Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Pontos importantes da semana 8 da NFL

Voce precisa de mais do que três defensores para parar Megatron



Ainda não participou da nossa ultra nerd e ultra divertida promoção de NBA? Não sabe o que está perdendo! Clique aqui e tenha a chance de ganhar um livro massa de basquete - ou pelo menos ter o que fazer nessa offseason!! ÚLTIMOS DIAS!!

Para ler a coluna com os pontos importantes da semana, e ainda melhor, PARA PARTICIPAR DO NOSSO MAILBAG, clique aqui 

Para ler nosso breakdown da World Series entre Red Sox e Cardinalsclique aqui

---------------------------------------------------------------------------------

Mais uma semana chega ao fim, e holy cow, para uma semana que prometia ser uma das piores no papel (e de certa forma fez jus a isso) até que tivemos um jogo para ser lembrado por anos entre Cowboys e Lions. E embora o Monday Night Football tenha sido um jogo mais feio do que bater na mãe, pelo menos foi decidido na última posse de bola quando o Rams, que dominou o Seahawks o dia todo correndo e não conseguiu produzir passando (tendo inclusive dois passes interceptados), inexplicavelmente decidiu que em uma 4th and 1 na linha do goal era melhor tentar o passe SEM NENHUM RB PARA ATRAIR A DEFESA. Adivinhe? Kellen Clemens errou o passe e o Rams perdeu o jogo. Mas enfim, um jogo excelente e um que pelo menos foi disputado para tirar o marasmo de uma semana que realmente não foi interessante para quase ninguém.

Mas aqui no TMWarning, temos um lema muito simples: "Always look at the bright side of life". Então vamos olhar a parte boa (ou pelo menos interessante) dessa rodada e olhar alguns pontos que merecem ser mencionados.


Você não pode parar Megatron


Nessa rodada parada - e sinceramente, talvez em qualquer outra - o assunto mais quente da semana foi a performance de Calvin Johnson contra o Dallas Cowboys. Aliás, esse jogo já seria o grande assunto da rodada mesmo sem Megatron, porque foi um jogo sensacional e com uma reviravolta tão absurda que não tem como não deixar sua cabeça girando: quando Dallas parou o Lions em uma 4th and 12 na linha de 30 de seu próprio território dentro do Two-Minute Warning, com o time tendo a chance de correr três vezes, gastar o relógio para menos de 30 segundos e chutar um FG (ou mesmo matar o jogo com uma conversão), a chance de vitória do Dallas era de 99%. Não, é sério, 99%! Então o Dallas correu com a bola duas vezes, foi correr uma terceira quando o Lions já não tinha mais tempos... e Tyron Smith (LT) cometeu uma holding extremamente estúpido, pois a falta parou o relógio e fez o Cowboys devolver a bola para Detroit com 40 segundos a mais do que deveria. MAtthew Stafford aproveitou cada um deles conduzindo a campanha da virada, que terminou com um QB sneak tão malandro que nem seus próprios companheiros de time sabiam que viria (ele estava chamando um spike) faltando 10 segundos. A falta de Tyron Smith se junta a falta pessoal de Levonte Davis (Bucs, primeira semana) como a mais estúpida da temporada. Olhem a chart com as probabilidades de vitória de cada time abaixo e vejam onde ela estava antes do holding de Smith.




Mas mesmo esse jogo fantástico acabou ficando em segundo plano porque Megatron simplesmente não nos deu oportunidades para admirar qualquer outra coisa. Johnson, que teve uma recepção sensacional para colocar a bola na linha de 1 jarda nessa campanha final, terminou o jogo com... wait for it... 329 jardas recebidas (!!), sete a menos do que o recorde da história da NFL (336 de Flipper Anderson em 1989). Viradas espetaculares acontecem de vez em quando, mas um WR passando de 300 jardas em uma partida?? Isso só aconteceu três vezes na história da NFL, com Anderson em 1989, Johnson em 2013 e Stephone Paige (309) em 1985. 

Quão impressionante foi essa performance? Bom...
  • Antes da partida, Megatron era o 20th da NFL em jardas recebidas, com 492, 137 atrás do líder da NFL no quesito, Torrey Smith. Depois dessa rodadada, Megatron passou para o primeiro lugar com 87 jardas a mais que o segundo colocado (AJ Green) mesmo com um jogo a menos.
  • Apenas dois jogadores passaram de 200 jardas em toda a temporada antes dessa rodada: Ashton Jeffery na semana 5 com 208, e Anquan Boldin na semana 1 com 208. O #2 da lista (Jeffery) está mais perto, em jardas recebidas, do #91 da lista do que de Megatron no topo dela.
  • Johnson também empatou o maior número de recepções em uma partida na temporada por um WR, com 14 (Justin Blackmon na semana 6). Então não é como se Megatron tivesse pego uns dois hail maries e pronto - ele consistentemente apareceu com grandes recepções mesmo marcado por um dos melhores CBs da NFL (Brandon Carr).
  • Megatron não teve apenas mais jardas do que qualquer outro WR nos últimos 23 anos, ele teve sozinho mais jardas do que o TOTAL do ataque do Dallas (329 contra 268). Na verdade, Megatron sozinho teve mais jardas do que o ataque total de DEZESSEIS times diferentes essa rodada. Juntando as últimas duas rodadas, Megatron teve sozinho mais jardas nessa partida do que TRINTA times tiveram em seus jogos (alguns times aparecem duas vezes, claro). 
  • Pra finalizar, que tal essa: nenhum jogador da NFL essa temporada conseguiu SOMAR 329 jardas em semanas consecutivas, com Justin Blackmon (326) e Alshton Jeffery (325) os que chegaram mais pertos. 
Então é fácil de ver porque todo mundo perdeu a cabeça com o que Megatron fez esse final de semana. Foi mais uma demonstração espetacular de um talento excepcional que somos todos privilegiados de assistir. Entre os WRs que eu acompanhei no auge, Calvin Johnson provavelmente só fica atrás de Randy Moss (e logo a frente de Marvin Harrison e Larry Fitzgerald) no quesito "você pode dobrar a marcação que a bola ainda vai nele e ele vai receber e conseguir mais 40 jardas" de imparabilidade (orgulhoso, Tite?). E ele tem apenas 28 anos! O céu é o limite para esse cara. Literalmente, acho que se ele pular com tudo ele alcança.

E claro, como sempre acontece, isso reacendeu o debate sobre a possibilidade de (mais) uma temporada histórica por parte do WR. Ano passado, Megatron quebrou o recorde de uma temporada para mais jardas aéreas, mas isso não recebeu atenção merecida em parte porque todo mundo estava prestando muito mais atenção em outra temporada histórica, Adrian Peterson buscando quebrar o recorde de Eric Dickerson (e ficando a 9 jardas). Essa diferença em atenção se deveu principalmente a três motivos, um legítimo e outros dois não: primeiro, porque Peterson quebrou a barreira arbitrária das 2000 jardas e Megatron não (e as pessoas adoram olhar esse números arbitrários em esportes); segundo porque ele fez isso em um time ruim; e depois porque Megatron teve algo como uma "ajuda" historicamente, já que ele joga em uma época onde o jogo aéreo é muito mais incentivado e QBs e WRs muito mais protegidos pelas regras, o que lhe da uma vantagem específica sobre alguém que jogava em 1990, por exemplo. O último é verdade, e eu acho que de fato a temporada de Peterson foi a mais impressionante, mas isso não muda o fato que a temporada 2013 de Calvin Johnson e seu incrível 122-1964-5 está no Panteão das melhores temporadas de um WR de todos os tempos.

Btw, eu acho engraçado como algumas pessoas gostam de fazer uma comparação direta com uma temporada histórica através de uma divisão arbitrária. Nos próximos dias você provavelmente vai ver isso em algum lugar:

2012 Calvin Johnson depois de 8 semanas: 7 jogos, 41 recepções, 638, 1 TD
2013 Calvin Johnson depois de 8 semanas: 7 jogos, 47 recepções, 821 jardas, 7 TDs

O que significa que Calvin Johnson estaria caminhando para bater seu próprio recorde de 2012, certo? Bom, não necessariamente. Primeiro, porque Megatron tem apenas mais 8 jogos essa temporada, já que o Lions ainda não teve seu bye essa temporada - 2012 Megatron teve mais 9 para chegar a 1964. Segundo porque isso é escolher um ponto de vista arbitrário - a parte espetacular da temporada de Johnson em 2012 não foi o começo, foi o final: nos últimos 9 jogos, Megatron teve 81 recepções e 1326 jardas, o que equivale a 9 recepções por jogo com 147 jardas por partida, números muito superiores até mesmo ao seu ótimo começo de temporada esse ano. Então falar que Megatron está no caminho para superar sua temporada passada é ignorar que o verdadeiro outlier historicamente bom foi o final do ano, e não o começo, e é essa parte que é realmente difícil de duplicar mesmo se tratando de um jogador historicamente bom como Johnson. Para chegar nos seus números de 2012, ele teria que ter média de 9.3 recepções por jogo com 142 jardas por partida. Não é impossível, e eu nunca vou apostar contra Calvin freaking Johnson, mas é um ritmo muito difícil dele manter.

Isso não é para falar que a temporada dele está sendo uma decepção. Na verdade está sendo excelente! Megatron não é mais apenas o melhor WR da NFL, ele já está se estabelecendo como um dos maiores a jogar a posição na história do jogo. Ainda é cedo demais para colocar ele entre as lendas do esporte, mas com apenas 28 anos, Johson tem um teto praticamente infinito... o que significa que ele pode acabar a carreira como o segundo melhor WR da história da NFL, porque ninguém nunca vai conseguir encostar em Jerry Rice. Ainda assim, quando você tem tudo para ser o segundo em uma lista depois do melhor jogador a pisar em um campo de futebol americano, você conseguiu algo grande. Apreciem Megatron porque ele vai ser lembrado por muitos anos.


Os maiores mandos de campo da NFL


Ontem a noite, mais uma vez, o Seattle Seahawks me impressionou. Dessa vez, negativamente. É impressionante a capacidade do time de parecer absurdamente dominante uma semana e depois totalmente medíocre na semana seguinte. Ontem o time teria perdido para o fraco Rams, com Kellen Clemens, se não fosse um FG errado (que permitiria ao Rams chutar um FG da vitória na última campanha ao invés de se ver obrigado anotar um TD) e se o técnico do Rams não fosse tão burro para chamar duas jogadas de passe em uma 2nd and goal depois de seu time ter dominado a partida pelo chão. Uma dessas jogadas de passe foi em uma 4th and goal da linha de 1 jarda, e pior, não tinha sequer um RB na jogada atrás do QB para manter a defesa honesta, praticamente telegrafou a jogada. Ou telegrafou o seguinte: "em uma 4th and 1 depois do meu jogo terrestre ter dominado a partida, eu prefiro fazer um passe, avisando a defesa que é um passe, mesmo eu tendo Kellen Clemens e mesmo enfrentando uma das melhores secundárias da NFL". Não é a toa que o mesmo coordenador ofensivo do Rams é o cara que foi coordenador ofensivo de Mark Sanchez no Jets.

