Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Especial NFL - Os jogadores de ataque

Essa é a terceira parte do nosso Especial NFL. Eu já expliquei o que exatamente é esse especial, um especial que vai explicar um pouco mais da NFL e do futebol americano para quem não conhece ou conhece pouco. Já pedi também ajuda para divulgação, pedi a todos que soubessem de alguém interessado para que espalhassem sobre o Especial. Nós começamos o Especial falando sobre a história do futebol americano e depois comentamos mais sobre o esporte e a Liga nos dias de hoje, junto com a estrutura financeira e administrativa da NFL. Agora que explicamos um pouco o que está por trás desse jogo, chegou a hora de explicar o que acontece dentro de campo. Mas antes de passarmos para o jogo em si, uma coisa que eu queria deixar bem clara é a questão das posições. Entender o funcionamento das muitas posições é fundamental para entender o que acontece com a bola rolando, fundamental a ponto de separarmos essa explicação em duas partes, ataque e defesa.

Nos próximos dias vamos continuar desenvolvendo o Especial com explicando especialmente as posições de defesa, especialistas e por fim o jogo em si, mas estamos abertos a sugestões e palpites, que vocês podem enviar para nosso email tmwarning@hotmail.com ou no nosso twitter, www.twitter.com/tmwarning. A ideia aqui é justamente apresentar e ensinar um pouco do esporte a quem não conhece, então podem mandar emails para perguntar o que tiverem interesse em saber. Espero que depois do nosso Especial as pessoas que antes não tinham muito contato com esse esporte tenham maior interesse em ir atrás e acompanhar a temporada, e por isso peço novamente ajuda para divulgar nosso projeto para o maior número de pessoas possível. Muito obrigado e espero que gostem.



Antes de falar sobre as posições de ataque em si, cada uma com sua função, eu queria esclarecer uma coisa acerca das posições em geral. No futebol americano, cada time se reveza entre ataque e defesa, ou seja, os jogadores que jogam quando o time tem a posse de bola não são os mesmos que jogam quando o time está na defesa. É um jogo muito especializado, onde cada jogador entra para realizar apenas uma função, e a intenção desse post e do próximo é justamente explicar qual é a função de cada um, para ver se quando o leitor desse post for assistir a um jogo de futebol americano ele consiga entender o que está acontecendo no meio de toda aquela movimentação. Outra coisa interessante que vale a pena citar é que cada time usa 11 jogadores em quadra, mas tem liberdade para trocá-los o quanto quiser. Isso quer dizer que uma jogada pode ter 11 jogadores e a jogada seguinte 11 jogadores totalmente diferentes, sem nenhum tipo de restrição ao número de mudanças.
Também queria deixar claro outra coisa aqui antes de continuar, que é a questão das formações. Antes de cada jogada, o técnico ou coordenador ofensivo/defensivo da equipe escolhe que formação a equipe vai usar para aquela jogada. Existem muitos tipos de formações, mas o importante é constatar que cada formação pode usar uma combinação diferente de jogadores, e não necessariamente uma formação vai usar todos os jogadores disponíveis. Como estamos falando de ataque, a formação de uma jogada de ataque precisa obrigatoriamente desses seis jogadores: Cinco jogadores de linha ofensiva (calma, já vamos explicar) e um jogador que fica atrás dela para receber a bola (95% das vezes é o Quarterback, exceto em casos de Tricky Plays, mas não vamos nos deter muito nisso por enquanto). Os outro cinco jogadores do ataque variam de acordo com a formação chamada, então acontece de termos jogadas que não utilize todas as posições que poderia. Para melhor entender o que vamos explicar, sempre tenham em mente que cada jogada é uma jogada específica e desenhada antes de começar, e que cada jogador vai executar sua função de acordo com a jogada chamada.
Por enquanto, como nosso objetivo é explicar as funções de cada posição, vamos usar como exemplo a chamada I Formation, que é a formação mais básica do futebol americano, porque ela usa todas as posições disponíveis. Vale lembrar também que os jogadores vão começar da posição indicada independentemente da função que terão que desempenhar na jogada.
Diagrama 1: I Formation

Linha Ofensiva
A linha ofensiva - que é obrigatória em qualquer jogada de ataque - é composta de cinco jogadores: Um Center, dois Guards (Left e Right) e dois Tackles (Left e Right). A função da linha ofensiva é simples. Uma vez feito o Snap (Quando o Center joga a bola pra trás entre as pernas, que é quando cada jogada começa) a linha pode ter duas funções, dependendo da jogada que o time vai executar. Se a jogada é uma jogada de corrida (ver HB logo abaixo), ou seja, se alguém vai pegar a bola e correr, a linha ofensiva tem como função abrir caminho para ele. Os jogadores de defesa, ao reconhecer a jogada de corrida, vão partir pra cima do jogador com a bola para derrubá-lo (lembrando que quando alguém vai correr, a jogada acaba quando ele for derrubado) e portanto a linha ofensiva da equipe tem que bloquear quem vier na direção do carregador da bola, abrindo espaço entre os jogadores da defesa para que o corredor tenha espaço para acelerar sem ser tocado (Vejam nessa jogada como a linha ofensiva faz um ótimo trabalho abrindo espaço para a corrida).
Se a jogada for de passe, o Quarterback vai receber o Snap e procurar um bom alvo para o passe, mas enquanto ele estiver segurando a bola a defesa vai tentar chegar até ele para derrubá-lo ou impedir o passe. Nesse caso, a linha ofensiva tem como função evitar que a defesa chege no QB, protegendo-o enquanto ele procura uma opção de passe (Vejam nessa jogada como o QB tem muito tempo para fazer o passe graças ao bom trabalho de bloqueios da sua linha ofensiva, e faz um dos passes mais lindos que eu já vi na vida). Vale destacar que quando eu digo que os jogadores da linha "bloqueiam" ou "seguram" os outros, eles não podem realmente segurar o adversário. Eu vou explicar isso com mais calma quando for falar do jogo, mas dentro de campo nenhum jogador pode segurar outro, a não ser que este esteja com a bola. Os jogadores de linha tem que fazer tudo apenas empurrando, sem nunca fecharem as mãos, senão é falta.
Para falar um pouco das especificidades das posições:
Center (C): O Center - que fica na posição central da linha - é o jogador que inicia todas as jogadas. Quando o ataque se monta para começar a jogada, o Center que segura a bola e a jogada começa quando ele a joga para atrás, ou seja, faz o chamado Snap. Pode parecer fácil, mas um Snap não é nada fácil. Dependendo da formação, o Center pode ter que fazer o Snap diretamente nas mãos do Quarterback (Como vocês podem ver aqui) ou então para um QB que se posiciona a alguma distância (Esse outro), e ambas exigem muita sincronia entre QB e Center porque são executadas em velocidade para começar a jogada em vantagem sobre a defesa. O Center também, por ficar no meio, é o líder tático da defesa. Ele que é responsável por ler e transmitir informações sobre o que ele identificar sobre a formação defensiva para seus companheiros, qualquer movimentação diferente, bem como indicar aos seus companheiros de linha que posição eles devem cobrir.
Left Guard (LG), Right Guard (RG): Os Guards, por jogarem por dentro da linha ofensiva, geralmente são jogadores com mais força física, assim como o Center. Eles tem como função, em caso de passe, impedir que os jogadores infiltrem em direção ao QB pelo meio da linha ofensiva, mas a sua principal função é ajudar no jogo terrestre. Como a maior parte das jogadas de corrida acontecem pelo meio do campo, eles tem que usar sua força física e seu tamanho pra abrirem o espaço na linha defensiva do adversário para que o corredor tenha espaços por onde correr.
Left Tackle (LT), Right Tackle (RT): Assim como o resto da linha ofensiva, os Tackles tem a dupla função de proteger o QB e abrir espaço contra a corrida. No entanto, a principal função deles é a de proteção. Claro que eles tem que abrir espaço e manter a defesa longe do corredor nas jogadas de corrida, mas eles tem principalmente que proteger o QB dos jogadores que tentam alcançá-lo dando a volta pela lateral da linha, que é a forma que a grande maioria das defesas usa para chegar no QB adversário. Um bom Tackle na lateral da sua linha ofensiva impede que seu QB sofra ataques por onde ele menos consegue ver, ou seja, pelos lados (Um dos motivos para o LT ser tão importante, já que ele protege o chamado "Ponto Cego" de um QB que segura a bola, que é o seu lado esquerdo. O mesmo vale para RTs no caso de um Quarterback canhoto).
Quarterback (QB)
O Quarterback é simplesmente a posição mais importante de um time de futebol americano. É por onde começa qualquer ataque, já que 98% das jogadas de ataque de um time passam pelas suas mãos. Eu disse que todas as jogadas do futebol americano começam com um Snap e que por regra todas precisam ter um jogador colocado atrás da linha ofensiva para recebê-lo, e tirando Tricky Plays, esse jogador será o QB. Seja para fazer o passe, correr ou entregar para outro jogador correr, é o QB que estará com a bola nas mãos quando a jogada começar. Não é a toa, portanto, que ele tenha uma função de liderança tão grande dentro do elenco, já que ele controla o ataque a cada jogada. Entre o final de uma jogada e o começo de outra, o time que está no ataque tem apenas 40 segundos para recolocar a bola em jogo, e portanto não da tempo para o time todo ir até a lateral ouvir a instrução do técnico. O técnico vai passar a jogada diretamente pelo QB através de um ponto eletrônico no capacete e o Quarterback que fica responsável por passar essa jogada para os companheiros de ataque. Muitas vezes o próprio QB é encarregado de chamar as jogadas e organizar o ataque. Ou seja, o QB tem que conhecer muito bem todas as jogadas de ataque do time, é uma função que geralmente é ocupada por um jogador inteligente que conhece tudo que o time pode fazer. Ele também é o técnico dentro de campo, ele que orienta os companheiros e ele que vai modificar as jogadas chamadas pelo técnico caso seja capaz de identificar algo na formação defensiva do adversário que possa atrapalhar a jogada chamada anteriormente - ou então caso veja algo na formação do adversário que ele possa tirar vantagem Quem ocupa a posição realmente precisa ser muito inteligente e ter uma liderança grande dentro do elenco, precisa que todos o respeitem e confiem no seu julgamento.
Mas além disso tudo, o QB tem a importante função de realizar passes. No futebol americano você pode avançar de duas formas, correndo ou passando, mas é passando que geralmente você vai conseguir percorrer distâncias maiores. Nas jogadas de passe, o QB tem que saber onde estão seus alvos e que rota eles vão percorrer (veja abaixo em WR/TE), tem que reconhecer os defensores que estão vindo na sua direção, tem que ler a cobertura que a defesa está fazendo nos seus alvos e tem que efetuar um passe preciso para que a bola não caia nas mãos da defesa. Acreditem, fácil não é, mas quando você faz tudo certo, o resultado será algo como isso.
Wide Receiver (WR)
O Wide Receiver é um jogador que tem uma função simples em campo: Receber passes. Eles vão ser na maior parte do tempo os alvos que o QB vai estar visando. Em uma jogada de passe, quando a jogada é escolhida, cada Wide Receiver recebe uma 'rota' para correr, ou seja, cada jogador tem como função realizar um certo caminho dentro de campo. Na grande maior parte das vezes, essa rota é estabelecida antes da jogada começar e a obrigação do WR é percorrê-la fielmente para que o QB já saiba de antemão o que ele irá fazer na jogada e portanto saiba onde seus jogadores estarão para efetuar o passe. Essas rotas podem ser coisas simples como a "Streak" (Quando o jogador simplesmente sai correndo em linha reta) ou então podem ser rotas elaboradas como uma "Zig Out" (quando o jogador ameaça um corte para dentro e em seguida corta para fora), mas a função delas é fazer com que o WR se desmarque para receber o passe. Em alguns casos o WR terá algo chamado "Option Route", ou seja, ele não recebe uma rota só, recebe duas ou três e ai ele na hora ele faz a leitura da defesa e escolhe qual delas é a melhor para correr. Isso exige não só um WR inteligente com boa leitura de jogo mas também uma ótima sincronia com o QB que lançará o passe, já que o QB não sabe de antemão qual rota será corrida e portanto precisará ler a defesa da mesma forma que o WR para poder lançar a bola.
O Wide Receiver também tem como função bloquear no caso de uma corrida, ou até mesmo depois que o Receiver recebeu um passe os outros Receivers do time vão bloquear os defensores para que esse jogador possa avançar o máximo possível com a bola, mas a principal função do Wide Receiver é receber passes mesmo. Aqui está um exemplo de um WR fazendo um Zig Out para se livrar da marcação.

