Phillip Rivers não gostou do calendário do seu time
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Ao final da nona semana da NFL, chegamos em um ponto interessante: o momento que mais se aproxima, na NFL, da metade da temporada. Claro que, como a temporada tem 17 semanas, não existe realmente um ponto que seja a "metade", mas eu gosto da semana 9 porque é o primeiro momento na temporada onde cada um dos 32 times jogou pelo menos 8 vezes. Alguns poucos jogaram 9, mas não é o importante - o importante é que todos os times já chegaram pelo menos na metade das suas temporadas regulares, e então já começamos a ter uma visão mais clara do que cada time representa no cenário da NFL. Ent ão ao invés de fazer nossa habitual passagem pela rodada destacando os pontos mais interessantes, vamos fazer um giro pelos 32 times da NFL e vamos separar aquilo que nós sabemos sobre eles, a essa altura, e quais as questões que eles enfrentam indo para frente. Alguns, como vocês vão ver, já tem um papel claro na temporada... outros, nem tanto. Só para deixar claro que os times estão ordenados de acordo com as divisões, e não por qualquer critério.
Hoje vamos começar pela AFC, e amanhã passamos para a NFC.
New England Patriots
Se estamos separando entre times que temos uma clara visão das suas habilidades e do seu papel na temporada, e aqueles que não temos nada disso definido, New England seria o segundo. Em parte porque muita coisa vem mudando para a equipe desde o começo da temporada, em parte porque algumas peças cruciais dessa equipe ainda enfrentam muitas questões e alguma instabilidade, e em parte porque mesmo que o time esteja apresentando muitas falhas, nunca é prudente descartar um QB como Tom Brady.
No começo da temporada, parecia que New England teria que se virar com um ataque cheio de jogadores medíocres, um jogo terrestre inconsistente e compensar isso com sua forte defesa, e foi assim que o time começou bem o ano. Mas agora, que Vince Wilfork e Jerod Mayo estão fora da temporada - e Aqib Talib, um dos melhores CBs da NFL em 2013, batalhando com uma lesão - a defesa se tornou um ponto vulnerável. O time ainda está contando com boas temporadas de jogadores como Devin McCourty (agora jogando de safety) e Brandon Spikes, mas a falta de seu melhor LB, seu pilar defensivo (Wilfork) e o reserva do seu pilar defensivo (Tommy Kelly), esse grupo que começou tão bem o ano agora não está mais passando a mesma segurança: o time está cedendo 5.4 jardas por corrida desde que Wilfork se machucou e tem tomado alguns sufocos de ataques medíocres como Jets, Steelers e Dolphins (embora esse tenha durado só um tempo). Eles ainda possuem bons jogadores e não serão uma peneira no restante da temporada, mas está deixando de ser uma unidade na qual um ataque mediano poderia se apoiar para se tornar um grupo capaz de ser explorado por um adversário competente.
O problema é que ofensivamente, New England também enfrenta algumas questões. Antes de mais nada, o time tem apenas dois recebedores confiáveis no ano, e os dois enfrentam diversos problemas de lesão, Rob Gronkowski e Danny Amendola. Quando saudáveis, o ataque do time pode render muito bem, mas é difícil confiar que ficarão saudáveis até o fim do ano quando nenhum deles conseguiu esse feito nos últimos dois anos. Também atrapalha o fato de que Tom Brady está tendo a pior temporada da sua carreira e dando alguns sinais da idade: mesmo depois de um excelente jogo contra o horrível Steelers (que fez Matt Cassell parecer competente), Brady ainda está com as piores marcas da carreira em aproveitamento (57.1%), TD% (3.8%), Rating (82) e QBR (56.9, embora essa estatística só exista desde 2008), e a segunda pior marca da carreira em jardas por passe (6.6), pior desde 2002. Se desconsiderarmos tudo que sabemos sobre o grande QB que Brady é, esses números são realmente bem fracos, tirando seu QBR e seu bom índice de interceptações (1.8%). Mas ele ainda é Tom freaking Brady, e nunca é prudente descartar um jogador desse calibre como velho ou ineficiente - ele ainda pode vencer um jogo se estiver em um dia bom. Mas sua tarefa será muito mais complicada se Gronk e Amendola voltarem a perder jogos, especialmente com Sebastian Vollmer, o melhor jogador da linha ofensiva, fora da temporada.
O Patriots ainda é o favorito para vencer a divisão e ir com folga aos playoffs, especialmente com um calendário favorável (depois de enfrentar Panthers e Broncos voltando de bye, não tem um adversário acima de 50% no caminho deles), mas essas questões podem ser mais significativas chegando nos playoffs contra competição mais acirrada. Muita incerteza ainda pela frente para New England, embora quando sua incerteza envolve "praticamente garantido nos playoffs", isso não é necessariamente uma coisa ruim.
