Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Um chinês em New York

"A resposta da questão 22-b era um!!"


O New York Knicks é, como se sabe, uma franquia muito tradicional na NBA. Joga num dos maiores mercados dos EUA, é o time que mais ganha dinheiro na Liga, uma das franquias mais valiosas da NBA, tem o ginásio mais bolado de lá e uma das torcidas mais fanáticas. Ou seja, é um time tradicional e importante e que tem tudo pra ser um time vencedor como o time mais vencedor da cidade (E dos esportes americanos), o Yankees.

Mas toda essa tradição e dinheiro do Knicks não tem se traduzido em títulos. Ao longo dos ultimos anos, o Knicks tem sido o time que mais ganhou dinheiro mas também o que mais gastou - e o pior, gastou com jogadores como Eddy Curry e Stephon Marbury. Um fracasso em termos de administração e gestão, o Knicks dos últimos anos acumulou fracassos e frustraçōes na Liga, nunca foi realmente competitivo desde o começo da década passada. Pra mudar isso, a Franquia apostou no que ela tem de melhor - que definitivamente não é a administração. Ou seja, apostou na cidade de New York, no dinheiro que jogar nesse enorme mercado dá e no quanto ele é atrativo para os jogadores: Trouxe por uma fortuna na Free Agency o Amare Stoudamire depois que Lebron James e Dwyane Wade recusaram a oferta, e trouxe o Carmelo Anthony quando ele forçou a saída do mercado pequeno que era o Nuggets em Denver. Tudo bem, o Knicks pagou caro pelo Melo e o Nuggets se reconstruiu e montou um grande time jovem e coletivo, mas conseguiu seu objetivo: Juntou duas superestrelas e limpou espaço pra contratar mais uma, no caso o armador Chris Paul, que poderia terminar seu contrato no final dessa temporada e sair de New Orleans.

Bom, a gente sabe o que aconteceu depois: O Chris Paul foi trocado para o Lakers numa troca que também envolveu o Rockets. Com o Paul (sonho de consumo do Knicks) fora da jogada, o time de NY usou o seu espaço salarial pra assinar o Free Agent Tyson Chandler pra ser a âncora defensiva de um time que não sabia o que era defesa. Quando o David Stern decidiu explodir a Liga e ferrar de vez Lakers e especialmente o Rockets (Mais sobre isso daqui a pouco) vetando a troca do CP3 para o Lakers, o contrato do Chandler já estava assinado e o Knicks não podia mais voltar atrás pra manter o teto salarial aberto pro Paul. Assim, o Knicks teve que se contentar com o núcleo de Melo, Amare e Chandler.

De uma maneira meio bizarra, o Chandler cumpriu seu papel de tornar um time que não se interessava por defesa em um time capaz de apertar no lado defensivo e contar com um ataque eficiente para vencer alguns jogos. A defesa do time não é do nível de Heat ou Bulls, claro, mas está muito longe de ser uma peneira e está entre as 10 melhores da Liga, em boa parte por causa do Chandler. Ele cumpriu perfeitamente seu papel de quando foi contratado, e o time do Knicks tinha eliminado seu grande problema de 2011. Mas curiosamente, o grande problema do Knicks se tornou o ataque. O ataque  da equipe, que deveria se apoiar amplamente no talento individual da dupla Melo/Amare, passou a ser estático, previsível, sem movimentação de bola e a viver de jogadas forçadas das suas duas estrelas. Não tinha espaçamento em quadra, não tinha uma tática definida, era basicamente tocar pras estrelas e esperar elas resolverem sozinhas. 

Isso acabou caindo como culpa do técnico Mike D'Anthony, em parte justificadamente e em parte não. O Mike D'Anthony é um técnico limitado que teve muito sucesso com o Phoenix Suns de 2005-2006, o famoso Suns dos "Sete segundos ou menos", que corria como se a vida dependesse disso, jogava na velocidade, arremessava muito de três pontos e confiava no gênio do Steve Nash pra distribuir a bola e manter o ataque funcionando. O problema do D'Anthony é justamente a sua dependência desse esquema de jogo, um esquema de correria, passes rápidos e que depende muito de um armador capaz de infiltrar. Ele só sabe jogar esse estilo, um estilo de muito espaçamento, velocidade e que depende de um armador que distribua o jogo e ataque o aro. Com as peças pra jogar no seu estilo, ele o faz muito bem, mas não tem a capacidade de se adaptar a outros estilos de jogo, ou adaptar o seu estilo aos jogadores com características diferentes - caso do Knicks. O problema é justamente pedir pro D'Anthony fazer isso, jogar com jogadores totalmente opostos ao esquema tático que ele sabe. Ele tentou adaptar os jogadores ao estilo, tentou mudar o estilo pra se adaptar aos jogadores, e não funcionou, o ataque continuava uma droga estática e o Knicks começou a perder, perder e parecer uma droga que não ia a lugar nenhum. Quando Amare se ausentou por causa da morte do irmão e o Melo saiu machucado, parecia que o Knicks estava condenado à mediocridade.

Foi ai que o Knicks achou ouro em um armador chinês, formado em economia em Harvard chamado Jeremy Lin. Se voceê tiver interesse na história mais detalhada do Lin, o Bola Presa fez um post a respeito nas Summer Leagues da temporada passada, muito antes dele ficar famoso, então é bem legal ver a história dele antes de ficar famoso. Mas resumidamente, ele é um chinês (ainda que tenha nascido na Califórnia, os pais são chineses) que ficou conhecido por jogar como armador por Harvard - sim, essa Harvard mesmo, da Ivy League. Ele jogou muito bem no College, chegou a disputar o prêmio de melhor armador da NCAA e levou Harvard a uma boa colocação, mas não foi Draftado. Apareceu bem nas Summer Leagues daquele ano, onde humilhou o John Wall, e ganhou um contrato com o Warriors, onde não teve chance nenhuma, passou o ano na D-League e acabou dispensado. Esse ano, começou no Rockets, foi dispensado quando a troca do CP3 foi cancelada e acabou indo parar no Knicks. Quando estava para ser dispensado novamente, teve a chance de jogar numa partida vindo do banco, e anotou 25 pontos. No jogo seguinte foi titular, destruiu o espaço tempo, jogou como o armador que o D'Anthony sempre quis pro seu esquema tático, foi espetacular e não saiu mais do time.

O Lin acabou virando um fenômeno em duas frentes, dentro e fora de quadra. Fora de quadra, chamou a atenção por diversas coisas na sua história: o fato de ter vindo de um College como Harvard, de ser chinês, e de ser um jogador totalmente desconhecido que chegou na NBA quebrando recorde atrás de recorde, pontuando e assistindo feito doido, fazendo o time do Knicks funcionar como uma equipe de verdade. Ninguém entendia como um jogador tão bom (o que ficou claro depois de dois ou três jogos, que ele não era simplesmente fogo de palha, e sim um jogador realmente talentoso) podia não ter sido draftado, passado uma temporada inteira na D-League, ter sido dispensado por dois times sem ninguém ter percebido que ele era na verdade muito bom!! A NBA já teve casos de bons jogadores não Draftados, mas não com esse nível de talento nem depois de ter passado um ano inteiro na D-League. Ele também virou um fenômeno de mídia e acabou muito comparado com o Tim Tebow, Quarterback do Denver Broncos.

Sinceramente, essa é uma das piores comparaçōes esportivas de todos os tempos, incluindo aí quando compararam o Adam Morrisson com o Larry Bird. O Tebow e o Lin são dois jogadores religiosos, dois fenômenos de mídia carismáticos... E pronto, acabou o que eles tem em comum! De resto, eles são dois jogadores bastante opostos, e os motivos da enorme atenção da mídia que eles atraem também são: Tebow foi um dos maiores jogadores de College Football de todos os tempos mas claramente não chegou na NFL com as ferramentas necessárias pra jogar nos profissionais. Foi draftado alto com base nas esperanças e expectativas que trazia do College, e mesmo não estando no nível de jogo da NFL, acabou titular e continuou ganhando jogo atrás de jogo de forma absurda e na pura raça, porque em termos de habilidades ele ainda não está num nível acima da média. O mais impressionante do fenômeno Tebowmania era que o Tebow era um QB mediano que continuava ganhando com as poucas armas que lhe restavam. O Lin é exatamente o oposto: Carreira desconhecida do grande público no College, nenhuma expectativa no Draft (tanto que não foi Draftado), apareceu pra Liga do nada porque tem muito talento pra jogar entre os profissionais e foi uma surpresa tão grande porque ele era bom demais e ninguém conhecia ele, foi só ele ganhar uma chance que explodiu. Ou seja, são histórias totalmente diferentes e jogadores totalmente diferentes, a comparação é bem ruinzinha. 

Se querem comparar o fenômeno Linsanity a alguma coisa, comparem à Fernandomania, do arremessador Fernando Valenzuela. Pra quem não conhece, Fernando Valenzuera foi um arremessador mexicano que apareceu no Los Angeles Dodgers no começo de uma bela temporada como titular, era bom pra cacete e tomou a Liga de assalto, foi um fenômeno de mídia que apareceu do nada e representava uma minoria nos EUA (os mexicanos no caso, como os asiáticos para Lin) e que fez todo mundo ficar se perguntando "De onde surgiu esse cara??". A mesma história, jogadores muito talentosos que surgiram do nada, sem nenhuma expectativa, e que de repente começaram a jogar muito. A diferença básica entre os dois foi mais contextual do que outra coisa: Fernando era um jogador melhor do que Lin (ganhou o prêmio de melhor arremessador de TODA a NL como calouro) e porque baseball em 1984 era mais importante pros EUA do que basquete em 2012, mas as situaçōes são muito parecidas. Muito mais do que com Tebow.

Mas dentro de quadra, o impacto do Lin foi enorme, justamente porque ele é o armador no qual todo o esquema tático do Mike D'Anthony se baseia, um armador com bons passes, inteligência e que sabe infiltrar e criar espaço. Foi só o Lin começar a jogar que tudo no Knicks caiu no seu lugar mesmo sem Melo e Amare: Ele começou a conseguir muitos pontos vindos de infiltração, trabalhou no pick and roll muito bem com o Chandler (que consegue seus pontos no ataque com um armador decente), os arremessadores do time se espalharam pelo perímetro, o Chandler começou a pegar rebote ofensivo atrás de rebote ofensivo... Tudo isso faz parte do esquema do D'Anthony, só que agora que estava começando a funcionar porque tinha alguém pra atacar a cesta, abrir os espaços no qual o Mike gosta de trabalhar e distribuir o jogo para quem estivesse livre quando a marcação reagisse às infiltraçōes do Lin. Finalmente o Knicks pode implementar o jogo que seu técnico queria desde o começo, o Steve Novak começou a receber as bolas que ele precisava pra acertar tudo de longe, os rebotes ofensivos cairam na mão do Chandler, e o time pontuou no garrafão com seu armador.

A dúvida que ficava, portanto, era como os astros do time Amare e Melo - e depois a contratação chinesa do time no JR Smith - iam se encaixar nesse time, como suas características iam combinar com a do armador chinês e da forma de jogar que o seu técnico tanto gosta. O Amare, de certa forma, era o menor dos problemas: Ele sempre foi um jogador que se beneficiou do pick and roll com o Nash em Phoenix e que está no seu melhor finalizando de frente pra cesta recebendo um bom passe. No seu primeiro jogo voltando dos problemas familiares, ele finalizou cinco bolas saindo de pick and roll - ele tinha média de uma finalização dessas por temporada. Esse pick and roll ainda não é uma jogada de conforto do time (as vezes passam tempo demais sem usar) e as vezes parece que o Chandler no garrafão ocupa um espaço que o Amare gostaria de ter livre pra atacar a cesta - o que resulta em alguns arremessos bobos de meia distância - mas com um pouco de entrosamento e prática o Knicks provavelmente vai começar a fazer isso com mais naturalidade. O Lin fez muito bem os pick and rolls com o Chandler, e o Amare é um finalizador muito melhor que o Chandler, logo ele deve assumir o papel nessas jogadas e o Chandler deve fazer um papel mais de segurar o rebote ofensivo. De certa forma ele realmente ocupa um espaço que o Amare gosta de usar, mas isso pode ser contornado de diferentes maneiras: O Chandler pode continuar fazendo o pick and roll com o Amare se posicionando pra um arremesso de meia distância, ou então o Chandler pode se afastar um pouco do aro quando o PnR acontecer pra buscar o rebote vindo de fora. Ou seja, a jogada está lá e o D'Anthony trabalhou muito bem com ela em Phoenix, não vejo ele tendo muitos problemas pra adaptar essa jogada da melhor forma possível para o seu time.

