Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Pontos importantes da semana 12 da NFL

Dias negros para torcedores do Jets, mas
pelo menos eles sabem rir de si mesmos



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Mais uma semana chega ao fim... e holy hell, QUE SEMANA de NFL foi essa. Tivemos vários jogos com implicações importantes para os playoffs, diversas partidas disputadas decididas até o final (Cowboys-Giants, Panthers-Dolphins, Titans-Raiders e meu favorito, Chargers-Chiefs), o duelo dos dois piores times da NFL (Jaguars e Texans, que assumiu o posto depois de perder em casa de Jaguars e Raiders em semanas consecutivas), e um dos melhores jogos da temporada e dos últimos anos de temporada regular (chegaremos nele). Você teve dois QBs famosos pelas famas de amarelão tendo grandes quarto períodos e levando seus times a vitórias importantes. Você teve, basicamente, uma grande rodada de futebol americano. Vamos passar agora por alguns dos pontos interessantes que vimos, começando com...


Tom Brady vs Peyton Manning, Parte XIV


Broncos e Patriots, nosso Sunday Night Football, foi um dos melhores jogos de temporada regular dos últimos tempos. Teve basicamente de tudo: grandes viradas, grandes jogadas, surpresas, fumbles, polêmicas, fumbles, dois dos melhores QBs da sua geração se enfrentando, e para terminar, mais fumbles (sério, foram 11 fumbles. ONZE!!). E como todo jogo bom, apertado, decidido nos detalhes e com tantos interesses e histórias envolvidas, eles deram origem a todo tipo de conclusões estúpidas, falácias e besteiras de modo geral. Então vamos passar rapidamente pelo jogo e ver as conclusões que podemos tirar, e quais as que são exageros viesados.

A primeira coisa que chama a atenção, e eu acho que ainda não citei aqui, foi a quantidade absurda de fumbles que esse jogo teve. Foram ONZE fumbles na partida, três a menos que o recorde da NFL. E claro, como não poderia deixar de ser, foi um deles que decidiu a partida, depois de quatro campanhas sem sucesso em OT, Tony Carter (que pode começar a procurar um novo emprego) acabou encostando na bola de um fumble recuperado pelo Patriots, que chutou o FG e acabou com a vitória. Mas a questão é que, como apontou também o grande Bill Barnwell (que soltou a coluna ontem com esse mesmo ponto), a história do jogo está diretamente atrelada a questão dos fumbles.

Como eu já falei aqui inúmeras vezes, recuperar fumbles é uma questão de sorte: cada time vai recuperar um fumble em média 50% do tempo, uma boa ferramenta para ver se um time foi particularmente azarado ou sortudo durante algum tempo. No caso, dos 11 fumbles, o Patriots recuperou 6 deles e o Broncos 5, então não da para dizer que algum time foi particularmente azarado no quesito. Mas a questão não é se um time foi azarado ou não, foi a forma como essa sorte foi distribuída ao longo desses 11 fumbles que interessa. Porque se prestar atenção, foi o que determinou o caminhar do jogo. Para começar a partida, foram três fumbles do New England Patriots... e todos recuperados por Denver, que usou isso para anotar 17 pontos e abrir seus 24 de vantagem (sem falar, claro, que se as campanhas do Patriots terminavam em fumbles eles não tinham chance de pontuar também). Então o fato de Denver ter começado 3 de 3 recuperando fumbles foi o que impulsionou o começo dominante do time. Depois disso, a reação do Patriots aconteceu... e em parte porque o time recuperou 6 dos 8 fumbles que aconteceram depois na partida, inclusive uma sequência importante no final do primeiro tempo, quando o Patriots sofreu três fumbles consecutivos na mesma campanha e recuperou os três. Se Denver recupera um deles, começaria mais uma campanha no campo de ataque e prestes a anotar outro TD. Da mesma forma, New England acabou recuperando outros dois fumbles de Denver, inclusive um game-changer do Montee Ball (que não voltou mais para o jogo) no segundo tempo e o lance decisivo do Tony Carter em OT, o que ajudou o time a reagir e vencer o jogo. Não que a sorte nos fumbles seja o ÚNICO motivo pelo qual tudo isso aconteceu, pelo qual o Denver abriu vantagem, pelo qual New England reagiu e tudo mais, claro, mas é fácil ver como a distribuição dessa forte é algo determinante na hora de determinar a forma como o jogo flui.