No caso do Seattle, eles tem brincado de Dr. Jekyll e Mr. Hyde a temporada inteira: em casa, eles parecem extremamente dominantes, vencendo o 49ers por 26 pontos e estando 3-0 com um saldo de pontos de 61. Fora de casa, o record do time ainda é bom com 3-1, mas também inclui duas partidas deveria-ter-perdido (Rams e Texans), uma vitória extremamente feia sobre o Carolina Panthers, e a derrota para o Colts, para um saldo de pontos de 19 em cinco jogos. Basicamente, o Seattle parece um juggernault jogando em casa e um time medíocre e sortudo jogando fora de seus domínios.

Isso me fez pensar... quais os times que, nesse começo de temporada, tem mostrado uma maior variação jogando dentro ou fora de casa? Decidi pesquisar isso. Para tal, vou usar duas medidas: saldo de pontos totais dentro e fora de casa, e saldo de pontos por jogo (pois alguns times tem mais jogos em um ambiente do que no outro). Como já discutimos aqui muitas vezes, saldo de pontos é o melhor indicador de nível de performance de um time, muito melhor do que vitórias e derrotas, e por isso é o indicador que eu usarei. Também vale citar que é o tipo de coisa que, como toda boa estatística, funcionaria melhor se tivessemos uma amostra muito maior do que a atual para nos basear, já que uma amostra pequena pode estar sujeita a outliers (um jogo particularmente bom ou ruim empurrando toda a amostra em uma dada direção) ou viéses (alguns times enferentaram calendários mais fortes que outros). Ainda assim, é uma boa forma de começar a olhar essas coisas.

Antes de fazer a pesquisa, eu achava que Seattle, Jets ou Bengals seriam os principais times nesses quesitos - esses dois últimos em parte pelo jogo dessa semana que deu 40 pontos na direção do time da casa, o que geraria algum viés. E para minha (nenhuma) surpresa, eu acertei: Jets, Seattle e Bengals estão entre os quatro primeiros na diferença casa/fora. Mas antes de chegar no resultado final, vamos ver alguns dos outros resultados que apareceram pelo caminho.

Primeiro, queria ver quais seriam os times que melhor jogam em casa. Entre os melhores times jogando em casa, obviamente, deveriamos encontrar os melhores times da NFL, já que estamos olhando PD puros. E foi o caso: Denver, Seattle e New Orleans são os times com melhor PD dentro de casa, seguido do Green Bay, todos candidatos ao título. Começa a ficar interessante no número 5: Carolina Panthers, depois Dallas em 7th. Mas se a idéia era achar um efeito casa em relação a um campo "neutro", então não adianta olhar o saldo de pontos por jogo total pois isso só nos mostraria os melhores times. Então fazendo a diferença do saldo de pontos quando joga em casa com o saldo de pontos geral na temporada, chegamos a um novo resultado que me parece mais adequado. Nessa conta, Seattle é o time com o melhor "mando de campo" da NFL em 2013, com um saldo de pontos de 10.3 a mais quando joga em casa em relação a sua média no ano. Depois de Seattle vem Baltimore Ravens, Cincinatti Bengals (graças a esses 40 pontos do jogo de domingo), Packers e NY Jets. Denver e Carolina ainda aparecem nessa lista, em 9th e 10th, respectivamente, ma caíram algumas posicões.

Fazendo o raciocínio contrário, vamos olhar agora os times que foram pior jogando fora de casa usando o segundo método, o de comparar o saldo de pontos fora de casa com o saldo total na temporada. Para minha surpresa, o pior time jogando fora de casa foi o Denver Broncos, cujo saldo de pontos é mais de 10 por jogo pior jogando fora de casa em relação a sua média. Isso faz algum sentido: desde que voltou a NFL depois de passar por algumas cirurgias, a força no braço de Peyton Manning diminuiu consideravelmente. Sendo quem é, é claro que ele conseguiu se adaptar a isso e permanecer brilhante, mas o ar rarefeito de Denver oferece a ele uma vantagem específica já que requer menos força para passes longos. Ainda no Top5, estão dois times que são famosos pela dificuldade de se enfrentar quando jogam em seus domínios (Saints e Raiders) e os dois times afetados pelo jogo de 40 pontos de ontem (Jets e Bengals). Eu achava que encontraria nessa lista os dois times com QBs calouros (Buffalo e Jets), afinal é esperado pelo senso comum que calouros sintam menos pressão jogando em casa, mas não foi o caso: Jets ainda qualificaria como um time ruim jogando fora de casa mesmo sem esses 40 pontos, mas Buffalo é apenas o 13th pior time jogando fora de casa, a frente de times com grandes QBs como Dallas, New England, Atlanta, Seattle, Green Bay, Saints e Denver. 

Mas esse tipo de análise tem um problema: o saldo de pontos é contabilizado duas vezes, uma no "saldo fora/dentro de casa" e outra no saldo total. Para fazer a melhor análise, é melhor contabilizar as coisas separado: o saldo dentro, o saldo fora, e a diferença entre os dois. Então usando essa forma, o time que aparece em primeiro lugar é Cincinatti com 17.3 de diferença, embora como já tenha sido dito esse número não é o mais confiável do mundo porque acontece logo depois desse outlier de 40 pontos contra o Jets - se o time tivesse vencido por, digamos, 20 pontos, a diferença no saldo seria de 12.3, ainda alta mas colocaria o time apenas em 10th, então me parece o caso de um outlier inflando a estatística, ainda que a estatística indique mesmo assim um desvio significativo entre jogos fora e em casa para o Bengals. Os times #3 e #4 também são os outros dois que eu citei: Seattle aparece em terceiro, e em quarto o Jets. O Jets também foi influenciado por esses 40 pontos, e assim como Cincinatti, ainda apareceria no Top10 em termos de diferença casa/fora mas perderia esse grande diferencial. Mas o time que chamou minha atenção foi justamente o Denver Broncos em segundo. Eu já expliquei como existe uma motivo para Manning e o Broncos jogarem melhor em casa e na altitude, mas não esperava uma diferença tão grande: 22 de diferença jogando em casa e apenas 5 jogando fora. E não é como se o time tivesse enfrentado grandes defesas fora de casa: Giants e Cowboys são fracas, e Colts é um mediana. Considerando que o Broncos não lidera a sua divisão e pode ir para os playoffs via Wild Card, essa diferença pode acabar sendo bastante significativa chegando a pós temporada.

Tirando Seattle, que já era óbvio que iria aparecer na lista, alguns times que são candidatos aos playoffs também aparecem: Green Bay é o sétimo, Saints o oitavo. Do outro lado, também temos alguns times de playoffs que tem jogado até melhor fora do que em casa e dependem menos desse fator: Colts na verdade aparece em último com 11.7 de diferença quando joga fora de casa (vale citar que o Colts enfrentou Seattle e Denver em casa), Kansas e San Francisco aparecem em 5th e 6th na lista de baixo para cima (ambos com bons saldos tanto dentro como fora de casa), o que pode ser um bom indicador de que o time depende menos de jogar em casa. 

Por fim, no departamento de times ruins, Oakland aparece como o que mais se beneficia de jogar em casa, com um quinto lugar a +15.6, e o Cardinals em nono com 14.5 Interessante reparar que entre o no lugar (Cards) e o décimo (Panthers) tem uma diferença muito grande de 5 pontos, então é possível que essa seja nossa linha que separa os times que de fato ganham uma vantagem significativa por jogar em casa dos que não são significativos. Então nesse caso, ficamos em ordem com Cincinatti, Denver, Seattle, Jets, Raiders, Ravens, Packers, Saints e Cardinals como os nove times com uma diferença significativa jogando em casa essa temporada. Algo interessante para se ficar de olho e medir novamente quando acabar a temporada e tivermos uma amostra mais sólida.


Trade deadline


Hoje é a deadline para as trocas na NFL, e tudo que você precisa saber está em um post que fizemos algum tempo atrás sobre os candidatos. Claro, algumas coisas mudaram desde então, mas não tantas: o Panthers acordou para a vida e virou um candidato legítimo aos playoffs tirando Jordan Gross daquela lista, e Jared Allen entrou quando começou a parecer que ele não ficaria na cidade e aceitaria uma troca para um contender. Também alguns times novos surgiram como possíveis compradores, com o Lions sofrendo mais uma lesão que tirará um WR da temporada e o Colts perdendo Reggie Wayne para o ano, além de uma demarcação mais clara sobre que times podem chegar a pos temporada. Mas basicamente, o cenário é o mesmo, então fica a dica.

Infelizmente, os relatórios iniciais sobre trocas não estão sendo animadores. Os relatos parecem de times pedindo muito por seus jogadores, e outros (como o Browns com Josh Gordon) sem muito interesse em vender a não ser que chegue a proposta que eles querem. Nos últimos anos os times tem sido um tanto relutantes em trocar escolhas de draft futuras por ativos imediato de curto prazo, já que com o novo CBA controlando o salário dos calouros, uma escolha de draft basicamente significa trabalho barato pelos próximos quatro anos em um esporte onde profundidade do elenco conta bastante e onde acontecem tantas lesões (ainda mais com 22 titulares mais kicker, punter e retornadores). Esse pode ser o motivo que leva tantos times a olharem de longe, e faz alguns times gananciosos por escolhas futuras, ainda mais depois do assalto que o Browns fez conseguindo uma escolha de primeira rodada do Colts.

Embora o número de times de playoffs (ou que pretendem ser) em busca de um WR no mercado seja enorme (Patriots, 49ers, Colts, Ravens, Panthers, Lions e Chargers, para citar alguns) e a oferta também seja abundante, parece que quem tem mais chance de acabar trocado hoje é mesmo o Jared Allen, mas não está parecendo provável. Seattle supostamente seria o time com maior interesse, mas o Vikings estaria pedindo pelo menos uma escolha de segunda rodada - e isso antes de considerar que o Hawks só tem 2M de espaço salarial, nem de longe o suficiente para acomodar o salário de Allen, então o Vikings teria que assumir parte desse contrato, o que aumentaria o preço ainda mais. Então não está parecendo que o movimento da equipe será nessa direção, e acho bem possível que nada aconteça de significativo. Mas ainda é a trade deadline, ainda é algo imprevisível, e agora vocês estão preparados para o que der e vier.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Palpites para a semana 8 da NFL


Quando você inspira esse cartaz depois de apenas 23
jogos na NFL, é porque tem algo errado com você


Ainda não participou da nossa ultra nerd e ultra divertida promoção de NBA? Não sabe o que está perdendo! Clique aqui e tenha a chance de ganhar um livro massa de basquete - ou pelo menos ter o que fazer nessa offseason!!

