Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

A revanche e o Super Bowl

Tom Brady entrando no estádio para enfrentar o Giants no Super Bowl


Quando os confrontos de Final de Conferência foram definidos, tínhamos dois confrontos que dariam histórias na midia que iriam alem do jogo. O primeiro seria uma reedição do Harbowl, o duelo entre San Francisco 49ers e Baltimore Ravens, dos técnicos John e Jim Harbaugh. Mas por mais que fosse interessante a história dos dois irmãos se enfrentando no Super Bowl, essa história nem de longe seria tão interessante como o duelo New England Patriots e New York Giants e a revanche pelo famoso Super Bowl XLII.

Claro, é fácil e até clichê falar que o jogo é uma revanche quando são os mesmos times. Se Niners e Broncos chegassem nesse Super Bowl, muita gente iria falar que era a revanche do Super Bowl XXIV, quando Joe Montana, Jerry Rice e o melhor time de futebol americano a pisar nessa Terra meteu 55 a 10 no Denver Broncos de John Elway. Não importa se passaram mais de 20 anos, não importa se os times são totalmente diferentes dentro e fora de campo, os jogadores mudaram, a cartolagem... Enfim, são times totalmente diferentes dos que se enfrentaram naquele Super Bowl (uma boa parte dos jogadores de ambos os times sequer assistiu àquele jogo), mas como as Franquias são as mesmas, logo iriam aparecer histórias sobre uma possível revanche (Curiosamente, o mesmo Elway que tomou uma surra naquele jogo é o mesmo GM do Broncos na atualidade. Talvez pra ele esse jogo fosse uma revanche, mas pra quem está em campo? Nunca).

Nem preciamos ir mais longe, pense em Steelers e Cardinals no Super Bowl XLIII. Se esse ano o Kevin Kolb baixasse o santo e levasse o time ao Super Bowl contra os Steelers, seria realmente uma revanche? Faz apenas três anos, mas aquele time do Cardinals  não existe mais, os únicos jogadores importantes que continuam no time daquela final são Larry Fitzgerald e Darnell Dockett, todo o resto daquele excelente time (Kurt Warner, Anquan Boldin, Antrell Rolle, Carlos Dansby) já não está mais lá. Pros torcedores poderia ser uma revanche, pela proximidade, mas será que seria assim pra jogadores que não fossem Larry e Dockett? Será que Kolb, Patrick Petterson, Kerry Rhodes e muitos outros encarariam isso com tanta motivação assim? Claro, eles poderiam ter um ânimo extra pela Franquia, mas duvido que eles pessoalmente encarassem isso como uma revanche de vida ou morte. Se estivessemos falando de uma reedição da Final Packers e Steelers do ano passado, onde a maior parte dos jogadores de ambos os times esteve lá, seria um caso totalmente diferente: Os jogadores que iriam jogar sentiram na pele o que era ganhar ou perder o grande jogo ano passado, e iriam querer vencer a todo custo pra repetir ou não a experiência. Os jogadores não estariam alheios ao primeiro jogo, eles estavam profundamente envolvidos, e por isso o jogo teria tanta significância. Mas não um Steelers e Cardinals, onde a grande parte dos jogadores mudou.

Alguns poderiam até falar que isso também se aplica a esse jogo. Afinal, grande parte dos jogadores finalistas de 2007 não estão mais nesses times atuais, que são dois times que passaram por reconstruções consideráveis desde então. O Patriots de Randy Moss, Teddy Bruschi, Rodney Harrison, Junior Seau e Donte Stallworth não existe mais - entre seus poucos sobreviventes estão Tom Brady, Wes Welker, Kevin Foulk, Vince Wilfork e Matt Light. O Giants manteve Eli Manning, Osi Umenyora e Justin Tuck, mas não tem mais Amani Toomer, Plaxico Burress, Jeremy Shockey, Antonio Pierce nem Michael Strahan. Os times sofreram mudanças, então podem dizer que também não é uma plena vingança.

Esse poderia ser o caso, mas temos que levar em consideração duas coisas. Primeiro, que na posição mais importante da Liga, os jogadores são os mesmos, Brady e Manning. O mesmo se aplica aos técnicos, Tom Coughlin e Bill Belichick, que também se enfrentaram naquele Super Bowl. Esses dois - Quarterback e técnico - são as principais fontes de liderança de um elenco, e pelo fato de não terem mudado, o que eles passarão aos seus companheiros será as lembranças daquele jogo. Mas mais importante que isso, não pode ser esquecido o peso imenso que aquele jogo teve, o peso do contexto histórico para ambas as equipes comparável aos Super Bowl I (O jogo que iniciou a era do futebol americano) e o Super Bowl IV (Quando Joe Namath e o Jets venceram os favoritos Colts).

