Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Preview NFL 2013 - Green Bay Packers

Um bom resumo de como acabou a temporada do Packers



Para saber do que estamos falando aqui e dessas estatísticas, recomendo a leitura desse post antes
Se quiser opinioes e analises sobre o Draft, voces podem ler o Running Diary da primeira rodada ou o manual de como avaliar um Draft na NFL


Depois de terminar a série de previews da AFC East, os previews da NFC East e também os previews da AFC North a para a temporada 2013 da NFL, novamente vamos para a NFC para falar daquela que promete ser uma das duas melhores divisões da NFL, a NFC North. Se você não tem ideia do que estou falando, recomendo que leia esse post introdutório. Btw, a falta de crases nesse texto é porque esse teclado não tem crase, então não reparem, ok?

Green Bay Packers

2012 Record: 11-5
Ataque ajustado: 3rd
Defesa ajustada: 8th


Começando a NFC North logo por um candidato ao título, o Packers é o exato oposto do último time que falamos, o Cleveland Browns. Desde a mesma temporada 1999 que o Browns chegou a NFL, o Packers teve exatamente duas temporadas abaixo de 50% de aproveitamento, em 2005 e 2008 (essa em particular foi uma temporada 6-10 com um Pythagorean Expectations de 9-7, so... Yeah). Nesse mesmo perído, a equipe venceu a divisão seis vezes, foi aos playoffs em nove ocasiões, e ganhou um Super Bowl em 2010. Desde que trocou um dos maiores QBs da história pelo seu reserva, a equipe ganhou a divisão duas vezes em cinco anos, foi aos playoffs em quatro e ganhou em média quase 11 jogos por temporada, incluindo um 15-1 em 2011. Nesse período, sua única temporada sem playoffs foi o 6-10 logo que trocou o quarterback, e o time não foi nem de longe tão ruim assim quando analisamos os fatores envolvidos (lembro de ter apostado ao final da temporada com um amigo que o Packers ganhava 10 ou mais jogos na temporada seguinte. Quem disse que saber tudo isso não vale a pena?). E embora é claro que ter durante esse período dois dos melhores quarterbacks de suas respectivas gerações (primeiro Brett Favre, depois Aaron Rodgers) fez muita diferença, mas o fato é que se o Browns é o modelo de time consistentemente ruim, o Packers é o exemplo do time que se mantem consistentemente no topo.

Embora tenha muita coisa em comum que fez do período Favre e do período Rodgers um sucesso em campo, vamos nos focar especialmente no segundo, que tem mais interesse no momento. Desde que Rodgers assumiu o comando do time em 2008, o ataque da equipe terminou a temporada em 11th, 5th, 7th, 1st, 3rd, vencendo o Super Bowl em 2010 e terminando 15-1 na temporada regular de 2011. Ano passado, a equipe terminou 11-5, teve o terceiro melhor ataque da Liga, e quinto em eficiência (per Football Outsiders). Então não é como se o Packers fosse um time de passado glorioso que estivesse se mantendo bem aqui e ali: no passado recente, apenas o Patriots tem sido um time mais consistentemente dominante que a equipe de Green Bay, e é um dos grandes favoritos para o título de 2013 mesmo numa NFC ridiculamente forte.

A primeira coisa que chama a atenção no Packers dos últimos anos - e desde sempre, na verdade, mas vamos focar nos últimos anos - é seu ataque ultra-poderoso que conta com aquele que (para mim) é o melhor QB da atualidade, Aaron Rodgers. Desde que Rodgers assumiu o controle do time do lend ário Favre em 2008, eis as colocações finais ajustadas do ataque da equipe na NFL, com a colocação final do ataque aéreo entre parênteses: 11th (10th), 5th (9th), 7th (5th), 1st (1st), 3rd (3rd). E embora eu seja um grande pregador das estatísticas ajustadas, também é interessante notar que desde 2008, o ataque de Green Bay nunca terminou fora do Top10 em pontos anotados e só uma vez fora do Top5 - ironicamente em 2010, quando ganharam o Super Bowl. Então é isso que o Packers é para começar, uma potência ofensiva liderada por um grande ataque aéreo. E embora tenha mais do que só isso, é um bom ponto para começar essa análise.

Hoje em dia, é impossível falar de um grande ataque sem falar de um grande quarterback. E embora a discussão sobre o Draft de 2005 vá ficar para outra ocasião (no caso, quando falarmos do Chiefs), o fato é que Aaron Rodgers foi de certa forma um outlier entre grandes QBs da NFL. Enquanto jogadores como Andrew Luck, Cam Newton, Peyton Manning e afins são draftados por times ruins que possuem as escolhas mais altas do Draft, Rodgers foi draftado no final da primeira rodada por um time de playoff que já tinha um Franchise QB velho e não procurava um substituto imediato, e sim um projeto para o futuro. Isso significa que mesmo sendo um dos melhores jogadores de sua classe, ele não precisou entrar logo de cara e enfrentar os melhores jogadores do mundo. Ao contrário, passou três anos na reserva de Favre, aperfeiçoando seu jogo, dominando um playbook e um esquema de jogo que permaneceu constante durante todo esse tempo antes de precisar entrar e jogar com um grupo já montado e um time de playoffs só esperando um QB novo. Então quando entrou para ser titular pela primeira vez, Rodgers não precisou se adaptar a NFL na raça como boa parte dos melhores prospects, ele já estava totalmente pronto e polido para assumir a função, com bom entrosamento com seus recebedores e um excelente grupo de coadjuvantes ao seu redor.

E quando finalmente seu time decidiu trocar Favre e deixar Rodgers assumir o time antes que ele virasse Free Agent e saísse para outro time, ele logo assumiu um excelente time e substituiu a altura um futuro Hall of Famer. Na sua temporada de estréia, Rodgers teve o oitavo melhor QBR da Liga e, apesar de um 6-10 (que rendeu a eles Clay Matthews e BJ Raji no Draft, btw), o Packers teve um sólido ataque e um PE de 9-7 (absurdos 1-7 em jogos decididos por uma posse de bola atrapalharam). Desde então, 11, 10, 15 e 11 vitórias, quatro aparições nos playoffs, um MVP e um Super Bowl MVP. E talvez mais importante para 2013, Rodgers tem sido o melhor QB da NFL nos últimos dois anos. Em 2011, foi o MVP com 68.3% de passes completos, 4683 jardas, 45 TDs e 6 interceptações... Em apenas 15 jogos. Ele liderou a Liga em QBR, rating (uma estatística que eu odeio, mas enfim), jardas por tentativa (9.2) e nas estatísticas ajustadas do Football Outsiders, faturando o MVP e terminando 14-1 como titular. Na temporada passada, ele não foi tão dominante e perdeu sua vaga no All-Pro para Peyton Manning (segundo também na votação pra MVP)... Mas olha só isso:

Manning: 400/583, 68.3%, 4659 jardas, 37 TDs, 11 INTs, 8 jardas por passe (Y/A)
Rodgers: 371/553, 67.2%, 4295 jardas, 39 TDs, 8 INTs, 7.9 Y/A

Mais perto do que você lembrava, não é? Manning tem números um pouco melhores, mas isso é antes de fatorar que Manning enfrentou o segundo calendário mais fácil da NFL inteira (na pior divisão da Liga) e Rodgers enfrentou o oitavo mais difícil (e a mais forte divisão), e que Rodgers é um dos melhores QBs correndo com a bola da NFL, totalizando 280 jardas em 41 tentativas com dois TDs (enquanto Manning não consegue correr para salvar a própria pele). Junte tudo isso e, embora Manning tenha chamado mais a atenção e Rodgers tenha regredido um pouco de seu 2011 absurdo, o fato é que o camisa 12 foi tão produtivo quanto Manning em 2012, se não foi mais. E quando você tem o melhor QB da NFL nos últimos dois anos, e ele tem apenas 29 anos numa época onde os jogadores da posição estão durando cada vez mais... Sim, é um sinal muito forte de que seu time irá continuar sendo um forte concorrente ao título por anos a fio.

E embora ter um grande QB com certeza ajude muito em ter um ataque tão bom assim, é sempre importante ter um bom grupo ao redor desse quarterback para ajudá-lo (um dos motivos pelos quais eu admirei tanto a temporada 2012 de Luck: ele não tinha ninguém além de Reggie Wayne). E o Packers sempre fez um bom trabalho colocando talentos ao redor do seu melhor jogador: quando assumiu a função, Rodgers tinha Donald Driver, Greg Jennings, Jordy Nelson e a dupla de TEs Jermichael Finley e Donald Lee ao seu redor, além de uma boa linha ofensiva. Conforme alguns jogadores (Driver e Lee, principalmente) foram perdendo efetividade com idade e lesões, a equipe conseguiu substituí-los muito bem em parte porque poucos times são melhores que Green Bay achando esses WRs explosivos no meio do Draft: Jordy Nelson (final da segunda rodada) e James Jones (3rd round) já estavam no elenco quando Rodgers assumiu mas foram ganhando espaço conforme foram evoluindo, Finley também chegou em 2008 (terceira rodada) e assumiu a titularidade um ano depois, e até sua mais nova adição que já teve grande impacto temporada passada, Randall Cobb (final de segunda rodada). Nenhum deles tinha um pedigree de elite, mas todos tinham características que se encaixavam bem nesse esquema e o time sempre teve fez um bom trabalho desenvolvendo-os, e essa capacidade da equipe sempre foi muito importante na hora de oferecer boas opções de ajuda a Aaron Rodgers.