Tight End (TE)
Eu disse anteriormente que o futebol americano é um jogo extremamente especializado, onde cada jogador tem uma função específica. Dentro dessa realidade, talvez a posição de Tight End seja a que mais foge à regra. A função do Tight End é justamente não ter uma função específica. Como vocês podem ver pelo Diagrama I, o Tight End se posiciona para começar a jogada junto da linha ofensiva (ele não faz parte da linha, vale lembrar), mas sua função vai depender não só do tipo de jogada chamada, corrida ou passe. Claro que numa jogada de corrida, quando todos no time se tornam bloqueadores para abrir espaço para o corredor, o Tight End também tem como função agir como um jogador de linha ofensiva e sair bloqueando todo mundo pela frente para abrir espaço, mas ao contrário dos Wide Receivers, ele vai enfrentar jogadores de linha defensiva que são muito mais pesados, portanto é necessário que ele tenha força física suficiente para bloquear jogadores grandalhões (observem o jogador highlighted nesse vídeo, por exemplo).
No entanto, numa jogada de passe, o Tight End também pode ser encarregado do bloqueio - agindo nesse caso novamente como um Tackle - mas também pode ter como função sair e receber um passe, correndo uma rota como se fosse um Wide Receiver, e portanto ele também precisa ter velocidade e mobilidade suficiente para se desmarcar com uma boa rota e receber um passe. Portanto o Tight End realmente precisa ser capaz de fazer tudo, de bloquear jogadores grandes e também correr rotas e vencer seus marcadores no mano a mano antes de receber um passe, é uma posição de grande versatilidade que muitas vezes usa essa característica para confundir a defesa. Hoje em dia, o Tight End vem sendo cada vez mais utilizado no jogo aéreo, como alvo de passes. Vejam como nesse vídeo o TE número 80, Zach Miller, sai para receber o passe sem marcação.
Half Back (HB)
Trocentas vezes acima eu citei a existência de jogadas de corrida e me referi a 'um corredor'. Na prática o corredor pode ser qualquer jogador do time que não seja da linha ofensiva, mas existe um jogador que está no time apenas para fazer isso, e é o Half Back, também conhecido como Running Back (RB). O Half Back geralmente é o jogador rápido do ataque, que vai ser encarregado da bola nas jogadas de corrida. Nesses casos o QB que receber o Snap vai colocar a bola nas mãos dele (como vocês podem ver naquele vídeo lá em cima sobre o bloqueio dos linemans) e como vocês podem ver pelo Diagrama 1 o HB começa a jogada atrás do QB para já pegar a bola em velocidade. Ele simplesmente tem que correr, e para isso ele depende do caminho aberto pelos companheiros, não é incomum vermos bons HBs sendo derrubados cedo porque a linha ofensiva não conseguiu bloquear a defesa. Os HBs também não tem que ser apenas rápidos para se livrarem dos marcadores, eles também tem que ter uma certa dose de força física para escaparem dos tackles dos defensores. Naturalmente existem jogadores diferentes com características diferentes para a posição.
Nas jogadas de passe, o HB pode ter duas funções. Ele pode sair para correr alguma rota (geralmente curta para dar opção de um passe rápido) ou então pode ser encarregado de ficar perto do QB para bloquear algum defensor que eventualmente passe pela proteção da linha ofensiva.
Fullback (FB)
O Fullback é a posição ofensiva menos utilizada nas formações de ataques e que menos aparece nas estatísticas. Isso porque ele tem uma função apenas em campo 90% do tempo, que é bloquear. Os Fullbacks geralmente são jogadores mais fortes que saem correndo na frente do HB nas jogadas de corrida (Vejam no Diagrama 1) para bloquear quem estiver pela frente, abrindo assim o espaço na frente do corredor. Pela sua força física os Fullbacks as vezes são usados em corridas de distâncias curtas (Que usam mais força do que velocidade) ou até recebendo passes em algumas jogadas, mas em geral eles só entram em campo para bloquearem, seja correndo na frente do HB, seja ficando na frente do QB.
Vale destacar uma pequena ambiguidade nos dias de hoje. O nome Running Back, na verdade, se refere tanto ao HB como ao FB, ele engloba as duas posições, enquanto HB e FB são as designações específicas de cada uma. No entanto, se usa muito a denominação Running Back para se referir ao carregador da bola, geralmente o Half Back, de forma que é quase a mesma coisa. Mas oficialmente o nome da posição é Half Back.
Algumas variações ofensivas
Eu disse lá em cima que os jogadores que participam de uma jogada dependem da formação utilizada nessa jogada em particular, e usei a I Formation pra exemplificar a função de cada posição. Mas para ilustrar melhor o que eu quis dizer, vou mostrar mais algumas formações diferentes da I.
Formação Singleback

Essa é a formação Singleback, porque só tem um "Back" em campo, no caso o Half Back (Apesar do nome, o Quarterback não é um "Back"). Reparem que no Singleback você tirou o seu Fullback para colocar mais um alvo para o jogo aéreo, no caso um Wide Receiver. Também existem formações Singleback onde se troca o FB por outro Tight End, que fica do lado do Left Tackle, ao invés de se colocar um terceiro WR, que pode ter tanto a função de receber passes como de bloquear.
Formação Shotgun com 3 WRs

Essa é uma das formações mais conhecidas do futebol americano, a Shotgun. Essa formação tem esse nome porque é uma formação desenhada para o jogo aéreo, e a movimentação dos recebedores seguindo o Snap parecem as balas de uma shotgun. Apesar dessa formação Shotgun com 3 WRs mostrada no Diagrama (A Shotgun pode vir com quatro ou até cinco WRs) possuir o mesmo número de jogadores por posição que a Singleback, o QB está recebendo o passe alguns metros atrás da linha ofensiva, e não colado a era como era o caso na I e na Singleback. Isso acontece para o QB não precisar perder tempo recuando após receber a bola, ele já recebe a bola pronto para soltar um passe rápido, que geralmente é o que acontece nos casos de formação shotgun.
Goal Line Formation

A Goal Line Formation, como o nome indica, é uma situação extrema para quando você está em cima da linha para marcar o touchdown. Você simplesmente junta todo mundo no meio pra forçar a bola correndo pelo meio (Aquele FB que está junto da linha ofensiva pode ser também um TE). Você pode até enganar todo mundo, fingir a corrida e ir para o passe, mas geralmente essa formação quer dizer que você vai correr com a bola pelo meio sem a menor vergonha na cara para ganhar poucas jardas - que é tudo que você precisa.

Espero que esse post tenha esclarecido pra vocês um pouco melhor sobre as posições ofensivas da NFL e como elas podem ser utilizadas para tornar um ataque mais completo e imprevisível. Acho que ainda está um pouco confuso, porque isso tudo que eu disse está acontecendo ao mesmo tempo, mas isso talvez fique mais claro quando eu for explicar o jogo em si, e talvez só fique realmente visível quando forem assistir a um jogo, mas de toda forma espero que pelo menos agora vocês consigam ter uma visão melhor do que acontece por dentro de uma jogada. Caso algo não tenha ficado claro ou tenha ficado mal esclarecido, por favor deixem um aviso nos comentários que eu esclareço assim que der. Se ainda tiverem dúvidas podem deixar por aqui mesmo ou mandar por email pra gente. Também aproveito para pedir desculpas, mas o post sobre as posições de defesa infelizmente não vai sair até quinta feira, eu tenho duas provas quinta e preciso estudar para elas, só terei tempo para fazer com calma o post quinta feira depois da aula. Espero que compreendam, e continuem acompanhando o nosso Especial NFL! Grande abraço a todos!

sábado, 27 de agosto de 2011

Especial NFL - A NFL e o futebol americano nos dias de hoje

Meu estado de saúde não permitiu ontem, mas hoje continuanos com nosso Especial NFL. Eu já expliquei o que exatamente é esse especial, um especial que vai explicar um pouco mais da NFL e do futebol americano para quem não conhece ou conhece pouco. Já pedi também ajuda para divulgação, pedi a todos que soubessem de alguém interessado para que espalhassem sobre o Especial. E se ontem começamos a introduzir a questão falando um pouco da história do futebol americano, hoje nós vamos falar um pouco mais do esporte hoje, as dimensões que ele atingiu dentro e fora dos EUA, e um pouco do funcionamento da NFL em si. Quem leu nosso primeiro post da série viu que o futebol americano surgiu pro resto dos EUA no seu nível profissional muito abaixo dos seus "concorrentes", basquete e baseball, e que essa história só começou a mudar em 1958, com o famoso The Greatest Game Ever Played, e a subsequente criação da AFL, que levou a uma fusão das duas Ligas e criou a NFL que nós conhecemos hoje. Hoje, portanto, vou falar sobre o que exatamente é essa NFL que nós conhecemos hoje.

