Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

World Series Breakdown: Cardinals vs Red Sox


Jonny Gomes treinando a largada nos 100m borboleta


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Finalmente, depois de uma longa espera e de uma temporada mais longa ainda, chegou a hora que todos aguardávamos. A World Series chegou, e agora são só mais uns seis ou sete jogos (esperamos!) até sabermos quem vai ser o campeão da temporada 2013 da MLB e vai ter o direito de contar vantagem até o ano que vem. Red Sox e Cardinals, dois dos times mais interessantes da MLB, vão se enfrentar nesse Fall Classic, e quem ganhar vai assumir a pole position em "melhor time do século 21" conquistando sua terceira World Series nesse período (o Giants também tem dois títulos nesse século).

Em meio a isso, porque não fazer um Dr. Jack Breakdown sobre esses dois times? Dr. Jack Breakdown foi um formato de coluna popularizado uns anos atrás pelo meu escritor favorito, Bill Simmons, onde ele criava uma série de categorias (algumas sérias e algumas mais aleatória e descontraídas) e via quando dos dois (podiam ser times, pessoas, filmes, whatever) tinha a vantagem naquele quesito. Achei um formato interessante para testar, e esse parecia ser o cenário ideal. Então vamos dar uma olhada no que Boston Red Sox e Saint Louis Cardinals tem a oferecer!

(Um lembrete: obviamente nem todas essas categorias tem alguma importância na hora de fazer algum tipo de preview da World Series - o Cardinals ganha vantagem no quesito "Sucesso recente", mas isso quer dizer absolutamente zero sobre suas chances nessa WS. Então não levem tudo ao pé da letra e tenham senso crítico na hora de olhar para as categorias que realmente indicam vantagens dentro desses sete jogos)


Temporada regular

Uma categoria extremamente equilibrada, principalmente porque Red Sox e Cardinals foram os melhores times de suas respectivas conferências e os melhores times da temporada regular. Cada time venceu 97 partidas, garantiu a 1st seed na liga, e fizeram isso jogando nas duas divisões mais fortes da MLB: a AL East teve QUATRO times acima de 50% - única divisão em 2013 a conseguir tal feito - e a NL Central teve três times que foram aos playoffs vencendo pelo menos 90 jogos. O Cardinals liderou a MLB em Pythagorean Wins com 101 e o Red Sox foi segundo com 100, também. Essa vai ser a primeira vez desde 1999 que os dois times com melhor record de cada conferência se enfrentam na World Series.
Vantagem: Empate


Sucesso recente

O Cardinals é possivelmente a franquia que mais teve sucesso nos últimos anos, chegando aos playoffs múltiplas vezes nos últimos anos, vencendo a World Series de forma milagrosa em 2011 com um dos jogos mais famosos da história da World Series (David Freese incorporando Ted Williams no G6 da WS) e um dos jogos mais underrateds dos últimos anos (G5 da ALDS, quando venceram os invencíveis 102-60 Phillies por 1-0, com Roy Halladay arremessando 8 entradas e cedendo apenas uma corrida e Chris Carpenter conseguindo um shutout para avançar o time). Um ano depois, o Cardinals chegou muito perto de voltar as Finais mas se tornou mais uma vítima em uma das pós temporadas mais milagrosas que eu já vi depois de 2004 (e que rendeu um dos meus melhores textos, só clicar no link). Enquanto isso, o Red Sox sofreu um dos maiores e mais vergonhosos colapsos da história da MLB em 2011 e teve uma das suas piores temporadas em 50 anos em 2012, então... yeah.
Grande vantagem: Cardinals


