chris Harris Jr.


Offensive Player of the Year: Aaron Rodgers

Antes de começar a falar de como Rodgers foi o melhor jogador de ataque da temporada, apresento a vocês dois QBs:

QB A: 69.9% de aproveitamento, 8.5 jardas por passe, 7.8 TD%; 113.2 rating; 82.75 QBR (liderou a NFL em todos esses quesitos)
QB B: 65.5% de aproveitamento, 8.4 jardas por passe, 7.3 TD%, 112.2 rating; 82.64 QBR

Muito boas temporadas, não? Ambos são excelentes QBs, ambos venceram 12 partidas para suas equipes, e ambos contam com a ajuda de um bom RB e de um dos três melhores WRs da temporada. 

Os mais observadores provavelmente já perceberam que são os números de Aaron Rodgers e Tony Romo. Então ainda que Rodgers tenha sido o melhor quarterback da temporada, Romo chegou bem perto de seus números, e é mais do que hora de reconhecer o que ele tem feito e...

Espera, você está me dizendo que na verdade Romo é o QB A?! O que liderou a NFL em aproveitamento, jardas por passe, TD%, rating e QBR, e ainda teve cinco viradas em quartos períodos (líder da NFL)?! Oh, boy... ai sim, fomos surpreendidos novamente. 

Isso quer dizer que Romo foi o melhor QB de 2014? Não necessariamente. Enquanto é um mito ridículo (que muitas pessoas querem propagar para fazer seus argumentos parecerem mais fortes) que Rodgers não tem muita ajuda em Green Bay - ele tem uma linha ofensiva muito underrated, uma excelente dupla de WRs e um ótimo RB - é fácil ver que Romo também tem muita ajuda em Dallas, e mesmo mais. Ele jogou com o líder em jardas terrestres da NFL, também conta com duas espetaculares armas (Dez e Witten) e, talvez mais importante, contou com a melhor linha ofensiva da NFL inteira. Nenhum QB teve mais tempo no pocket do que Tony Romo nessa temporada, e isso sem dúvida é uma grande vantagem. Além disso, tem o fato de que, no plano ofensivo de Dallas, Romo era "secundário" ao ataque terrestre - os QBs de Dallas deram 476 passes contra 508 corridas - e portanto, no plano de jogo geral, Romo acaba tendo menos impacto que Rodgers (os QBs de Green Bay deram 536 passes contra 435 corridas). Esse é o principal motivo pelo qual Romo deu 100 passes a menos na temporada do que o camisa 12 do Packers. Some a isso a questão do calendário - Green Bay enfrentou um calendário mediano, 18h na NFL, enquanto que Dallas enfrentou o segundo mais fácil - e o resultado é que, em contexto, a performance e influência total de Rodgers supera a de Romo. Por pouco, mas supera. Rodgers simplesmente precisou fazer mais esse ano.

E isso não é para demérito de Tony Romo, que foi fantástico a temporada inteira e terminou o ano liderando todas as categorias estatísticas relevantes para QB exceto INT% (Rodgers foi o #1) e DVOA (foi #2 atrás de Rodgers). Embora eu coloque Rodgers na frente dele pelos motivos que já expliquei, Romo foi tão bom quanto Rodgers e claramente o segundo melhor QB da temporada. E é mais do que hora de parar com o ridículo mito (em geral propagado por pessoas que só querem causar polêmica) de que Tony Romo é um problema para o Cowboys - ele tem sido um ótimo QB por anos a fio preso em um time horrível que exige demais dele. Com um bom jogo terrestre e uma ótima linha ofensiva pela primeira vez em anos, Romo teve uma temporada fantástica, pau a pau com o provável MVP da NFL. Outros QBs tiveram anos muito bons - Big Ben e Tom Brady vem a mente - mas Rodgers e Romo, em 2014, estiveram um patamar acima de todos os demais.

Entre os não-QBs, o primeiro nome que vem a mente provavelmente é DeMarco Murray, que liderou a liga em jardas terrestres (com incríveis 1845) e passou boa parte da temporada ameaçando quebrar a marca das 2000, antes de desacelerar na segunda metade da temporada. Ele terminou com quase 500 jardas a mais que o segundo colocado (LeVeon Bell com 1261), então a diferença total foi considerável.

Ainda assim, eu não estou muito convencido de que a temporada de Murray foi tão boa quanto parece. Sua produção total certamente superou todos os demais, mas essa maior produção veio principalmente de uma carga de trabalho muito superior: Murray correu com a bola 90 vezes mais do que o segundo colocado em corridas (LeSean McCoy), 102 vezes mais que LeVeon Bell e 112 vezes mais do que Marshawn Lynch. E enquanto ele merece bastante crédito por manter a eficiência em uma carga tão grande de trabalho, não é como se tivesse feito seu trabalho com uma eficiência muito superior a concorrência: suas 4.7 jardas por corrida são virtualmente idênticas as marcas de Bell e Lynch, e fica atrás de RBs como Justin Forsett (5.4), Jamaal Charles (5.0) e Arian Foster (4.8). Além disso, também tem o fato de que DeMarco Murray joga atrás da melhor linha ofensiva da NFL, uma unidade que abriu mais buracos e grandes espaços do que qualquer outro no jogo terrestre tirando, talvez, a do Packers. Embora seja difícil dizer com certeza o quanto do desempenho de um corredor é mérito dele ou da linha ofensiva, não é difícil ver que Murray teve mais "ajuda" nesse quesito do praticamente todos os outros grandes corredores da NFL. Murray teve, em média, 2.3 jardas por corrida ANTES do primeiro contato, enquanto Marshawn Lynch, por exemplo, teve 1.6 e Arian Foster teve 2.0. Então somando todos os fatores, a temporada de Murray não parece mais tão espetacular. Sim, ele teve uma produção total maior do que qualquer outro RB (e não foi por muito - em jardas totais ele está apenas 46 a frente de Bell), mas ela não veio dele ter sido particularmente mais dominante que os outros por corrida, e sim porque o Cowboys simplesmente fez ele correr mais do que outros RBs - e isso antes de considerar que ele teve mais ajuda da sua linha ofensiva nessas corridas do que qualquer um. Então embora Murray tenha sido o RB que mais produziu em 2014, ele não foi tão individualmente dominante para merecer entrar nesse prêmio sobre jogadores que tiveram um ano superior, e é discutível sequer se foi o melhor RB da temporada.

Se quer achar o melhor não-QB ofensivo de 2014, então é para Antonio Brown que você precisa olhar. O WR liderou a NFL em jardas e recepções, e foi segundo em touchdowns - por uma boa margem. Suas 129 recepções foram 18 a mais do que o segundo colocado (Demaryus Thomas) e 80 jardas a mais. Aliás, suas 129 recepções não foram só de longe a melhor marca da temporada - é a melhor marca dos últimos 12 anos e a segunda melhor marca da história da NBA. E não é como se ele tivesse acumulado passes fáceis perto da linha de scrimmage - apenas 7 jogadores na NFL inteira tiveram mais recepções em passes de 20+ jardas, e ele converteu 48% dos passes longos lançados na sua direção em recepções, a quarta melhor marca da NFL entre recebedores com pelo menos 25 alvos em tais passes. Brown também aparece como terceiro jogador entre WRs com mais jardas após a recepção e, talvez mais incrível para um jogador tão usado (e tão usado em jogadas longas), ele teve uma recepção em 71.6% das bolas lançadas na sua direção - a sexta melhor marca entre WRs com mais de 80 passes lançados na sua direção, e entre os 10 jogadores com mais passes direcionados da NFL, o que mais se aproxima do aproveitamento de Brown é Jordy Nelson... que tem 64.7%. Some a isso suas habilidades retornando punts - ele foi o quarto retornador com mais jardas em 2014, com um TD - e a verdade é que foi uma das mais impressionantes temporadas de um WR nos últimos anos.