O Patriots era então o time invicto, 16-0 na temporada regular (Com um tabela bem difícil que incluiu Colts, o segundo melhor time da Liga; Dallas, o terceiro; Steelers e, claro, o eventual campeão Giants). Aquele time tinha um orgulho do tamanho do universo, e aquele Super Bowl e a chance de conseguir o primeiro 19-0 da história da NFL eram uma oportunidade absolutamente histórica. Aquele era o time do Patriots que seria para sempre marcado na história, que tinha batido todos os recordes, que nenhum time seria capaz de vencer, o orgulho máximo de uma cidade extremamente orgulhosa. E na final, o patinho feio Giants, que teve uma temporada regular muito ruim do Eli Manning mas que nos playoffs estava jogando fora de controle (num bom sentido), tendo vencido já os dois melhores times da NFC, Packers e Cowboys. E no que deveria ter sido o momento da glória máxima daquele time, o Patriots perdeu o Super Bowl para o Giants, destruindo o sonho de invencibilidade daquele time, estragando uma temporada impecável da equipe e jogando todos aqueles sonhos pelo ralo. Uma derrota, mesmo num cenário tão importante como o Super Bowl, é algo que acontece com qualquer um. Derrotas vem e vão, e raramente isso é pessoal. Envolve muitas coisas, como frustração, decepção, a dor de ter chegado tão perto... Mas não uma vergonha, uma humilhação. 

Mas aquele jogo foi diferente. Aquela derrota não foi apenas uma derrota e a frustração e tristeza pela perda de um título. Aquilo FOI pessoal, aquilo pro Patriots foi uma marca negra na história, possivelmente o momento mais doloroso da história da Franquia, ter o seu orgulho despedaçado daquela maneira, os seus sonhos de grandeza (porque não existe time mais megalômano e com mania de grandeza no século XXI do que o Patriots) destruídos por um time que não tinha sido nem metade do que eles tinham sido naquele ano. A derrota, pro Patriots, não foi só uma derrota, foi uma humilhação, e isso ficaria pra sempre marcado como a mancha negra da história da Franquia. E quando surgiu a chance de enfrentar o Giants no Super Bowl, claramente o Patriots só tinha olhos para aquele jogo. Não faria a menor diferença se o adversário do Giants fosse o pior time da NFL e que se esse time fosse pro Super Bowl o Patriots venceria com o time reserva... O Patriots queria o Giants, porque uma vitória contra esse time era a única maneira de apagar aquela mancha negra da sua história. ERA pessoal. Ao perder um jogo de Super Bowl, normalmente a maneira de se redimir é ganhando outro e apagando as lembranças da derrota e conseguindo seu objetivo. O Patriots não queria um título - porque um título não seria suficiente. Era preciso que fosse contra o mesmo time que tirou do Patriots aquele título. Era TOTALMENTE  pessoal. E o fato de Brady e Belichick serem os líderes desse time só contribuiu para isso.

Então sim, isso será uma revanche em todos os sentidos possíveis. Pra dois caras tão competitivos como Brady e Belichick, esse jogo vale a vida. E de certa forma, tudo conspirou a favor do Patriots pra esse momento - nenhum time da NFL teve tanta sorte ao longo do ano como o New England Patriots. O Patriots tinha, como muita gente já desconfiava antes da temporada, um ataque infernal liderado por Brady (que pra mim é o melhor QB da NFL na atualidade) e uma defesa fraca, cheia de furos, e que tomou canseira de diversos times fracos. Só que o Patriots teve uma grande vantagem na sua tabela para essa temporada, uma tabela ridiculamente fácil de forma que o Patriots, que terminou 13-3 a temporada regular e com o melhor record da AFC, conseguiu isso sem vencer um time sequer que tivesse acima de 8-8. As únicas partidas contra esses times do Patriots no ano - Steelers e Giants - foram duas derrotas doloridas onde o Patriots claramente foi dominado. Mas como foram as únicas, o Patriots ainda conseguiu o melhor record da conferência e o mando de campo nos playoffs em uma AFC que já era bastante fraca.

