Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

domingo, 24 de abril de 2011

Ressurgindo das cinzas

Graças a uma certa empresa de internet, fiquei sem a dita cuja durante todo o feriado, mas pelo menos agora ela voltou. Ainda bem que aconteceu nessa primeira rodada dos playoffs... Mil desculpas pelos dias sem postagem, estamos de volta.
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Brandon Roy entra em quadra

Faltando dois segundos no quarto período, o Blazers Trail Blazers parecia perdido. A série estava 2-1 para o Dallas Mavericks, o jogo quatro em Portland estava totalmente a favor do Mavericks, que liderava por 21 pontos, e do jeito que as coisas caminhavam o Blazers ia ter que vencer duas vezes em Dallas pra avançar nos playoffs. O Blazers, definitivamente, parecia acabado, pronto pra sair dos playoffs. Só que aí a bola chegou no Brandon Roy.

O resultado foi bem interessante: Nos próximos 12 minutos e 2 segundos, Brandon Roy marcou 21 pontos, inclusive a cesta da vitória, e o Blazers venceu o Mavericks por 84 a 82 para salvar sua pós-temporada e, quem sabe, a carreira do próprio Brandon Roy.

Para quem não lembra, o Roy teve alguns problemas com seus joelhos recentemente. Aliás, foi exatamente a preocupação com eles que fez o Roy cair tanto no Draft de 2006, quando foi pego na sexta posição pelo Wolves pra ser trocado em seguida para o Portland pelo também recém-draftado Randy Foye (Os engravatados do Wolves andam se gabando por terem deixado passar o Roy porque esperavam isso desde o começo, mas trocar o Roy pelo Foye não vai fazer o time ganhar nada). Ano passado mesmo, ele fez uma cirurgia no joelho perto do final da temporada, quando supostamente iria desfalcar o time nos playoffs, mas ele voltou no jogo quatro, entrou em quadra (ao som de Eye of the Tiger) e jogou no sacrifício, transformando aquela série contra o Suns numa série de verdade. Mas esse ano, as coisas pioraram de novo, com uma nova lesão no joelho e mais preocupações acerca da durabilidade deles. A falta de cartilagem nos joelhos do Roy é um problema e, segundo os médicos, ele só tem mais dois anos aproximadamente pra jogar basquete em alto nível. O que é uma grande pena, porque o Roy é um dos melhores jogadores da Liga, muito completo e um dos melhores closers da NBA.

E com a lesão do Roy, o time teve que se virar sem ele, contando principalmente com a ótima fase do Wesley Matthews e dando mais minutos para o Rudy Fernandez. Mesmo quando o Brandon Roy voltou, ele ficou no banco, com minutos limitados e um basquete mais contido que de costume. Ele teve grandes jogos, um deles contra o mesmo Mavericks, mas a dúvida era se ele estava se poupando e sendo poupado ou se o novo papel dele no time era apenas aquele, um reserva que podia ter um bom jogo.

Mas os playoffs começaram e Roy continuou no banco. Ele mal jogou nos dois primeiros jogos em Dallas, quando o Blazers perdeu ambas as partidas. E isso gerou uma reclamação no Roy sobre o seu papel no time, que ele achava que era muito pequeno. E, conseqüência ou não, Roy teve um ótimo jogo 3 e um jogo quatro histórico.

No jogo quatro, depois de sair machucado no primeiro tempo, Roy voltou no terceiro período com uma assistência para o Lamarcus Aldridge e depois uma bola de três nos segundos finais do terceiro quarto. No quarto período, foram dezoito pontos e quatro assistências, além de ter sido o centro de todas as ações ofensivas do time, acertando oito de dez arremessos e colocando a bola debaixo do braço. O Blazers se inspirou e começou a defender feito malucos, tanto que segurou o ataque do Dallas a só 15 pontos enquanto marcou 35, sendo 26 desses diretamentes de pontos ou assistências do Roy.

A importância do Roy nos dois jogos vencidos pelo Blazers ressalta algo que eu já disse no preview dessa série, que é o fato do Blazers não ser um time excepcional, é um time completo, bem montado, com muitos bons jogadores e que tem uma boa defesa e um bom ataque, mas o time as vezes sente falta de um elemento mais explosivo, imprevisível, capaz de carregar o time durante um período ruim ou energizar o time quando ele precisa, além de ficar com a bola na mão nos momentos cruciais. Em outras palavras, uma estrela. O Aldridge é ótimo, ta evoluindo muito, mas ainda não chegou lá. O Gerald Wallace é um ótimo role player, faz o trabalho sujo muito bem, mas não é a estrela do time: a única estrela de verdade do time de Portland está vindo do banco de reservas, e quando ele entra ditando o ritmo do time, é quando o Blazers encontra seu melhor basquete. E é exatamente o que o Blazers precisa pra fechar essa série de uma vez por todas. Agora a série vai voltar para Dallas para o jogo cinco, e o Blazers tem o momento na série depois dessa virada histórica. Ganhar o jogo cinco em Dallas e decidir em casa é tudo que o Blazers quer, mas pra isso o Roy vai ter que entrar, ditar o ritmo e fazer sua mágica, como a gente já viu ele fazendo muitas vezes.

O problema pro Roy é o seu corpo. Por melhor que ele seja, o corpo dele não está na melhor forma pra correr de um lado a outro de uma quadra pra pular tentando alcançar um aro com uma bola. O joelho dele está todo esfarelado, o joelho dele é praticamente osso com osso, e não da pra sugerir que ele vai estar 100% fisicamente numa quadra de basquete algum dia na vida. Ele tem que lutar não só contra o time adversário, mas contra seu próprio corpo, que não aguenta a intensidade que é um jogo de basquete. Talvez funcione uma vez, duas, mas não da pra ter certeza que vai funcionar sempre, e por isso o Roy, querendo ou não, vai ter seus minutos mais limitados. O Roy é um guerreiro, ele sabe muito bem o que é jogar no sacrifício, até porque ele sabe o quanto o time depende dele pra vencer uma série complicada, que é exatamente o que o Blazers vai ver nos playoffs (a não ser que mude pro Leste). O corpo dele pode não aguentar, mas ele é competitivo demais pra ficar no banco e ver o time perder, mas ao mesmo tempo o corpo dele pode não aguentar uma hora e deixar o Blazers na mão. O Roy é a chance do Blazers de sonhar com algo maior na pós temporada, mas também pode ser uma bomba relógio, pronta pra esfarelar um joelho. Porque pra ganhar, eles dependem do corpo - e dos joelhos - do Brandon Roy. Porque ele é a verdadeira estrela da equipe. É dele que eles precisam pra controlar o time, passar confiança, liderar o elenco e, quando necessário, fazer 21 pontos em 12:02 minutos e liderar uma virada histórica para manter seu time vivo nos playoffs.

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