Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Análise do Draft da NFL - NFC South


Sim, Cam Newton, você vai jogar NESSE time


Finalmente chegamos ao final da nossa análise do Draft. Sim, ela foi longa, extensa e os textos foram ainda mais longos e extensos (Acho que ninguém aqui tinha esperanças do contrário), mas a NFC South realmente vai ser a última. Na verdade era pra ter sido a NFC West, só que como vocês talvez lembrem o blogger avacalhou duas vezes meu post sobre a NFC South, de forma que decidi deletar o 'post' antigo e começar outro do zero. Mas tudo bem, vamos ver afinal o que teve de tão interessante na NFC South, que não foi pouco.



Carolina Panthers
Nota: C+
Escolhas:
1st round, 1st pick:  Cam Newton, QB, Auburn
3rd round, 65th pick: Terrell McClain, DT, South Florida
3rd round, 97th pick: Sione Fua, DT, Stanford
4th round, 98th pick: Brandon Hogan, CB, West Virginia
5th round, 132nd pick, Kealoha Pilares, WR, Hawaii
6th round, 166th pick, Lawrence Wilson, LB, Connecticut
6th round, 203rd pick, Zachary Williams, C, Washington State
7th round, 244th pick, Lee Ziemba, OT, Auburn
Análise: Finalmente o time com a primeira escolha em todo o Draft, Carolina Panthers. Com essa escolha, o Panthers podia seguir por vários caminhos, mas acabou seguindo a primeira regra não escrita do Draft da NFL: Nunca deixar passar um Franchise Quarterback. O Panthers não tinha um, e quis usar sua primeira escolha pra pegar o seu Franchise QB no Cam Newton. A pergunta que fica aqui, portanto, é simples: O Cam Newton é realmente um Franchise QB?

Essa pergunta a gente não pode responder de cara, pelo menos não até ele ter algum tempo de Liga. O Cam Newton não é um jogador polido e refinado com o Sam Bradford ou até mesmo o Andrew Luck, ele é um jogador muito talentoso, tem um físico incrível e tem potencial saindo pelo teto, mas que ainda é um pouco cru demais e que tem algumas questões quanto à sua personalidade e sua dedicação. Existem muitos jogadores que entram assim na NFL que dão errado, cheios de talento e potencial mas muito crus que não se dedicam o suficiente, não treinam, não tem uma boa ética de trabalho, nunca desenvolvem suas habilidades e não dão em nada, talvez o melhor exemplo disso seja o Jamarcus Russell. Eu acho que o Newton parece mais o Vince Young que o Jamarcão, o que não é uma boa comparação se você olhar os resultados. O Young era incrível no College, muito talentoso, na NFL teve algum sucesso porque era muito bom, mas brigou com técnico, não treinou tanto quanto devia, nunca foi o líder que deveria ser e agora é um reserva no Eagles. O Cam Newton tem chance de seguir por esse caminho, está longe de ser um cara confiável e eu acho que ele não valia uma primeira escolha de Draft. O time precisa desesperadamente reforçar o miolo da sua defesa (e da sua linha defensiva), tanto que pegou dois DTs nas rodadas seguintes, podia facilmente ter pego o Marcell Dareus, uma escolha mil vezes mais segura.

Ainda assim, o time também pode ter se dado bem no Draft. Existem também vários QBs com essas características que acabaram evoluindo e dando muito certo na Liga, se tornando jogadores de destaque e etc. O Newton pode dar certo, pode realizar seu potencial e ser um Franchise QB, e aí o Panthers vai ter feito a escolha certa. A gente realmente só vai poder dar nota pra essa escolha quando ver o que o Newton vai fazer nos profissionais. Tudo que a gente pode fazer agora é palpitar sobre se o risco que o Panthers assumiu gastando sua escolha numero 1 no Cam Newton valeu a pena. Pra mim, não valia a pena, e por isso a nota baixa. Pode me fazer queimar a lingua em uns dois anos...



Atlanta Falcons
Nota: B
Escolhas:
1st round, 6th pick:  Julio Jones, WR, Alabama
3rd round, 91st pick: Akeem Dent, LB, Georgia
5th round, 145th pick, Jacquizz Rodgers, RB, Oregon State
6th round, 192nd pick, Matt Bosher, K, Miami
7th round, 210th pick, Andrew Jackson, OG, Fresno State
7th round, 230th pick,  Cliff Matthews, DE, South Carolina 

Análise: O Falcons é o típico time que foi bem na temporada passada, tem um time completo, bem montado, e que por conta da sua boa campanha não tem escolhas altas de Draft. Mas ao invés de usar suas escolhas de forma segura para reforçar o elenco, o Falcons preferiu arriscar e realizar uma troca bombástica: Trocou suas escolhas de primeira, segunda e quarta rodadas desse ano, mais as de primeira e quarta rodadas do ano que vem com o Browns pela escolha de primeira rodada deles, a sexta no geral, e draftar o WR Julio Jones.