Capacidade no bastão

Apenas dois times anotaram mais corridas que o Cardinals na temporada regular. Um deles foi o Red Sox, que anotou logo 70 a mais mesmo com o Cardinals tendo jogado mais entradas na temporada. Mas olhar corridas anotadas é uma forma muito primitiva de olhar para ataques, pois ela está sujeita a todo tipo de fatores além do controle da equipe: clusterluck, aproveitamento com RISP (o segredo do Cardinals na temporada regular e que caiu quase 60 pontos nos playoffs, btw), sorte, estádios favoráveis, uma liga tem DH e a outra não, etc. Então é melhor olhar estatísticas que ajustam por fatores externos e que usam apenas aquilo que está sob o controle de um time quando ele sobe ao bastão, minha favorita sendo wRC+. Por wRC+, o Red Sox continua com o melhor ataque da MLB com 115 (ou seja, ajustando para sorte e estádios, ele gera 15% a mais de corridas que a média da liga), enquanto o Cardinals continua com um bom-mas-não-tanto 106, bom para sétimo lugar. Boston também lidera a MLB nas duas categorias mais importantes que envolvem passagens no bastão- OBP e SLG - mesmo ajustando para a presença do DH. Então a não ser que o Cardinals tenha descoberto um segredo milenar chinês para rebater com RISP - e talvez mesmo se tiver - o Red Sox tem o melhor ataque.
Vantagem: Red Sox


Baserunning

A outra parte de qualquer ataque, além do que os times fazem com o bastão, envolve correr as bases. Por correr as bases você deve entender tanto a capacidade de um time de roubar bases (e não ser pego roubando, claro) como de avançar bases extras nas rebatidas dos seus companheiros quando alguém está em base. O Red Sox terminou a temporada regular em quinto nesse quesito, gerando 11.3 corridas a mais com as pernas, e teve também o mais valioso corredor da MLB em Jacoby Ellsbury. O Cardinals foi um time basicamente medíocre nesse quesito: 17th, perdendo 0.9 corridas em 162 jogos por causa de baserunning. Então o Red Sox foi melhor, mas não é como se o Cardinals fosse uma atrocidade como o Detroit Tigers (que aliás se complicou muitas vezes na ALCS por conta disso): O Tigers terminou a temporada com -19.4 BsR (estatística que mede quantas corridas um time gerou correndo as bases), não só a pior marca da MLB em 2013 como a quarta pior marca dos últimos 70 anos. (O pior time desses 70 anos? 2004 Red Sox, é claro, um time cuja jogada mais famosa e mais emblemática foi... wait for it... exatamente um roubo de base, a famosa roubada de Dave Roberts contra Mariano Rivera no G4 que mudou os rumos da série! Ah, a ironia...)
Vantagem: Red Sox


Melhor jogador

Para o Cardinals, é ou Matt Carpenter (.318/.392/.481, 147 wRC+, 7.0 WAR) ou Yadier Molina (.319/.359/.477, 134 wRC+, 5.6 WAR), dependendo do quanto você gosta de creditar o sucesso dos arremessadores do Cardinals a capacidade de Molina chamando o jogo atrás do home plate. Nenhum dos dois tem jogado muito bem nos playoffs, mas essa é uma amostra pequena para tirar qualquer tipo de conclusão, e Carpenter possivelmente seria o MVP da NL se não fosse Andrew McCutchen. Para o Red Sox, você tem uma boa variedade para escolher, entre Jacoby Ellsbury (.298/.355/.426, 113 wRC+, lider em BsR, 5.8 WAR), Dustin Pedroia (.301/.372/.415, 115 wRC+, 5.4 WAR) ou até mesmo David Ortiz (.309/.395/.564, 153 wRC+, 3.8 WAR) pelo bastão. Red Sox tem mais profundidade (poderia ter incluído ai Shane Victorino e seu 5.6 WAR ainda), mas Carpenter teve o melhor 2013 entre todos os rebatedores dessa série.
Vantagem: Cardinals