O JR Smih é um caso particular, mas também não deve apresentar problemas. O JR Smith é o famoso arremessador de três sem cérebro, tem talento pra cacete mas não tem cabeça e prefere ficar forçando bolas de três até alguém se enfezar com ele. Ou seja, típico jogador pra vir do banco e encher de bolas de três, as vezes elas caem e outras não, mas como é exatamente isso que ele faz - e foi contratado pra fazer - é mais uma questão de controlar os minutos dele do que de encaixá-lo em esquema tático, porque ele não segue nenhum. Acho que vai acabar beneficiado pelo maior espaçamento, mas ai vai continuar com seu joguinho de chutar de longe, e o Mike D'Anthony que se vire pra controlar os minutos do JR e usar ele e sua porralouquice de uma forma benéfica à equipe.

Enfim, chegamos no problema: O grande astro do time, Carmelo Anthony. O Melo é um jogador espetacular, ofensivamente provavelmente é o jogador mais completo de toda a NBA e é um dos melhores fechadores da Liga. Ele  arremessa de dois, de três, infiltra, bate lances livres, joga de costas pra cesta, na transição... Enfim, uma força ofensiva. Mas o Melo também sempre foi um jogador que gosta de segurar a bola, criar o próprio arremesso e as vezes arremessa demais e sem critério. A melhor fase do Carmelo na sua carreira foi no Nuggets exatamente quando o time trouxe um armador pra tomar conta da equipe, no caso o Chauncey Billups. Isso foi muito importante pro time e pro Melo porque o Billups é um armador calmo e pensador que controlava o jogo e fazia as bolas chegarem no Melo nas horas certas pra ele partir pra cima e pontuar alucinadamente. Inclusive, na minha avaliação, é o melhor tipo de jogador pra acompanhar o Melo, alguém que pense o jogo e acione o Melo nas horas certas pra ele funcionar como o pontuador nato que é mas sem atrapalhar o esquema de jogo e a rotação de bola da equipe. E bom, armador calmo, pensador e que cadencia o jogo? Por melhor que ele seja, é o oposto do que o Lin faz de melhor, que é atacar a cesta, acelerar o ataque e abrir espaços na defesa. O Lin é um jogador inteligente, mas não é um armador pensador (E o Knicks nem quer que ele seja, ele é muito mais útil sendo desse jeito!) e nem tem a função de acionar os companheiros na melhor posição, pelo contrário, ele ataca a cesta o mais rápido que puder sempre controlando a bola. E isso - e essa é a minha preocupação - é algo que conflito diretamente com o estilo do Melo e o estilo que ele mais rende.

A questão é que o time do Knicks rende melhor com o Lin atacando a cesta, fazendo pick and rolls e abrindo a defesa para os arremessos, mas o seu melhor jogador rende melhor controlando a bola ou com um armador que controle o ritmo ofensivo e distribua o jogo com calma. Como o Knicks não tem um armador assim no elenco, o time tem duas opçōes pra integrar o Carmelo e o novo esquema de jogo. A primeira é buscar um balanço entre as duas formas de jogar, jogar uma parte do tempo com o estilo do D'Anthony e com o Lin controlando a bola, e outra parte com o Melo jogando mais individualmente controlando o jogo. Claro que isso exigiria do Lin um maior controle do jogo e uma qualidade mais pensadora pra saber quando deixar o Melo jogar sozinho e quando acionar o ataque de velocidade da equipe.

Eu não gosto dessa opção por dois motivos. Primeiro, porque você estaá abandonando o estilo de jogo que seu time e seu técnico sabem e gostam de usar, o esquema que o time mais é eficiente, só pra integrar um jogador, especialmente com dois estilos tão diferentes. Um técnico como Phil Jackson poderia eficientemente achar uma maneira de jogar que combinasse as duas coisas, mas não confio que o D'Anthony consiga o mesmo. Além disso, você estaria pedindo para seu armador ser um jogador que ele não é, e jogar de uma forma muito mais pensadora e cadenciada, o que ele não está acostumado a fazer.

A outra opção, mais interessante, é reinventar um pouco o estilo de jogo do Melo. O Melo está acostumado a criar seu arremesso e jogar com a bola na mão, mas ele é um jogador inteligente e excelente finalizador, portanto a ideia seria usar mais o Melo jogando fora da bola e se posicionando para receber passes e finalizar as jogadas. O Melo já jogou assim na seleção americana e teve muito sucesso, e assim o Knicks pode continuar deixando a bola nas mãos do Lin (Que precisa tomar mais conta dela, ele perde demais a bola durante o drible) enquanto o Carmelo trabalha pra se posicionar pra receber a bola numa posição onde ele possa partir direto pra finalização sem precisar desacelerar o ataque ou parar a rotação da bola. O Lin é um bom passador saindo do drible pra achar os jogadores mais bem posicionados, então o Melo pode simplesmente se colocar numa boa posição pra receber esse passe. De certa forma é reinventar o estilo de jogo do Melo porque ele está acostumado a jogar com a bola na mão e criar seu arremesso, mas ele também já mostrou que tem inteligência pra se posicionar em quadra e trabalhar como um pontuador que joga sem a bola na mão, como já mostrou na seleção. E como o esquema do Knicks com o Lin livre pra infiltrar abre muito espaço pros arremessadores se espalharem pela quadra, o Melo vai ter bastante espaço pra se movimentar enquanto o Lin trabalha no pick and roll.

Aliás, isso significa que o D'Anthony vai ter que ficar criativo nas escalaçōes, porque se o Lin trabalhar no PnR com o Chandler e o Melo e algum outro se posicionarem pra receber a bola pra arremessos, não faz sentido o Amare também ficar posicionado apenas como um arremessador de meia distância, e quando o Amare for o homem do pick and roll o Chandler vai ter que jogar mais afastado do aro pra não congestionar o garrafão, mas como o pivô não tem um bom arremesso as defesas provavelmente vão deixar ele pegar a bola livre longe do aro pra congestionar o garrafão. Ou seja, Amare e Chandler podem jogar juntos em alguns momentos, mas se o Melo se adaptar à sua função de pontuador sem a bola o time ficaria mais eficiente com só um dos dois em quadra. Ai fica a critério da criatividade do D'Anthony usar os dois em situaçōes separadas pra aproveitar melhor cada um deles (até acho que pela sua capacidade de forçar double teams o Amare jogaria melhor com o Baron Davis e o JR Smith vindo do banco).

Quanto ao Lin, ele foi o cara que deu cara nova ao time, ele tem talento pra burro e deve continuar executando essa função que ele executa hoje, que é tão importante pro esquema de jogo da equipe. O Lin tem fraquezas (Não defende ninguém, conforme ficou claro no jogo contra o Nets - um dos motivos de porque é tão interessante o Iman Shumpert jogando com o Lin e se encarregando de marcar o jogador mais perigoso do perímetro - comete muitos turnovers principalmente porque a bola fica muito solta durante seu drible e muitas vezes ele perde controle da bola, e algumas limitaçōes como por exemplo o drible pro lado esquerdo - não é que ele não consiga ou não saiba, mas ele claramente fica menos confortável, o Heat forçou ele o jogo todo a ir pro lado esquerdo e ele teve uma partida horrorosa cheia de turnovers). De certa forma, algumas delas são erros comuns de jogadores que estão na NBA há tão pouco tempo e com o tempo  de jogo e treino ele deve melhorar, especialmente nos turnovers e na mania que as vezes ele tem de colocar uma jogada na cabeça e insistir nela até o fim, mesmo que no meio do caminho uma opção melhor apareça. Mas o moleque é talentoso pra burro, muito rápido, tem bom arremesso, é inteligente dentro de quadra e é excelente finalizando no garrafão mesmo sofrendo contato. Ele tem bom passe, boa visão de jogo e trabalha bem no pick and roll. Ou seja, não só as ferramentas pra ter sucesso na NBA como exatamente o que um armador precisa ter pra virar um monstro no esquema do Mike D'Anthony.

Aliás, um comentário rápido: O Lin está em seu segundo ano na Liga e é praticamente um calouro, mas vale lembrar que o Lin vai fazer 24 anos essa temporada, mais velho do que Derrick Rose, Russell Westbrook e Kevin Durant.

Aliás, sabe o que é engraçado - ou trágico? O Houston não tinha a intenção de dispensar o Lin, a idéia do Rockets era trocar o Goran Dragic (que iria pro Hornets na troca do CP3) e o Lin ficar como reserva do Kyle Lowry. Quando a troca foi vetada, o Rockets ficou com quatro armadores - Lowry, Dragic, Lin e Flynn (que era mais valioso pro Rockets pelo seu valor de troca), sendo que todos menos o Lin tinham contratos garantidos - e ai teve que mandar o Lin embora. Ou seja, se a troca não tivesse sido vetada, o Lin nunca teria saido do Rockets e possivelmente estaria destruindo tudo e todos por lá ao invés de NY. O Rockets teria Pau Gasol e provavelmente teria assinado com o Nenê (que dizem que iria pra lá se eles conseguissem um outro jogador de garrafão), e ficaria com um time de Lowry, Courtney Lee, Chandler Parsons, Gasol e Nenê, e um banco com Lin, Marcus Morris, Chase Buddinger, Patrick Petterson e algum Free Agent para a posição 2. Ao invés disso o time perdeu Lin, não assinou com Nenê e ficou sem seu All Star no Gasol... Tudo por causa do veto do David Stern, que podemos afirmar que destruiu a temporada do Rockets e salvou a temporada do Knicks de ir pro buraco. Ah sim, adivinhem quem tem a escolha de primeira rodada do Knicks esse ano? Bingo! O sangue do Rockets está em suas mãos, Stern!

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Mailbag 1.0 - Mailbag Practice

Então finalmente chegou o grande dia, nosso primeiro (E talvez último, vai saber...) Mailbag. Recebemos alguns emails (A maior parte depois que eu reclamei no twitter que não chegaram emails, mas enfim, deixa eu comemorar em paz!) e acho que já da pra fazer a primeira edição do nosso Mailbag, apelidado carinhosamente de Mailbag Practice. Não é tão grande, é a primeira vez, espero fazer outros maiores no futuro... Só Practice. Se você não sabe do que eu estou falando, corra ao youtube para ver uma das entrevistas mais bizarras de todos os tempos! E depois clique aqui pra ver o Charlie Sheen quotando essa entrevista numa das melhores frases dos últimos tempos.

Em geral, eu gostei do resultado, muitas perguntas interessantes e alguns comentarios divertidos. Daqui pra frente, vou deixar o Mailbag sempre aberto, sempre que quiserem mandem emails para tmwarning@hotmail.com com o título "Mailbag" e as perguntas/comentários/etc que quiserem, e sempre que atingirmos um bom número eu venho e faço outro Mailbag. Certos eventos podem gerar Mailbags especiais, mas ai eu eu aviso. Por enquanto, continuem mandando os emails que sempre que a caixa encher a gente vem e esvazia. 

Agradecendo a todos que participaram do Mailbag e convidando a todos os leitores a mandarem seus emails para os próximos, vamos ao que interessa. Só lembrando que esses são emails de verdade de leitores de verdade.


No Superbowl o Brady recebu a bola do Snap na sua Endzone e foi considerado infração e 2 pontos pro Giants, eu não entendi o por quê? ja tinha visto o QB ser "Sacado" na sua Endzone e nesse caso os 2 pontos foram pro time adversário agora essa do Superbowl não entendi, que regra é essa? - Fabiano Dantas

Quando o Quarterback ou qualquer outro jogador do ataque é derrubado dentro de sua própria End Zone, isso configura um safety, ou seja, a defesa ganha dois pontos e recebe a posse de bola de volta. É o caso do QB sendo sackado dentro da End Zone, o Giants ganharia dois pontos e receberia a bola.