PARA PARTICIPAR DO NOSSO MAILBAG E ENVIAR PERGUNTAS PARA O TMW E O ESPORTE INTERATIVO, clique aqui 

Para ler nosso breakdown da World Series entre Red Sox e Cardinalsclique aqui

---------------------------------------------------------------------------------

Okay, hora dos palpites de mais uma rodada. E essa temporada continua cada vez pior para meus palpites, e se eu estivesse apostando dinheiro nisso, estaria pobre faz muito tempo. Vamos terminar isso de forma rápida e indolor então.

Vamos enfim aos palpites da rodada, time da casa em caixa alta. Btw, como algumas pessoas ainda me perguntam sobre esse "spread", uma explicação rápida: é um tipo de aposta no qual os times possuem uma margem pela qual ele tem que ganhar (ou, no caso do time adversário, uma margem que ele pode perder). Então se ontem a noite a linha era Pats (-11.5), significa que eu posso apostar em Pats a -11.5 ou Jets a +11.5 - ou seja, adicione 11.5 ao total de pontos do Jets (ou subtraia do total de pontos do Pats) e ve quem ganharia esse jogo. Basicamente, o -11.5 indica que se eu escolher o Pats, ele precisa ganhar por mais de 11 pontos, e se eu escolher o Jets (+11.5), ele pode perder por até 11.


Btw, não esqueça de participar do nosso mailbag. Você mandar uma pergunta/comentário/curiosidade/ qualquercoisa para tmwarning@hotmail.com e pode aparecer no nosso post, aqui e no Esporte Interativo com minha resposta/comentário. Participem!!


Palpites para a semana 8 da NFL



Week 7 Record: 7-8
Week 7 contra o spread: 6-9


Panthers over BUCS
Contra o spread: Panthers (-4) over BUCS
O Bucs, com uma boa defesa e bastante talento de ambos os lados da bola, agora começa a temporada 0-7. E milagrosamente, Greg Schiano AINDA não foi demitido! Ele salvou as filhas do dono do time de um ônibus em chamas ou algo assim? Só isso explica. Schiano tem que ir embora, Bucs precisa de um novo começo. Btw, times da Flórida estão 3-17 combinados essa temporada, com Miami sendo o único a conseguir uma vitória até aqui. Vai ver é alguma coisa da água.


Niners over JAGUARS
Contra o spread: Niners (-16.5) over JAGUARS
Jogo em Londres, btw. Niners vem de quatro vitórias seguidas, todas anotando mais de 31 pontos, e o time parece estar se ajeitando... e isso considerando que o time ainda está sem Aldon Smith, Mario Manningham, Eric Wright, Tank Carradine, Michael Crabtree, e está com Patrick Willis, Ray McDonald, Glenn Dorsey, Eric Reid e Vernon Davis com algum tipo de lesão incomodando. Depois da semana o 49ers tem um bye, e depois deve voltar toda essa cambada (menos Crabtree, que deve voltar um pouco depois). Em outras palavras, esse é um time que você não vai querer ver pela frente no final da temporada. Ao contrário do Jaguars.


Cowboys over LIONS
Contra o spread: Cowboys (+3) over LIONS
Estou totalmente crente no Cowboys esse ano, pelo menos para ganhar a divisão. Tony Romo está na melhor fase da carreira, Dez Bryant virou o WR que todo mundo esperava que ele virasse, o time parece ter achado duas peças interessantes em Cole Beasley e Terrence Williams... parece que esse é o ano que tudo está encaixando para esse ataque. Claro, a defesa está tendo seus problemas, com Jay Ratliff sendo dispensado e Demarcus Ware fora, e eu não acho que esteja a altura dos melhores times da NFC. Mas o Lions também não tem sido muito confiável, e eu gosto do que tenho visto de Dallas até agora.


EAGLES over Giants
Contra o spread: EAGLES (-5.5) over Giants
Essa foi uma decisão bem difícil, pelo menos em termos de spread. Giants tem jogado bem (ok, tem jogado melhor) nas últimas semanas, dando trabalho para o Bears e vencendo o Vik.. enfim, vencendo um jogo no SNF mais chato que eu já vi em muitos anos (sim, pior que Steelers 3-0 Dolphins. Aquele pelo menos foi engraçado, esse foi só trágico). Eagles por outro lado não conseguiu explorar a defesa suspeita e desfalcada do Cowboys semana passada, mas foi com Nick Foles e Matt Barkley. Com Michael Vick voltando essa semana, prefiro confiar no time da casa.


CHIEFS over Browns
Contra o spread: Browns (+7.5) over CHIEFS
A defesa do Browns ainda é boa, eles estão de QB novo (o que não necessariamente é uma coisa boa, mas da última vez deu certo), o ataque do Chiefs ainda é ruim, e Kansas City tem tido muitos jogos essa temporada decididos por pouquíssimos pontos (REGRESSÃO!!!). Uma das minhas regras semanais para essa coluna é "Nunca pegue um time cujo QB titular começou o ano como o terceiro reserva do Brandon Weeden para vencer um jogo no Arrowhead Stadium", mas acho que a defesa do Browns e a dificuldade do ataque do Chiefs vão manter o jogo apertado e dentro do spread.


SAINTS over Bills
Contra o spread: Bills (+11) over Saints
A pegadinha desse spread é que ele está condicionado ao status do Jimmy Graham, que no momento está como "doubtful". Se for confirmado que Graham não joga, esse valor vai subir. Então considerando que esse seria o valor do Jimmy Graham não jogando 80% do tempo, me parece um pouco  alto contra um time do Bills que tem uma excelente linha de frente e tem jogado bem desde que EJ Manuel se machucou (não por causa da mudança de QB, granted: Thad Lewis tem sido bem ruim com um QBR de 22) com a defesa recuperando alguns jogadores antes machucados também. Apostei contra o Bills duas semanas atrás e me ferrei, apostei neles para cobrir semana passada e me dei bem. Vou continuar com minha fé.


PATRIOTS over Dolphins
Contra o spread: PATRIOTS (-6.5) over Dolphins
Dolphins tem sido um pouco decepcionante nessa temporada depois do começo bom que tiveram, embora eu tivesse avisado que eles iriam regredir em breve. Mas não esperava que fossem cair tanto assim, não apenas pelas derrotas mas porque o time tem jogado pior. Ryan Tannehill tem piorado com o aumento de responsabilidades (38.3 QBR, uma marca muito ruim) e embora ache que ele ainda vai dar a volta por cima, ele não tem sido bom o suficiente para me fazer confiante no Dolphins. E enquanto "passar confiança" não é exatamente o lema do Patriots, eles devem ter Aqib Talib de volta e Rob Gronkowski (que apesar das 100+ jardas pegou menos de 45% dos passes lançados na sua direção semana passada) mais inteiro, então é meio caminho andado. No Gilette ainda, fico com Pats cobrindo.


BENGALS over Jets
Contra o spread: BENGALS (-6.5) over Jets
Semana passada, eu peguei o Jets para cobrir contra o Patriots e escrevi o seguinte: "Geno Smith, QBR, semana a a semana: Week 1, 48.5; Week 2, 15; Week 3, 85.8; Week 4, 7.8; Week 5, 73.2. Week 6, 6.5. Você sabe o que isso significa, certo? Semana de Bom Geno Smith pela frente!!"

Smith não foi exatamente bem, cometeu alguns erros, mas seu QBR ainda ficou na casa dos 48 e ele conseguiu vencer o Patriots (ok que o Jets chamou 13 jogadas seguidas de corrida antes da vitória para tirar a bola das mãos dele, mas enfim!). Sabe o que isso significa? Bad Geno Smith Week!! Bengals tem jogado bem em casa também, Andy Dalton finalmente evoluiu como QB e eles tem uma boa defesa, então vou ficar com Cincy.


Steelers over RAIDERS
Contra o spread: Steelers (-2.5) over RAIDERS
E o Steelers vai lentamente se recuperando depois do começo desastroso do time. São duas vitórias seguidas, e agora o time enfrenta um fraco Raiders com a chance de embalar uma boa sequência. Le'Veon Bell tem se mostrado um sólido RB, Big Ben ainda é um grande QB, e o time tem normalizado um pouco do grande azar que estava tendo na defesa (eram 3 interceptações dropadas e 0% de fumbles recuperados pela defesa nos quatro primeiros jogos). Ainda mantenho minha opinião sobre o Steelers - basicamente um time 8-8 - mas vai ganhar do Raiders.


BRONCOS over Redskins
Contra o spread: BRONCOS (-12) over Redskins
Depois de ter seu traseiro chutado por Andrew Luck e os Colts, estou extremamente curioso para ver como Evil Peyton Manning vai reagir jogando em casa contra a horrível defesa do Skins. Quer dizer, eles venceram muito bem o Bears semana passada, mas eles tomaram 40 pontos de Josh McCown!! Josh McCown!! Quantos pontos um pissed-off Peyton Manning vai fazer em cima dessa defesa (sem Brandon Merryweather, suspenso)? Façam suas apostas!! O over/under tem que ser 42.


Falcons over CARDINALS
Contra o spread: Falcons (+2.5) over CARDINALS
Quer dizer, vocês já viram o Carson Palmer jogando atualmente, certo? Essa linha (Cards -2.5) é tão interessante que ela abriu assim, e desde então se manteve inalterada em todos as principais casas de apostas de Vegas: LVH, MGM Mirage, William Hill, Wynn LV, Caesars Palace, Harrah's, Rio e Stations, todos tem exatamente a mesma linha. O que claramente significa... eu não sei. Mas deve signfiicar alguma coisa interessante.

Eu não tenho muita certeza sobre porque estou pegando o Falcons essa semana sendo que o Cardinals tem uma defesa mil vezes melhor e Atlanta ainda deve jogar sem Roddy White (e já está sem Julio Jones), a não ser pelo fato de que... bem, Carson Palmer! Vendo o jogo contra Seattle (uma melhor defesa que Atlanta, claro) pelo menos quatro vezes diferentes Palmer lançou um passe para um CB e viu seu WR desviar para evitar a interceptação. Eu gostava de Palmer saindo da NCAA e em Cincy, mas infelizmente ele nunca virou o jogador que poderia ser depois de duas lesões graves. Uma pena.