Defesa

Aqui depende um pouco de que estatística você quer usar (se você quer usar "erros", eu sugiro que você vá ler um pouco mais sobre UzR antes de continuar, porque erros é uma estatística estúpida). Tradicionalmente eu gosto de usar UzR - ele mede quantas corridas um jogador de uma certa posição evitou (ou cedeu a mais) em relação a um jogador mediano da sua própria posição - porque é simples e eficiente. Mas ultimamente o fangraphs criou uma estatística que seria basicamente um UzR ajustado: ele considera que um SS que tem UzR de -1 é um defensor muito melhor que um 1B que tem o mesmo UzR, já que jogar de SS é muito mais difícil, então ele ajusta isso de acordo. É interessante na teoria, mas pensando em uma série curta, o que importa são as corridas a mais ou a menos que o time cede em um vácuo, independente de onde essa corrida veio. Então deixo a seu critério saber qual delas usar: em UzR, o Red Sox é 10th com 21.6 e o Cardinals é o quarto pior com -49.4; e em UzR ajustado, o Red Sox é 17th (6.5) e o Cardinals 20th (-8.3). Dividindo a diferença, e lembrando que o Red Sox pode usar o Papi de 1B nos jogos em Saint Louis, vantagem Red Sox mas não tão grande.
Vantegem: Red Sox


Mando de campo

A AL ganhou o All-Star Game, ironicamente com Mariano Rivera de MVP, o que significa que o Red Sox tem o mando de campo nessa World Series. Então o Red Sox tem a vantagem de jogar quatro jogos em casa - com as regras da AL - e jogar um eventual jogo 7 decisivo em seus domínios.
Vantagem: Red Sox


Adaptabilidade as regras

No baseball, a AL e a NL tem algumas regras diferentes, principalmente a do Designated Hitter. Então essa bagunça, na World Series, significa que nos jogos com mando do time da AL ambos os times jogam com DH, e nos jogos com mando da NL nenhum usa. Isso obviamente gera uma distorção - o time da AL perde um bom rebatedor e o da NL ganha um, quando jogam fora de casa - mas depende também de qual time está mais pronto para fazer essa adaptação.

No caso do Red Sox, o time vai ter que sacrificar Ortiz ou Mike Napoli nos jogos na NL. Considerando que a rotação inteira do Cardinals é de destros, provavelmente Papi que vai jogar esses jogos (embora talvez não todos - meu palpite é que ele joga dois e Napoli um), o que enfraquece o time na defesa e fortalece o ataque. Mas o Red Sox de modo geral tem uma vantagem interessante jogando na NL: uma legião de pinch hitters, perfeito para explorar matchups nos finais das partidas. O time também tem jogadores velozes (Victorino, Ellsbury, Quentin Berry) que são excelentes "manufaturando" corridas, e embora alguém possa dizer que o Sox não é um time bom fazendo bunt, isso é uma coisa boa porque (tirando algumas situações específicas) o bunt é uma jogada que diminui sua chance de anotar corridas em uma dada entrada ao invés de aumentar (de novo, depende do contexto, mas no geral funciona assim). Não me parece o ideal para o Red Sox, mas pelo menos seu banco profundo vai ser uma vantagem. Para o Cardinals, eles ativaram o único rebatedor que poderiam para o DH, Allen Craig, que não joga faz mais de um mês... mas isso me parece um pouco uma medida de último recurso. Craig não joga faz muito tempo, e provavelmente só foi ativado para a WS porque não tinha mais ninguém para fazer a função. Não confio que Craig esteja 100%, mas se estiver perto disso, é uma boa vantagem especialmente contra o canhoto Jon Lester no G1.
Pequena vantagem: Red Sox


Rotação titular

O Cardinals tem os dois melhores arremessadores titulares da série, Adam Wainwright e Michael Wacha (NLCS MVP), então isso sozinho já faz o time ter uma vantagem nessa categoria. Embora seja interessante mencionar que Wacha, escalado para começar os jogos 2 e 6 (ambos no Fenway Park), tem uma brutal diferença jogando dentro e fora de casa (2.4 FIP em casa e 4.06 fora), enquanto Jon Lester foi um dos melhores arremessadores da MLB em Setembro (2.28 de FIP - melhor que Wainwright no mesmo período). E apesar de Wacha/Wainwright serem a melhor dupla da série, o Red Sox tem vantagem no duelo Joe Kelly/John Lackey ou Clay Buchholz (inclusive um eventual G7). O Cardinals ainda tem a vantagem porque tem mais talento no topo da rotação, mas Wacha jogando apenas fora de casa e a emergência de Lester em Setembro (especialmente considerando a dificuldade do Cardinals contra LHP), a diferença é menor do que parece a primeira vista.
Vantagem: Cardinals