Também existe uma falta no futebol americano que chama "Intentional Grounding". Essa falta é para impedir que o QB, prestes a ser sackado, simplesmente jogue a bola para ninguém e evite perder jardas. Para que o Quarterback jogue a bola fora de forma "legal", o passe tem que ir para perto de algum recebedor (não necessariamente tem que ser para o jogador receber o passe, mas tem que ter pelo menos algum jogador de ataque que possa receber a bola na área em que o passe foi feito) OU o Quarterback pode jogar a bola para algum lugar onde não tenha nenhum jogador desde que ele tenha saido do pocket (Uma zona imaginária logo atrás da linha de scrimmage, entre os cinco jogadores de linha ofensiva - Na imagem abaixo, é a área dentro das duas linhas vermelhas) e a bola passe por cima da linha de scrimmage (onde começou a jogada) antes de tocar no chão. Caso o QB se livre da bola e não tenha nenhuma dessas duas condições, acontece a falta e o time perde 15 jardas e a descida.


O que aconteceu no Super Bowl foi que o Tom Brady cometeu a falta de Intentional Grounding (no caso, ele estava dentro do pocket e jogou a bola para um lugar onde não tinha nenhum jogador de ataque) dentro da sua própria linha de 15 jardas - ou seja, não tinha 15 jardas pra ele recuar como punição pela falta. Quando isso acontece, a falta resulta na marcação de um Safety, e como em qualquer safety a defesa ganha dois pontos e a posse de bola.

Não é toda falta que resulta num safety caso o time não tenha jardas para perder. Geralmente, uma falta nessas situações faz o time recuar metade da distância para o End Zone. Que eu me lembre, apenas Intentional Groundings e Holdings podem virar Safetys nessas condições. Pra quem lembra, no Super Bowl de 2008, aconteceu algo semelhante, um Holding na linha de 4 jardas do Steelers resultou num safety a favor do Cardinals.


Outra coisa, não se vc sabe, mas como são arranjados os times nas divisões? por que pela lógica seriam os times de cidades mais próximas certo,? mas por exemplo o Cowboys está na NFC East com 3 times do leste é meio sem lógica né. - Fabiano Dantas

É um pouco complicado. Os times são organizados dentro da divisão por uma forma meio arbitrária que envolve dois fatores: Minimização das distâncias (Cada time enfrenta os outros da sua divisão duas vezes, então quanto mais próximos forem menos terão de viajar, o que é importante) e história. Os times não surgiram todos juntos, alguns estavam na Liga antes de outros, o que significa que existem rivalidades antigas que ninguém gostaria de desfazer. Dallas e New York ficam a uma distância considerável, mas a rivalidade entre Cowboys e Giants ninguém quer separar os dois, a rivalidade deles é mais importante. Mas por exemplo, a divisão do meu 49ers até alguns anos atrás era Rams, Saints e Bucs. Como a rivalidade de Niners e Rams com Saints e Bucs não eram significantes, não teve nenhum problema em separá-los por questões de logística, organizando novas divisões com distâncias menores.

O que é importante você lembre que os times são organizados em divisões dentro das conferências, e a questão das conferências muitas vezes é mais antiga do que essa logística. Muitos anos atrás, os EUA tinha duas Ligas de futebol americano, a NFL e a AFL. Quando elas decidiram se fundir, os times da NFL se tornaram os times da NFC e os da AFL viraram os times da AFC dentro da nova Liga unificada (Pra saber melhor a história das duas Ligas, recomendo esse post sobre a história do esporte nos EUA do nosso Especial NFL). Os times que surgiram depois não tinham esse vínculo histórico, mas times como Giants e Jets - que já existiam na época do The Merger e pertenciam à NFL e à AFL, respectivamente - acabaram ficando na conferência relativa às suas Ligas, o motivo de porque os dois times de NY pertencem a conferências diferentes. 

Ok, estou on fire pra explicar coisas hoje, vamos aproveitar pra responder à sequência de dúvidas do meu amigo Ricardo "Mugen" Venturelli sobre o Draft.


Vou fazer umas perguntas sobre o draft. Algumas perguntas dependem de respostas anteriores, então fiz algumas suposições de como eu acho que é (se a suposição estiver errada, ignore a pergunta). Vamos lá:
-Quantos jogadores um time pode escolher normalmente (tirando casos que um time troca uma escolha (numa rodada melhor) por duas escolhas (em rodadas mais avançadas)?

Um time, no padrão, tem 7 escolhas de Draft, uma em cada uma das sete rodadas. Claro que ele é livre pra trocar o que ele quiser pra ganhar mais ou menos escolhas, mas mesmo se não trocar nada, ele pode acabar saindo com mais escolhas. Além das 32 escolhas por rodada, o Draft da NFL tem mais 32 escolhas que são as Compensatory Picks, ou escolhas compensatórias. Eu não sei o critério exato usado nessas escolhas compensatórias, mas elas variam da terceira até a sétima rodada e são dadas a times que perderam mais do que ganharam na última Free Agency. Ou seja, se um time perdeu três jogadores caros e assinou só um barato, ela vai ganhar uma ou mais Compensatory Pick pra, como o nome diz, "compensar" a perda. 

Uma vez que essas Compensatory Picks são distribuídas, se tiver faltando um certo número de escolhas pra atingir as 32, elas viram Supplemental Compensatory Picks, ou escolhas compensatórias complementares. Essas escolhas funcionam como o começo de uma oitava rodada de Draft. Se faltarem oito escolhas compensatórias, os oito times de pior campanha (ou os oito que começam Draftando a cada rodada) ganham essas oito escolhas em ordem, que começam após o final da sétima rodada. Se não tiver nenhuma escolha compensatória e sobrarem 32 escolhas, cada time ganha uma escolha no final do Draft. Se forem distribuídas as 32 escolhas compensatórias, então ninguém ganha escolhas compensatórias complementares.

Em resumo: Um time terá sempre 7 escolhas de Draft (Se não tiver trocado elas anteriormente), mas pode ganhar mais escolhas dependendo do quanto o time perdeu na última Free Agency (não há nenhuma "punição" pra quem ganhou mais do que perde) e do quanto sobrar uma vez distribuídas as escolhas compensatórias.


-Os times podem escolher qualquer jogador universitario ou estes devem se candidatar para o Draft? Caso eles tenham que se candidatar, eles podem fazer isso em qualquer um dos (quatro) anos da universidade ou só no último?

Não, qualquer jogador que vá entrar na NFL tem que se declarar para o Draft, e só então ele será Draftado.   Para se declarar para o Draft, o jogador tem que ter terminado o colegial há pelo menos três anos. Isso significa que o jogador não precisa necessariamente ir para uma universidade e jogar três anos antes de se candidatar, ele pode passar um ano fazendo um mochilão pela Ásia, jogar dois anos na Faculdade e dai já se declarar para o Draft mesmo só tendo ficado dois anos no College. 

Claro que todo jogador que quer chegar na NFL sabe que o caminho é muito difícil, e é muito difícil para um cara que não saiu do College pra uma universidade ser Draftado, então esse normalmente é o caminho. Além disso, é muito mais fácil os olheiros da NFL terem confiança num jogador que eles viram jogar bem dois anos do que só um, por exemplo. No caso da NBA (que o jogador tem que esperar um ano depois do colegial pra ir pro Draft), alguns jogadores até preferem ir jogar na Europa antes de ir pro Draft, mas como o futebol americano não tem uma opção de tanto destaque e tão lucrativa, a faculdade é praticamente obrigatória se você quer chegar à NFL.

O tempo antes de se candidatar, portanto, é no mínimo três anos, mas varia de jogador a jogador. Tem jogador que se acha pronto e quer sair logo depois dos três anos, tem jogador que prefere ganhar um ano a mais de experiência ou acha que pode render mais no ano seguinte e assim melhorar seu valor no Draft, etc. Varia muito de caso pra caso.


-Caso seja em qualquer ano, vamos imaginar um jogador em seu segundo ano de universidade se candidata para o Draft, mas nenhum time escolhe ele, ele pode voltar a jogar na universidade (uma vez que ele só disputou duas de quatro temporadas)?

Não pode. Uma vez que o jogador se declarou elegível para o Draft e não foi Draftado, ele se torna um Free Agent e não pode retornar ao College, porque ele oficializou sua transição do esporte amador (o College) pro profissional. Eu confesso que não gosto muito dessa regra, pra mim um FA não draftado deveria poder voltar ao College porque afinal faria mais bem que mal deixar o cara completar seu estudo, mas...


-Os contratos (em termos de anos e de dinheiro) são iguais para todos os jogadores escolhidos no Draft, ou variam de time para time, ou de rodada para rodada, ou ainda de jogador para jogador?

Os contratos não são fixos nem tabelados, mas funcionam da seguinte maneira. Após o Draft, uma parcela do Salary Cap (o teto salarial) de cada time fica destinado apenas para assinar os jogadores que o time Draftou. O tamanho dessa parcela varia de acordo com o número e o "valor" das escolhas, então quanto mais escolhas você tiver e mais cedo elas acontecerem no Draft, maior será o tamanho do seu Cap que você vai ter disponível para assinar seus calouros. Desde que você não ultrapasse essa parte do seu teto salarial, você está livre pra negociar os contratos com seus jogadores draftados. Normalmente o contrato dos jogadores segue um padrão baseado na posição dos jogadores e em que posição eles foram Draftados, mas isso não é absoluto, e esse espaço do Cap serve justamente pra time e jogador negociarem.

Espero ter respondido às suas dúvidas, mas se você quiser uma visão mais geral pode ler um texto meio antigo nosso comentando um pouco como funciona o Draft e o esporte universitário.


Agora outra pergunta que não tem relação ao Draft.
Vamos supor que o time A tenha marcado um TD e vai para a tentativa de conversão de 2 pontos. Então eles vão correr com a bola (ou tentar um passe) e acaba ocorrendo um fumble (ou uma interceptção). Um jogador do time B recupera a bola, ele pode correr até a end zone adversário e marcar um TD ou não? Lembrando que é na tentativa de conversão de 2 ponto. - Ricardo "Mugen' Venturelli

Não na NFL. Na NFL, quando numa conversão de dois pontos resulta num fumble recuperado pela defesa ou numa interceptação, a jogada imediatamente acaba ali, a conversão falha e o time que anotou o TD chuta o Kickoff pra recomeçar a partida. 

Na NCAA e na Canadian Football League, por exemplo, é diferente. Lá, se você consegue um fumble ou interceptação na conversão de dois pontos e leva a bola até a End Zone adversária, o seu time que ganha os dois pontos da conversão, e ai o time que anotou o TD e falhou na conversão chuta o kickoff pra reiniciar o jogo normalmente.




como é decidido quem usa a camisa titular e a reserva? - Vinicius Moletta


Nos jogos normais (Pré-temporada, temporada regular e playoffs), o time que tem o mando de campo escolhe com qual camisa joga. Normalmente ele joga com a camisa titular e o adversário joga com a reserva, mas ele pode optar por jogar com a reserva e aí o adversário é forçado a usar a titular. 


No Super Bowl, que não tem mando de campo, funciona um esquema de revezamento. Num ano, o representante da NFC que usa a camisa titular, no ano seguinte é o da AFC, e por aí vai. O time que vai usar a camisa titular no Super Bowl pelo revezamento não pode optar por usar a reserva na sua vez, por exemplo - tenho certeza que o Pats teria feito isso no último Super Bowl, os uniformes em 2007 foram iguais. Em 2007, quem usou a titular foi o Pats, da AFC. Em 2008, foi o Cardinals da NFC. Em 2009, o Colts da AFC. 2010, Packers, e por aí vai. Ano que vem, o campeão da NFC vai usar a camisa titular no Super Bowl.



Equipe (lol) do Two-Minute Warning - Eduardo MS

Isso certamente não era uma pergunta ou um comentário, era mais a introdução do email, mas só pra comentar que esses dias o Celo falou comigo e disse que ia postar no blog. Depois o blog fica sem posts uma semana e ninguém entende porque. Porque EU ainda acredito quando ele fala isso, hein??


Gostaria que explicasse ao mundo sobre as variações cabulosas do Rugby, como o Futebol Gaélico e o "Aussie rules". 

Comente sobre o incidente do cachorro que invadiu um jogo entre seleções e participou de várias jogadas empurrando a bola, no video a seguir. - Eduardo MS


Nunca tinha ouvido falar, mas parece um rugby misturado com futebol. Pra quem ficou curioso, acho que o vídeo é bem auto explicativo. Acho que esse entra na categoria de esportes mais bizarros que eu já vi na vida... 

E o cachorro já pode jogar no meio de campo do Palmeiras e ainda virar ídolo da torcida.


Por curiosidade, caso tivesse a possibilidade de atuar ativamente na NFL, com um cargo como o de OC, DC ou comentarista da NFL.com, qual escolheria, qual time (se aplicável) treinaria/escrotizaria e porque?