Para fechar, um outro não-QB merece consideração para o prêmio. Não pelo que produziu individualmente, mas porque seu efeito no resto do ataque de seu time é incrível. Rob Gronkowski, a primeira vista, teve apenas uma boa temporada - uma linha de 82 recepções, 1124 jardas e 12 TDs, uma slash line muito boa para um TE, mas não espetacular. Ai você lembra que Gronk, que perdeu o final da temporada 2013 por conta de uma lesão grave no joelho, começou o ano bastante limitado pela sua equipe. Ele foi titular em apenas 10 jogos, e nos primeiros quatro jogos da equipe jogou apenas 60% dos snaps, não sendo usado como o centro do ataque da equipe. Isso mudou depois da surra que o Pats levou do Chiefs na semana 4 - Gronk jogou 85% dos snaps na semana seguinte e voltou a ser o TE em tempo integral do time. E ai você começa a observar o impacto que essa mudança - de jogador complementar, sendo poupado, para centro do ataque - teve no ataque como um todo. Eis os números para o ataque do Patriots entre as semanas 1-4 e as 11 semanas que Gronkowski jogou a 100% (não considerando o jogo da semana 17 contra o Bills, no qual Gronk foi poupado):



E a diferença nos números de Tom Brady...



So... Hmm... Yeah.

Claro, é difícil atribuir toda essa enorme mudança a só um jogador, mas o timing desse salto não é coincidência. O efeito que Gronk tem no ataque de New England é espetacular. Rápido e atlético demais para ser coberto por linebackers, forte e grande demais para ser marcado por defensive backs, a presença de Gronk em campo faz toda a defesa se dobrar na sua direção, sempre cautelosa e precisando designar dois jogadores na sua direção geral - o que, naturalmente, abre muito mais espaço para o jogo terrestre e, principalmente, linhas de passe para os WRs de um time que não tem grandes jogadores capazes de criar separação. Então seus números individuais são bons (e ficam ainda mais impressionantes quando você lembra que ele só foi titular em 10 jogos), mas o impacto que Gronk teve no resto do seu time foi ainda mais impressionante e o que o coloca na disputa por esse prêmio.

Ballot hipotético: 1. Aaron Rodgers; 2. Tony Romo; 3. Antonio Brown; 4. Rob Gronkowski; 5. DeMarco Murray
Menção honrosa: LeVeon Bell; Marshawn Lynch.


Most Valuable Player: JJ Watt

Para mim, hoje, existe algo que é indiscutível.

JJ Watt é o melhor jogador da NFL.

De novo, eu não acho que isso é passível de debate. A NFL tem muitos bons defensores na atualidade, mas a diferença entre Watt e os próximos "melhores defensores da NFL" é realmente absurda, e muito maior do que a diferença entre os melhores jogadores ofensivos da NFL, de qualquer outra posição. Watt é possivelmente o defensor mais individualmente dominante da NFL desde Lawrence Taylor, amplamente considerado o maior de todos os tempos.

O problema, claro, é que o prêmio não é para o melhor jogador - é para o jogador "mais valioso", seja lá o que isso quer dizer. Porque, hmm, ninguém realmente sabe o que isso quer dizer. É ambíguo, e a NFL não tem nenhuma intenção de esclarecer como deveriamos pensar esse prêmio. Eles QUEREM que tenha ambiguidade, quer que as pessoas discutam e criem suas teorias, e escrevam colunas sobre isso. Quanto mais difícil for decidir, mais as pessoas conversarão sobre isso, e é o que a liga quer. E é essa distinção - entre melhor e mais valioso - que cria uma brecha para que o melhor jogador da NFL não ganhe o prêmio de MVP.

Então como o melhor jogador da NFL não é o mais valioso? Os argumentos contra Watt, e a favor de Aaron Rodgers, se baseiam em dois pontos. Dois pontos que não são desprovidos de valor, claro, mas que acabam sendo usados como algo mais definitivo do que deveriam.

1 - O Quarterback é mais valioso do que os outros jogadores do time

Ou seja, a questão do valor posicional. Que não deixa de ser um fato - em um jogo de futebol americano, o quarterback É a posição mais valiosa, a que mais tem chance de impactar um jogo. 95% das jogadas da partida passam pelas mãos de um QB, afinal de contas, e não tem um ato mais individual para se ganhar ou perder jardas na NFL que o passe.

Mas sugerir que só por jogar em uma posição mais importante um jogador não é automaticamente mais valioso do que outro. Depende muito do quanto cada um fez dentro da sua situação. Um RB que corre 100 vezes tem mais chance de impactar uma temporada do que um que corre 50 vezes, mas não quer dizer que o RB1 foi mais valioso - se o segundo tem 5.0 YPC e o primeiro 2.0, então o impacto total do primeiro será consideravelmente maior. O mesmo vale para a posição: o QB tem mais chances e maior impacto no jogo do que um DE, mas a diferença entre Watt e qualquer outro defensor da liga é um abismo MUITO maior do que Rodgers e os outros QBs de elite da NFL.

Esse argumento também pode se virar facilmente - se o valor total de Rodgers é maior que o de Watt porque Rodgers joga em uma posição mais valiosa, então quer dizer que a maior parte do seu valor vem da sua posição, e não do jogador? Se Watt e Rodgers tem um impacto semelhante, mas grande parte do impacto de Rodgers vem em jogar em uma certa posição, então Watt tem muito mais mérito porque atingiu esse impacto sem a "ajuda" de jogar em uma posição que está acima do resto.

Além disso, em termos de posição, o pass rusher tende a ser um pouco underrated. Se o QB é a posição mais importante do jogo, então a segunda mais importante, logicamente, é aquela que atrapalha ao máximo o  QB adversário. E esse é de longe JJ Watt. Um QB sem pressão vai completar muito mais passes do que um sem pressão, então um DE que como JJ Watt coloca pressão muito consistentemente - e MUITO mais frequentemente do que qualquer outro defensor na NFL - tem um impacto incrível de tornar QBs bons em medíocres. Para ilustrar esse ponto, eu queria pegar alguns exemplos de QBs médios na NFL e mostrar a diferença entre quando eles tem pressão e eles não tem pressão. Perguntando para meus seguidores no twitter quem são os QBs mais "médios" da NFL, os mais citados foram Alex Smith, Andy Dalton, Ryan Tannehil e Matt Stafford. Então olhem o quadro abaixo...



