Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

A importância de não começar 0-2 na NFL

Tom Coughlin não entendeu nada desse post


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Um tema bastante comum quando passamos as duas primeiras semanas da NFL, é que você vai ler bastante por ai seja no twitter, em sites, blogs ou tudo mais, é sobre o que significa para um time começar 0-2 (ou, as vezes, 2-0). Por algum motivo, essa marca de 0-2 virou um "padrão" para separar times de playoffs dos times que estarão fora da briga. Claro, isso não vem sem algum padr ão histórico: desde 1990, quando a NFL expandiu sua pós-temporada para o formato de 12 times que conhecemos hoje, apenas 11.6% dos times que começam a temporada 0-2 conseguem chegar aos playoffs. É um número baixo e que levanta preocupações, especialmente em uma temporada tão curta como a da NFL. Eu nunca entendi porque exatamente essa marca de 0-2 que foi "escolhida" - talvez porque 0-3 já seja um poço grande demais - mas fato é que ela é bastante usada por ai, todo santo começo de temporada. Esse ano, tivemos oito times que começaram o ano 0-2: Giants, Panthers, Browns, Jaguars, Vikings, Steelers, Bucs e Redskins. Então seu início com duas derrotas parece indicar, em um primeiro momento, que esses times já estão praticamente eliminados da briga.

Então, considerando o destaque que esse começo 0-2 recebe por ai, eu decidi fazer minhas próprias pesquisas no assunto e tirar minhas próprias conclusões sobre o que significa exatamente começar 0-2, e ver se descobrimos alguma coisa interessante no processo. Esse post é sobre os resultados da minha pesquisa, minhas conclusões e rápidas análises de cada caso de times da temporada.

Para isso, recorri a base de dados (e excelente mecanismo de pesquisa) do excelente Pro-Football Reference. A amostra usada foi a minha favorita quando tratamos de NFL, ou seja, a partir de 2005 e até hoje. Eu gosto particularmente dessa amostra porque, embora não seja a maior, 2005 foi quando a maior parte das regras que a NFL mudou para favorecer os jogos aéreo começou a valer. Ainda demorou alguns anos de adaptação para chegar no festival de jardas aéreas que vemos hoje, mas isso começou com as regras que passaram a valer em 2005, foi quando o jogo começou a se aproximar mais do que vemos hoje, e por isso é uma amostra que eu acho que apresenta maior relevância quando olhamos para o jogo de hoje do que se olhássemos uma amostra dos anos 90, por exemplo.

Então com ajuda do PFR, descobri que 69 times (e mais 8 em 2013) desde 2005 começaram a temporada 0-2 (a lista completa eu vou colocar nos comentários para quem se interessar). Desses 69 times, apenas 5 deles conseguiram chegar aos playoffs, um índice de aproveitamento de apenas 7.25%. Para piorar, dos últimos 30 times que começaram a temporada com duas derrotas, nem um deles conseguiu chegar na pós-temporada, algo que realmente não é animador para os oito times que ainda buscam sua primeira vitória.

A primeira coisa que eu acho interessante reparar é que esse índice de "aproveitamento" de 7.25% é consideravelmente inferior ao de 11.6% que obtemos se pegamos todos os anos desde 1990 (22 times de 190). Embora isso possa ser resultado em parte de uma amostra pequena, não acredito que seja o caso: se pegarmos apenas os times 0-2 entre 1990 e 2004 (ou seja, logo antes das novas regras), obtemos que 14.05% desses times chegaram aos playoffs, uma taxa quase duas vezes maior do que os 7.25% desde então. Ainda que uma parte disso possa ser atribuído a uma amostra pequena, e outra parte a um aumento no número de times, mas as duas ainda não são suficientes para explicar tamanha diferença. Seria interessante fazer uma pesquisa mais aprofundada nesse sentido e ver exatamente o que motivou essa mudança grande, mas por enquanto, eu tenho uma teoria: as novas regras relativas ao jogo aéreo criaram uma distorção muito grande em relação a posição de quarterback. O QB sempre foi o jogador mais importante de uma equipe, mas seu impacto era muito mais limitado antigamente, como comprovam os anéis de campeão de Trent Dilfer e Brad Johnson no começo da década passada. Ter um grande QB sempre foi um enorme ativo para qualquer equipe, mas seu impacto no jogo era menor (comparativamente falando, claro) em relação ao resto do time, defesa, jogo terrestre e etc. Hoje, só um QB sozinho com um time medíocre já é capaz de garantir umas 10 vitórias para sua equipe porque ele tem muito mais liberdade para impactar o jogo. Então hoje em dia, a diferença entre ter um Aaron Rodgers e ter um Christian Ponder - independente do resto do time - causa um impacto muito, mas MUITO maior do que causava nos anos 90. Então hoje, a maioria das vagas de playoffs são dominadas por times com bons ou grandes QBs, e a natureza atual do esporte onde o QB impacta muito mais cada jogo torna muito mais difícil para que um time com QB assim perca dois jogos seguidos dessa maneira. Ou seja, se você perdeu os dois primeiros jogos, boa chance é que não tenha um grande QB, e os times que tem são hoje em dia muito mais fortes candidatos a chegarem aos offs. Essa pelo menos é minha teoria para explicar tamanha diferença.

Mas deixando as teorias de lado e voltando aos dados. Uma coisa que também sempre achei curioso é que não existe motivo para duas derrotas nos primeiros jogos serem mais significativas do que derrotas nos dois últimos, ou em dois jogos aleatórios no meio da temporada. Ainda assim, apenas 7.25% dos times que começam 0-2 chegam aos playoffs, enquanto que 32.5% dos times da NFL inteira vão aos playoffs. Essa diferença representa mais do que somente o buraco que um time 0-2 tem que subir para chegar nos playoffs (afinal, tem que ganhar o mesmo número de jogos dos adversários com menos partidas para tal), ela representa um viés de seleção: nossa amostra composta por times nessa situação vai, naturalmente, incluir uma tonelada de times que perderam os primeiros jogos simplesmente porque são times ruins! Obviamente isso não significa que só porque um time começou 0-2 ele é um time ruim, mas nossa amostra de times nessa situação vai incluir na sua maioria times que perderam os dois jogos porque estão entre os piores da liga, e times assim raramente vão para os playoffs mesmo. Então esses 7.25% acontecem menos por causa da desvantagem de começar com duas derrotas e muito mais porque grande parte dos times que começam assim simplesmente eram ruins desde o começo e continuarão a ser ruins durante a temporada.

As evidências empíricas parecem indicar nessa direção: times que começam 0-2 terminaram o ano em média com 5.2 vitórias, o que mostra que sim, times que começam 0-2 chegam nos playoffs porque em geral eles são ruins mesmo. Para pegar um nível mais preciso de performance, peguei também a Pythagorean Expectations dessas equipes, e ela também deu um resultado parecido: 5.7 Pythagorean Wins em média para os times que começam o ano com duas derrotas. Sim, a diferença é explicável, mas também aponta na mesma direção, que na média esses times são ruins mesmo.

Pensando um pouco mais no caso atual - ou seja, como podemos ter uma noção de que os times atualmente 0-2 são ruins ou não, tem ou não uma chance de dar a volta por cima - a questão era como ter uma noção, após apenas duas semanas, de como avaliar se um time é (ou é esperado que seja) bom ou não. A melhor forma que me ocorreu foi simples, pegar o record do ano anterior como parâmetro. Obviamente esse método não é perfeito, times mudam consideravelmente de um ano para outro, com drafts, free agency, lesões, evoluções ou regressões de jogadores e contra a média, etc. Mas ainda assim, é a melhor forma que me ocorreu, e pegando os records um ano antes de cada um desses 69 times, minha expectativa era algum indicador de que na média esses times já fossem de certa forma fracos. E eu não me decepcionei: entre esses 69 times, a média do ano anterior foi de menos de 7 vitórias (7.1, para ser preciso) e 6.9 de Pythagorean Wins. Então considerando que essa amostra ainda conta com alguns times como 2011 Colts e 2010 Vikings que sofreram quedas brutais depois de perder seu Franchise QB mas que foram muito bem um ano antes, é possível ver uma relação se formando - de fato, a correlação entre o record ruim desses times em um dado ano e seu Pythagorean no ano anterior é positiva e significativo, de quase 33% (.327). 

Uma vez que estabelecemos alguns pontos para mostrar que de fato, o maior inimigo dos times 0-2 que querem chegar nos playoffs geralmente são esses próprios times, vamos dar uma olhada nas equipes que conseguiram chegar nos playoffs. Elas são as seguintes: Chargers de 2008; Chiefs de 2006; Vikings de 2008; Dolphins de 2008; e Giants de 2007. Com uma exceção, da qual falaremos mais tarde, o que chama a atenção nos outros quatro times é que eles foram todos bons no ano anterior: todos terminaram 50% ou acima, e três deles possuíam Pythagorean Expectations bem altos (11.3, 10 e 9.5, com o quarto no 8-8). Com exceção da nossa... bem, da nossa exceção, nenhum desses quatro times passou por grandes ou profundas mudanças no seu time ou no seu QB: todos foram bons times um ano antes e que acabaram sendo novamente bons o suficiente para arrancar uma vaga nos playoffs, em geral com ajuda de alguma sorte: tirando o Chargers (que ficou duas vitórias abaixo da sua PE), todos superaram sua Pythagorean Wins por até 2.2 vitórias (embora essas 2.2 vitórias sejam do nosso time "execeção". Já chegaremos nele). E desses quatro times, nenhum sofreu uma grande reviravolta do ano anterior em termos de performance: dois deles evoluíram em duas vitórias, mas ambas foram mais em termos além do seu controle, já que suas Pythagorean Wins subiram em apenas 0.3 e 0.8. Na verdade, dois desses quatro times até perderam vitórias de um ano para outro (1 e 3, 1.1 e 1.5 em termos Pythagoreans respectivamente), mas eram bons o suficiente para se manter com um número de vitórias que lhes garantiu playoffs. Então isso de certa forma corrobora as conclusões anteriores: times 0-2 perdem os playoffs na média porque são ruins e foram ruins antes, e portanto a maior esperança que seu time pode ter depois de um começo desses é vir de um histórico recente de sucessos que, caso não tenha acontecido nenhuma grande mudança de um ano a outro, indicam que seu time ainda é bom o suficiente para dar a volta por cima depois desse começo.

A nossa exceção aqui é o Dolphins de 2008, um time que vinha de uma campanha 1-15 um ano antes e que milagrosamente venceu 11 jogos e a divisão em 2008. Embora ele contrarie um pouco a nossa tentativa de explicar o "nível" de um time no começo de um ano olhando para sua campanha recente, ele também não deixa de ser um caso interessante. Antes de mais nada, essa reviravolta de 10 vitórias foi um pouco enganosa: o time 1-15 de 2007 terminou 4-12 em Pythagorean Wins, então uma boa parte nada mais era do que regressão a média normal. Além disso, as 11 vitórias também enganam, já que o time teve uma Pythagorean Expectations de 8.8 vitórias. Então eles realmente tiveram uma influência enorme de fatores externos. Também vale citar que, depois de perder 24 jogos combinados em 2007, Ricky Williams e Ronnie Brown jogaram todos os jogos possíveis em 2008, combinando para mais de 1600 jardas com Brown indo inclusive ao Pro Bowl. Mas talvez mais importante, eles fizeram um upgrade IMENSO de QB: depois de uma temporada inteira de Cleo Lemon, Trent Green e John Beck na posição, eles trouxeram Chad Pennington para 2008 e ele logo teve a melhor temporada da sua carreira, com um QBR de 78 e uma vaga no Pro Bowl. Então uma parte dessa grande melhora do Dolphins foi atribuida a fatores externos, e a outra foi devido a uma imensa melhora em posições chave, especialmente seu QB. Ainda que seja a exceção e não a regra, é um caso que vale a pena ter em mente quando olhamos para times 0-2 pois trás alguns fatores que podem se repetir, especialmente a evolução de QB (vale citar: desses 69 times, entre os que mais evoluiram em termos de vitórias de um ano a outro estão esse Dolphins, o Rams quando Sam Bradford chegou, o Panthers quando Cam Newton chegou, e o Detroit Lions na primeira temporada saudável de Matt Stafford).