Nos próximos dias vamos continuar desenvolvendo o Especial com outros temas, mas estamos abertos a sugestões, que vocês podem enviar para nosso email tmwarning@hotmail.com ou no nosso twitter, www.twitter.com/tmwarning. A ideia aqui é justamente apresentar e ensinar um pouco do esporte a quem não conhece, então podem mandar emails para perguntar o que tiverem interesse em saber. Espero que depois do nosso Especial as pessoas que antes não tinham muito contato com esse esporte tenham maior interesse em ir atrás e acompanhar a temporada, e por isso peço novamente ajuda para divulgar nosso projeto para o maior número de pessoas possível. Muito obrigado e espero que gostem.
 
 
Após a explosão do futebol americano profissional nos EUA na década de 60, e a reestruturação da Liga após a fusão da AFL com a NFL, a nova NFL tratou de consolidar sua popularidade e importância nos EUA nas décadas de 70 e 80. Na década de 70, o surgimento de duas dinastias ajudou em muito a atrair ainda mais interesse para o jogo, já que as duas frequentemente batalhavam no Super Bowl (Pittsburgh Steelers e seus quatro títulos contra os dois títulos do Dallas Cowboys), interesse esse que aumentou quando algumas mudanças de regras tornaram o jogo um pouco mais rápido e dinâmico. Mas a NFL já tinha percebido que era um fenômeno cultural, e com a boa situação do jogo dentro de campo assegurada, se preocupou em solidificar sua estrutura de forma financeira, para evitar que ela passasse por crises como por exemplo a MLB enfrentou. A idéia - que naturalmente não foi imediata, mas ao longo das décadas seguintes - era tornar a NFL um enorme mercado dentro e fora dos EUA, altamente lucrativo que continuasse não só mantendo o esporte e os times vivos como também o tornasse um mercado atrativo para cada vez mais investimentos. Ou seja, uma vez consolidada a popularidade do esporte, a Liga buscou aperfeiçoar um modelo que permitisse solidez fora dos campos.
 
Olhando hoje, é difícil dizer que deu errado, ainda mais quando comparamos a situação da Liga com as outras duas Ligas americanas, a NBA e a MLB. O futebol americano é de longe o esporte mais popular dos EUA, e a NFL soube aproveitar isso muito bem para gerar receita. Apesar de contratempos - algumas temporadas encurtadas por greve, por exemplo - a NFL sempre se manteve no topo da cadeia alimentar. É mais fácil de se observar isso com alguns exemplos práticos: O jogo cinco da World Series do ano passado (San Francisco Giants ganhou por 4 a 1) foi assistido por 15 milhões de telespectadores nos EUA. O jogo 6 das Finais da NBA do ano passado (Que o Dallas Mavericks ganhou por 4 a 2), numa das temporadas mais acompanhadas, divulgadas e assistidas da NBA em muito tempo, teve 23,8 milhões de telespectadores nos EUA. E o Super Bowl LXV, que aconteceu no começo desse ano, foi assistido por nada menos que 111 milhões de telespectadores só nos Estados Unidos, o programa mais assistido da história da televisão americana, sendo que 163 milhões assistiram ao menos um pedaço pequeno. Sabem qual é o segundo mais assistido? O Super Bowl do ano passado. Dos dez programas mais assistidos da história da televisão americana, nove são Super Bowls (e o outro é o último episódio do seriado M.A.S.H.).
 
Mas como eu disse, a questão não é só a popularidade e o número de pessoas que assistem. A NFL sabe como transformar isso em dinheiro. Eu já citei esse número, mas um comercial de 30 segundos no intervalo do Super Bowl custa 3 milhões de patacas. As grandes empresas que compram esses minutos de comercial guardam durante o ano todo seus melhores comerciais para serem exibidos nesse momento (Dois recentes muito bons são os do menino Darth Vader e da prisão de milionários). Os jogos de futebol americano não são atraentes só pelos jogos, eles são eventos. A Liga sempre separa dois dos melhores jogos da rodada (que acontece quase toda de domingo de dia) para passar nos domingos a noite (o famoso Sunday Night Football, da NBC) e segunda a noite (o histórico Monday Night Football, da ESPN, que completou 40 anos em 2010), e cada um tem uma apresentação toda estilizada, a do Sunday Night de 2010 por exemplo era genial, logo abaixo. (Para quem não entendeu, cada jogador aparece junto de alguma característica marcante da cidade/estado onde joga, então temos o Peyton Manning, do Indianapolis Colts, nas 500 milhas de Indianapolis e o Eli Manning, do New York Giants, na Times Square). Também vale dar uma olhada na abertura do Monday Night do ano passado.
 
 
Eu não consigo deixar de ficar arrepiado na parte do Saints
 
 
 O Super Bowl também sempre apresenta um show no intervalo, que é bastante famoso em todo o mundo e apresentou recentemente, por exemplo, Black Eyed Peas em 2010 (com participação do Usher e do Slash), The Who em 2009, Bruce Springsteen em 2008. Outros exemplos de artistas importantes que tiveram shows no intervalo do Super Bowl incluem Michael Jackson, Paul McCartney, U2, Rolling Stones, Aerosmith e uma cacetada de outros. (Uma curiosidade engraçada foi que no show do Springsteen ele cantou a música Glory Days, que começa com a frase "I had a friend who was a big baseball player back in High School. He could throw that speedball by you making you look like a fool boy", mas na hora de cantar, ele adaptou a música e cantou "I had a friend who was a big football player back in High School. He could throw that Hail Mary making you look like a fool boy", sendo que Hail Mary é o nome dado a um passe longo e alto na direção da end zone. Para ver o vídeo é só clicar aqui, foi um dos melhores.)
 
Ou seja, o futebol americano não é só um esporte extremamente popular, a NFL sabe transformar muito bem isso em formas de chamar ainda mais atenção e, principalmente, em dinheiro  (Por exemplo, os direitos de transmissão do show do intervalo do Super Bowl são vendidos separadamente. Só o show do intervalo do Rolling Stones, no Super Bowl XL, teve audiência de 90 milhões de pessoas), e também sabe usar esse dinheiro a seu favor. Uma das questões que eu mais gosto na Liga é o esquema de divisão de lucros, que é um dos motivos dela manter sempre uma certa solidez mesmo entre os times menores, o que evita as polarizações que temos na MLB (A folha salarial do NY Yankees é quase dez vezes maior que a do Seattle Marines)  ou até na NBA, onde temos muitos times de mercado grande e mercado pequeno.
 
Funciona da seguinte forma: A NFL, como esporte mais popular dos EUA, naturalmente ganha um dinheiro absurdo com transmissões de TV, direitos de uso de imagem e tudo mais. Só que os contratos - especialmente de televisão, e incluindo tudo isso que a gente falou acima - não são assinados com os times, e sim com a NFL em si, e a NFL repassa esse dinheiro IGUALMENTE para todos os times, o que deixa todos eles com uma saúde financeira considerável. Claro que os times tem fontes de ganho próprias - venda de camisetas, de ingressos, alugar o estádio para outros eventos (como o All Star Game da NBA do ano passado, que foi no estádio do Cowboys) e tudo mais, o que favorece os times maiores, mas essa divisão igualitária dos contratos permite que até os times menores, em cidades menores e com torcidas menores tenham saúde financeira o suficiente pra se manterem competitivas no mercado. O Oakland Raiders não acabou de arrancar o Free Agent Kevin Boss debaixo do nariz do New York Giants?
 
Uma forma de exemplificar bem isso é a comparação com a NBA. Os dois estavam em greve - a NBA ainad está - mas a greve da NFL era uma brincadeira de criança. Eu já falei nessa comparação antes, mas ela ilustra bem o que eu quero dizer: A greve da NFL era uma piada, uma Liga que tem receita de nove BILHÕES de patacas por ano negociando quanto disso iria para os jogadores e quanto iria para os times. A melhor comparação que eu vi pra situação era a imagem de dois carteis milionários de droga dividindo um mega carregamento. Os dois iam sair ganhando muito dinheiro, a questão era quem ia ganhar mais. Quando a água batesse na bunda e a temporada ameaçasse atrasar, os dois iam sentar e resolver em questão de dias, que foi exatamente o que aconteceu. Na NBA a greve é pior, porque os times de maneira geral tem prejuizo. A NBA deixou de ser uma liga lucrativa, e os times de mercado pequeno (como Sacramento ou New Orleans) estão em complicadas situações financeiras porque não tem mais como manter a competitividade sem ter um dono bilionário que banque as despesas como o Mark Cuban, e por isso a vontade dos donos de mudar esses times para cidades grandes, como a questão do Kings indo pra Anaheim. Na NFL não precisa disso: Nossos dois últimos campeões foram dois times de mercados pequenos, o Saints da mesma New Orleans e o Green Bay Packers, que é um time de uma cidade com 100 mil habitantes que não tem um dono bilionário, pelo contrário, o time pertence - na forma de ações - aos moradores da cidade!
 
