Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Preview NFL 2013 - Chicago Bears

"Relaxa ai galera, eu cuido disso"


Para saber do que estamos falando aqui e dessas estatísticas, recomendo a leitura desse post antes
Se quiser opinioes e analises sobre o Draft, voces podem ler o Running Diary da primeira rodada ou o manual de como avaliar um Draft na NFL


Depois de terminar a série de previews da AFC East, os previews da NFC East e também os previews da AFC North a para a temporada 2013 da NFL, começamos a falar da NFC North pelo sempre forte Green Bay Packers, e hoje vamos falar do seu histórico rival, Chicago Bears. Se você não tem ideia do que estou falando, recomendo que leia esse post introdutório. Btw, a falta de crases nesse texto é porque esse teclado não tem crase, então não reparem, ok?

Chicago Bears

2012 Record: 10-6
Ataque ajustado: 26th
Defesa ajustada: 1st


Vocês provavelmente conhecem a anedota do copo de cerveja pela metade (se você for menor de idade pode ser de suco também). Quando temos um copo assim, algumas pessoas acham que o copo está meio cheio, e outras acham que ele está meio vazio. É uma anedota para mostrar que a mesma coisa pode ser encarada por dois prismas diferentes, e o ponto de vista pelo qual essa situação é analisada pode levar a uma conclusão positiva ou negativa mesmo o ponto de partida - o copo de cerveja pela metade - seja exatamente o mesmo.

Eu digo isso porque, quando vamos analisar a temporada 2013 do Chicago Bears, as mudanças ocorridas entre Janeiro e Agosto podem indicar tanto uma melhora como uma piora da equipe, dependendo do seu ponto de vista. A questão é que Chicago sofreu duas tendências diferentes nessa offseason, uma positiva e uma negativa, e como essas duas vão se combinar para dar um resultado final a equipe na temporada vai depender muito da sua avaliação pessoal do assunto. Mas vamos por partes. Antes de falar quais foram essas mudanças, como elas vão afetar a equipe e explicar porque diabos eu comecei esse texto falando de copos de cerveja vazio, vamos ver exatamente onde o Bears estava ao final da temporada passada. (E se você for um torcedor do Bears, talvez seja melhor tomar de fato um copo de cerveja. Eu espero.)

A equipe de Chicago terminou o ano com um record 10-6, perdendo os playoffs na última rodada quando Minnesota venceu Green Bay nos segundos finais, igualando o record de 10-6 mas vencendo nos critérios de desempate (4-2 dentro da divisão contra 3-3 de Chicago). Amanhã vamos falar mais sobre o porquê dos Vikings não serem tão bons assim, mas por enquanto basta saber que o Pythagorean Expectations do Bears foi de 11-5 (o mesmo do Packers) enquanto o do Vikings foi de 9-7. Então Chicago realmente foi um dos times mais sólidos da NFL em 2012, terminando sexto em eficiência ajustada (per Football Outsiders) e com a sexta maior Pythagorean Expectation da NFL (4th na NFC). Embora eles tenham tido alguma sorte com fumbles (vamos chegar nisso mais para frente), não existe dúvida que o Bears foi um dos melhores times da NFL em 2012.

O Bears fez isso com uma combinação cada vez mais incomum na NFL dos dias de hoje, com uma defesa excepcional rankeada 1st overall e um ataque medíocre, sétimo pior da Liga. Começando pelo primeiro, vale observar que a equipe não teve apenas a melhor defesa da competição evitando e gerando pontos (seja por TDs defensivos, seja por forçar posses de bola extra, seja por gerar boas posições de campo para o ataque, etc). Ela teve de longe a melhor defesa da competição, por uma margem absurda. Por exemplo, a segunda melhor defesa da NFL foi a do 49ers, com um DVOA de -14,3% (se tratando de defesas, quanto mais negativo melhor). Mesmo assim, a defesa do Niners estava mais próxima em números da 13th overall (Steelers com -2,9%) do que do primeiro lugar, um absurdo -26,8% para a equipe de Chicago. Na verdade, nenhuma outra defesa dos últimos oito anos tirando a do Steelers de 2008 (-29,0%) conseguiu igualar ou superar essa marca, e vale lembrar que aquele Steelers ganhou o Super Bowl com Troy Polamalu, James Harrison e tantos outros no seu absoluto auge. A defesa do Bears foi dominante a esse ponto.