Ainda assim, eu concordo que "ir aos playoffs" é um parâmetro um tanto quanto ruim porque envolve uma grande influência de fatores externos, como competição na divisão ou na conferência de um dado ano. Esse Chargers, ainda que com um Pythagorean Wins de 10.2, terminou o ano 8-8 e só foi aos playoffs porque jogava em uma divisão horrível, por exemplo. Ao mesmo tempo, outros bons times podem ter ficado de fora dos playoffs por conta de uma divisão mais forte ou mesmo por caso de azar em relação a seu nível real de performance. Então ao invés de pegar times que foram aos playoffs, vamos ver aqueles que terminaram com 9 vitórias ou mais nessa mesma temporada. Nesse caso, temos seis times obedecendo a esse critério dentro da nossa amostra (8.7%): os quatro primeiros foram aos playoffs (11, 10, 10 e 9 vitórias), e dois deles (05' Chargers e 05' Vikings) não foram apesar das 9 vitórias. Novamente com a exceção do nosso querido 08' Dolphins, os outros cinco times obedecem ao critério do ano anterior: todos terminaram com 8 vitórias ou mais e com Pythagorean Expectations acima de 8, inclusive um 11.2, um 10 e um 9.5. A PE de nenhum desses cinco (não-Dolphins) não subiu ou caiu mais do que 1.5 vitórias em relação a PE do ano anterior, inclusive. 

E se usarmos, ao invés do record final, o número de Pythagorean Wins da equipe em um dado ano, para eliminar fatores como sorte ou azar (ou em geral, fatores externos)? Nesse caso temos sete (10.1%)  com 8.5 ou acima (e quatro acima de 9), inclusive nossos cinco times de playoffs. Os dois times que não foram aos offs são o 9-win Chargers de 2005 (10.7 PE) e um 8-win Eagles (9.2 PE) de 2007, e novamente temos seis deles com boas campanhas um ano antes: todos com 8 vitórias ou mais e 8 ou mais Pythagorean Wins, inclusive cinco a 9.5 ou acima (e um 8 cravado) - tirando, é claro, nosso Dolphins. Mais evidência apontando na direção de que a melhor forma de conseguir um bom ano quando você começa 0-2 é ter sido bom um ano antes.

O que, é claro, não quer dizer que um bom ano anterior garante que você vá sair bem desse começo desastroso. Na nossa amostra, temos 22 times que terminaram o ano anterior com Pythagorean Expectations acima de 8.5: esses times ganharam apenas 6.2 (6.7 PE) em média na temporada que começaram 0-2, e embora seja uma vitória inteira de média acima da média geral desses times, ainda não é uma boa marca (os times que tiveram PE um ano antes de 8.5 ou menos e começaram 0-2 o ano seguinte ganharam em média 4.7 jogos com uma PE de 5.1). Então vir de uma sólida temporada te da, naturalmente, uma perspectiva muito melhor de futuro do que um time ruim que veio de uma temporada ruim, mas sozinho não garante nada para você.

Então a conclusão que podemos chegar depois de todo esse passeio pelos dados é de que o baixo índice de sucesso nos playoffs de times 0-2 não é por causa do record em si, e sim porque times ruins tem muito mais probabilidades de começarem assim do que times bons, então isso naturalmente faz com que os times presentes nessa amostra sejam majoritariamente os piores da temporada. Se o seu time começou 0-2, pode ser um sinal de que ele seja um dos times ruins de um dado ano, mas também não é uma garantia: alguns times podem ter particular azar nesses jogos, alguns podem enfrentar um começo de calendário mais forte do que outros, alguns podem ter jogadores retornando de lesão nas semanas seguintes, e por ai vai. Temos inclusive alguns exemplos de times que começaram assim mas tiveram boas conclusões de anos, seja terminando com 9 ou mais de Pythagorean Wins ou mesmo chegando aos playoffs - uma minoria, mas temos casos. E a não ser em casos especiais com grandes mudanças de pessoal como no caso do Dolphins de 2008, o melhor indicador de otimismo é mesmo olhar para os números da temporada anterior e procurar a performance dessa equipe. 

Para terminar, vamos dar uma olhada então nos oito times que começaram a temporada 2013 com um 0-2 e ver mais ou menos aonde cada um deles se encaixa nesses números. Só para deixar claro, a idéia aqui é olhar menos para o que eu acredito pessoalmente de cada time e do seu nível de jogo e mais para o que os números dessa pesquisa nos mostram, e aonde eles parecem se encaixar.

  • Cleveland Browns e Jacksonville Jaguars são praticamente dois que ninguém tem motivos para acreditar nada, pelos números ou não. Ambos foram ruins em 2012 (5/6.2 e 2/3.4 em vitórias/Pythagorean Wins, respectivamente) e ambos parecem muito ruins agora, especialmente considerando que o Browns acabou de trocar seu RB ex-3rd pick do draft por uma escolha futura. Nenhum motivo para acreditar em uma vaga para qualquer um desses dois, os dois foram mal em 2012 e nenhum passou por uma evolução nessa offseason significativa.
  • Carolina Panthers é o outro time desses oito além da minha "exceção" do ano que terminou 2012 com 8 vitórias ou menos e 8 ou menos de Pythagorean Wins, e mesmo assim foi próximo: 7/7.9, respectivamente. Ainda que eu tenha escrito ontem sobre os problemas que levam o Panthers a diminuirem suas chances de vitória (último ponto), eles ainda perderam dois jogos decididos no final e nos detalhes. Seus números de 2012 não indicam um grande time (apesar de indicar um sólido) e entre os times que começaram 0-2 depois de terminar o ano anterior com Pythagorean Wins entre 7 e 8, apenas um chegou aos playoffs: o 2007 Giants, que ironicamente acabou sendo campeão do Super Bowl. O Panthers tem até aqui o segundo melhor saldo de pontos (logo, PE) em 2013 desses oito times, e se eles jogassem na AFC e com um técnico melhor, eu possivelmente estaria mais otimista, mas pode ser o sleeper desse octeto. 
  • O Pittsburgh Steelers também seria um candidato interessante, tendo terminado 2012 com um Pythagorean Wins de 8.6 (quarto melhor entre esses times) e jogando na conferência mais fraca. Mas considerando todas as perdas que sofreu nessa offseason e nesse começo de ano (com Larry Foote e principalmente Maurkice Pouncey fora da temporada), me parece uma regressão bem grande a caminho da equipe. Na verdade,  nenhum time que terminou a temporada anterior 8-8 e começou 0-2 conseguiu terminar o ano com Pythagorean Wins acima de 7.2.
  • Minnesota Vikings e Washington Redskins seriam, no papel, dois dos fortes candidatos a enganar esse começo de 0-2: os dois ganharam 10 jogos em 2012 e tiveram PE de 8.8 e 9.1, respectivamente, fatores que como vimos são quase pré-requisitos para um time que quer dar a volta por cima. Então eles definitivamente não podem ser descartados. Ainda assim, me pergunto se não são o tipo de time que sofreu uma piora numa posição chave em relação ano passado: 2013 RG3 me parece (sem querer overreact a duas semanas) uma considerável piora em relação a 2012 tanto fisica e técnicamente como no que a comissão técnica parece disposta a deixar ele fazer, e Adrian Peterson é extremamente improvável que repita as 2000 jardas de 2012. Considerando que esses foram os dois principais fatores que colocaram esse time tão alto um ano atrás, são dois fortes candidatos a regressão.
  • Da única vez desde 2005 que o New York Giants começou a temporada 0-2 eles ganharam o título, então podem começar a encomendar o anel. Mas falando sério, o Giants aqui é provavelmente o maior candidato a dar a volta por cima: foi o melhor de todos esses times em 2012 com 10 Pythagorean Wins, joga na divisão mais fácil da conferência e, a não ser que David Wilson seja realmente o Anticristo do fantasy e não possa pegar as chaves do carro sem sofrer um fumble, é um time que não parece apresentar nenhuma grande piora em posição chave para o ano anterior. Três dos quatro times não-Dolphins que começaram 0-2 e foram aos playoffs tiveram números "anteriores" bem parecidos com os do Giants, e me parece irreal que eles continuem sofrendo turnovers nessa proporção. Essa aqui é a melhor aposta para playoffs do grupo.
  • E por fim, o Tampa Bay Bucs é a minha exceção do ano. Isso acontece por dois motivos: primeiro, porque apesar de ainda ter Josh Freeman de QB e tudo mais, foi um time que adicionou dois All-Pros na sua defesa e isso pode muito bem contar como "evolução grotescamente forte em uma posição chave". E segundo e mais importante, porque entre esses oito times, ele é de longe o time que MENOS deveria estar 0-2, com uma Pythagorean Expectations de 0.9-1.1. Se 0-2 é um indicador de que seu time pode ser simplesmente ruim, então o Bucs parece escapar disso mais do que os outros dessa lista. Entre os outros 76 times que começaram 0-2 desde 2005 (incluindo os desse ano) - e na verdade, incluindo todos os outros 197 times desde 1990 - apenas um outro começou o ano 0-2 com um saldo de pontos de apenas -3: o Chargers de 2008, que acabou o ano indo aos playoffs com 8-8 (e um Pythagorean Wins de 10.2, vale citar). Então eles estão em boa companhia, ainda que eu me pergunte se seja realmente azar e não algo mais. Esse é provavelmente, depois do Giants, o maior candidato a terminar o ano bem, até porque seu Pythagorean em 2012 foi de 8 vitórias.

Palpite para o Thursday Night Football


Chiefs over EAGLES

De certa forma, esse é o confronto entre a força irresistível contra o objetivo que não pode ser movido. O Eagles é o time que joga em extrema velocidade ofensivamente e gosta de jogos de inúmeras posses de bola, vencendo os adversários no volume de ataque. Enquanto isso, enfrentam um time do Chiefs que é exatamente o oposto, gosta de jogar devagar, controlar o relógio e maximizar cada posse de bola. Duas filosofias de ataque exatamente opostas, e acho que o Chiefs vai ter mais sucesso implementando a sua: o ataque do Eagles vai tentar fazer valer seu esquema ofensivo contra uma excelente defesa de Kansas, enquanto o do Chiefs vai ter que fazer o mesmo contra uma bem fraca defesa da Philadelphia. Então acho que esse jogo é um matchup favorável a um time muito bom do Chiefs
Contra o spread: Chiefs (+3.5) over EAGLES

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Os pontos importantes na semana da NFL - Week 2

Uma cena que tem se repetido bastante até aqui


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Bom, como recepção foi boa, vamos fazer novamente na Semana 2 da NFL nossos "Pontos Importantes da Semana". Para quem perdeu esse post da semana 1, a idéia aqui é a seguinte: isso aqui NÃO é um recap da rodada, e o nosso intuito não é passar por todos os jogos ou falar de todos os jogadores, bons ou não. Outras pessoas podem fazer isso, mais rápido e melhor do que eu, e eu também não acho que isso se enquadre na proposta do blog. A proposta aqui é para dar uma olhada nos fatores, dentro de cada jogo, que são relevantes ao maior cenário da NFL. Vamos olhar a performances que foram importantes mas receberam pouco crédito, fatores pouco observados que estão influenciando alguns pontos importantes, e por ai vai. Então de novo, o objetivo não é passar por todos os jogos e falar alguma coisa relevante: muitas vezes teremos dois ou mais pontos sobre um mesmo jogo, e jogos sem comentário nenhum.