O Falcons arriscou bastante e teve que pagar um preço alto por isso, cinco escolhas é bastante coisa. O Falcons foi um bom time, muito arrumado, mas que tem algumas deficiencias, como a secundária e o pass rush, além do problema com a profundidade do grupo de WRs. Cinco escolhas - sendo duas de primeira rodada - é muita coisa, da pra pegar jogadores titulares que entrariam e melhorariam várias áreas carentes desse time, trocar a chance de corrigir todas as fraquezas do time por uma escolha alta é um grande risco, ainda mais com a Free Agency sendo posterior ao Draft. Mas nesse caso em particular, eu achei que foi um risco muito bom.

O Falcons teve um problema sério com seus WRs na temporada passada. O ataque era muito bom, tem um QB jovem e promissor, um dos melhores WRs da Liga, um RB fora de série e o melhor TE da história da Liga (Velho, mas tudo bem), mas o ataque esbarrou na falta de outro WR pra tirar a pressão do Roddy White. O time perdeu a chance de adicionar alguns role players, mas a recompensa foi um tremendo WR, explosivo, atlético e que tem tudo pra ser um excelente nº2 pra tirar a pressão do Roddy White e do Tony Gonzales nas rotas curtas. O preço foi muito alto, sim, mas o Falcons entendeu que podia ser um time muito mais forte se elevasse seu ataque a um outro nível e confiasse na sua defesa do que se simplesmente colocasse alguns role players, corrigisse as falhas em menor nível e esperasse alguns anos até que seus jogadores tenham se desenvolvido. O time sabe que pode ganhar agora e quer ganhar agora, e eu achei que nessa perspectiva valeu o risco da escolha do Julio Jones.

Além disso, o Akeem Dent também é um jogador pronto pra entrar e jogar, que tem um bom físico e ainda pode se desenvolver mais. Ele vai trazer mais profundidade e atleticismo pro corpo de linebackers do time, é um híbrido que faz bem as duas funções e provavelmente vai ter espaço no time. O time arriscou e se saiu muito bem, nesse caso valeu a aposta.



New Orleans Saints
Nota: A
Escolhas:
1st round, 24th pick:  Cameron Jordan, DE, California
1st round, 28th pick:  Mark Ingram, RB, Alabama
3rd round, 72nd pick: Martez Wilson, LB Illinois
3rd round, 88th pick: Johnny Patrick, CB, Louisville
7th round, 226th pick, Greg Romeus, DE, Pittsburgh
7th round, 243th pick, Nate Bussey, LB, Illinois
 
Análise: Numa divisão onde os outros times decidiram apostar nesse Draft, o Saints não foi excessão. Ainda que não tenha sido uma aposta tão alta nem tão arriscada, o Saints trocou sua escolha de segunda rodada desse ano e a de primeira rodada de 2012 com o Patriots por uma das suas escolhas de primeira rodada, e com ela pegou o Mark Ingram. O preço foi relativamente alto, praticamente uma escolha de segunda rodada, mas o Saints não se importou, e fez bem. A abordagem do Saints é simples, o time sabe que vários dos seus jogadores importantes - em especial o Darren Sharper, que possivelmente vai retornar essa Free Agency, e o Drew Brees, MVP do Super Bowl - estão ficando velhos e caminhando para o final da carreira. Ainda jogam em alto nível, mas talvez a janela para um título do Saints com esse grupo esteja fechando. O Saints então quer trazer o máximo possível de talento (de preferência talento pronto pra contribuir desde já) o quanto antes pra aproveitar enquanto essa geração ainda está jogando em alto nível.
 
Por isso uma escolha de primeira rodada no ano que vem não preocupa o Saints, que adicionou ao elenco um RB vencedor do Heissman Trophy pronto pra entrar e jogar. O Mark Ingram é um excelente jogador, muito bom em achar um espaço pequeno e atravessar na força e velocidade, vai complementar bem o veloz Pierre Thomas no backcourt de New Orleans. É o tipo de corredor forçudo que funciona muito bem achando espaços e que vai tornar o backcourt do Saints ainda mais forte. E o Cameron Jordan, escolha de primeira rodada do próprio Saints, foi uma tremenda sorte, porque não era pra ter caído até aqui. O Jordan era um talento top 15, alguns diziam até top 10, e acabou passando por todo mundo e chegou no Saints. Não só ele era o melhor jogador disponível como vai melhorar muito o deficiente pass rush do Saints, ele é muito forte e difícil de conter vindo da lateral, muito técnico e atlético ao mesmo tempo, dificílimo de conter. Ele é bom e lapidado o suficiente pra entrar e jogar, e provavelmente vai do lado da nova aquisição do time, Aubrayo Franklin.
 