Isso se deveu a alguns fatores particulares. Claro, nenhuma defesa consegue tal nível de dominação sem ser simplesmente sólida defendendo contra o passe e contra a corrida, desviando passes, indo atrás do QB e evitando corridas longas. Para uma defesa que quer ser boa, isso é o básico. Mas para uma defesa que chegou nesse patamar, ser simplesmente sólida nesses fundamentos não é o bastante, precisa de algo a mais. Então vamos nos focar nesses "algo a mais". O primeiro fator foi a eficiência da equipe forçando turnovers. O Bears liderou toda a NFL com 44 turnovers, 9 a mais do que o terceiro colocado Redskins (que, como vocês talvez lembrem, foi o time mais sortudo recuperando fumbles da NFL) e liderou a NFL em porcentagens de campanhas defensivas que terminaram com um turnover (20.6%). A equipe também foi líder da NFL em interceptações com 24 e segundo em fumbles recuperados (20) e forçados (35), então não é como se fosse unidimensional nos turnovers. E para novamente colocar em perspectiva essses 44 turnovers, o último time a conseguir mais do que isso foi o San Diego Chargers em 2007 (48). Turnovers são importantíssimos não só porque conseguem posses de bola extra para o ataque, como também servem para dar boas posições de campo a unidade ofensiva, então é normal que um grande time conseguindo turnovers seja um dos melhores defensivos da NFL.

Mas não foi isso que colocou o Bears tão alto desse lado da bola. O que fez dessa defesa uma unidade tão ridícula foi sua capacidade de transformar turnovers em touchdowns. Foram nove no total, e nenhum time na NFL conseguiu mais desde que o Team Rankings começou a manter registro disso em 2003. Acho que eu realmente não preciso perder muito tempo explicando porque ter uma defesa que anota tantos TDs é importantíssimo para qualquer time, e a capacidade da defesa de dar essa força ao ataque foi extremamente importante considerando como o ataque foi problemático em 2012, então não foi apenas a capacidade da defesa de forçar 44 turnovers, mas principalmente sua capacidade de transformar mais de 20% deles em TDs (mais impressionante ainda, 33,3% das suas interceptações). Junte isso a uma defesa sólida tanto pelo chão como pelo ar, e você tem uma das melhores defesas dos últimos 15 anos.

O ataque da equipe, no entanto, não foi feliz e precisou de toda a ajuda que pode. Rankeado 26th overall, não teve nenhuma área que salvou a equipe: 25th melhor pelo ar e 18th melhor pelo chão, a equipe tem poucos consolos além do fato de ter tido um calendário bastante difícil em 2012 (8th overall), embora valha lembrar que esses números são ajustados por adversário. Como de costume, a culpa caiu em boa parte sobre seu QB, Jay Cutler, uma espécie de Tony Romo mais jovem na parte de receber críticas, embora no caso de Cutler tenha um certo ênfase pela sua performance de diva extra-campo. Mas dentro dele, que é o que importa, Cutler definitivamente não tem sido horrível, mas tampouco tem se destacado: 20th overall em QBR na temporada passada, a frente de jogadores como Joe Flacco e Sam Bradford mas atrás de Ryan Tannehil e Christian Ponder. Esteve em 14th temporada passada, então não é como se ele fosse um QB anualmente ruim e incapaz de produzir. Para achar as falhas desse ataque, precisamos olhar para duas outras coisas.

