Um resumo do quarto período do Jogo 1
Ok, era pra ter saido terça, mas um dia dos namorados e uma prova atrapalharam. Então acabou saindo um pouco depois do que eu pretendia. Mas vamos a isto.
Bom, agora vocês já sabem o que eu acho do Boston Celtics, e do que ele significou pra NBA de 2008 até a derrota pro Heat na semana passada. E vocês sabem exatamente o que eu penso do Thunder e da forma como eles lidaram com o Spurs, que eu acreditava ser um dos melhores times da NBA desde 2001 mas que foram engolidos por um time do Thunder que finalmente encontrou a forma certa de jogar. Então sem prolongar muito, o que eu penso do Miami Heat?
Alias, antes de responder, queria deixar registrado o absurdo que foi o Pat Rilley ganhando o prêmio de "Executivo do Ano" em 2011. Sim, ele juntou Lebron James, Dwyane Wade e Chris Bosh no mesmo time... Mas ele não teve nenhuma influência nisso! Os três já tinham decidido jogar juntos em 2010 muito antes da Free Agency e que seria em Miami, que convenientemente passou o ano todo fazendo trocas absurdas pra limpar teto salarial para a Free Agency (o suficiente pra assinar três dos cinco mais cobiçados Free Agents do ano, quando podiam ter seriamente brigado pelo título daquele ano caso tivessem tentado e que se não tivessem assinado com ninguém além doWade eles teriam um time fraquíssimo pelos próximos anos... Eles agiriam assim se não tivessem alguma garantia de que sairiam com algo grande da Free Agency? Hmm...). Uma vez que Wade, Lebron e Bosh assinaram com o Heat (Sinto muito, eu preciso colocar esse link aqui), eles foram atrás de Role Players pra colocarem em volta do seu Big Three. Esse era o verdadeiro trabalho do Rilley ano passado, colocar ao redor do Big Three (que se montou sozinho) um elenco de apoio bom o suficiente pra ganhar o título. Ele acabou assinando Udonis Haslem, Zydrunas Ilgauskas, Mike Miller, James Jones, Eddie House e Joel Anthony... Por 20 milhōes por ano, sendo que os contratos de Haslem (4,6 milhōes), Miller (6,4 milhōes) e Anthony (3,8 milhōes) vão até 2015. Em outras palavras, o Rilley teve um único trabalho em 2010 - montar um elenco em volta do Big Three - e saiu pagando 20 milhōes por ano pra cinco jogadores que dificilmlente jogariam mais de 15 minutos por jogo (juntos) em outros times da Liga. E ganhou o Executivo do Ano. As vezes, eu não entendo a NBA.
Mas enfim, o Heat montou seu novo time em volta do Big Three de Wade, Lebron e Bosh seguindo o molde do Celtics de 2008: Um trio de estrelas cercadas de role players e veteranos, com uma defesa muito forte e cujo ataque era baseado no talento individual de suas estrelas e improvisação. Mas o Heat tinha duas diferenças muito importantes pro Celtics de 2008. A primeira, e mais óbvia, era que as tres estrelas do Celtics eram jogadores que já tinham passado do auge, acima dos 30 anos, caminhando pro final de carreira. O Heat tinha seus três jogadores no auge da carreira e da capacidade física, o que obviamente era uma grande vantagem. Mas o que acabou sendo o mais problemático pro Heat era outra coisa: Enquanto Ray Allen, Paul Pierce e Kevin Garnett tinham jogos com características diferentes que se complementavam e tornavam mais fácil a tarefa de montar um time em volta deles, o Big Three do Heat é composto por tres jogadores muito parecidos e com as mesmas características, tornando muito mais dificil montar um time em volta deles.