Novamente, ainda estamos fazendo alguns testes com esse formado de coluna e tudo mais, então queria muito saber a opinião de vocês leitores sobre a coluna: se está funcionando, se não está, o que gostam e o que não gostam, como melhorar, etc.

Então dito isso, vamos começar.

Briga de cachorro grande


Se na primeira semana da NFL o jogo mais importante (do ponto de vista de rivalidade, confronto entre candidatos ao título e importância para o cenário geral da liga) foi entre San Francisco 49ers e Green Bay Packers, na semana 2 era claro qual duelo ocuparia seria o de maior destaque e importância: San Francisco 49ers e Seattle Seahawks, os dois melhores times da NFC e rivais de divisão se enfrentando no incrível Century Link Field. Além dos fatores óbvios que estavam em jogo nessa partida - orgulho, rivalidade, a chance de sair na frente na briga pelo título da NFC West e eventualmente por mando de quadra nos playoffs - esse jogo era a forma mais fácil e orgânica de responder a questão que todo mundo sempre se faz no começo de temporada: quem é o melhor time da NFC (normalmente eu diria NFL, mas o Denver Broncos pode ter algo a dizer a esse respeito)? Basicamente "coloque os dois num ringue e deixem os dois decidirem", versão NFL. 

(Ou, nas palavras do meu seriado favorito...
"Patos são melhores que coelhos!"
"Coelhos são melhores do que patos!"
"A gente devia colocar os dois numa caixa e deixar eles decidirem entre eles!"
"Isso é ilegal!!"
"Só se a gente apostar dinheiro!!")

Vocês sabem qual foi o resultado. O Seahawks dominou o jogo do começo ao fim, massacrou seus rivais com uma vitória por 29 a 3 e saiu de lá com o cinturão de "Melhor time da NFC". Foi realmente uma performance dominante, especialmente da sua defesa: segurou o forte ataque do 49ers a apenas 207 jardas totais, a pior performance ofensiva da equipe desde o duelo contra o Ravens no Thanksgiving de 2011 (179). Colin Kaepernick, depois de passar para mais de 400 jardas e 3 TDs contra uma boa defesa de Green Bay, foi limitado a apenas 127 jardas e 3 interceptações (apesar de 87 correndo). Para uma equipe cujo jogo se baseia tanto na sua atitude e jogo físico, Seattle provavelmente ficou muito satisfeito com o que conseguiu nessa partida: mais do que uma vitória contra um adversário direito, foi realmente um statement, uma mensagem que a equipe passou. Seu jogo físico dominou o adversário - um adversário cuja marca registrada é justamente esse tipo de jogo - e, no final, ainda aproveitou as chances para continuar judiando e provocando com cada jogada, cada TD e cada desafio. Foi realmente uma performance espetacular de futebol americano.

Claro que vocês provavelmente já imaginam o que isso significa: vamos ter que aguentar mais uma semana de overreactions - ou como eu disse no twitter e o pessoal gostou, de pessoas correndo para tirar as conclusões fáceis. Vocês vão ler bastante nos próximos dias coisas como "Seattle está um nível acima do resto da NFL!" ou coisas do tipo, simplesmente porque é mais fácil correr, olhar o resultado e colocar uma manchete bombástica do que peneirar tudo, olhar os momentos chaves e ver o que está nas entrelinhas.

Não existe para mim a menor dúvida de que o Seattle Seahawks foi um time muito superior durante a partida. A equipe executou seu plano de jogo muito bem, e sua defesa entregou uma das performances mais dominantes que eu lembro de ter assistido nos últimos anos, segurando um ataque muito bom a apenas três pontos e cinco turnovers. Mas olhando com cuidado, o placar final de 29-3 engana o que foi na verdade um jogo bem mais apertado decidido - ou pelo menos "expandido", em termos de placar - em alguns detalhes que poderiam facilmente ter sido diferentes.

Sabe quando você para e pensa "entre todas as coisas que poderiam ter dado errado, todas deram errado"? Foi basicamente o que aconteceu com o 49ers nessa partida. Enfrentando um adversário extremamente forte, fora de casa, no estádio mais difícil para um visitante jogar, e contra um time que é um matchup ruim desde o começo, eles ainda tiveram as seguintes coisas coisas contra eles: a equipe não recuperou nenhum dos quatro fumbles da partida, todos eles indo parar nas mãos do Seahawks (e como já dissertamos longamente por aqui, recuperação de fumbles é acaso e não competência); o Niners viu três jogadores seus (Ian Williams, Vernon Davis e Eric Reid) saíram da partida machucados, com o mais importante deles sendo Reid - o calouro saiu na última jogada antes do intervalo com o jogo 5-0, e o ataque de Seattle imediatamente começou a direcionar todo seu ataque (aéreo e terrestre) na direção do buraco deixado pelo camisa 35, um dos fatores que contribuiu para a evolução ofensiva da equipe no segundo tempo (para ser justo, Seattle também perdeu Russell Okung); Colin Kaepernick teve uma interceptação na red zone logo no começo da partida que veio em uma bola desviada e que espirrou nas mãos do defensor, uma jogada que pode ter alterado o curso do jogo.

Mas talvez mais importante, os dois primeiros TDs de Seattle - os dois TDs que explodiram a diferença e colocaram de vez o jogo fora do alcance, obrigando o ataque adversário a jogar em alta velocidade e de forma unidimensional, um suicídio contra essa defesa e nesse estádio - vieram como consequência de duas faltas que transformaram o que deveriam ter sido dois FGs (e portanto um placar de 11-3, não 19-3) em dois TDs e que tiveram absolutamente zero a ver com a performance do ataque (por exemplo, se um CB faz uma pass interference de 20 jardas porque era a forma de impedir um TD certeiro, é uma falta que é consequência direta da performance do ataque naquela jogada). No primeiro TD, Ahmad Brooks ia conseguindo o sack em cima de Russell Wilson para colocar o ataque adversário em uma 3rd and 20 (e provavelmente um FG), só que por puro azar, quando Wilson se jogou no chão para evitar a trombada a mão de Brooks se enroscou na facemask, totalmente sem querer, totalmente inútil para o resultado da jogada, mas ainda assim uma falta de 15 jardas e uma primeira descida automática. No segundo TD, depois de uma 3rd down que virou uma 4th and 15, a arbitragem ridiculamente marcou uma falta pessoal de 15 jardas (e uma primeira descida automática) de Aldon Smith por um encontrão em cima de um OL adversário, o tipo de coisa que acontece 3000 vezes em um jogo desses e deixaram para marcar logo em uma jogada tão crucial (de alguma forma, essa não foi nem a pior falta marcada no jogo: Sidney Rice recebeu uma de 15 jardas no final do primeiro tempo por RODAR a bola no chão depois de uma recepção. É sério. Tentem não rir). Não fossem essas duas faltas totalmente aleatórias, o placar teria ficado em apenas uma posse (e meia) de bola - 8 pontos - e o jogo poderia ser diferente, ou pelo menos não teria terminado em um placar tão elástico. O Seattle foi o melhor time em campo do começo ao fim, só um lunático iria dizer o contrário, mas não foi exatamente o abismo o que o placar final indica.

Para o 49ers, o problema é menos a derrota e o placar, e muito mais que o Seahawks expos sua grande fraqueza, e ainda levantou mais uma grande questão. No primeiro caso, foi simples: o 49ers não possui no momento bons WRs além de Anquan Boldin (Mario Manningham e Michael Crabtree estão machucados), e enquanto a defesa secundária muito profunda de Green Bay não era um bom matchup para enfrentar o jogo físico de Boldin, o jogo extremamente físico de Richard Sherman era o pior matchup possível para o camisa 81, que praticamente o tirou da partida e deixou Kaepernick sem nenhum bom alvo para receber passes (especialmente com Vernon Davis machucado), especialmente contra essa excelente secundária. Esse foi um problema que não apareceu na primeira semana, mas foi totalmente exposto contra Seattle, e levanta questões sobre o quão longe esse ataque aéreo pode ir nessa temporada. Mas talvez mais preocupante, é o que está acontecendo com o jogo terrestre de San Francisco: depois de ser a sua maior força em 2012, o jogo terrestre da equipe está totalmente sumido em 2013, com Frank Gore e Kendall Hunter combinando para apenas 77 jardas e 2.1 jardas por corrida. Contra Green Bay e sua defesa que sobrecarregou a linha de scrimmage, isso não foi exatamente uma surpresa, mas contra uma defesa como Seattle que não colocou nenhuma atenção extra no jogo terrestre, essa falta de produtividade é extremamente preocupante, especialmente considerando a necessidade disso para abrir o jogo aéreo com essa escassez de opções. Duas rodadas é uma amostra muito pequena e os adversários foram dois dos melhores times da NFL, então obviamente é cedo para qualquer pânico, mas é uma questão que pode fazer a diferença no resto da temporada.

Então sim, é um erro tirar conclusões tão cedo na temporada e com tão pouca amostra. Ambos os times ainda tem mais 14 jogos para jogar na temporada, incluindo uma revanche em San Francisco em Dezembro. Enquanto não tivermos mais para nos basearmos, não podemos concluir absolutamente nada. Mas pelo menos por enquanto, o Seahawks pode se gabar de ser o melhor time da NFC no momento depois de mais uma vitória contundente sobre seus maiores rivais.

(Quão impressionante foi essa vitória de Seattle? Hoje de manhã abriram os spreads de Vegas para o jogo de domingo, quando o Seahawks recebe o Jaguars. A linha abriu em -16.5 hoje cedo, e em algumas horas já chegou a -20 em algumas casas de aposta. Vai passar dos 24 até domingo, e eu AINDA apostaria em Seattle)

Quarterback a venda


Por algum motivo, ainda persiste o mito muito comum na NFL de que para ganhar na NFL de hoje (ou seja, após as mudanças de regra que favorecem em muito o jogo aéreo), você precisa de um QB de elite. Isso é um pouco irreal: o Ravens ganhou em 2012 com um QB acima da média mas não espetacular que pegou fogo na hora certa; o mesmo acontece com o Giants de 2007 e talvez com o Giants de 2011, um QB decente (em 2011 ele era melhor do que isso, mas enfim) amparado por uma grande defesa; o Steelers de 2005 tinha um Big Ben que ainda não era Big Ben no comando do ataque e venceu. Desde 2005, Joe Flacco e Jamarcus Russell tem tantos títulos quanto Peyton Manning e Tom Brady. Então de certa forma é um mito de que você PRECISA de um QB de elite para vencer um título.

A questão é que mesmo que você não precise de um Tom Brady ou de um Aaron Rodgers para ser campeão, você também não vai ser campeão se tiver um Brandon Weeden. E embora seja possível montar um campeão em torno de um QB apenas bom, é também um fato de que o caminho mais rápido para dar um salto na NFL é dar um upgrade no seu QB, seja de "atroz" para "bom" ou de "bom" para "ótimo", então a questão do QB virou quase sagrada na NFL. E embora isso signifique que sempre temos discussões sobre os jogadores que ocupam essa posição de destaque, eu não lembro uma temporada de NFL onde tantas polêmicas estavam rondando a liga tão cedo no ano!