Miami Dolphins
Quando o Dolphins venceu seus três primeiros jogos, eu avisei que era uma possível pegadinha: o último time a vencer seus três primeiros jogos tendo menos jardas do que o adversário em cada um dos três foi o Cardinals do ano passado, que venceu quatro assim antes de perder 10 seguidos. E embora o Dolphins fosse um time melhor que o Cardinals, eu achei que logo iriam regredir. Dito e feito, 4 derrotas depois o time parecia ter voltado ao normal antes de uma boa vitória sobre o Bengals.
Ainda que a 4-4 o time esteja em uma boa posição para sonhar com o segundo Wild Card na AFC, 0.5 vitórias atrás do atual detentor do posto (5-4 Jets), eu não gosto do prognóstico desse time para o resto da temporada. Entre os 12 piores ataques E defesas da NFL antes da rodada começar, o Dolphins não me parece ser o time capaz de executar alguma função em alto nível na temporada, e isso antes de entrar nas questões relativas a bagunça que está a organização nesse momento, com um jogador fora do time por questões pesadas de bullying e abuso por parte dos colegas e outro suspenso enquanto é investigado por estar envolvido no abuso a esse companheiro de time (inclusive o uso de ameaças físicas e insultos raciais). Isso não só tirou dois OL titulares da equipe (de uma unidade que já era ruim) como piora enormemente o clima no local, não só questionando a liderança do fraco técnico Joe Philbin como expondo também os diversos problemas internos da organização em um time que parece tudo, menos coeso. O time parece ter cânceres demais (incluindo o melhor jogador que sobrou na OL, Mike Pouncey, que inclusive foi questionado pelo FBI por sua campanha "Free Aaron Hernandez") para resolver tudo de uma vez, e isso não vai facilitar a vida de um time que já era mediano antes desses problemas acontecerem. Não tem nada que me deixe menos confiante do que um vestiário em ruínas e sem nenhum tipo de união entre jogadores e comissão técnica.
E ainda mais preocupante do que isso tem sido a atuação do QB Ryan Tannehill, que deveria ser o Franchise QB do time mas que está tendo um ano muito ruim. Seus números como passadores são bem fracos - 60.2%, 6.8 Y/A, 11 TDs contra 9 Ints - mesmo antes de considerarmos que Tannehill lidera a NFL com 35 sacks (!!!) e 8 fumbles sofridos em 8 jogos (!!!!!!), números horríveis para qualquer jogador. A linha ofensiva muito ruim da equipe sem dúvida contribuiu para isso, mas Tannehill simplesmente não mostrou nenhuma habilidade para ganhar tempo no pocket, criar separação ou fazer jogadas em movimento, e muito menos de proteger a bola quando sofre contato. Seu QBR de 38 é o 31st entre 39 QBs qualificados, o que também é um péssimo sinal para seu QB segundo-anista. Tannehill vai precisar melhorar e muito - com uma linha ainda mais desfalcada - se quer levar o time aos playoffs.
New York Jets
O Jets é o time mais bipolar e de maior variação na NFL nessa temporada, mesclando jogos excelentes contra bons times (boas vitórias contra Patriots e Saints) com derrotas para Steelers e o massacre de 40 pontos contra o Bengals semana passada. Então enquanto o record de 5-4 e as vitórias contra Pats e Saints mostram que esse é um bom time, é difícil confiar em uma equipe que parece brincar de Dr. Jekyll e Mr. Hyde a cada semana. A defesa é muito sólida e Muhammad Wilkinson evoluiu em um dos melhores DTs da NFL, então o time tem boas chances de ver sua defesa ganhar alguns jogos, mas o ataque...
O ataque é liderado pelo jogador mais volúvel da NFL, Geno Smith, que tem dois jogos com QBR acima de 75 (Bills e Falcons) e três outros abaixo de 10 (além de um 14 e um 15). Considerando que a métrica vai de 1 a 100 com 50 sendo o "médio"... hmm... yeah, isso é meio complicado. A verdade é que Geno Smith tem sido um QB ruim na sua temporada de calouro: 58.1% de aproveitamento, 7.3 jardas por passe, e mais interceptações (13) do que TDs (8) por uma considerável margem. E embora ele ganhe valor pelas suas pernas, isso não necessariamente tem sido vantajoso para a equipe: ele não tem uma boa noção de quando correr e quando não, o que gera um número enorme de tackles antes de ganhar alguma coisa significativa e de fumbles. Em geral, seu QBR de 30 indica que ele tem sido mais um problema que uma vantagem ao time nesse começo de ano, e embora seus bons jogos mostrem que ele possui potencial, ele não tem conseguido fazer isso sobressair as suas limitações, e isso limita o potencial do time.