O resto do ataque é um pouco mais complicado na ajuda que oferecem ao camisa 12. O principal problema do Packers, ofensivamente pelo menos, é sua linha ofensiva. Ainda que boa quando a equipe trocou de QBs, idade e principalmente muitas lesões varreram um pouco desse talento, e ao contrário do que aconteceu com WRs, a franquia não tem conseguido achar bons valores para compensar e substituir os bons jogadores que foram perdendo. Usando as estatísticas do Football Ousiders (para proteção em jogadas passe), podemos observar melhor esse declínio: Em 2010, o Packers teve a 12th pior linha ofensiva da NFL. Em 2011, esse número caiu para 10th pior da Liga. E por fim, em 2012 esse número despencou de vez, com a equipe tendo a segunda pior OL na frente apenas da unidade do Chargers. Esses problemas são um pouco escondidos pelas características de Rodgers: em toda a NFL, apenas Ben Roethlisberger é tão bom quanto ele saindo do pocket, improvisando, tomando boas decisões em velocidade e fazendo passes longos em movimento, uma habilidade que é extremamente importante porque parece que ele sempre está tendo que sair do pocket para fugir da defesa e fazer algo em alta velocidade. Então ainda que essas habilidades ajudem um pouco a esconder esse buraco que é a linha ofensiva da equipe, ainda é um problema grave que afeta demais a eficiência da equipe. Eu particularmente lembro de assistir Packers e Giants em 2011 num aeroporto no Panamá (na temporada que o Packers terminou 15-1) onde Green Bay foi esmagado simplesmente porque sua linha ofensiva era derrubada em toda jogada até o ponto em que Aaron Rodgers não conseguia mais começar jogadas olhando para a secundária adversária porque tinha o tempo todo que olhar para sua própria linha com medo da pressão. Em 2013 a expectativa é que a história seja diferente, pois o time perdeu Bryan Bulaga no final da temporada e Derek Sherrod perdeu a temporada inteira e dificilmente repetirão tanto azar de uma vez só, então isso é um ponto positivo para o Packers. Mas considerando que Sherrod só teve cinco jogos na carreira e Bulaga não tem também exatamente um histórico de saúde e eficiência entre os profissionais (e ainda jogou 12 jogos em 2012), ainda existe uma grande incógnita na linha ofensiva, e o Packers não fez muitos movimentos na direção de adicionar profundidade ou novos talentos a esse grupo.

Outro ponto de interesse é o jogo terrestre da equipe. Quando a mudança de QBs ocorreu em 2008, Ryan Grant era o RB da equipe e ele carregava um jogo terrestre poderoso, 2nd overall da Liga em 2009 e em geral se mantendo no Top10 da NFL nesse quesito (sim, isso inclui os scrambles de Rodgers). Mas esses números cairam junto com Grant, e ano passado o Packers teve o 13th melhor ataque terrestre apenas: não uma colocação ruim, mas com números (-0,8%) abaixo do "normal" da NFL mesmo incluindo ai um dos melhores QBs correndo com a bola da Liga. Um dos motivos disso, claro, é a já criticada linha ofensiva, oitava pior de 2012 em jogadas de corrida. Ainda que a equipe não tenha se movimentado na direção de reforçar sua linha, a equipe usou uma escolha de segunda rodada no RB Eddie Lacy. Enquanto isso deva reforçar um pouco o ataque pelo chão, dificilmente vai ser um upgrade considerável sem uma melhora na linha ofensiva, mas não deixa de ser uma perspectiva para tirar um pouco de pressão das costas de seu QB recém-milionário.

A única mudança considerável nesse ataque do ano passado para este, e que levanta algumas perguntas, é a saída de Greg Jennings, que pulou a cerca e foi para o rival de divisão Vikings. Jennings foi o principal alvo da equipe desde antes de Favre ir para o Jets, um jogador extremamente rápido e explosivo que teve três temporadas seguidas com mais de 1000 jardas aéreas entre 2008 e 2010 (com 1200 de média) e foi o principal alvo de Rodgers durante esse tempo, o jogador com quem ele tinha mais entrosamento e a arma mais perigosa da equipe, liderando a equipe em jardas aéreas entre esse período e perdendo o "título" para Nelson em 2011 em vidrtude de ter perdido três jogos com lesões. Depois de um 2012 infeliz e conturbado, no qual brigou com a diretoria e perdeu metade do ano machucado, Jennings se mandou e agora existe dúvidas sobre o efeito disso no ataque de Green Bay. E a resposta é que, ainda que perder um dos 10 melhores WRs da NFL entre 2008 e 2011 vá tirar potencial e explosão desse ataque, o Packers já estava se movendo na direção de substituí-lo desde o ano passado (quando os problemas com o jogador ficaram mais expostos). Mike McCarthy já usou muito mais snaps com Cobb essa temporada e principalmente com o trio Cobb-Nelson-Jones sem Jennings, um grupo que funcionou muito bem e que deve ser a base ofensiva de 2013. E embora a queda de produtividade ofensiva entre 2011 e 2012 possa ser amplamente atribuída a uma regressão natural de níveis historicamente bons, o fato é que o ataque aéreo do time foi mais produtivo em 2013 (DVOA de 40,6%) quando Jennings perde oito jogos e foi limitado por McCarthy em outros três do que em 2010 (29,4%), quando Jennings estava saudável mas Jones, Nelson e Cobb ainda não tinham emergido como as ameaças que são hoje. Então sim, um Greg Jennins saudável certamente da uma deep threat muito valiosa e aumentaria o potencial desse ataque mais um nível, mas o Packers fez um excelente trabalho adquirindo novos valores na posição nesse meio tempo para substituir uma eventual saída de seu principal WR, e eu não acredito que vá ser essa saída que vá desacelerar o ataque do Packers.

Uma outra área da equipe que não tem foi ruim, mas que tem mostrado uma evolução negativa desde que Rodgers assumiu é a defesa. Nos dois primeiros anos, a defesa terminou em 12th e 2nd lugar na NFL, e foi teve um papel no time campeão de 2010 muito maior do que ganhou crédito, terminando novamente a temporada regular como a segunda melhor defesa e com sua secundária jogando de forma alucinada durante a pós-temporada. O ataque assumiu o papel principal da equipe em algum lugar nos anos 90, mas o equilíbrio entre ataque e defesa foi o segredinho daquele time campeão do Super Bowl.

E aqui chegamos ao que pode ter várias explicações: em 2011, a defesa despencou 23 posições para ser a oitava pior da NFL antes de se recuperar a terminar 2012 como a oitava melhor da competição. E não é como se fosse apenas uma diferença em uma área específica, já que a defesa aérea subiu de 24th melhor para 7th melhor e a defesa terrestre subiu da quarta pior para 14th melhor em 2012. E o que é pior, a equipe fez isso praticamente mantendo a mesma base titular de um ano a outro: BJ Raji, Erik Walden, Clay Matthews, Ryan Pickett, Trammon Williams, Charles Woodson, AJ Hawk e Morgan Burnett. Na verdade, a defesa de 2011 em teoria esteve ainda mais saudável, já que Desmond Bishop se machucou antes da temporada começar e perdeu o ano, sem falar nas lesões de Sam Shields, Woodson e Nick Perry ao longo do ano. A adição do dinâmico CB Casey Heyward (6 interceptações em 2012, o que grita "REGRESSÃO" e "Devin McCourty!") com certeza ajudou, mas no papel não existe nada explicando essa drástica mudança de performance. Sendo assim, o mais racional seria imaginar que uma dessas duas temporadas foi um outlier, que provavelmente foi a temporada de 2011.

Mas antes de concluir que a defesa deve voltar a ser elite em em 2013, também existe o fato de que boa parte da base daquelas ótimas defesas de 2009 e 2010 está envelhecendo ou saindo da equipe, em especial Charles Woodson. Woodson teve um papel crucial nas defesas de Don Capers por executar uma função híbrida extremamente difícil, na qual ele jogava como um nickel corner próximo da linha de scrimage e usava sua extrema agilidade de raciocínio para executar uma função híbrida de SS e CB, tanto protegendo contra o passe como atacando a linha no caso de uma corrida ou passe lateral, o que dava a equipe uma flexibilidade única. Essa função de Woodson foi a base para as defesas de Green Bay por um bom tempo, e provavelmente não existe nenhum outro CB na NFL hoje capaz de executá-la em termos de velocidade de raciocínio, reconhecimento sobre-humano de jogadas e versatilidade para enfrentar jogadores maiores na linha E acompanhar jogadores mais rápidos nas rotas. A saída ou envelhecimento de alguns veteranos, em especial Woodson, devem deixar um buraco nessa defesa que não será tão simples de cobrir, apesar do talento em mãos. Junte isso a uma certa dificuldade do time em achar ouro com suas escolhas defensivas nos últimos anos (especialmente no topo do Draft) e, embora  possivelmente 2011 seja de fato o outlier nas últimas temporadas, é fácil imaginar que esse 8th overall sofra uma pequena regressão ou queda nas próximas temporadas.

A diretoria da equipe sabe disso, e usou mais uma escolha de primeira rodada em um defensor, Datone Jones. Isso mostra que não só o Packers está ciente disso, da necessidade de reforços na defesa e ciente de que enquanto Rodgers estiver no comando seu ataque estará bem, mas também provavelmente estão muito preocupados com o que viram na partida contra o 49ers nos playoffs, quando o ataque de San Francisco eviscerou sua defesa ao ponto de que o VT dessa partida foi proibido para menores de 18 anos. E tendo passado 12 previews enfatizando a necessidade de ter calma e não entrar em pânico sobre um jogo apenas, amostras pequenas e playoffs em geral, quero deixar claro que a questão para o Packers é menos o resultado e os números e mais o fato de que o Niners explorou ao máximo a grande fraqueza da equipe: o Packers é muito lento na linha de scrimage. A equipe tem bastante força física no interior da linha e uma secundária muito completa, mas sua linha defensiva é pesada demais e os LBs não conseguem acompanhar jogadores mais rápidos saindo do backfield. Claro que o fato do time estar desacostumado ao option do 49ers foi um fator importante, bem como o fato de que o Niners parou de usar as jogadas de option pelas últimas três semanas da temporada regular para tirar as jogadas dos vídeos que o Packers iria analisar e pegar os adversários desprevenidos (a lição, como sempre: Jim Harbaugh é um gênio). Mas a sacada de Harbaugh foi que naquele jogo os únicos jogadores defensivos capazes de acompanhar Colin Kaepernick saindo em velocidade do option eram os que jogavam na sua própria defesa, e com absoluta certeza foi esse o motivo que levou o Packers a pegar um DE atlético como Jones.