 
A cidade dos atuais campeões do Super Bowl
 
Aliás, o Packers é exatamente o time que melhor ilustra como funciona esse modelo de divisão equitativa da NFL. O Bola Presa fez um ótimo post ontem falando sobre lucros no futebol e no basquete, comentando sobre o livro "Soccernomics", e a conclusão do livro (e do post) é a seguinte: "A conclusão do livro é algo que a NBA e os donos de times iriam vomitar se lessem, mas que faz bastante sentido. Para os autores, os times deveriam ser conduzidos como museus: "organizações de espírito público que têm por objetivo servir à comunidade ao mesmo tempo que são razoavelmente lucrativas". Ou seja, serem conduzidas não totalmente como negócios, mas só a ponto de sobreviverem. Como museus, eles cobram e se esforçam para faturar, mas nada além de ir um pouco mais do que os gastos necessários.". O Green Bay Packers é um time sem fins lucrativos - ele pertence aos moradores da cidade, e somente eles podem comprar ações - e que, portanto, não tem um dono que fique investindo dinheiro. Mas ele consegue sobreviver nessa margem citada pelo Bola Presa - servindo à comunidade sem ser muito lucrativo, apenas sobrevivendo - porque o formato da Liga permite que ele tenha dinheiro suficiente para manter o time formado e competindo no mesmo nível dos demais. Todos os times possuem essa boa base financeira, e naturalmente quanto melhor o time maior será o dinheiro que vem diretamente para ele, como venda de ingressos, camisetas, prêmios, etc, então todos os times consequem sobreviver numa pequena margem de lucro e sempre tendo o incentivo para melhorarem e aumentarem esses lucros. Claro que tem o lado negativo da questão, alguns times com donos majoritários são acusados de fazerem 'corpo mole', evitando gastar dinheiro para deixar o time bom porque o dinheiro que eles ganham da Liga - associado a baixos gastos - é suficiente para manter uma margem de lucro menor, mas estável, sem se preocupar em gastar mais. Mas no geral a fórmula funciona muito bem e mantem a Liga toda competitiva, financeiramente falando.
 
Isso acabou gerando um mito sobre o "Hard Cap" que a Liga usa na questão salarial, também (um teto salarial que não pode ser ultrapassado em hipótese alguma). A NBA e a MLB não usam o Hard Cap - A NBA usa um Soft Cap (um teto salarial que pode ser ultrapassado mediante algumas regras e pagamento de multa para cada dólar acima dele que você está) e a MLB nem teto salarial não tem -  e muitos dizem que é a existencia desse Hard Cap que mantém a NFL tão equilibrada entre os times grandes e pequenos e que ele deveria ser implementado nessas outras Ligas, especialmente a NBA que tem uma greve muito complicada pela frente. O Hard Cap sem dúvida evita que times com donos zilhonários que realmente são entusiastas no esporte e querem gastar até o ultimo centavo para serem campeões, como o Jerry Jones do Dallas Cowboys (Qual o problema da cidade de Dallas com esses caras? Ou o contrário, sei lá!), contratem jogadores a preços kajilhonários e polarizem brutalmente a Liga pela parte financeira, mas a principal base de estabilidade entre os times da NFL são os lucros divididos igualmente que permitem que todos os times -grandes e pequenos - tenha a base monetária suficiente para existir sem ter prejuizo mesmo gastando o mesmo que os outros - gasto esse limitado pelo Salary Cap, claro. Claro que boas gestõs e má gestões vão fazer times serem bons por mais tempo ou por menos tempo, a NFL também vive muito de dinastias (Steelers nos anos 70,  49ers nos anos 80, Cowboys nos anos 90, Patriots nos anos 2000) e um time que consegue organizar uma boa base geralmente vai se manter boa por mais tempo, pelo simples fato de que esses times tem dinheiro para tal. O Milwaukee Brewers da MLB, por exemplo, montou um time com ótima base recentemente. Mas o time não tem como competir financeiramente com os outros times e por isso não vai ter como reassinar seu principal jogador, Prince Filder, que vai ficar Free Agent, já que o time gastou todo o dinheiro que podia reassinando o Ryan Braun, outro jogador chave, senão começaria a operar em grande prejuizo pelo desequilibrio da folha salarial.
 
Em resumo, o formato que a NFL montou está funcionando justamente para garantir aos times competitividade financeira dentro do Salary Cap que a Liga tem. Claro que times mais ricos vão construir estádios maiores e etc, mas os times pequenos não precisam desmontar seus times porque financeiramente não tem condições de manter um elenco bom e caro junto, caso por exemplo do Utah Jazz. E isso garante sim uma competitividade na Liga muito interessante que sem dúvida contribui para a manutenção da popularidade e da atenção que ela tem.
 
Uma coisa legal também do futebol americano de hoje é que ele não está mais limitado aos Estados Unidos. A NFL fez um bom trabalho de difundir o esporte no resto do mundo, e o resto do mundo também adotou o esporte, que não para de crescer, inclusive aqui no Brasil. A NFL costuma mandar um jogo por ano oficlamente fora dos EUA, por exemplo no México e em Londres, e tem planos pra mandar ainda mais desses jogos fora do país. O time Buffalo Bills manda uma parte dos seus jogos no Canadá e existem conversas para o time se mudar para Toronto. E por conta própria, muitos outros países também desenvolveram o esporte. Aqui no Brasil, muitos jogadores por puro amor ao esporte e sem receber nenhuma remuneração, montaram times, gastaram o próprio dinheiro em passagens e equipamentos e montaram uma Liga no país. A Liga continua evoluindo, mais times estão entrando e a ESPN está dando uma cobertura muito legal ao campeonato, assim como outros jornalistas também tem feito um bom trabalho pela divulgação do esporte no Brasil, se eu citar todos aqui vai ficar enorme. O futebol americano é um dos esportes que mais cresce no Brasil na atualidade, mas não só aqui. Por exemplo, quando fui nas férias visitar a família em Portugal, liguei a TV e assisti à final do campeonato Italiano de futebol americano!! A Europa tem uma Liga profissional de futebol americano (onde jogou, por exemplo, o lendário Kurt Warner) faz vários anos também. O Super Bowl foi assistido por 111 milhões de pessoas nos Estados Unidos (sendo que mais de metade da população de lá, 163 milhões de pessoas, assistiram pelo menos um pedaço dele), como já disse, mas foi assistido em algum momento por cerca de 200 milhões de pessoas (eu não consegui achar o número exato, infelizmente) se contarmos todo o mundo. O futebol americano não é só um esporte americano, muitas partes do mundo estão aproveitando o embalo gerado pela globalização (Hoje em dia da pra assistir NFL em qualquer lugar do mundo praticamente, graças às evoluções em termos de transmissões) pra praticar e conhecer melhor o esporte também. Eu não sou muito especialista em futebol americano brasileiro, pra isso é melhor acessar o ótimo 10 Jardas ou o diário NFL, mas o trabalho que os jogadores, técnicos e organizadores estão fazendo por aqui é incrível e revela muita vontade de popularizar o esporte por aqui.
 
Cuiabá Arsenals venceram o Brasil Bowl 2010
 
 
Por fim, antes de passarmos para mais perto do jogo em si nos próximos posts, eu queria esclarecer o formato do campeonato da NFL. A NFL é composta por 32 times divididos em duas conferências - NFC e AFC - com 16 times cada. Dentro de cada conferência temos quatro divisões - West, East, North, South - com quatro times cada. Em cada conferência, se classificam seis times - Os quatro campeões de divisão e os dois times não-campeões com melhor aproveitamento (nada impede que sejam da mesma divisão). Os campeões de divisão são divididos nas Seeds 1 a 4 de acordo com o aproveitamento (o melhor fica com a 1ª Seed, o segundo com a 2ª, etc) e os dois Wild Cards ficam com a 5ª e 6ª Seed (Melhor campanha fica com a 5ª, pior com a 6ª). Na primeira rodada dos playoffs, se enfrentam em cada conferência na chamada "Semana Wild Card" os times com as Seeds 3 e 6 e as seeds 4 e 5, sendo que os dois campeões de melhor campanha de cada conferência folgam nessa semana. Na semana seguinte, em cada conferência, o time com a 1ª Seed enfrenta o time classificado de pior Seed, e o com a 2ª Seed enfrenta o time classificado de melhor campanha na Semifinal de conferência, e os vencedores dos dois jogos se encontram nas Finais de conferência, de onde sai o campeão de cada uma das duas (vale destacar que o time com Seed mais baixa sempre joga em casa). No final, o campeão da NFC e da AFC se encontram no Super Bowl, que é disputado em um lugar estabelecido muito antes do começo da temporada começar (por exemplo, esse ano será em Indianapolis), independentemente de quem tiver a melhor campanha.
 
 
Agora que explicamos a história do jogo e a realidade do jogo e da Liga no momento, vamos passar para algo mais palpável - o jogo em si. Se algúem achar que tem algo que valha a pena falar ou esclarecer antes, por favor nos mande email, se a sugestão for boa podemos fazer um post especial. Se não, vamos começar já no próximo post a esclarecer o funcionamento do jogo, especialmente algo que eu acho fundamental para entender futebol americano - o papel de cada posição.
 
Muito obrigado, continuem acessando e divulgando. Grande abraço e até amanhã!!

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Especial NFL - A história do Futebol Americano

Quinta feira finalmente chegou, e com isso, começamos o nosso Especial NFL. Eu já expliquei o que exatamente é esse especial, um especial que vai explicar um pouco mais da NFL e do futebol americano para quem não conhece ou conhece pouco. Já pedi também ajuda para divulgação, pedi a todos que soubessem de alguém interessado para que espalhassem sobre o Especial. E acho que agora é hora de começar, e pra começar, vou voltar bem do começo e falar um pouco sobre a história do futebol americano, é um tema pouco prático mas eu acho interessante saber de onde veio e como evoluiu o esporte como um todo (Não se preocupem, não vou ficar falando de questões muito pontuais como mudanças de regras).

Nos próximos dias vamos continuar desenvolvendo o Especial com outros temas, mas estamos abertos a sugestões, que vocês podem enviar para nosso email tmwarning@hotmail.com. A ideia aqui é justamente apresentar e ensinar um pouco do esporte a quem não conhece, então podem mandar emails para perguntar o que tiverem interesse em saber. Espero que depois do nosso Especial as pessoas que antes não tinham muito contato com esse esporte tenham maior interesse em ir atrás e acompanhar a temporada, e por isso peço novamente ajuda para divulgar nosso projeto para o maior número de pessoas possível. Muito obrigado e espero que gostem.