Tanto Wade como Lebron e Bosh eram jogadores que gostavam de jogar com a bola nas mãos o tempo todo, criarem o próprio arremesso e jogarem próximo do aro. Não eram grande chutadores, não eram grandes defensores de garrafão, e a montagem desastrada do resto do elenco pelo Rilley deixou o time com algumas lacunas importantes: Falta de chutadores de três pontos confiáveis (os melhores, Miller e Jones, não podem jogar longos períodos sem comprometer em diversas outras áreas), faltava defesa de garrafão, era um time muito baixo e que tinha uma certa dificuldade pra pegar rebotes. Enquanto o Heat teve alguns problemas durante sua primeira temporada pra achar a melhor forma de jogar em volta dos seus craques (não achou até agora, embora tenha ajudado que o Bosh tenha se transformado num excelente arremessador de meia distância), o time chegou nas Finais simplesmente porque tinha talento demais no seu time - e perdeu justamente porque não tinha uma identidade nas Finais, porque foi dominado no garrafão pelo Tyson Chandler e porque os role players não apareceram para jogar (e sim, porque Lebron sumiu da face da terra e preferiu tocar de lado todas as bolas ao invés de ir pra cima do JJ Barea).
No segundo ano do Big Three, o Heat pouco mexeu no seu elenco além e trazer o Shane Battier (Bom jogador, ajudou, mas não era exatamente o que o Heat mais precisava), ficou claro que a preocupação não era arrumar o elenco ao redor do Big Three, e sim achar a melhor forma de jogar com as peças que tinham e tirar o máximo de Wade e Lebron. E pra mim, essa foi a grande questão do Heat desde o começo: Todo grande time na NBA tem uma identidade e uma hierarquia estabelecida. O Heat não tem nenhuma.
Em 2011, o Heat era um time mais perigoso quando Wade era o alpha dog do time, tinha mais tempo com a bola nas mãos e era o principal jogador do time, enquanto o Lebron era o facilitador, fazia todo o trabalho sujo. Naquele verão, Lebron se reinventou como um Pippen 2.0, defendendo quatro posiçōes, fazendo o trabalho sujo, voando pela quadra pra roubar bolas e jogando com uma intensidade impar. Lebron era o melhor jogador do time (e da NBA), mas o time era do Wade. Wade era o líder, era o Wade que os jogadores respeitavam mais, era ele quem ditava o ritmo do jogo, era o exemplo dele que eles seguiam. A enorme competitividade do Wade foi o que contagiou o time, e era ele quem os jogadores esperavam que tomasse conta do jogo. Por exemplo: Em Janeiro, estava em Miami e, por milagre, consegui ingressos pra ver Heat vs Bucks. E o que mais me impressionou foi como a torcida idolatrava o Wade! Era impossivel achar uma camisa do Wade na loja do estádio - estavam todas esgotadas. Toda vez que o Wade tocava na bola, a torcida levantava. Toda vez que o Wade fazia uma jogada, a torcida ia à loucura. Por mais que o Lebron fosse o melhor jogador (e terminou com 30-8-7 aquele jogo), aquele time claramente era do Wade (28-6-6). E adequadamente, Lebron foi quem dominou o jogo todo, mas foi Wade quem assumiu o controle do jogo quando o Bucks virou no quarto periodo. Foi pra ele que a torcida gritou MVP (Esse me surpreendeu, confesso) quando foi cobrar lances livres. Esse era, inclusive, meu maior argumento contra Lebron pra MVP em 2011: Ele era o melhor jogador da Liga, ok, mas como ele podia ser o jogador mais valioso da Liga quando nao era nem o melhor jogador do seu próprio time?
Mas ai chegou os playoffs, e Lebron assumiu o comando do time pelas primeiras rodadas. Ele quem engoliu o Celtics e o Bulls (sua série contra o Bulls foi fantástica, ele destruiu o MVP da Liga defensivamente e fez o que quis ofensivamente), acertou bolas de três de onde quis e levou o time nas costas. Ai chegamos na Final, Wade subiu uma marcha e Lebron desapareceu da face da terra... E o Mavs venceu o Heat, ainda que Miami fosse mais time e provavelmente nunca teria vencido se não tivesse acontecido com Lebron o que aconteceu (e até hoje não tem explicação - não foi que ele jogou mal, ele simplesmente se escondeu do jogo, se recusou a atacar a cesta e preferiu ficar tocando de lado pra companheiros mediocres e pra um Wade cada vez mais sobrecarregado).