A primeira é mais fácil e prática: a linha ofensiva é horrível, e isso pode ser superestimar essa linha. Ela foi uma verdadeira atrocidade durante a maior parte da temporada, sendo a oitava pior da NFL em jogadas de corrida consideradas de força (pelo meio da linha) e a nona pior usando bloqueios, o que sem dúvida atrapalhou o bom Matt Forte apesar dos bons números. E isso é antes de chegar na verdadeira atrocidade que ela tem sido protegendo Cutler. J'Marcus Webb pode muito bem ser o pior LT de toda a NFL, e o número ajustado do Football Outsiders para essa linha nas jogadas de passe (8.1%) foi muito próximo da do Packers (8.5%), com a diferença que eles não contam com um QB como Aaron Rodgers, capaz de improvisar, fugir da pressão, sair do pocket e fazer as jogadas em movimento sem perder a eficiência, então o impacto dessa linha horrível na prática é muito maior para uma equipe que não conta com um QB com as características para cobrir essas deficiências. Na verdade, o problema é ainda muito maior considerando as características de Cutler. O camisa 6 é um jogador cujo principal ponto forte é sua grande força no braço, um jogador que se beneficia muito do jogo de meia e longa distância, mas para tal é preciso que o ataque tenha tempo necessário de forma que seus recebedores possam se colocar nessas posições. Isso era algo que nunca acontecia com o Bears, pois a linha ofensiva não conseguia segurar as pressões tanto tempo e, ao invés de esperar seus recebedores chegarem nos pontos desejados para aproveitar dos seus passes longos, Cutler tinha que interromper isso muitas vezes antes para sair do pocket, fugir da pressão e tentar completar um passe em velocidade, algo que não só anula a melhor parte do seu jogo como força ele a usar um estilo no qual ele não é bom (a falta de um recebedor confiável de meia distância atrapalha também).

O segundo é um pouco mais pessoal, mas posso dizer que não sou o único: eu sempre achei o ataque do Bears muito mal utilizado no sentido de tirar o máximo de seus jogadores. Em parte talvez por ter um técnico com uma mentalidade muito defensiva como Lovie Smith, mas sempre me impressionou como pequenas coisas que eu sempre comentei que seriam úteis com os jogadores disponíveis foram deixadas de lado. Eu não vou entrar demais nesse mérito para não ficar técnico e longo demais o post, mas alguns exemplos incluem usar extensivamente Devin Hester como WR (parece brincadeira de Madden, pegar o cara rápido e mandar ele nas rotas longas sendo que Hester não tem nenhuma das manhas para isso. Se quer utilizá-lo no ataque tem que ser no estilo Percy Harvin, com passes curtos em velocidade para que ele possa aproveitar ao máximo o espaço do campo com a bola nas mãos); subutilizar um dos mais completos RBs da Liga em Matt Forte, especialmente recebendo passes; e ignorar totalmente a necessidade de uma opção de checkdown (aquele passe curto que os QBs fazem para se livrar da bola quando um jogador passa da linha ofensiva). Isso ainda vai ser importante, então guardem.

Então basicamente, vimos até aqui o que fez do Bears o time que foi ano passado: uma excelente defesa que teve muito sucesso forçando turnovers e os convertendo em TDs, e um ataque que sofreu demais com uma horrível linha ofensiva e que precisa de vida nova. E agora chegamos na parte que, sinceramente, pode cair para qualquer lado em 2013, que é o quanto deve mudar no time para o ano que vem. Mais especificamente, a defesa deve sofrer uma considerável piora e o ataque deve sofrer uma grande evolução em relação aos patamares de 2012.

Começando pela defesa, uma coisa que tem que ficar clara é o seguinte: forçar turnovers é uma habilidade, pelo ar e especialmente pelo chão (certo, Charles Tillman e seus 10FF que lideram a NFL?). Ninguém vai negar isso, é um fato. Mas mesmo quando você é bom em alguma coisa, não quer dizer que você não possa ter anos fora da curva. Assim como de repente uma defesa mediana consegue um pico Top3 antes de voltar a ser mediana por conta de um ano fora da curva e da amostra pequena de 16 jogos da NFL, isso pode acontecer mesmo com algo que você normalmente é bom. E esse é o caso com os turnovers do Bears: eles são insustentáveis para 2013. Em 2011, Packers e Niners lideraram a NFL em turnovers, ano passado caíram para 18th e 14th, respectivamente. Em 2010, o Giants liderou a Liga em turnovers, e em 2011 caiu para 9th. Em 2009 Packers e Saints foram os líderes, e caíram para 6th e 20th um ano depois. Podemos continuar isso eternamente, mas vamos passar direto para a conclusão: é preciso ser bom forçando turnovers para forçar 44, mas isso não quer dizer que não possa ter sido motivado por fatores aleatórios e um ano de sorte. Na verdade, muitos estudos indicam exatamente o contrário, que embora turnovers não seja um fator que dependa da sorte como, por exemplo, recuperar fumbles (que tendem a ser 50-50) um nível de turnoves elevado além de certo ponto é algo insustentável ano a ano e que deve regredir... Especialmente considerando que sim, o Bears foi um time muito sortudo recuperando fumbles na defesa essa temporada, com mais de 59% deles indo parar nas suas mãos, uma das marcas mais altas na Liga. Não tem nenhuma chance do Bears repetir essa performance nos turnovers em 2013.