Acho que todo mundo que conhece ou já ouviu falar de futebol americano, em algum momento, viu alguém confundir (ou então confundiu sozinho mesmo) futebol americano e rugby. Os dois são conhecidos popularmente pelo fato de serem esportes de muito contato e usam bolas ovais semelhantes, então muita gente acaba confundindo os dois, eu já perdi a conta de vezes que estava carregando uma bola da NFL e alguém me perguntou se eu jogava rugby (algumas até riam porque me achavam magro demais pra isso). Mas isso não é algo estranho, já que ambos os esportes tem passados altamente ligados.

Os primeiros registros do futebol americano datam da metade do século 19, quando ainda andava muito junto do rugby, tanto que em muitos lugares ainda eram vistos como uma coisa só, um esporte inglês no qual os jogadores tinham que chutar a bola por entre os postes.  As variações eram mais locais(cada lugar jogava com uma regra diferente, por exemplo) do que globais e o esporte futebol americano ainda não tinha tomado forma, assim como o rugby também não tinha contornos definidos, embora estivesse mais avançado. Com o passar do tempo, o esporte foi ganhando algumas especificações e foi começando a ganhar forma e organização, especialmente nas universidades dos Estados Unidos, e as regras começaram a ser padronizadas. Mas só foi surgir de vez como um esporte diferente dos outros quando Walter Camp, conhecido como o Pai do Futebol Americano, propôs uma série de mudanças ao jogo, como por exemplo a ideia de atingir uma meta de jardas para manter a posse de bola e o fato da jogada começar com um snap, quando o Center joga a bola por entre as pernas para trás, entre tantas outras que foram criadas por ele. As mudanças foram amplamenta acatadas pelos responsáveis pela padronização das regras, e é essa que é considerada a criação do futebol americano.


Walter Camp, o Pai do Futebol Americano

Com essas regras, o futebol americano começou a se separar definitivamente do Rugby, e mais pessoas começaram a participar do processo de formação desse novo esporte, entre eles John Heissman, que hoje da nome ao Heissman Trophy, que é dado ao melhor jogador do futebol americano universitário. Heissman, Camp e muitos outros jogadores e técnicos relacionados ao futebol americano começaram a instituir cada vez mais regras (permitiram o passe para frente, padronizaram os ataques com 11 jogadores, etc) que moldaram aos poucos o esporte e finalmente o definiram como tal. Ao final do século 19, o esporte já estava constituido e era praticado de forma muito intensa nos Estados Unidos, especialmente no nível universitário. Como Camp, Heissman e a grande maioria dos envolvidos na criação do esporte eram atletas ou técnicos de universidades, não era de se surpreender que tenha sido logo nos Colleges que o esporte começou a sua expansão, a se difundir e virar um fenômeno nacional. O surgimento dos Bowls - as finais do campeonato de futebol americano universitário - é dessa época e os Bowls começaram a crescer em importância e popularidade a uma velocidade alucinante, até que no começo do século 20 já estavam entre os grandes acontecimentos esportivos do ano nos EUA.

O surgimento e a difusão do esporte se deu por meio das universidades, mas o esporte não tardou a surgir profissionalmente nos EUA. Alguns times amadores já surgiam no final do século 19 mesmo fora das universidades, e é de 1892 o registro do primeiro jogador a ter sido pago por um time para jogar por ele, no caso William Heffelfinger, que ganhou 500 dólares para jogar um jogo pela  Allegheny Athletic Association. O esporte começou a se profissionalizar em pequena escala no país desde então, mas foi apenas em 1920 que dez times de pequenas Ligas ou independentes se juntaram em Canton, Ohio (onde atualmente fica o Hall da Fama da NFL) e formaram a então chamada American Professional Football Conference (Algo como a Conferência Americana Profissional de Futebol Americano), presidida pelo famoso atleta Jim Thorpe, que dois anos mais tarde foi rebatizada para National Football League, a NFL. Uma curiosidade é que apenas duas franquias que ainda existem fizeram parte das dez iniciais, o Chicago Bears, então chamado de Decatur Staleys, e o Arizona Cardinals, que na época ainda era o Chicago Cardinals. Ao longo dos anos 20 e começo dos anos 30, a Liga continuou juntando membros até que, em 1933, finalmente organizou seu primeiro campeonato oficial dividido em duas conferências - Leste e Oeste, na época - e que terminou com uma Final que colocou frente a frente os campeões de cada uma.


Don Hutson, o primeiro grande WR da história,
muito gatinho com sua touca em foto de 1934

Ao longo dos anos subsequentes, a NFL continuou se expandindo e se organizando melhor, organizando campeonatos e tudo mais. Ganhou mais popularidade, dinheiro e fama, mas o futebol americano profissional ainda era um esporte secundário em relação ao basquete e, principalmente, ao baseball. Grande parte dos times que surgiam na época adotavam os mesmos nomes dos times de baseball da sua cidade, como uma forma de ganhar mais destaque e popularidade. Muitos times hoje conhecidos por outros nomes já tiveram nomes de times de baseball, como Pittsburgh Pirates (Hoje Steelers), Cleveland Indians (Hoje Browns) e Detroit Tigers (Hoje Lions). Um exemplo que sobrevive até hoje é o New York Giants. Os Giants do baseball podem ter saído de New York há muito tempo, mas o time de futebol americano que adotou seu nome continua lá até hoje. Esses nomes eram uma forma de tentar atrair mais torcedores e entusiastas vindos do baseball, que era o grande esporte dominante na época nos EUA.

Em termos de futebol americano, o esporte universitário era a grande atração esportiva na época, mas a NFL ainda não tinha tanta atenção assim. Isso mudou em 1958, quando foi disputado o que é conhecido como "The Greatest Game Ever Played", o Maior Jogo da História numa tradução livre. O jogo que ficou conhecido como tal foi a Final do campeonato de 1958 entre o Baltimore Colts e o New York Giants, que foi o primeiro jogo televisionado de futebol americano da história. O jogo terminou com a vitória do Colts na prorrogação após o lendário QB Johnny Unitas ter liderado um ataque de dois minutos no final da partida para empatar o jogo com um field goal e levar o jogo para OT, campanha que originou o termo "Two-Minute Drill", mas a importância dessa partida foi muito maior do que qualquer coisa que aconteceu dentro de campo naquele dia.

Johnny Unitas muda para sempre a história do futebol americano


Esse jogo foi o momento que definitivamente marcou o crescimento do futebol americano no país. A partida que foi televisionada pela NBC e assistida por 45 milhões de telespectadores (Sem contar a área urbana de New York) foi um dos maiores fenômenos culturais da época, e atraiu um interesse absurdo. O futebol americano deixava de ser um esporte pouco conhecido para concentrar as atenções de todos os Estados Unidos com esse jogo, atingiu níveis de popularidade históricos e mudou, de uma vez por todas, o paradigma do futebol americano como sendo o esporte menos popular de lá. Não foi imediato, mas a atenção que esse jogo atraiu e a enorme publicidade que trouxe para o esporte foi apenas o começo de uma nova era na NFL. Em 1960, um bilhonário texano chamado Lamar Hunt que queria aproveitar a recém adquirida visibilidade do esporte criou a American Football League, AFL, que tinha como objetivo rivalizar com a NFL. Os altos investimentos feitos na AFL - e as devidas respostas dos times da NFL para manter o status - contribuiram ainda mais para atrair interesse, e a partir desse momento o futebol americano entrou em um vertiginoso ciclo de crescimento.

Durante os seis anos subsequentes, com o esporte escalando em popularidade, a NFL e a AFL competiram para ter o melhor campeonato. Cada uma tinha um Draft separado (Por exemplo, em 1965, o QB Joe Namath foi a primeira escolha dos dois Drafts, mas optou para ir para o New York Jets, da AFL, ao invés do Saint Louis Cardinals, da NFL), e ambas disputavam até para tirar jogadores de times da Liga rival (Naturalmente os contratos entre um time da AFL e um jogador não eram válidos na NFL, e vice versa). Essa disputa chegou a tal ponto que, em 1966, um representante da NFL e Lamar Hunt marcaram uma reunião e decidiram fundir as duas Ligas em uma só, ato que ficou conhecido como "The Merger" (algo como A Fusão). Assim, as duas Ligas se fundiram em uma só, que manteve o nome de NFL e criaou suas duas conferências, a NFC - representando os times da antiga NFL - e a AFC - representando a AFL. Ficou estabelecido que o formato do campeonato seria unificado (algumas regras usadas na NFL e na AFL eram diferentes, tanto dentro como fora de campo, e de uma forma geral o formato usado na AFL foi predominante na hora de tabular as regras oficiais da nova Liga) e que os campeões de cada conferência se enfrentariam ao final de cada temporada em um único jogo que valeria o título de campeão da NFL. Essa final entre os campeões da AFC e da NFC recebeu o nome de Super Bowl, que hoje é de longe (MUITO longe) o maior evento esportivo do calendário americano.


O primeiro Super Bowl de todos os tempos

A fusão da NFL e da AFL na nova NFL marca o início da chamada "Era Moderna" do futebol americano, e em 1967 (o ano seguinte à fusão) foi realizado o primeiro Super Bowl da história, que terminou com a vitória do Green Bay Packers liderado pelo grande Bart Starr. Como não deve ser de surpreender ninguém, essa fusão também teve um papel importantíssimo para tornar o futebol americano um esporte ainda mais popular. As Ligas que disputavam as atenções dos fãs agora estavam organizadas conjuntamente para atrair todos eles. A nova Liga continuou atraindo atenção, fãs, investimentos, investidores e, claro, muito dinheiro. Mais cotas de televisão, mais patrocínios e a Liga nunca mais parou de crescer. Em poucos anos superou a NBA e a MLB em audiência, e até hoje não para de crescer. Eu vou falar mais do assunto no próximo post, quando vou falar da Liga na atualidade, mas em questão de audiência e dinheiro movimentado nenhuma Liga chega perto da NFL. 9 dos 10 programas mais assistidos da história dos EUA são Super Bowls. Um comercial de 30 segundos no Super Bowl desse ano custava 3 milhões de dólares. E grande parte do sucesso que a NFL teve nos EUA se deve, especialmente, à lendária final entre Colts e Giants, televisionada para todos os EUA, e a fusão entre as duas Ligas rivais que definitivamente criou a Liga mais forte do mundo.