O Jets também é um forte candidato a regressão: seu record de 5-4 esconde um Pythagorean Expectations de 3-6, e um record de 5-1 em jogos decididos por uma posse de bola, o que obviamente são fatores imensos para regressão. Tem fatores demais agindo no sentido de regressão para o Jets, e a não ser que Geno possa começar a ser mais consistente, esse time não vai conseguir se salvar só com a defesa.
Buffalo Bills
O Bills, por outro lado, era para ser um time interessante que foi destruído por lesões. Mesmo perdendo seus dois melhores jogadores de secundária para os primeiros seis jogos da temporada em Stephen Gilmore e Jairus Byrd, o time ainda manteve uma das melhores defesas da NFL nesse começo de temporada, 7th em DVOA antes dessa rodada. Sua linha de frente, em particular, é muito forte, com Marcell Dareus finalmente virando uma força contra o jogo terrestre e Mario Williams fazendo jus ao seu contrato imenso com 11 sacks. Além disso, o time draftou o excelente Kiki Alonso para solidificar o meio da sua defesa, e tinha tudo para aproveitar essa unidade com o Jets fez rumo a uma boa temporada.
Mas as lesões destruíram a temporada do Bills: Byrd e Gilmore perderam muito tempo e impediram que essa defesa fosse ainda melhor, e mais importante, as lesões transformaram a situação do Bills - que deveria ser abaixo da média mas pelo menos estável - em uma zona: EJ Manuel jogou apenas quatro jogos e meio antes de sair com uma lesão no joelho, e se seu QBR de 42 não era espetacular e mostrava como ele ainda tnha muito a evoluir, os dois jogadores que entraram no seu lugar (Thaddeus Lewis e Jeff Tuel) possuem QBRs de 19 e 9, respectivamente. É difícil dizer se com EJ Manuel o time estaria em uma situação melhor, mas é impossível ser um bom time quando seus QBs não conseguem passar de 20 em QBR. O time também teve que enfrentar o segundo pior calendário da NFL, o que não ajudou. Bills é um time que já começa a pensar ano que vem, mas pelo menos a base é boa.
Cincinatti Bengals
O Bengals dos últimos anos vinha sendo aquele time que é estável, regular, mas não espetacular: antes da temporada, a expectativa era de mais um ano com um ataque mediano, com um QB muito mediano em Andy Dalton e um jogo terrestre inconsistente, liderado por uma defesa sólida mas que não iria manter o mesmo ritmo porque era de se esperar alguma regressão por parte do Geno Atkins, que apesar de se solidificar como um dos melhores defensores da NFL não iria ser capaz de repetir o ano de 2012. E em geral, eu acertei... a defesa realmente foi boa, apesar de Atkins ter regredido um pouco (e se mantido como um All-Pro DT, claro), e o ataque evoluído um pouco porque Dalton estava jogando melhor, então o Bengals era basicamente o time que eu esperava antes da temporada só que um pouco melhor em cada área. Em um ano onde a AFC está bastante equilibrada, eu estava começando a achar que o Bengals era um time que poderia entrar na briga entre os candidatos ao Super Bowl com um ou dois golpes de sorte ao longo do ano.
E aí os dois melhores jogadores defensivos da equipe, Leon Hall e Atkins, se machucaram e estão fora da temporada. Um abraço para o time que começava a aparecer como um possível candidato ao título. Ainda assim, é cedo para descartar o Bengals, já que a sua vaga nos playoffs parece garantida em uma divisão bem fraca, e a defesa ainda é uma boa unidade. Andy Dalton está tendo a melhor temporada da sua carreira, especialmente nas bolas longas, e Gio Bernard tem se mostrado um bom RB. Mas a perda de dois dos seus três melhores jogadores em Hall e Atkins diminui consideravelmente o teto desse time e o mantém um nível atrás do escalão de topo da AFC.
Cleveland Browns
Mantenho o que disse antes da temporada e no começo dela: o Browns seria um time de playoffs com um bom QB. Eles estão 4-1 nos jogos começados por Brian Hoyer e Jason Campbell - dois QBs medianos - e 0-4 nos jogos começados pelo ruim Brandon Weeden. Eles precisam urgente de um jogo terrestre, mas possuem dois excelentes recebedores em Josh Gordon e Jordan Cameron e sua defesa cede apenas 3.8 jardas por corrida e 5.1 jardas ajustadas por passe.