Ai chegamos em 2012, e o Wade começou o ano machucado (Alias, ele não tem sido o mesmo desde que se machucou no jogo 5 das Finais)... E o Lebron assumiu o papel de Alpha Dog da equipe, teve um começo de temporada absolutamente fantastico considerando que estamos numa temporada de 66 jogos em 120 dias, levou o time nas costas e pela primeira vez foi um lider dentro do Heat. Mesmo quando Wade voltou, limitado, Lebron continuou a ser o principal jogador do time, liderou por exemplo e acabou jogando ainda melhor no ataque do Heat de 2012 (Menos jogadas, mais improviso), e ganhou o MVP com toda justiça.
Mas ainda assim, o Heat não se mostrou em nenhum momento um time definido. Eles tem muito talento, tem um jogador historicamente bom que está no seu auge e parece finalmente estar abraçando o papel de lider da equipe, mas não parece um time que está com a mindset definida. Se o Thunder não tem a confiança e experiência de quem já foi campeão uma vez e conhece o caminho das pedras, o HEat também não. Mas o Thunder é um time que já tem uma identidade, sabe exatamente quem é, qual sua melhor forma de jogar, o que fazer quando não está conseguindo se impor e que confia no seu jogo. É um time sólido psicologicamente, que aceita momentos ruins e confia no seu jogo, e que sabe aproveitar quando está quente. Ao contrário do Heat, eles tem uma mentalidade definida e sabem como reagir a cada situação dentro do jogo, favorável ou não. O Heat não, eles ainda parecem perdidos dentro de um jogo. Quando focados e quando as bolas dos coadjuvantes caem, o Heat aproveita o momento e sabe dominar a partida. Mas quando as coisas começam a sair do plano e o adversário começa a se impor, o Heat parece perdido, abandona seu plano de jogo, para de fazer o que estava funcionando e começa a jogar de forma precipitada, forçando o jogo. Ou seja, ainda não está com aquele nível de confiança e autocontrole que o Thunder atingiu contra o Spurs. E pra mim, isso pode fazer toda a diferença.
Na verdade, pra mim, Thunder e Heat estão, em termos de basquete, em um nível muito próximo. Tem Lebron de um lado e Kevin Durant do outro, Wade contra James Harden, Chris Bosh contra Serge Ibaka e o Russell Westbrook de coringa. Ok, o Thunder talvez seja um pouco melhor por ter um time mais completo e um banco melhor, mas o Heat tem um teto mais alto com Wade/Bosh/Lebron. Se vão ser capazes de aproveitar isso ao máximo, não da pra saber. Mas na média, não vejo esses times com uma diferença significante a ponto da diferença de qualidade ser o fator decisivo da série. Pra mim, o que vai ser decisivo nessa série vai ser qual time será capaz de lidar com a pressão, com o palco das Finais, com as inevitáveis mudanças de momento que esses jogos vão sofrer e especialmente com as derrotas e vitórias. Ou seja, o mais importante pra mim vai ser como cada time responde às adversidades, qual time consegue jogar seu melhor basquete consistentemente, aproveitar os melhores momentos e manter a calma quando estiver num momento desfavorável. Na verdade, esse foi o determinante do jogo 1: O Thunder não perdeu a calma quando estava atrás (tirando meia dúzia de jogadas sem cérebro do Westbrook, mas isso faz parte do pacote, você aprende a viver com elas quando ele faz 27-8-11 num jogo de Finais), continuou pressionando, até que conseguiu impor seu estilo de jogo, as bolas do Westbrook começaram a cair e o time apertou na defesa. Ou seja, conseguiu mudar o estilo do jogo e transformá-lo a seu favor. E nesse momento, o Heat perdeu a calma. Parou de se movimentar sem a bola ofensivamente, começou a insistir ainda mais em isolaçōes e com isso errou mais, e o Thunder aproveitou isso pra calma e eficientemente abrir vantagem. Ano passado, o Bill Simmons nas Finais comparou o Heat ao Mike Tyson: Enorme, fiscamente intimidante, capaz de se impor facilmente, ou pelo menos até que o adversário ficasse sob controle e o acertasse um soco na boca. Foi exatamente isso que o Thunder fez, acertou um soco no Heat quando assumiu o controle do jogo e o Heat se acuou.