Chegando nos playoffs, com a vitória do Texans sobre o Bengals  no Wild Card, parecia que o Patriots iria enfrentar novamente o Steelers, o pior matchup possível pra o Patriots no universo conhecido e um time que tem o número do Patriots, sabe como enfrentar Brady e que, mesmo todo quebrado e desfalcado, pra mim ainda ia ser um adversário muito difícil. Tudo que o Steelers precisava fazer era vencer o Broncos pra ir jogar em New England, mas a gente sabe o que aconteceu: TEEEEEBOOOOOOOW!!! O tremendo azarão Denver Broncos venceu o Steelers em Mile High e tirou dos já fracos playoffs da AFC o time que mais incomodava e assustava o Patriots e time com maior chance de derrotar os campeões da AFC East. Na Final de conferência, o Pats enfrentou o Ravens - um time que joga muito melhor em casa do que fora - em casa graças ao seu record de 13-3 e venceu o jogo graças a um drop na End Zone do Lee Evans e um Field Goal grotesco do Billy CundiffFoi o primeiro time acima de 8-8 que o Patriots venceu (embora seja verdade que foi um jogo no qual o ataque do Patriots jogou particularmente mal), contou com uma boa dose de sorte e com o mando de campo, e venceu.

O que não quer dizer que o Patriots seja um time ruim. Pode não ser um time pra ir ao Super Bowl num ano normal (pra mim não é), mas esta lá e seria idiota descartar uma vitória desse time, especialmente porque o Tom Brady vai entrar babando sangue pra conseguir sua vingança, o ataque é infernal e ninguém mais tem Rob Gronkowski. A secundária do time é uma peneira e o time ainda sente falta de um Wide Receiver que jogue nas laterais e estique o campo, mas a linha de frente do Pats está jogando muito bem, conseguindo fazer um bom trabalho contra as corridas e pressionando o Quarterback (o segredo pra recente melhora da defesa do Pats), e o trio de Welker-Gronk-Aaron Hernandez é um pesadelo pelo interior. O Pats é um bom time e sempre que você tem Brady, você tem uma chance.

Se enquanto tudo deu certo para o Patriots essa temporada, o Giants fez um caminho diferente, com o ano começando cheio de lesões, vários jogadores importante perdendo tempo significativo da temporada para se recuperarem e até algumas lesões para a temporada. O time também perdeu o Tight End Kevin Boss e o WR Steve Smith na offseason e não trouxe ninguém para tapar o buraco. Eu até escrevi, antes da temporada começar, que não acreditava que o Giants tivesse chances de ganhar a divisão, imagina então chegar ao Super Bowl destruindo meu sonho no cam... Enfim, chegasse ao Super Bowl. Sim, eu admito que disse isso, podem jogar na cara que eu sou o maior pé frio de 2011/2012 (Embora eu ainda ache que esse palpite precipitado era totalmente justificável após as lesões do time: A defesa perdera vários playmakers e o ataque nunca tinha se mostrado capaz de carregar o time sozinho por uma temporada. É claro, eu não contava com o incrível salto de produtividade do Eli Manning, nem que o Victor Cruz ia emergir como um dos melhores WRs da NFL, nem que o Jason Pierre-Paul ia se tornar esse monstro tão cedo. E mesmo assim o time terminou 9-7, o que eu achava que nunca iria ganhar essa divisão - eu nunca achava que Eagles E Cowboys terminariam juntos abaixo de 10 vitórias. Ou seja, eu tenho defesa. Ainda que tenha sido karma o fato de que meu Niners perdeu exatamente para eles. Eu vou me afogar e já venho).

Mas o Giants deu a volta por cima, conseguiu um bom record pra começar, foi esmagado numa sequencia brutal de Niners-Saints-Packers, se recuperou vencendo o Dallas, tentou sair dos playoffs (com aquela derrota pro Redskins) e conseguiu uma boa sequência pra terminar a temporada e ir aos playoffs... Pra pegar fogo contra um dos dois melhores times da Liga (Packers), dominar os atuais campeões com um jogo terrestre funcional e parecer que era o melhor time do mundo. Na semana seguinte, o Giants jogou um jogo extremamente físico e difícil contra o meu Niners, e teria perdido pra uma defesa dominante se não fossem dois fumbles Daquele-Que-Não-Deve-Mais-Ser-Nomeado e uma boa dose de sorte. Então não da pra falar exatamente que o Giants teve total controle da sua temporada, time contou até um pouco de sorte ao longo da temporada, mas pegou fogo na hora certa (no final da temporada) e contou com o talento individual de alguns jogadores (e eles tem mais jogadores assim que o Patriots) e alguma dose de sorte pra ir ao Super Bowl. Parece familiar? Pense no Patriots: Sorte ao longo da temporada, um bom time, pegou fogo na hora certa, e deveria ter perdido a final de conferência não fosse uma certa dose de sorte (e uma dose de competência junto - ninguém chega ao Super Bowl de graça). Então não é a toa que não estamos exatamente extremamente animados pra esse Super Bowl: O Pats é o melhor time da AFC, mas não é uma máquina como era, digamos, em 2007. E o Giants é um time bipolar que é o terceiro ou quarto melhor time da NFC (o que não é exatamente ruim, a competição na NFC esse ano tava fora de série).