Yep, a diferença é considerável. É a diferença entre 2014 Drew Brees (69.2%, 7.5 Y/A, 1.9 TD/INT Ratio, 97 Rating) e 2010 Blaine Gabbert (50.8%, 5.4 Y/A, 1.1 TD/INT, 65.4 Rating). Então considerando que Watt é um pass rusher que pressiona QBs com uma frequência absurda em relação aos demais defensores da NFL (seu rating como pass rusher, via PFF, foi de +91.9. O segundo melhor, Justin Houston, teve +37.0...), e que o time dele não tem NENHUM outro pass rusher acima da média, então um jogador que praticamente sozinho é capaz de transformar QBs de Brees a Gabbert tem um impacto imenso em qualquer partida. E como eu disse, a diferença entre Watt e o resto dos defensores da NFL é MUITO maior que a entre Rodgers e os demais QBs.


2 - O time de Rodgers foi aos playoffs e o de Watt não

Eu entendo a necessidade do argumento da campanha. Mais VALIOSO implica em valor, então você não vai votar em um cara que participou de uma temporada sem valor algum. O problema é que "playoffs" não só é um parâmetro arbitrário, como também (especialmente quando usado como "sim ou não" para eliminar os jogadores do prêmio) ignora totalmente as circunstâncias ao redor da classificação ou não para os playoffs.

No caso do Texans, o time terminou 9-7 a temporada (um ano depois de um 2-14) e só não foi aos playoffs porque, na última semana, o Ravens ganhou do Browns liderado por Connor Shaw como QB (com uma virada no segundo tempo). Então você está me dizendo que o que torna a temporada individual de JJ Watt mais ou menos valiosa é se, em um jogo totalmente independente, o Ravens consegue ou não vencer o Browns com seu terceiro QB reserva?? Esse é o grande motivo pro Watt não ser MVP? Eu sinceramente espero que todo mundo perceba o absurdo desse argumento.

Além disso, tem a questão do time. Nenhum jogador vai para os playoffs sozinho - tem outros 54 jogadores no time que tem seu impacto nisso. Rodgers teve uma temporada fantástica e foi o jogador mais importante do Packers e seu 1st-round bye, sem dúvidas, mas ele também jogou com uma defesa acima da média que terminou o ano como a 14h melhor da NFL (e 9th em turnovers forçados),  enquanto o ataque do Texans terminou 23rd em DVOA e teve que se virar com Ryan Fitzpatrick e Case Keenum de QBs o ano todo. E mesmo no ataque, Rodgers esteve cercado por grandes jogadores - Eddie Lacy, a melhor dupla de WRs da NFL, uma linha ofensiva que teve ótimo ano - enquanto que JJ Watt teve no máximo UM companheiro acima da média esse ano na defesa (mais sobre isso em um segundo). Rodgers teve um impacto enorme, mas os resultados finais do Packers também se devem a um excelente time ao seu redor, enquanto Watt teve pouquissima ajuda para ficar de fora dos playoffs em uma virada esquisita do Ravens contra o terceiro QB do Browns.


A verdade, no entanto, é outra. A verdade é que Rodgers muito provavelmente vai ganhar o MVP simplesmente porque não temos como medir o impacto de JJ Watt de forma a comparar os dois. Embora não seja uma coisa 100% precisa, podemos ter uma noção do que Rodgers fez esse ano para seu time - as jardas, o aproveitamento, touchdowns, interceptações, QBR, conversões de terceiras descidas, etc - enquanto para Watt temos que nos basear apenas em estatísticas fragmentadas como sacks, tackles for loss, e semelhantes. Se JJ Watt, no começo de uma jogada, é bloqueado por três jogadores, passa pelo meios dos três e força o QB a sair do pocket para evitar ser pressionado - e no processo encontra um defensor que não foi bloqueado por causa da atenção extra dada a Watt, que atinge o QB enquanto ele lança, e a bola fica pendurada para um defensor interceptar... como a jogada é registrada? O defensor é registrado como um QB hit, o defensor com uma interceptação, e Watt com nada... mesmo a jogada só tendo possível graças a ele, que atraiu bloqueadores (permitindo que seu companheiro chegue livre no QB rapidamente) e forçou o QB a sair do pocket na direção desse segundo defensor. A jogada aconteceu graças a ele mas ele não foi creditado. E por isso é tão difícil medir o impacto total de Watt. É mais FÁCIL votar em Aaron Rodgers, porque nós podemos ver o impacto total dele.

Futebol americano não é como baseball, onde cada jogada acontece em uma situação quase isolada (o duelo rebatedor vs arremessador) e toda jogada pode ser medida independentemente de forma a creditar os envolvidos no lance. Mas tem um site que tenta fazer exatamente isso, chamado Pro Football Focus. O PFF mede o impacto total de cada jogador em cada lance separadamente - não só o impacto no RESULTADO, mas em todo o processo. Se JJ Watt atravessa rapidamente pelo meio dos bloqueios e da um sack em um QB que ainda está fazendo o dropback, ele recebe muitos créditos por isso. Mas se em uma jogada Watt ocupa três bloqueadores e abre espaço para um companheiro livre dar o sack... ele ainda vai ganhar muitos créditos pelo espaço que criou para o companheiros (independente da jogada acabar em sack ou não). Claro que não é uma abordagem 100% exata, mas é um parâmetro interessante para avaliar defensores e jogadores de linha. Segundo os ratings da PFF, JJ Watt terminou o ano com +107.3, a melhor marca da história do site. O segundo melhor defensor foi Von Miller... com +54. Então JJ Watt foi DUAS VEZES mais impactante do que o segundo melhor defensor da NFL? Inacreditável. E by the way, Rodgers foi um +40, embora os ratings da PFF não incluam um ajuste de posição.

Mas claro, essa é só uma forma imprecisa de avaliar. Eu entendo se você preferir votar em Rodgers, e acho que Rodgers é uma escolha válida, vindo de um ano fantástico. Eu acredito que o MVP foi Watt, mas a questão é que eu não tenho como provar isso. No final, só posso argumentar o meu lado. E é isso que eu farei.

Tirando da minha expertise - anos e anos assistindo e analisando NFL, além das dezenas e até centenas de horas que eu passo assistindo, estudando e analisando a NFL - que eu posso insistir que você deveria confiar, eu pensei em uma forma de tentar ilustrar de forma prática porque Watt foi o jogador mais valioso da NFL além do que já fiz. É totalmente impreciso, especulativo e até opinativo, mas é o que nos resta.