Taticamente, não sei exatamente dizer pra onde essa série vai do jogo 1, especialmente porque muitas coisas que aconteceram dificilmente vão se repetir. Thabo Sefolosha dificilmente vai repetir o jogo ofensivo que teve no segundo tempo do Jogo 1(embora sua defesa espetacular em Wade e Lebron não seja novidade pra quem veio acompanhando os playoffs e viu o que ele fez com Tony Parker e Kobe Bryant). James Harden dificilmente vai ter um impacto tão pequeno. Wade tem jogado mal a pós-temporada inteira (tirando dois jogos contra o Pacers) e ta chutando menos de 40%, mas sempre pode explodir a qualquer minuto. Battier não vai acertar tantas bolas longas como no primeiro tempo, e talvez não erre tanto como no segundo tempo. Alias, esse foi o segredo do Jogo 1: O Heat dominou o primeiro tempo porque Mario Chalmers e Battier tavam engolindo o Thunder de fora do garrafão, com muito espaço. O Thunder travou o Heat no segundo tempo porque diminuiu esses espaços, mas também porque as bolas longas do Heat simplesmente pararam de cair, e ai o time não soube adaptar a nenhum plano B além de isolar Wade e Lebron sem sucesso.
O que a gente pode dizer é o panorama geral das séries. Muita gente achou (ate certo ponto, corretamente) que o Heat deveria acelerar o ritmo do jogo pra evitar colocar seu ataque estagnado de meia quadra contra a boa defesa do Thunder e seu forte garrafão defensivo. Isso deu certo durante algum tempo, mas depois começou a jogar contra Miami por um simples motivo: O Thunder é o unico time talvez em todos esses playoffs capaz de bater de frente com o Heat (talvez até superá-lo) em capacidade atlética. O Heat sempre foi dominante quando conseguiu acelerar o jogo e ganhar dos adversário nas pernas (especialmente usando sua agilidade e força fisica na defesa pra conseguir roubos), mas o Thunder sabe fazer isso quase tão bem quanto. O Thunder no segundo tempo apertou a defesa, usou a capacidade física dos jogadores pra conseguires roubos e demoliu o Miami em contra ataques, especialmente quando o Heat começou a aumentar a velocidade e também aumentou seu numero de erros. Então ainda que o Heat não possa aceitar um ritmo lento demais que faça seu ataque estagnado enfrentar a defesa forte do Thunder, o Heat tem que tomar cuidado pra saber a hora certa de forçar o ritmo (especialmente jogando nos contra ataques vindos de roubos de bola, não transformando qualquer posse num contra ataque com pura velocidade. O Heat fez isso muito bem contra os velhotes do Celtics, mas o Thunder tem capacidade pra acompanhar).