Packers over VIKINGS
Contra o spread: Packers (-9) over VIKINGS
Depois do que o Vikings fez contra o Giants essa semana, não tem uma linha alta o suficiente para me fazer confiar na equipe contra Green Bay. Btw, o Viks acabou de ganhar o prêmio "Lesão suspeita mais conveniente da temporada" quando anunciou que Josh Freeman deve perder o próximo jogo com uma concussão que ninguém percebeu antes. Btw, Vikings em DOIS jogos noturnos televisionados em semanas seguidas? É a forma do Roger Goodell de se vingar pelas críticas? Essa semana inteira é um desgosto futebolistico, Eagles-Giants talvez seja o jogo mais interessante da rodada.


Seahawks over RAMS
Contra o spread: Seahawks (-11) over RAMS
11 pontos apenas para Seattle contra Kellen Clemens? Sério?? Onde eu assino?! Btw, tudo que vocês precisam saber sobre a situação atual do Sam Bradford, fora da temporada com lesão no joelho, está no post de terça feira, recomendo a leitura.


2013' Record: 54-37
2013' contra o spread: 38-53


quinta-feira, 24 de outubro de 2013

A evolução do Colts e a estrela de Andrew Luck

O cabelo do Trent Richardson é mais longo que suas corridas



Ainda não participou da nossa ultra nerd e ultra divertida promoção de NBA? Não sabe o que está perdendo! Clique aqui e tenha a chance de ganhar um livro massa de basquete - ou pelo menos ter o que fazer nessa offseason!!

Para ler a coluna com os pontos importantes da semana, e ainda melhor, PARA PARTICIPAR DO NOSSO MAILBAG, clique aqui 

Para ler nosso breakdown da World Series entre Red Sox e Cardinals, clique aqui

---------------------------------------------------------------------------------

Antes da temporada começar, eu fiz um preview para cada um dos 32 times da NFL. Esses previews em geral seguiam a mesma fórmula: eu olhava para o que esses times fizeram em 2012, para seu nível de performance verdadeiro, para alguns fatores que tiveram influência no processo e que estavam ou não além do controle da equipe, alguns fatores que poderiam regredir (positivamente ou não), para chegar em uma imagem mais limpa sobre o quão bom um dado time foi em 2012 e o que disso deveria se carregar para o futuro (e o que era aleatório). Depois, juntando um pouco de lógica ao processo quando consideramos as mudanças pelos quais esses times passaram (perdas de jogadores, voltas de lesões, calouros, chegada de free agents, etc), tentamos dar uma previsão ou um palpite sobre como esses times iriam se comportar. Obviamente esses palpites eram embasados em uma sólida lógica e muitos dados analisados, mas qualquer tipo de previsão para o futuro vai carregar uma grande dose de incerteza, e por isso não da para esperar 100% de precisão. Já dizia o grande Yogi Berra, "é difícil fazer previsões, especialmente sobre o futuro".

Até agora, eu até tenho tido um bom índice de acertos na temporada, um motivo de orgulho. Alguns times (Ravens, por exemplo), eu acertei na mosca com uma precisão impressionante. Outros, como Falcons, eu acertei alguns detalhes importantes (em particular, a falta de defesa da equipe) mas não tinha como prever as inúmeras lesões que destruíram a equipe que todo mundo esperava antes do ano. Outros até acertei a direção geral mas não que o time ia ser tão ruim/bom, como o Vikings. E em alguns casos - quatro, na verdade - eu errei feio. Dois deles eram times que eu via brigando pelos playoffs e que hoje estão entre os piores da NFL, Giants e Bucs. Um era um time ruim que eu achei que estava no caminho certo mas que está a caminho de se tornar o pior time da história da NFL, o Jaguars. E por fim, temos o Indianapolis Colts, um time que eu achei que ia regredir... e vocês sabem o resto.

Antes da temporada, no preview da equipe, eu destaque como o Colts tinha tido uma das temporadas mais sortudas da história da NFL, algo que inflou seu record final e serviu para esconder um time consideravelmente fraco por trás, e que muitos dos fatores além do seu controle que serviram para seu record final não iriam se sustentar, e portanto o time deveria cair (em record) para 2013 - que o time iria melhorar, sem dúvida, mas que sem esses fatores aleatórios o time não iria se sustentar. Bom, em parte eu acertei: os fatores aleatórios realmente regrediram e pararam de agir em torno da equipe (mantenho 100% o que falei sobre o time de 2012, btw), mas enquanto isso, o Colts conseguiu evoluir o suficiente para tornar essa "ajuda" desnecessária e se estabelecer como um candidato ao título. Como eles conseguiram? Bom, é o que vamos ver agora. Vendo vídeos, observando números e tudo mais, separo quatro motivos principais pela boa campanha que o time tem feito até aqui...

Andrew Luck está substituindo seu antecessor a altura


E eu não me refiro a Dan Orlovsky.

Quando Andrew Luck entrou na NFL no draft de 2012, muita gente dizia que ele era o melhor QB a entrar na NFL desde Peyton Manning em 1998. Outros, que era o melhor a entrar desde John Elway em 1983. O hype e a expectativa em torno do QB de Stanford era imensa, e o Colts pareceu estar ganhando um bilhete premiado de loteria quando terminou com a pior campanha em 2011. E embora os números a primeira vista não mostrem, Luck teve uma grande temporada de estréia, passando para 4374 jardas, sendo o QB mais valioso da NFL correndo com a bola depois de Cam Newton e (com uma forcinha da sorte, mas whatever) foi o melhor jogador da equipe que acabou indo aos playoffs um ano depois de terminar 3-13, fazendo o time até esquecer da excelente temporada que Manning teve em Denver. Luck ficou em segundo na votação para calouro do ano atrás de Robert Griffin, e em uma feroz disputa com Griffin, Colin Kaepernick e Russell Wilson pelo título de "melhor jovem QB da NFL".

Mas em 2013, Luck - que talvez por seus números primários não tão bons acabou o ano como o menos baladado desses quatro - está mostrando de uma vez por todas porque ele era considerado o melhor QB dos últimos anos. Eu já escrevi um pouco sobre como Luck foi o único da Gang of Four a evitar, até aqui no ano, uma certa Sophomore Slump, e tudo que eu escrevi então é verdade. Claro que isso não significa que Wilson e Kaepernick estão tendo anos ruins, apenas que eles estão encontrando dificuldades que não tiveram em suas primeiras temporadas (tanto em forma de adversários mais preparados como limitações em suas próprias equipes, com lesões entre os linemen e os receivers, respectivamente) e não estão tendo o mesmo sucesso do ano passado. Em contraste, Luck tem sido ainda melhor: ele está completando passes a um ritmo maior (54.7% contra 60.3% esse ano) sem sacrificar seus ganhos por passe (7.0), embora ele tenha evoluído imensamente ganhando tempo no pocket, escapando de sacks e mantendo jogadas vivas, como sua figura de jardas por passe ajustadas indica (6.4 para 7.3). Seus touchdowns por passe aumentaram (5.3% de 4.5%) e suas interceptações caíram absurdamente (2.9% para 1.3%). E Luck continua sendo o segundo QB mais eficiente correndo com a bola, atrás dessa vez de Michael Vick. É realmente difícil achar uma área onde ele não tenha tido uma notável evolução.

E isso vai muito além dos números. É só assistir duas partidas para perceber a diferença, e eu assisti sete delas. No começo do ano, minha preocupação era a mesma de 2012: Luck jogava atrás de uma linha ofensiva que permitia mais pancadas ao seu QB do que qualquer outra na NFL. O começo do ano - em particular os dois primeiros jogos contra Oakland e Miami - mostraram que 2013 também seria assim. Mas Luck se adaptou magistralmente, começou a se movimentar mais no pocket para ganhar tempo, escapar pela lateral e usar sua incrível habilidade de fazer qualquer tipo de passe em movimento (rivalizada apenas pela do Aaron Rodgers) para estender jogadas e transformar o que normalmente seriam perdas de jardas em jogadas positivas. Ele também não tem tido medo de correr, especialmente em terceiras descidas, e aos poucos ele vai começando a comandar respeito da defesa contra suas pernas. E seu braço é um dos melhores da NFL, fazendo jus ao eterno clichê de "ele consegue fazer todos os arremessos do jogo". 2012' Andrew Luck era um bom QB com um grande futuro, mas 2013' Luck está em outro nível: sua experiência com a velocidade e as leituras do jogo profissional estão obviamente mais maduras e evoluídas, mas ao mesmo tempo ele parece estar aprendendo aos poucos a melhor forma de usar seus talentos consideráveis, como se adaptar para completar da melhor forma o talento dos seus companheiros e as fraquezas do seu time, e como tirar vantagem disso. Por isso ele é o único QB que começou sua carreira como titular em 2012 e que viu seu QBR aumentar, de 64.99 para um sólido 71.49 em 2013. E embora ainda tenhamos três categorias para cobrir em relação a boa fase do Colts, não se enganem, a principal delas todas é que agora eles tem um dos cinco melhores QBs da NFL, o melhor jogador em um time 5-2 que tem vitórias contra os três times considerados os melhores da NFL antes da temporada começar (49ers, Seahawks e Broncos). Se eu tivesse um voto para o prêmio de MVP, eu daria para Manning ou Andrew Luck nesse momento.

O jogo terrestre ganhou vida - embora isso possa ser uma armadilha


Em 2012, o ataque terrestre do Colts não foi exatamente horrível, terminando 18th geral em números ajustados (produção total). O que não significa que foi um ataque bom: o que alavancou em parte esses números foi a presença de Andrew Luck no time, que como já dissemos foi o segundo melhor e mais eficiente QB correndo com a bola em 2012. Tirando Luck e suas corridas da equação, o Colts correu para apenas 3.7 jardas por corrida, sexta pior marca da NFL, e nenhum dos seus três RBs teve mais de 4.0. Em parte isso se deu a uma linha ofensiva que foi a sétima pior da NFL em jogadas de corrida, e era uma questão que a diretoria do time queria solucionar para continuar com sua busca por um time competitivo o quanto antes.