De certa forma, para uma temporada inteira, times como o Packers oferecem poucos mistérios. Eles possuem o melhor QB da NFL (pelo menos para mim) e isso é suficiente para colocar seu ataque entre os melhores da NFL ano após ano após ano, e considerando o retorno de Bulaga e Sherrod (apesar de todas as dúvidas quanto aos dois) e a chegada de Lacy, a expectativa é que o ataque seja ainda mais completo na temporada que vem. A defesa deve regredir um pouco (embora não para 8th pior, naturalmente) em parte porque a saída de Woodson deixa o time com apenas um jogador capaz de comandar atenção extra das defesas, Clay Matthews, e enquanto um segundo defensor não emergir como um playmaker capaz de forçar ajustes essa defesa fica um pouco previsível demais. Mas a profundidade na secundária é impressionante o suficiente para manter a defesa sólida em 2013, e somando isso a Aaron Rodgers, podem esperar de novo 11 ou 12 vitórias da equipe e o título da divisão. 

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Preview NFL 2013 - Cleveland Browns

O melhor vídeo ou comercial da história do Cleveland Browns



Para saber do que estamos falando aqui e dessas estatísticas, recomendo a leitura desse post antes
Se quiser opinioes e analises sobre o Draft, voces podem ler o Running Diary da primeira rodada ou o manual de como avaliar um Draft na NFL


Depois de terminar a série de previews da AFC East e os previews da NFC East para a temporada 2013 da NFL, falamos da AFC North com Baltimore Ravens, seu maior rival Pittsburgh Steelers, e o jovem up-and-comer Cincinnati BengalsAgora vamos terminar a divisão falando do patinho feio, o Cleveland Browns. Se você não tem ideia do que estou falando, recomendo que leia esse post introdutório. Btw, a falta de crases nesse texto é porque esse teclado não tem crase, então não reparem, ok?

Cleveland Browns

2012 Record: 5-11
Ataque ajustado: 27th
Defesa ajustada: 22nd


O Cleveland Browns é um daqueles times que é fácil fazer piada, especialmente por ser o patinho feio em uma divisão que acumula três títulos de Super Bowl nos últimos 10 anos e coloca em média dois times nos playoffs por temporada. O atual Cleveland Browns (o antigo mudou para Baltimore em 1996, draftou Jonathan Ogden e Ray Lewis com suas duas primeiras picks na nova cidade e ganhou dois Super Bowls desde então. Torcedores do Browns agora vão colocar fogo em si mesmos), desde que entrou na NFL em 1999, nunca ganhou um título de divisão, teve apenas duas temporadas acima de 50% de aproveitamento e foi aos playoffs apenas uma vez nesses catorze anos. Na verdade, desde que as divisões se realinharam em 2002 para formar as oito que conhecemos hoje, o Browns terminou acima da terceira posição na AFC North apenas duas vezes: em 2002, quando terminou em segundo e teve sua única aparição nos playoffs (perdeu na primeira rodada para o Steelers), e em 2007, quando terminou 10-6 (melhor record que teve desde 1999) mas não foi aos playoffs porque perdeu no critério de desempate para o também 10-6 Steelers na divisão e porque o Colts poupou titulares na última rodada contra o Titans, que ganhou o jogo e roubou o último Wild Card do Browns. Não foram exatamente 14 anos divertidos para os torcedores de Cleveland.

Na verdade, fica pior. Desde 2007 e seu milagroso 10-6 record com Derek Anderson de QB, (!!) que ainda foi ao Pro Bowl (!!!!!!!), nenhum técnico do Browns durou mais de dois anos no cargo (na verdade, os três HCs duraram exatamente duas temporadas cada antes de serem mandados embora), e em nenhuma das cinco temporadas seguintes a equipe conseguiu um record melhor do que 5-11 ou um ataque rankeado melhor que o 22nd melhor da NFL. Junte isso a tudo de ruim que o Browns aguentou antes de se mudar para Baltimore - The Fumble, The Drive, Red Right 88 (ironicamente, o TE que iria receber o passe? Ozzie Newsome, GM do Ravens!) - e concluímos que torcedores de Cleveland não tem muitos motivos para estarem felizes com a NFL... ou com a vida. (Se você tem preguiça de ver os vídeos e não sabe o que foram essas três coisas, entre na Wikipedia e coloque o nome que ele acha direto. Vale a pena. É a prova de que não existe time mais amaldiçoado na NFL. Confie em mim.)

Então sim, digamos que a história da franquia - especialmente desde que voltou a NFL - é uma de fracasso e que existe poucos motivos para se sentir otimista para o futuro. Então qualquer coisa de positiva que eu possa apontar aqui pode acabar sendo inútil frente a toda essa maldição e histórico de temporadas ruins e decepcionantes. Mas já que a idéia é fazer uma análise objetiva da temporada 2013 da equipe, vamos fingir que o Browns é uma franquia normal que não foi construída sobre um cemitério indígena, ok?

Apesar de mais uma temporada conturbada em 2012 que terminou com mais um record 5-11 e um técnico demitido, o fato é que o Browns não foi um time tão ruim assim como pareceram e como gostamos de acreditar. Não, é sério, pode parar de dar risada: a equipe terminou 5-11 mas com o Pythagorean Expectations de uma equipe 6-10, em parte porque a equipe acabou 3-5 em jogos decididos por uma posse de bola e porque tiveram o pior técnico da NFL na temporada passada, de longe. Pelo menos duas vezes o Browns entregou chances de manter o jogo próximo ou mesmo na frente no placar pelas decisões malucas do seu HC, e mesmo que o novo técnico da equipe seja uma incógnita, existe um potencial de melhora só por Pat Shurmur não estar mais lá.

Tirando seu Pythagorean Expectation e record em jogos decididos por uma posse de bola, um outro motivo de otimismo para a equipe é a questão das lesões. O Browns foi o sexto time que mais perdeu jogadores importantes por lesões ano passado (e mais quatro jogos sem seu melhor defensor em Joe Haden, suspenso), e embora alguns jogadores tenham mesmo um histórico de contusões (e a franquia como um todo também), em geral é um fator que costuma ser mais ou menos aleatório ano a ano e não devemos esperar que o Browns tenha novamente tanto azar com isso. Então vamos dar uma olhada mais a fundo e ver como Cleveland foi afetado por esses três fatores ao longo da temporada, e o que devemos esperar para mudar em 2013.

Primeiro de tudo, queria deixar claro de que é um mito que o Cleveland não tem talento na sua organização. Na verdade, eles tem muito mais talento do que um 5-11 time deveria ter a esse ponto, e a base para o futuro da franquia já está em estágios avançados de montagem (com uma exceção, mas já chegamos lá). Vamos mostrar que a base está montada dos dois lados da quadra para o futuro e que sim, por incrível que pareça, existe motivos para otimismo em Ohio que não envolvem Lebron voltando em 2014.

A primeira coisa que chama a atenção no Browns - pelo menos no papel - é sua defesa. Antes dessa offseason, a equipe tinha um núcleo formado por três excelentes jogadores: Joe Haden, o melhor cornerback da NFL não chamado Darrelle Revis; Phil Taylor, um DT muito forte que é excelente ocupando bloqueadores; e um dos MLBs mais versáteis da Liga, D'Qwell Jackson. Eles eram os três "keepers" da Franquia, aqueles três jogadores que iam servir de base para a equipe montar sua unidade defensiva. Embora eles precisassem de diversos complementos a esses três - mais importante de tudo, um bom pass rush e reforços na secundária - esses três seriam os mais importantes para o desenvolvimento da equipe. Então considerando que Haden perdeu cinco jogos e Phil Taylor perdeu mais oito (sem falar no resto das muitas lesões que colocaram o time como o sexto mais lesionado de 2012), o fato de que sua defesa esburacada ainda conseguiu ficar em 22nd overall é um ponto positivo. Se não acredita, é só ver que sua defesa se comportou como uma unidade acima da média em 2012 quando Taylor voltou de lesão, terminando com a 18th defesa ponderada da NFL mesmo com todos esses problemas. Então sim, foram mal, mas muitos sinais positivos estão ai no meio.

Então a defesa é realmente o ponto positivo da equipe até agora, e a diretoria com certeza sabe disso. Tanto que, nessa offseason, a equipe dedicou seu Draft quase inteiro e seu enorme espaço salarial a reforçar essa unidade, e fez isso de forma contundente: primeiro, aproveitou de ter a maior folha salarial da NFL para fazer uma oferta irrecusável a Paul Kruger, o emergente OLB de Baltimore que eles sabiam que Newsome não iria igualar. Depois, conseguiram o jogador que eles queriam no Draft em outro pass rusher, Barkevious Mingo, montando assim uma dupla para ir atrás de OLBs que tem potencial para ser uma das melhores da NFL em algum tempo (eles também foram espertos e trouxeram outro OLB mais all-around em Quentin Groves caso Kruger tenha dificuldade em se adaptar a rotina de jogar todas as descidas ou se Mingo precisar de mais tempo de adaptação). E quando a equipe falhou em reforçar a secundária quando sua oferta ao CB Keenan Lewis foi superada pela do Saints, a equipe usou uma escolha de terceira rodada em Leon McFadden (que deve ser titular oposto a Haden e se beneficiar imensamente da presença do seu colega All-Pro fechando metade do campo) e uma de sexta no safety Jamoris Slaughter (que ocupa uma posição de imensa necessidade e um talento de primeira ou segunda rodada se não fossem as lesões recorrentes e um rompimento do tendão de Aquiles que o tirou da temporada passada da NCAA).