Acho que eu adoraria ser comentarista da NFL.com, imagina ganhar dinheiro pra fazer o que eu faço toda semana aqui no blog de graça? E acho que, sem maldade, eu entendo mais de NFL do que o Jason Smith. Qualquer um entende, na verdade, até o cachorro do vídeo ai em cima. 

Mas acho que se eu tivesse a chance de trabalhar na comissão técnica de algum time, eu seria Coordenador Ofensivo. Ser Head Coach significa agregar todas as funções, coordenar todos os setores do time e, mais importante, lidar com jogadores e técnicos de diferentes personalidades, gostos e estilos, saber deixar todos felizes, manter o grupo unido... enfim, acho que envolve muito mais compreensão e tato do que eu conseguiria cuidar. Mas ser OC envolve muito menos manejo humano e mais tática, trabalhar um estilo ofensivo, playbook, formações, e deixar o controle humano dos jogadores com o HC... Ai sim, seria um trabalho que me atrairia bem mais. Se pudesse escolher, gostaria de trabalhar num time com um bom QB... Acho que o time mais divertido de ser HC deve ser um time como o Saints, que tem uma boa linha ofensiva que lhe permite as mais diversas formações de passe, treinar um time sem uma boa linha ofensiva significa que suas jogadas tem que ter uma válvula de escape pro QB e isso cria uma tendência no seu playbook. Saints ou Texans (QB não tão bom mas com ótimo RB) seriam as duas mais divertidas.


Ultima pergunta: Qual é o esporte mais bizarro que conhece, sem citar o Tazer Football League ou algo assim. - Eduardo MS

Olha, esse que você nos apresentou realmente entra na conversa. E olha que eu já pratiquei quase todos os tipos de esporte que eu conheço, futebol, futsal, futebol de areia, volei, tenis, basquete, baseball, futebol americano, rugby, hockey, ping pong, bocha (sério!)... Mas acho que o posto de esporte mais bizarro fica com o Lacrosse, que aliás é o esporte nacional Canadense - acho que todo mundo imaginava que era o Hockey, inclusive eu antes do intercâmbio.

Imagine um jogo no qual você joga uma bola pros seus companheiros usando algo que lembra uma rede de caçar borboleta mais dura e está sujeito a acertar seus adversários "acidentalmente" com essas redes a qualquer momento... Sem falar que você pode dar cabeçadas e trombadas gerais nos adversários a vontade para tirá-los do caminho e afins. Se isso não é bizarro o suficiente pra você, então eu realmente recomendo o Taser Ball pra você. E uma terapia.


Alias, ultima pergunta: Comente sobre a instinta XFL, e fale sobre o q a NFL poderia usar deles  - Eduardo MS

Primeiro e mais importante, "instinta" me doeu.

Segundo, pra quem não sabe, a XFL foi uma tentativa de criar, em 2001, uma Liga de futebol americano "alternativa" à NFL. No caso, logo após o término da NFL, aquele período cruel quando ficamos sem futebol americano por SETE SÓLIDOS MESES.


Mas é, não deu certo por vários motivos, o primeiro e mais importante é que a gente ja´aprendeu ao longo de muito tempo que ninguém gosta de futebol americano  profissional que não seja o da NFL, várias Ligas alternativas já surgiram ao longo dos anos (a maior e mais importante foi a USFL, na década de 80, que tirou da NFL vários prospects importantes saindos do College e onde jogaram, antes de ir pra NFL, Jim Kelly e Steve Young, por exemplo, e rendeu um excelente documentário da série 30 for 30 da ESPN chamado "Small Potatoes: Who Killed the USFL?" que mostra como a USFL se manteve bem enquanto foi uma Liga secundária, mas que se destruiu quando tentou mudar da primavera para o outono para competir diretamente com a NFL). Além disso, a XFL foi fundada por caras ligados às lutas livres americanas (não estilo MMA de hoje, e sim aqueles Wrestlings combinados, o que fez a Liga ficar com fama de combinada e falsa.


O que a gente pode levar da XFL? Que os EUA não tem espaço pra outra Liga de futebol americano, especialmente se for mal organizada. A USFL, que era extremamente bem organizada, durou alguns poucos anos (tudo bem, porque seu fundador morreu e o idiota do Donald Trump decidiu mudar a Liga pra competir com a NFL, mas enfim...).


Ah sim, a XFL também não tinha coin toss pra começar um jogo, cada time colocava um jogador na linha de 30 jardas, a bola ficava na linha de 50 jardas, o juiz apitava... E o time do jogador que saisse com a bola primeiro ganhava o cara ou coroa. Isso podia existir na NFL. Malditos conservadores...




Comecei a acompanhar a NFL esse ano, torcendo para o 49ers, mas ainda não decidi direito. Como vocês acabaram escolhendo seus times? - Nathan de Castro


Bom, eu torço pro 49ers por uma combinação de fatores. Primeiro, porque meu pai torcia para o 49ers, então desde pequeno eu uso roupas do Niners, escuto falar do Joe Montana e afins. Meu pai torce pro Niners porque morou algum tempo nos EUA - o que lhe deu o amor pelo esporte -, porque o time usava na época um uniforme vermelho, branco e preto e meu pai é sãopaulino fanático desde que nasceu, e porque quando ele começou a acompanhar mais o esporte era a época do Montana sendo Deus em San Francisco. Quando eu fui crescendo, fui baixando vídeos de jogos famosos e de Super Bowls antigos de um site já falecido, e de longe os dois jogadores que mais me impressionaram foram o Montana e o Jerry Rice. Então somado à minha pré-disposição em gostar do time pela influência desde a infância (Tem um video meu com dois anos lançando uma bola de foot e gritando "Touchdown, Steve Young!"), essa admiração pelos dois foi o que me fez torcer pro Niners.


Acho que não tem muito segredo para nós que não moramos nos EUA, lá geralmente se torce para o time da cidade e/ou o time dos pais. No meu caso, a influência do meu pai foi bem importante, mas se não tiver algo assim o jeito é ir assistindo e acompanhando e desenvolver naturalmente, ou então esperar acontecer um momento que te marque. Por exemplo, eu torço pro Red Sox por causa de um jogo que eu vi que o time perdia de 7 a 1 na oitava entrada, e a torcida não parava de cantar, de gritar e de apoiar. O time começou a reagir, a torcida continuou cantando, até que o Sox venceu por 8 a 7. Isso me marcou tanto - a torcida, os jogadores, tudo - que eu comecei a torcer pro Sox.




Conheci o futebol americano mais profundamente graças a uma mangá chamado "Eyeshield 21", que, apesar de toda a fantasia, me fez me interessar pelo esporte e querer saber mais. Quais mídias vocês acham que podem ajudar a trazer fãs para o FA, além da televisão e tal? - Nathan de Castro


Eu sou suspeito pra falar, porque eu ADORO Eyeshield 21. E o pior é que, tirando algumas excessões, Eyeshield 21 não é tão fantasioso assim, a grande parte das "técnicas" dos jogadores existem de verdade, e só aparecem de uma forma mais estilizada e com um nome pomposo. 


Claro, não é todo mundo que gosta do estilo de história e leitura de um mangá, mas pra quem gosta eu recomendo muito Eyeshield 21, a história se desenvolve de um jeito muito legal, os personagens são extremamente bem trabalhados e um dos personagens principais (Hiruma) é o personagem mais legal que eu já vi em toda minha vida. E claro, os jogos de futebol americano são muito bons. Pra quem gostar do estilo, eu recomendo.


Acho que a melhor mídia sempre vai ser a TV, a ESPN tem feito um grande trabalho trazendo o futebol americano pra cá e tudo mais. Mas conheço gente que começou a se interessar e eventualmente acompanhar o esporte por causa de filmes (Any Given Sunday, Blind Side), livros (Blind Side, The Elmira Express, etc), mangás (Eyeshield 21). Acho que enquanto essas coisas continuarem saindo com qualidade na mídia, eventualmente vão vir pro Brasil e atingir uma parte da população. Mas o melhor, a meu ver, ainda são os video games. Acho que na geração atual, os video games - Madden, em especial - são a melhor forma de apresentar o esporte. Não só é divertido, é uma ótima forma de se conhecer mais as posições do jogo, as formações e tudo mais. E claro, a internet, é muito fácil hoje achar na net bons blogs brasileiros com informações e opiniões sobre o esporte. Eu tento fazer minha parte, nosso Especial NFL está sempre ai pra quem quiser, mas tem muitos outros que também fazem um trabalho parecido. O esporte já está quase atingindo no Brasil um nível de alimentar o próprio crescimento, o que é ótimo. Acho que de certa forma tudo isso que está ajudando o esporte no país.




1. Se você fosse montar um time de Foot, como seria a escalação? Utilizando jogadores da última temporada da NFL. - Daniela


Hmm, com base na última temporada da NFL e minha opinião geral sobre os jogadores, meu time pra jogar UMA temporada (ou seja, sem pensar em potencial a médio/longo prazo) seria:


Linha ofensiva: Jason Peters, Jake Long (OT), Jahri Evans, Logan Mankins (OG), Nick Mangold (C).
Ataque: Tom Brady (QB), Adrian Peterson (RB), Larry Fitzgerald, Calvin Johnson e Wes Welker (WRs), Vernon Davis (TE), Vontae Leach (FB).


Defesa 3-4: Jared Allen, Haloti Ngata (DE), Justin Smith (DT), Terrell Suggs, Jason Pierre-Paul (OLB), Patrick Willis, Brian Cushing (ILB), Darrelle Revis, Jonathan Joseph (CB), Ed Reed e Troy Polamalu (S).

Special Teams: Andy Lee (P), Sebastian Janikowski (K), Devin Hester (Retornador)

Esclarecimentos rápidos: Ainda acho Tom Brady o melhor QB da NFL, Adrian Peterson é o melhor RB jogando num ataque horrível, Vernon Davis é um bloqueador melhor que Jimmy Graham e Rob Gronkowsky e tão bom quanto recebendo (só que joga com um QB pior). Gronk e Navorro Bowman tiveram um 2011 espetacular, mas foi só um ano, preciso ver mais antes de colocar eles no meu time. Terrell Suggs e Jason Pierre-Paul merecem mais a vaga do que Demarcus Ware nesse momento.


2. Qual seria sua reação se você visse o "João Montanha"? 


Eu provavelmente me ajoelharia na frente dele e começaria a fazer reverências. Sério. Montana e Rice são inigualáveis tanto como meus jogadores como meus ídolos no esporte. Meu sonho é ter uma camisa autografada pelos dois enquadrada na parede do meu quarto. Não estou brincando. Acho que as reverências ganham por pouco. Não queiram saber quais as outras opções.




3. O que acha do Madden? Porque eu particularmente sou péssima. O NBA é mais jogo (tu dun pss)


Pra mim, Madden 2008 pra computador foi o melhor jogo de esportes já feito na história da humanidade, mas a partir de 2009 pararam de lançar Madden pra computador e focaram nas plataformas (antes que alguém diga que da pra jogar Madden no computador de n maneiras diferentes, pegue Madden 2008 pra Wii, PS3/xBox, e computador. Jogue os três. NÃO é o mesmo jogo, os três são bastante diferentes, e o de computador é infinitamente melhor). Desde então, tenho jogado no Play3, e gosto bastante do jogo. Nunca chegou no nível Madden 2008, mas é um excelente jogo, tanto em termos de jogabilidade como de conteúdo (a única coisa que falta pra mim é uma Seção como "Jogos históricos' com times antigos e tal, que nem o NBA 2k12) e tem melhorado ao longo do tempo. Só que perdeu o posto de "melhor jogo de esportes" pra NBA 2k desde que parou de fazer as versões pra computador.




4. O que acha de Foo Fighters no próximo SuperBowl? É a sua aposta para o ano que vem ou não? Quem você gostaria de ver tocar por lá?


Eu acho que FF é a melhor pedida. É a banda mais popular da atualidade, a música deles é muito boa, e eles são carismáticos - sem falar que gostam de inventar, o que é perfeito para o Super Bowl. Faz tempo que não temos uma banda boa e popular no auge do sucesso tocando no Super Bowl, e Foo Fighters tem todas as qualificações necessárias. Dificilmente eles repetirão um cantor single esse ano, e já faz algum tempo desde o último show de rock por lá... Então acho que sim, é o meu favorito antecipado pro show do ano que vem. 