Deixa eu começar com um fato: a defesa do Texans foi #6 em DVOA. Sexta melhor defesa do ano. É uma marca excelente, mas fica mais ridícula quando eu te perguntar qual o segundo melhor jogador defensivo do time. Se você pensou em Brian Cushing, o nome mais famoso, você está bem frio porque Cushing teve uma temporada bem ruim depois de múltiplas lesões. Jadeveon Clowney não jogou nem 150 snaps por conta de lesões. O Texans não teve UM outro defensor defensor realmente bom essa temporada - o segundo melhor provavelmente foi um DB, Kareem Jackson ou Jonathan Joseph, mas nenhum foi realmente bom esse ano. Usando o rating do PFF de novo, o Texans teve ZERO defensores com rating acima de +10 (!!!!) além de JJ Watt, com todos os outros defensores fora o meu MVP totalizando -57.5 de rating. É surreal que esse time tenha conseguido terminar 6th overall, não? JJ Watt fez isso praticamente sozinho. Se você trocasse JJ Watt com um outro DE mediano - digamos, Ricky Jean-François, que teve +0.3 de Rating - a defesa do Texans seria HORRÍVEL, algo como uma das oito piores da NFL. Então JJ Watt sozinho foi a diferença entre, digamos, a defesa do Texans ser a 25h melhor (o que, via PFF, ela seria com essa troca) e ser a #6 melhor. Da última vez que eu vi, o jogo é 50% pontuar e 50% impedir que os outros pontuem. Então defesa e ataque tem o mesmo peso. Se um QB sozinho é a diferença entre o 24h ataque e o 6th ataque da liga sem nenhuma ajuda ao seu redor, ele é o MVP (Peyton Manning em 2009, alguém?), mas se um defensor é essa diferença, ele não pode ganhar porque não é um QB? Porque foi essa a diferença do time com JJ Watt e sem JJ Watt.

Digamos que fizessemos o mesmo com Rodgers. Lembra quando eu disse que Watt teve ZERO companheiros de defesa com Rating acima de +10? Rodgers teve SETE companheiros assim, quatro dos seus linemen, seu RB e seus dois WRs titulares. É uma quantidade considerável de talento - +58.4 tirando Rodgers. Agora vamos trocar Rodgers por, digamos, Alex Smith (que foi o mais citado como sendo um QB mediano e teve QBR de quase 50). Quanto cairia o ataque do Packers? Menos do que se imagina, e bem menos do que cairia a defesa do Texans. O ataque do Chiefs liderado por Alex Smith terminou o ano como o #12 da NFL em DVOA e #15 pelo Pro-Football Reference, e é bem fácil ver a diferença enorme de talento entre os dois ataques. O Chiefs teve talvez a pior coleção de WRs da NFL enquanto o Packers tem talvez a melhor dupla (Cobb e Nelson), e a linha ofensiva do Packers é bastante superior a do Chiefs (Football Outsiders coloca a OL do Packers como aproximadamente a #9 e a do Chiefs como a #18, e PFF coloca Packers em #3 e Chiefs em #22). Em RB parece ter uma queda, mas é menor do que se espera - Charles teve 5.1 YPC contra 4.8 YPC de Eddy Lacy, mas Lacy teve 2.8 jardas depois do contato e Charles 2.5 - e Green Bay na verdade terminou com o sexto melhor ataque terrestre de 2014, uma posição atrás do Chiefs apesar de ser um ataque muito mais orientado para o passe. Então se um ataque muito inferior do Chiefs liderado por Smith conseguiu ser entre #12 e #15 da NFL, é bem razoável supor que trocando Rodgers por esse QB mediano o Packers ainda teria um ataque consideravelmente acima da média, algo entre #8 e #11.  Bem menor.

Então esse é meu argumento arbitrário, imaginativo e impossível de ser provado mas que tenta passar algum resultado prático: tirando a campanha de time (que é afetada por muitas coisas além do controle dos jogadores) e focando apenas no lado da bola influenciado por aquele jogador, o Packers foi uma unidade melhor (#1) do que a do Texans (#6), mas fez isso talvez com a maior coleção de talentos da NFL desse lado da bola, enquanto a defesa do Texans é absolutamente medíocre depois de Watt. Então Watt teve um impacto muito maior para fazer da defesa do Texans boa do que Rodgers, com muito menos ajuda. Obviamente os números acima são aproximações e especulações, mas não é difícil ver a enorme diferença de talento coletivo e o impacto que Watt teve em um time muito inferior. Então é, troque Rodgers por Smith e o Packers não teria um bye, e talvez nem fosse aos playoffs. Mas troque Watt por 90% dos DEs da NFL e o Texans não teria nem sonho de brigar por uma vaga nos playoffs - para efeito de comparação com o exercício de imaginação acima, uma boa comparação seria o Redskins do ano passado, que terminou 23rd em ataque, 21st em defesa e 4-12 de Pythagorean Expectation e 3-13 de record.

No final do dia, JJ Watt teve um impacto no seu time maior do que Aaron Rodgers ou qualquer outro jogador da NFL. Mesmo que eu não possa provar, é nisso que eu acredito.

Ballot hipotético: 1. JJ Watt; 2. Aaron Rodgers; 3. Tony Romo; 4. Rob Gronkowski; 5. Antonio Brown


Bem, com os prêmios oficiais da NFL já resolvidos, hora de alguns prêmios alternativos...

Melhor jogador de 2014 que você não ouviu falar: Chris Harris Jr, CB, Broncos
Runner up: Pernell McPhee, OLB, Ravens
A posição de CB é outra difícil de ver em estatísticas, então as pessoas decidem quem são os melhores principalmente pelo nome. Richard Sherman! Darrelle Revis! E por ai vai. E em termos de consistência, eles provavelmente são mesmos. Mas isolando cada ano, é possível achar CBs que tiveram uma temporada melhor.

Em 2014, esses seriam Chris Harris e Vontae Davis. Davis pra mim foi o melhor CB de 2014, mas todo mundo conhece Davis. Chris Harris eu ficaria surpreso se você tivesse ouvido falar, mas ele foi uma força dominante para a defesa do Broncos essa temporada. Quarterbacks tiveram um rating de 47.8 lançando na direção de Harris em 2014, a segunda melhor marca da NFL, e isso nem diz toda a história do quão dominante ele foi. Harris cedeu .57 jardas por snap na cobertura, quase VINTE pontos a frente do segundo colocado (Sherman, 0.76), e talvez mais importante, sua versatilidade foi chave para a defesa do Broncos: 25% dos snaps de Harris vieram no slot, e ele foi de longe o CB mais dominante cobrindo o slot na temporada, segurando QBs a um rating de 59.8 (mais de 10 abaixo do segundo melhor) e 0.57 jardas por snap, ambas a melhor marca da liga. Isso permitia enorme flexibilidade ao Broncos, tanto alinhar Talib e Harris abertos como podia deslocar Harris para dentro do slot ou até para cobrir TEs. Denver terminou o ano com a quinta melhor defesa aérea da liga, e Harris foi uma grande parte do motivo.

Então parabéns - agora você sabe que talvez o melhor CB de 2014 foi um cara que você deve ter ouvido falar ZERO vezes nas grandes mídias.


Jogador mais decepcionante de 2014 (ataque): Josh Gordon, WR, Browns
Runner up (QBs e calouros não qualificam): Andre Ellington, RB, Cardinals
Josh Gordon foi possivelmente o melhor WR de 2013, liderando a liga em jardas com 1643 (quase 150 a mais que o segundo colocado) e adicionando 9 touchdowns - e isso lembrando que ele perdeu dois jogos suspenso. Então depois dessa temporada onde apareceu como um dos melhores WRs da NFL, todo mundo esperava que Gordon continuasse jogando em altíssimo nível e fosse a principal arma de um novo ataque do Browns comandando por Johnny Manziel.