Aliás, um parênteses aqui sobre o jogo contra o Niners, pra não falarem que estou apenas falando bem do meu time. O 49ers dominou completamente o Giants no segundo tempo e o Giants não ganhou porque Manning jogou melhor que Alex Smith (não jogou, ainda que seja um QB melhor). O Giants ganhou porque ganhou a batalha dos turnovers com os dois fumbles Daquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado e porque nas duas vezes que o Eli Manning deixou uma bola pendurada para uma facílima interceptação dois defensores do Niners trombaram no ar e não pegaram a bola (Na segunda delas, inclusive, numa 2nd and 15 logo após o  primeiro fumble quando o jogo estava 14-10 e o Giants estava na linha de 25, causou a lesão do ótimo Tarrell Brown, que saiu machucado e não voltou mais... E na jogada seguinte (3rd and 15) o Eli Manning acertou um passe pra TD em cima do Tramaine Brock... Que claro, entrou no lugar do Brown pra essa jogada). Então sim, o Niners jogou UM POUCO melhor que o Giants, controlou o segundo tempo e deveria ter ganho aquele jogo não fosse essa sequência bizarra de eventos. Dito isso, eu fiquei impressionado com o Manning. Não por ter jogado bem (ele não jogou... Mas também não jogou mal, vale notar), mas porque quem viu ele no passado lembra que ele frequentemente colocava a sua proteção pessoal das pancadas acima da capacidade de completar passes. Nesse jogo? Ele aguentou tanta pancada só para poder ter um segundo a mais para lançar passes (o mais importante deles naquela 3rd and 15 descrita acima, onde ele levou um capacete no meio do peito) que eu fiquei surpreso dele estar de pé no final do jogo. Mas ele em nenhum momento trocou um passe completo por um osso inteiro, jogou que nem homem, e de uma vez por todas ganhou meu respeito. Ele jogou que nem um QB campeão de Super Bowl. E aposto que isso - pra coroar sua incrível volta por cima essa temporada - era o que faltava pra ele estar pronto pra enfrentar Brady domingo.

Então é, são esses times. Não é o melhor Super Bowl em termos de representantes (preferiria um Saints-Pats, Packers-Pats ou qualquer cenário que tivesse o Niners) e de qualidade, mas... Sério... Existe alguma história de Super Bowl que não envolva o Tim Tebow melhor do que "Pats e Giants, revanche de 2007, Tom Brady procurando vingança e Eli com a chance de ganhar mais títulos que seu irmão"?? Acho que nem "Brady vs Drew Brees/Aaron Rodgers pelo título de melhor QB da NFL", "Ravens e Pats, John e Jim" ou nenhuma outra seria tão empolgante como a possível vingança daquele 18-1. Uma vitória do Patriots NUNCA vai apagar o que eles perderam em 2007 ou a marca negra que eles sofreram na sua história. Nada vai apagar isso. Mas conseguir o quarto título de Brady/Belichick, vencendo o Giants, no estádio do maior rival (Colts) contra o irmão mais novo do maior rival de Brady(Peyton Manning)?? Não vai chegar mais perto do que isso. Do outro lado, uma derrota aqui vai ser o trauma final do Patriots, vai sacramentar de vez a importancia daquela vitória em 2007 e colocar Eli Manning num patamar ainda maior. Eu não poderia estar gostando mais de um clima pré-Super Bowl que não envolvesse o meu Niners. Eu tenho que assistir a esse jogo. Eu TENHO que assistir a esse jogo. Vocês não conseguirão me manter longe da TV com um taser!


Dentro de campo, acho que todo mundo sabe o que esperar. A secundária do Giants não vai conseguir conter o ataque aéreo do Patriots, mas como está ficando mais e mais claro (e logo vai ganhar um post) o segredo pra ter sucesso na defesa nessa era que facilita o passe, mais do que ter uma boa secundária, é saber pressionar o QB, e o Giants faz isso melhor do que qualquer time na Liga sem ter que recorrer a defensores extras. A chave do jogo é a forma como o Patriots vai conseguir controlar essa pressão. O Packers perdeu pro Giants porque a pressão do Giants foi tão dominante que obrigou Rodgers a ficar com os olhos na linha de scrimmage ao invés da secundária. O Giants dominou Alex Smith no final da partida porque em todo play action ele tinha como primeira preocupação não sofrer um sack e um fumble. Se o Giants conseguir impor o seu pass rush pra cima da linha do Pats e entrar na cabeça do Brady, forçar descidas longas e não deixar o QB do Pats estabelecer um ritmo, então o Giants está 90% do caminho rumo ao título.