Felizmente para eles, o time se encontra em uma situação excelente nesse respeito, já que o time possui duas escolhas de primeira rodada no que deve ser um draft extremamente lotado de talentos na posição de QB, sem falar que podem juntar essas duas escolhas em um pacote para subir e pegar Marcus Mariota ou Teddy Bridgewater. A troca com o Colts foi um sucesso - Trent Richardson só comprovou ser horrível e o time faturou uma escolha de primeira rodada no processo - e o Browns se coloca em uma boa posição para o futuro com múltiplas escolhas e jovens talentos. O time ainda sonha com uma vaga nos playoffs via Wild Card, mas o foco do time é no futuro.
Baltimore Ravens
Lembra na pré-temporada quando eu falei que o Ravens ia regredir em relação ao ano passado, que vencer o SB não garante nada para o ano seguinte e que era improvável que Joe Flacco se mantivesse como o jogador espetacular que foi nos playoffs, e que levou muitos torcedores do Ravens a me xingar, me chamar de "hater" e coisas do tipo? Pois é...
O Ravens na verdade tem o saldo de um time 4-4, então eles não tem realmente sido tão ruim quanto o record indica. A questão é que eles também não tem sido bons: a defesa é sólida e acima da média, se aproveitando do bom trabalho do GM Ozzie Newsome na offseason, mas o ataque... argh, esse ataque é uma atrocidade. Joe Flacco está tendo seu pior ano desde a temporada de calouro, com seu aproveitamento e jardas por passe decaindo, quase tantas interceptações (9) como TDs (10), e um QBR abaixo dos 50. Alguns dos fatores já foram muito explorados ao longo do tempo aqui, como o jogo terrestre e a falta de um WR confiável depois das saídas de Anquan Boldin e lesão de Dennis Pitta que exploramos no nosso mailbag, mas o fato é que esse ataque simplesmente não é bom o suficiente para assustar ninguém indo para frente, especialmente sem uma defesa de elite. Eu também não acho que exista uma solução fácil para o time esse ano: a linha ofensiva está horrível, Ray Rice de repente parece ter 38 anos, e Flacco não estava pronto para receber essa responsabilidade adicional de ser o centro do ataque. Ainda é cedo na temporada para desistir dos playoffs, e o Ravens sabe melhor do que ninguém (tirando talvez o Giants) que chegando nos playoffs quase qualquer time pode ganhar o SB com alguns golpes de sorte e um QB pegando fogo na hora certa, mas é um time que vai ter dificuldade com esse ataque, tendo em vista as boas defesas ainda no caminho do time.
Pittsburgh Steelers
Uma tabela difícil, uma onda de lesões (que levou parte da linha ofensiva, seu RB por três jogos e mais algumas peças importantes da defesa) e um time que está passando por uma reconstrução. Esses três fatores, combinados, fizeram do Steelers uma das piadas de 2013, com 2-6 de record e a façanha de ter perdido do Vikings. Olhando para 2013, é difícil vislumbrar alguma luz no fim do túnel para a equipe: o calendário fica ainda mais difícil indo para frente, o jogo terrestre é uma perdição (3.5 YPC) e não tem como recuperar disso sem a volta de jogadores como Maurkice Pouncey e David DeCastro (que ainda pode voltar esse ano). O único consolo do time é ainda ter um grande QB que consegue executar com seu braço de canhão, mas de pouco adianta isso se ele não consegue lançar a bola sem um defensor pendurar no seu cangote. O ano praticamente acabou para o Steelers.
A forma desse time dar a volta por cima, principalmente, é dar tempo ao tempo. O time começou a remontar seu time em 2013 depois de anos de estabilidade, e não é possível achar que tudo vá ser fácil assim. Recentemente, o time investiu pesado no draft para reforçar sua linha ofensiva, que ainda não deu resultado porque ninguém consegue ficar saudável, mas um pouco de sorte nesse quesito pode acabar rendendo uma OL dominante - como aconteceu por exemplo com o 49ers, outro time que investiu pesado na sua OL via draft e passou por lesões no começo antes de explodir em 2012. A defesa, tão ruim em 2013, perdeu alguns jogadores veteranos na offseason e viu caras como Larry Foote e Sean Spence perderem muito tempo com lesões, o que atrapalhou ainda mais essa transição do time. Esse tipo de coisa demora, e não é de se estranhar o começo ruim. O ataque eventualmente vai se estabilizar com mais saúde e mais tempo para os jovens jogadores evoluirem, e a defesa também vai seguir seu curso. Especialmente com uma escolha alta vindo aí no próximo draft.