Desde o começo da Era Moderna do futebol americano, tivemos 45 Super Bowls. A estrutura da Liga pouco se alterou desde então, embora várias inevitáveis mudanças tenham acontecido e mais times tenham entrado até chegar nos 32 que temos hoje. Mas a estrutura da Liga e sua importância na atualidade vão ficar pra amanhã (ou sábado, dependendo do meu estado de saúde), quando vou me focar mais na questão da entidade conhecida como NFL: Como ela opera, porque ela tem tanto sucesso na atualidade, qual a importância dela no momento, etc. Hoje foi apenas uma introdução à NFL e ao futebol americano que, espero, até mesmo os fãs antigos achem interessante. Amanhã (ou sábado) a gente continua com nosso Especial NFL. E, mais uma vez, peço a todos que lerem isso a divulgarem como puderem. Quanto mais gente souber, mais gente podemos atingir e mais podemos divulgar o futebol americano.

Muito obrigado a todos, e até o próximo post.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Culpado por ser um craque


Tebow provavelmente quebrou o recorde de jardas
para um QB sangrando. Tanto correndo como passando.


Enquanto esperamos o início do nosso "Especial: NFL", que começa amanhã e o qual eu já expliquei e pedi ajuda logo abaixo (por favor leiam!), vamos falar um pouco de um assunto que está chamando alguma atenção nessa pré-temporada de NFL, que é a situação do Tim Tebow e do Denver Broncos.

Se você pegar uma pessoa que só assista e acompanhe NCAA, que se trancou numa caixa de vidro ao final da temporada 2009 da NCAA e que não teve contato com ninguém nesse período e mencionar o nome do Tim Tebow, os olhos dela provavelmente vão se encher de lágrimas, e ele falará sobre como o Tebow é um dos melhores (Se não o melhor, um dos dez melhores) jogadores de College Football de todos os tempos, de como ele tem saudade de ve-lo jogar e vai ficar meia hora rasgando elogios ao moleque. Se você fizer o mesmo com alguém que só veja NFL e que nunca tenha lido ou escutado nada sobre NCAA, ele provavelmente vai perguntar o que o Tebow tem de demais, já que ele não sai da reserva do Denver Broncos. Porque por mais estranho que seja, um dos melhores jogadores da história da NCAA está atualmente encostado na NFL, sendo o terceiro QB de um dos times mais fracos da Liga e recebendo ataques e mais ataques da imprensa.

Quando jogava no Florida Gators, o Tebow chamou a atenção de todo o mundo pelo seu talento inquestionável. Ele era extremamente competitivo, muito bom se movimentando e saindo do pocket, tinha ótima habilidade pra fazer jogadas e foi a sensação da Liga por três anos, entre os quais conquistou um Heissman Trophy (Algo como o MVP da NCAA), um título do Sugar Bowl e dois títulos nacionais (BCS). Ele quebrou mais de 50 recordes diferentes (Ele CORREU para 23 Touchdowns em 2007, por exemplo) e teve alguns jogos que estão entre os grandes de todos os tempos, como as 533 jardas totais de ataque que ele teve no seu último jogo, o Sugar Bowl (Que é um recorde de jardas para um jogador em Bowls oficiais). Na NCAA, ele foi sem dúvida uma lenda, e não é exagero falar que ele é um dos 10 melhores QBs da história do College Football. Portanto também não é de se estranhar que sua ida para a NFL tenha sido tão comentada.

Essa foi também a primeira vez que o inquestionável Tim Tebow era questionado em suas habilidades. Muitos diziam que ele era perfeito para jogar a NCAA (que é um jogo totalmente diferente), mas que não poderia fazer essa transição para a NFL. Ele sempre tinha jogado na Florida num sistema shotgun, um sistema que privilegia passes rápidos e a mobilidade do QB, mas não necessita tanto de habilidades essenciais na NFL como a capacidade de jogar under center, jogo de pés na hora de recuar e, principalmente, precisão nos passes de dentro do pocket. A capacidade do Tebow de passar correndo era impressionante, mas na NFL ele não teria o mesmo tipo de vantagem física sobre os defensores que tinha no College. Além disso, a mecânica de arremessos do Tebow era muito ruim para a NFL, e depois de ser tão bom com a mecânica "errada" muitos duvidavam que ele fosse capaz de mudá-la de forma natural. Mas apesar disso, a pressão que se criou em torno do Tebow foi algo sobre humano, como se ele, por ter sido genial no College, também tivesse a obrigação de ser genial na NFL.

Nas semanas que antecederam o Draft, muita especulação foi feita em torno de em que rodada e para onde Tebow sairia. Apesar de ser quase consenso que o um QB com tantas "falhas" no seu jogo não valesse uma escolha de segunda rodada, a terceira rodada e até a segunda eram as opiniões mais frequentes. Todo mundo sabia do que ele era capaz, mas a sua capacidade de se adaptar à NFL era uma aposta.

No final, a gente sabe como a história acabou. O Denver Broncos trocou para entrar no final da primeira rodada do Draft e pegou o Tebow, numa decisão muito questionada por muitos. O Tebow foi reserva durante boa parte do ano, mas teve sua chance no final da temporada regular, quando foi titular em três jogos e teve boas atuações, com vários touchdowns terrestres e alguns aéreos. Foram bons jogos, mas parece que não convenceram os homens fortes de Denver, já que agora ele é o terceiro QB do time, atrás de Kyle Orton e Brady Quinn.

Agora, a pressão da imprensa sobre ele e sobre o time está maior do que nunca. Tebow foi draftado para ser a solução na posição a médio prazo pelo então técnico Josh McDaniels, que pretendia treiná-lo durante algum tempo antes de colocá-lo para jogar. Mas McDaniels foi mandado embora, e parece que o plano foi por água abaixo. O Broncos quis colocar o garoto pra ser a solução agora enquanto ficariam livres para trocar o Orton (Miami?), mas ele não está pronto para isso, e o Broncos não quer esperar. Existe uma certa má vontade com ele em Denver, talvez porque o Head Coach de lá (John Fox) vê o Tebow como uma 'herança' do antigo HC, e parece que o time não está mais disposto a apostar no futuro do garoto. A imprensa e a torcida continuam cobrando grandes coisas dele mesmo num ambiente totalmente impróprio para o cara, tudo isso porque ele foi bom demais no College pra ser um reserva na NFL, ou pelo menos para a imprensa ou a torcida.

A verdade é que, em esportes, a gente gosta de odiar alguns jogadores, mesmo que sem confessar. Nós odiamos o Lebron James porque ele é arrogante, gosta demais de aparecer, quebrou o coração de Cleveland em rede nacional, foi jogar com seu maior rival na Liga e, embora ninguém admita, simplesmente porque ele é bom demais e a imprensa encheu a bola dele desde que ele tinha 13 anos de forma que ninguém aguenta mais ouvir falar dele e muitas vezes gosta de ver ele se dando mal só pra ver todo aquele hype indo por água abaixo por meia hora. Eu já bati nessa tecla antes, que essa aura de grandeza em torno do Lebron não foi uma criação dele e sim da imprensa e de todo mundo que vivia ao redor nele, ele era bom demais e simplesmente aceitou essa criação dos outros como sendo a realidade. E uma boa parte das críticas que o Tebow hoje recebe é justamente por causa de uma imagem que se criou dele como um QB que tem que ser vitorioso em todos os lugares por onde passar, não pode nem perder no poker ou no truco que já é um tremendo fracasso.

O Tebow, ao contrário do Lebron, nunca gostou de chamar a atenção pra si, sempre foi um cara discreto, simpático, humilde e extremamente atencioso com os fãs. (Tem até uma história famosa sobre isso, quando um cara que estava andando na rua viu Tebow e mais dois amigos passeando. Fã do QB de Florida, pediu para tirar uma foto, mas sua câmera estava sem pilhas. O fã correu para comprar pilhas, não achou e teve que dar 400 voltas até achar uma compatível, o que demorou um tempão. Quando voltou, achou que Tebow já teria ido embora por causa da demora, mas encontrou o QB sentado lá esperando, sozinho. Seus amigos tinham ido embora mas ele esperou o fã para tirar aquela foto e autografar, sem esperar nada em troca, apenas porque o cara pediu.) Na NCAA ele não era apenas famoso, ele era simplesmente idolatrado. Sua camisa 15 de Denver quebrou recorde de vendas para o dia do Draft, e foi a camisa mais vendida em toda a NFL durante TODOS OS MESES após o Draft, sem pular nenhum. Muitos times cogitaram draftar o Tebow só para atrair a torcida para o estádio, tamanha era sua popularidade. Mas quando Tebow ficou no banco, começou a perder espaço no Broncos e parecia que estava condenado a ficar no banco pro resto da vida, muita gente começou a ficar irritada com ele, especialmente a imprensa. Muita gente condenava o Tebow simplesmente porque ele não era tão espetacular na NFL como na NCAA, como se isso fosse culpa dele ou do time. Cada vez mais parecia que ele estava perdendo espaço na NFL, mas que isso era um absurdo para alguém que tinha sido tão bom quanto ele.