Além disso, o maior problema pro Heat são os matchups e as diferentes lineups que esse confronto vai exigir. O Heat é relativamente flexível, pode jogar diferentes estilos, mas não tem depth suficiente pra ser tão efetivo quando varia tanto. O Thunder gosta muito de usar um small-ball com Westbrook, Harden, Derek Fisher ou Sefolosha, Durant e Ibaka/Nick Collison, abusar do pick and roll e impor sua força ofensiva. O Heat tentou contra-atacar essa lineup com o seu proprio Small Ball, as vezes com Bosh ou Haslem de pivô, outras com os dois juntos... E foi um desastre. Bosh e Haslem não conseguiram fazer frente ao Thunder no garrafão fisicamente, foram dominados nos rebotes e ambos erraram mais rotaçōes defensivas nesse jogo do que o Bobcats, o que facilitou demais o Westbrook a usar suas infiltraçōes pra achar companheiros livres (Isso pode parecer um understatment, mas o Thunder MASSACROU o Heat dentro do garrafão, e o principal motivo foi a incompetencia defensiva do Heat la dentro). Quando o Thunder cresceu, o Heat tentou usar Wade de PG e Battier mais tempo em quadra, mas ele tomou uma surra do Durant. Se tentar reforçar o garrafão defensivo com Anthony, o Thunder praticamente ganha um Ibaka livre pra cobrir Wade e Lebron. Em outras palavras, o Heat tem a flexibilidade suficiente em Wade e Lebron pra jogar qualquer estilo de jogo, mas todos eles possuem algumas falhas que o Thunder pode ser capaz de explorar por ter maior qualidade nos reservas. Foi assim com Collison dominando o Heat no garrafão (vai ser um fator importante na série, btw), Sefolosha se movimentando sem a bola e ninguém acompanhando, e por ai vai.
Em outras palavras, o Heat não pode ganhar do Thunder em profundidade do elenco, e nem qualidade dos coadjuvantes. Se o Heat quiser ganhar, tem que ser na qualidade individual das suas estrelas. Wade precisa sair da sua má fase e voltar a ser dominante criando para si mesmo e os outros. Lebron tem que continuar a sequência dominante que terminou a série contra o Celtics - não foi tão bem no jogo 1 como seus 30-9-4 indicam, embora isso seja mais mérito da defesa do Thunder e do Sefolosha e da incapacidade dos seus companheiros de aproveitarem as chances livres de cesta que ele cria com suas infiltraçōes (embora ele tenha tido alguns pontos quando o jogo ja tava decidido, só fez uma cesta em todo o quarto período e tenha errado quase todos seus arremessos de media ou longa distancia). Bosh não pode viver das bolas de três como ele pegou mania nos ultimos jogos, tem que abrir espaço com seu arremesso de meia distância e jogar de costas pra cesta em cima do Ibaka (Um dos jogadores que mais cai em pump fakes em toda a NBA), usar seu arsenal todo e se impor de tal forma que o garrafão do Heat pense duas vezes antes de correr pra ajuda quando Lebron e Wade infiltrarem.
Mas infelizmente pro Heat, eles não podem fazer isso sozinhos. Ok, as vezes podem, como no Jogo 5 contra Boston, mas não vai ser sempre, muito menos 4 vezes em 6 jogos. Mas eles PODEM ser dominantes a ponto de controlarem a série por causa do seu imenso talento - se receberem a ajuda necessária. Pra Wade e Lebron terem espaço e tranquilidade pra abusarem das suas infiltraçōes (especialmente se os arremessos não estiverem caindo - não tem caido) que geram muitos pontos, faltas e passes para companheiros livres, os coadjuvantes do Heat tem que acertar suas bolas, partir pra cima, e causar preocupação suficiente pra defesa do Thunder pra que eles não possam congestionar o garrafão e dobrar a marcação. E esse é o maior problema do Heat (E um dos principais motivos pra eles ainda não terem uma identidade e uma mindset definitiva pra quem quer brigar pelo titulo): Como Wade e Lebron tem estilos muito iguais, eles dependem um pouco demais de Role Players medíocres. Se você tem Battier, Haslem, Chalmers, Miller e esperar deles uma boa defesa, poucos erros e que eles saiam do caminho dos seus craques (e no caso do Miller, algumas bolas de três quando estiver jogando em casa), você espera exatamente o que eles tem a oferecer todas as noites. Mas se está esperando arremessos de fora num alto nivel, roubos de bola frequentes, cobertura no garrafão pra Durant e Westbrook e 25-30 pontos por noite, então você está pedindo um pouco demais de um grupo tão limitado. Lebron e Wade precisam que esse grupo acerte arremessos de meia e longa distância (contra um time que tem capacidade atletica suficiente pra evitar que os arremessadores tenham tempo demais antes de alguem fechar a marcação) e cubram o altissimo numero de jogadores capazes de pontuarem em bom nivel do Thunder (Que Wade e Lebron nao podem marcar sozinhos), então você ta com problemas. Eventualmente, eles podem ter jogos que façam tudo isso e o Heat seja imbatível (primeiro tempo do jogo 1), mas essa é a questão: Você não pode contar com isso toda as noites (especialmente fora de casa num lugar tão intenso como OKC). É um bônus além do que eles oferecem, e o Heat precisa desse bonus.