Bullpen

O Cardinals teve um sólido Bullpen em 2013, terminando com o terceiro melhor FIP da MLB, enquanto o do Red Sox caiu no meio da tabela. Mas nos playoffs, você não precisa de todos seu bullpen, precisa de apenas uns poucos escolhidos. O Cardinals tem alguns jogadores interessantes, entre eles o especialista em groundballs Seth Maness e o 0.45 de ERA do Kevin Siegrist, e o canhoto Randy Choate vai cair bem para enfrentar os canhotos do Red Sox. Enquanto isso, Boston tem apenas dois relievers confiáveis: o canhoto Craig Breslow e o destro Junichi Tazawa, ambos tem jogado muito bem nos playoffs, mas fora os dois ninguém inspira confiança, e isso pode custar o Red Sox nos jogos mais táticos da NL que envolvem muitas mudanças de arremessador, ou mesmo nos jogos de Buchholz, que está sem a mesma energia desde que se machucou. O Cardinals tem mais depth, e por isso leva a categoria.
Vantagem: Cardinals

Closer

O closer calouro do Cardinals, Trevor Rosenthal, teve uma temporada muito boa, sétimo na MLB entre RPs com 2.2 de WAR, um FIP de 1.96, e tem sido ainda melhor nesses playoffs com sua bola rápida dançando em torno de 98 MPH. Um top prospect da organização, Rosenthal me lembra outro closer calouro da organização, que conseguiu o save final na World Series de 2006 e eventualmente virou titular um ano depois. Esse closer, Adam Wainwright, hoje é um dos melhores pitchers da MLB, e me pergunto se o mesmo pode acontecer com Rosenthal em breve: embora seja principalmente um pitcher de fastballs, ele tem uma curveball e um changeup em desenvolvimento e algo que lembra um slider ou cutter, então ele parece estar caminhando na direção da titularidade mesmo. Mas por melhor que Rosenthal tenha sido, o Red Sox tem um jogador que terminou uma das melhores temporadas por um relief pitcher na história da MLB e que teve a sequência mais dominante por um closer na história do jogo. Então tem isso. 
Vantagem: Red Sox


Carisma e estilo

O Red Sox vence sobre o Cardinals e qualquer time da MLB. Quer dizer, olha essas barbas!! Como não gostar desse time?! Eu não gosto muito desses times "Somos guardiões da honra do jogo e ninguém pode demonstrar emoção" que nem o Cardinals, e agora eles encontraram um prato cheio em Boston. 
Grande vantagem: Red Sox


Manager

Avaliar um manager é difícil demais, porque nós só temos acesso a uma parte de ser um manager: suas decisões e estratégias dentro de campo. A parte contínua - cuidar do vestiário, conduzir a carreira e o ego dos seus jogadores, promover mudanças na sua equipe para tirar o máximo dos jogadores, etc - é algo que não temos como medir, estão incorporadas em todos os números que já falamos. Então quando pensamos no impacto que um manager pode ter em uma série de 7 jogos, estamos pensando principalmente nas decisões dentro de campo.

Eu vejo muitos torcedores do Cardinals criticando muito o Mike Matheny, mas não acho ele tão ruim - ou pelo menos não é pior do que o grande número de managers tradicionais que pensam demais em seguir as "diretrizes corretas" do baseball ao invés de tomar as decisões que maximizam suas chances de vencer. Mas ele não tem medo de confiar nos seus jogadores calouros como Rosenthal, e em geral sabe conduzir bem sua equipe com um lineup um pouco limitado (mais sobre isso daqui a pouco). Do outro lado, Farrell absolutamente se recusa a seguir lógicas simples, como por exemplo o que fez no G6 e quase custou ao time a vitória (trazendo seu pior reliever, famoso pelos walks, para enfrentar o meio da ordem do Tigers com 2 em base e nenhum eliminado quando tinha Breslow, Tazawa ou Koji Uehara ainda no bullpen. Franklin Morales cedeu um walk e uma deveria-ter-sido-double que só não teve mais estragos porque o Prince Fielder é um dos piores baserunners da história do mundo) ou mesmo não usar o canhoto Daniel Nava (146 wRC+) contra RHP para usar o destro Jonny Gomes (103 wRC+ contra RHP). Eu prefiro o cara convencional do que o cara que não faz sentido.
Vantagem: Cardinals