Isso motivou a horrível troca por Trent Richardson, que já me parece um dos maiores roubos da NFL nos últimos anos, em que o Colts mandou uma 1st round pick por um RB que é rankeado como o sexto pior (entre 55 qualificados) pelo Pro Football Focus na temporada, que vai ganhar uma boa fortuna por mais dois anos, e que em dois anos na NFL não mostrou nada para nos fazer pensar que seja mais do que um jogador ruim. Mas passando desse ponto, o fato é que o jogo terrestre do Colts tem sido muito mais eficiente em 2013: amostra pequena e tudo mais, ele é o terceiro melhor da NFL em DVOA. Mesmo descontando a grande diferença que faz Luck correndo com a bola (6.5 jardas por corrida), o time ainda tem um sólido 4.3 jardas por corrida. E isso é considerando que o time perdeu seus dois RBs titulares no começo da temporada, Ahmad Bradshaw e Vick Ballard, para o resto do ano. Ainda assim, os números são muito promissores: entre os RBs do time (ou seja, desconsiderando as corridas de Darius Heyward-Bey, Reggie Wayne e Luck), três jogadores possuem médias acima de 4.5 jardas por corrida - Bradshaw tinha 4.5 quando se machucou, Ballard terminou o seu ano com 4.8, e Donald Browl (RB #2 da equipe atualmente) tem 5.9 por corrida. Considerando as 6.5 de Luck, esse é um número incrivelmente bom, certo? E isso praticamente com os mesmos jogadores do ano passado, mais algumas partidas de Bradshaw, que foi mandado embora do Giants por estar velho e ineficiente. 

O segredo está na forma como a linha ofensiva vem jogado. A chegada de Gosder Cherilus não teve um grande impacto na proteção (ainda sofrível) a Luck, mas a sua chegada e a evolução dos jogadores que já lá estavam fez o jogo terrestre melhorar exponencialmente: antes a sétima pior OL em jogadas de corrida, em 2013 esse grupo pulou para o sétimo melhor, se aproveitando do maior respeito ao braço de Luck para abrir avenidas e manter defensores longe dos RBs. Talvez esse seja o efeito de um ano a mais (e muito menos conturbado) sob o comando de Chuck Pagano, mas fato é que a linha ofensiva (correndo com a bola, pelo menos) mudou da água para o vinho e os running backs estão tendo um espaço muito maior para correr, o que se reflete nos bons números da equipe, 7th na NFL em jardas por corrida.

O lado ruim é que o Colts está se criando dois problemas com isso. Ter um bom jogo terrestre nunca é uma coisa ruim, é uma forma de manter a defesa honesta, abrir linhas de passe, e controlar o relógio especialmente no final das partidas. E em vários jogos (e especialmente contra o 49ers), foi esse jogo terrestre que reverteu a partida em favor da equipe, e é uma arma poderosa para um time com um QB como Luck. Ainda assim, dois problemas persistem. O primeiro, é que o Colts fez uma troca de alto risco e de alto valor (uma escolha de primeira rodada) para trazer Richardson, e parece ter uma necessidade de colocar o jogador o máximo possível até ele render e vindicar a troca feita da equipe, desperdiçando jogadas demais com um jogador que até agora não produziu absolutamente nada ao invés de colocar a bola nas mãos do mais produtivo Brown (ou mesmo, sabe, do QB que foi a 1st pick do draft de 2012). Você sabia que o Colts, que tem uma boa média de 4.5 jardas por corrida, tem média de 5.46 jardas por corridas que não são de Trent Richardson? 5.46!!! Eu entendo que o Colts tenha muito interesse em que Richardson vire seu Franchise RB, e entendo eu queiram mostrar que a troca foi boa, mas em algum momento eles vão ter que aceitar sua falta de produção e parar de sacrificar jogadas infrutíferas com ele.

O segundo é mais complicado. Em geral, você quer ter um bom balanço entre jogo terrestre e aéreo. A força das suas corridas força a defesa a se aproximar, encurta as defesas e abre linhas de passe, e normalmente é uma boa forma de abrir o mais explosivo jogo aéreo. Mas em geral, times não tem um jogador como Andrew Luck recebendo os snaps. Até aqui o Colts tem tentado dividir bem as jogadas, mas acho que isso acaba subaproveitando o braço do seu melhor jogador. Se o QB fosse Matt Schaub (nos bons tempos) ou mesmo Matthew Stafford, eu até entenderia, mas considerando o estrago que Luck tem feito esse ano, acho que é hora de colocar o passe como a opção inicial e a corrida como um complemento. Contra o Broncos (falaremos mais disso daqui a pouco) o time, na metade do jogo, abandonou a postura de correr com a bola antes e começou a colocar mais ênfase nos passes cedo nas descidas, e teve muito sucesso. No final do jogo, o time voltou a correr mais do que passar, e quase tomou a virada. Algo me diz que não é uma coincidência, e é algo que o time vai precisar ajustar indo para frente.

A melhora da defesa


Em qualquer esporte, eu sempre fui um grande crente na famosa máxima de que do fundo do poço, só se pode ir para cima. Essa era a máxima do Colts em 2013: depois de ter a segunda pior defesa da NFL (em DVOA) em 2012, algumas pequenas adições (Jean-Ricky François, LaRon Landry, etc) e um pouco mais de saúde já ajudariam o time a ganhar algumas posições e sair desse fundo do poço que estava. Mas o que eu e nem ninguém esperava era ver o time em 11th em DVOA, e embora esse número provavelmente esteja inflável (saltou de 18th para 11th em uma semana). Ainda assim, o ponto permanece: o Colts saltou de um time horrível defensivamente para um time pelo menos decente, se não competente, um ano depois.

Olhando mais de perto, vemos que o Colts ainda é bem vulnerável contra corridas (7th pior, 4.5 YPC), mas deu um salto imenso contra o jogo aéreo. O que não quer dizer que o Colts seja uma fortaleza como Seattle ou Tampa Bay, mas a evolução é nítida: são 6.2 jardas ajustadas (ou seja, incluindo sacks)  por passe, bom para a 14th melhor marca da NFL (também é 14th em jardas por passe). E esse número provavelmente é viesado, considerando que o Colts enfrentou Seahawks, 49ers, Broncos e Chargers, o que faz desse número ainda mais impressionante. Essa secundária foi ajudada pela chegada de Landry (que perdeu vários jogos) e Vontae Davis voltando a sua forma como um sólido cornerback, mas ainda mais importante, está a capacidade do Colts de colocar pressão nos seus adversários. O time de Indianapolis soma 21 sacks na temporada, a sexta melhor marca da NFL, o que da uma marca de 8.2%. Em outras palavras, em 8.2% das jogadas de passe do adversário acabam em um sack. Isso é importante não só pelas jardas que tira do ataque com os sacks, mas também por apressar as jogadas, diminuir o tempo do QB de achar um recebedor livre e forçar arremessos piores. Por esse motivo, apesar de não ter uma grande secundária (12.3 jardas por passe completo, sexta pior marca da NFL), o Colts segura os QBs adversários ao oitavo pior aproveitamento da NFL, oitavo menor número de TDs aéreos e é o décimo que mais conseguiu interceptações, marcas ainda melhores considerando os adversários enfrentados.

O Colts ainda tem uma defesa vulnerável, mas está contando com um número de jogadores que estão fazendo a diferença e surgindo. Robert Matthis está tendo a melhor temporada da sua carreira, com 11.5 sacks em sete jogos e sendo uma das forças defensivas mais destrutivas da temporada, Davis voltou a ser um Pro Bowler-caliber CB, e Jerell Freeman acabou se mostrando um muito sólido LB tanto na cobertura como contra a corrida. Então mesmo que a defesa tenha suas fraquezas e não seja exatamente um grupo cheio de talentos e opções como Seahawks ou Chiefs, eles fazem algumas coisas muito bem feito e isso tem sido suficiente para colocar a defesa como sendo pelo menos acima da média. E considerando a enorme diferença entre "segunda pior da NFL" e "decente/acima da média", é uma evolução que definitivamente não estava nos planos de ninguém. Eu esperava a evolução do ataque, e em especial de Andrew Luck, e por isso disse que o time ainda tinha capacidade de chegar em algo como 8-8 ou até melhor, mas essa evolução da defesa foi uma surpresa bem vinda que teve um impacto importante na temporada.

O Colts tem explorado perfeitamente os seus adversários


E esse é o ponto que eu mais me interessei assistindo vídeos do Colts: Indianapolis tem feito um trabalho excelente se preparando para enfrentar seus adversários, tirando vantagens das suas fraquezas e explorando cada missmatch possível. É o tipo de coisa que não aparece em estatísticas, mas que é fácil de ver em vídeo: especialmente nos seus três jogos mais difíceis (49ers, Seahawks, Broncos), me impressionou como o Colts sabia exatamente como ele queria que o adversário jogasse e como se preparou para realizar seu plano de jogo. As vezes com ajuda da sorte, claro, mas funcionou muito bem.

Primeiro, contra o 49ers, o Colts entrou tendo um conhecimento que o Packers não tinha na abertura: o 49ers só tinha um WR capaz de criar separação consistentemente e ser uma alvo regular para Kaepernick, e este era Anquan Boldin. Os outros WRs da equipe poderiam eventualmente conseguir espaço para uma jogada ou duas, mas é o tipo de risco que você aceitaria tomar tranquilamente. Então aproveitando também que o melhor recebedor do 49ers - o TE Vernon Davis, irmão de Vontae Davis - estava fora da partida, o plano de jogo da equipe foi bastante simples: colocar uma marcação dupla ou até mesmo tripla em cima de Boldin para tirá-lo do jogo, e pressionar bastante os demais recebedores do time na linha de scrimage. O 49ers não possui jogadores com a agilidade ou a força física para furar facilmente essa pressão logo na linha, eles acabam optando por se movimentarem lateralmente ao invés de em direção ao campo aberto, e o Colts inteligentemente colocou sua defesa mais perto da linha para evitar os passes curtos. Isso significava que, sem Vernon Davis para as rotas longas (isso foi sorte do Colts, btw, não seria possível executar esse plano com o TE saudável e jogando), o 49ers precisava que  um WR quebrasse essa pressão e corresse em direção ao espaço deixado atrás pela defesa (nenhum conseguiu), que a linha ofensiva segurasse a boa pressão do Colts por tempo suficiente para que os recebedores conseguissem voltar a suas rotas (não aconteceu), ou então viver com passes super curtos em uma parte congestionada do campo. Isso tirou o 49ers do seu plano de jogo, forçando-os a correr (com algum sucesso) mais do que queriam, mas foi suficiente para evitar que o time da casa controlasse o jogo.