(Tangente rápida: Barkevious Mingo e Jamoris Slaughter no mesmo time? Deve ser a melhor classe de força nominal da história do Draft!!)

Então se você está acompanhando, agora o Browns tem um núcleo de defesa com Haden, Jackson e Taylor que foi na média ou um pouco acima dela quando jogaram juntos temporada passada, e que adicionou dois bons pass rushers em Kruger e Mingo e mais dois jogadores que, ainda que jovem e incógnitas, devem ser um upgrade sobre o que quer que a equipe tenha colocado de segundo CB e safety nas últimas temporadas. Ainda que ainda tenham alguns buracos a serem preenchidos com role players e jogadores mais versáteis para complementar os principais, a equipe montou um excelente núcleo de cinco jogadores com características que se complementam muito bem. A defesa terrestre da equipe temporada passada foi ok e deve melhorar com uma temporada inteira de Taylor e seus novos OLBs, e a secundária - um problema maior, 20th overall - vai ser a maior beneficiada da adição de Kruger e Mingo, já que temporada passada a equipe teve trabalho demais indo atrás do QB (conseguiu um bom número de sacks porque jogou contra times que cediam muitos sacks, mas seus números ajustados são medíocres) e mesmo que seja uma unidade com poucos talentos de NFL (pelo menos até vermos como seus calouros vão se comportar) já vai ser muito bom para ela enfrentar quarterbacks com menos tempo para lançar, especialmente se Haden jogar uma temporada inteira. Então para um time cuja menor preocupação é vencer agora e cuja maior é montar uma boa base para um futuro próximo, o Browns tem feito um excelente trabalho juntando playmakers jovens e talentosos na sua defesa. Como eles vão funcionar juntos tem um interesse secundário por ora, mas se esse grupo conseguir ficar mais saudável que ano passado, podem esperar uma defesa sólida e em constante evolução e que deve ser a cara da Franquia pelos próximos anos.

O problema maior da equipe é do lado ofensivo da bola, onde o time teve um atroz 27th overall que, por incrível que pareça, já é uma melhora em relação ao ano anterior (31st overall). O time foi tão ruim pelo ar (27th) como pelo chão (25th) e nem a defesa do Ravens de 2000 ia salvar o pescoço desse grupo, então não é a toa que o Browns foi um time fraco em 2012. E se a franquia tem alguns pontos positivos no seu ataque, ele certamente vem acompanhado de alguns problemas, e o primeiro é esse: o Browns não fez nenhum grande esforço nessa offseason para melhorar seu ataque. Apenas um jogador Draftado - um tackle na sétima rodada - foi do ataque (apesar da 2nd rounder deles ter sido usada em um, mas já chegaremos lá) e o time não usou seu enorme espaço salarial para trazer nenhum jogador que fosse fazer a diferença (especialmente um TE) e ajudar o que tem sido um grupo muito ruim desde 2007. Então mesmo com mais saúde, a expectativa de uma grande mudança para o ataque desse time em 2013 são muito pequenas, mas vamos com calma.

A boa noticia é que, do ponto de vista de montar uma base jovem para o futuro e não para a temporada que vem, o Browns tem três jogadores que podem ser pilares para o futuro. Eles tem o melhor lineman de toda a NFL em Joe Thomas com apenas 28 anos, um RB muito talentoso que foi a 3rd pick overall de 2012 em Trent Richardson, e gastaram sua escolha de segunda rodada desse Draft no Draft Suplemental (explico no final do post, só descer até o fim) de 2011 para pegar o WR Josh Gordon, um talento de primeira rodada com problemas extra-campo mas que se mostrou um excelente jogador em 2012 com 800 jardas e 7 TDs apesar de receber passes de Brandon Weeden. Então talento eles tem, três potenciais bases para o futuro em posições importantes. O que Cleveland colocou ao redor deles que é o problema. Apesar do bom começo de Josh Gordon (suspenso para os dois primeiros jogos de 2013, btw), Cleveland ainda tem necessidade de mais opções no seu corpo de recebedores. A equipe trocou uma escolha tardia de Draft pelo bom e muito underrated Davone Bess, um excelente slot receiver que vai oferecer uma opção mais segura de passe pelo meio que a equipe não tinha, e embora Gordon-Bess seja uma boa dupla junto de uma opção mais explosiva, não é o caso na equipe: sua outra opção de recebedor seria Greg Little, um WR físico que pode funcionar na end zone pelo seu tamanho mas que tem decepcionado até aqui na NFL e tem dificuldade para criar separação dos defensores, e que não tem funcionado atraindo a atenção de quem quer que seja. Isso poderia ser um problema menor caso a equipe contasse com um bom TE capaz de criar missmatches na defesa e forçar ajustes, mas não é o caso: o Browns não tem um bom tight end e nem um TE mediano, apenas um bando de jogadores abaixo da média que nunca ativeram sucesso na Liga. Isso coloca pressão demais nos dois bons recebedores da equipe, torna o ataque muito mais fácil de ser marcado e dificulta demais a vida do QB.

Além disso, tem a linha ofensiva. O grupo é bom pelas pontas e protegendo seu QB, especialmente com Thomas, mas falta profundidade e força no interior dela. Lesões afetaram demais tanto os jogadores da linha como Trent Richardson temporada passada, então leve isso com um grão de sal, mas foi um grupo que teve MUITA dificuldade correndo pelo meio e abrindo caminho na força. Curiosamente, é um time que foi bem no resto (defendendo o QB, bloqueando por zona...) mas cuja incapacidade de abrir caminho no muque pelo miolo da defesa prejudicou demais Richardson e seu ataque em geral. Um pouco mais de saúde e um bom upgrade nos seus guards pode resolver a questão, porque talento existe.

O problema maior, é claro, é a posição de QB - como alias é o caso em quase qualquer time ruim. Brandon Weeden, o QB calouro mais velho da NFL com 29, teve um 2012 muito ruim em termos de eficiência (foi o quarto pior da NFL, na frente apenas de John Skelton, Ryan Lindley e claro... Mark Sanchez). Embora é claro que uma parte disso tenha vindo da incompetência geral do ataque ao seu redor (a falta de um alvo acima da média além de Gordon, a falta de jogo terrestre, etc) o fato é que o calouro não fez nada para nos convencer de que vai ser um jogador de sucesso - ou mesmo um titular sólido - na NFL, e mesmo sendo um calouro, o fato de que ele já tem 30 anos nos faz crer que seu potencial é muito limitado. Então enquanto o Browns não arrumar um QB de verdade para hoje e para o futuro, o Browns não vai dar um salto não importa o quanto o time esteja juntando de talento. Para 2012 o Browns não deve ter um time ao redor do QB pior do que o do Redskins, por exemplo: o time de Cleveland tem uma defesa com mais potencial, uma OL melhor protegendo o QB e pior correndo com a bola, e um corpo de recebedores menos variado mas mais explosivo. Se RG3 jogasse no Browns, estariamos pensando na equipe como um potencial time de playoffs, mas como é Weeden, sabemos que o potencial desse ataque é extremamente limitado. O ponto positivo para o Browns aqui é que o time mandou embora Shurmur, um dos piores técnicos que eu vi em anos de NFL, e trouxe Rob Chudzkinski para seu lugar. Embora Chud... Hmm, embora Rob não tenha exatamente um grande histórico como HC, ele foi o coordenador ofensivo da equipe durante aquela campanha 10-6 em 2007 e que fez Derek Anderson ir para o Pro-Bowl, algo que sozinho deveria colocá-lo no Hall da Fama algum dia, então se você acredita na influência que uma troca de técnico possa ter, a chegada de Rob e de Norv Turner como seu coordenador ofensivo pode ser algo para dar otimismo a essa torcida, ainda que eu duvido demais que Weeden vá ser o QB a colocar esse time de volta nos 50% de aproveitamento.

(O que me faz pensar: e se o Browns tivesse tido cérebro para não pegar Weeden ano passado na primeira rodada, usado essa pick para reforçar a equipe, e depois pego Russell Wilson na 2nd ou 3rd round? Hmm...)

Em resumo, o Browns foi um time 6-10 em Pythagorean Expectations ano passado que melhorou consideravelmente do ano passado para esse: adicionou duas peças muito importantes na defesa e adicionou profundidade na sua secundária, mudou seu técnico (sim, pode ser que Rob seja um fiasco, mas Shurmur com certeza seria um, então...), adicionou mais uma arma ofensiva em Bess e que dificilmente vai ser tão dizimado por lesões como foi ano passado. Então se o Browns deveria ter sido 6-10 temporada passada, seu calendário continua fraco como sempre (20th ano passado, projeta o mesmo para 2013) e o time fez enormes melhorias na sua equipe sem perder nenhum jogador importante (e espera-se que fique mais saudável), não é nenhum absurdo imaginar que o Browns possa terminar algo como 7-9 ou até 8-8 se as coisas derem um pouco mais certo a favor deles e se Weeden realmente der um salto de produtividade com um novo coordenador e um novo técnico no seu segundo ano da Liga. Eu realmente não confio no Browns enquanto eles tiverem Weeden, então não vou além de um 6-10 ou 7-9 nas minhas previsões, o que já está ótimo para uma franquia que tem sido uma piada nos últimos anos e que está montando uma base muito boa para o futuro. Mas não vão brigar por nada até acharem seu QB do futuro em algum lugar fora do seu elenco atual.