Meu sonho pra tocar lá seria a formação clássica do Pink Floyd, é claro, mas como o Richard Wright já morreu, aceito que coloquem o Paul McCartney pra fazer o papel de pianista/tecladista. Acho que se juntar os três vivos (Roger Waters, Nick Mason, David Gilmour) já está ótimo, seria um sonho. Paul + Floyd, aliás, é a abertura das olimpíadas de Londres. Eu mato por um ingresso pra essa abertura...




5. Por último, gostaria que mandasse um beijo para o Wilfork, meu queridinho. - Daniela


Minha pegunta favorita do Mailbag, porque eu realmente imaginei por um segundo eu indo tirar satisfação com o Vince Wilfork, e passei os próximos cinco minutos caindo na risada. Sim, ela é a minha namorada Patriota... E ela é apaixonada pelo Wilfork desde aquele Pats e Chargers que ele interceptou um passe e saiu correndo com uma animação tão genuína que foi comovente. Maldito gorducho, eu ainda tinha esperanças quanto ao Niners pra ela...




Gostaria de saber o que você acha que será dos patriots após esse fracasso, as projeções do patriots para o draft, quais seriam as possíveis saidas ou chegadas de jogadores, futuro do Ochocinco, etc - Everton Dalcin


Bom, primeiro de tudo, o Pats é um time que tem uma base montada. Brady, Welker, Gronk, Aaron Hernandez, Jarod Mayo, Devin McCourty e Vince Wilfork, todos devem continuar na equipe. O contrato do Benjarvus Green-Ellis ta terminando, mas o Pats já está em busca de uma renovação. Não acho que o time deva perder ninguém significante no final da temporada (a não ser que você conte o Ochocinco) e a perspectiva é de que o time mais se reforce do que perca jogadores.


O Pats tem duas escolhas de primeira rodada no Draft (Provavelmente vão trocar essas escolhas porque o Bill Belichick tem essa tara estranha) e devem ir atrás de jogadores pra defesa ou de WRs, o único confiável do time é o Wes Welker e como o jogo contra o Giants mostrou, o time tem uma certa falta de Wideouts. Na Free Agency, o problema é que tem uma regra que limita aas contratações dos times top4, que diz que o time só pode adquirir em jogadores o que ele perder. Como tem poucos jogadores de peso saindo, eles ficam limitados a jogadores mais baratos, não terão condições de arrumar algum FA de impacto. O Brandon Lloyd - que é acessível se aceitar um contrato menor - já disse que quer ir pra lá, por exemplo. Acho que caia como uma luva, mas o agente dele tem péssimas relações com o Patriots. É tudo especulação, mas considerando que o time tem duas escolhas de primeira rodada, não deve perder ninguém importante, seus jogadores jovens vão ter um ano a mais pra melhorar e ainda é capaz de achar algum jogador útil subvalorizado na Free Agency - tipo o Lloyd, saindo de péssima temporada - é difícil imaginar que o time não vá ser pelo menos tão bom quanto esse ano. 



Quais podem ser as grandes movimentações de jogadores entre os demais times e as opiniões sobre os jogos das equipes para a temporada 2012, parece que o seu 49ers pegou uma tabela nada fácil hein! - Everton Dalcin


E esse é o motivo pelo qual eu estou morrendo de medo pela temporada 2012 da NFL - Meu Niners vai enfrentar Patriots, Packers, Saints, Bears, Lions e Jets, de longe uma tabela mais difícil do que a desse ano passado. Deve ganhar a divisão porque tirando Patriots, todos da NFC West enfrentam os mesmos times, mas dificilmente ganha mando de campo pros playoffs. O Niners em casa é um dos melhores times da Liga e pode ganhar de qualquer um, mas fora de casa... Eu não tenho a mesma confiança. Nem de longe. 


Acho que a principal história da offseason deve ser aonde irá o Peyton Manning. Acho difícil ele ficar em Indianapolis, e provavelmente ele vai escolher pra onde ir. A melhor escolha pra ele seria o Niners, mas acho que o Niners vai insistir com o Alex Smith, que melhorou muito ao longo da temporada passada. Nesse caso, Jets e Redskins são os principais alvos do Manning. Pra mim o melhor time pra ele ir é o Titans, faz sentido total pros dois (um time que pode virar um candidato ao título com um grande QB se adicionar uma ou duas peças, e o time ganha um titular pra disputar titulos e um mentor pro Jake Locker pros próximos anos) mas dificilmente vai acontecer. O Dolphins provavelmente vai ir atrás do Matt Flynn na Free Agency, e acho que a tendência da offseason vai ser jogadores jovens renovando e os velhos (Brandon Lloyd, Reggie Wayne...) mudando de time.





Gostaria de saber qual o contrato de Jeremy Lin com o New York Knicks. Qual a duração dele, e se há alguma possibilidade de Linsanity sair dos Knicks para tentar um título em algum contender mais forte. - Christopher Chow



Só um ano, mas eu duvido MUITO que o Knicks não de um jeito de estender esse contrato assim que tiver a chance. O meu post sobre o Jeremy Lin vai ser o próximo, mas já adianto que ele é um bom jogador e que tem a característica que esse time do Knicks precisa, então ele é valioso demais pro Knicks perder. Só precisa ver como fica a questão salarial. Do lado do Lin, eu duvido que ele saia, se o Knicks pagar: O Knicks pode pagar mais que os outros, ele é grato ao Knicks por ter dado uma chance a ele e é muito amigo do Landry Fields (Tava morando no sofá dele). Dificilmente ele vai sair disso tudo se não tiver uma grande vantagem em outro quesito. Financeira não vai ser. E será que existe algum contender que possa assinar ele? Miami está muito acima do cap, Bulls não precisa dele, Thunder também não tem o estilo de pagar bilhões por free agents, o Dallas vai contratar o Deron Williams no final do ano e dificilmente o Lakers vai abrir o espaço salarial pra isso se não trocar Gasol ou Bynum, e se o fizer o alvo deles vai ser o Dwight Howard (que aliás acho que não sai de Orlando). Então não tem nenhum motivo pro Lin sair, ele e o Knicks são o melhor casamento pros dois.






E esse é o fim do nosso primeiro Mailbag. Espero que tenham gostado, se tiver chegando emails a gente continua e faz mais. Mandem novos emails, que a gente continua!

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A evolução das defesas na NFL

Richard Dent faz uma ótima demonstração de 
como a defesa deve jogar sob as novas regras



Desculpem a inatividade recente, a ressaca pós-Super Bowl ainda não passou e o nosso Mailbag não está recebendo perguntas suficientes pra justificar um post até agora. Enquanto esperamos mais perguntas (Vamos, galera, não desanimem agora, mandem seus emails para tmwarning@hotmail.com!), vamos falar um pouco sobre a evolução das defesas na NFL.

Alguns aqui talvez se lembrem de um post que fizemos já faz algum tempo sobre a evolução do jogo aéreo na NFL. Nesse post, nós comentamos sobre como as regras que surgiram ao longo dos anos - em especial de 2004 pra frente - tiveram o efeito de facilitar em muito o jogo aéreo na NFL. Isso causou, é claro, um grande direcionamento do jogo na NFL para o ar, e os Quarterbacks e os ataques passaram a ter um peso muito maior do que tinham até então. Isso também fez com que os números dos Quarterbacks e Wide Receivers pós-2004 explodissem se comparado aos números anteriores, e em nossa mania de querer comparar tudo em números sem pensar no que está por trás deles, acabávamos olhando pra números extremamente inflados e exaltando as estatísticas dos jogadores de hoje como sendo superiores às dos jogadores de 20 anos atrás. As 5300 jardas do Drew Brees em 2011 foram incríveis, claro, mas nós olhamos pro número 5300 em absoluto, esquecendo que conseguir 5300 jardas hoje é muito mais fácil do que conseguir 5000 trinta anos atrás. O jogo muda, as regras mudam, e nós esquecemos disso, continuamos tratando os números como se significassem a mesma coisa em qualquer época.

Mas voltando ao tópico principal, as mudanças que o jogo aéreo sofreu ao longo dos anos, e em especial na década de 2000, determinaram como os ataques iam jogar, deram ênfase ao jogo aéreo, colocaram o jogo terrestre em segundo plano e tornaram a NFL numa Liga onde o jogo terrestre é o que da o tom do jogo, e onde eé cada vez mais difícil vencer sem um grande QB. Mas hoje, vamos olhar o lado contrário da questão, e analisar como as defesas na NFL ficaram com essas mudanças nas regras e no jogo, e qual o panorama pras defesas da NFL nos próximos anos.

Para quem não leu ou não lembra desse post e está com preguiça de clicar no link acima, um breve resumo. Ao longo dos anos - e em especial na década de 2000 - a NFL começou a mudar algumas regras e instituir algumas regras novas visando incentivar o jogo aéreo na NFL. Os principais motivos para essa mudança foi a mentalidade defensiva que dominou a NFL no começo da década e levava a muitos jogos lentos e de placares baixos, com defesas dominando os ataques. Isso se deu, em parte, por uma certa entresafra de grandes Quarterbacks na Liga. A geração anterior (Troy Aikman, Dan Marino, Joe Montana, Steve Young, John Elway, Jim Kelly, etc) estava saindo de cena e a nova geração (Tom Brady, Peyton Manning, Ben Roethlisberger, Drew Brees, etc) ainda não tinha aparecido o suficiente para dominar o cenário da NFL. Ainda que tivéssemos Brett Favre e Kurt Warner destruindo recordes diariamente, era muito pouco frente ao maior cenário da Liga. Tirando o extremamente ofensivo Rams (The Greatest Show on Turf), que foi campeão do Super Bowl em 1999, quem aparecia em peso eram as defesas. O Ravens de 2000 (Trent Dilfer de Quarterback), o Patriots de 2001 (Um Tom Brady burocrático e eficiente de QB, mas secundário a uma grande defesa), o Bucs de 2002 e até mesmo o Pats de 2003 eram todos times que tinham uma grande defesa e um ataque medíocre, em geral que contava com um forte jogo terrestre mas que tinha como grande âncora sua defesa. As defesas de Ravens e Bucs, em particular, estão entre as maiores de todos os tempos. Os jogos truncados, defensivos e de poucos pontos começaram a dominar o cenário da NFL, e a Liga decidiu mudar as regras pra aumentar o poder dos ataques.

Não é a toa que desde 2004 os campeões do Super Bowl tiveram como QBs titulares Brees, Brady (Em 2004 pela primeira vez assumindo uma posição central no time), Manning, Aaron Rodgers, Eli Manning e Big Ben, depois de ver um Brady pirralho e burocrático, Trent Dilfer e Brad Johnson ganhando Super Bowls no começo da década. As novas regras restringiram e muito o que a defesa podia fazer - não podiam mais acertar jogadores com o capacete, não podiam mais atingir jogadores na área da cabeça, não podiam mais encostar nos recebedores, não podiam derrubar QBs abaixo da cintura... Ou seja, na década de 80/90 a defesa tinha muito mais recursos tanto pra marcar os recebedores adversários como para atacar o QB como para dar tackles. Agora os defensores estão muito mais limitados, o jogo aéreo domina a NFL e estatísticas de passe e recepções são quebradas diariamente. A NFL pode justificar essas regras dizendo que estão protegendo a saúde dos jogadores, o que até é verdade em algum nível, mas o verdadeiro motivo era aumentar os placares, tornar os jogos mais abertos e, na avaliação deles, mais atraentes para o público.

Uma vez que o principal impacto dessas mudanças foi o incentivo ao jogo aéreo, era de se esperar que o caminho para o sucesso das defesas fosse fortalecer a defesa contra o passe. Formações Nickel (com um cornerback extra), melhores safetys e cornerbacks, estratégias de cobertura complexas... Esse parecia, no primeiro momento, ser o caminho de sucesso para defesas. Se você conseguisse montar uma grande secundária e limitar o jogo terrestre, os adversários seriam obrigados a recorrer ao jogo terrestre mais e mais. No começo, após as mudanças, esse realmente foi o foco das defesas, fortalecer a secundária em busca de uma chance de lutar contra os ataques aéreos, agora fortalecidos pelas regras. Mas com o tempo, e cada vez mais, se percebe que o caminho para o sucesso das defesas na NFL não é a secundária, ou a defesa aérea, e sim o pass rush, ou a capacidade da defesa de pressionar o Quarterback.