A mais inexplicável e talvez mais importante de todas elas diz respeito ao Tampa Bay Bucs. Digo "importante" porque, entre todas as que estão acontecendo, ela é talvez a que mais pode afetar um time de playoffs - ou pelo menos que muita gente acreditava que poderia chegar lá se não tivesse perdido dois jogos seguidos por causa de faltas pessoais bestas. Mas por algum motivo, o técnico Greg Schianno parece determinado a fazer tudo que pode para criar problemas com seu QB, Josh Freeman. Freeman certamente não tem contribuído dentro de campo, começando o ano completando 45% dos seus passes (6.3 jardas por passe) com tantas interceptações como TDs, e jogando menos do que o esperado nas duas derrotas da equipe (embora as duas tenham sido decididas por fatores que pouco tiveram a ver com ele no final - embora claro, se Freeman tivesse sido melhor, provavelmente esses fatores não teriam importado). Eu entendo a frustração dos torcedores do Bucs e sua comissão técnica, mas eu acho incrível o quanto Schianno tem feito para piorar a situação. Ao invés de oferecer confiança e apoio ao seu QB e ao seu time, ou então desistir logo dele e ir para seu reserva Mike Glennon, Schianno manteve Freeman como seu QB enquanto o destruía na imprensa e durante os jogos, ao ponto de colocar Glennon para aquecer com os titulares antes da partida contra o Saints e Freeman para aquecer com os auxiliares. Qual exatamente é o benefício que ele espera tirar disso, destruíndo a confiança do jogador que ocupa a posição mais importante do jogo, e também destruíndo a confiança do resto da sua equipe nele? Se ele acha que Freeman não rende mais como titular e que a equipe precisa ir em outra direção (Freeman é free agent após a temporada, então não tem nenhuma questão salarial segurando a franquia), porque não simplesmente ir com Glennon ao invés de ficar criando esse caos todo? Vamos falar mais de Schianno na última seção do post, mas por enquanto ficamos nessa inexplicável situação Freeman-Schianno.

Freeman não é um QB brilhante e seus altos e baixos provavelmente incomodam demais os times que eventualmente queiram tê-lo. Mas ainda assim, ele teve alguns períodos excelentes em Tampa, em particular em 2010 e antes de Carl Nicks se machucar temporada passada. Em um ambiente totalmente disfuncional e com um técnico que claramente não gosta dele, Freeman provavelmente é meu candidato número 1 a "jogador talentoso que precisa urgente de uma mudança de ares", um cara que pode render na situação adequada e com um novo time. Para o Bucs, a troca faria sentido já que eu duvido demais que Freeman volte ao final do ano, e assim seria uma forma de conseguir algo em troca. O que me leva a perguntar: algum time teria interesse em eventualmente trocar uma escolha de draft (5th round?) por Josh Freeman para ser seu QB essa temporada - ou, eventualmente, para o futuro?

Eu consigo pensar em dois, duas equipes que possuem problemas com seu QB e que estão segurando uma equipe com potencial por esse motivo. As duas gastaram escolhas recentes de primeira rodada em um QB - estupidamente, devo acrescentar - e agora não conseguem se livrar desse problema. O primeiro e talvez mais óbvio seria o Cleveland Browns, seguido por um sleeper interessante no Minnesota Vikings. No caso do Browns, eu já disse isso e volto a repetir: é um time muito sólido que está a um bom quarterback de se tornar competitivo e quem sabe voltar aos playoffs. A defesa fez um bom trabalho nessas duas primeiras semanas, segurando bons times de Ravens e Miami a jogos de placares baixos mesmo com seu ataque incapaz de controlar o relógio, pontuar, ou garantir pelo menos boas posições de campo para a defesa. Esse jogo contra Baltimore, fora de casa, foi um muito interessante porque a defesa fez tudo que podia, manteve o jogo apertado esperando o ataque aparecer com alguma coisa... que nunca aconteceu. O jogo terrestre deveria ser bom com Trent Richardson, mas não se realiza porque todas as defesas dedicam uma atenção extra ao chão e obrigam Weeden a vencê-los com o braço, algo que ele se mostra absolutamente incapaz. Normalmente eles poderiam esperar mais um ano e draftar algum jogador (Manziel?) dessa boa classe, mas considerando que gastaram uma escolha de primeira rodada em um calouro de 28 anos, eles claramente estão preocupados em vencer imediatamente. Trocando uma escolha tardia de draft (e portanto de menor consequência) por Freeman da a equipe de testar com um QB decente por essa temporada junto de seu excelente grupo de apoio (especialmente na defesa, mas o ataque tem Josh Gordon, Davone Bess, Jordan Cameron, Joe Thomas e Trent Richardson). Se não funcionar, é só não renovar o contrato dele no final do ano (ou seja, nenhuma obrigação financeira a médio prazo) e ir atrás de outro QB. Para mim parece a melhor situação para ambos os casos. Isso deveria ocorrer e logo.

O Vikings é uma opção mais interessante e mais arriscada. Ao contrário de Weeden, o Viks não está preso a um QB que atrapalha todo o resto de um bom time. O problema de Christian Ponder é um pouco diferente: ele é o gargalo que limita esse que poderia ser um bom ataque de Minnesota. Depois do que Adrian Peterson fez ano passado, minha preocupação com o Viks era que os adversários iriam sobrecarregar a linha de scrimmage com sete ou oito jogadores para tirar o jogo terrestre, manter as descidas longas, e obrigar Ponder a vencê-los com seu braço de espaguetti. Depois de duas rodadas, esse parece ser exatamente o caso: Detroit foi um pouco mais radical, realmente colocando oito homens na linha em algumas jogadas e praticamente brincando de "derrube o MVP" o jogo todo, o que abriu o jogo aéreo e levou a alguns passes longos, mas também a muitos erros e basicamente ao plano de jogo do Lions ser um sucesso. A defesa do Bears, por outro lado, não sentiu tanta necessidade de sobrecarregar a linha com oito ou nove jogadores como fez Detroit, mas também em nenhum momento sentiu necessidade de modificar seu esquema 4-3 para se preparar contra o passe. Um lance que chamou minha atenção aconteceu no final do segundo quarto: jogo apertado, 3rd and 8 para o Vikings, uma situação clara de passe na qual a maior parte das defesas usaria uma defesa nickel como base (especialmente com o Viks usando três WRs). Nop. Mesma defesa 4-3 de sempre, nenhum defensor extra sequer, passe incompleto. Então a situação de QB em Minnesota obviamente não é desesperadora como a de Cleveland, Ponder tem seus benefícios e o time (com bastante sorte e um enorme outlier, mas enfim) conseguiu chegar aos playoffs com ele ano passado. Mas tendo em suas mãos o auge do melhor RB de sua geração e um dos melhores de todos os tempos, a equipe não consegue utilizar essa dádiva ao seu máximo potencial porque Ponder não consegue castigar as defesas que não o respeitarem. O QB do time poderia ser um Eli Manning da vida que o foco principal das defesas ainda ia ser o jogo terrestre de Peterson, mas elas pelo menos iriam ter que pensar duas vezes. E se Ponder não for capaz de abrir esse espaço para seu RB, o Vikings pode precisar de um jogador mais forte para a posição antes que a carreira de Peterson entre na sua fase de declínio.

Oh, você está se perguntando porque não falei do Jaguars entre os times que poderiam trocar por Freeman? Bom...

Teeeeeeebooooooow!


Por um simples motivo: tanto Vikings como Browns são dois bons, sólidos times que poderiam competir agora mesmo com um boost na posição de QB. O Jaguars não: depois de tantos anos de más decisões, trocas ruins e contratos ridículos, a equipe da Flórida precisa de mais uns dois anos só para conseguir se livrar de tudo isso e poder olhar em frente. Eles precisam urgente de um Franchise QB para ser a cara dessa reconstrução e dar esperança a torcida, não um upgrade imediato para competir por nada.

Vocês sabem qual é a solução para o Jaguars em termos de QB no momento, certo? Tim Tebow, é claro!! Eu não consigo pensar em um bom motivo para que essa contratação não ocorra.

Antes de todo mundo começar a dar risada e a reclamar indiscriminadamente do ex-QB da Flórida, que é o que todo mundo faz quando o nome aparece em uma conversa, vamos aos motivos.

Em primeiro lugar e mais importante, fica o que eu disse: o Jaguars não está perto de competir por nada nesse momento ou em um momento próximo. Eles ainda estão na fase da desintoxicação de tudo de ruim que a diretoria fez pelo time nos últimos anos, e não vai ser agora que conseguirão sair desse buraco só com uma adição interessante aqui ou ali. Como eu disse, a equipe precisa urgente achar um QB para seu futuro, para parar de gastar dinheiro e escolhas em jogadores para a posição que impedem o time de melhorar em outras áreas e ainda assim não dão resultados. O problema é que esse jogador não está no elenco atual: não é Blaine Gabbert, não é Chad Henne, não é ninguém que lá esteja no momento. Então não é como se a chegada de Tebow fosse tirar minutos de um jogador que seria o futuro do time. E já que Jacksonville tem tudo para ser um time bem ruim ou mesmo horrível essa temporada,  e com Teddy Bridgewater e Johnny Manziel (entre outros) esperando no próximo draft, adereçar esse problema de quarterback certamente não vai acontecer até o próximo verão. Então porque não trazer Tim Tebow para ser seu QB na temporada 2013 da NFL?? Claro, ele não consegue fazer bons passes, mas até ai ninguém no elenco do Jaguars consegue. O time seria ruim com ele, mas não é como se fossem bons sem ele. Não tem muito mais para onde cair quando se está no fundo do poço.

E ai que está a questão: o Jaguars vai ser ruim de qualquer forma, independente se o QB for Henne, Gabbert, Tebow ou eu. Mas enquanto isso, Jacksonville é um dos times de pior relação com sua torcida, uma torcida que não vai ao estádio, não se empolga com o time mais e está muito traumatizada de todos esses anos de pura incompetência. E Tim Tebow, com todas suas falhas como QB, é um jogador muito divertido de se assistir, que fez sua lendária carreira na NCAA na Flórida, e que é absolutamente IDOLATRADO por lá. Se seu time vai ser horrível, porque não fazer isso de uma forma que divirta a torcida, encha o estádio, venda camisas e melhore sua relação com a cidade? Você pode criticar o quanto quiser esse lado que não é futebol americano "puro", mas no mundo dos negócios, isso é tão importante quanto qualquer outra coisa, criar uma boa relação com seus consumidores. Ao invés de emissoras locais se desculpando por mostrarem seu jogo, todo mundo vai correr para assistir Tebow em provavelmente seu último ano como um QB da NFL. Gabbert provavelmente será dispensado ao final da temporada, Henne não é mais do que um reserva, e o Jags tem talvez a melhor chance de toda a NFL a ficar com Teddy Bridgewater nesse draft. Então se você vai ser horrível essa temporada e recomeçar ano que vem, a pergunta que fica é a seguinte: porque você vai ser uma droga e irritar a torcida se você pode ainda ser uma droga, mas pelo menos agradar a torcida, ganhar atenção na mídia nacional e ganhar dinheiro com isso? Me de o segundo cenário qualquer dia da semana e duas no domingo. Tebow não é melhor do que Gabbert ou Henne, mas ele atrai mais gente ao estádio, vende mais camisa e da um nome famoso a suas ações de marketing. E sinceramente, agora, é disso que o Jaguars precisa. It's Tebow Time.