Contra o Seahawks, o Colts teve algum sucesso e alguns fracassos no jogo como um todo defensivamente (time colocou um spy no Russell Wilson ainda no primeiro tempo e teve sucesso contendo o QB nas corridas, depois tirou para reforçar a secundária e Russell correu a vontade), mas montou um excelente plano de jogo para atacar Richard Sherman. Sherman é considerado um dos melhores CBs da Liga, mas um dos motivos dele ser tão dominante é que o Seahawks usa um esquema que maximiza suas qualidades e esconde suas fraquezas: o camisa 25 é extremamente dominante perto da linha de scrimage, onde usa seu tamanho e sua força física para conter o movimento dos adversários, e ainda possui um jogo de pernas extremamente ágil que lhe permite acompanhar rotas próximas da linha. Mas ele não tem velocidade (o que lhe fez cair até a sexta rodada, btw) para acompanhar jogadores velozes, e por isso o time gosta de mantê-lo em uma defesa por zona na parte lateral do campo próximo a linha, com o safety cobrindo sua retaguarda já que se Sherman for forçado a sair em perseguição profunda em um mano-a-mano ele vai ficar para trás (foi assim que o Falcons venceu o Seattle nos playoffs, inclusive). O que o Colts fez então foi tirar o CB da sua zona de conforto, colocando o extremamente veloz TY Hilton naquela parte do campo e o fez correr rotas de velocidade pelas costas de Sherman, forçando o lento defensor a acompanhá-lo (o que tira sua principal característica) ou então deixá-lo passar para o safety acompanhar, o que gerou algumas falhas de comunicação (como na bomba de Luck para Hilton no primeiro TD do time) e as vezes forçou o safety a se deslocar demais e abriu o meio do campo para os passes precisos do QB. O Seahawks não estava acostumado a ver um time atacar Sherman dessa maneira nem a direcionar tanta ajuda aquele local, o que causou um colapso ocasional na defesa aérea que Luck conseguiu explorar com sua genialidade por 60 minutos.

Por fim, contra o Broncos, o time fez duas coisas diferentes e que funcionaram muito bem. A primeira foi, como eu já disse, confiar mais em Luck para lançar cedo na contagem: o Broncos tem uma defesa terrestre boa e uma secundária horrível, então é muito mais vantajoso que seu All-World QB passe a bola o máximo possível. Depois de manter sua abordagem tradicional no começo do jogo, o time entregou a bola nas mãos de Luck com maior frequência quando o Broncos abriu o placar, o que resultou em uma dominação ofensiva do Colts e a virada. No final da partida, o Colts decidiu voltar a ser conservador e voltou a dar a bola nas mãos de Trent Richardson, que não só falhou ao controlar o jogo e manter o ataque de Denver no banco como ainda sofreu um fumble que quase custou o jogo ao time. 

Mas foi defensivamente que a equipe ganhou a partida, aproveitando a única coisa que Manning não tem nesse momento: força no braço. Desde que voltou de cirurgia, Manning não tem a mesma competência e precisão nos lançamentos mais fortes, algo que inclusive o incomodou bastante no começo da temporada passada. Depois, o camisa 18 se acostumou e modificou seu jogo para se adaptar melhor a essa falta de força e aproveitar ao máximo sua inigualável precisão e toque na bola, e não precisou mais tanto disso. Mas o Colts, com seu pass rush levando a melhor sobre a linha ofensiva de Denver (esse matchup foi crucial na partida, btw: Manning foi sackado quatro vezes - seu maior número desde 2009 - e conseguiu derrubar o QB 7 vezes, também um recorde desde que chegou a Denver), decidiu explorar essa característica: novamente eles congestionaram o meio do campo e pressionaram os adversários na linha de scrimmage, obrigando os recebedores a criarem separações em rotas verticais e obrigando Peyton a acertar esses jogadores em profundidade. As vezes ele acertou, porque ele é Peyton freaking Manning e é isso que ele faz, mas foi o risco que o Colts aceitou para tirar o ataque veloz e de passes curtos do Broncos de sintonia com seus defensores fisicamente agressivos. A estratégia funcionou muito bem, em parte porque Manning não foi tão preciso nas bolas longas e deixou várias oportunidades na mesa, e em outra parte porque tirando os passes curtos e com a linha ofensiva fraca de Denver sucumbindo, muitas vezes Manning não teve o tempo para seus WRs atingirem o local ideal ou mesmo para que ele conseguisse fazer a leitura adequada da jogada. Foi uma aposta, mas que pagou dividendos.

Os três jogos mais difíceis do Colts na temporada, e três estratégias arriscadas mas que funcionaram a perfeição e levou o time a três vitórias cruciais. Não se pode pedir mais que isso de uma comissão técnica.

Para onde o Colts vai daqui para frente?


Antes da temporada, eu achei que com a evolução esperada de Luck, a chegada de Bradshaw e alguma evolução normal da defesa, o Colts ia ser um time melhor, mas regredindo em relação a Pythagorean Wins, jogos decididos por uma posse de bola e sorte nos fumbles (o Colts realmente voltou a normalidade nos três, btw), achei que o time ia no máximo ficar 9-7 e chegar em um Wild Card sem uma chance real de título. Esse eu admito que errei feio: o Colts era um time de verdade que tinha tudo para sonhar com um eventual Super Bowl, com um sólido ataque, um dos melhores QBs da NFL, e uma defesa que conseguia pressionar o QB...

... até que Reggie Wayne rompeu o ligamento, tirando o segundo melhor jogador desse ataque da temporada. Quão grande é essa perda para o Colts? Bom, Wayne liderava o time com 503 jardas e 38 recepções, o que é um fator importante. Wayne também era o alvo favorito e mais confiável de Luck: dos 227 passes do segundo-anista, 26% foram para Reggie Wayne, sem descontar os passes desses que foram ele se livrando da bola (o que deve colocar esse número em quase 30% dos alvos). Wayne também consegue recepções em 66% das vezes que é o alvo do passe, muito superior a Hilton e Bey (51% cada) - Luck completa 66% de seus passes para Wayne para 8.6 jardas por passe, enquanto completa 59% com 6.5 jardas por passe para todos os outros jogadores. O camisa 87 é o único jogador do time que consegue também ocupar aquela posição de possession WR pelo meio, fazendo as rotas mais seguras pelo meio e sendo uma garantia nas conversões: Hilton e Bey são jogadores de velocidade, que estão sendo mais úteis fazendo rotas longas e não tem as mãos firmes e a precisão nas rotas intermediárias (nem o físico para jogar em tal área), e Coby Fleener não está pronto para executar esse papel de forma mais regular e contra defesas mais preparadas. É realmente um golpe extremamente duro para esse ataque, e ninguém lá pode tentar substituir Wayne.

Isso abre três possibilidades para o Colts indo para frente. A primeira é tentar substituir o papel de Wayne com os jogadores do elenco e seguir em frente, mas pelos motivos que já expliquei, não acredito nisso funcionando. A segunda seria mudar o funcionamento ofensivo do time para envolver menos passes e se basear ainda mais no jogo terrestre, mas também não me agrada, pois você sub-aproveita o melhor jogador do seu time e entrega a bola para um jogador ruim como Richardson. E a terceira, que também é a mais interessante: entrar no mercado de trocas em busca de um novo WR para substituir Wayne essa temporada e eventualmente formar uma dupla para o futuro. O Colts já mostrou que não tem nenhum problema em gastar escolhas de draft e ativos futuros para reforçar seu time e aumentar as chances de título agora, então eles são um candidato muito interessante a arrumar uma troca por um jovem WR que possa continuar no time no futuro. Os três candidatos mais fortes seriam Hakeem Nicks (por todos esses motivos), Josh Gordon (o Browns não quer trocar o jogador mas vai escutar ofertas, e o Colts me parece o tipo de time que trocaria uma 2nd round pick por um jogador que complementaria muito bem Wayne no futuro) ou talvez Justin Blackmon, que está apenas no segundo ano de seu contrato mas que o Jaguars poderia se aventurar a trocar por uma boa proposta. Opções não faltam no mercado de troca, e se o Colts estava sério quanto a trocar escolhas por ativos imediatos e brigar pelo título, esse é o caminho de maior recompensa possível e pode manter o time no caminho dos playoffs - e até do Super Bowl - esse ano. Uma pena, porque o Colts tinha tudo para ir longe com essa nova formação e um técnico inteligente e o melhor jovem QB da NFL.


Palpite para o jogo de quinta feira

Panthers over BUCS
Contra o spread: Panthers (-4) over BUCS
De repente o Panthers parece mais e mais com o time que eu esperava antes da temporada, com Cam Newton em evolução e uma forte linha de frente. E o Bucs parece cada menos com o time que eu disse que iria levar a última vaga no wild card.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

World Series Breakdown: Cardinals vs Red Sox


Jonny Gomes treinando a largada nos 100m borboleta


Ainda não participou da nossa ultra nerd e ultra divertida promoção de NBA? Não sabe o que está perdendo! Clique aqui e tenha a chance de ganhar um livro massa de basquete - ou pelo menos ter o que fazer nessa offseason!!

Para ler a coluna com os pontos importantes da semana, e ainda melhor, PARA PARTICIPAR DO NOSSO MAILBAG, clique aqui 

---------------------------------------------------------------------------------

Finalmente, depois de uma longa espera e de uma temporada mais longa ainda, chegou a hora que todos aguardávamos. A World Series chegou, e agora são só mais uns seis ou sete jogos (esperamos!) até sabermos quem vai ser o campeão da temporada 2013 da MLB e vai ter o direito de contar vantagem até o ano que vem. Red Sox e Cardinals, dois dos times mais interessantes da MLB, vão se enfrentar nesse Fall Classic, e quem ganhar vai assumir a pole position em "melhor time do século 21" conquistando sua terceira World Series nesse período (o Giants também tem dois títulos nesse século).

Em meio a isso, porque não fazer um Dr. Jack Breakdown sobre esses dois times? Dr. Jack Breakdown foi um formato de coluna popularizado uns anos atrás pelo meu escritor favorito, Bill Simmons, onde ele criava uma série de categorias (algumas sérias e algumas mais aleatória e descontraídas) e via quando dos dois (podiam ser times, pessoas, filmes, whatever) tinha a vantagem naquele quesito. Achei um formato interessante para testar, e esse parecia ser o cenário ideal. Então vamos dar uma olhada no que Boston Red Sox e Saint Louis Cardinals tem a oferecer!