Claro que se você tiver uma grande secundária você vai ter uma vantagem. A secundária do Jets, com Darrelle Revis e Antonio Cromartie (vindo de ótima temporada depois de uma temporada inicial medíocre), com certeza inibiu passes contra o time de NY. Também ter safetys capazes de forçar interceptações como Ed Reed continuam colocando pressão no QB e fazendo eles pensarem duas vezes antes de passar a bola em profundidade (O que é um efeito lógico, se o índice de interceptações de um QB fica constante e ele começa a passar a bola mais vezes por jogo, o número de interceptações tende a aumentar - o que explica o aumento em interceptações recente). Grandes jogadores e secundárias bem montadas vão ter seu efeito, em qualquer época. Se você tiver a oportunidade de montar uma grande secundária, tem que montar.

O que acontece é que não é todo time que que é capaz de montar uma secundária com tanto impacto. Não estamos em uma era de boom em jogadores de secundária, temos vários bons jogadores mas não em número excessivo, que fosse suficiente para dar à maioria dos times da Liga uma unidade capaz de alterar jogos por conta própria. A grande maioria dos times tem que se contentar em ter uma secundária mediana, sem jogadores de nível All-Pro como Ravens, Jets e Steelers. Isso se dá também pelo fato de que a secundária teve uma redução no seu papel. Em 2002, uma dupla determinada dupla de Cornerbacks teria mais impacto no jogo do que em 2011, onde as regras são desenhadas para que eles justamente tenham menos impacto. Pra que um cornerback médio hoje impacte o jogo da mesma forma que um cornerback médio impactava o jogo em 2002, o cornerback médio de hoje precisa ser consideravelmente superior do que o cornerback médio de 2002. Como não estamos tendo um grande aumento no nível dos jogadores da secundária desde então, o número de jogadores capazes de impactar o jogo da secundária caiu em muito, e poucos times tem esse luxo.

No começo, a solução parecia uma enorme disputa entre os times para ver quem pagava mais a esses jogadores. No entanto, a solução que foi encontrada era muito mais barata e acessível: Se você não pode marcar os recebedores de forma a impedir que o QB tenha um alvo para o passe, você tem que impedir que o Quarterback passe, derrubando ele antes que ele lance - ou pelo menos causando pressão o suficiente para que ele não tenha tempo e calma de achar seus recebedores. Ou seja, os times decidiram que a melhor forma de combater o ataque aéreo não era na secundária,  sim com o pass rush, pressionando o QB antes do passe.

De certa forma, isso faz todo o sentido do mundo. Não importa se a sua secundária é boa ou não, ela recebeu muitas limitaçōes e pode fazer muito pouco pra evitar que o recebedor tenha uma posição favorável em campo, logo logo vão proibir os defensores sequer de tocar na bola. Com tantas restriçōes, é muito difícil manter um jogador do ataque sob controle por muito tempo, e se tiver tempo, cedo ou tarde alguém vai conseguir abrir espaço. O truque então é diminuir cada vez mais esse tempo. Os jogadores que pressionam o QB também receberam restriçōes ao longo do tempo, especialmente limitando o quanto do Quarterback eles podem visar, mas essas restriçōes são bem menores do que as restriçōes que os jogadores da secundária tem.

Isso chega, também, associado a uma certa abundância de jogadores da posição na NFL, o que facilita a vida dos times. Pelas limitaçōes que a regra oferece, pressionar o QB já é relativamente mais vantajoso do que jogar só com a cobertura e dar tempo ao QB adversário, e além disso atualmente o mercado tem muito mais jogadores de qualidade para jogarem na linha defensiva do que jogadores de secundária, o que torna montar um bom pass rush bem mais acessível do que montar uma boa secundária tanto em termos de quantidade quanto em termos financeiros. Pensem que só no último Draft tivemos Von Miller, Aldon Smith e JJ Watt, três pass rushers de altíssima qualidade que já estão jogando num nível entre os mais altos da posição.

Isso explica também a popularização crescente da defesa 3-4 nos últimos anos depois da defesa 4-3 ter dominado por tanto tempo a NFL (Pra saber mais sobre as defesas 3-4 e 4-3, recomendo esse post do nosso Especial NFL destinado às defesas). A defesa 3-4 é uma defesa que é muito mais agressiva, na sua forma padrão ela envia um homem a mais do que a 4-3 e permite variaçōes mais criativas para a blitz. Em outras palavras, é uma defesa que sacrifica um pouco da cobertura para colocar mais pressão no Quarterback. Ela naão era muito usada até as novas regras, quando elas começaram a se popularizar e estão em grande parte das defesas de sucesso da NFL (Steelers, 49ers, Ravens, Packers versão 2010, Jets, Washington Redskins e Houston Texans). Por ser uma defesa que coloca mais ênfase no pass rush, ela é a defesa ideal para enfrentar a situação atual do jogo aéreo, e embora qual defesa usar dependa muito dos jogadores que você tem, o fato dela ser uma defesa mais agressiva tem sido o principal motivo dela ter voltado a ganhar popularidade nos últimos anos.

Dois times de sucesso em 2011 nos mostraram como a secundária não precisa ser uma unidade forte, desde que sua defesa tenha outros fatores. No caso do Packers, a secundária era uma droga em termos de jardas, foi uma das piores da NFL e todo mundo conseguia produzir em quantidade. Mas ela compensava isso forçando turnovers e ganhando posses de bola extra para o time, então o Packers não se importava. Ter uma secundária sólida está cada vez mais difícil, então os times deixam de se preocupar com isso em alguma medida para usar sua defesa de outras formas. O que causou a queda do Packers foi a dificuldade da sua defesa de pressionar o Quarterback usando sua linha de frente, tirando o Clay Matthews. O outro exemplo é o campeão Giants, que tinha uma secundária fraca e desfalcada por lesōes mas cuja defesa era absolutamente dominante graças à sua capacidade de pressionar o Quarterback. Aaron Rodgers e Tom Brady, dois dos três melhores QBs saudáveis da NFL na atualidade, tiveram muitos problemas pra jogar contra essa defesa porque eles não tinham tempo para pensar ou para aguardar seus recebedores se desmarcassem, logo que eles recuavam para o passe eles precisava fugir de alguém ou apressar a jogada para evitar um sack.

O grande Bill Parcels já dizia: Quando você faz o QB deixar de olhar a secundária (onde estão seus recebedores) e passa a olhar a linha de scrimmage (de onde está vindo a pressão), você ganhou o jogo. E é pura verdade, quando um QB olha pra linha de scrimmage antes de soltar o passe ele está condenado, ele perde um tempo precioso, para de ter controle sobre as  movimentaçōes da defesa e do ataque e quando ele finalmente olha para a secundária precisa gastar mais tempo ainda para avaliar a situação, o que pode levar a um passe apressado e a um turnover. Sem falar que com sacks você queima jogadas do ataque e aumenta a distância das descidas.

O pass rush sempre foi parte importante de uma defesa, e jogadores como Derrick Thomas e Lawrence Taylor sempre foram diferenciais nos times que jogaram. Como eu sempre digo, grandes jogadores vão fazer diferença não importa em que era jogarem, e o pass rush sempre foi um componente importante das defesas, assim como a secundária, a defesa terrestre e tudo mais. Só que as novas regras estão dificultando ainda mais as coisas para a defesa, e a forma que tem se mostrado eficiente pra combater os fortes ataques aéreos até agora eé aumentar a pressão, tirar o QB da zona de conforto e não deixar o jogo aéreo estabelecer seu ritmo. Essa sempre foi uma opção pra defesas ao longo do tempo, ao lado de muita outras, que ficavam a crédito do pessoal envolvido, dos coordenadores e técnicos, etc. Mas com as novas regras - associado a uma certa abundância de pass rushers de qualidade - está tornando essa opção cada vez mais vantajosa se comparado com as outras. Cada vez mais os times estão menos preocupados com sua secundária e mais preocupados com a pressão que são capazes de colocar no QB adversário. Essa foi a forma encontrada pelos times de combater os ataques ajudados pelas regras. E essa é a tendência para as defesas da NFL daqui pra frente, especialmente com jogadores como Jason Pierre-Paul, Von Miller e Aldon Smith surgindo a cada ano. Cada vez mais, enquanto o ataque se direciona para o ar, as defesas se direcionam para o chão para combatê-los. Como não podem atacar o adversário no terreno onde elas levam vantagem, elas buscaram uma nova forma.

E até agora, está dando resultados: O Steelers de 2008, o Packers de 2010 e o Giants de 2011 eram times cujo principal foco defensivo era a pressão. O 49ers de 2011 ressurgiu atrás de uma defesa com uma boa secundária mas com uma linha de frente espetacular. O Ravens se manteve um Juggernault defensivo ao longo dos anos porque tem sido constantemente capaz de pressionar o QB e vencer a batalha das linhas. Times como Broncos, com defesas medianas, se mantiveram competitivos porque eram capazes de colocar pressão sem recorrer a blitz suicidas. Então por mais que as novas regras tenham direcionado o jogo pro ar, por mais que elas favoreçam os ataques e gerem estatísticas muito infladas para os QBs que nós insistamos em comparar sem lembrar de como o jogo tem mudado, é um erro pensar que com as novas regras só dos ataques vivem a NFL. As defesas também estão em constante adaptação pra poderem ter uma chance mesmo com as mudanças de regras. E os resultados estão bem na nossa frente.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Hora do Mailbag!!

Se você está procurando o post sobre o Super Bowl, está logo abaixo.

Ok, a temporada da NFL acabou, ainda faltam dois meses para o Draft e seis para recomeçar a emoção na temporada do ano que vem... Então vamos pensar um pouco no que passou, lembrar que a NBA está a pleno vapor, colocar os pontos finais na temporada da NFL e seguir em frente. O blog, como de costume, vai dar preferência pra NBA no momento (embora, antes, tenha dois assuntos que eu gostaria de cobrir sobre a NFL) com eventuais textos sobre NFL, especialmente conforme o Draft for tomando forma. Mas pra fechar a temporada da NFL, vamos fazer nosso primeiro (e talvez único) Mailbag TM Warning!

Pra quem não sabe o que é um Mailbag, é quando eu esvazio minha caixa de mensagens lendo, comentando e respondendo os emails dos leitoers. Pode ser uma dúvida, uma pergunta de opinião, uma opinião própria, um comentário, uma informação... O que vocês quiserem, eu posto e comento/respondo em cima. Não precisa ser sobre nenhum assunto especial, pode ser sobre NBA, NFL, MLB, NHL, futebol, taco, bocha, pelota basca, o que quiserem. Nem precisa ser sobre esportes, pode ser sobre filmes, cafés da manhã, internet, etc. Qualquer assunto ou tópico vale. Enfim, vocês mandam o email e eu comento ele aqui no blog.

Quem estiver interessado em participar, é só mandar os emails para tmwarning@hotmail.com com o assunto "Mailbag". Cada pessoa pode mandar quantos emails quiser e quantas coisas quiser em cada email, e a gente vai fazer o Mailbag quando tiver emails suficientes. Se os leitores empolgarem e recebermos um bom número de emails, podemos fazer o mailbag mais vezes, talvez até com temas específicos. Mas por enquanto vamos fazer esse teste pra ver como os leitoers respondem. Mandem seus emails, suas perguntas, seus comentários, etc e tal, e não esqueçam de colocar nome e cidade no email!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Diário do Super Bowl XLVI

"Nos encontramos de novo, meu velho..."



Num dos Super Bowls mais interessantes dos últimos anos - sério, você não acha um Super Bowl com mais histórias, motivações e significado de revanche do que esse tão facilmente - eu achei que não era a hora de ver esse jogo sozinho. Meu pai está em depressão desde a final da NFC, e assistir ao Super Bowl sozinho pela primeira vez desde 2001 não estava nos meus planos. Por isso chamei meus amigos torcedores do Patriots, Rai e Pedro, e minha namorada (também uma patriota - não sei onde eu errei) para assistirem ao jogo lá em casa. E, pra tentar uma coisa nova, mantive um diário do segundo tempo do jogo.