Vantagem em caso de briga

O Cardinals é um time que gosta de manter suas emoções sob controle, e em uma briga, é sempre importante ter os jogadores mais ensandecidos. O Red Sox tem Victorino, Napoli, Jonny Gomes, Dustin Pedroia e mais uma meia dúzia de malucos que eu odiaria ver pela frente em um dia de fúria. E btw, eu não sei se o Cardinals tem uma resposta a altura do David Ortiz.
Vantagem: Red Sox


Banco de reservas

Uma das maiores fraquezas do Cardinals nesses playoffs. Com Craig fora, seus melhores pinch hitters eram Shane Robinson, Daniel Descanso ou o calouro Kolten Wong, horríveis opções para enfrentar jogadores como Kelly Jansen, Craig Kimbrel ou Uehara. Com Craig isso melhora um pouco, mas se ele jogar de DH o time fica absolutamente sem ninguém competente para trazer do banco nos jogos em Boston, e mesmo com ele (a menos de 100%) faltam opções para o time em St Louis. Enquanto isso, o Red Sox pode ter o melhor banco da NFL: se Gomes continuar jogando de titular, o time tem dois excelentes canhotos (Mike Carp e Nava) e mais Will Middlebrooks de destro, um dos melhores corredores da MLB em Quentin Berry, e talvez até Jarrod Saltalamacchia se David Ross começar de titular alguns jogos. O que não falta são opções.
Grande vantagem: Red Sox


Organização como um todo

O Cardinals vence qualquer time dos últimos 15 anos na MLB nesse critério. O trabalho que o Cardinals - 15th maior folha de pagamento da MLB apenas - tem feito com seu time é espetacular: suas ligas menores são uma fábrica de grandes jogadores (sai Albert Pujols, entra Matt Carpenter, Allen Craig, Matt Adams; machuca Chris Carpenter, sobem Wacha e Shelby Miller), o time sabe muito bem como evitar contratos imensos que entopem a folha salarial do time (Pujols alert!) e maximizar cada um dos seus ativos, e eles tem feito isso por quase 10 anos agora. Não é uma coincidência que o time está tão consistentemente entre os melhores da MLB mesmo sem uma folha de gastos tão grande. Ano que vem, o Cardinals pode ter uma rotação titular com Wainwright, Lynn, Wacha, Miller E Rosenthal - todos produtos da casa - e ainda tem o melhor prospect das ligas menores (Oscar Taveras) esperando na AAA. Invejável o que essa organização faz, e merece o sucesso que tem.
Grande vantagem: Cardinals


Matchup direto

Em outras palavras, como as forças e fraquezas de cada time combinam entre si, e qual time tem vantagem nisso?

A maior força do Boston Red Sox é algo que é frequentemente negligenciado mas que foi um fator chave na sua vitória na ALCS: o lineup do Red Sox simplesmente pune o braço dos arremessadores. O time trabalha cada bola, cada at bat, cada arremesso em busca da bola ideal, forçam o adversário a arremessar muitas vezes por confronto, e no final da sexta ou sétima entrada mesmo o arremessador mais dominante tem que sair do jogo porque está fisicamente esgotado. Muita gente apontou para o bullpen do Tigers sendo ruim como o fator decisivo da série, mas eles tiveram que ser tão usados porque os arremessadores do Tigers não conseguiam terminar as partidas tendo lançado tantos arremessos, mesmo sendo o grupo mais durável da MLB. Então entrou o bullpen - sempre pior que a rotação titular - e o Red Sox cansou de castigar essas figuras. Considerando que entre todas as áreas do confronto a grande vantagem que o Cardinals vai precisar explorar para ganhar são seus arremessadores titulares, essa capacidade do Sox de eliminar cedo na partida os SPs é crucial para assegurar que Wacha e Wainwright joguem o mínimo possível. Se Boston tiver sucesso nisso, tem a série nas mãos.