A temporada de Gordon foi um fiasco antes de começar, pois uma suspensão por uso de drogas (mais uma...) o tirou da temporada 2014. Uma apelação acabou reduzindo sua suspensão para "apenas" 10 jogos, mas foi um enorme setback para um jogador extremamente talentoso com problemas extra-campo. Quando esteve em campo, Gordon não exatamente se destacou - 300 jardas e 24 recepções em 5 jogos - e para piorar esteve envolvido em mais uma polêmica fora de campo, e ainda pior, que também envolveu Manziel e Justin Gilbert, as duas escolhas de primeira rodada do time. Supostamente Manziel e Gilbert teriam perdido um treino (assim como Gordon) por terem ficado até tarde em uma festa na casa do WR. OS detalhes são escassos e contraditórios, então não sabemos ao certo, mas o fato é que os três foram suspensos pelo time para a rodada final e a diretoria parece estar bastante irritada com Gordon, pela sua falta de comprometimento e pela suposta má influência nos demais. Não exatamente o ano que todos esperavam para o talentoso jogador.

Ellington, por outro lado, teve um explosivo 2013 e pareceu um achado no fim do Draft, mas em 2014 assumiu um papel maior na equipe e foi um grande fracasso como RB titular da franquia antes de se machucar.


Jogador mais decepcionante de 2014 (defesa): Patrick Peterson, CB, Cardinaks
Runner up: Michael Johnson, DE, Buccaneers
De novo a questão da dificuldade de avaliar CBs corretamente. Se perguntassem a alguém os melhores CBs da NFL, Peterson provavelmente seria um dos primeiros nomes citados. E não a toa, já que ele tem boas temporadas em seu nome. Mas a verdade é que Peterson - que assinou um enorme contrato de 70M de dólares na offseason - teve um 2014 bastante decepcionante e abaixo do que pode oferecer.

O que chama a atenção em Peterson não é só o quanto os QBs não tinham medo de lançar na sua direção - um passe a cada 6.2 snaps, uma marca acima da média da NFL e bastante alta para um CB de elite - mas também o sucesso que conseguiram nessas tentativas. Quarterbacks lançando na direção de PP tiveram um rating de 97, uma das piores marcas da NFL entre CBs com pelo menos 50% dos snaps na cobertura. Ele até fez um bom trabalho evitando recepções quando na marcação, mas o problema é que permitia muitas jardas após a recepção (17h pior da NFL no quesito) e muitas vezes se encontrava fora de posição para grandes ganhos. Foi uma temporada fraca para Peterson, e embora não tenha sido um ano horroroso, é muito menos do que se esperaria de um dos melhores jovens CBs da NFL entrando em um contrato de 70M.


Pior escolha do Draft até aqui: #3, Jaguars escolhe Blake Bortles
Só porque eu queria lembrar todo mundo que eu avisei que a) essa era uma péssima escolha e b) Bridgewater era de longe o melhor QB dessa classe. So there.


Técnico mais morfético do ano: Jim Caldwell, Lions
Runner ups: Jay Gruden, Redskins
Menção honrosa: Mike Smith, Falcons
Esse prêmio muito bem poderia ser do Gruden. A forma como ele manejou e destruiu totalmente a confiança E o valor de troca de seus DOIS principais quarterbacks - um dos quais foi uma escolha #2 de Draft, Rookie of the Year e custou ao time, entre outras, a escolha #2 DESSE Draft - foi uma obra de arte que eu não sei como ele poderia ter conduzido pior, a não ser que desse uma conferência de imprensa pelado para mostrar uma imagem do Colt McCoy tatuada na virilha enquanto jogava dardos em uma foto do RG3.

Mas o Redskins iria feder anyway, enquanto que Caldwell - o técnico de um bom time do Lions - fez uma diferença consistente (e negativa) em um time que poderia ter sido muito melhor. Eu não sei o quão bom Caldwell é no dia-a-dia do vestiário, mas dentro de campo ele é um dos piores da NFL tomando decisões. Mais notavelmente, Caldwell é talvez o técnico mais covarde e conservador da NFL, alguém que sempre prefere chutar Field Goals seguros ao invés de arriscar pelo maior prêmio do touchdown, nunca tenta conversões de dois pontos fora do óbvio, e simplesmente age da forma mais "não vamos perder" possível, em contraste a um técnico como Belichick que age de forma "vamos fazer o possível para aumentar nossas chances de ganhar". Ele fez isso o ano todo e custou pontos importantes para o Lions (o jogo contra o Falcons em Londres é um ótimo exemplo), e todo torcedor de Detroit sabia que isso poderia ser um enorme problema indo aos playoffs.

Dito e feito, aconteceu. Os torcedores de Detroit podem reclamar (não sem razão) dos juízes, mas a verdade é que o que realmente custou a partida contra o Cowboys nos playoffs foi Caldwell sendo covarde e não tentando um 4th and 1 crucial no quarto período que devolveu a bola a Dallas para vencer o jogo. Já faz alguns anos que eu acho que o Lions é um ótimo time sendo atrasado por um péssimo técnico, e 2014 foi um exemplo muito mais prático disso acontecendo dentro de campo.


Melhor contratação discreta da offseason: Antoine Bethea, Safety, 49ers
Runner up: Henry Melton, DT, Cowboys
Bethea foi contratado sem alarde algum para substituir Donte Whitner como SS de uma das melhores defesas da NFL, e muitas pessoas acharam que era um risco desnecessário. Mas em 2014 Bethea teve talvez sua melhor temporada como profissional, foi talvez o melhor safety da temporada inteira e de longe o melhor jogador de uma secundária que viu seus CBs titulares perderem 22 jogos combinados e ainda terminar como a quinta melhor da NFL em DVOA (e isso antes de lembrar que Aldon Smith perdeu metade da temporada). Bethea foi uma grande parte do motivo pelo qual a defesa de San Francisco continuou como uma das melhores da NFL mesmo em um ano onde jogou a maior parte dos jogos sem seus melhores defensores.

Enquanto isso, o underrated Melton foi discretamente a força motriz por trás de uma defesa do Cowboys que deveria ter sido muito pior do que foi de fato, e peça importante na boa campanha da equipe. Melton chegou sem fanfarra para substituir o excelente Jason Hatcher na linha defensiva, e o time não perdeu nada com a troca, com Melton tendo uma temporada digna de All-Star mas chamando quase nenhuma atenção no processo.


Pior contratação da temporada em 2014: Josh McCown, QB, Bucs
Runner ups: Jayrus Byrd, Safety, Saints; Michael Johnson, DE, Bucs
Foi uma péssima idéia na hora pagar 10M de dólares a Josh McCown, que teve 8 jogos espetaculares para o Bears em 2013 depois de uma carreira inteira sendo apenas um reserva mediano. McCown voltou a ser o que sempre foi essa temporada, com QBR de 35 e rating de 70 e 14 interceptações em 11 péssimos jogos como titular. Ainda que os nossos runner ups tenham sido contratações mais caras e talvez mais desastrosas, eles ainda tem chance de render no resto de seus longos contratos. McCown foi horrível do primeiro ao último segundo.