Antes, um pequeno esclarecimento: Eu abordei extensivamente (de verdade, acho que foi um dos maiores posts que eu já escrevi na vida) no meu último post o significado profundo desse jogo. Não era só um jogo pelo título, pelo menos pro New England Patriots - era pessoal, era a chance de conseguir vingança, era a chance de tentar amenizar a maior derrota da história da franquia. Aquilo continua valendo: Ganhe quem ganhar, tudo que está lá ainda é verdade. O Patriots, que está ganhando de 10 a 9 no intervalo, sabe que é uma chance única de se vingar da derrota de 2007, e Tom Brady e Bill Belichick sabem o que esse título -  e esse jogo - significam para seu legado na NFL. As duas maiores duplas técnico/QB da história (Bill Walsh/Joe Montana e Don Shula/Dan Marino) não ganharam quatro Super Bowls. Se eles vencerem esse jogo, mesmo a mancha negra (que nunca vai sumir) da derrota no Super Bowl XLII não vai ser tão forte como argumento. Todos os fãs de esporte sabem: Nem todos os campeonatos são iguais, nem todos tem o mesmo sabor nem o mesmo valor. Uma vitória hoje não vai compensar a derrota de 2008... Mas vai ter um sabor diferente do que se fosse, por exemplo, contra o Saints. O Patriots sabe disso, é só ver as trombadas, é só ver a energia e a disposição. O jogo está totalmente aberto porque o Giants soube aproveitar o erro do Pats e porque o Tom Brady demorou pra acordar. E está esquentando!

Mas tudo que eu tinha pra falar sobre o significado desse jogo foi no post abaixo (linkado acima).  Agora vamos ao diário...

Halftime: Show da Madonna a todo vapor. Aparentemente tem duas mulheres com ela que eu deveria conhecer. Os patriotas da mesa estão surpresos que eu nunca ouvi falar em nenhuma das duas. Procurei na Wikipedia e aparentemente o nome de uma delas é M.I.A... Mas você fala como se não tivessem pontos, Mia, e os pontos só estão lá porque... são legais? Preciso de uma bebida pra começar o segundo tempo...

Em tempo, parece que essa tal de MIA fez um gesto obsceno com a mão e agora virou o maior centro de atenções do Show do Intervalo. Eu acho uma frescura: Se Colts e Jaguars podem se enfrentar em plena luz do dia sem ninguém achar obsceno, então não vejo porque um simples dedo do meio seria tão pior. At all.


Halftime: Você pode não gostar da Madonna ou da seleção dos shows que eles fazem pro intervalo do Super Bowl, ou pode até achar que o show em particular foi um saco (o do ano passado foi bem fraquinho, por exemplo)... Mas não da pra deixar de achar a produção muito bem feita. Muito bem feita, a montagem é feita numa velocidade alucinante, luzes e efeitos visuais pra todo lado... E a cena do estádio apagado só com as luzes do palco e dos celulares é de arrepiar. Estou ficando animado, e olha que nem começou o terceiro quarto.

3rd Quarter - 15:00: Pedro está entrando na sua fase bipolar. Desde o começo do jogo ele já passou de "Nós vamos tomar uma surra!" pra "Vamos devolver a derrota de 2008!!", voltou pra "Ah não, intentional Grounding, ele não está bem!!", passou por "Estamos no Super Bowl e você não!!" e agora voltou pra "Tom Brady é o melhor Quarterback de todos os tempos, vamos ganhar!!". Se o Giants ganhar esse jogo, ele não vai ter um momento mais de paz na vida. Vou pessoalmente garantir isso.

15:00: Meu pai chega, assiste cinco minutos e avisa que vai dormir. Isso nunca aconteceria se o Niners tivesse terminado o ano 6-10. As vezes, chegar perto e falhar dói muito mais do que nem chegar.

14:54: Uma recepção do Chad Ochocinco!! Se isso não é um bom sinal para o Patriots, eu não sei o que é!! Rai prevê que ele será o responsável pelo TD do título. Eu achava que ele só não tinha sido cortado do time pra tirar as atenções do Tom Brady no Media Day.

11:25: Pela terceira vez em quatro jogadas, o Pats joga no seu eficiente esquema No Huddle, que por algum motivo eles abandonaram até aqui na partida. O resultado? Touchdown para Aaron Hernandez, 11 jardas. Eu acabei de ver Tom Brady completar 16 passes seguidos em duas campanhas (uma de 94 jardas) para dois Touchdowns? É claro que sim!! Aquele Safety do começo da partida ficou totalmente pra trás, Brady está com cara de quem está totalmente focado. Não tem ninguém melhor que ele na NFL atualmente. Num jogo que pode determinar o resto do seu legado na NFL, acabar de vez com a discussão de "Melhor QB da sua geração" e colocar de vez Brady entre os maiores QBs da história, nada melhor do que jogar como vem jogando nessas duas últimas campanhas. Patriots 17 a 9.

Em tempo, Everaldo Marques avisa que os 16 passes consecutivos de Brady são um recorde do Super Bowl, e que ele quebrou os recordes anteriores do Joe Montana de passes completos consecutivos, passes completos e jardas em um Super Bowl, ignorando que Brady joga uma era que facilita muito mais o passe e jogou um Super Bowl a mais. Pedro e o Rai imediatamente jogam os recordes na minha cara e falam que Brady é muito melhor que Montana... O melhor QB a pisar nessa Terra e meu maior ídolo no esporte. Estou começando a torcer pelo Giants. Falta pouco...

6:47: Uma boa campanha do Giants acaba só com um Field Goal pra trazer a diferença de volta pra cinco pontos. A campanha do Giants funcionou enquanto o time jogou pelo chão e encurtou as conversōes, mas terminou com três passes seguidos e isso matou o ataque do time. Eu já tinha avisado que o Giants ia precisar correr com a bola mesmo que a linha defensiva do Patriots esteja em boa fase, e estava dando resultados na campanha. A diferença está um pouco grande demais pra jogar contra esse Brady pegando fogo. Do meu lado, Pedro fala que a diferença de dois pontos vai ser o que causará a derrota do Patriots. Ele ta mais instável que a defesa do Patriots. Prevejo um ataque cardíaco até o final do quarto.


6:37: Jason Pierre-Paul sai do campo aparentemente machucado. Não parece grave, mas é um jogador importante demais pra não causar preocupação. Vamos ver se volta...

6:12: Brady erra seu primeiro passe nos últimos 17 que tentou, depois a campanha do Patriots acaba com um sack de Justin Tuck. Tuck está jogando muito bem hoje, já forçou um safety hoje e tem sido a força mais destrutiva da defesa do Giants hoje. Sack gigante aqui pra quebrar o ótimo momento do Patriots e recuperar a bola pro Giants. Ele ainda vai ter um momento importante nesse jogo. Só esperem pra ver.

5:01: Hakeem Nicks sofre um fumble após um passe curto, mas Jarod Mayo passa reto pela bola e ela sobre limpa pra dois jogadores do Giants recuperarem. O comentarista americano lembra que no Super Bowl XLII o Giants recuperou seus três fumbles. Ouch. O que sobrava de vida nos meus companheiros de Super Bowl acabou de sofrer um grande golpe.

2:33: Acabou a cerveja. Mais um grande golpe. Vamos ver se H2OH faz o papel.

2:33: Não faz. E a pizza também está acabando. Isso vai ficar feio...

1:14: Rob Ninkovich - um dos melhores jogadores da defesa do Patriots nas últimas semanas e hoje a noite também - chega em Eli Manning pra um sack dentro da Red Zone do Patriots, possivelmente impedindo um Touchdown. O Field Goal mantém a diferença em uma posse de bola, só que agora são só dois pontos. A defesa do Patriots tem se segurado bem nas horas críticas. Hora do ataque aparecer.

4th Quarter - 14:31: A pressão de Tuck, sempre ele, chega em Brady. Ele foge do primeiro sack, foge do segundo, sai do pocket, tem caminho livre pela frente... E lança uma bomba pro Rob Gronkowski. A bola viaja, viaja, viaja... E é interceptada pelo LB Chase Blackburn, que pulou na frente do Rob Gronkowski.

Nem sei por onde começar a falar dessa jogada. Primeiro, foi a segunda bomba precipitada do Brady no jogo hoje - o intentional grounding foi a primeira. Ele saiu do pocket (onde ele é muito mais eficiente do que fora), estava em movimento lateral (mais difícil de acertar um passe longo porque tem menos apoio) e tinha caminho livre. A jogada também era uma primeira descida, e se ele corresse podia ter ganho cinco jardas. Não tinha porque ele tentar esse passe - Gronkowski até conseguiu uma boa separação e um passe preciso aqui significava TD, mas a chance de acertar esse passe nessa situação era bem pequena. Foi uma má decisão, um passe precipitado - talvez excesso de confiança no próprio braço - e a bola volta junto com o momento do jogo para o Giants. Boa interceptação de Blackburn, também.

Também preciso lembrar uma pequena verdade: Essa bola não seria interceptada se Gronk estivesse 100%. Ele mal tentou pular. Dificilmente ele conseguiria agarrar um passe tão atrás, mas pelo menos iria brigar pela bola o suficiente pra Blackburn - um jogador que não intercepta passes - não conseguir domínio da bola. Um pulo, os braços levantados pra atrapalhar o jogador do Giants e brigar pela bola, e aquele passe ruim cai na grama sem maiores consequências.

Em tempo: muita gente disse que Gronk não deveria jogar se não estivesse 100% - o que ele claramente está e todo mundo sabe que não estaria desde o jogo contra o Ravens. Mas eu entendo ele. É que nem o Kevin McHale jogando com o pé quebrado os playoffs de 1987, o que acabou com o resto da sua carreira:, o que ele diz até hoje que faria de novo Você não sabe se algum dia terá essa chance novamente, pode ser sua ultima chance de estar nessa situacão, num bom time, brigando por um título. E se você tem a chance, você tem que aproveitar ao máximo, você tem que fazer tudo o possível pra que ela se realize. Gronk não estava 100%, mas ele TINHA que jogar. Ele era extremamente importante pro time, que perdia muito - e perdeu - sem sua explosão, sua movimentação. Ele sabia disso, e fez o que tinha que fazer - jogar. O Pats tem uma desculpa em caso de derrota bem aí, porque foi uma grande perda - ele acabava de vir da melhor temporada estatisticamente de um TE na história (numa era que favorece o passe e, especialmente, Tight Ends, claro - por isso o estatisticamente). Mas nunca questionei sua presença em campo.

Aliás, o comentarista americano, com seu incrível talento para matar patriotas, acaba de lembrar que o responsável pela lesão do Gronkowski foi o mesmo Bernard Pollard que estourou o joelho de Brady em 2008 e o de Wes Welker em 2009. Yeekes! Qual é a chance do Jets oferecer um contrato de 8 milhōes de dólares ao Pollard no fim do ano? E para esse comentarista?

14:31: Pedro manda eu desligar o notebook porque está dando azar. Got it.

14:12: Brandon Spikes força o fumble de Ahmad Bradshaw... E é  imediatamente recuperado pelo Guard de NY. Giants está 5-0 em fumbles recuperados contra New England nos dois Super Bowls. É preciso comentar que fumbles recuperados é uma estatística que gira em torno da sorte - ou seja, dos 50% de aproveitamento pra cada lado. Historicamente, times que recuperam mais de 50% dos seus fumbles sofrem regressōes em relação à media invariavelmente, por isso é uma medida que pode indicar sorte quando há desequilíbrio nos números. O Giants está 5-0 contra o Pats em Super Bowls e acabou de ficar 7-0 em fumbles recuperados nos três últimos jogos. Por mais que o Giants seja um grande time, não da pra deixar de notar que esses dados estão gritando "SORTE" nos nossos ouvidos. O único fumble que o Pats recuperou foi anulado pela falta mais idiota do jogo (12 homens na defesa).

14:12: O Giants acabou de gastar seu primeiro tempo nessa prorrogação um pouco cedo demais. Com o jogo tão apertado, poupar os tempos para um momento decisivo é crucial. Não precisava ter gasto esse agora.

9:35: Numa 2nd and 5, o Giants gasta seu segundo tempo, só nessa campanha, pra evitar um Delay of Game. Péssimo controle dos tempos pelo Giants, você não pode gastar num jogo tão apertado contra um QB tão bom como Brady seus tempos dessa forma e ficar sem nenhum pra ter a opção de controlar o relógio no final. Eu acho que prefiro a falta de 5 jardas e ficar com os dois tempos. Horrível a opção.

9:35: Kevin Boothe faz minha noite ao cometer um False Start... O que quer dizer que o Giants vai enfrentar numa 3rd and 10 do mesmo jeito e o Giants acabou de gastar um tempo a toa. Parece castigo. Pedro diz que é um mal sinal, mas eu acho que qualquer coisa a essa altura do campeonato está valendo. A sala está num silêncio assustador.