Outro ponto importante de regressão é o seguinte: forçar turnovers, novamente, é um talento e um mérito da defesa. Transformá-los em TD é muito menos do que vocês imaginam. Claro, se um defensor pega um passe, dribla todo mundo e corre 90 jardas para um touchdown claro que ele tem mérito na jogada. O que eu quero dizer é que como um time, a habilidade de traduzir turnovers em TDs depende muito mais da sorte. Não que ele tenha uma convergência para um número como os fumbles recuperados, mas quando um time retorna um terço das suas interceptações para TDs (especialmente com 24 delas), esse é um número totalmente não sustentável na história da NFL - e não passa nem perto de ser, na verdade. É o tipo de outlier que é fantástico de se ter em uma temporada, mas que temos que ser racionais e entender que não vai se carregar para outras. Levando em consideração isso e o fato de que o total de turnovers da equipe foi totalmente fora do normal, essa é uma regressão natural que devemos esperar que tire a defesa do Bears daquele patamar absurdo que esteve ano passado. Lembra daquela defesa do Steelers de 2008, que eu disse que foi a única superior em DVOA a essa do Bears temporada passada nos últimos oito anos, e que também foi muito boa forçando turnovers? Na temporada seguinte eles cairam para 9th overall em defesa e passaram de quarto em turnovers para 26th. Então é bem fácil entender que jogar nesse patamar depende de fatores muito além de simplesmente bons jogadores (embora é mais do que óbvio que quanto melhores forem seus jogadores, mais fácil é), e alguns deles não vão se manter para o ano que vem.

Na verdade, os problemas na defesa são muito maiores que uma regressão de "historicamente alto", algo que não seria exatamente um grande problema. O fato é que a defesa de 2013, mesmo desconsiderando todos esses fatores, já é esperada para ser uma unidade muito inferior do que foi ano passado. Em primeiro lugar, porque a equipe perdeu boa parte dos seus principais jogadores: Israel Idonije e seus 7.5 sacks (em apenas 12 jogos) foram para Carolina; Sedrick Ellis, veterano importante da linha defensiva, se aposentou; um possível substituto, Turk McBride, está fora da temporada por lesão; Nick Roach, LB, foi para o Raiders; o jogador que o time trouxe para reforçar os LBs, DJ Williams, machucou e pode perder algum tempo; e mais importante de todos, Brian Urlacher, a cara da Franquia nos últimos 13 anos, finalmente se aposentou. Esse último talvez seja o mais importante de todos, dentro e fora de campo: Urlacher não foi só um dos grandes jogadores defensivos da sua geração, mas era um líder do vestiário e dentro de campo. Em uma defesa que está perdendo tantos jogadores e fazendo uma transição para um grupo mais jovem, a perda da sua liderança e segurança vai ser algo a observar durante a temporada. E embora esteja mais velho e nem de longe tão dominante como quando ganhou Defensive Player of the Year, ele ainda é o jogador perfeito para jogar no esquema Tampa 2 que o Bears utilizada... E pior, um esquema que foi montado em torno dele. A diferença na defesa de Chicago com ele dentro e fora de campo foi abismal, e com DJ Williams podendo perder tempo, é uma perda que deixa um buraco enorme no meio da defesa de Chicago. Juntando tudo isso ao fato de que a grande performance de 2012 também foi motivada por "career years" vindo do nada de jogadores que nunca mostraram nada de excepcional como Tim Jennings (tente achar o erro na página dele no Pro-Football Reference. Em seis anos de NFL, ele totalizou 7 interceptações. Ano passado teve 9) e Kelvin Hayden, ou mesmo de jovens jogadores como Chris Conte e Major Wright (outro excelente nome) jogando acima do esperado deles, e também existem muitas dúvidas sobre a capacidade do time de repetir a performance base do ano anterior. 