Vale sempre lembrar que muito disso não é só talento. Grande parte do sucesso de jogadores recém draftados, especialmente QBs, depende demais do time que os drafta. Por exemplo, muita gente hoje ri, dizendo que se o 49ers tivesse draftado Aaron Rodgers com a primeira escolha do Draft ao invés do Alex Smith hoje seria um dos melhores times com um Franchise QB pelo resto da década, mas isso é uma enorme falácia. Talvez o Aaron Rodgers seja simplesmente melhor que ele desde o começo, mas não da pra negar que a situação na NFL dos dois jogadores fez uma diferença brutal na carreira. Os dois saíram um tanto crus, sem todas as habilidades exigidas na NFL, mais ou menos na situação do Tebow, mas o Alex Smith foi para um time que estava desesperado por uma solução na posição, teve que entrar e jogar desde o começo, jogou num time com péssimos alvos e uma horrorosa linha ofensiva, nunca teve ninguém para lhe ensinar os macetes da posição. Ele simplesmente teve que entrar e jogar, com uma pressão enorme para produzir, mudando de coordenador ofensivo a cada ano que passava (o que significava que ele tinha que aprender um ataque diferente a cada ano, e isso é algo que demora e essa mudança atrapalha demais). Ele disperdiçou os anos que ele usaria para desenvolver com calma suas habilidades, seu jogo under center, sua precisão no pocket correndo para fugir de sacks, tentando achar algum jogador livre e tendo que jogar sabendo que tinha um enorme peso nas costas. Enquanto isso Rodgers foi para Green Bay, onde encontrou um excelente time com excelentes recebedores já montados. Treinou durante anos sem nenhuma pressão, à sombra do grande Brett Favre, que pode lhe ensinar e guiá-lo por todo o processo de aprendizado, aprendendo apenas um esquema ofensivo que se manteve inalterado por anos a fio. Depois de quatro anos treinando nessa situação extremamente favorável, desenvolvendo suas habilidades com calma, tempo e sem nenhuma pressão, ele pode entrar, mostrar seu talento e liderar seu time ao título. Situações totalmente opostas que influenciaram imensamente a carreira dos dois QBs, talvez se Rodgers tivesse ido para o 49ers e Smith para o Packers hoje o camisa 12 seria um fracasso num time mediocre e o camisa 11 seria um sólido titular num ótimo time.

Por esse motivo eu achei a ida para Denver péssima para o Tebow. O ideal para ele era ir para algum lugar onde não precisasse jogar logo de cara, onde tivesse tempo para treinar e refinar seu jogo, corrigir as falhas com algum veterano lhe guiando e jogando, e um bom técnico lhe passando tudo sobre um esquema ofensivo que ele teria muito tempo para aprender e dominar. Por exemplo, o Patriots (que estava louco para pegá-lo na segunda rodada) teria sido o lugar ideal. Mas o Broncos não tinha um QB estável, não tinha um QB veterano para mentorá-lo, possivalmente teria que recorrer a ele como salvador da pátria e ele recebeu muita pressão da imprensa para ser um astro desde o começo. Até o técnico mudou, o que significa um novo esquema ofensivo para ele aprender e um técnico pouco disposto a lhe dar uma chance. Nada deu certo pra ele lá, e por isso eu torço para que Tebow saia de Denver o quanto antes. O Denver não enxerga mais o Tebow como um projeto a longo prazo (talvez nunca tenha enxergado assim realmente), estão querendo que ele seja titular desde já e isso ele não vai ser, o que só aumenta a pressão da imprensa. Espero que ele possa sair de lá e ir para um time que possa treiná-lo decentemente, dar a ele tranquilidade, estabilidade e um preparo ideal.

É nessa situação que o Tebow pode vir a ser um grande QB na Liga, porque ele tem muitos talentos. Se continuar como está, pode acabar disperdiçando os anos mais importantes do seu aprendizado em um time que não o quer e que é péssimo para ele. E infelizmente, ele vai continuar recebendo atenção e críticas da imprensa enquanto não for pra um time que mantenha o garoto na situação correta, ao invés de expô-lo querendo que ele seja uma coisa que ele não tem como ser no momento. Alguns dizem que o Broncos está querendo trocá-lo ou dispensá-lo, o que eu acho possível, mas isso vai ser muito melhor para o Tebow. Sair de Denver, recomeçar no time certo, que tenha condições de escondê-lo da pressão da imprensa com uma situação estável e um projeto adequado à longo prazo. Até lá, ele vai continuar sofrendo as consequencias do seu incrível talento no College.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Quinta feira começa o nosso novo especial

Para quem não lembra, eu comentei algumas vezes aqui que tinha um "projeto" para o blog, que ia depender da proximidade da temporada regular, de tempo suficiente e de verba do Governo. Bom, a temporada regular está a apenas duas semanas de distância, a gente já desistiu dos incentivos do BNDES e agora dependemos apenas de tempo para realizar esse projeto.

Como quem tem entrado aqui deve ter reparado, a gente teve muito menos tempo do que gostaria nos últimos dias pra postar. A gente acabou deixando quieto porque sabia que agora tava tudo muito parado, é muito difícil postar sobre a pré-temporada do jeito que a gente gosta (Analisando com calma, falando de aspectos técnicos, etc), até porque a gente sabe que não vale muita coisa. E deixou chegar mais perto (e as coisas acalmarem) para poder trabalhar direito no nosso projeto especial, e agora a ideia é tocar a todo vapor. E pra isso, conto com a ajuda de vocês.

Bom, o projeto é simples. É uma série de posts que tem como objetivo apresentar o futebol americano a quem não conhece ou então está começando a conhecer. A gente costuma, por opção, fazer posts com análises mais complexas que na maioria acabam servindo melhor a pessoas que já entendem e acompanham o esporte há mais tempo. Mas como um dos objetivos (megalômanos, eu sei) do blog é ajudar a divulgação do esporte aqui no país na medida do possível, a gente está preparando isso também para as pessoas novas no negócio.

Os posts vão explicar o básico: História do esporte e da Liga, funcionamento do jogo, situação de cada um dos times. Alguns desses também podem ter interesse para os veteranos no assunto, mas de forma geral a série é voltada para os novatos no assunto mesmo. Devemos começar quinta feira agora com os posts da série (Amanhã teremos um post sobre o Tim Tebow antes) e não posso garantir com que frequencia eles vão sair. Mas de forma geral, a ideia é terminar até o dia 8 de Agosto, que é quando começa a temporada regular (Talvez não dê, mas enfim, atrasar uns dias não vai matar ninguém além de mim).

E pra isso, conto com a ajuda de vocês, leitores. Eu mandei email pra algumas pessoas importantes do mundo do esporte, para sites do assunto, blogues e tudo mais pedindo ajuda para divulgar a série, porque acho uma oportunidade legal pra tentar divulgar o futebol americano nem que seja pra mais meia duzia de pessoas. Mas além deles (Até porque não sei quantos deles vão atender ao pedido) também peço ajuda a todos vocês que estão lendo isso. Aos que puderem e tiverem interesse, peço que por favor ajudem a divulgar essa série que vamos começar para amigos, conhecidos e etc que tenham interesse em assistir (ou que vocês tenham interesse que assistam, minha namorada será a primeira a receber um email).

A série não começa hoje, só quinta, mas já queria deixar avisado pra vocês saberem que a gente não abandonou o blog e que quinta feira a gente vai começar a série nova com tudo. Além disso, já deixo avisado a data de inicio pra quem puder ajudar a divulgação. Espero que mais gente comece a acompanhar o futebol americano com isso. Também é uma boa oportunidade pros que liam o blog por causa da parte de basquete, pra achar um outro esporte para acompanhar nessa greve que só deus sabe quando acaba (meu palpite, infelizmente, é perder boa parte da temporada na melhor das hipóteses), porque um esporte é muito melhor aproveitado quando se conhece não só as regras, mas o funcionamento.

Bom, por hoje é isso. Amanhã temos Tim Tebow e quinta feira temos o começo da nossa série. Por favor (eu raramente peço coisas além de empregos e doações!) ajudem com a divulgação da série se puderem. Abraço e obrigado a todos.

Até amanhã!

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Um apanhado do resto da Free Agency

Vontae Leach pode ser gordo, mas a conta bancária dele é muuuito mais



Sinto muito pela demora em postar, as coisas estão corridas e os textos infelizmente não estão saindo com a rapidez que a gente queria. Mas pelo menos a gente continua por aqui quando conseguimos, não desistam da gente!

Desde o final do lockout da NFL (ou melhor, desde que eu voltei de viagem), a gente já falou de muitas coisas. Analisamos o Draft dos 32 times da Liga por divisão, comentamos sobre as diferenças entre os lockouts da NFL e da NBA e dissemos porque o da NBA não deve ser resolvido tão cedo. Também falamos muito da Free Agency, comentamos sobre como o Eagles montou um excelente time, dissemos que o Patriots, melhor time da NFL, apostou em veteranos com algum risco mas com alta recompensa em caso de sucesso para complementar os jovens jogadores do time e tentar cobrir suas falhas. Comentamos a contratação de seis Free Agents em dois posts separados (Parte I e Parte II) e também falamos dos caminhos opostos tomados por Seahawks e Cardinals, esse último acompanhado de uma análise da famosa troca pelo Kevin Kolb. Agora ficamos apenas com contratações menores, jogadas de menor importância sobre as quais que eu não acho que valha a pena ficar falando muito ou dedicando posts inteiros a elas. Por isso, esse post vai ser pra falar rapidamente (juro, vai ser curto!) de alguns times que até podem ser citados de passagem, mas não merecem mais do que isso. Felizmente esse período complicado por aqui coincide com o período antes da NFL e sem NBA, então é realmente uma época meio parada (Eu sei que tem pré-temporada, mas a pré-temporada é pros técnicos observarem seus times e seus jogadores, tem muito pouca coisa que realmente se pode extrair desses jogos). Mais pra frente vamos voltar com algumas novidades, temos programado um especial pro Blog, o Celo pediu pra falar do Pré-Olimpico de basquete e quando chegar a NFL devemos voltar a intensificar a coisa por aqui. Mas por enquanto, fiquem com...


Os que tem motivos para comemorar

Baltimore Ravens
O Ravens ainda tem vários problemas - falta um RT, já que o time não queria mais o Jared Gaither - e a principal chance do Ravens ser campeão depende do Joe Flacco aumentar o nível do seu jogo, especialmente nos playoffs. Ou seja, o Ravens vai precisar dar esse salto de dentro pra fora. Ainda assim, o Ravens teve um sucesso moderado nessa Offseason: Reassinou seu Free Agent mais importante no Chris Carr, trouxe de volta Free Agents relativamente importantes em Tom Zbikowski Marshall Yanda e Bernard Pollack, e assinaram dois Free Agents interessantes no Ricky Williams, pra ser o reserva do Ray Rice, e principalmente no Vontae Leach (que vai ganhar um contrato kajilhonário). O Leach foi o melhor FB da Liga em 2010 e uma das causas da temporada absurda do Arian Foster, e agora vai ocupar a função que já foi do Lorenzo Neal nesse ataque de Baltimore, o que vai ajudar a intenção do técnico de jogar mais pelo chão com o Rice. Uma adição cara, mas extremamente valiosa.