Nota explicativa: Draft Suplemental é um segundo Draft que ocorre um mês depois do Draft normal, e é composto de jogadores que se declararam para entrar na NFL depois do prazo limite para o Draft  - geralmente por causa de problemas extra-campo ou de elegibilidade para a NCAA. Cada time oferece escolhas hipotéticas de primeira a sétima rodada pelos jogadores, com a maior oferta por cada um levando o jogador. Se isso acontecer, o time perde a escolha de rodada correspondente no Draft seguinte. Ou seja, Josh Gordon não se declarou para o Draft de 2012 porque queria voltar para a NCAA, teve problemas de elegibilidade por conta de suspensão por uso de maconha e se declarou tardiamente. O Browns foi o time que mais alto ofereceu por ele no Draft Suplemental de 2012, uma escolha de segunda rodada, e por isso perdeu sua escolha de segunda rodada do Draft 2013. 

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Preview NFL 2013 - Cincinnati Bengals


Jerome Simpson não concorda que futebol americano se joga com os pés no chão


Para saber do que estamos falando aqui e dessas estatísticas, recomendo a leitura desse post antes
Se quiser opinioes e analises sobre o Draft, voces podem ler o Running Diary da primeira rodada ou o manual de como avaliar um Draft na NFL


Depois de terminar a série de previews da AFC East e os previews da NFC East para a temporada 2013 da NFL, começamos a falar da AFC North pelo atual campeão, Baltimore Ravens e pelo seu maior rival, o Pittsburgh Steelers. Agora vamos falar de um dos times em ascensão da NFL, o Cincinnati Bengals. Se você não tem ideia do que estou falando, recomendo que leia esse post introdutório. Btw, a falta de crases nesse texto é porque esse teclado não tem crase, então não reparem, ok?

Cincinnati Bengals

2012 Record: 10-6
Ataque ajustado: 17th
Defesa ajustada: 10th


Em uma divisão dominada por mais de uma década pela dupla Baltimore Ravens e Pittsburgh Steelers (5 Super Bowls combinados desde 2000 e quatro desde 2005), o Cincinnati Bengals emergiu nos últimos anos como um dos times mais jovens e interessantes da NFL. Depois de uma campanha de fracasso em 2010 (4-12, mas com Pythagorean Expectation de 6-10), a equipe aproveitou suas duas escolhas mais altas de Draft e tirou uma página do manual do Detroit Lions, passando a chance de pegar um QB com uma pick alta que não merecia (Blaine Gabbert, no caso) para pegar o melhor jogador disponível (AJ Green) e adereçando sua necessidade de um QB futuramente, quando um jogador que eles gostavam - Andy Dalton - esteve disponível na segunda rodada. O Lions fez a mesma coisa em 2007, quando tinham uma escolha Top3 e uma necessidade urgente de um quarterback mas pegaram Calvin Johnson porque não tinha nenhum QB que valesse a pena naquele lugar - um ano depois pegaram Matthew Stafford com a primeira escolha. Deu certo para o Lions e, considerando que os três QBs pegos depois de AJ Green foram Jake Locker, Blaine Gabbert e Christian Ponder, eu diria que deu certo para o Bengals também.

Essa foi a base (junto do TE Jermaine Gresham, draftado um ano antes)  que o Bengals usou para reconstruir seu ataque. Entre 2011 e 2012, o Bengals também trouxe do Patriots o RB Benjarvus Green-Ellis, draftou Mohamad Sanu para fazer par com Green, e basicamente remontou quase todo seu ataque com jogadores jovens que iriam construir, juntos, esse ataque que seria o fator a levar o Bengals para frente. A defesa tinha perdido um jogador importante em Jonathan Joseph e, embora ainda tivesse alguns jogadores interessantes e jovens talentos como Leon Hall e Geno Atkins, a idéia da diretoria era que o ataque voltasse a assumir o papel de destaque que teve nos per íodos que o Bengals foi um time competitivo na divisão (inclusive no título de divisão de 2005).

Não aconteceu. Embora, claro, não de para chamar de forma alguma o plano da diretoria de fracasso: foram apenas dois anos desde que Green e Dalton chegaram a Ohio, e nesses dois anos a equipe foi duas vezes aos playoffs ganhando em média 9,5 jogos por temporada, obviamente um bom começo para essa nova fase da Franquia. O que não aconteceu de acordo com os planos foi o papel que o ataque iria assumir, especialmente em relação a defesa.

Em 2011, o ataque da equipe foi apenas o 17th melhor da temporada, a mesma colocação que teve em 2010. Estranhamente, a defesa também foi a 17th melhor da temporada 2011 depois de ter sido a 17th melhor da temporada 2010 (em eficiência total calculado pelo Football Outsiders? 17th na NFL, é claro). Boa parte da mudança de 4-12 para 9-7 na verdade aconteceu menos por causa em um grande salto de performance mas sim por causa de seu record em jogos decididos por uma posse de bola, que passou de um patético e insustentável 2-7 em 2010 para um mais comum 5-5 em 2011, e um calendário que passou de ser o segundo mais difícil da NFL para o sétimo mais fácil da Liga. Então no primeiro ano da nova geração da equipe não houve de fato uma grande melhora (imediata, é lógico) na equipe, com seu record tendo sofrido uma grande mudança por conta de fatores externos e de sorte - não a toa foram massacrados na primeira rodada dos playoffs por um Houston Texans com TJ Yates de QB.

Mas claro, com um time jovem, inexperiente e que estava apenas começando a se montar, dificilmente o primeiro ano diz muita coisa e é claro que a diretoria do time não tinha em vista uma melhora imediata quando optou por montar um ataque novo e mais jovem. Evolução dos jogadores, adaptação ao esquema tático e mesmo a chegada de novos jogadores para completar a montagem leva tempo e novas offseasons. Mas em 2012, com um ano a mais de experiência e jogadores novos na equipe, talvez comece a chamar a atenção que o ataque da equipe na temporada foi... Wait for it... Apenas o 17th melhor da NFL!

Claro, não existe motivo para pânico. Mas para um ataque que deveria ter dado uma nova cara a franquia e assumido o comando de carro chefe, é um pouco decepcionante ver o ataque estagnado por dois anos seguidos no mesmo patamar da equipe que fez a diretoria pensar "Ok, já deu, vamos reconstruir!". Esse foi, sem dúvida, um dos motivos que levou a diretoria a usar suas duas primeiras escolhas de Draft para adicionar talentos a esse lado da bola, draftando o melhor TE do Draft (Tyler Eifert) e um dos melhores RBs (Giovani Bernard, que além de tudo tem um nome muito massa) para ver se reforça seu ataque. Mas vamos olhar com mais calma e ver quais são exatamente os problemas que o Bengals tenta resolver.

Para começar, o Bengals teve o 14th melhor ataque terrestre, e olhando mais de perto, da para ver muito bem porque o time sentiu tanta necessidade de ir atrás de um RB numa rodada alta do Draft. A equipe tem praticamente zero de depth atrás do seu (provavelmente ex) titular Benjarvus Green-Ellis. Nenhum outro jogador do elenco inteiro teve mais de 50 corridas, em parte porque Bernard Scott machucou e eventualmente foi para o IR, mas o fato é que eles dependeram quase que exclusivamente de um RB medíocre que não conseguiu passar das 3.9 jardas por corrida (para efeito de comparação, o malfadado Chris Johnson teve 4.5). A chegada de Giovani Bernard não só trás depth a equipe como ele é um jogador muito mais explosivo e simplesmente melhor que Green-Ellis, deve assumir a posição de titular e deixar Scott e Ellis se revezando para aliviar sua carga. A linha ofensiva da equipe foi na verdade muito boa em 2012 tanto contra a corrida como contra o passe e o problema foi a falta de ajuda dos backs, então a chegada de Bernard deve ajudar.

O problema - e muito mais preocupante - são as dificuldades do time pelo ar. O ataque aéreo da equipe despencou para o 19th melhor da NFL em 2012, e isso é um problema. Andy Dalton, quando foi draftado, era considerado um prospect um tanto quanto "pronto", o tipo de cara com o jogo para já chegar de titular na NFL mas com pouco espaço para evoluir e sem um teto muito alto. Até agora, ele tem correspondido a essa descrição: durante seu ano de calouro todos ficamos impressionados com sua calma e presença no pocket, sua capacidade de chamar jogadas e permanecer em controle, mas no segundo ano isso parou de ser novidade e começamos a prestar atenção na sua dificuldade em converter passes longos (26.3% de passes completados quando viajam mais de 20 jardas no ar, 30th melhor na Liga), dificuldade para jogar a bola na direção de quem quer que não seja o AJ Green, falta de capacidades de improviso e outras do gênero, coisas que não evoluíram da sua temporada de calouro para essa. E isso preocupa porque trocar QB é algo muito mais difícil (especialmente sem escolhas altas de Draft, e o Bengals é um time bom para ter escolhas tão altas), e o time naturalmente não quer ir nessa direção, por isso a diretoria correu para cima de Tyler Eifert para dar mais uma arma ao seu QB e aumentar ainda mais as opções que ficou um pouco previsível ao longo da temporada e nos playoffs, quando os times começaram a dobrar (ou mesmo triplicar) a marcação em Green toda santa jogada e forçar os outros playmakers do time a vencê-los, e seja por causa da dificuldade de Dalton ou da falta de habilidade de separação de jogadores como Mohamed Sanu e Jermaine Greshan, o fato é que o ataque ficou muito estagnado e trazer Eifert - um TE extremamente dinâmico e um missmatch ambulante - é não só uma forma de dar mais alvos ao seu quarterback mas também colocar um segundo alvo de confiança para quando Green tiver quatro jogadores em cima.