Alterando suas chances de vitória


Vocês já provavelmente sabem, porque eu martelei isso durante 33 previews, mas jogos decididos por uma posse de bola são, em geral, aleatórios. Ou seja, tirando alguns casos especiais (alguns poucos QBs conseguem mudar um pouco isso), quando temos uma amostra grande o suficiente o número desses jogos vencidos por cada time tende a 50% do total. Não vou repetir isso aqui porque já passei muito tempo falando disso (se quiser relembrar esse é o post), mas esses jogos são aleatórios porque dependem demais de uma ou outra jogada além do controle dos times, e é um fato estatístico de que na "big picture", esses jogos estão sujeitos a todo tipo de acaso e por isso tendem a 50%.

Mas se isso é verdade (e é) num cenário maior, com uma amostra grande, ainda é interessante olhar os pequenos casos, ou seja, cada jogo separadamente e ver os fatores que levaram a essa derrota apertada. Embora em uma amostra significativa esses jogos tendam a ser 50-50, quando olhamos para cada jogo em particular podemos observar uma série de detalhes em ambos os times - detalhes não necessariamente técnicos - que me fazem perguntar se, naquela partida, um certo time maximizou suas chances de vitória.

Para ficar mais claro o que eu quero dizer, vamos pegar dois exemplos de times que começaram a temporada 0-2 em record e 0-2 em jogos decididos por uma posse de bola: o já mencionado Bucs, e o Carolina Panthers. A primeira vista, ambos os times tiveram azar nesse começo de jogo: o Tampa Bay perdeu dois jogos nos segundos finais para FGs, e o Panthers perdeu também com um TD nos segundos finais essa semana depois de uma derrota por apenas cinco pontos para Seattle. Mas quando esmiuçamos cada um desses jogos, observamos que muitos dos fatores que fizeram a diferença em decidir o resultado da partida - seja em uma jogada chave, seja no cumulativo ao longo da partida - muitas vezes não veio de coisas dentro de campo, e sim de decisões estúpidas dos jogadores ou da comissão técnica. Então embora exista um fator imenso de aleatoriedade nesses jogos, também é verdade que esses dois times não estão tomando decisões inteligentes que maximizem suas chances de vitória.

No caso do Panthers, eu não vou me estender demais nisso porque o Bill Barnwell, do Grantland, já fez um post sobre isso ontem bem melhor e mais detalhado que o meu (não tenho o link aqui, mas está na página principal do site), mas o problema é que a comissão técnica não tem metade de um cérebro quando se trata de ataque. Apesar de possuírem um bom grupo de RBs, e um QB que não tem muita precisão nos passes mas é um corredor destrutivo, o playbook ofensivo da equipe é extremamente conservador no que diz respeito a corridas, especialmente usando seu QB. Isso é algo que se nota principalmente em conversões curtas: ao invés de deixar seu QB correr pelo meio, ou mesmo soltar seus RBs no meio da linha de scrimmage, ele tem um preconceito esquisito com isso, preferindo o passe ou pelo menos segurar seu QB apesar do seu time ser muito eficiente pelo chão em conversões de 2 jardas ou menos.

Em particular, a falta de agressividade do time é o que mais lhe atrapalha. Mesmo possuindo Cam Newton e um forte jogo terrestre, Ron Rivera é extremamente conservador convertendo jogadas assim ou mesmo chamando jogadas de passe, algo que não maximiza as chances da equipe. Por exemplo, vamos olhar o jogo contra Seattle, um jogo no qual o Panthers enfrentava um time superior que era claramente favorito, e portanto faria sentido ser mais agressivo e aproveitar cada chance. Nesse jogo, Carolina enfrentou cinco (ou seis, já chegamos lá) situações diferentes de 3rd ou 4th descidas para 3 jardas ou menos:


  • A primeira aconteceu logo no primeiro quarto: em uma 3rd and 2 no campo adversário (Seattle 41), Rivera chamou uma jogada de passe ao invés de uma corrida na tentativa de conversão - o passe foi incompleto, e a equipe chutou a bola na quarta descida. A decisão foi duplamente burra de passar a bola: primeiro, porque com o estilo e os jogadores da equipe, eles possuem muito mais probabilidade de converter essas 2 jardas pelo chão que pelo ar, e segundo que mesmo caso a terceira descida corrida falhasse, ela ainda tinha uma boa chance de encurtar a jogada seguinte para uma 4th and 1 ou 4th and inches, situações onde o Panthers é extremamente eficiente, e considerando a posição de campo, era uma conversão que tinha grandes chances de render pontos se concretizada. Ao invés disso, a burrice em chamar o passe e a covardia em não tentar 4th down possivelmente custou ao time uma boa chance de anotar pontos, especialmente no que era, repito, um jogo onde eram as zebras e deveriam ser agressivos.
  • No terceiro quarto, o Panthers enfrentou uma 3rd-and-1 no seu próprio campo (Carolina 31). Era uma situação claríssima na qual Cam Newton deveria correr: ele está 16-18 na sua carreira convertendo situações de corrida de uma jarda. Ao invés disso, Rivera continua com seu preconceito de não querer seu melhor jogador correndo com a bola, bem, correndo com a bola! Ele chama uma corrida lateral do seu fullback que não consegue a conversão, e o time vai (dessa vez corretamente, dada a posição de campo) para o punt, matando a campanha.
  • Ainda no terceiro período, o Panthers se ve em uma situação de 2-and-3 no seu próprio campo (CAR 38). A primeira jogada chamada é um passe lateral, incompleto. Na segunda, pela única vez no jogo, o Panthers chama uma corrida pelo meio de seu QB: 4 jardas e a conversão da descida para o Panthers. Quem diria, não?
  • Na sequência dessa mesma campanha (agora no quarto período), a equipe enfrenta uma 4-and-2 do meio do campo. Rivera imediatamente vai para o punt. Não foi exatamente a pior decisão do mundo porque a equipe estava ganhando 7-6, mas ainda tinha 15 minutos no relógio e, novamente, eles eram os azarões e ser agressivo poderia ter colocado a equipe em uma posição melhor. Mas aqui foi até que justificável.
  • Ainda no quarto período, o Panthers novamente se coloca numa 3rd-and-1. Novamente, Newton não é chamado a correr, mas pelo menos a jogada chamada é uma corrida com Mike Tolbert, que converte a jogada.
Ou seja, se você está acompanhando, não houve uma jogada que foi um erro gritante que custou ao seu time o jogo por parte de Ron Rivera. Mas é uma série de tomadas de decisões que não levam em conta as condições da sua equipe e que deixam de maximizar as condições de vitória do time. Não estou falando que se tivesse tomado as decisões corretas nessas duas primeiras jogadas teriam vencido o jogo, mas teriam se colocado em uma situação mais favorável, com maiores chances. Mas calma, fica pior. Essa semana, a equipe vencia o Bills por três pontos quando enfrentou uma 4th and 1 na linha de 21 jardas do adversário. Era o quarto período, 1:47 no relógio e o adversário tinha queimado seus três tempos, e Rivera se viu diante da seguinte opção: chutar um FG, aumentar a diferença para seis, mas dar ao adversário tempo de sobra para um TD da virada contra sua fraca secundária, ou então tentar converter uma situação na qual seu time é excelente e selar de vez a vitória com três ajoelhadas. Rivera obviamente escolheu a mais conservadora, chutando o FG e dando ao Bills tempo para anotar um TD da vitória... que de fato aconteceu! Então Rivera novamente tomou a decisão conservadora e que não levou em considerações as forças (jogo terrestre, QB excelente corredor, muito bom convertendo jogadas curtas) e fraquezas (secundária) da equipe, e foi castigado para isso. Mas o pior é que essa mesma situação exata JÁ TINHA ACONTECIDO ANO PASSADO!! No jogo contra o Falcons fora de casa, a equipe vencia e teve uma 4th and 1 no campo de ataque dentro do two-minute warning e que teria selado o jogo com uma conversão e três ajoelhadas. Ao invés de usar as forças da sua equipe e conseguir a conversão, ele optou por ser conservador, chutar a bola, e viu o Falcons marcar para um TD da vitória! Então não é como se Rivera estivesse enfrentando uma situação nova: ele já tinha enfrentado uma igual antes, e já tinha tomado a decisão conservadora que não maximizava as chances de vitória do seu time... e pela segunda vez, ele foi queimado. 

No caso do Bucs, é ainda mais ridículo porque quando falamos do Ron Rivera, pelo menos temos que dar uma peneirada e achar um tipo de situação (recorrente) na qual ele não está tomando as decisões ótimas que maximizam as chances de vitória. Quando falamos de Tampa Bay não, são situações óbvias de descontrole e estupidez individual que comprometem o resultado da equipe: na primeira rodada, uma falta pessoal de 15 jardas por atingir o QB fora de campo transformou o que seria um FG de 63 jardas (ou um hail mary, mas de qualquer forma, baixa chance de sucesso) em um de 48 jardas que acabou dando a vitória ao Jets. A equipe não foi brilhante, mas tinha uma chance de sucesso enorme no final, e só precisava manter o controle para não deixar escapar, mas um lapso de concentração ou de julgamento ou o que quer que seja colocou tudo isso a perder. No jogo contra o Saints, outro jogo perdido nos segundos finais por um FG, a equipe não teve nenhuma falta óbvia que resultou num FG como no último jogo... mas a equipe ainda totalizou 10 faltas para 118 jardas, totalizando agora 16 faltas para 163 jardas em dois jogos. Considerando que essa partida foi decidida por um FG nos segundos finais, acho possível supor que todas essas faltas fizeram muito para diminuir a pontuação esperada das campanhas da equipe.

Enquanto isso não é exatamente resultado de uma má decisão ou de um processo equivocado como é o caso do Rivera, isso também tem a ver com o técnico e com a cultura criada na equipe. Assistir jogos do Tampa é como assistir um time nervoso, o que não é uma surpresa considerando todas as histórias sobre como Greg Schianno é o técnico da NFL para o qual você menos iria querer jogar. O clima no vestiário não é bom, o que não surpreende dada a mania de Schianno de reclamar publicamente de seus jogadores, e quando nem ele tem confiança no QB da equipe dessa maneira, como você espera que o resto da equipe confie? Times da NFL costumam assumir a personalidade de seus líderes e/ou seus técnicos, e quando seu técnico age dessa maneira, não passa confiança e deixa todo mundo desconfortável, como você pode esperar que eles mantenham o controle no meio de um jogo crítico? Como eu disse nos previews de sexta feira, Schianno não é o pior técnico da NFL em termos de Xs e Os, mas talvez nenhum outro técnico esteja sendo tão prejudicial a sua equipe nesse momento. Nem mesmo Ron Rivera.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Palptes para a semana 1 da NFL

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Se perdeu os textos dessa semana, terça passamos por pontos interessantes da rodada e ontem comentamos o caso do New England Patriots para exemplificar porque nunca se deve exagerar na reação a primeira rodada

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Matthews recebeu quase a mesma multa por esse tackle/tentativa de 
homicídio que Frank Gore levou em Janeiro por jogar com a meia abaixada



Com esse post de sexta feira, terminamos nosso formato semanal, ou pelo menos o proposto em um primeiro momento. Como vocês talvez lembrem ou saibam, é minha primeira vez escrevendo para um portal de esportes, e então eu tentei criar um "formato" semanal para servir de teste nessas primeiras semanas. Então terça feira (eventualmente pode mudar para segunda, dependendo da opinião pública) é o dia que eu farei minha coluna sobre a rodada, ressaltando alguns pontos interessantes para a big picture da NFL que normalmente passam desapercebidos (ou são difíceis de serem observados, ou simplesmente que valha a pena repetir); quinta feira é o dia das análises, embora ainda esteja algumas rodadas a frente para termos dados o suficiente; e sexta feira vai ser o dia da nossa rodada de palpites para o resto da semana. Eventualmente, conforme a temporada for avançando e novos pontos interessantes surgirem, teremos alguns posts separados em outros dias. 