9:35: O Giants não converte a descida e é obrigado a ir pro Punt. Terrível a campanha do Giants quando lembramos que ela comeu dois tempos e não conseguiu nem um Field Goal.

5:22: Conversão importante pro Patriots aqui numa 3rd and 3 (Quatro jardas pro Hernandez). Pats vai gastando bem o relógio, avançando bem no campo e já está perto do Field Goal. Duas ou três primeiras descidas provavelmente matam o jogo, especialmente se o jogo terrestre funcionar. Um TD acaba de vez com o Giants. Mas ainda faltam cinco minutos, e o Pats ainda está na linha de 43.

4:06: Ouch! Brady descola um passe longo pra um Wes Welker livre, que gira o corpo mas deixa a bola escapar!! Já sei qual vai ser o crucificado do jogo se o Giants conseguir a virada.

Olhando o replay, era uma bola agarrável e Welker não pode deixar escapar essa chance num Super Bowl, mas a culpa não é só dele. Welker conseguiu boa separação, mas tinha cortado pra dentro do campo, enquanto o passe foi pro lado de fora, obrigou Welker (um WR de agilidade e rotas curtas que não é um grande jogador recebendo bolas altas ou em profundidade e não tem grande impulsão) a girar todo o corpo e saltar pra tentar agarrar a bola. Brady não costuma errar passes assim, ainda mais pro WR livre dessa maneira, mas essa bola foi do lado errado e um pouco forte demais. Ele normalmente não erra esses passes, e Welker geralmente pega essas bolas ainda que seja bem difícil. Algo parece errado.

4:00: Brady acha Deion Branch cortando pelo meio da defesa numa crucial 3rd and 11 que pode dar a direção definitiva da partida, mas o passe sai muito atrás e Branch não consegue agarrar a bola. Patriots vai ter que chutar. Não era um passe fácil, mas teve tempo e Branch estava com uma boa separação, era só colocar o passe num lugar acessível. Não foi o caso. Brady errou dois passes cruciais em sequência, e o Giants tem a bola com o melhor 4th Quarter QB da Liga pronto pra virar esse jogo.

3:46: A ESPN brasileira passa comerciais e uma imagem distante do campo enquanto Eli Manning acha seu Wide Receiver num passe espetacular de 38 jardas pro Mario Manningham. Quando a ESPN finalmente mostra a jogada, eu não consigo acreditar em como foi por pouco: Por meio centímetro o pé dele teria encostado fora, por uma polegada a bola não passa pelos defensores, por um centímetro ele consegue o controle da bola. Essa jogada vai ser lembrada como a versão 2012 da catch do David Tyree, mas aquela foi uma jogada de raça e sorte, e essa uma jogada de habilidade (e um pouco de sorte). Começo crucial aqui pro Giants. Ninguém respira na sala. O Patriots desafiou a jogada, e acho que vai perder um tempo valioso com isso. Não importa, o desafio tem que ser feito. Daqui, parece que a recepção foi perfeita, mas nunca se sabe com as zebras.

3:46: As zebras confirmam a recepção. Jogada genial do Eli Manning e grande controle do herói improvável, Manningham. Lá vem o Giants...

1:09: O Giants já tem esse jogo virado: 1st and 7 na linha de 7 jarda, grande campanha do Eli Manning e do Hakeem Knicks. O Giants corre com Bradshaw, que pouco ganha, mas não importa. O FG dificilmente não vai entrar, o Patriots acabou de pedir o seu segundo tempo... O que significa que mais duas jogadas terrestres e um FG vão resultar em um ponto de vantagem e cerca de 20 segundos a um Patriots sem timeouts.

Aliás, o Patriots perdeu uma grande chance de tomar um TD aqui. Não, estou falando sério (eu propus a ideia aqui e depois de uma primeira rodada de "Nada a ver!!" e "Ta maluco??", todo mundo parou um segundo e viu que era a única solução), o Patriots tinha que forçar um TD aqui nem que pegassem o Bradshaw no colo e jogassem ele na End Zone. Isso agora virou um jogo de xadrez: Se o Giants chuta o FG na 4th down, o Pats tem 20 segundos pra chutar um FG, que é quase impossível. Mas se o time toma o TD, o Pats é obrigado a responder com outro TD... Mas terá 1 minuto e 2 tempos pra pedir com Tom Brady. Aqui, o Pats estaá em enorme desvantagem, então tem que jogar com porcentagens, e tomar esse TD da ao Patriots muito mais chances de reagir do que um FG. Porque, então, o Pats não tomou esse TD?

1:04: Ai está, a defesa do Patriots abre e Bradshaw anota um TD depois de quase ajoelhar na linha de 1 jarda. A pergunta é, porque o Pats não fez isso na jogada anterior?? Teria preservado um tempo importantíssimo!! Ao invés disso, o Pats gastou cinco segundos e um tempo pra fazer a mesma coisa que deveria ter feito na jogada anterior. Que erro besta!!

Aliás, por falar em erro besta, porque o Bradshaw entrou na End Zone? Ele estava livre, não tinha ninguém pra empurrá-lo e ajoelhar ali era muito melhor pro seu time do que o TD, como eu já expliquei antes. A vontade de anotar um TD num Super Bowl é enorme, claro, mas isso acabou de dar ao Pats uma ultima chance! Deixa o orgulho de lado e ajoelha, Bradshaw!

Aliás, pior ainda... Porque o Giants sequer está tentando correr? Porque o Eli Manning não ajoelhou três vezes antes do FG? Era a melhor coisa a se fazer, correr com a bola não só da ao Pats a chance de tomar o TD e receber a bola de volta com algum tempo como também tem a chance de sofrer um fumble (Bradshaw não é o cara que melhor toma conta da bola). Não tem porque correr com a bola, você se arrisca a perder um fumble ou anotar um TD. Porque o Giants não está ajoelhando??

1:09: O Giants tenta a conversão de dois pontos mais inútil da história da NFL. 6 pontos ou 5 pontos são exatamente a mesma coisa a essa altura, nenhum Kicker vai errar esse Extra Point em caso de TD. Vou chamar essa decisão de "Efeito Billy Cundiff".

1:04: Minha namorada está tão nervosa como qualquer torcedor do Pats nessa sala. Acabei de entender que vou torcer pro Pats até o fim. Incrível como ela acabou gostando tanto de NFL em apenas um ano e está torcendo e sofrendo tanto nesse final. Nunca achei que fosse achar uma garota que gosta de futebol americano, futebol E basquete desse jeito. Acho que não ficarei solteiro por muito tempo...

0:48: Depois de dois drops, Justin Tuck chega em Brady e da um Sack que praticamente mata as chances do Patriots!! O time de New England perde 6 jardas e seu último tempo. Que jogo do Justin Tuck, ele fez de tudo: Forçou safetys, parou o jogo corrido, pressionou o QB e conseguiu dois sacks importantíssimos, um matando o momento do Patriots no terceiro período e outro agora pra colocar um duro golpe nas chances de virada do Patriots. Se o Giants ganhar o MVP provavelmente será Manning, mas pra mim o Tuck foi o verdadeiro MVP do Giants.

0:39: Passe espetacular de Brady na quarta descida para Deion Branch mantém o Pats no jogo!

0:09: O Pats mal chegou ao meio de campo e o tempo está terminando. O Pats tem um ou dois passes pra tentar antes do fim da partida. O primeiro é incompleto. Vamos para a última jogada...

0:00: Foi por pouco, muito pouco!! A bola que pipocou no ar caiu muito perto de um Gronkowski que talvez até tivesse conseguido um mergulho se estivesse em plenas condiçōes, mas o Pats chegou perto de novo, e de novo parou no mesmo Giants!! New York Giants, o campeão do Super Bowl XLVI!

A sala caiu num silêncio mórbido. Um se levanta para ir embora, o outro caminha de cabeça baixa pela sala, e a outra está imóvel. Deve doer muito perder pro Giants uma segunda vez - quando o Niners perdeu a final da NFC, eu sai do meu hotel, andei cinco quilômetros para ir até um 7 Eleven comprar um donuts (estava sem dinheiro) e voltar dando quinhentas voltas pela propriedade. Entendo como se sentem.

O Giants, alheio a isso, festeja. Eli Manning coroou um ano espetacular com outro grande jogo, outro título e, provavelmente, outro MVP. Na TV, alguém pergunta se esse anel já coloca Manning à frente do seu irmão (a sub-história mais ridícula desse Super Bowl). Isso é um exagero sem tamanho, não se mede QBs apenas pelo número de títulos: da mesma forma que o segundo SB do Eli não coloca ele na frente do Peyton Manning, um quarto tiítulo de Brady não colocaria ele junto de Montana, e a falta de um quarto SB não impede que ele esteja acima de Terry Bradshaw. Um QB é muito mais do que um conjunto de títulos e prêmios. Essa comparação idiota acaba nos desviando da temporada sensacional que o irmão mais novo teve, sendo o melhor QB da NFL em quartos períodos, tendo uma grande temporada regular e ganhando seu segundo título, dessa vez de forma incontestável. Ele escreve pela segunda vez seu nome na história da NFL e coloca de vez Eli Manning dentro da elite da NFL atual. Manning não é melhor que o irmão nem que Brady, mas não é só isso que determina um titulo ou uma temporada. O Giants ganhou porque tinha um time melhor que o Patriots e porque Eli Manning jogou seu melhor jogo sob pressão e nos momentos decisivos, enquanto Brady não conseguiu fazê-lo. E ele é o campeão.

Já o Pats sepulta sua chance de vingança contra o Giants num jogo onde o time até foi superior durante toda a partida, mas na hora de decidir sentiu falta da sua jogada de segurança (Gronk), do jogo terrestre pra aliviar seu QB e de um Wideout. As fraquezas do Pats vieram à tona, enquanto a defesa do Giants fez seu papel quando precisou. Alguns drops (especialmente na última campanha), os fumbles não recuperados e alguns passes descalibrados na hora H decidiram esse jogo. O Pats foi superior durante muito tempo, mas não conseguiu decidir. Um time que não era nada espetacular sem seu QB viu Brady ter uma performance boa mas errática e não conseguiu extrair forças do resto do time.

Pela primeira vez, Brady vai enfrentar dúvidas em New England. A franquia que sempre o idolatrou agora olha com desconfiança para seu QB. Um absurdo, claro, mas assim são os esportes. Para quotar um dos melhores filmes de todos os tempos, ou você morre como herói ou vive tempo suficiente para se ver transformar num vilão. Esportes não são diferentes. Brady, pela segunda vez, não conseguiu decidir num Super Bowl, errou alguns passes e seu time perdeu. E ele sabe que perdeu a chance de definir seu legado contra o time que o roubou do seu maior momento em 2008. Essa cicatriz nunca vai sarar, e acabou de ganhar mais profundidade. New England já anda com certa má vontade com seu QB desde que ele se mudou de Boston (NY, depois LA), agora depois de uma derrota no SB... E isso talvez seja bom, porque se existe um QB que é competitivo ao extremo esse é Brady, e ele ganhou mais um motivo para destruir todo mundo e recuperar seu posto no topo da Liga. O Patriots não é um time de Super Bowl, e uma offseason dificilmente será suficiente pra tornar o resto do elenco do Pats melhor, ainda que um ano de experiência e um Draft com duas escolhas na primeira rodada possam fazer muito bem à defesa. Se o Pats quer voltar ano que vem, vai ter que ser nas costas do seu QB, e ele estará motivado. Pros derrotados, a temporada 2012 começa desde já!

Pro Giants ainda não. Alguns meses de comemoração antes de mais nada, depois a realidade de que com o retorno das lesões o time deve estar tão bom quanto em 2012 (deve perder Manningham e Osi Umenyora) pra tentar brigar pelo bi. O Giants foi o time que pegou fogo na hora certa, contou com a sorte, com um grande QB e com uma defesa que era capaz de desmontar o ataque adversário depois de uma temporada cheia de lesões e de ter chegado nos playoffs no sufoco  - exatamente como o Packers de 2010. A formula parece funcionar, quem sou eu para me meter? No final ganhou o melhor time, o time que pressionou melhor o QB (a chave para defender sob as novas regras de passe) e que melhor jogou sob pressão. Esse time foi o Giants, e por isso o Giants é campeão do Super Bowl!