(Um lembrete: obviamente nem todas essas categorias tem alguma importância na hora de fazer algum tipo de preview da World Series - o Cardinals ganha vantagem no quesito "Sucesso recente", mas isso quer dizer absolutamente zero sobre suas chances nessa WS. Então não levem tudo ao pé da letra e tenham senso crítico na hora de olhar para as categorias que realmente indicam vantagens dentro desses sete jogos)


Temporada regular

Uma categoria extremamente equilibrada, principalmente porque Red Sox e Cardinals foram os melhores times de suas respectivas conferências e os melhores times da temporada regular. Cada time venceu 97 partidas, garantiu a 1st seed na liga, e fizeram isso jogando nas duas divisões mais fortes da MLB: a AL East teve QUATRO times acima de 50% - única divisão em 2013 a conseguir tal feito - e a NL Central teve três times que foram aos playoffs vencendo pelo menos 90 jogos. O Cardinals liderou a MLB em Pythagorean Wins com 101 e o Red Sox foi segundo com 100, também. Essa vai ser a primeira vez desde 1999 que os dois times com melhor record de cada conferência se enfrentam na World Series.
Vantagem: Empate


Sucesso recente

O Cardinals é possivelmente a franquia que mais teve sucesso nos últimos anos, chegando aos playoffs múltiplas vezes nos últimos anos, vencendo a World Series de forma milagrosa em 2011 com um dos jogos mais famosos da história da World Series (David Freese incorporando Ted Williams no G6 da WS) e um dos jogos mais underrateds dos últimos anos (G5 da ALDS, quando venceram os invencíveis 102-60 Phillies por 1-0, com Roy Halladay arremessando 8 entradas e cedendo apenas uma corrida e Chris Carpenter conseguindo um shutout para avançar o time). Um ano depois, o Cardinals chegou muito perto de voltar as Finais mas se tornou mais uma vítima em uma das pós temporadas mais milagrosas que eu já vi depois de 2004 (e que rendeu um dos meus melhores textos, só clicar no link). Enquanto isso, o Red Sox sofreu um dos maiores e mais vergonhosos colapsos da história da MLB em 2011 e teve uma das suas piores temporadas em 50 anos em 2012, então... yeah.
Grande vantagem: Cardinals


Capacidade no bastão

Apenas dois times anotaram mais corridas que o Cardinals na temporada regular. Um deles foi o Red Sox, que anotou logo 70 a mais mesmo com o Cardinals tendo jogado mais entradas na temporada. Mas olhar corridas anotadas é uma forma muito primitiva de olhar para ataques, pois ela está sujeita a todo tipo de fatores além do controle da equipe: clusterluck, aproveitamento com RISP (o segredo do Cardinals na temporada regular e que caiu quase 60 pontos nos playoffs, btw), sorte, estádios favoráveis, uma liga tem DH e a outra não, etc. Então é melhor olhar estatísticas que ajustam por fatores externos e que usam apenas aquilo que está sob o controle de um time quando ele sobe ao bastão, minha favorita sendo wRC+. Por wRC+, o Red Sox continua com o melhor ataque da MLB com 115 (ou seja, ajustando para sorte e estádios, ele gera 15% a mais de corridas que a média da liga), enquanto o Cardinals continua com um bom-mas-não-tanto 106, bom para sétimo lugar. Boston também lidera a MLB nas duas categorias mais importantes que envolvem passagens no bastão- OBP e SLG - mesmo ajustando para a presença do DH. Então a não ser que o Cardinals tenha descoberto um segredo milenar chinês para rebater com RISP - e talvez mesmo se tiver - o Red Sox tem o melhor ataque.
Vantagem: Red Sox


Baserunning

A outra parte de qualquer ataque, além do que os times fazem com o bastão, envolve correr as bases. Por correr as bases você deve entender tanto a capacidade de um time de roubar bases (e não ser pego roubando, claro) como de avançar bases extras nas rebatidas dos seus companheiros quando alguém está em base. O Red Sox terminou a temporada regular em quinto nesse quesito, gerando 11.3 corridas a mais com as pernas, e teve também o mais valioso corredor da MLB em Jacoby Ellsbury. O Cardinals foi um time basicamente medíocre nesse quesito: 17th, perdendo 0.9 corridas em 162 jogos por causa de baserunning. Então o Red Sox foi melhor, mas não é como se o Cardinals fosse uma atrocidade como o Detroit Tigers (que aliás se complicou muitas vezes na ALCS por conta disso): O Tigers terminou a temporada com -19.4 BsR (estatística que mede quantas corridas um time gerou correndo as bases), não só a pior marca da MLB em 2013 como a quarta pior marca dos últimos 70 anos. (O pior time desses 70 anos? 2004 Red Sox, é claro, um time cuja jogada mais famosa e mais emblemática foi... wait for it... exatamente um roubo de base, a famosa roubada de Dave Roberts contra Mariano Rivera no G4 que mudou os rumos da série! Ah, a ironia...)
Vantagem: Red Sox


Melhor jogador

Para o Cardinals, é ou Matt Carpenter (.318/.392/.481, 147 wRC+, 7.0 WAR) ou Yadier Molina (.319/.359/.477, 134 wRC+, 5.6 WAR), dependendo do quanto você gosta de creditar o sucesso dos arremessadores do Cardinals a capacidade de Molina chamando o jogo atrás do home plate. Nenhum dos dois tem jogado muito bem nos playoffs, mas essa é uma amostra pequena para tirar qualquer tipo de conclusão, e Carpenter possivelmente seria o MVP da NL se não fosse Andrew McCutchen. Para o Red Sox, você tem uma boa variedade para escolher, entre Jacoby Ellsbury (.298/.355/.426, 113 wRC+, lider em BsR, 5.8 WAR), Dustin Pedroia (.301/.372/.415, 115 wRC+, 5.4 WAR) ou até mesmo David Ortiz (.309/.395/.564, 153 wRC+, 3.8 WAR) pelo bastão. Red Sox tem mais profundidade (poderia ter incluído ai Shane Victorino e seu 5.6 WAR ainda), mas Carpenter teve o melhor 2013 entre todos os rebatedores dessa série.
Vantagem: Cardinals


Defesa

Aqui depende um pouco de que estatística você quer usar (se você quer usar "erros", eu sugiro que você vá ler um pouco mais sobre UzR antes de continuar, porque erros é uma estatística estúpida). Tradicionalmente eu gosto de usar UzR - ele mede quantas corridas um jogador de uma certa posição evitou (ou cedeu a mais) em relação a um jogador mediano da sua própria posição - porque é simples e eficiente. Mas ultimamente o fangraphs criou uma estatística que seria basicamente um UzR ajustado: ele considera que um SS que tem UzR de -1 é um defensor muito melhor que um 1B que tem o mesmo UzR, já que jogar de SS é muito mais difícil, então ele ajusta isso de acordo. É interessante na teoria, mas pensando em uma série curta, o que importa são as corridas a mais ou a menos que o time cede em um vácuo, independente de onde essa corrida veio. Então deixo a seu critério saber qual delas usar: em UzR, o Red Sox é 10th com 21.6 e o Cardinals é o quarto pior com -49.4; e em UzR ajustado, o Red Sox é 17th (6.5) e o Cardinals 20th (-8.3). Dividindo a diferença, e lembrando que o Red Sox pode usar o Papi de 1B nos jogos em Saint Louis, vantagem Red Sox mas não tão grande.
Vantegem: Red Sox


Mando de campo

A AL ganhou o All-Star Game, ironicamente com Mariano Rivera de MVP, o que significa que o Red Sox tem o mando de campo nessa World Series. Então o Red Sox tem a vantagem de jogar quatro jogos em casa - com as regras da AL - e jogar um eventual jogo 7 decisivo em seus domínios.
Vantagem: Red Sox


Adaptabilidade as regras

No baseball, a AL e a NL tem algumas regras diferentes, principalmente a do Designated Hitter. Então essa bagunça, na World Series, significa que nos jogos com mando do time da AL ambos os times jogam com DH, e nos jogos com mando da NL nenhum usa. Isso obviamente gera uma distorção - o time da AL perde um bom rebatedor e o da NL ganha um, quando jogam fora de casa - mas depende também de qual time está mais pronto para fazer essa adaptação.

No caso do Red Sox, o time vai ter que sacrificar Ortiz ou Mike Napoli nos jogos na NL. Considerando que a rotação inteira do Cardinals é de destros, provavelmente Papi que vai jogar esses jogos (embora talvez não todos - meu palpite é que ele joga dois e Napoli um), o que enfraquece o time na defesa e fortalece o ataque. Mas o Red Sox de modo geral tem uma vantagem interessante jogando na NL: uma legião de pinch hitters, perfeito para explorar matchups nos finais das partidas. O time também tem jogadores velozes (Victorino, Ellsbury, Quentin Berry) que são excelentes "manufaturando" corridas, e embora alguém possa dizer que o Sox não é um time bom fazendo bunt, isso é uma coisa boa porque (tirando algumas situações específicas) o bunt é uma jogada que diminui sua chance de anotar corridas em uma dada entrada ao invés de aumentar (de novo, depende do contexto, mas no geral funciona assim). Não me parece o ideal para o Red Sox, mas pelo menos seu banco profundo vai ser uma vantagem. Para o Cardinals, eles ativaram o único rebatedor que poderiam para o DH, Allen Craig, que não joga faz mais de um mês... mas isso me parece um pouco uma medida de último recurso. Craig não joga faz muito tempo, e provavelmente só foi ativado para a WS porque não tinha mais ninguém para fazer a função. Não confio que Craig esteja 100%, mas se estiver perto disso, é uma boa vantagem especialmente contra o canhoto Jon Lester no G1.
Pequena vantagem: Red Sox


Rotação titular

O Cardinals tem os dois melhores arremessadores titulares da série, Adam Wainwright e Michael Wacha (NLCS MVP), então isso sozinho já faz o time ter uma vantagem nessa categoria. Embora seja interessante mencionar que Wacha, escalado para começar os jogos 2 e 6 (ambos no Fenway Park), tem uma brutal diferença jogando dentro e fora de casa (2.4 FIP em casa e 4.06 fora), enquanto Jon Lester foi um dos melhores arremessadores da MLB em Setembro (2.28 de FIP - melhor que Wainwright no mesmo período). E apesar de Wacha/Wainwright serem a melhor dupla da série, o Red Sox tem vantagem no duelo Joe Kelly/John Lackey ou Clay Buchholz (inclusive um eventual G7). O Cardinals ainda tem a vantagem porque tem mais talento no topo da rotação, mas Wacha jogando apenas fora de casa e a emergência de Lester em Setembro (especialmente considerando a dificuldade do Cardinals contra LHP), a diferença é menor do que parece a primeira vista.
Vantagem: Cardinals


Bullpen

O Cardinals teve um sólido Bullpen em 2013, terminando com o terceiro melhor FIP da MLB, enquanto o do Red Sox caiu no meio da tabela. Mas nos playoffs, você não precisa de todos seu bullpen, precisa de apenas uns poucos escolhidos. O Cardinals tem alguns jogadores interessantes, entre eles o especialista em groundballs Seth Maness e o 0.45 de ERA do Kevin Siegrist, e o canhoto Randy Choate vai cair bem para enfrentar os canhotos do Red Sox. Enquanto isso, Boston tem apenas dois relievers confiáveis: o canhoto Craig Breslow e o destro Junichi Tazawa, ambos tem jogado muito bem nos playoffs, mas fora os dois ninguém inspira confiança, e isso pode custar o Red Sox nos jogos mais táticos da NL que envolvem muitas mudanças de arremessador, ou mesmo nos jogos de Buchholz, que está sem a mesma energia desde que se machucou. O Cardinals tem mais depth, e por isso leva a categoria.
Vantagem: Cardinals