O post de sexta feira com os palpites não é bem novo, eu já  fiz isso ano passado. Para quem não conhece o formato, é simples: dou uma passada rápida por cada um dos 16 jogos, faço alguns comentários sobre os times e os jogos, e chuto um vencedor para a partida (de vez em quando até brincando com o spread de Vegas). Estou trazendo de volta para começar a temporada por que eu acho que esse formato tem alguns benefícios: ele é bom para quem não acompanha tão de perto a temporada e quer uma atualização rápida do que está acontecendo; ele é bom para dar algumas dicas de pontos interessantes de cada jogo para ficarem de olho; e talvez mais importante, ela é divertida de escrever, e espero que também seja divertida de ler. Como eu disse, esse formato é apenas um teste para ver se funciona. Então peço o feedback de vocês nesse sentido, se essas três colunas estão fluindo bem, se está cobrindo tudo de relevante, e se está divertido/interessante de ler. Eventualmente podemos modificar alguma coisa, mas preciso saber a opinião dos leitores. Aproveitem para deixar, então, seu feedback e seus palpites nos comentários.

Uma última explicação sobre o que é esse spread: é um tipo de aposta no qual os times possuem uma margem pela qual ele tem que ganhar (ou, no caso do time adversário, uma margem que ele pode perder). Então se ontem a noite a linha era Pats (-11.5), significa que eu posso apostar em Pats a -11.5 ou Jets a +11.5 - ou seja, adicione 11.5 ao total de pontos do Jets (ou subtraia do total de pontos do Pats) e ve quem ganharia esse jogo. Basicamente, o -11.5 indica que se eu escolher o Pats, ele precisa ganhar por mais de 11 pontos, e se eu escolher o Jets (+11.5), ele pode perder por até 11. Então vamos as apostas, e como sempre, time da casa em caixa alta.


PATRIOTS over Jets
Esse palpite estava na minha coluna de quinta feira com a seguinte explicação
"Por tudo que foi coberto acima, mais o fato de que o Pats joga em casa, que é o primeiro jogo noturno, o primeiro jogo fora de casa E o primeiro jogo televisionado nacionalmente de Geno Smith... e mais algumas coisas que ficam para a coluna de amanhã"
Então sim, eu tinha mais a dizer, especialmente sobre como o Jets não tinha sido tão bom assim ofensivamente para ganhar do Bucs e tudo mais, mas... Esse jogo foi tão ruim que não consigo.
Contra o spread: Jets (+11.5) over PATRIOTS - Imaginei que seria um jogo de poucos pontos, embora não esperasse tão ruim assim. Mas acertei as duas da noite.

Jogos de domingo e segunda

FALCONS over Rams
Entrei na temporada particularmente desconfiado desse time de Atlanta por conta de sua defesa que já não era muito boa e ficou ainda pior, e o Rams é um time sneaky-good que anotou 27 pontos em uma boa defesa de Arizona semana passada. E com essa linha ofensiva totalmente esburacada do Falcons, Chris Long e Robert Quinn vão passar o dia fungando no cangote do Matt Ryan como fizeram com Carson Palmer semana passada. Eu ainda não estou pronto para colocar Atlanta perdendo do Rams em casa, contra Sam Bradford em um Dome, em um ambiente fechado que favorece muito mais o estilo ofensivo da equipe da casa, mas esse jogo vai ser muito mais próximo do que as pessoas imaginam. Como podemos ver pela linha abaixo...
Contra o spread: Rams (+6.5) over FALCONS - Esse jogo está com cara daqueles "jogo apertado até o quarto período, time visitante passa na frente, mas o Falcons vira com uma campanha de Ryan nos últimos minutos" que a equipe patenteou ano passado. Não acho que o Falcons cubra esse.


RAVENS over Browns
Eu sinto muita pena do Browns, porque para mim é um time muito sólido que está a apenas um bom - não franchise, apenas bom - QB de ir aos playoffs. Por isso eu digo que é um dos times que mais tem a ganhar desse draft: se conseguir sair de lá com um dos melhores QBs de um draft particularmente profundo, consigo tranquilamente ver essa equipe nos playoffs em mais um ano. A defesa continua boa, mas Brandon Weeden... argh! Três interceptações, seis sacks, menos de 50% de aproveitamento nos passes, não conseguiu passar das 300 jardas mesmo lançando 53 (!!) vezes. Eu esperava uma evolução nesse ano, talvez o suficiente para se tornar um game manager capaz de proteger a bola e fazer a equipe ganhar uns 8 jogos, mas nada. Parecendo um bust colossal até aqui.
Enquanto isso, o Ravens teve suas fraquezas expostas em Denver, e certamente acho que a boa defesa de Cleveland vai conseguir limitar esse ataque de Baltimore (btw, quero muito ver se o Joe Haden vai ser sombra do Torrey Smith dessa vez), mas se o ataque continuar dando boas posições de campo para o adversário, nenhuma defesa do mundo seria suficiente.
Contra o spread: RAVENS (-6.5) over Browns - Eu fico inseguro pegando um spread razoavelmente alto em um jogo que eu espero que seja de um placar baixo, mas tudo que precisa para cobrir é um pick-6 em garbage time. 


Carolina over BILLS
Se tem uma coisa que chama minha atenção toda vez que assisto o Panthers jogar, é como eles são PÉSSIMOS em situações curtas. Parte disso é culpa do fraco Ron Rivera e seu coordenador ofensivo, que de alguma forma se convenceram de que não é uma boa idéia jogar em formações de option ou que envolvam seu QB correndo com a bola apesar de terem Cam Freaking Newton. Eles também são ridiculamente conservadores em situações de 4th and 1 e possuem uma tara esquisita por passes longos em 3rd and 1 ou 3rd and 2, inexplicavelmente considerando que se usassem direito seus RBs e Cam Newton, converteriam esse tipo de jogada 80% do tempo. É um dos motivos pelos quais a equipe é tão ruim na red zone e convertendo terceiras descidas, e não ajuda muito que a equipe não possua alvos decentes além de Steve Smith (eu gosto de Greg Olsen, acho uma boa válvula de escape). Junte a isso um QB que possui diversos problemas de precisão nos passes (a coisa que mais me impressionou no jogo contra Seattle foi justamente como os passes do Newton pareciam sempre estar indo no ponto aonde o WR estava, e não para o ponto para o qual estava correndo). Mas a defesa da equipe é bastante sólida, e Buffalo não é um time tão bom como pareceu semana passada (leia o post de ontem para os detalhes) e que está sem seus dois melhores jogadores da secundária, e jogo feio por jogo feio eu acho que o Panthers tem mais time.
Contra o spread: Carolina (-3) over BILLS - Se fosse 3.5 talvez eu pegasse Bills esperando um jogo feio e de placar baixo decidido por um FG nos minutos finais, mas sem o meio ponto, fico no melhor time.


BEARS over Vikings
O Bears é aquele time bom-mas-não-ótimo (mais ou menos como o 2012 Ravens, na verdade) que ninguém iria querer jogar nos playoffs e que pode facilmente pegar fogo nos playoffs e chegar ao Super Bowl (de novo, como o 2012 Ravens).  Eles não jogaram particularmente bem contra o Bengals na estreia, mas era contra um bom time e fora de casa, então tem isso. Mas não é esse o motivo pelo qual eu escolho o Bears aqui: é porque o Vikings foi MASSACRADO por um bom time do Lions rodada passada, embora o placar não reflita isso por diversas razões fora do controle de ambos os times.

Como o Lions fez isso? Colocando oito homens (não é um eufemismo, realmente eram oito boa parte do tempo) na linha de scrimmage para parar Adrian Peterson e desafiando Christian Ponder e vencê-los pelo ar jogando basicamente contra três jogadores na secundária. O resultado foi bem feio: três turnovers, dois fumbles, e uma absoluta incapacidade de converter qualquer coisa. Peterson abriu o jogo com uma corrida de 78 jardas (e TD) mas conseguiu apenas mais 17 o resto do dia, e Ponder não conseguiu fazer a defesa pagar ou abrir as coisas para seu MVP. E se vocês esperam que Chicago mude o que funcionou para Detroit, com Ponder jogando fora de casa e em um estádio aberto, é melhor pensar de novo.
Contra o spread: BEARS (-5.5) over Vikings - Meu editor me mata se eu não apostar no Bears. E o QB do Viks pode ter algo a ver com isso também.


PACKERS over Redskins
Apesar da derrota para um excelente time do 49ers, o Packers tem motivos para comemorar: sua defesa terrestre jogou muito bem contra um dos melhores ataques terrestres da NFL. Tudo bem, eles foram demolidos pelo ar, mas isso não é a red flag que parece: o Packers entrou morrendo de medo do jogo terrestre, dedicando jogadores extras a cada jogada para o jogo terrestre, o que ajudou a segurar o Niners a menos de 3 jardas por corrida. Mas o genial Jim Harbaugh já tinha antecipado isso, e deixou seu ataque aéreo dominar a partida. A secundária ainda vai receber Morgan Burnett e Casey Heyward de volta e eles provavelmente não vão se comprometer tanto com a corrida com um RG3 que parece com medo de sair do pocket, e Aaron Rodgers jogou muito bem contra uma defesa assustadora. Se essa defesa terrestre mantiver o ritmo, é uma fraqueza que desaparece. E ainda que RG3 tenha recuperado parte do seu mojo no segundo tempo do jogo passado, ele ainda está longe de ser aquele calouro do ano de 2012, e agora enfrentam um Packers puto da vida, em casa, sabendo que precisam ganhar para não cair atrás na corrida nessa NFC ridícula. Btw, subplot do jogo de segunda feira que passou desapercebido em meio ao ataque sensacional do Eagles: a defesa de Washington é bem fraquinha.
Contra o spread: PACKERS (-7) over Redskins - O Packers está sendo subestimado depois de perder fora de casa para um grande time na primeira rodada, é extremamente difícil jogar no Lambeau Field, e Aaron Rodgers ainda é o melhor QB da NFL. A linha é alta, mas o Packers não vai perder esse jogo.


TEXANS over Titans
Outra das overreactions mais comuns dessa semana foi de que o Titans era um bom time depois de vencer o Steelers. Eu confesso que não esperava, e a defesa (patética em 2012) foi bem contra um fraco (eu avisei!) ataque de Pittsburgh. Mas o ataque ainda foi muito mal, e o Texans é um time muito mais sólido e all-around do que os esburacados e em reconstrução Steelers. Ainda não estou pronto para achar Tennessee um bom time.
Contra o spread: Titans (+9) over TEXANS - Essa linha está MUITO alta para um time com um ataque pouco explosivo, baseado no jogo terrestre e que se sente mais confortável com placares baixos, especialmente depois de um jogo pouco convincente como o último Monday Night. A defesa da equipe deve ser suficiente para garantir a vitória, mas em um jogo de placar supostamente baixo, não me sinto a vontade pegando nove pontos de spread.