Não que Byrd e Johnson, talvez os dois principais free agents da temporada, não tenham feito a sua parte. Byrd foi horrível enquanto jogou no que foi a segunda pior defesa da temporada antes de se machucar, e Johnson teve apenas 4 sacks e 9 QB hits na temporada antes de ir para o banco em um time fraco do Bucs. Mas são jogadores com um histórico de serem dos melhores nas suas posições, então é cedo para dizer que foram contratações genuinamente desastrosas no médio prazo.


Least Valuable Player: Trent Richardson, RB, Colts
Runner up: Matt Kalil, OT, Vikings
Não só porque Richardson custou ao Colts uma escolha de primeira rodada nesse Draft, que acabou sendo a #26 (Marcus Smith) e que o Browns usou para subir e pegar MAnziel, mas porque o impacto que ele tem no Colts no dia-a-dia é verdadeiramente impressionante. Indy fez de tudo para dar mais espaço ao muito melhor Ahmad Bradshaw, mas mais uma lesão o tirou da temporada, e lá se foi o Colts insistir em Richardson para tentar tirar QUALQUER valor dessa troca. Desnecessário dizer, não deu certo - Richardson teve apenas 3.3 jardas por corrida (atrás da mesma OL que Bradshaw tinha com seus 4.7 YPC e Dan Herron e seus 4.4 YPC) e continua se provando o RB menos capaz de aproveitar espaços de toda a NFL. Indy finalizou o ano com o quinto pior ataque terrestre da liga graças a ele, e o ataque do Colts (não só o terrestre, como o ataque como um todo) deu um enorme salto quanto o Colts esqueceu a teimosia e mandou Richardson para o banco em favor de Herron. Quando seu time explode ofensivamente porque seu RB que custou uma escolha de primeira rodada foi para o banco em favor de uma escolha de sexta rodada que tinha corrido nove vezes na carreira antes dessa temporada, então tem algo errado ai. Richardson é o LVP da temporada 2014 da NFL.


Agradecimentos especiais ao Carlos Leite pela capa do JJ Watt, e aos meus seguidores do twitter por me ajudar a decidir quem era o QB mais mediano da NFL.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

A ressurreição do Kansas City Chiefs

"Um QB que sabe acertar passes? Tem certeza?"
"Ouvi boatos mas nunca tinha visto um ao vivo em KC"


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Existem poucas coisas no mundo que mudam mais rápido do que a NFL. Muito poucas. A amostra é tão pequena e o jogo tão dependente de pequenos detalhes que jogadores explodem ou deixam de ser eficientes (o mesmo vale para times) sem que a gente perceba, e só perceba quando é tarde demais. Por exemplo, todos sabemos como a NFL está agora em termos de times bons e ruins, times que venceram e times que perderam, e tudo mais. Bom, então vamos dar uma rápida olhada em como a NFL estava um ano atrás, ao final da quarta rodada da temporada regular?

Bom, vejamos... O Saints perdia para o Packers e começava a temporada 0-4... O Titans era massacrado pelo Texans e caia para 1-3... o Cardinals ganhava sua sexta partida seguida (contando a temporada anterior) para começar o ano 4-0... Falcons arrancava uma vitória em casa contra o Panthers na incompetência do Ron Rivera (algumas coisas nunca mudam) para abrir o ano 4-0... o Browns perdia do Ravens para ficar 0-4... o Patriots ganhava do Bills para chegar a 2-2... Seattle perdia do Rams para começar 2-2 e a mídia pedia Matt Flynn de titular e Russell Wilson no banco... e claro, o Kansas City Chiefs perdia em casa para o Chargers e caia para 1-3.

Bom, todos nós sabemos como a temporada terminou para esses times e como a temporada 2013 começou, e é verdadeiramente fascinante imaginar que apenas um ano depois o Falcons estaria começando o ano 1-3, o Saints 4-0, e claro, o Chiefs 4-0 também. Como eu disse, faz parte da natureza da NFL, onde pequenas coisas - que muitas vezes só percebemos quando acontecem - acabam fazendo um mundo de diferença.

E entre todas as grandes mudanças de equipes de 2012 para 2013, nenhuma é mais incrível e ao mesmo tempo menos surpreendente do que a do Kansas City Chiefs, que terminou o ano 2-14 e com a primeira escolha do draft apenas oito meses atrás, e agora está invicto e forte candidato a uma vaga nos playoffs. Então o que exatamente aconteceu entre esses dois pontos para causar tamanha mudança?

Quando eu comecei minha série de previews, cujo foco era procurar em estatísticas diferentes eventuais indicadores de que o record final de uma equipe não refletia o seu verdadeiro nível de performance (usando por exemplo Pythagorean Expectations e jogos decididos por uma posse de bola), o Chiefs era um dos times que mais me interessava e um dos times que eu mais esperava que fosse encontrar um nível de produção que não fosse condizente com seu horrível record final de 2-14. Afinal, apesar da horrível situação de QBs da equipe, o Chiefs ainda contava com seis Pro Bowlers no seu elenco, uma defesa cheia de grandes talentos e um dos melhores RBs da NFL. Não fazia sentido nenhum que a equipe fosse tão ruim tendo tantos jogadores bons. Então eu estava crente que iria encontrar muitos indicadores aleatórios influenciando o record da equipe.

Não foi o caso. Por qualquer métrica usada, o Chiefs foi o time horroroso que pareceu ser: o ataque foi o segundo pior da liga, e a defesa a terceira pior. O time teve a pior eficiência ajustada, o pior saldo de pontos E o menor Pythagorean Wins (2.5) de toda a NFL. Tudo indicava que o time era simplesmente ruim. Mas eu não estava satisfeito com isso, não com tantos grandes talentos dos dois lados da bola na equipe e com o upgrade para Andy Reid e Alex Smith nas posições de HC e QB, respectivamente. Por isso que o preview do Chiefs foi o único que eu ignorei totalmente estatísticas e minhas métricas e fui de acordo com o meu feeling e minha experiência no assunto quando sugeri que seria um bom time e que brigava por uma vaga nos playoffs. Se toda regra tem uma exceção, nesse caso só podia ser o Chiefs.

Agora que a equipe começou o ano 4-0 e com o terceiro melhor saldo de pontos da NFL, posso falar que de fato eu acertei nessa. Ainda assim, é difícil explicar exatamente porque esse time, com apenas algumas poucas mudanças significativas, foi tão ruim em 2012 se o talento estava lá para gerar seis Pro Bowlers. A solução fácil seria atribuir isso ao péssimo desempenho dos QBs da equipe e do ataque que levou para o fundo do poço todo o time, e embora isso tenha uma grande parcela de culpa, não justifica porque a defesa também terminou o ano tão mal mesmo com quatro PBs. Talvez o péssimo desempenho ofensivo tenha desanimado e tirar o esforço dos demais jogadores. Talvez tenha sido apenas uma temporada onde tudo deu errado. Talvez um pouco de todos. Só sei que o talento estava lá, e com a mudança de comando e mesmo de ares lá em Kansas City, era de se esperar que esse talento aflorasse.