Outro ponto a ser discutido é a forma como as histórias numerosas que já existiam de antemão antes da partida (em especial Brady-Manning), junto a alguns fatores, acabam distorcendo as conclusões e histórias que saem dessa partida de forma injusta. As pessoas gostam de usar um resultado - no caso, a vitória do Patriots e derrota do Broncos - para produzir todo tipo de história. O Patriots venceu porque Tom Brady é melhor e/ou mais clutch que Manning, que perdeu o jogo e portanto CLARAMENTE não é tão bom ou não tão clutch. Ou é o que querem nos passar com base no resultado final, um jogo que esteve empatado em 31 a 31 por três minutos do tempo normal e mais quatro posses de bola da prorrogação, e que foi decidido em um fumble aleatório de um jogador aleatório em uma jogada que não envolveu nenhum dos dois QBs. Não é o resultado desse fumble que vai determinar quem é bom e quem não é, quem é mais clutch e quem não é, e tudo mais. Tom Brady não teve um bom jogo porque Carter teve uma pane mental e sofreu um fumble - Tom Brady teve um grande jogo porque conduziu cinco campanhas excelentes para anotar 31 pontos e empatar um jogo que estava perdendo por 24 no intervalo. E Peyton Manning não deixa de ser clutch, depois de ter feito uma campanha excelente para empatar o jogo nos minutos finais (antes que alguém reclame da falta que voltou atrás uma interceptação, a falta foi bem clara) porque Carter não saiu da frente de um punt. O fato é que foi um jogo muito bom (Denver teve um ótimo primeiro tempo, New England um ótimo segundo tempo) entre duas boas equipes, que ficou empatado por muito tempo e que não foi decidido por uma grande jogada ou um grande erro de um QB no final, e sim por um fumble em uma jogada onde nenhum deles sequer estava em campo.

A maior estupidez, claro, veio de um comentarista da TV brasileira, que disse que "no final, pesou a camisa! Venceu o time que sabe vencer os jogso no final!", uma das maiores besteiras que eu já escutei nos últimos tempos. O jogo foi perfeitamente equilibrado por 12 minutos da prorrogação, ambos os times em condições totais de igualdade, e a vitória acabou sendo decidida por um fumble aleatório de um jogador aleatório... e isso aconteceu por causa da CAMISA que pesou? Por favor! A não ser que ele esteja tentando argumentar que o material da camisa do Patriots é mais leve e teria melhorado a movimentação do jogador para sair da frente da bola (acho improvável!), estou extremamente curioso para saber como um erro individual de um jogador significa algo sobre a camisa dos times, ou sobre como ganhar um jogo porque o adversário cometeu um erro não-forçado diz que seu time "sabe vencer jogos". Esse é só mais um exemplo de conclusões tiradas pelos resultados, narrativas prontas que não tem qualquer base além de um ponto abstrato (no caso, o resultado) influenciado por dezenas de coisas que acabamos ignorando.

Claro, eu não quero aqui tirar o mérito do Patriots pela sua brilhante recuperação, ou falar que o Broncos foi o melhor time ou mereceu vencer nem nada do tipo (como alguns torcedores do Patriots tentaram se convencer que era o caso, porque eles adoram fazer isso). Eu só estou dizendo que não é inteligente justificar tudo com base no resultado. Pense da seguinte maneira: e se fosse Julian Edelman que sofresse um fumble desses em um retorno de punt, Broncos recuperasse e chutasse o FG da vitória? Isso faria a recuperação do time e o segundo tempo de Tom Brady menos impressionante, ou aumentaria o valor da campanha final de Manning no tempo normal? Mas é óbvio que não! O jogo teria sido rigorosamente o mesmo, só que com um erro individual do outro lado e, portanto, outro resultado final. Mas as mesmas pessoas que tiram essas conclusões iriam correr para apontar a "clutchness" de Manning ao conduzir aquela campanha final no tempo normal, e apontar que Brady teve três campanhas para vencer a partida e não conseguiu passar do meio de campo em nenhuma para mostrar que ele não é. E claro, o jogo teria sido rigorosamente igual, com um resultado diferente. Se o jogo foi igual, então qual seria o motivo de mudar a narrativa dos jogadores envolvidos? Nenhum. Então não fiquem se atendo a narrativas prontas com base nos resultados, e sim se foquem no processo que levou a isso.

Uma outra decisão que levantou muita estupidez no twitter e por ai afora foi a decisão do Bill Belichick, em OT, de optar por não começar com a bola para jogar a favor do vento. Pela milésima vez eu preciso bater nessa tecla: você NÃO pode e NÃO deve julgar uma decisão com base no resultado. O técnico que toma a decisão não é um vidente e não sabe qual vai ser o resultado - o Broncos poderia anotar um TD logo na primeira campanha e tornar o vento inútil, o Broncos poderia errar um FG por causa do vento e dar a vitória a New England, ou poderia acontecer o que aconteceu de fato, não ter nenhuma influência no resultado - então tudo que ele pode e deve fazer é analisar as probabilidades e tomar a decisão que da ao seu time a melhor chance de vencer. E eis porque eu achei a decisão tão interessante: não temos nenhum tipo de amostra indicando qual é a decisão que melhora as chances da equipe de vencer o jogo. É tudo uma questão de analisar o que você perde (dar a bola primeiro ao melhor ataque da NFL, com chance de anotar o TD, antes de você tê-la, e possivelmente dando a eles mais posses do que você) e o que você ganha (algumas jardas de posição de campo em punts, aumentar seu FG range e diminuir o do adversário), e concluir o que você acha ser maior. Não tem nenhum estudo, prova ou amostra indicando qual é melhor, então não tem uma decisão certa ou errada. E no final, acabou sendo totalmente irrelevante: o vento não fez nenhuma diferença, o número de posses de bola de cada time não fez nenhuma diferença, e o jogo foi decidido em um erro individual. Claro que isso não evitou um monte de gente, no primeiro punt do Broncos em OT, de chamar Belichick de "gênio", porque aparentemente ele SABIA que o Broncos não iria pontuar na primeira campanha, ou então porque foi culpa do vento que o WR do time cometeu uma falta em uma terceira descida que teria gerado uma 4th and inches. Tem gente que vai tentar distorcer o que aconteceu falando que foi o vento que fez bater a bola no Carter (e não as leis da física, que dizem que um corpo em movimento tende a permanecer em movimento e que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço) porque o padrão é sempre esse, distorcer os fatos para caber nas conclusões. O fato é que foi uma decisão interessante que não teve nenhum resultado, positivo ou negativo. Não precisamos procurar chifre em cabeça de cavalo.