Pra melhorar, o Saints ainda achou na terceira rodada dois jogadores que deveriam ter saido antes e que, talvez por oferecerem mais uma melhora imediata do que um potencial maior de crescimento, caíram até a terceira rodada. O Martez Wilson é um LB híbrido que marca pela sua versatilidade e pela sua postura agressiva dentro de campo, vai poder ser usado de duzentas maneiras diferentes no esquema criativo de defesa do Saints. Apesar de não ser uma posição carente, o jogador trás versatilidade e profundidade à defesa. Caso parecido com o Johnny Patrick, ainda que ele tenha potencial a médio prazo e ainda possa aperfeiçoar suas habilidades eu não duvido que ele acabe conseguindo a vaga de nickel corner até o final do ano. Talvez não seja o jogador imediato que o Saints queria, mas com certeza é um bom jogador que vai contribuir pra esse time. Boa troca, boa abordagem, ótimo Draft.
 
 
 
Tampa Bay Buccaneers
Nota: A-
Escolhas:
1st round, 20th pick:  Adrian Clayborn, DE, Iowa
2nd round, 51st pick: Da’Quan Bowers, DE, Clemson
3rd round, 84th pick: Mason Foster, OLB, Washington
4th round, 104th pick: Luke Stocker, TE, Tennessee
5th round, 151st pick, Ahmad Black, SS, Florida
6th round, 187th pick, Allen Bradford, RB, USC 
7th round, 222nd pick, Anthony Gaitor, DB, Florida International
7th round, 238th pick, Daniel Hardy, TE, Idaho
 
Análise: Com o resto da divisão arriscando, apostando e pegando bons jogadores, vocês realmente não achavam que o Bucs ia ficar de fora, né? O Raheem Morris continua com sua abordagem arrojada no Draft e seu comprometimento de transformar o Bucs numa potência defensiva, como foi no começo da década. Mas o tipo de risco que o Bucs assumiu foi diferente dos seus companheiros de divisão, que assumiram riscos com trocas arrojadas e usando escolhas altíssimas para draftar jogadores com alto potencial e capacidade de realização questionável. O Bucs arriscou no tipo de jogadores que ele escolheu. Tanto o Adrian Clayborn como o Da'Quan Bowers são jogadores com muito talento, mas que caíram consideravelmente no Draft por questões médicas, dúvidas sobre a capacidade dos dois de se manterem saudáveis.
 
O Bucs tem um núcleo jovem e extremamente promissor, mas a defesa ainda tem um problema sério, que são os sacks. Com o miolo da linha defensiva fixado no Draft do ano passado com os ótimos Brian Price e Gerald McCoy, nada mais natural que o Bucs ir atrás de DEs para completar a linha e aumentar a pressão que o time é capaz de colocar no QB adversário. O Clayborn e o Bowers são DEs que se encaixam perfeitamente no esquema do time, vão ser titulares desde o primeiro dia e ainda tem capacidade de se tornarem grandes jogadores na posição, o Clayborn tem tudo pra ser um jogador de dois dígitos em sacks jogando no esquema Tampa 2 e é tremendamente explosivo, e com o resto da linha defensiva como está (Price, Bowers e McCoy) o Bucs pode se encontrar naquela ótima situação de colocar pressão no QB adversário sem ter que recorrer a blitzes. O caso do Bowers é ainda mais impressionante, ele era cotado como um jogador Top 5 no Draft (Muitos colocavam ele como o melhor jogador ou a primeira escolha) mas uma lesão grave no joelho e dúvidas sobre a possibilidade de uma nova lesão fizeram com que o valor dele despencasse bizarramente, alguns até diziam que ele não conseguiria jogar futebol americano por mais que uns poucos anos. O Bucs apostou  na capacidade dos dois de ficarem saudáveis, mas os dois são talentosíssimos e se ficarem saudáveis o Bucs possivelmente vai sair desse Draft como o grande vencedor e com uma das melhores linhas defensivas da Liga.
 
O Bucs também, muito pro meu agrado porque eu gosto do time, também conseguiu achar bons valores mais tarde no Draft. O Mason Foster devia ter saido na segunda rodada, também é um pass rusher (OLB) que joga dos dois lados e tem condições de ser titular desde o começo, ele tem boa mobilidade e boa visão pra reconhecer jogadas e cobrir o jogo terrestre. Além disso, eu adoro o Ahmad Black, ele era o melhor jogador disponível e embora ainda não tenha condições de entrar e jogar de titular vai adicionar profundidade à unidade, tem tudo pra evoluir num bom jogador e pode acabar ajudando em algumas formações de nickel ou Cover 3. Eu não duvidaria do time que achou o Cody Grimm na sétima rodada do ano passado por essa mesma abordagem.
 
A aposta na saúde dos DEs é delicada, mas o time adicionou uma quantidade absurda de talento com escolhas moderadas. O time podia ter ido atrás de outro WR, o Luke Stocker pode se desenvolver num bom alvo mas deve ter papel primário como bloqueador, mas seguiu a sua política de pegar o melhor jogador disponível e pegou bons valores. Apostou como todos da sua divisão, mas talvez tenha sido a melhor de todas no quesito risco/benefício, ainda que não seja a aposta mais segura.

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