Indianapolis Colts
Eu já escrevi um texto muito maior e mais completo sobre o Colts, então recomendo ele já que ele vai aprofundar muito mais do que eu poderia em dois ou três parágrafos aqui. Mas tudo que eu escrevi continua relevante: o Colts é um time extremamente divertido que conta com um QB de elite e um jogo terrestre decente (que seria muito melhor se o time parasse de dar tantas corridas para o fraco Trent Richardson), junto de uma defesa razoável, para liderar sua divisão sem sinais de que vai parar. O time acumula vitórias contra Broncos, 49ers e Seahawks, e Andrew Luck evoluiu de calouro promissor para um dos melhores titulares da NFL esse ano. E uma coisa que você nunca quer fazer nos playoffs é descartar um time com um QB de elite. Se o time estivesse completo, seria um dos favoritos ao Super Bowl.
O problema para o Colts é a perda de Reggie Wayne, o segundo melhor jogador do ataque e o alvo de confiança de Andrew Luck. O Colts foi um time melhor em 2013 quando focou no passe com Luck, e Wayne era o alvo favorito do seu quarterback, o tipo de jogador que atrai dobras, mudanças na marcação e ainda acaba com 7 recepções e 100 jardas, liberando todo mundo. E o Colts optou por não fazer nada nessa deadline, mantendo o elenco como está, e a não ser que TY Hilton continue pegando 3 TDs por jogo, o Colts vai sofrer uma queda no seu jogo aéreo. A tabela facílima e o brilhantismo de Luck serão suficientes para garantir o time nos playoffs, mas a lesão de Wayne altera consideravelmente o que esperar desse time indo para frente, especialmente quando enfrentar uma defesa de elite. Eu particularmente espero que o Colts continua ganhando, pois é um dos times mais legais de se assistir em toda a NFL.
Tennessee Titans
Apesar de alguma regressão ser inevitável para um time que recupera 75% dos fumbles, uma figura que fica em torno dos 50% com uma amostra maior, e de possuírem o quarto pior Special Teams da liga, o Titans é um time interessante que também briga por aquele segundo wild card, e que pode até sonhar com um título de divisão caso o Colts acabe sentindo demais a falta de Wayne. Não acho o Titans o melhor time na briga por essa eventual segunda vaga do WC, mas as chances são interessantes quando consideramos que o Titans ainda enfrenta o Jaguars duas vezes, mais Oakland e depois Texans e Cardinals em casa. O Titans também ainda enfrenta duas vezes o atual líder da AFC South, o Colts, o que pode acabar sendo importante na hora de determinar o campeão da divisão. O Titans ainda está muito vivo na competição.
O problema do Titans é ser aquele time que faz tudo bem e nada de forma excelente. A defesa é boa e acima da média, 15th em DVOA e tem alguns jogadores jovens e em evolução (em especial o CB Alterraun Verner) capazes de fazerem jogadas que mudam o rumo da partida, mas também são um pouco propensos a falhas de comunicação ou de cobertura, as vezes comuns nesse tipo de time jovem. O ataque é uma montanha russa, cujo jogo terrestre tem apenas 4 jardas por corrida mas parece ter muito mais jogos com 2 e 6 YPC do que jogos com realmente 4. Jake Locker está tendo uma boa temporada quando saudável, mas ainda não é o tipo de QB capaz de ganhar jogos sozinhos, e por isso o ataque do Titans também aparece como um grupo mediano ou pior na temporada. A vantagem do time é que eles são razoavelmente completos, e não possuem uma grande fraqueza a ser explorada. Três das suas quatro derrotas também vieram contra bons times, no caso Chiefs, 49ers e Seahawks, embora valha citar que o Titans foi inferior nas três partidas, em especial no massacre que tomaram do 49ers (anotando dois TDs em garbage time contra a defesa reserva). Então eles basicamente são aquele time all-around que faz de tudo um pouco e possui poucas falhas mas que não tem o talento para bater de frente com os favoritos, e que enfrentam um calendário bastante favorável. Me parece uma receita interessante. Um time a ficar de olho nessa segunda metade.
Houston Texans
Com 2-6 e um calendário que ainda inclui Colts fora de casa, Broncos e Pats em Houston, a temporada parece estar indo pelo ralo para o time que vem de seis derrotas seguidas - depois de vencer milagrosamente dois jogos que deveria ter perdido. O Texans não deveria ser tão ruim, considerando que tem uma boa defesa com o melhor jogador defensivo do mundo em JJ Watt (ainda que muito desfalcada por lesões), mas o ataque (e os special teams) tem sido atrozes. Tão atroz o ataque que o time acabou mandando para o banco seu titular, Matt Schaub, e promovendo para titular um calouro não draftado chamado Case Keenum que ninguém tinha ouvido falar antes da semana 6.