Mas no final, o que quer que o Bengals tenha planejado de grandeza para seu ataque, vai ter que passar por Dalton. O ataque terrestre deve ser melhor na temporada seguinte mas não elite, e com o talento absurdo que o Bengals está colocando junto dele - talvez o melhor WR da NFL que não tem apelido de Transformers, uma das melhores (se não a melhor) dupla de TEs da NFL, um talento emergente em Sanu - está nas mãos do Red Rifle (melhor apelido de QB da atualidade, btw) levar esse time um passo adiante. Os defensores do garoto gostam de apontar que ele foi aos playoffs nas suas duas primeiras temporadas, uma descrição que se aplica a apenas outros quatro QBs na história da NFL e inclui Dan Marino, John Elway, Ben Roethlisberger e Floe Flacco - mas também inclui Pat Haden, Bernie Kosar, Shaun King e claro... Mark Sanchez. Então não quer dizer realmente muita coisa nesse momento. Mas no momento, a amostra pequena que temos não é a mais promissora: 26th em QBR em 2011 (46.7, abaixo da média) , como calouro, e 22nd em 2012 com um fraco 50.7. Ele obviamente não é horrível e é um jogador jovem que jogou apenas duas temporadas profisisonais, então apesar de não ser o jogador com mais potencial da NFL, ele ainda tem algum espaço para evoluir. Mas em duas temporadas ele tem tido dificuldades sérias de executar as jogadas certas nas horas certas, tem tido muitos problemas quando a primeira opção de passe (leia-se AJ Green) é tirada pela defesa e exige uma adaptação, não tem força no braço (de novo, 26.3% de aproveitamento em passes de mais de 20 jardas), e não tem compensado isso com um excelente aproveitamento nos passes (63%) como Alex Smith, por exemplo. Sua média de jardas por passe de 6.9 não é horrível, mas abaixo de jogadores como Matt Schaub (7.4) e Josh Freeman (7.3). E como seu QBR nos indica, ele não tem feito um bom trabalho tirando proveito da situação das boas situações que tem sido colocado dentro do ataque do Bengals. Ainda que seja cedo demais para tirar conclusões finais sobre Dalton e achar que ele será assim pelo resto da carreira, o fato é que ele tem sido um QB mediano que tem parecido melhor do que é pelo bom time ao seu redor. E se o Bengals quiser sonhar em dar o próximo passo, vai precisar que ele melhore.

No entanto, se a história nos ensinou alguma coisa, é que podemos ter sucesso (e embora hoje em dia seja um pouco mais difícil nessa era onde passar é tão incentivado pelas regras, ainda temos casos) com um ataque bem completo, um QB mediano e uma defesa de elite. E embora a defesa do Bengals não seja de elite (ainda, pelo menos) tem mostrado muitos sinais encorajadores - alguns até demais, para ser sincero, que fazem as pessoas pensar em uma potencial regressão. Se o ataque se manteve em 17th pelo terceiro ano consecutivo, a defesa deu um salto de 17th para ser a 10th melhor defesa da NFL mesmo sem grandes mudanças no seu pessoal, mantendo a base de um ano a outro e com sua escolha de primeira rodada (Dre Kirkpatrick) e adicionando apenas alguns role players (em particular Terrence Newman e Adam "Pacman" Jones). O principal motivo dessa melhora foi, principalmente, o espetacular crescimento do DT Geno Atkins, uma escolha de quarta rodada de 2009. Em 2012, Atkins foi provavelmente o terceiro ou quarto melhor defensor da NFL (atrás de JJ Watt, Von Miller e talvez Aldon Smith) e emergiu como uma força imparável no meio da defesa 4-3 da equipe, capaz de ir atrás do QB adversário, ocupar múltiplos bloqueadores e liberar seus demais companheiros de linha para se movimentar com mais liberdade. Tirando Watt, Atkins foi talvez o defensor mais importante de qualquer time da NFL, a âncora dessa defesa que só funcionava em torno dele e quando ele estava causando estrago e tornando a vida mais fácil para todo mundo ao seu redor (ao ponto que o Bengals até deu um contrato de 40M para um pass rusher situacional que tem dois jogos como titular em três anos, Carlos Dunlap). Esse impacto foi tão grande ao longo da temporada que, embora o Bengals tenha terminado com a 10th melhor defesa da NFL no ano, esse número sobe para terceira melhor quando usamos os números ponderados do Football Outsiders (de novo, isso significa que essa estatística atribui maior peso a um jogo quanto mais tarde ele foi na temporada), o que mostra a incrível melhora dessa unidade ao longo do ano.

E aí entra a parte que pode cair para qualquer lado, e depende de como você enxerga o copo, meio cheio ou meio vazio. A performance da defesa do Bengals foi impressionante esse ano, mas ela dependeu de duas coisas, basicamente: um ano espetacular do Geno Atkins, e a performance individualmente espetacular (e totalmente surpresa) de jogadores como Adam Jones. O que chama a atenção, na verdade, é que essa melhora exponencial ao longo da temporada aconteceu sem nenhum grande motivador (como um jogador importante voltando de lesão, uma mudança de coordenador defensivo ou esquema tático, uma mudança numa posição chave ou algo parecido), foi apenas por conta de uma grande melhora na atuação mesmo, e tamanha variância sempre chama a atenção por um motivo. Então temos duas possibilidades: ou você assume que essa grande melhora ao longo da temporada foi real, representa o valor verdadeiro dessa unidade defensiva e que o nível de Atkins em 2012 é o que devemos esperar daqui para frente, ou você assume que embora uma melhora fosse esperada de um núcleo jovem com algumas adições pontuais, essa gritante melhora ao longo da temporada foi fruto de um ano fora da curva (ou de oito jogos fora da curva) que deve regredir em 2012.

Como de costume, a verdade provavelmente é algum ponto entre essas duas opções que só saberemos de fato quando a temporada estiver rolando, mas pessoalmente eu me inclino um pouco mais pela segunda hipótese. Não é algo incomum um jovem como Atkins de repente dar um salto de produtividade na carreira, mas para atingir de repente esse nível totalmente fora do comum é um pouco mais, e manter ele por mais de uma temporada ainda mais, então embora seja muito possível que Atkins realmente tenha dado um salto de produtividade, dificilmente vai conseguir manter esse nível por muito tempo. Ainda que ele deva continuar sendo muito bom, foi seu nível espetacular que elevou essa defesa ao nível que chegou, e se essa dominação sofrer uma regressão o resto da defesa vai perder muito espaço de atuação. Ainda que obviamente isso seja especulação, um monte de escritores e analistas de NFL que eu respeito muito concordam que Atkins é um dos maiores candidatos a uma regressão em 2013, e a defesa do Bengals sofreria com isso. Um outro ponto interessante é que a defesa da equipe ano passado ganhou grande contribuições de excelentes anos de jogadores como Pacman Jones e Terrence Newman, jogadores sólidos no geral mas que vinham sem boas contribuições já fazia algum tempo, e portanto são de certa forma incógnitas para repeti-las. Por conta desses dois fatos, eu espero uma certa regressão dessa boa defesa de volta a um nível mais normal, especialmente levando em conta que o time não teve que lidar com nenhuma lesão importante além de Kirkpatrick e que isso pode mudar para 2013.

Ainda assim, a defesa deve ficar bem. Eles tem bastante talento, especialmente na secundária (mesmo que Jones e Newman não repitam seu 2012, a equipe ainda tem Leon Hall e Kirkpatrick para revezar os snaps, um excelente quarteto) apesar das incertezas com os safeties, e Atkins mesmo regredindo ainda é um dos melhores DTs da NFL. Rey Maualuga lidera um grupo de LBs que vai ter que lidar com a saída de Manny Lawson, mas que deve continuar sólido e profundo. Ainda que se Atkins for menos dominante em 2013 esse grupo deva sentir os efeitos, não quer dizer que vá ser uma unidade ruim, o talento disponível ainda é muito bom e tem tudo para montar uma sólida unidade, talvez mesmo Top10 na NFL.

Por isso em 2013, o Bengals deve continuar um time bom mesmo se Dalton não der o salto de produtividade que o time precisa. Seu Pythagorean Expectations foi de 10 vitórias e, tirando um record em jogos decididos por uma posse de bola de 5-3, os números de 2012 não apresentam nenhum tipo de aberração. O time deve melhorar ofensivamente com Eifert e Bernard em 2012 e supondo alguma evolução de Andy Dalton (ainda que eu esteja pessimista em relação a um grande salto), e mesmo que a defesa regrida do nível que esteve no final da temporada, alguma melhora deve carregar em relação ao começo fraco da temporada passada (ao invés de terminar em 10th com uma variação absurda, pode terminar em 10th sem tanta variação, por exemplo), e o Bengals tem tido um bom trabalho de sua comissão técnica (especialmente na defesa) ao longo dos anos. Um dos motivos pelos quais eu acredito tanto que a AFC North esteja em aberto é justamente que tanto Ravens como Steelers são incógnitas vindo de uma reformulação, enquanto o Bengals é um time 10-6 que deve sofrer uma certa regressão defensivamente e que passa do quarto calendário mais fácil da Liga para o 12th mais difícil. Todos os três times podem muito bem terminar 10-6 como podem cair para 7-9 com um pouco de azar, mas entre os três, para mim o Bengals é o time com menor nível de incerteza e que tem talento demais dos dois lados da bola. Cair para algo como 9-7 (ou manter o 10-6) seria talvez o mais provável para essa equipe, mas ainda é minha aposta para ganhar a AFC North ou, pelo menos, arrancar uma vaga de playoffs.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Preview NFL 2013 - Pittsburgh Steelers

"Bater ou Correr em Pittsburgh", estrelando Brett Kiesel e LaMarr Woodley


Para saber do que estamos falando aqui e dessas estatísticas, recomendo a leitura desse post antes
Se quiser opinioes e analises sobre o Draft, voces podem ler o Running Diary da primeira rodada ou o manual de como avaliar um Draft na NFL


Depois de terminar a série de previews da AFC East e os previews da NFC East para a temporada 2013 da NFL, começamos a falar da AFC North pelo atual campeão, Baltimore Ravens. Agora é a hora de continuar a falar de seu maior rival, o Pittsburgh Steelers. Se você não tem ideia do que estou falando, recomendo que leia esse post introdutório. Btw, a falta de crases nesse texto é porque esse teclado não tem crase, então não reparem, ok?