A mudança da água para o vinho nesse time começou com a chegada lá do grande (enorme!) Andy Reid. Reid claramente estava com a relação desgastada na Philadelphia, cometendo muitos erros e precisando urgente de uma mudança de ares. Mas ele é também um técnico experiente e inteligente, que sabe como tirar o máximo de seus jogadores. E Reid, desde o primeiro momento, soube exatamente o que ele tinha nas mãos e o que tinha que fazer para o time funcionar. Ele sabia que Alex Smith era um sólido quarterback com um conjunto específico de habilidades, mas que não conseguia desequilibrar jogos sozinho como Drew Brees ou Aaron Rodgers. MAs ele também sabia que, seguindo o manual do Jim Harbaugh em San Francisco, ele tinha as peças exatas para fazer Smith funcionar ao máximo de suas capacidades. Então Andy Reid prosseguiu para montar esse time como uma réplica muito boa do 49ers de 2011 que quase chegou ao Super Bowl.

Os paralelos são bastante precisos nesse aspecto, e é uma tática que tem sido bastante utilizada ultimamente. Alex Smith não tem um braço forte, não tem uma grande precisão nos passes longos e não é particularmente bom acertando passes em janelas apertadas, mas ele é muito bom tomando decisões, cuidando da bola e acertando passes curtos. Ele é um QB pouco explosivo, mas super eficiente. Então para aproveitar ao máximo o que ele sabe fazer e não colocá-lo em situações onde ele seja forçado a fazer o que não é tão bom, é simples: você foca no jogo terrestre e nos passes curtos, você controla o relógio, você move a bola lentamente, encurta as conversões e força a defesa a se preocupar com a corrida para abrir as linhas de passe. É uma forma de manter o ritmo do jogo sob seu controle, ainda que não resulte em muitos pontos.

Claro, a teoria é mais fácil que a prática e para isso você precisa de um conjunto de jogadores bem definidio. Mas a questão é que o Chiefs é um dos times que possuem esse tipo de característica: possuem um RB bom no Jamaal Charles capaz de encurtar as descidas e mover as correntes, e uma boa linha ofensiva. E mais do que isso, Andy Reid tem feito um excelente trabalho usando Alex Smith correndo com a bola tanto em conversões curtas como em jogadas de primeira ou segunda descida. Smith (contando três ajoelhadas) tem 151 jardas e 5 jardas por corrida, e o ataque terrestre como um todo ganha mais do que 4.3 por corrida (tirando ajoelhadas), uma boa marca considerando que o time enfrenta sete ou oito jogadores na linha adversária com frequência. Jamaal Charles já soma mais de 500 jardas (entre corridas e recepções) e 4 TDs, Alex Smith tem sete TDs e cometeu apenas dois turnovers, e o ataque do Chiefs em geral tem cumprido muito bem sua função de evitar turnovers (5.2% das posses terminando em turnovers, terceira melhor marca da NFL) e de aproveitar as suas boas oportunidades (9 TDs contra três turnovers) que eventualmente tiver. O DVOA do Football Outsiders coloca o Chiefs como o 11th melhor da temporada até aqui e ressalta que esse bom número vem justamente da sua capacidade de proteger a bola e converter oportunidades, ainda que tenha dificuldade em campanhas mais longas.

Mas quando você monta seu ataque dessa forma, para ser conservador, tomar conta da bola, evitar turnovers e basicamente converter oportunidades, você não pode esperar que seja seu ataque a vencer jogos para você. É basicamente admitir que seu ataque não conseguiria (ou não seria eficiente o suficiente) jogar em um esquema de profundidade e alto volume, e montar uma forma de esconder essa dificuldade para valorizar aspectos mais conservadores do jogo. Não tem nada errado com isso, é claro - na verdade, acho inteligente quando um técnico reconhece as limitações do seu time e consegue efetivamente esconder isso enquanto explora os seus pontos fortes, é o que faz de um bom técnico um bom técnico. Mas para isso funcionar, você vai precisar de uma outra força no seu time: uma defesa que consiga manter os jogos favoráveis aos placares baixos do ataque, que force turnovers e boas posições de campo para o ataque aproveitar, e que possa vencer jogos uma vez ou outra quando o ataque não funcionar. Ou seja, você precisa de uma defesa dominante que compense e complemente esse ataque conservador.

E nessas quatro semanas, é exatamente o que essa defesa tem sido. Além de ser rankeada como a terceira melhor defesa pelo Football Outsiders (ajustada), a defesa do Chiefs é a segunda que menos cedeu pontos na temporada, nona melhor cedendo jardas e terceira melhor forçando turnovers. Apenas 14.8% das posses de bola adversárisa resultam em turnovers contra essa defesa, a melhor marca da NFL por uma considerável margem, enquanto que ela força turnovers em 20.4% das posses - quinta melhor marca. A defesa tem sido surpreendentemente ruim contra corridas, cedendo 5.4 jardas por corrida (segunda pior marca da liga), mas apresenta a melhor secundária, segurando o adversário a apenas 4.5 jardas por jogada de passe (de longe a melhor marca). 

O segredo para essa defesa, pelo menos até aqui, tem sido seu pass rush: em quatro semanas, nenhuma defesa conseguiu anotar mais sacks (18) e teve mais situações de pressão ou hits do que a linha de frente de Kansas City. A dupla de OLBs do time, Tamba Hali e Justin Houston, em particular, tem sido letal: Hali sempre foi um grande rusher, com temporadas de 14.5 e 12.5 sacks na sua carreira, e esse ano teve mais um começo bom de temporada com 3 sacks nos primeiros quatro jogos, mas a grande surpresa do ano tem sido Houston, que já tinha sido bom em 2012 (10 sacks e uma vaga no Pro Bowl) mas que explodiu em 2013 com 7.5 (!!) sacks em quatro jogos, incluindo um fumble forçado e 9.5 tackles atrás da linha de scrimmage (contando sacks). Esses dois sozinhos somam mais sacks do que 15 times da NFL e mais sacks do que Bears e Giants SOMADOS. Esses números provavelmente não vão continuar assim um ano inteiro, mas é o suficiente para que esse pass rush seja reconhecido como uma força que desestabiliza quarterbacks e força times a ajustarem para sair da sua zona de conforto. Outro jogador que explodiu em 2013 e tem sido fundamental para esse bom começo é o NT Dontari Poe, uma escolha de primeira rodada que decepcionou em 2012 mas que já soma 3.5 sacks em 2013 como um NT de uma defesa 3-4!!! Poe tem sido uma das forças mais destrutivas da NFL pelo meio essa temporada, não só forçando sacks como obrigando ajudes e até mesmo marcações triplas em cima do gradalhão. Então a defesa do time já era boa, com a secundária trazendo Dunta Robinson e Sean Smith para reforçar um grupo já forte que contava com Eric Berry e Brandon Flowers e mais Derrick Johnson e Tamba Hali na frente, e só de se livrar do que quer que já estivesse a atrasando em 2012 já seria o suficiente para fazer dessa uma defesa muito sólida... mas dai Houston e Poe explodiram e colocaram esse grupo um patamar ou dois acima. Não é a toa que os adversários enfrentando o Chiefs tem apenas 53% de aproveitamento nos passes (terceira melhor marca da NFL), um NFL-worst 5.9 jardas por passe (não por jogadas de passe, note bem) e 4.8 jardas ajustadas por passe (segunda melhor). É um pesadelo ter que passar contra esse time.