Na verdade, se a temporada do Texans realmente foi por água abaixo, Keenum e a questão do QB se tornam o ponto central da temporada e da offseason que se aproxima. Como eu já escrevi anteriormente em mais detalhes, essa é a hora do Texans definir se para o futuro Schaub ainda pode render, ou se eles precisam ir em outra direção. No segundo caso, o ideal seria dar a Keenum a titularidade até o final do ano para poderem ver exatamente o que eles possuem no garoto, e se ele pode ser o titular do futuro ou se é hora de investir no draft. Até aqui Keenum tem impressionado, especialmente depois da grande partida contra o Colts, mas não é possível julgar um jogador por apenas um ou dois jogos (Matt Flynn e Kevin Kolb, alguém?), então esse vai ser o ponto focal do Texans para o resto do ano. O Draft de 2014 tem QBs saindo pela janela, mas se estiverem convencidos de que Keenum é a resposta na posição, isso permite ao time ir em uma direção diferente.
Jacksonville Jaguars
A lista de afazeres do Jaguars até o final da temporada tem dois itens: a) Evitar terminar o ano como o pior time de todos os tempos; b) Decidir entre Teddy Bridgewater e Marcus Mariota para a primeira escolha do próximo draft.
Denver Broncos
O quão irônico é que o Broncos pode terminar o ano 14-2 e ficar apenas com a 5th seed do draft? Isso por causa do Kansas City Chiefs, ainda invicto, e do regulamento da NFL que diz que mais importante do que o record da equipe é se ela venceu uma divisão ou não (um regulamento que eu não gosto, pois premia times que tem sorte de jogar em uma divisão inferior. Veja Seahawks vs Chiefs em 2010 para os detalhes). Claro, improvável que tanto Chiefs como Broncos vençam todos seus jogos até o final do ano (e dividam a série entre eles), mas enfim, é só um exemplo.
A verdade é que o Broncos é um time complicado, um time excelente que lidera a NFL em eficiência e que possui um dos melhores ataques da história do jogo, mas que apresenta algumas falhas preocupantes que tem sido exploradas pelos adversários com algum proveito. Em particular, o time tem um ataque espetacular centrado no jogo aéreo: Peyton Manning está tendo talvez a melhor temporada da sua incrível carreira, conduzindo um ataque do Broncos lotado de grandes opções de recebedores de forma magistral, com três recebedores caminhando para passarem das 1000 jardas na temporada e talvez até um quarto se Julius Thomas voltar de lesão logo, e com 3 dos 10 jogadores que mais receberam TDs essa temporada no mesmo time. É extremamente difícil segurar esse ataque aéreo, e embora a falta de força no braço de Manning seja uma preocupação contra defesas mais físicas capazes de dominar a linha de scrimage, é difícil demais segurar Wes Welker, Thomas, Demaryus Thomas e Eric Decker ao mesmo tempo. Ainda que seja difícil manter o ritmo de um ataque aéreo - especialmente um de um QB sem muita força no braço e cujos passes precisos dependem do toque perfeito que ele coloca na bola - no frio de Janeiro e Fevereiro, onde a bola é mais dura, os dedos possuem menos firmeza e o braço perde força, esse time é bom demais e tem opções demais para não ser considerado uma força. Os jogos contra o Chiefs, uma defesa extremamente física, serão um bom teste para esse ataque.
O problema do time é a defesa, onde a secundária horrorosa da equipe já foi explorada por diversos adversários. A volta de Von Miller adicionou ao time um muito bem vindo pass rush, já que diminuir o tempo do adversário para achar um WR livre é crucial quando sua secundária não é boa. Então isso já ajuda, mas o time tem sido extremamente vulnerável contra o passe, como Cowboys e Colts deixaram claro. Ainda que a proficiência do ataque seja suficiente para compensar com sobras essa defesa suspeita, é uma fraqueza gritante que ficará mais significativa quando a competição (fraca até agora) endurecer no final da temporada. Mas isso não muda que esse é um excelente time, com um QB Top10 historicamente jogando de forma brilhante, e que vai aos playoffs seja por título de divisão ou Wild Card e que ninguém vai querer cruzar na pós-temporada.
Kansas City Chiefs
Outro time que eu escrevi recentemente e cuja análise ainda é bem atual. Apesar de invictos em 9-0, o Chiefs tem levantado muitas dúvidas sobre o quão bom ele realmente é, considerando sua tabela extremamente favorável e seu record de 4-0 em jogos decididos por uma posse de bola. Entre os 14 times que começaram a temporada 9-0 desde a fusão entre NFL e AFL em 1970, o Chiefs tem o pior saldo de pontos entre todos eles com 104. Isso pode indicar que o time não é tão bom quanto o record indica ou outros times que atingiram a mesma marca... mas também vale citar que entre esses 13 acima do Chiefs, os cinco piores foram todos ao Super Bowl e quatro foram campeões. Então tem isso também. No fundo, não quer dizer muita coisa.