Pittsburgh Steelers

2012 Record: 8-8
Ataque ajustado: 19th
Defesa ajustada: 13th


Olha só, é mais um time da AFC North com um histórico de sucesso nos últimos 10 anos e que passa por uma reformulação de sua defesa veterana! Mas como no caso do Steelers essa reformulação não aconteceu logo depois de um título do Super Bowl, ela não atraiu tanta atenção nem tantas críticas como a do seu maior rival. Além do mais, o Steelers vem de uma temporada sem playoffs, onde lidou com diversas lesões em jogadores importantes. Embora seja engraçado que essa narrativa pudesse facilmente ser aplicada ao Ravens caso tivesse ficado fora dos playoffs (e ai muitas pessoas estariam elogiando a coragem do GM Ozzie Newsome ao invés de criticar quando decidiu desmontar um elenco velho e cheio de lesões e que ocupava grande espaço salarial) - especialmente considerando que o Pythagorean Expectations dos dois times foi bem próximo (9.2 contra 8.6) - o fato é que assim como defendi o que o Ravens fez quando remodelou sua defesa, também concordo plenamente que era hora do Steelers tentar buscar uma nova fase. Aproveitando que para a torcida é muito mais fácil justificar isso depois de uma temporada 8-8 do que um título, a diretoria do Steelers seguiu em frente com seu plano.

Da última vez que o Steelers foi ao Super Bowl (2010, quando perderam para o Packers), a defesa titular da equipe era: Ziggy Hood, Brett Keisel, Casey Hampton na linha; LaMarr Woodley, James Farrior, Lawrence Timmons e James Harrison entre os LBs; e Ike Taylor, Bryant McFadden,  Troy Polamalu e Ryan Clark na secundária. Voltando ao último título do Steelers em 2008, a defesa titular tinha nove desses 11 jogadores, com Larry Foote no lugar de Timmons e Aaron Smith no lugar de Hood, mas fora isso, era a mesma defesa, a mesa comissão técnica, o mesmo esquema de jogo e basicamente tudo igual. Voltando ainda mais para 2005, o primeiro título da Franquia desde os anos 70, notamos que Keisel, Hampton, Aaron Smith, Polamalu, Taylor, Foote, Farrior, James Harrison e McFadden estavam todos constituindo a espinha dorsal dessa defesa mais uma vez. E, novamente, com o mesmo coordenador defensivo (Dick LeBeau), as mesmas estratégias e formações e tudo mais que se manteve desde então. Portanto, não estou cometendo nenhum exagero ao falar que um dos grandes trunfos da defesa que foi (junto da do Ravens) a melhor da NFL ao longo destes últimos 10 anos foi uma enorme estabilidade desse lado da quadra.

Esse é um fator mais underrated do que se imagina. Olhando a trajetória de sucesso do Steelers ao longo dos últimos oito anos, é fácil reparar que seu grande motivador foi sempre uma forte e agressiva defesa. Não que seu ataque fosse como o do Jaguars e que ganhasse só as custas de uma defesa excepcional, mas a defesa sempre foi o grande trunfo da equipe e ela que estabelecia o tom dentro de campo. E nesses oito anos, muito pouca coisa mudou na defesa. O coordenador defensivo foi sempre o mesmo, LeBeau. O esquema que ele usa é o mesmo, com pequenos ajustes para se adaptar melhor a algumas características dos jogadores que tem em mãos, mas essencialmente é um esquema com as mesmas bases, fundamentos e que exige os mesmos tipos de jogadores continuamente. E claro, o Steelers fez um excelente trabalho ao longo desses anos em manter seu núcleo intacto, o que torna a implementação desse esquema muito mais fácil ao longo dos anos. Assustadores sete jogadores importantes no título de 2005 estavam presente na última ida da franquia ao Super Bowl cinco anos depois.

Uma das vantagens disso é que, com um esquema já estabelecido e suas principais peças a postos, a equipe sempre soube exatamente do que ela precisava em termos de jogador e que tipo de jogador procurar. Quando o Steelers precisava de um jogador - digamos, um OLB - eles já sabiam exatamente as características que precisavam achar, e então ao invés de ir atrás dos melhores ou mais valiosos da posição no começo do Draft, eles podiam se dar ao luxo de esperar até as rodadas do meio para ir atrás de um jogador menos cotado mas com as características que eles sabiam que eram as necessárias para a equipe. Sabendo que não precisavam que o garoto fosse uma estrela, eles pegavam um cara com as características e o treinavam e desenvolviam para fazer essa função extremamente bem e pronto, sem se preocupar se o jogador seria um craque ou coisa assim. Não coincidentemente, o Steelers foi um dos melhores times achando bons talentos defensivos fora da primeira rodada. Desde 2005, foram Bryant McFadden, Anthony Smith (2006), LaMarr Woodley e William Gay (2007), Ryan Mundy (2008), Keenan Lewis (2009), Curtis Brown e Chris Carter (2011), um aproveitamento incrivelmente grande quando lembramos que ainda tiveram bons jogadores de primeira rodada ai no meio. Essa capacidade de achar encaixes perfeitos ao seu sistema e desenvolvê-los foi crucial para Pittsburgh, e se eles foram reconhecidos como um dos melhores times trabalhando jovens jogadores na defesa ao longo dos últimos anos, podem ter certeza de que isso tudo contribuiu de forma crucial.

Mas infelizmente, isso não pode durar para sempre. Desde 2005, eis a colocação final, ano a ano, da defesa de Pittsburgh (sempre em números ajustados): 3rd (título), 9th, 3rd, 1st (título), 9th, 1st (Super Bowl), 7th, 13th. Primeira coisa óbvia a ser constatada é a correlação entre uma grande defesa e o Super Bowl, inclusive nas duas temporadas onde o time acabou com a melhor defesa da competição foram dois anos de título da AFC. Segundo, que as vezes acontecia da defesa do time ter um ano pior, caindo duas vezes para 9th. Mas talvez mais importante, o fato de que embora tivesse acontecido duas vezes da equipe ter um ano atípico (como já vimos, isso pode acontecer por diversos fatores aleatórios e fora do controle da equipe, como azar com fumbles, lesões, etc), isso nunca se manteve por mais de uma temporada, com a defesa logo se recuperando e retomando seus níveis anteriores. Isso não aconteceu em 2012: depois de uma queda em 2011, a defesa caiu ainda mais, saindo do Top10 pela primeira vez desde 2003 e com o núcleo da sua defesa parecendo ter 400 anos de idade. E não foi apenas nos números, quem quer que tenha visto o Steelers jogar essa temporada foi uma defesa que parecia um passo mais lenta, com muito menos energia do que estamos acostumados. Os números corroboram o que estamos vendo em campo, e como eu disse, a diretoria provavelmente concluiu que essa fórmula de estabilidade, pelo menos com esse núcleo, tinha chegado ao seu limite.

Na verdade, as coisas não foram horríveis na defesa em 2012. 13th é uma posição respeitável (6 posições acima do campeão Ravens, por exemplo) e é muito possível ser campeão com a 13th melhor defesa da competição se você tem um sólido ataque (Falcons estava em 12th virtualmente empatado com Pittsburgh nos números e New England estava abaixo em 15th, por exemplo). Um dos problemas foi que o ataque não foi sólido em 2012 (já chegamos lá), mas a diretoria provavelmente observou o declínio dessa defesa e de alguns de seus jogadores chave (especialmente James Harrison e Troy Polamalu) e concluiu que se fosse manter a mesma abordagem, confiar nas suas estrelas e procurar apenas os complementos com as características necessárias ao esquema de LeBeau, a tendência era que o grupo continuasse caindo de produção cada vez mais com o tempo, então quanto antes começasse a remontar sua defesa, melhor.

As primeiras causalidades vieram logo: Hampton, James Harrison, Bryant McFadden e James Farrior foram dispensados, com o último se aposentando logo depois. Keisel deve perder algum espaço com sua produção caindo e o jovem Cam Heyward por lá. LaMarr Woodley continua por lá e pela idade ainda tem muita gasolina (28 anos), mas viu sua produtividade despencar ano passado sem Harrison para atrair a atenção de todas as defesas, com seus sacks caindo de 9 para 4 e seus tackles de 28 para 27 apesar de ter jogado três jogos a mais em 2012 . Troy Polamalu ainda está na equipe, mas não consegue ficar saudável e o time já prepara para a vida sem talvez seu melhor defensor (quando saudável). Mas talvez a melhor idéia de como o Steelers está preparando uma vida nova seja essa: entre 2004 e 2012, a maior força da defesa do Steelers foi seu espetacular grupo de linebackers. Entre esse período, o Steelers pegou exatamente UM LB com uma escolha alta de Draft, Timmons em 2007 (Woodley era DE e converteu futuramente), por conta de tudo que já foi dito sobre ter um grupo no lugar, não precisar de estrelas e poder ir atrás de role players com as características certas, guardando as escolhas mais altas para outras posições. Em 2013, a escolha de primeira rodada da equipe foi Jarvis Jones, um excelente OLB de Georgia. Eles não teriam feito isso em 2010; em 2013 eles não tiveram outra escolha porque precisavam urgente de um OLB dominante para fazer essa defesa retomar seu padrão, e por isso pegaram o melhor disponível.