Closer

O closer calouro do Cardinals, Trevor Rosenthal, teve uma temporada muito boa, sétimo na MLB entre RPs com 2.2 de WAR, um FIP de 1.96, e tem sido ainda melhor nesses playoffs com sua bola rápida dançando em torno de 98 MPH. Um top prospect da organização, Rosenthal me lembra outro closer calouro da organização, que conseguiu o save final na World Series de 2006 e eventualmente virou titular um ano depois. Esse closer, Adam Wainwright, hoje é um dos melhores pitchers da MLB, e me pergunto se o mesmo pode acontecer com Rosenthal em breve: embora seja principalmente um pitcher de fastballs, ele tem uma curveball e um changeup em desenvolvimento e algo que lembra um slider ou cutter, então ele parece estar caminhando na direção da titularidade mesmo. Mas por melhor que Rosenthal tenha sido, o Red Sox tem um jogador que terminou uma das melhores temporadas por um relief pitcher na história da MLB e que teve a sequência mais dominante por um closer na história do jogo. Então tem isso. 
Vantagem: Red Sox


Carisma e estilo

O Red Sox vence sobre o Cardinals e qualquer time da MLB. Quer dizer, olha essas barbas!! Como não gostar desse time?! Eu não gosto muito desses times "Somos guardiões da honra do jogo e ninguém pode demonstrar emoção" que nem o Cardinals, e agora eles encontraram um prato cheio em Boston. 
Grande vantagem: Red Sox


Manager

Avaliar um manager é difícil demais, porque nós só temos acesso a uma parte de ser um manager: suas decisões e estratégias dentro de campo. A parte contínua - cuidar do vestiário, conduzir a carreira e o ego dos seus jogadores, promover mudanças na sua equipe para tirar o máximo dos jogadores, etc - é algo que não temos como medir, estão incorporadas em todos os números que já falamos. Então quando pensamos no impacto que um manager pode ter em uma série de 7 jogos, estamos pensando principalmente nas decisões dentro de campo.

Eu vejo muitos torcedores do Cardinals criticando muito o Mike Matheny, mas não acho ele tão ruim - ou pelo menos não é pior do que o grande número de managers tradicionais que pensam demais em seguir as "diretrizes corretas" do baseball ao invés de tomar as decisões que maximizam suas chances de vencer. Mas ele não tem medo de confiar nos seus jogadores calouros como Rosenthal, e em geral sabe conduzir bem sua equipe com um lineup um pouco limitado (mais sobre isso daqui a pouco). Do outro lado, Farrell absolutamente se recusa a seguir lógicas simples, como por exemplo o que fez no G6 e quase custou ao time a vitória (trazendo seu pior reliever, famoso pelos walks, para enfrentar o meio da ordem do Tigers com 2 em base e nenhum eliminado quando tinha Breslow, Tazawa ou Koji Uehara ainda no bullpen. Franklin Morales cedeu um walk e uma deveria-ter-sido-double que só não teve mais estragos porque o Prince Fielder é um dos piores baserunners da história do mundo) ou mesmo não usar o canhoto Daniel Nava (146 wRC+) contra RHP para usar o destro Jonny Gomes (103 wRC+ contra RHP). Eu prefiro o cara convencional do que o cara que não faz sentido.
Vantagem: Cardinals



Vantagem em caso de briga

O Cardinals é um time que gosta de manter suas emoções sob controle, e em uma briga, é sempre importante ter os jogadores mais ensandecidos. O Red Sox tem Victorino, Napoli, Jonny Gomes, Dustin Pedroia e mais uma meia dúzia de malucos que eu odiaria ver pela frente em um dia de fúria. E btw, eu não sei se o Cardinals tem uma resposta a altura do David Ortiz.
Vantagem: Red Sox


Banco de reservas

Uma das maiores fraquezas do Cardinals nesses playoffs. Com Craig fora, seus melhores pinch hitters eram Shane Robinson, Daniel Descanso ou o calouro Kolten Wong, horríveis opções para enfrentar jogadores como Kelly Jansen, Craig Kimbrel ou Uehara. Com Craig isso melhora um pouco, mas se ele jogar de DH o time fica absolutamente sem ninguém competente para trazer do banco nos jogos em Boston, e mesmo com ele (a menos de 100%) faltam opções para o time em St Louis. Enquanto isso, o Red Sox pode ter o melhor banco da NFL: se Gomes continuar jogando de titular, o time tem dois excelentes canhotos (Mike Carp e Nava) e mais Will Middlebrooks de destro, um dos melhores corredores da MLB em Quentin Berry, e talvez até Jarrod Saltalamacchia se David Ross começar de titular alguns jogos. O que não falta são opções.
Grande vantagem: Red Sox


Organização como um todo

O Cardinals vence qualquer time dos últimos 15 anos na MLB nesse critério. O trabalho que o Cardinals - 15th maior folha de pagamento da MLB apenas - tem feito com seu time é espetacular: suas ligas menores são uma fábrica de grandes jogadores (sai Albert Pujols, entra Matt Carpenter, Allen Craig, Matt Adams; machuca Chris Carpenter, sobem Wacha e Shelby Miller), o time sabe muito bem como evitar contratos imensos que entopem a folha salarial do time (Pujols alert!) e maximizar cada um dos seus ativos, e eles tem feito isso por quase 10 anos agora. Não é uma coincidência que o time está tão consistentemente entre os melhores da MLB mesmo sem uma folha de gastos tão grande. Ano que vem, o Cardinals pode ter uma rotação titular com Wainwright, Lynn, Wacha, Miller E Rosenthal - todos produtos da casa - e ainda tem o melhor prospect das ligas menores (Oscar Taveras) esperando na AAA. Invejável o que essa organização faz, e merece o sucesso que tem.
Grande vantagem: Cardinals


Matchup direto

Em outras palavras, como as forças e fraquezas de cada time combinam entre si, e qual time tem vantagem nisso?

A maior força do Boston Red Sox é algo que é frequentemente negligenciado mas que foi um fator chave na sua vitória na ALCS: o lineup do Red Sox simplesmente pune o braço dos arremessadores. O time trabalha cada bola, cada at bat, cada arremesso em busca da bola ideal, forçam o adversário a arremessar muitas vezes por confronto, e no final da sexta ou sétima entrada mesmo o arremessador mais dominante tem que sair do jogo porque está fisicamente esgotado. Muita gente apontou para o bullpen do Tigers sendo ruim como o fator decisivo da série, mas eles tiveram que ser tão usados porque os arremessadores do Tigers não conseguiam terminar as partidas tendo lançado tantos arremessos, mesmo sendo o grupo mais durável da MLB. Então entrou o bullpen - sempre pior que a rotação titular - e o Red Sox cansou de castigar essas figuras. Considerando que entre todas as áreas do confronto a grande vantagem que o Cardinals vai precisar explorar para ganhar são seus arremessadores titulares, essa capacidade do Sox de eliminar cedo na partida os SPs é crucial para assegurar que Wacha e Wainwright joguem o mínimo possível. Se Boston tiver sucesso nisso, tem a série nas mãos.

Da mesma forma, a maior fraqueza do Cardinals é (além do banco horrível) sua dificuldade rebatendo contra canhotos. Por sorte, o Red Sox só tem um canhoto, Lester, na sua rotação, mas ele é o melhor pitcher do time e pode jogar até um terceiro jogo em caso de chuva. Craig é uma peça importante contra Lester, considerando que ele é muito melhor contra canhotos do que Matt Adams, mas ainda não é sua especialidade (ele é melhor contra destros) e Craig não deve estar 100%, então o matchup Lester-lineup do CArds é favorável a Boston.
Vantagem: Red Sox


X-Factor

A variável que determina de fato as chances do Cardinals é Allen Craig. Craig foi o terceiro melhor rebatedor do time em 2013, é um jogador muito eficiente no bastão e foi o melhor jogador do time rebatendo com jogadores em posição de anotar corrida, o único jogador ativo cuja diferença rebatendo com RISP é significativa (ao contrário do time do Cardinals em 2013 como um todo, btw, que não é). Craig foi ativado para servir como DH na AL e dar proteção ao banco do time, mas como eu disse, ele não joga faz um mês e meio e, se não foi ativado sequer para ficar no banco como jogador de emergência na NLCS, é porque deve estar longe de 100%. Sua lesão no pé também vai afetar consideravelmente sua já fraca defesa e baserunning, então ele deve ter um papel maior como DH e pinch hitter mesmo - talvez começando de titular um eventual G5 contra Lester em casa. Se Craig estiver 100% ou perto disso, ele pode mudar essa série pois "tapa" a grande fraqueza desse banco e é um excelente rebatedor de modo geral, oferece um DH para tirar vantegem da posição na AL (imagina se fosse Descalso ou Robinson? Yeekes!) e uma opção ao canhoto Adams. Mas novamente, vai depender do quanto ele estiver bem e produzindo, talvez não seja mais do que uma tentativa infrutífera.

Do lado do Red Sox, o X-Factor é o X-Man, Xander Bogaerts. Nas listas de "prospects" do baseball (como a que colocou Wil Myers #1 em 2013), o que eles consideram não é apenas o nível do prospect mas o quão perto de produzir nas ligas maiores ele está. Mas se considerarmos apenas o valor dos jogadores nas Minor Leagues (ou seja, qual deles teria mais valor caso o time decidisse trocar ou mesmo o valor esperado total que o jogador deve produzir), então Bogaerts e Byron Buxton seriam 1-2 em alguma ordem em qualquer lista do mundo. Apesar dos 21 anos, Bogaerts assumiu a titularidade na metade da ALCS e foi o jogador mais impressionante do time, conseguindo walks em 45.5% das suas passagens no bastão e rebatendo apenas doubles. Amostra pequena, obviamente, mas é só assistir o moleque para perceber que ele é especial: seu olho no bastão é uma coisa fora de série (trabalhou a contagem para 3-2 em todos seus ABs na ALCS contra Max Scherzer saindo de 0-2 e 1-2, terminando com dois walks e um double) e ele tem se destacado muito também na defesa. Considerando a falta de canhotos no lineup titular do Cardinals, ele provavelmente vai jogar na 3B no lugar de Middlebrooks e não na sua posição de origem de SS, mas ele rebateu muito bem quando teve a chance e deveria subir no lineup para essa série. Xander é o jogador que, se subir no bastão (talvez para 6th, um lugar onde o time sofre muitos Ks) e produzir, pode mudar essa série pro Sox.

Veredito final: Red Sox em 7.