Por outro lado, o Thunder quer dos seus role players EXATAMENTE o que eles oferecem: Boa defesa (Sefolosha e Collison são dois dos defensores mais underrateds de toda a NBA e serão dois fatores muito importantes), que se movimentem sem a bola (um dos maiores problemas do Heat quando o time fica nervoso: eles param de se movimentar sem a bola, o que tira demais o poder de fogo do ataque) pra perto da cesta, espacem a quadra, um jogo físico (especialmente no garrafão, e que possam executar mais de uma função dentro de quadra. Se eles tem jogos ofensivos superiores, acertam muitas bolas longas, criam seus próprios arremessos... Isso tudo é um lucro. Mas a questão é que o Thunder não precisa disso pra executar seu plano de jogo. Ajuda, sem dúvida (ontem por exemplo eles tiveram alguns bônus, embora o Harden não vá jogar tão mal a série toda), mas nao é tão necessário, eles são capazes de aproveitar o que eles efetivamente tem de forma muito mais eficiente. Talvez por isso eles tenham uma identidade e um padrão definidos, e possam se controlar tão bem em quadra. Quando o Heat ganha o "bonus" dos seus role players, isso permite que Wade e Lebron liberem ainda mais suas habilidades, e nesse caso o teto do Heat é ainda maior que o do Oklahoma City (também acho que o Heat tem uma capacidade de ter um jogador com um jogo monstro que transcende estratégias ou defesas maior que o Thunder), o Thunder consegue aproveitar melhor suas capacidades com maior frequencia porque depende menos de fatores mais inconstantes e imprevisíveis. E por isso eles tem uma pequena vantagem sobre o Heat, dai meu palpite - Thunder em 6 ou 7.
Ainda assim, não da pra exagerar o que aconteceu no jogo 1. O Heat tem muito que pode adaptar pra um próximo jogo - Lebron marcando Durant, embora essa seja uma faca de dois gumes (Durant é muito menos eficiente marcado por Lebron, mas se Wade continuar nessa má fase, o Heat não pode se dar ao luxo de ter um Lebron esgotado no final dos jogos, e não tem mais ninguém no Heat capaz de marcar KD) e deva ser usada apenas em certos momentos das partidas, mudar as formas de defender o Pick and Roll, maior proteção no garrafão (Sefolosha e Collison tiveram facilidade demais), entre outras. O Thunder também tem que envolver melhor Harden na partida e se preocupar mais com o Westbrook forçando arremessos de meia distância quando eles não estão caindo. Ou seja, ainda tem muita coisa pra acontecer, e eu realmente espero que tenhamos 7 jogos nessa série simplesmente pra ver Lebron e Durant jogando um contra o outro.