Dolphins over COLTS
Eu avisei antes da temporada que Indianapolis era um forte candidato a uma forte regressão, com uma fraca defesa e muitos fatores a seu favor que saíram do seu controle. Uma semana depois de quase ver Terrelle Pryor (Pryor!!) destruir sua defesa e quase sair com uma virada no quarto período antes de lançar uma interceptação fatal, eu diria que vi o que esperava ver da equipe. E enquanto o Dolphins foi bastante ajudado por Weeden na sua estréia, eu gostei do que vi dessa defesa, e Lamar Miller não vai correr para menos de 10 jardas todo jogo (ou seja, não precisam correr para pular da janela, fantasy owners que tenham pego Miller - eu quase fui um), especialmente contra essa defesa. Eu não me sinto bem escolhendo contra Andrew Luck em casa, mas eu estou confiante em mais um jogo feio e mais uma vitória feia dos Phins.
Contra o spread: Dolphins (+2) over COLTS - Um bom indício de que os números pessoais de Vegas também não são muito fãs do Colts é que estão recebendo um spread tão baixo jogando em casa.


CHIEFS over Cowboys
Eu adoro esse Chiefs, e eu também estou mais otimista do que a maioria com esse Dallas. Os dois vem de duas vitórias, embora Dallas tenha enfrentando um adversário melhor e dominado menos. Para mim são dois times muito sólidos, não espetaculares, e que podem brigar por vaga nos playoffs. O Chiefs tem uma defesa muito boa (pelo menos projeta assim) e um ataque sólido, mas conservador; Dallas tem um ataque explosivo mas instável. É realmente muito próximo, então vou dar a vantagem para o time que joga em casa, com a torcida fanática, que pode estar vendo seu primeiro bom time em anos.
Contra o spread: CHIEFS (-3) over Dallas - Essa linha abriu em -1 e chegou a -3 hoje na hora do almoço, um sinal de que ninguém realmente confia no Cowboys. Se essa linha fosse um pouco maior, eu iria no Dallas por ser o "seguro", mas apenas um FG é pouco.


EAGLES over Chargers
Philadelphia é o novo queridinho da NFL depois da estréia do ataque ultra-veloz de Chip Kelly. Não apenas pela sua enorme velocidade, mas sua imensa criatividade, imensa variação nas jogadas, formações malucas e ataque capaz de confundir qualquer tipo de defesa. Alguns pontos negativos e limitações desse tipo de ataque começaram a surgir no segundo tempo do Monday Night, como o cansaço (um bom ponto: em Oregon, o elenco de Kelly tinha uma profundidade de 80 jogadores, que permitia maior rotatividade  e jogadores mais "frescos") e dificuldade de comunicação, bem como as dificuldades de Michael Vick em um esquema que depende da leitura rápida e veloz tomada de decisões. Eventualmente, a NFL vai se acostumar com algumas das jogadas criativas de Kelly e esse ataque vai perder um pouco do elemento surpresa, mas para os times que estão tendo que enfrentá-lo com pouca experiência, o buraco pode ficar muito grande muito cedo.
Contra o spread: Chargers (-7) over EAGLES - Eu acredito que o Eagles se enquadra um pouco nos times que estão tendo um pouco de overreaction demais em relação a primeira semana: jogo veloz, muito criativo, muitos pontos, muito hype. Ainda assim, o Redskins jogou pessimamente na primeira semana, e não conseguiu de forma alguma controlar o relógio contra uma defesa suspeita da Philadelphia. Um pouco da piora do Eagles no segundo tempo pode estar relacionado a um ritmo menor e ao Kelly querendo esconder o playbook, mas defensivamente esse time foi exposto. A defesa de San Diego é melhor que a de Washington também, então vai exigir mais de Vick. Acho essa linha um pooouco alta demais.


Lions over CARDINALS
Eu gosto do Cardinals, eu realmente gosto. Eles anotaram, surpreendentemente, 24 pontos contra uma boa defesa de Saint Louis semana passada, e agora jogam em casa. Mas eu estou muito alto nesse Lions em 2013: eu os defendi veementemente antes da temporada começar, e defendo que eles foram o melhor time da semana 1 que ninguém prestou atenção. Eles seguraram Adrian Peterson a 17 jardas em 15 corridas depois daquele TD de 78 jardas, e embora Carson Palmer tenha melhores condições de jogar pelo ar que Ponder, o jogo terrestre de Arizona vai comandar muito menos respeito que Peterson, e a linha de frente do Lions é excelente. Ainda ta cedo para empolgar demais com Detroit, mas causaram uma boa primeira impressão.
Contra o spread: Lions (-1.5) over CARDINALS - Essa linha talvez seja a mais inexplicável da semana inteira. Não faço ideia como o Lions, mesmo fora de casa, está ganhando apenas um ponto contra o Cardinals. 


Saints over BUCCANNEERS
Eu ainda estou perplexo e tentando entender o que diabos Greg Schiano está querendo conseguir com sua campanha para destruir o Josh Freeman na mídia, chegando ao cúmulo de vir a público desmentir boatos de que ele teria forjado a votação do time para seu capitão para que Freeman não ganhasse (eu nem sabia que os boatos existiam, antes de mais nada). Embora seja fácil achar qualquer tipo de situação saindo de proporção na mídia, o fato é que nada que eu tenha lido sobre a relação de Freeman com seu técnico tenha me deixado minimamente otimista como um fã de Freeman e dono dele em um time de fantasy (que mesmo assim bateu recorde de pontos semana passada). E isso sendo que seu QB reserva é um calouro sem nenhuma experiência de NFL. Freeman precisa de uma mudança de ares, e Schiano de um terapeuta. Não consigo apostar num time assim.
Contra o spread: Saints (-3) over BUCCANEERS - Coloque as coisas da seguinte maneira: Greg Schiano não é o pior técnico da NFL em questões táticas e técnicas, mas talvez não tenha nenhum HC que esteja sendo mais prejudicial ao seu time nesse momento.


GIANTS over Broncos
Tirando Patriots, provavelmente os dois maiores avisos "WEEK 1 OVERREACTION" da NFL no momento estariam sobre esses dois times. Broncos foi fantástico com Peyton Manning, sem dúvida, mas todo mundo correu para coroar a equipe apesar de um primeiro tempo muito fraco da sua defesa, enquanto todo mundo correu para colocar o Giants na CFL depois de um jogo onde basicamente tudo deu errado para eles. Apesar dos problemas de David Wilson (e os problemas cardíacos de qualquer jogador de fantasy com ele no time), o Giants recuperou apenas ZERO dos cinco fumbles da partida, viu uma inteceptação maluca virar uma pick-six, e viu a defesa adversária anotar dois TDs a partir desses turnovers. Suficiente dizer, isso não vai acontecer todas as vezes, e isso obscurece um pouco o quão bom foi o ataque aéreo da equipe. Típico caso de overreaction a coisas um pouco fora do controle da equipe na primeira semana da NFL. Olhando mais de perto, esse parece o tipo de "zebra" que nunca foi de fato uma zebra: Champ Bailey e Von Miller continuam de fora, a defesa do Giants é muito superior a do Broncos nesse momento, e se o jogo terrestre do Giants conseguir encontrar um ritmo cedo no jogo e controlar o relógio (como o time gosta de jogar), eu consigo tranquilamente ver o Giants levando esse jogo. Não sei porque todo mundo está com tanta pressa para descartar o Giants, mas é minha "zebra que não é bem uma zebra" da semana.
Contra o spread: GIANTS (+3) over Broncos


Jaguars over RAIDERS
Yeah, Jacksonville foi péssimo na semana 1. Mas Blaine Gabbert saiu, Chad Henne entrou, e o Raiders ainda é um time ruim de futebol americano. Na verdade, Jacksonville também provavelmente é, mas eu acho que eles são melhores do que o Raiders mesmo jogando em casa. Pryor destruiu uma defesa realmente horrível de Indianapolis na primeira rodada, mas ele também cometeu um número enorme de erros básicos e me pareceu mais um QB divertido do que um QB sólido. Enfim, passem longe desse jogo, eu só vou falar dele porque estão me obrigando com uma arma na nuca.
Contra o spread: Jaguars (+5.5) over RAIDERS - Quando em dúvida, vá nos pontos.


SEAHAWKS over 49ers
O melhor jogo da semana, e talvez de toda a temporada, entre os dois melhores times da NFL. Para mim esses times estão absolutamente iguais, então vou de Seattle por três motivos: eles jogam em casa (e não tem home-field advantage maior em toda a NFL); a vitória é mil vezes mais "obrigatória" para o Seahawks do que para o Niners; e porque Anquan Boldin não vai receber 200 jardas todo jogo, especialmente no que me parece um matchup muito ruim contra uma secundária extremamente física do Seahawks. Sinceramente, esses são meus únicos motivos, não vejo um time melhor do que o outro. Melhor rivalidade da NFL na atualidade.
Contra o spread: SEAHAWKS (-3) over 49ers - 3 pontos é o "normal" de bonus que um time que joga em casa costuma ganhar. Em outras palavras, esse jogo realmente deve ser o mais apertado da rodada. No papel, anyway. E antes de apontar que Seattle dominou o último jogo entre os dois, vale lembrar que o pior jogo de Russell Wilson como profissional também aconteceu contra seus rivais da Califórnia.


BENGALS over Steelers
Eu não estava tão alto como a maioria no Bengals, achava que seria um bom time, sólido, mas muito menos espetacular do que todo mundo dizia. A defesa tinha um grande potencial de regressão (check), Andy Dalton continua não sendo um grande QB (check), e o time não possuía uma forma de fazer as defesas pagarem por se comprometerem demais com AJ Green (seja com o jogo terrestre ou outros recebedores - check e check). Então minha opinião do Bengals ainda é a mesma: sólido time, bom time, nada espetacular. Na verdade, essa pick é menos sobre o Bengals e mais sobre o Steelers, que perdeu talvez seu melhor jogador ofensivo (All-Pro Center Maurkice Pouncey), um titular defensivo (Larry Foote) e um dos seus RBs (LaRod Stephen-Howling) para lesões e para o IR, e isso vindo de uma performance realmente atroz contra o Titans. O jogo terrestre vai continuar sendo ruim - na verdade, ainda pior sem Pouncey - até pelo menos a volta do calouro Le'Veon Bell, e o resto do time simplemente não é bom o suficiente para compensar contra um bom time como Cincinnati. 
Contra o spread: BENGALS (-7) over Steelers - Um pouco alta a linha, embora isso não surpreenda: o ataque de Pittsburgh foi patético contra o fraco Titans. Não consigo ver esse jogo ficando perto a não ser que Ben Roethlisberger faça milagres.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Nunca exagere na reação a primeira rodada!

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Quem leu a nossa coluna de terça feira sobre alguns pontos de interesse da primeira rodada da NFL, provavelmente lembra que agora que estamos com maiores responsabilidades nesse blog, estamos procurando um padrão mais ou menos fixo semanal para falar da NFL. Terça feira ficamos com uma visão geral de alguns pontos importantes da rodada, e sexta provavelmente vamos voltar com nossos palpites para a semana, uma forma rápida de passar por todos os times e comentar alguns pontos menores que não valiam a pena ser citados de forma mais extensa. Isso ainda está na fase de testes, estamos usando o modelo para ver a reação das pessoas, se acham satisfatório, se acham que fica faltando alguma coisa, e por ai vai.

O de quinta feira, inicialmente, era para ser meu post de análise: pegar um tema e fazer uma análise aprofundada dele. O problema é que não da para fazer uma análise sem dados, e uma semana não oferece dado ALGUM para qualquer tipo de análise decente (sim, eu usei a palavra análise quatro vezes - agora cinco - em menos de um parágrafo. O momento exigia). Então já que para podermos fazer dessa coluna uma regular, com um certo padrão, vamos ter que esperar mais dados se acumularem e mais rodadas serem jogadas, queria aproveitar esse espaço hoje para falar do que eu costumo chamar de Overreaction Week.