As dúvidas sobre o Chiefs como legítimo juggernault passam pelo seu ataque, que basicamente opera na média da NFL nas costas de Jamal Charles, segundo na NFL com 725 jardas corridas e um NFL-best 1125 jardas de scrimage (ou seja, correndo e recebendo). Basicamente um ataque conservador que corre com a bola, protege seu QB de passes difíceis e vence a batalha dos turnovers e da posição de campo. Então entendo as dúvidas de um time cujo ataque é apenas o 16th da NFL em DVOA, com as pessoas se perguntando se ele vai ser capaz de gerar pontos o suficiente contra defesas melhores nos playoffs para chegar ao título... e é uma questão válida. Só tenha em mente que ela não é conclusiva: Ravens foi apenas o 13th ataque ano passado, por exemplo, e todo mundo sabe o que aconteceu nos playoffs.
A questão é que Kansas City tem a melhor defesa da NFL, e não é nem apertado. Por mais aleatoriedade que exista em TDs defensivos, tente digerir a seguinte informação: a defesa do Chiefs tem quase tantos TDs (6) como o time inteiro do Jaguars (7) e tantos TDs como o Vikings tem TDs aéreos. Essa defesa é praticamente um ataque em seu próprio mérito dada sua capacidade não só de segurar o adversário e evitar pontos (apenas um time cedeu menos pontos e ele tem um jogo a menos) como também de forçar turnovers, anotar TDs e dar grandes posições de campo para o time. Então se o ataque deixa a desejar, essa defesa é praticamente uma máquina que joga sozinha se precisar, e não tem problema seu ataque ser apenas decente se sua defesa é desse calibre. Ainda que o record de 9-0 esteja vindo no vácuo de uma tabela ridiculamente fácil e alguma sorte, isso vai mudar: Broncos (2x), Chargers (2x) e Colts estão no caminho do Chiefs. Ainda que seja difícil tirar Kansas City dos playoffs a essa altura, esses jogos serão excelentes testes para ver o quanto estrago KC pode causar em Janeiro ou Fevereiro.
San Diego Chargers
A tabela é tudo menos favorável - dois jogos contra Chiefs, dois jogos contra Broncos, mais Bengals - e por isso é possível que acabem ficando de fora, mas queria deixar isso claro: para mim o Chargers é o melhor time brigando pela segunda vaga do WC. Mesmo a 4-4, o time poderia muito bem estar 7-1, com um pouco de sorte, considerando que uma das suas derrotas veio em OT contra o Redskins (ou seja, um cara-ou-coroa faria a diferença, ou pelo menos mais agressividade do seu técnico em uma 4th-and-1 decisiva) e duas outras vieram em milagres nos segundos finais contra Texans (inclusive uma pick-six decisiva) e Titans (quando Locker teve uma interceptação dropada nos segundos finais antes de completar o passe de TD da vitória). A 7-1, o Chargers provavelmente seria uma garantia para ir aos playoffs, mas 4-4 é mais difícil, especialmente considerando esse calendário dos infernos.
Mas o Chargers é um excelente time, mesmo que sua defesa tenha de repente esquecido como jogar seu melhor futebol americano e esteja sendo uma das piores unidades da NFL. E isso acontece porque seu QB voltou a jogar como um cara de elite: tirando Peyton Manning e talvez Andrew Luck, Phillip Rivers tem sido o melhor quarterback da NFL. O ex-Pro Bowler está completando obscenos 72.2% de seus passes para ainda mais obscenas 8.4 jardas por passe, duas marcas que deveriam ser proibidas de acontecerem juntas considerando que para ter tantas jardas por passe você normalmente precisa fazer muitos passes longos, que por sua vez possuem aproveitamento inferior. Seu QBR de 75.4 é o segundo melhor entre QBs qualificados atrás apenas de Manning, e isso antes de lembrar que seus dois melhores WRs estão fora da temporada desde a semana 2. Isso faz do Chargers o segundo melhor ataque aéreo da NFL (por uma margem considerável e bem próximo do líder Broncos), e o terceiro melhor geral considerando um jogo terrestre decente.
O problema é que esse ataque destruidor não tem, como dito, encontrado respaldo na defesa. Ainda que tenha feito um bom trabalho evitando pontos, ela é a pior defesa da NFL inteira forçando turnovers, com apenas 5, nas costas de quatro interceptações apenas da sua secundária. A parte boa é que isso deve regredir, já que essa incapacidade de forçar turnovers está associada a uma taxa de 15% recuperando fumbles, de longe a pior da NFL e totalmente insustentável indo para frente. Então é razoável supor que os fumbles vão começar a favorecer um pouco mais San Diego, e que com mais turnovers, esse grupo pode voltar a ser pelo menos mediano para sustentar esse ataque destruídor. Eu não sei se San Diego vai aos playoffs com essa tabela, mas é o melhor time da AFC que briga pela segunda vaga do WC.
