Velocidade cinco na dança do créu pro Jets
New York Jets 19 vs 24 Pittsburgh Steelers
O preview desse jogo pode ser lido aqui
Vocês provavelmente ainda lembram do jogo entre Steelers e Ravens da semana passada. O Ravens teve um primeiro tempo destruidor, a defesa jogou muito bem, forçou fumbles e gerou pontos ou boas posições de campo pro ataque. O Steelers não conseguiu impor seu jogo, não controlou o relógio, sua linha ofensiva foi vencida com facilidade, sofreu vários fumbles bestas. No segundo tempo, o Ravens foi incapaz de segurar a bola, deu vários turnovers de presente, o Steelers fez tudo certo, jogou direitinho e saiu com a vitória. Um tempo foi o reflexo do outro, e eu meti o pau no Ravens por ter sido tão inconstante ao longo do jogo. Mas acontece que dessa vez, quem fez isso foi o Steelers - e isso quase custou aos metaleiros o título da conferência.
O Steelers entrou com uma proposta simples: Controlar o jogo e o relógio quando estivesse no ataque, jogar de forma curta e eficiente, não dar a chance de turnovers e correr bem com a bola. E na defesa, colocar pressão no Mark Sanchez, parar o jogo terrestre e forçar o QB do Jets a lançar a bola. E pra provar que estava muito afim de cumprir isso à risca, o Steelers abriu o jogo com uma campanha de QUINZE jogadas e que durou NOVE minutos, consistindo basicamente de corridas e passes curtos. A jogada mais longa da campanha foi de 12 jardas, e foi uma corrida do próprio Big Ben Roethlisberger. E, mais importante, terminou em um touchdown. Num jogo de defesas fortes, não se pode desperdiçar campanhas e chances. O Steelers fez tudo que se propôs a fazer no ataque, e marcou seu TD. Mas pagou um preço alto: Maurkice Pouncey, seu Center calouro e muito bom, que melhorou demais essa defesa, lesionou seriamente a perna, teve que sair, não voltou e preocupa pro Super Bowl.
Na defesa, o Steelers também não deu espaço pro Jets: Fechou a linha de frente, parou o jogo terrestre e forçou o Sanchez a ganhar o jogo com o braço, o que naturalmente não deu certo, e ainda menos certo com a pressão que recebeu da defesa de Pittsburgh. A defesa do Jets até conseguiu impedir mais um TD do Steelres na campanha seguinte interceptando o Big Ben numa 4th and 1 no seu campo de defesa, mas a bola logo voltou pros metaleiros e o jogo terrestre do Steelers posicionou o field goal do Shaun Suisham.
Mas o ataque do Jets continuou fraco, conforme o Steelers continuou abusando do fraco QB de NY. E o jogo terrestre do Steelers continuou funcionando até demais. Quando a bola não ia pelo chão, a pressão do Jets fazia o Big Ben sair do pocket e passar correndo, e todo mundo sabe que assim ele acerta. A defesa do Jets, por melhor que fosse, não estava conseguindo segurar um Rashard Mendenhall inspirado e um Big Ben cuja habilidade de sair do pocket era a arma perfeita contra as blitzes do Jets. E assim Big Ben anotou o décimo sétimo ponto do Steleers num TD terrestre. O Steelers abriu ainda mais o placar quando uma blitz do safety Ikey Taylor forçou um fumble do Sanchez, que o William Gay retornou pra touchdown. Recuperando a bola, o Jets conseguiu apenas um field goal nos segundos finais. 24 a 3 era o placar no intervalo.
Touchdown com direito a moonwalk
A história do primeiro tempo foi simples e, de certa forma, chata. O Steelers jogou um jogo perfeito, tanto em sua tática e estratégia como na sua execução dentro de campo. O Steelers conseguiu tudo a que se propôs, controlou o relógio, estabeleceu o jogo terrestre (Mendenhall teve mais de 90 jardas só no primeiro tempo) e converteu as chances que teve. Deixou o ataque do Jets sentado, impediu que o Jets estabelecesse o jogo terrestre pra administrar conversões mais curtas com sua forte defesa, conseguiu forçar turnovers que renderam pontos e colocou o jogo nas mãos do Mark Sanchez, que não levou o Jets a lugar nenhum. O Jets estava totalmente dentro do jogo que o Steelers os tinha colocado, e não parecia conseguir encontrar uma saída. Muitas pessoas, inclusive eu, acharam que o jogo estava acabado.