Não estou falando que a defesa vai despencar para níveis Titans, mas é um problema. Muitos jogadores importantes saíram e mesmo em termos de performance existem muitas dúvidas sobre o que foi apenas um outlier de alguns jogadores ou uma nova tendência deles. Eu duvido demais que Tim Jennings de repente tenha virado Darrelle Revis depois de seis anos sendo um jogador mediano, por exemplo. Então mesmo que o time tenha mostrado um número muito interessante de jogadores jovens e da casa assumindo papeis maiores e jogando bem - Wright, Henry Melton, Corey Wootton - existe muita incerteza sobre como o Bears vai fazer para lidar com tantas perdas importantes e tantos buracos novos na equipe sem tanto espaço salarial.

Do outro lado, a é que o ataque do Bears seja, no papel, o melhor da equipe desde... Bom, talvez desde Walter Payton, talvez desde sempre, deixo essa pergunta para meu editor (Bears fanático). Mas com certeza absoluta posso dizer que é o melhor ataque que Chicago teve desde a chegada de Jay Cutler, porque pela primeira vez o Bears está dando a ele o apoio que ele precisa. A diretoria trouxe um excelente LT pela primeira vez em Jermon Bushrod, que permite que Webb mude para o lado direito (seu lugar de origem) e brigue por lá. Também usou uma escolha de primeira rodada (decisão idiota, mas enfim) em um OG chamado Kyle Long, outro que deve entrar e jogar imediatamente ao lugar de Bushrod dando ao Bears e a Cutler sua melhor linha defensiva em anos, algo que como já foi dito é um ingrediente crucial para um QB que precisa de tempo para passar a bola com seu braço de canhão e que não é o melhor jogador tomando decisões sob pressão. Além disso, a equipe adicionou um bom TE recebendo em Martellus Bennett, uma arma que a equipe precisava e que oferece a opção que tanto fez falta pelo meio e pelas laterais da linha, mesmo em opções de checkdown ou como um missmatch. Junte a grande melhora que a linha deve sofrer e a chegada de Bennett com as armas que já estão lá (em particular, Brandon Marshall) e um potencial breakout season para Alshon Jeffery, e de repente Cutler - no final final de seu contrato, vale lembrar - tem a sua disposição o melhor ataque que teve em Chicago desde que chegou. Se tem um momento para Cutler dar um salto de produtividade, é agora.

E tem mais um ponto importante: a equipe mudou de técnico, mandando Lovie Smith (o técnico menos criativo em termos ofensivos da história da NFL) para trazer do Canadá Marc Trestman, do Montreal Alouettes. Ainda que ser o melhor técnico da CFL por cinco anos não seja exatamente algo muito encorajador se tratando de seu primeiro emprego na NFL, o fato é que Trestman tem um longo histórico de sucesso como coordenador ofensivo na NFL, inclusive aqueles fortíssimos ataques do 49ers em 95 e 96 e a temporada de MVP de Rich Gannon no Raiders em 2002 (quando foram ao Super Bowl). E talvez mais importante, Trestman é um especialista ofensivo, algo que esse ataque de Chicago precisa desesperadamente, pois como eu disse eles têm feito um trabalho muito abaixo do seu potencial aproveitando seus talentos ofensivos. Então não apenas o Bears tem seu melhor ataque em anos no papel, como pela primeira vez tem um técnico que (pelo menos se espera que) seja capaz de montar esquemas criativos para utilizar ao máximo seu talento, aproveitando melhor Matt Forte, dando mais opções para Cutler e simplesmente tirando o ataque do fundo do poço.

