Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Resumo das Semifinais de Conferência: Sábado

Finalmente acabou a correria, agora são só dois jogos e dois preview, um resumo só a partir da semana que vem, e mais sossego pra mim que posso até voltar a falar de basquete. Mas a gente teve uma rodada movimentada, com surpresas e, pra minha infelicidade, foi uma rodada mais chocha e com menos jogos disputados e emocionantes que o Wild Card, quando os times mais fracos ainda deveriam ser eliminados com mais facilidade. Mas só um jogo realmente foi disputado até o final, do Ravens e do Steelers, e mesmo assim ninguem acreditava que o Ravens poderia reverter o seu segundo tempo. Alem disso, vimos muitos times que tem muito talento e não usaram nem metade, como Patriots, Falcons e o Ravens no segundo tempo, grandes decepções, não pelas eliminações mas pela forma como aconteceram. Mas vamos falar com calma de cada um, começando pelo sábado.


Isso sim é um sack. Aprendam com as rivalidades mais doces da NFL, crianças

Baltimore Ravens 24 vs 31 Pittsburgh Steelers
O preview dessa partida está aqui

Essa partida me deixou surpreso, porque ninguem tinha me avisado do novo formado dos playoffs, jogos de ida e volta com gol fora de casa valendo dois. Porque sinceramente, o que nós vimos no sábado pela AFC foram dois jogos completamente diferentes, cada um de 30 minutos e cada um dominado por um time. Só não entendi porque foram no mesmo estádio.

Como eu disse no preview, todo mundo sabia que ia ser um confronto, alem de muito fisico e até violento as vezes, um jogo de muita defesa, mais fortes que os ataques, e que a chave era forçar turnovers, evitar erros e não disperdiçar as chances. Foi exatamente o que aconteceu e foi exatamente o que definiu o vencedor. No começo do jogo, o Steelers logo na primeira campanha ofensiva conseguiu um touchdown depois de dois vacilos da defesa do Ravens: Deixaram Mike Wallace completamente livre numa 3 pra 12 que deu primeira descida e depois cederam um pass interference de 37 jardas num passe longo. Rashard Mendenhall completou a campanha entrando na end zone. E o Ravens respondeu com sua própria campanha longa com pass interference, esse de 33 jardas, alem de uma primeira descida automatica por falta numa 2 pra 15, que terminou numa ótima corrida do Ray Rice de 14 jardas com direito a deixar o Troy Polamalu no chão. A primeira impressão que tinha ficado, portanto, era a de que os ataques que estavam controlando a partida, e que as defesas estavam errando demais, principalmente cometendo faltas bestas.

Mas logo quando o Steelers recebeu a bola todo mundo viu que o mundo tinha voltado a rodar de forma normal, numa jogada um tanto bizarra. Perto de sua end zone, Big Ben Roethlisberger recebeu o snap e foi sackado por Terrell Suggs, seu nêmesis, adora fungar no seu cangote. A bola foi derrubada de sua mão por trás e, num primeiro momento, pareceu que a bola estava indo pra frente quando saiu de sua mão, o que configurava passe incompleto. O ataque do Steelers parou e a defesa do Ravens tambem, só que o juiz nunca apitou. Mas o Chris Redding, percebendo que o juiz não tinha apitado, pegou a bola e entrou na end zone com ela, com todo o ataque do Steelers olhando e dando tchauzinho. Apesar do desafio do técnico do Steelers, no replay ficou claro que a bola foi tirada da mão de Big Ben com ela ainda pra trás no movimento, ou seja, fumble recuperado pra touchdown. No segundo quarto, o novo panorama continuou: As defesas jogando melhor e os ataques incapazes de conseguir muita coisa. Pra reforçar o andar da partida, Mendenhall sofreu um fumble numa corrida e foi recuperado por Ed Reed dentro da red zone do Steelers. Só 16 jardas separavam Joe Flacco do TD, e eles aproveitaram a chance com corridas e principalmente os passes curtos que eu tinha destacado como essenciais, e ai o Ravens abriu 21 a 7. O Steelers ainda teve uma boa campanha e a chance de diminuir, mas Shaun Suisham errou um FG curto. Até aqui a história era simples: As duas defesas superiores aos dois ataques, mas com a defesa do Ravens tendo forçado dois turnovers e o ataque se aproveitando disso pra gerar 14 pontos.

No segundo tempo, foi exatamente o contrário. Embora a defesa do Ravens tenha começado sufocando o ataque do Steelers e recuperando a bola, o ataque do Ravens nada conseguiu fazer e se viu numa 3 pra 14 depois de um sack e uma corrida inutil. O Ravens tentou um passe curto pro Ray Rice, muito longe do first down, mas ele tentou brigar inutilmente e isso resultou nele perdendo o controle da bola num fumble que foi recuperado pela defesa. Uma boa corrida do Mendenhall e um passe curto trouxeram o Steelers de volta ao jogo. Depois de dois ataques inuteis, a bola voltou ao RAvens. Dessa vez foi Joe Flacco que lançou um passe ridiculo e desnecessario para Todd Heap, muito longe, que foi interceptado por Ryan Clark. Tres passes curtos depois, o Steelers anotava mais um touchdown e empatava o jogo.