Claro que o Patriots tem que fazer de tudo pra evitar que isso aconteça, e infelizmente pra eles isso passa pela saúde do Rob Gronkowski. O Gronkowski tem sido um grande mistério, não treinou durante boa parte dessas duas semanas, e agora começou a treinar leve. Não da pra saber como ele estará no dia do jogo, mas com certeza ele irá jogar porque sua presença em campo é crucial. Sem ele, o jogo aéreo do Pats perde o seu principal alvo e ai a falta de um Wideout vai aparecer ainda mais (a não ser que o Chad Ochocinco jogue que nem em 2007... Ah, isso não vai acontecer mesmo), diminuindo as opções confiáveis do Brady, tirando o principal alvo de Red Zone da equipe (num jogo onde anotar TDs ao invés de FGs será  mais importante ainda) e aumentando o tempo que Brady terá no pocket pra procurar um alvo... O que facilitaria muito a vida do pass rush do Giants. Igualmente vai ter um grande efeito no jogo corrido do Pats, outra arma importante contra o pass rush do Giants. Gronk é um bom bloqueador e se ele não jogar o jogo terrestre do Pats perde força, e correr com a bola, tirar um pouco as mãos do Brady e colocar o time em conversões menores (que possam ser resolvidas com passes curtos e rápidos) vai ser importante pro time de New England. Se eles conseguirem correr bem com a bola, eles vão manter o pass rush do Giants esperto, tirar pressão do Brady e até aproveitar o play action. Mas se ele não jogar, tudo isso vai pro espaço, e o Pats não pode deixar. Com ou sem Gronk, o jogo terrestre vai ter que aparecer pra manter o ataque do Pats no controle do jogo. O pass rush do Giants em 2007 foi a grande arma do time no Super Bowl, e agora pode ser o fator de desequilibrio do jogo novamente.

Pro Giants, a situação não é mais como  naquele jogo histórico, enfrentando um time muito melhor e favorito, tendo que jogar como azarão pra conter o poder de fogo do adversário. O Giants de agora é um timão, tem totais condições de jogar de igual pra igual com o Patriots e ganhar um jogo de placar alto (o que seria impossível em 2007). O Giants tem que continuar fazendo o que tem dado certo no ataque - correr com a bola, explorar a velocidade do Cruz em jardas após a recepção e as rotas longas do Hakeem Nicks, pressionar o QB - e  não sair da sua zona de conforto. Pra mim o Giants é um time um pouquinho melhor - a defesa tem uma identidade e tem mais condições de ganhar um jogo sozinho (muito superior a uma unidade do Pats que não compromete pelo chão mas não faz nada pelo ar, muito longe da definição de "dominar jogos"), e seu ataque é completo e explosivo, e ainda que não tenha Tom Brady o desnível não é grande - e por isso o spread (Giants -3,5) faz sentido.

No entanto, pensem um instante no lado subjetivo. O Patriots tem a chance do que mais perto chegaria de uma revanche pela maior derrota da história da Franquia, está jogando contra o mesmo Giants que roubou seu sonho de 2007, e se tem um Quarterback que é competitivo o suficiente pra cometer múltiplos homicídios pra vencer um jogo desses (e passar isso aos companheiros) é Tom Brady. Some isso ao fato de que o Patriots está jogando essa temporada em homenagem à mulher do dono do time, Myra Kraft - não é apenas uma homenagem vazia, os jogadores citam isso nas entrevistas, falam com orgulho da falecida Sra. Kraft e realmente se importam com isso. É, assim como a temporada 19-0 era, um motivo de orgulho para o time. E também o é vencer essa partida. O Patriots tem muito mais em jogo do que um título de NFL, e você não conseguiria encontrar um time mais motivado em toda a NFL. Eu não sou louco de apostar contra um Patriots assim. Nenhum outro jogo poderia criar um clima semelhante ou tamanha motivação. Eu não vou perder esse jogo por nada. Domingo, 21h estarei na frente da televisão assistindo à história sendo feita. É pra isso que eu assisto esportes, e esse capítulo será bom como nenhum outro.

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