Da mesma forma, a maior fraqueza do Cardinals é (além do banco horrível) sua dificuldade rebatendo contra canhotos. Por sorte, o Red Sox só tem um canhoto, Lester, na sua rotação, mas ele é o melhor pitcher do time e pode jogar até um terceiro jogo em caso de chuva. Craig é uma peça importante contra Lester, considerando que ele é muito melhor contra canhotos do que Matt Adams, mas ainda não é sua especialidade (ele é melhor contra destros) e Craig não deve estar 100%, então o matchup Lester-lineup do CArds é favorável a Boston.
Vantagem: Red Sox


X-Factor

A variável que determina de fato as chances do Cardinals é Allen Craig. Craig foi o terceiro melhor rebatedor do time em 2013, é um jogador muito eficiente no bastão e foi o melhor jogador do time rebatendo com jogadores em posição de anotar corrida, o único jogador ativo cuja diferença rebatendo com RISP é significativa (ao contrário do time do Cardinals em 2013 como um todo, btw, que não é). Craig foi ativado para servir como DH na AL e dar proteção ao banco do time, mas como eu disse, ele não joga faz um mês e meio e, se não foi ativado sequer para ficar no banco como jogador de emergência na NLCS, é porque deve estar longe de 100%. Sua lesão no pé também vai afetar consideravelmente sua já fraca defesa e baserunning, então ele deve ter um papel maior como DH e pinch hitter mesmo - talvez começando de titular um eventual G5 contra Lester em casa. Se Craig estiver 100% ou perto disso, ele pode mudar essa série pois "tapa" a grande fraqueza desse banco e é um excelente rebatedor de modo geral, oferece um DH para tirar vantegem da posição na AL (imagina se fosse Descalso ou Robinson? Yeekes!) e uma opção ao canhoto Adams. Mas novamente, vai depender do quanto ele estiver bem e produzindo, talvez não seja mais do que uma tentativa infrutífera.

Do lado do Red Sox, o X-Factor é o X-Man, Xander Bogaerts. Nas listas de "prospects" do baseball (como a que colocou Wil Myers #1 em 2013), o que eles consideram não é apenas o nível do prospect mas o quão perto de produzir nas ligas maiores ele está. Mas se considerarmos apenas o valor dos jogadores nas Minor Leagues (ou seja, qual deles teria mais valor caso o time decidisse trocar ou mesmo o valor esperado total que o jogador deve produzir), então Bogaerts e Byron Buxton seriam 1-2 em alguma ordem em qualquer lista do mundo. Apesar dos 21 anos, Bogaerts assumiu a titularidade na metade da ALCS e foi o jogador mais impressionante do time, conseguindo walks em 45.5% das suas passagens no bastão e rebatendo apenas doubles. Amostra pequena, obviamente, mas é só assistir o moleque para perceber que ele é especial: seu olho no bastão é uma coisa fora de série (trabalhou a contagem para 3-2 em todos seus ABs na ALCS contra Max Scherzer saindo de 0-2 e 1-2, terminando com dois walks e um double) e ele tem se destacado muito também na defesa. Considerando a falta de canhotos no lineup titular do Cardinals, ele provavelmente vai jogar na 3B no lugar de Middlebrooks e não na sua posição de origem de SS, mas ele rebateu muito bem quando teve a chance e deveria subir no lineup para essa série. Xander é o jogador que, se subir no bastão (talvez para 6th, um lugar onde o time sofre muitos Ks) e produzir, pode mudar essa série pro Sox.

Veredito final: Red Sox em 7.

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