Um último parênteses sobre essa série. Pra quem ela é mais importante, Durant ou Lebron? Depois que foi pra Miami, Lebron tem enfrentando mais criticismo que provavelmente qualquer outro atleta da história graças à Internet. Ele foi criticado por ir pra Miami jogar com seu maior rival e um dos melhores jogadores do mudo ao invés de tentar vencê-lo e consolidar seu status como o melhor jogador e Alpha Dog da Liga (não tem nada de errado com essa decisão, mas eu como fã de basquete não consigo perdoar. Ele basicamente tinha três escolhas em 2010: Lealdade (Cleveland), dinastia (Chicago) ou imortalidade (New York)... E escolheu "ajuda". De um certo ponto de vista, não tem nada de errado com isso, ele não é obrigado a nada. Do meu como fã de basquete, eu não consigo perdoar que ele nunca vá realmente impor todo seu talento e dominar a Liga. No fundo, quem perde somos nós, especialmemte porque Wade x Lebron era uma das rivalidades mais legais da NBA). Ele teve que sofrer com a fama de amarelão depois das Finais de 2011 (Indefensáveis) e ao longo de toda a temporada 2012, mesmo ele tendo no currículo performances clutch sensacionais nos playoffs (E uma que está entre as maiores de todos os tempos na NBA, seu jogo 5 contra Detroit em 2007), por exemplo destruindo o Bulls e o Celtics em 2010 e levar um time medíocre de Cleveland nas costas por cinco ou seis anos. E embora tenha três MVPs e tenha dominado a Liga por tanto tempo, ele continua sofrendo com críticas por seu desempenho porque ele não tem um anel, simplesmente porque é divertido ter vilōes em esportes e principalmente porque ele não corresponde às espectativas que todos tinham pra ele por conta do seu incrivel talento, de ser o centro de uma dinastia, ganhar vários títulos e dominar a Liga sem deixar nenhuma margem pra dúvida - como nós esperamos que ele faça, mesmo que ele não queira ou naão tenha o DNA pra isso. Ele precisa de um anel em grande estilo pra conseguir o respeito que merece e calar os críticos, e ganhar aqui contra seu maior adversário dos ultimos anos seria o melhor para ele finalmente firmar seu status no topo da NBA. Ele nunca vai atingir as espectativas que criamos pra ele, mas ele não precisa - ele só precisa de respeito. Mas mais uma derrota aqui, e ele vai receber ainda mais críticas, vai ser pintado ainda mais de amarelão e não decisivo... E isso só vai parar quando ele ganhar um título.
Tangente rápida: Na história da NBA, apenas Larry Bird, Magic Johnson, Michael Jordan, Kareem Abdul-Jabaar, Bill Russell, Wilt Chamberlein e Moses Malone (e agora Lebron) ganharam três MVPs em quatro ou cinco anos anos (no caso do Moses). Excelente companhia, já que eles estão entre os 15 maiores jogadores da história da NBA (E na minha opinião, Jordan, Russell, Magic, Bird e Kareem são os cinco maiores em alguma ordem - essa é a minha). E todos eles - sem excessão - ganharam pelo menos um título nesse tempo. Sem querer colocar mais pressão nem comparar Lebron com nenhum desses jogadores, mas é verdade.
Ja Durant, ao contrário de Lebron, não tem nada a perder se não conseguir o título... Mas e se ganhar? Ele foi vice-MVP dois anos seguidos, foi cestinha da Liga três anos seguidos e tem tudo pra ser pelos próximos cinco, está desenvolvendo seu jogo numa velocidade alucinante (Esse ano ele começou a defender melhor do que nunca, evoluiu como reboteiro e ainda se tornou muito bom em achar companheiros livres quando a marcação aperta), se tornou um monstro em quartos períodos nesses playoffs e, se ganhar aqui, vai ter também um título sobre um time do Heat muito bom (e com Lebron no seu auge), um possível MVP das Finais e vai ser a âncora de possivelmente a próxima dinastia da NBA... E ele tem apenas 23 anos. Com 23 anos, se ele mantiver o nível do Jogo 1 pelo resto da série e terminar com algo como 35-8-4, 52% FG, dominar quartos periodos, vencer o duelo com Lebron e ganhar um título... Ele praticamente já é um dos 50 maiores jogadores da história da NBA por qualquer cálculo. Como eu disse, ele tem muito menos a perder que o Lebron, mas dada sua idade, adversário e potencial desse time do Thunder pelos próximos anos, um título do Durant aqui pode ter um peso historicamente para sua carreira ainda maior que um do Lebron. Como se o duelo Lebron-Durant precisasse ficar mais interessante...
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