Claro, não é apenas a questão do ataque mediano, mas eficiente, e da defesa destrutiva. Depende de diversos outros fatores que pouco são observados, mas estão diretamente ligado a capacidade do time de integrar essas duas coisas, funcionar como conjunto e executar seu plano de jogo. E a primeira e talvez mais importante dessas é a questão da posição de campo. Como um time de futebol americano, naturalmente, você quer que seu ataque comece suas campanhas o mais próximo possível da end zone adversária (menos caminho a percorrer para anotar pontos) e que as campanhas de seus adversários comecem o mais longe possível da sua. Isso pode parecer uma questão de special teams (capacidade de retornar chutes, bons punters, etc) e de certa forma é, mas não apenas: depende diretamente da estratégia e da forma como um time atua. Isso envolve tomada de decisões em diversas situações (por exemplo, o chiefs é mais provável que vá para o punt em uma 4th and 4 na linha de 38 do adversário do que o Packers ou Broncos) e também toda sua filosofia de jogo, já que evitar turnovers ofensivos e conseguir forçá-los na defesa é uma forma de conseguir uma vantagem no quesito. Em particular, para um time como o Chiefs que usa essa estratégia de um ataque eficiente mas com dificuldades para longas campanhas e uma defesa absurdamente dominante que é uma ameaça para forçar turnovers a todo instante, a posição de campo é crucial: você quer seu ataque tendo que andar o mínimo possível para anotar pontos já que ele não se da bem em longas campanhas, e você quer oferecer a sua defesa o maior espaço possível para fazer sua mágica e forçar os turnovers que, por sua vez, darão ao ataque boa posição de campo para anotar pontos. É por isso que o Chiefs é um time que não é tão agressivo ofensivamente e não se incomoda em chutar punts quando seu ataque estagna em uma campanha, porque assim eles oferecem boa posição de campo a defesa para conseguir uma eliminação rápida do ataque ou um turnover, e dai o ataque receberá novamente a bola em uma boa posição. Então posição de campo é um ingrediente crucial para o estilo de jogo de KC, e até agora, eles tem sido extremamente  eficientes com isso: as suas campanhas ofensivas começam em média na linha de 37.5 jardas do seu próprio campo, e as suas campanhas defensivas começam com o adversário em sua linha de 20.3 jardas... e ambas as marcas lideram a NFL por uma LARGA margem. Nunca neglicencie o efeito disso sobre uma partida e um time.

E por fim, temos uma questão mais complicada: turnovers. Quando eu escrevi terça sobre o Titans, eu disse que o segredo por trás do seu bom começo de temporada era seu saldo de turnovers de +9, algo que era absolutamente insustentável já que era motivado por uma taxa de recuperação de fumbles de 89% e pelo fato de que seu time ainda não tinha lançado uma interceptação, dois fatores extremamente prováveis a sofrerem regressão indo para frente. Bom, o  Chiefs também é um time que tem beneficiado demais dos turnovers: seu saldo de +9 lidera a NFL junto com o Titans, resultado de 12 takeaways da defesa contra apenas 3 turnovers do ataque. E como esperado, isso também envolve alguma sorte: o Chiefs tem recuperado 71% dos fumbles, terceira melhor marca da liga. Então o normal seria concluir que, assim como o Titans, o Chiefs está sujeito a uma regressão nesse quesito. E não deixa de ser verdade: é impossível que a equipe continue recuperando 71% de seus fumbles, e quando isso regredir, o total de turnovers da equipe também vai regredir. 

Mas a equipe de Kansas City tem uma chance melhor de continuar se dando bem no quesito do que a de Nashville por dois motivos. Primeiro, porque esse bom começo e esse saldo de +9 dependem muito menos de sorte e de fatores absurdos do que seus adversários da AFC. No caso do Titans, isso está vindo de dois fatores absolutamente insustentáveis: recuperação de 89% de seus fumbles e taxa de interceptações de 0% por parte de seus QBs (inclusive duas interceptações dropadas), dois dados que contrariam todas as evidências histórias e que estão sujeitos a violentas regressões que afetarão mais fortemente o seu time do que o Chiefs, que deve diminuir esse saldo mas de um patamar muito menor (entre 71% e 89% tem uma GRANDE diferença) e cujo QB não está tendo particular sorte ou um número estranho ou insustentável com interceptações - então a regressão tende a ser mais fraca em cima do Chiefs. E segundo, porque a batalha dos tunovers é uma consequência direta do plano de jogo da equipe: o ataque do Chiefs é FEITO para segurar a bola e evitar turnovers, composta de passes curtos e seguros que diminuem a chance de uma interceptação, e ainda por cima com o QB que melhor evita turnovers em toda a NFL desde que assumiu a titularidade em 2010. Da mesma forma, a defesa do Chiefs é uma das melhores da liga e extremamente agressiva em busca desses turnovers, então eles vão recuperar mais fumbles (mesmo quando o 71% nivelar) porque eles vão simplesmente forçar mais fumbles do que os outros times. Não que todos os times da liga não busquem também evitar turnovers e produzir os seus, mas no caso do Chiefs, todo o plano de jogo é voltado para essa finalidade, então me parece algo muito mais natural que KC tenha +9 de saldo do que um outro time que não coloque tanta ênfase nesse aspecto do jogo. Eles tem dado alguma sorte, mas também tem executado muito bem seu plano de jogo. E no fundo, é isso que tem feito a grande diferença na equipe, dos dois lados da bola. Não vejo motivo para que o Chiefs não continue sua temporada mágica rumo a uma vaga nos playoffs.


Palpite para o jogo de quinta a noite


BROWNS over Bills
Contra o spread: BROWNS (-3.5) over Bills
Então depois de começar o ano 0-2 e trocar seu (supostamente, porque ele tem sido medíocre a sua carreira inteira) melhor jogador ofensivo E colocar seu QB reserva para jogar, o time está 2-0, venceu supostamente o melhor time da sua divisão no Bengals, e agora lidera a AFC North (empatado, mas enfim). Alias, inesperadamente esse jogo que tinha tudo para ser um fiasco no papel acabou sendo uma disputa entre dois times 2-2 que de repente sonham com uma vaga nos playoffs! Quem teria imaginado no começo da temporada. Enfim, minha aposta vai para o Browns porque eles tem me impressionado bastante desde que trocaram Trent Richardson (a ponto de me fazer questionar se, no final das contas, ele era mais responsável por aquele ataque ruim do que imaginávamos), tem jogado com muita intensidade e jogam em frente a uma torcida que não comemora nada faz seis anos, e enfrentam um Bills que não tem jogado bem fora de casa, joga sem metade da secundária e que quase conseguiram perder do Ravens mesmo com Joe Flacco lançando cinco interceptações. A boa defesa do Browns me parece favorecida por esse jogo ser numa quinta a noite também. Agora se me dão licença, tenho que subir na Cleveland Browns Bandwagon. Volto amanhã.