Então o saldo que ficamos é esse: em 2012, o Bears foi um dos melhores times da NFL com base em uma defesa extremamente produtiva carregando um ataque bastante incapaz. Em 2013, tudo indica que a defesa deve sofrer uma piora considerável com base em regressão natural e a saída de diversos jogadores (embora não de para saber até que ponto), e seu ataque deve sofrer uma boa evolução já que reforçou suas três maiores deficiências (táticas, tight end, linha ofensiva). E aqui entra a dúvida: não da para saber qual vai ser a magnitude de cada um desses efeitos (piora defensiva e melhora ofensiva), não da para saber como isso vai afetar a equipe, e não da para saber qual vai ser o saldo, se o time será melhor ou pior em 2013. Tudo depende de como você enxerga o copo, meio cheio ou meio vazio. Se achar que a piora da defesa será mais significativa que a melhora do ataque, se achar que perder uma unidade tão dominante como a do ano passado será demais para um ataque que ainda não provou que pode produzir, então você provavelmente vê o Bears caindo consideravelmente essa temporada. Se achar que a defesa não deva sofrer tanto além das regressões naturais em turnovers e TDs, que a melhora do ataque vai permitir ao time maior flexibilidade para contar menos com sua defesa (facilitando adaptação), então provavelmente acha que Chicago vai ser tão bom como foi ano passado e brigar com o Packers pelo título da divisão (ou no mínimo Wild Card). É uma avaliação quase pessoal com tantos fatores de dúvida, e eu posso estar tão errado quanto o Gil Brandt quando ele disse que o melhor QB no Hall da Fama é o Roger Staubach. A única coisa que podemos dizer com razoável certeza é que a defesa tende a piorar e o ataque a melhorar, mas não temos nada concreto para indicar o quanto e qual vai ser o impacto final disso.

Para mim, a piora no patamar defensivo da equipe temporada passada vai ser grande demais para manter o Bears como um 11-5 simplesmente porque o nível desse grupo em 2012 foi alto demais e a queda não é apenas de "primeiro isolado" para "primeiro", provavelmente vai ser maior do que isso, e o ataque sozinho não vai conseguir acompanhar. Ainda assim, eu realmente acho que o ataque tem tudo para finalmente se encaixar e ter uma temporada produtiva, especialmente se a linha ofensiva segurar as pontas. Um dos palpites mais difíceis dessa série, mas é possível esperar algo algo um 9-7 do Bears como base, talvez até mais considerando que deve ter um calendário consideravelmente mais fácil em 2013. 9-7 é um bom começo, mas não me surpreenderia ver o time 10-6 e brigando por uma vaga nos playoffs... E também não me surpreenderia com um 8-8. Ainda não decidi muito bem o que acho do copo.

3 comentários:

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    1. Acho que o Bears não vão aos playoffs de novo e com um recorde 8-8.
      Gosto muito do cutler, acho ele um QB mto melhor do que os criticos dizem(apesar de ter essa mentalidade de diva).O fato é, o Bears não tem profundidade no elenco, muitos dos principais jogadores não possuem reservas decentes.Principalmente no ataque.

      Fora a defesa que como vc disse deve ter uma regressão natural, mas eu acho dificil eles manterem um nivel bom o suficiente, já que na minha opnião. Não dará para jogar num tampa-2, é um esquema que precisa de pelo menos 1 MLB excepcional como o Urlacher era.

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  2. Parabéns pela análise Vitor! Dos sites brasileiros que cobrem a NFL e analisaram o Bears, a sua conclusão foi disparada a melhor!

    Vejo que muita gente ainda bota fé em uma possível manutenção ou pequena queda de produção dessa defesa, o que como você disse é inviável e irracional.

    Por outro lado não vejo o ataque do time com bons olhos, pelo simples fato (que você disse) da linha ofensiva ter sido remodelada. Nesse sentido ´pesa muito em relação a OL o fato do entrosamento do jogadores, e por isso mesmo que acredito que o time não vá ter um desempenho lá muito bom. Além disso o grupo de recebedores não é lá dos melhores, e mesmo que Cutler tenha um braço forte, ainda não foi muito provado que ele possa ganhar jogos. Acredito então, que o ataque fique entre 15-20th melhor ataque.

    Dessa maneira, uma campanha 9-7, 8-8 e 7-9 é o que espero do time, sendo a mais realista a segunda. O time pode vir forte mesmo é em 2014, já que vai estar acostumado com o playbook e a defesa vai saber onde errou mais.

    Ps.: não sei se o DC também mudou, caso tenha mudado vejo aí mais um problema para o time.

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