Mas a surpresa foi geral quando, voltando do intervalo, o Mark Sanchez acerta dois passes fantásticos em seqüência, de 16 e 45 jardas, pro ex-Steelers Santonio Holmes, que no segundo aproveitou o passe perfeito pra queimar a cobertura do Ikey Taylor e entrar na end zone totalmente livre. A defesa do Steelers vacilou, e o Sanchez leu perfeitamente a defesa pra conectar um lindo passe. E quando o Steelers voltou pro ataque, nada parecia dar certo: O jogo terrestre não conseguiu explodir como antes, os recebedores estavam sempre muito bem cobertos e a pressão começou a apertar o Big Ben pra dentro do pocket, impedindo-o de sair e passar correndo como ele gosta. O próprio Big Ben parecia errar mais passes do que nunca, e embora o time tenha chegado até o campo de ataque depois de uma falta muito azarada num punt que deu 15 jardas e uma primeira descida de graça pro Steelers, o Big Ben forçou um passe desnecessário e sofreu sua segunda interceptação. Duas posses de bola pro Jets depois (Entre elas uma campanha do Steelers que terminou com dois sacks e uma corrida pra -3 jardas, em seqüência), a campanha de New York foi exatamente o que o Steelers fez com eles no começo da partida: 17 jogadas e oito minutos, cheia de passes curtos e jogadas de corrida eficientes. Sanchez acertou bons passes, errou alguns, mas o Shonne Greene acordou pro jogo e levou o time nas costas nessa campanha. Mas ela teve uma diferença pra campanha inicial do Steelers: Não terminou num touchdown. Terminou numa tentativa fracassada de converter uma 4th and 1 na linha de uma jarda.
Carrinho é falta, Arnaldo!
Normalmente, desperdiçar tempo e uma chance assim perdendo a partida seria péssimo. O jogo estava 24 a 10 ainda, e o Steelers tinha a bola com pouco mais de sete minutos no relógio. Mas o segundo tempo era realmente do Jets e não do Steelers. O center que entrou no lugar do Pouncey errou o snap, que bateu na própria perna, e caiu no chão pra um fumble. Big Ben recuperou o fumble e vitou o pior, mas ainda contou com safety, e o Jets recebeu a bola. O Jets recebeu a bola e, em cinco minutos, anotou mais um TD em ótima campanha do Mark Sanchez. 24 a 19, 3 minutos no relógio. E ai o Rex Ryan, que tinha arriscado naquela quarta descida, não quis arriscar. O Jets estava dominando o jogo dos dois lados da bola no segundo tempo, a defesa tava perfeita parando o jogo terrestre, o Big Ben não tava tendo liberdade pra passar e também estava perdendo ritmo sentado no banco tanto tempo, e a pressão estava chegando nele de todos os lados. A defesa do Jets tava muito superior e o Rex Ryan, com três tempos pra pedir, decidiu confiar na sua defesa, esperar ela recuperar a bola e entregar pro Sanchez, que fez um ótimo segundo tempo, virar a partida. O Steelers correu com o Mendenhall, que não avançou nada na primeira tentativa. E ai acho que o Mike Tomlin caiu na real. Na segunda, ele não tentou correr. Ao invés disso, deu a bola na mão do Big Ben. A melhor decisão que ele tomou na partida. O Big Ben, sob pressão, simplesmente não erra. Um segundo tempo muito fraco, mas quando chegou na hora de decidir, de escapar da pressão e fazer um passe certo pro first down, ele foi perfeito. Fez isso uma vez, 14 jardas. Depois de mais duas corridas do Mendenhall pra não ganhar nada, faltando 2 minutos, uma terceira descida crucial. A bola foi pro Big Ben novamente. E, saindo do pocket, correndo, contra o movimento do corpo, fugindo da blitz, descolou um passe preciso, absolutamente perfeito, que caiu nas mãos do alvo pra primeira descida e pra vitória do Steelers. Se você tem uma conversão importante no fim da partida, talvez não tenha um QB melhor que o Big Bem hoje, fim.
O segundo tempo foi exatamente o oposto do primeiro, com o Jets fazendo tudo que o Steelers tinha feito antes. E deu certo, só não deu certo por três motivos. Primeiro, por causa da enorme vantagem que o Steelers abriu no primeiro tempo. Segundo, por causa do tempo, o 'fazer tudo certo' pro Jets envolvia correr muito com a bola, mas isso gastou o relógio mais do que convinha a eles. E por fim, o fato do outro lado ter um QB que é mortal quando chega no fim da partida, e de ter optado por não fazer o onside kick e devolver a bola na mão do Big Ben. O Steelers apagou completamente e teve uma inversão de papéis tão ridícula no segundo tempo que não da pra deixar de notar. E o Mark Sanchez teve um ótimo segundo tempo, um segundo tempo que merece que eu abaixe a cabeça dessa vez e admita que ele jogou muito, ainda que por um tempo insuficiente. É até chato, porque eu gosto de analisar a fundo o que levou cada time a fazer cada coisa, a errar e acertar aqui, mas nesse jogo foi ridículo de simples: Foi a mesma coisa que deu certo e errado pros dois, simplesmente cada um em um tempo. E o Steelers tem que parar com essas oscilações, porque no Super Bowl vai pegar um Packers que, se vacilar, vai engolir Pittsburgh. Tem uma defesa tão boa quanto, senão melhor, um QB de altíssimo nível e um ótimo grupo de recebedores, além de ser um time muito consistente. Perigoso pro Steelers, se começar a oscilar. Mas como tem duas semanas inteiras pra se preocupar com isso, ainda é hora de comemorar ao invés de se desesperar. E, claro, de tirar aquela casquinha do adversário.
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