Ou pelo menos empatou no placar, porque a verdade é que o jogo ja estava ganho. O Ravens estava destruido e perdido em campo. A prova foi logo que o RAvens recuperou a bola, um snap errado do Center resultou em mais um fumble, que por sua vez virou mais 3 pontos pro Steelers. O Ravens até chegou a empatar mais tarde, com um retorno excelente de Ladarius Webb quase pra red zone, mas o ataque nao conseguiu colocar a bola na end zone, Anquan Boldin, sumido, deixou cair uma bola perfeita la dentro, e o Ravens chutou o FG. O Steelers recuperou a bola próximo do fim do jogo e foi vivendo de passes curtos até o grande vacilo da defesa do RAvens na partida. Uma 3ª descida pra 19 jardas atrás do meio do campo, até minha avó sabia que o Steelers ia tentar um passe longo. Mas a defesa do Steelers deixou o Antonio Brown completamente livre receber um passe de 54 jardas do Big Ben, quando a unica coisa que precisava fazer era deixar todo mundo la atrás esperando esse tipo de jogada. Mas não, Brown apareceu livre, fez a recepção, e o Steelers logo anotou o TD da virada. O Ravens até tentou reagir no finalzinho, mas o ataque nao conseguiu nem mesmo uma primeira descida.

A questão é que o Ravens fez tudo certo no primeiro quarto e o Steelers fez tudo certo no segundo. O jogo foi decidido nos turnovers e nos erros individuais: Foram 17 pontos vindos de tres turnovers pro Steelers, 14 de dois pro Ravens, mais sete pontos pra cada lado depois de uma pass interference de mais de 30 jardas pra cada lado, e o Steelers no final ainda aproveitou de um erro de marcação grotesco da defesa do Steelers pra converter uma terceira descida impossivel que resultou num touchdown. O Steelers tambem foi o unico time que conseguiu impor seu plano de jogo no ataque, e essa foi a diferença: Apesar de nao ter sido espetacular, Mendenhall conseguiu boas corridas, dois touchdowns, e serviu pra incomodar a defesa. Ray Rice, embora tenha funcionado bem nas screens, nao teve boas corridas, nao chamou a atenção e ainda sofreu um fumble extremamente besta numa jogada que ja estava perdida e onde de nada adiantaria o esforço por mais duas jardas que lhe custou a bola. Alem disso, a linha ofensiva dos dois times foi completamente destruida pelos pass rushes: James Harrison e Terrell Suggs somaram seis sacks na partida, um absurdo, e o tempo todo tinhamos sacks, um QB sendo obrigado a se livrar da bola ou até um passe rapido pra evitar essa situação. Eu achei que o Flacco, que ja mostrou varias vezes - inclusive semana passada - que sabe jogar curto e se livrar da bola com velocidade pra evitar um pass rush, ia conseguir fazer esse esquema rapido com mais naturalidade do Big Ben, que gosta de lançar com tempo e pra alvos longos, mas o QB que conseguiu impor esse estilo de jogo foi o Big Ben. Ele conseguiu conversões na marra, ele conseguiu achar os WRs em rotas curtas, e quando precisou soltar o braço, independentemente de erro ou não da defesa do Ravens, ele soltou como gosta de soltar, com precisão. E no fim, isso fez toda a diferença. O placar alto não reflete o que o jogo realmente foi: Uma partida decidida na defesa.

Voce pode ver os melhores momentos desse jogo aqui


- "Garoto, acho que vou sair daqui a tentar ser campeão em outro lugar..."
- "Vai la vovô, eu assumo seu lugar, acho que eu tou pronto"

Green Bay Packers 48 vs 21 Atlanta Falcons
O preview dessa partida está aqui

Plano de jogo, jogadores secundários, explorar perto da linha de scrimmage o jogo aéreo, jogar com o Tight End, jogo terrestre, ou qualquer outra coisa dita em preview, inclusive no nosso, foi inutil. No final, o placar simplesmente foi assim porque de um lado tinha Aaron Rodgers e do outro não.

Apesar disso, o jogo começou equilibrado e apertado. As defesas levaram as melhores sobre o ataque no começo e a defesa do Falcons forçou um fumble. O Falcons levou a bola pro touchdown aproveitando a chance, e Michael Turner levou ela até a End Zone numa corrida de 12 jardas. O Packers respondeu com uma campanha longa e impecavel que terminou com o touchdown de Jordy Nelson em belo passe de Rodgers. O Falcons logo voltou a abrir o placar num retorno de kickoff pra TD, lindo, e o Packers novamente respondeu com um TD, dessa vez de John Kuhn, correndo. A bola voltou pro Falcons, que a levou de novo até a red zone com um ataque bom e balanceado.