O time também perdeu alguns alvos que já foram importantes - Derrick Mason, Todd Heap - mas nenhum deles realmente estava contribuindo muito. Esse é um time que deveria ter ido atrás do Steve Breaston, mas conseguiu o Lee Evans do Bills no final das contas, via troca. Pra quem não lembra - todo mundo que não tinha ele no Fantasy - ele foi o WR do Bills que teve três TDs numa única partida em 2010 contra esse mesmo Ravens. Ele nunca deu muito certo em Buffalo (também, quem conseguiria?) mas tem a chance de dar um rebound na carreira e ajudar um veterano Anquan Boldin (Sem falar que o time pegou o Torrey Smith no Draft). O Breaston seria melhor do que ele, mas já é melhor do que o Mason atualmente. O Heap não vai fazer tanta falta, agora os TEs mais jovens do elenco como Ed Dickson e Denis Pitta vão poder tomar conta - como já deveriam ter feito ano passado.


Kansas City Chiefs
Vai ser difícil o Chiefs repetir a temporada 2010 que teve, o time talvez tenha chegado mais longe do que deveria. Mas não foi por isso que o time deixou de trazer jogadores importantes, ambos citados no time acima: Jared Gaither e Steve Breaston, além do LeRon McClain. O Chiefs sabe que chegou mais longe do que deveria, mas também sabe que a divisão tem como melhor time os pouco-confiáveis Chargers e que uma vaga pode acabar sobrando pro time. Por isso foi atrás de jogadores que fossem adicionar ao time, especialmente ao ataque. Gaither é problemático mas é um bom OT, e não só ele protege o QB bem como também é forte no jogo terrestre. A grande força do Chiefs foi a dupla de RBs e adicionar um bom RT e um dos melhores FBs da Liga só vai adicionar a essa força. E mesmo deixando claro que a intenção do time é continuar levando o ataque nas costas do jogo terrestre, o time teve o bom senso de pegar um excelente WR pra fazer par com o Dwayne Bowe. O Matt Cassell tem se desenvolvido num bom QB, mas com um alvo só esse ataque fica extremamente dependente do jogo terrestre. Um outro bom alvo - aliado ao promissor Tony Moeaki e ao excelente grupo de RBs - já vai fazer maravilhas pelo ataque aéreo do Chiefs. E acreditem, o time precisa disso.


Carolina Panthers
Não, vocês não estão sonhando, o Carolina Panthers se deu bem nessa Free Agency. Eu já bati aqui na tecla de que o Panthers não é um time tão ruim como pareceu em 2010, o time só teve muitos problemas e tem fraqueza demais em áreas chaves (leia-se QB). O time tem um núcleo muito jovem e talentoso, e o Panthers fez o excelente trabalho (que muitas vezes passa batido) de segurar esse núcleo jovem: Renovou com o ótimo DE Charles Johnson, trouxe de volta o DeAngelo Williams e assinou um contrato longo com o sensacional LB Jon Beason. Segurou jogadores menores (James Anderson é um bom jogador e liderou o time em tackles em 2010) e trouxe alguns bons FAs (Ron Edwards, Jeremy Shockey antes do lockout e especialmente o bom TE Greg Olsen), mas o que realmente fez o Panthers se destacar foi a forma como manteve os jogadores talentosos que formam o núcleo do time para o futuro - Para uma franquia em reconstrução, isso é de extrema importancia.


Os que ainda não sabem se ganharam ou perderam

San Francisco 49ers
É difícil um time que não sabe muito bem que caminho tomar (E nem em que caminho está) conseguir acertar nesses momentos complicados, como uma Free Agency totalmente maluca que nem essa. Acho que a unica certeza do Niners agora é que eles finalmente conseguiram um bom técnico pra começar a recolocar o time no caminho certo. O Niners apostou no Draft e no bom núcleo que o time conseguiu pra ir pra frente. Mas isso não quer dizer que o time não tenha conseguido bons jogadores. O time resolveu uma das maiores carências que tinha ao trazer o Center Pro Bowler Jonathan Goodwin do Saints (Pra quem não lembra, o 49ers perdeu dois jogos porque o C antigo cometeu dois touchbacks fazendo snaps por cima da cabeça do QB), adicionou um bom WR no Braylon Edwards pra melhorar o estagnado ataque aéreo do time e reforçou em muito sua secundária (Outra área carente) com o CB Carlos Rodgers e os Safetys Madieu Williams e Donte Whitner.

Mas por outro lado, o time viu a principal força da sua equipe - a defesa - perder QUATRO titulares: O CB Nate Clements, os LBs Takeo Spikes e Manny Lawson e o NT Aubrayo Franklin. Enquanto o Spikes e o Lawson não devem fazer tanta falta (O time tem substituto pro primeiro e o Lawson era muito problemático em relação ao que produzia), o Clements e especialmente o Franklin vão fazer muita falta. O Clements teve um 2010 fraco mas ainda era o melhor CB do time, e o Rodgers jogaria melhor do lado oposto a ele ao invés de jogar com o Shawnte Spencer (que joga melhor de nickel). O time reforçou muito bem o ataque e adicionou profundidade à secundária, mas perdeu muitos jogadores da sua defesa e, talvez, o segundo jogador mais importante dela no Franklin. Dependendo de como o 49ers repuser esses jogadores, a Free Agency pode ter sido boa ou ruim pro time.


Jacksonville Jaguars
O time Draftou muito bem e tem um grupo muito jovem e promissor pra acompanhar o calouro Blaine Gabbert. O time está conseguindo manter esse grupo - perdeu o Mike Sims-Walker, mas acho que ninguém por lá está infeliz de vê-lo pelas costas - e tratou de ir atrás de alguns jogadores jovens que ficaram livres graças ao novo CBA - ou seja, jogadores de quartas ou quintas temporadas, normalmente Free Agents restritos. Nesses caso foram o SS Dawan Landry, o ILB Paul Posluszny e o OLB Clint Sessions (Landry está indo pra sexta temporada, os outros indo pra quinta). Todos são jogadores com talento, que tiveram boas temporadas e eram titulares em times de playoffs (Tirando o Paul, que jogava no Bills). Sem dúvida o Jaguars reforçou seu elenco e adicionou ainda mais valor ao seu grupo. O problema aqui é que como o Jaguars não é exatamente o time mais atraente do mundo, eles acabaram pagando para esses jogadores contratos enormes, muito acima do que eles deveriam ganhar. Todos são bons jogadores, já disse, mas nenhum deles está entre os melhores da posição e estão ganhando como se fossem. Pra um time que daqui a pouco vai ter que começar a reassinar seus Free Agents e contratar os jogadores para fechar o elenco, essa manobra salarial ousada pode voltar pra assombrar daqui a uns anos.


Os times que saíram perdendo, seja mais ou seja menos


Chicago Bears
O Chicago Bears foi o rei dos times overachieving na temporada 2010, chegando até a final de conferência onde perderam para o Packers. O time não era ruim, era até bom, mas nem de longe tão bom assim. Um QB talentoso mas nem um pouco confiável, um grupo de WRs muito jovem, imaturo, com características repetidas, uma secundária questionável e uma linha ofensiva muito fraca acabaram sendo levadas nas costas por uma excelente defesa e uma linha de frente absolutamente sensacional (além de um ótimo ano do Matt Forte). O Bears precisava fazer as coisas bem feitas nessa offseason pra sonhar com uma final de conferência de novo, mas o time fez quase tudo errado.

Primeiro de tudo, deixou o seu melhor jogador da linha ofensiva, o Center Ex-Pro Bowl Olin Kreutz ir embora na Free Agency porque o time estava gastando demais e queria pagar menos por ele, e dai substituiu por outro C muito mais fraco que vai custar 500 mil a menos apenas. Depois não reassinou seu WR mais promissor (Devin Aromashodu) e trocou seu melhor recebedor (Greg Olsen) para pegar em troca Roy Williams e Marion Barber (Sem falar que o time apostou no Vernon Goldshon, um dos piores top10 draft picks dos últimos anos). Ou seja, o time acabou ficando sem NENHUM recebedor acima da média pra jogar com um QB não-confiável, enfraqueceu a já horrível linha defensiva e está contando com Roy Williams (que nos últimos dois anos jogou num ataque bem melhor e mesmo assim não fez nada) e Marion Barber (Um RB explosivo e forte que perdeu boa parte da sua força e explosão e que, embora ainda possa funcionar com um RB de curtas distâncias, está jogando no time com o ginásio de PIOR GRAMADO para esse tipo de jogada) pra se recuperar. Qual a chance disso dar certo?


New York Giants
O Giants, que joga na divisão do chamativo Eagles, está comemorando o fato de não chamar atenção da imprensa e estar, nas próprias palavras do elenco, "flying under the radar" (Tradução livre "Voando sob o radar", quando um time está indo bem mas sem chamar atenção). O time teve um Draft que eu gostei muito, tem um bom elenco, uma boa defesa e um time bem montado. Tem alguns problemas de consistência e atitude, mas o elenco é bom. Mas o Giants saiu da Free Agent sem nenhum reforço de peso (Mas com aquele famoso C do 49ers, o David Bass, que fez os dois snaps por cima do QB) e ainda perdeu dois dos seus alvos mais importantes, o líder em recepções Steve Smith e a válvula de escape Kevin Boss, sem adicionar nenhum recebedor melhor que o Michael Clayton. Pra um time que tinha um ataque funcional, mas sem ser ótimo, perder dois jogadores tão importantes assim faz uma grande diferença. Talvez o Giants não tenha tanto a comemorar assim.


Minnesota Vikings
Não vou nem comentar o fato do time ter perdido o Sidney Rice. Mas pense no seguinte: O Vikings acabou de ficar sete anos mais novo na posição de QB contratando um cara de 34 anos. Isso é tudo, Meritíssimo.