Oakland Raiders
Para um time que tem quase 20% da sua folha salarial dedicada a jogadores que nem sequer estão mais na equipe, seu 3-5 não me parece ruim. Claro, seu Pythagorean Expectation está abaixo disso e DVOA coloca o time como o quinto pior da NFL na temporada, mas qual o problema? Não é como se o Raiders tivesse expectativas para esse ano, o time ainda está passando por um processo de desintoxicação depois de gestões passadas muito ruins e se preparando para começar a remontar para o futuro. Considerando que esse é o ponto onde as coisas estão para Oakland, eles estão se saindo muito bem essa temporada, com alguns jovens jogadores (em especial Lamarr Houston) se destacando defensiva e Terrelle Pryor emergindo como um QB pelo menos muito divertido de assistir e que pode ganhar uma segunda chance em 2014 se continuar assim. Basicamente, em uma temporada que deveria ser irrelevante e ruim, o Raiders pelo menos está mostrando alguns pontos interessantes e vencendo jogos com ajuda do seu bom mando de campo. Para um time que ainda está a alguns anos de ver sua reconstrução terminar, é algo animador.
AMANHÃ (QUARTA-FEIRA) SAI A SEGUNDA PARTE COM OS TIMES DA NFC!!
Concordo com vc na maior pare das analises, mas comparar keenum com kolb e flynn é meio forçado. Ele jogou muito no college, mas a lesão que teve no ultimo ano e o tamanho dele fizeram ele dispencar no draft e acabar nem sendo draftado. Eu daria no minimo uma chance para ele ser titular e mostrar que pode ser o franchise QB.
ResponderExcluirOutra ressalva que eu tenho, esse record do Chiefs com jogos terminados em 1 posse de bola de diferença não tem mais haver com o estilo do time do que realmente sorte? Usar um QB que protege a bola e basear o ataque em corridas não faz exatamente isso?Tentar vencer jogos em placares baixos onde vc controla o relogio.Já que a defesa consegue não só segurar os outros ataques como eventualmente botar pts no placar. Ravens conseguiu 2 superbowls com um time parecido(Claro que o segundo foi com um ataque mais dinamico). Eu acredito que o chiefs possa repetir a mesma receita.
Não comparei Keenum com Flynn e Kolb, só usei os dois como exemplo do que acontece quando usamos poucos jogos para tirar conclusões sobre QBs. Kolb também jogou muito no College (o mesmo que Keenum, btw) e Tebow foi talvez o melhor College QB de todos os tempos, isso não garante nada na NFL. Por isso digo que o importante para o Texans é dar a ele o resto da temporada, para que eles possam saber exatamente o que eles tem no garoto e se ele pode ou não ser um franchise QB.
ExcluirQuanto ao Chiefs, não existe nenhuma evidência histórica que mostre que times com essas características tenham algum tipo de desvio em jogos decididos por uma posse de bola. Pense assim, eles venceram dois jogos por um ponto cada - um fumble que cai nas mãos erradas já poderia mudar esse resultado, por exemplo. Uma posse de bola depende demais de algumas poucas jogadas aleatórias como essa, e o Chiefs vai regredir nesse sentido. Acho que o melhor argumento a favor do Chiefs ser bom em jogos decididos perto é que eles tem um jogo terrestre excelente, o que permite a eles gastar bastante o relógio de jogos que estiverem liderando, mas não é suficiente para sustentar um aproveitamento tão dispar nesses jogos. O que não quer dizer que eles não possam ser campeões, claro.
Duas coisas:
ResponderExcluir1. Será que não é o ataque do Pats, sem opções de passe, que está forçando o Brady a uma temporada tão ruim (para os seus padrões, evidentemente)? Pelo que me pareceu nos poucos jogos que vi do New England, quando o ataque funciona apenas um pouco, ainda temos o velho e bom Tom Brady aterrorizando defesas.
2. Trocadilho tosco e manjado, mas se eu deixar passar talvez me arrependa: Para o KCC, o melhor ataque é a defesa. Bom, talvez eu me arrependa agora de tê-lo feito.
1. Um pouco tem a ver, é difícil jogar no mesmo nível quando seus jogadores não criam separação e não agarram a bola. Mas ainda assim, é só ver algum vídeo que da para ver que ele está com reações mais lentas contra pressão, que seus passes em profundidade estão muito imprecisos, e que ele está tendo mais dificuldade de modo geral. Bons WRs ajudariam muito, mas vai além disso, no momento.
Excluir2. Hahahaha isso se aplica a um bocado de times na NFL atualmente...