Até ai, tudo estava equilibrado. O jogo aéreo de ambos os times estava funcionando, as linhas ofensivas tavam fazendo um bom trabalho, o jogo terrestre atraindo a atenção das defesas e parecia que iamos ter um duelo de pontos que nem o lendário Packers vs Cardinals dos playoffs do ano passado, que o Cardinals venceu por 51 a 45 na prorrogação, e o Kurt Warner teve uma das maiores performances da história dos playoffs num duelo de altissimo nivel com esse mesmo Aaron Rodgers. Mas o jogo mudou quando a defesa do Packers finalmente apareceu com Charles Woodson sackando Matt Ryan logo depois de uma falta false start, gerando uma 3ª pra 19 jardas na linha de 26. Ryan lançou a bola na end zone na direção de Michael Jenkins, aquele mesmo Michael Jenkins que eu tinha dito no preview que precisava aparecer bem pra conseguir variar o jogo aéreo do Falcons e tirar a pressão do super marcado Roddy White, que alias não fez nada na partida. Mas Jenkins escorregou no gramado e a bola ficou limpa pro Trammon Williams, um dos melhroes jogadores desses playoffs, fazer a interceptação. Não se se Jenkins teria condições de pegar a bola se estivesse de pé, mas o passe foi bom e Jenkins é bem mais alto que Williams, poderia conseguir pegar a bola num nivel mais alto. Mas pelo menos teria sido capaz de impedir a interceptação e deixar o Falcons chutar um field goal. Mas a interceptação aconteceu e do outro lado Rodgers acertou mais um TD para James Jones no final do segundo quarto, impecavel. Ryan tentou conduzir uma campanha pra reduzir a diferença, contou com duas pass interferences relativamente longas pra isso, mas quando foi tentar um passe curto pra posicionar o chute, o mesmo Trammon Williams interceptou o passe pra White e levou pra touchdown, deixando em 28 a 14 a diferença no intervalo.

E ai acabou a partida. Foi um baile completo do Packers, em ambos os lados da bola. Logo na posse de bola inicial do segundo tempo, mais um TD de Rodgers, dessa vez correndo. A defesa do Packers novamente parou o ataque do Falcons, e Rodgers acertou mais um TD, 42 a 14. Ryan até acertou White num TD no começo do quarto periodo, mas a fartura ja estava liquidada fazia muito tempo, e dois FGs de Mason Crosby deram numeros finais à partida. Rodgers terminou acertando 31 de 36 passes pra 366 jardas e 3 TDs, alem de outro TD pelo chão, numa das performances em playoffs mais memoraveis da década e num massacre sobre a 1st seed da NFC.

Num massacre desses, nunca é só o ataque que jogou bem nem só a defesa que jogou mal, é geralmetne uma combinação das duas coisas. E foi o que aconteceu. A defesa do Falcons ficou completamente perdida na cobertura de um dos melhores grupos de recebedores da NFL (Mesmo sem Jermichael Finley), o pass rush do Falcons não conseguiu chegar perto dele, em mais uma excelente partida da linha ofensiva de Green Bay, e o Rodgers foi capaz de ler a defesa denovo e denovo, achar falhas nas tentativas desesperadas do time de pará-lo, no começo com auxilio do jogo terrestre, depois fazendo simplesmente o que queria pelo ar, sozinho. E não da pra negar tambem que o Rodgers é um monstro. Ele acertou passes em movimento, ele acertou passes no pocket, ele acertou passes fora do pocket, ele acertou passes curtos, ele acertou passes longos, ele correu quando necessário, ele acertou simplesmente tudo que tentou, dominou a defesa do Falcons do começo ao fim e provou, de uma vez por todas, que é um dos grandes QBs do planeta. Uma grande partida de Rodgers e uma partida muito fraca da defesa do Falcons resultou numa das maiores humilhações dos ultimos anos em playoffs.

Do outro lado, o Falcons começou o jogo em controle do ataque, Michael Turner correu muito bem e Ryan teve ajuda dos seus recebedores e tempo da sua linha ofensiva. Mas depois daquela azarada interceptação do Jenkins, tudo desandou: Os jogadores secundários, que eu destaquei como sendo importantissimos, sumiram, a marcação em Roddy White estava muito pesada e ele pouco fez, e a linha ofensiva começou a cansar e tomar cada vez um vareio maior do pass rush dos cabeças de queijo, o que fez com que o Ryan ficasse desconfortavel e sem alvos, forçando ele a lançar bolas ruins ou perigosas. Atrás no placar, o time ainda abandonou o jogo terrestre de vez (Turner só teve 10 carregadas) que era sua melhro chance de auxiliar o jogo aéreo fraco e foi completamente destruido pela melhor secundária da NFL, sem nenhuma chance de reação, até porque o jogo ficou fora de alcance cedo demais. E Rodgers nos brindou com mais uma atuação de gala pra colocar de vez o Packers como favoritos ao título.

E os melhores momentos desse jogo voce encontra aqui

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