Muitas pessoas associam uma reconstrução (ou remodelação, talvez mais apropriado no caso) a uma piora grande em desempenho, mas eu não sei se será o caso. As vezes, o veterano que está sendo substituído estava sendo tão improdutivo e mantendo seu lugar por nome que a simples troca dele por um jogador diferente já possa dar um boost na equipe. Da mesma forma, trocar alguns jogadores mais velhos e lentos por jogadores sem a mesma técnica, mas com mais energia e atleticismo pode causar uma mudança no padrão e compensar de certa forma essa piora. Então mesmo que seja de se esperar uma regressão da defesa no curto prazo, eu não acho que vá despencara de 13th para 22nd, por exemplo. Existe bastante incerteza sobre como as novas peças vão se encaixar no esquema de LeBeau, se alguma delas vai evoluir na estrela que atrai a atenção dos ataques e permite que o resto da defesa encaixe nos seus respectivos lugares (como Harrison e Polamalu faziam), quais as melhores combinações, se LeBeau vai ter que fazer pequenos ajustes para cobrir novas falhas... Basicamente, a questão aqui é que essa mudança trás muita incerteza, mas não necessariamente uma grande piora. Alguma queda deve ser esperada para 2013, especialmente em virtude de um calendário mais forte, mas muitos desses jogadores já estavam contribuindo muito menos do que antes e se tem um time que sabe desenvolver talentos na defesa, é o Steelers. Então no médio prazo, essa reconstrução vai ser bem lembrada. No curto prazo, talvez precise de paciência.

Mas como eu disse antes, o grande problema de Pittsburgh esse ano foi o ataque, por conta de três fatores diferentes. Como os dois últimos estão relacionados, vamos falar primeiro sobre o jogo aéreo da equipe, e os problemas de Ben Roethlisberger. No papel, o Steelers deveria ter um grande ataque, ou pelo menos um bom. Tem um dos melhores quarterbacks da NFL em Big Ben, e tinha um bom trio de WRs com Emmanuel Sanders, Mike Wallace e Antonio Brown, jogadores jovens e muito explosivos, sem falar em uma dupla interessante de TEs (o bom recebedor Heath Miller e o bom bloqueador Matt Spaeth). Mas não foi bem assim, em parte devido a Brown e principalmente Wallace sofrerem com quedas de produção (Wallace, em particular, regrediu grosseiramente, não conseguiu passar das 850 jardas depois de somar mais de somar 2400 nas duas temporadas anteriores e teve seu pior aproveitamento em recepções com 54%), um dos motivos pelos quais Pittsburgh não fez muito esforços para segurar Wallace na Free Agency. Mas talvez mais importante, especialmente indo para frente, está o fato de que Big Ben simplesmente não consegue ficar saudável uma temporada. Em 2012, ele perdeu três jogos (duas derrotas) por lesão e passou tantos outros limitado, e não joga uma temporada completa desde o título de 2008. Ainda que lesões sejam muitas vezes aleatórias de um ano para outro, o histórico de Big Ben já chama a atenção e é mais do que significativo, especialmente considerando seu estilo muito físico, sempre saindo do pocket, improvisando e levando trombadas atrás de uma linha ofensiva medíocre já faz alguns anos. Ben tem perdido quase dois jogos por temporada desde que entrou na NFL, e não tem motivos para acreditar que isso vá mudar agora que ele passou dos 30 anos. Então enquanto Ben ainda seja um dos melhores QBs da NFL, a perda de seu melhor WR e seu histórico de lesões colocam uma limitação importante em cima de um ataque que teria que carregar sua defesa por uma temporada.

Os outros dois problemas estão relacionados a esse e entre si, e embora tenham sido problemas muito maiores em 2012, também tem melhor perspectiva para o futuro. Em resumo, o jogo terrestre da equipe foi horrível temporada passada, o segundo pior ataque terrestre da NFL depois do patético ataque do Cardinals. E além de ser patético, ele também foi de longe o ataque que mais entregou a bola de presente, com os RBs da equipe combinando para 12 e o ataque como um todo combinando para 33, segunda pior marca da NFL inteira atrás apenas do Eagles. Mas ao contrário do Eagles, eles não podem usar a carta do "tivemos um aproveitamento recuperando fumbles entre os piores da NFL nos últimos anos!" porque o Steelers na verdade teve um aproveitamento de 51%. Eles simplesmente sofreram fumbles demais mesmo e isso voltou para assombrar a equipe.

Mas além do problema incrível dos fumbles, o ataque terrestre simplesmente foi uma droga em si mesmo. Apenas um RB do elenco inteiro (e o time usou cinco) teve aproveitamento de jardas por corrida de 4.0 ou superior, e foi Johnathan Dwyer - um jogador com tantos fumbles como touchdowns -com um 4.0 exato. A média da equipe foi de 3.7 jardas por carregada, e a segunda corrida mais longa de toda a temporada do Steelers foi de 31 jardas por um QB terceiro reserva de 33 anos. A linha ofensiva da equipe foi, per Football Outsiders, a sexta pior da Liga bloqueando corridas e apenas três times da NFL inteira tiveram um pior aproveitamento em jardas por corrida. Então sim, foi uma desgraça que precisa melhorar para 2013 se o ataque como um todo quiser voltar a ser bom (espcialmente porque todos já devem saber a esse ponto que quanto pior seu ataque terrestre, mais atenção a defesa adversária coloca no jogo aéreo e torna a vida do QB mais difícil).

O lado positivo é que existem alguns fatores que indicam que sim, o ataque terrestre pode (ou deve) melhorar. Primeiro de tudo, a equipe correu para trocar seu RB titular, deixando Rashard Mendenhall sair na Free Agency e trazendo LaRod Stephens-Howling (a maior força nominal da NFL). Não que a troca em si vá mudar a vida da equipe, Howling vem de uma temporada muito ruim (embora, em defesa dele, o Cardinals de 2012 tivesse uma das piores OLs da história da NFL) em 2012. Mas também teve uma temporada assim Mendenhall, que apesar de passar das 1000 jardas duas temporadas seguidas só uma vez na carreira teve um aproveitamento por corrida acima de 4.0 (em 2009) e que vinha de uma temporada decadente em 2011 e muitas lesões em 2012, enquanto Howling é muito mais barato e permitiu ao time criar espaço salarial para manter Emmanuel Sanders apesar do interesse do Patriots. O que eu acho interessante de Howling é que ele é de um estilo diferente de Dwyer e do calouro Le'Veon Bell (que devem disputar o cargo de principal RB da equipe), um jogador mais explosivo e change-of-pace com a bola nas mãos, não com a mesma força para abrir buracos na linha mas melhor recebendo passes e trabalhando com um campo aberto (funciona muito bem de retornador, também). Eu acho isso interessante porque o maior problema da linha ofensiva do Steelers não foi na linha de scrimmage e sim no segundo nível (os linebackers), então Howling é uma aposta interessante para funcionar como o RB alternativo do time atrás de Dwyer e Bell (pense em Darren Sproles). Também tem o fato, menor mas importante, de que a taxa de fumbles dos running backs da equipe esteve em níveis absurdamente altos em 2012 e deve regredir para níveis mais normais em 2013.

O terceiro e talvez mais importante ponto positivo aqui provavelmente é a questão da saúde. Não de Big Ben, acho que todo mundo já desistiu de ver ele saudável por uma temporada inteira, mas sim da linha ofensiva. Ano passado, a equipe viu suas duas primeiras escolhas de Draft - o guard David DeCastro e o RT Mike Adams - perderem combinados mais de 17 jogos combinados (incluindo DeCastro perdendo os 11 primeiros e todo o training camp), sendo que DeCastro era esperado para ser o G titular do time desde a primeira semana e Adams deveria brigar pela titularidade na sua posição. DeCastro e Adams devem voltar agora para a temporada 2013, e considerando o fiasco que foi sua linha ofensiva temporada passada, é de se esperar uma melhora significativa dessa unidade, especialmente contra o jogo corrido (especialidade de DeCastro, considerado o melhor guard de sua classe). Então esse pouco mais de saúde na linha ofensiva e um pouco de regressão devem ser o suficiente para tirar o jogo terrestre da equipe do fundo do poço, especialmente considerando que esse mesmo grupo foi o sexto melhor da NFL em 2011. Não espero que suba tão alto, mas é de se esperar que no mínimo melhore em relação a esse nível, e podemos esperar que isso tenha um impacto importante também em um jogo aéreo que precisa de alguma ajuda depois de perder Wallace. Btw, inteligente manobra da equipe indo atrás de Bruce Gradkowski, um sólido QB reserva para Big Ben que não afunde a equipe quando inevitavelmente o titular se machucar.

Em resumo, o Steelers é um time que viu necessidade de remodelar sua defesa, mas ao contrário do Ravens, não tinha o teto salarial para trazer de fora alguns substitutos de forma a manter o nível. Eu não espero uma queda brutal desse lado da bola porque muitos dos veteranos estavam produzindo menos do que o esperado e sangue novo pode ajudar muito essa defesa velha, mas é de se esperar um período de adaptação aos novos jogadores e uma regressão nesse sentido, especialmente porque boa parte dessa remodelação terá que vir de dentro da própria equipe. A comissão técnica sempre foi excelente desenvolvendo talentos, então não existe muito motivo para pânico, só a aceitação natural nos esportes de que até mesmo as unidades de maior sucesso precisam passar por reformulações. Do outro lado, o jogo terrestre do Steelers deve ser consideravelmente melhor em 2013 depois do fiasco da temporada passada, mas com a perda de Mike Wallace e as dúvidas de sempre sobre a saúde de Big Ben, não espero que essa melhora no jogo terrestre seja suficiente para colocar o ataque num patamar onde seja capaz de carregar sua defesa por 16 jogos em um calendário mais difícil. Outra temporada 8-8 seria a hipótese mais provável em 2013 (com teto um pouco maior caso Big Ben jogue com menos lesões), embora como seja o caso de qualquer time com tantas mudanças, as muitas incógnitas (especialmente na defesa) possam balançar esse número para qualquer um dos lados em uma divisão muito em aberto. Esperem um Steelers forte em 2014 depois de um 2013 de adaptação.