Overreaction Week


Overreaction Week é o nome que eu dou, carinhosamente, a semana que se segue a primeira rodada da NFL, simplesmente porque é nessa semana onde todo mundo perde a cabeça e começa a tirar conclusões que chamar de "precipitadas" é um elogio. Todo mundo assiste aos jogos e usa os resultados como sendo um retrato fiel da temporada de cada time, ou de para onde os times estão se movendo em relação ao ano anterior.

O processo é, na verdade, bastante simples. Passamos sete longos e duros meses esperando sem NFL, apenas lembrando da temporada anterior e sonhando com a próxima. Passamos esses meses especulando, prevendo, palpitando e imaginando como cada time virá para um novo ano, com novos jogadores e tudo mais. Criamos, na nossa própria cabeça ou colocando num blog para todos os torcedores te xingarem depois, expectativas ou projeções para 32 diferentes times. E ai quando chega na primeira rodada, um time acaba se comportando - ou até mesmo o resultado acaba sendo - totalmente diferente do que você tinha imaginado na cabeça, e então você corre para substituir todo aquela imagem cuidadosa e gradual que você tinha lapitado por sete meses com base no resultado de um único jogo. E durante toda a semana, você passa a acreditar que aquele é de fato a verdade daquela equipe na temporada. Por isso, Overreaction Week, a semana que você passa com uma idéia exagerada de uma equipe baseada em apenas um jogo.

Os problemas óbvios com isso são os mesmos que estamos comentando desde que começamos nossa série de previews: um jogo é uma amostra extremamente limitada e viesada. Um time pode estar simplesmente em um dia bom, ou seu adversário em um dia ruim, ou vice versa. Um time pode dar azar ou sorte em uma série de pequenas jogadas (Dallas recuperando os cinco fumbles do jogo, alguém?), pode enfrentar um matchup que seja favorável ou não. Alguns jogadores terão performances totalmente fora da curva, outros vão demorar para engrenar. Alguns jogos são mais difíceis do que outros, e por ai vai. Colocando tudo isso em uma amostra grande o suficiente, essas coisas tendem todas a se normalizar, mas passamos 32 previews mostrando que uma temporada inteira não é uma amostra grande o suficiente. Se 16 jogos em uma temporada inteira as vezes apresenta uma série de fatores enganosos e que precisam ser observados com calma, o que dizer então de um único jogo? Zero.

Todo ano, a primeira rodada nos trás um certo número de overreactions, em geral com times que todos esperavam que fossem muito bons ou muito ruins. Esse ano, o que eu mais tenho visto é relativo ao New England Patriots, um dos eternos grandes times da NFL.

Você conhece a narrativa a esse ponto. New England Patriots, grande time, cinco títulos da AFC nos últimos 12 anos, liderado por um dos grandes técnicos e grandes QBs da história da NFL. Depois de uma offseason que viu seus três melhores recebedores do ano anterior deixarem o time - um foi para Denver, um foi para a cadeia, e um foi para o departamento médico - o Patriots entrou nessa offseason enfrentando algumas questões bastante sérias sobre seu ataque, em particular seu corpo de recebedores. MAs com Tom Brady segurando as rédeas e Bill Belichick no comando, todo mundo ainda botava alta fé na equipe, sempre um dos grandes candidatos ao título. Ou pelo menos era o que todo mundo achava antes da semana um, quando o Patriots foi até Buffalo enfrentar o Bills, um time que sempre tiveram grande sucesso... e quase que não escapam com a vitória. Buffalo chegou no final com o controle do jogo, e New England precisou de uma série de milagres de Tom Brady e Danny Amendola para conseguir sair com uma vitória muito magra por 23 a 21 nos segundos finais da partida. A vitória foi extremamente apertada contra um time ruim com QB calouro, e todo mundo logo correu para decretar o fim de New England. E por mais que eu saiba como quase todos os não torcedores da equipe adoram odiar o Patriots, eu preciso dizer: se você acha que o Pats acabou, você provavelmente nasceu de sete meses.

Primeiro de tudo, existem motivos legítimos para essa dificuldade de New England na primeira partida. Quando olhamos para a offseason do Patriots, vimos que eles passaram por algumas dificuldades: Wes Welker saiu da equipe, Brandon Lloyd não voltou e eventualmente aposentou. Mesmo com a chegada de Amendola, isso deixou a equipe extremamente magra na posição de WRs, algo que naturalmente iria exigir alguns ajustes do plano ofensivo do time. Mas um dos motivos que levou a equipe a observar isso sem fazer maiores movimentos na direção de compensar essas falhas foi o simples fato de que a equipe podia tranquilamente se dar ao luxo de reconstruir esse ataque em torno da sua dupla de tight ends, a melhor da NFL. Tanto Rob Gronkowski como Aaron Hernandez eram dois excelentes jogadores, versáteis e que poderiam executar diversas funções, danto ao Pats uma flexibilidade imensa na hora de montar suas jogadas. Com esses dois e um dos melhores QBs de todos os tempos, não havia urgência para ir atrás de novas peças. Ou pelo menos não tinha, até que o azar resolveu dar um tapa na cara da equipe: Rob Gronkowski precisou fazer mais duas cirurgias na offseason, atrasando seu retorno aos gramados, e Hernandez foi preso por estar ligado a pelo menos três (parece já chegar a cinco) homicídios diferentes, o que o torna o pior ser humano a jogar na NFL nos últimos anos. Em um piscar de olhos, o time se viu sem as duas peças que eram o centro de todo seu plano ofensivo para a nova temporada, com o draft e o grosso da free agency já no passado. E o time teve que se virar nessa situação, sem possuir um bom meio para adquirir novos jogadores.

Você provavelmente já sabe aonde vou com isso: no espaço de dois meses antes da temporada, o time teve que reconstruir praticamente todo seu ataque sem dois dos seus três principais jogadores. Sem condições de se reforçar antes da temporada começar sem se comprometer com trocas ou salários, todo o novo ataque do Patriots passou a usar jogadores em funções que nunca deveriam ter recebido, a contar com jogadores de special teams (Julian Edelman), calouros não draftados (Zach Sudfeld, Kendall Thompkins - que conseguiu a façanha de pegar apenas 4 das 14 bolas lançadas para ele), calouros suspeitos (Aaron Dobson) e caras de nome engraçado (Michael Hoomanawanui). Nenhum desses jogadores deveria estar tendo um papel importante em qualquer time da NFL, muito menos em um que briga pelo título. Ao redor de um bom núcleo, como complementos, tudo bem, mas sendo o foco das atenções? De jeito nenhum. Então quando consideramos isso, e que esse grupo teve que se reinventar DEPOIS dos problemas com Gronk e Hernandez, e que o playbook do Patriots é famoso por ser particularmente complexo... então não tem nenhuma surpresa para esses caras não terem demonstrado um bom futebol, especialmente na primeira semana.

Outra coisa que engana é o resultado final. Um 23-21, especialmente com a virada acontecendo nos minutos finais, implica em um jogo extremamente parelho, onde os dois times trocaram golpes e estiveram pau a pau até o final. Ou seja, implica que o Pats foi igual a um time fraco do Bills. Mas quando olhamos de fato para o jogo e para alguns detalhes, é fácil ver que esse resultado em especial foi motivado por diversos fatores além do controle da equipe. Em particular, precisamos olhar para os turnovers. A primeira vista, não tem nada de absurdo: New England cometeu três, Buffalo dois, e pronto. Mas não é tão simples assim. Primeiro, é importante lembrar como exatamente essas aconteceram, bem como as que deixaram de acontecer. Em particular, três lances chamam a atenção: primeiro, a interceptação de Tom Brady, em uma bola que foi desviada e sobrou nas mãos de um defensor; e depois, os dois turnovers de Buffalo que voltaram atrás, uma interceptação de EJ Manuel (que bateu no chão) e um fumble. Esses são três lances que foram decididos por muito pouco: por alguns centímetros a bola de Manuel não bate no chão, por alguns centímetros o fumble não é validado, e por pouco a bola de Brady não é desviada e vira apenas um passe incompleto. São três lances capitais - três turnovers - que foram decididos por poucos centímetros, e nos três casos a "sorte" foi para o Bills.

Mas talvez ainda mais importante, a chave para entender porque o resultado final parece pior do que foi de fato foram os dois fumbles de Buffalo. O primeiro aconteceu com Stevan Ridley: o Patriots estava em field goal range quando Ridley sofreu um fumble, que foi retornado para touchdown. Eu já disse isso antes, mas para relembrar, é importante ter em mente o quanto isso depende de sorte: recuperar um fumble (com todos os fatores incluidos) depende muito mais de sorte do que de habilidade - a chance é 50/50 - e transformar um turnover em touchdown também é algo que depende muito mais do acaso do que da capacidade de um time. Então considerando que esse evento sozinho gerou uma diferença de 10 pontos - o FG que o Pats deixou de fazer, mais os sete do TD - é uma diferença considerável num jogo tão apertado, não? E ai chegamos ao segundo fumble: um snap equivocado em um 4th and 1 na linha do goal desenhado para ser Brady pegando a bola e indo em frente. Nas últimas 19 vezes que o Patriots executou essa jogada específica, o time e Brady converteram 18 dessas. 18-19!! Mas dessa vez, por acaso, o snap falhou, Buffalo recuperou, e evitou tomar sete pontos. Então é verdade que Buffalo recuperou apenas 3 dos 5 fumbles do jogo, não sendo particularmente sortudo nesse aspecto. Mas quando consideramos as situações específicas de cada fumble - um retornado para TD, outro salvando um TD que tinha 94.7% de chance de acontecer - eles representaram basicamente um swing direto de 17 pontos. Como esse 23-21 parece agora? O Patriots mostrou problemas e não jogou particularmente bem, mas o resultado final dificilmente mostra a história do jogo e dos times.

Isso não é para dizer que o Patriots não tem problemas: possui vários. Seu RB mais completo, Shane Vereen, está fora por pelo menos 10 rodadas; Danny Amendola deve ficar machucado por mais 2 a 6 semanas; Gronk ainda não tem data para voltar; e já cobrimos a tremenda falta de bons alvos ofensivos anteriormente - eu sei que alguns jogadores não draftados acabam dando certo na NFL (Arian Foster, Miles Austin, Kurt Warner), mas em geral, eles não foram draftados por um motivo. Então esses problemas são bastante reais, e diminuem um pouco do favoritismo de New England na divisão e na conferência. Mas se olhando para apenas esse primeiro jogo, com todos esses fatores, você correu para descartar o Patriots em 2013, é melhor pensar de novo. Um bom conselho de regra geral para a primeira semana.

Palpite para o jogo de quinta feira a noite


PATRIOTS over Jets
Por tudo que foi coberto acima, mais o fato de que o Pats joga em casa, que é o primeiro jogo noturno, o primeiro jogo fora de casa E o primeiro jogo televisionado nacionalmente de Geno Smith... e mais algumas coisas que ficam para a coluna de amanhã. Mas...
Contra o spread: Jets (+11.5) over PATRIOTS - Essa linha está um pouco alta demais para mim, Pats está sem três dos seus quatro melhores jogadores ofensivos, seu melhor WR ativo pegou apenas 4 de 14 passes semana passada, seu segundo melhor WR ativo viveu quaes toda sua carreira nos special teams, e o Jets é melhor do que algumas pessoas pensam. Essa linha está alta demais.