Então tirando tudo isso, o que PODEMOS concluir do jogo? Basicamente não muito que não soubéssemos de antemão antes da partida. Que a defesa do Broncos depende muito do seu pass rush chegando no QB, senão é muito vulnerável na secundária a bons passes e pode ser explorada (um dos fatores cruciais no segundo tempo? A linha ofensiva do Pats começou a dar tempo para Brady no pocket); que a defesa do Patriots, com seus dois DTs titulares no IR, tem imensas dificuldades em parar o jogo terrestre e que depende muito de Aqib Talib para fazer a secundária funcionar (ele foi bem essa semana, mal na semana passada, e o resultado no resto da defesa é claro); que o ataque do Broncos é muito poderoso e que pode te vencer de diferentes maneiras (mais de 200 jardas terrestres); que Manning-Brady é uma das melhores rivalidades da NFL e promessa de grande jogo... isso tudo a gente já sabia. Acho que o principal ponto de dúvida era ver como o ataque do Patriots iria funcionar, e problema com fumbles a parte, ele jogou muito bem, com jogadores como Edelman e Kembrel Thompkins aparecendo muito bem e Rob Gronkowski cada vez mais em forma. Acho que esse foi o principal ponto positivo para qualquer um dos times. Fora isso, um grande jogo entre dois bons times e dois grandes QBs. Não precisamos ficar achando muito mais do que isso para ter valido a pena.

O eterno dilema de QBs em New York


A vida de um torcedor do New York Jets não tem sido fácil nos últimos anos. Desde que aquele time com defesa fantástica e ataque suspeito improvavelmente chegou a duas finais consecutivas em 2009 e 2010, o time tem brigado para voltar a relevância e tem esbarrado em um grande problema: Quarterbacks. Mark Sanchez, o QB do time durante esse tempo, acabou involuindo em um dos piores QBs da NFL, uma piada generalizada ao redor da NFL, e todo mundo dizia que o time não iria longe enquanto não mudasse o jogador que ocupava essa posição. Afinal de contas, qualquer coisa seria um upgrade sobre Mark Sanchez, o QB do Buttfumble, o pior titular da NFL. Certo?

Bom, esse ano, o time draftou um QB cru na segunda rodada (Geno Smith) e o colocou como seu titular depois que Mark Sanchez sofreu uma lesão grave na pré temporada, eventualmente perdendo o ano todo. Então, considerando que o time está 5-6 e brigando por uma vaga nos playoffs, quanto melhor tem sido o desempenho de Smith como QB da Gang Green?

2012 Mark Sanchez (15 jogos): 246/453, 54.3%, 2883 jardas, 13 TDs (2.9%), 18 interceptações (4%), 6.4 jardas por passe, 23.37 QBR, 34 sacks, 14 fumbles

Aikes! Acho que eu não preciso explicar porque esses números são absolutamente horríveis - não tem um único número que se salve ai no meio, nenhum. Bom, e Geno Smith?

2013 Geno Smith (11 jogos): 175/317, 55.2%, 2227, 8 TDs (2.5%), 18 interceptações (5.7%), 7.0 jardas por passe, 23.36 QBR, 37 sacks, 9 fumbles.

Surpreendentemente parecidos, certo? Mark Sanchez pode até ter sido um passador MELHOR que Geno Smith considerando essas duas temporadas (embora, para ser justo, Geno tem 178 jardas terrestres e 3 TDs). A verdade é que, mesmo sem Sanchez, o ataque continua a mesma droga e o problema continua sendo o mesmo, a péssima produção da posição de QB. Geno Smith tem mais potencial, é mais jovem e era considerado muito cru (então é de se esperar que tenha mais a evoluir no curto prazo), então entendo porque o time possa preferir ele indo para frente, mas quando você está sendo ameaçado de ir para o banco por MATT SIMMS com seu time 5-6 e empatado por uma briga no wild card... quer dizer, é porque as coisas estão ruins. Nem Mark Sanchez em 2012 conseguiu o QBR que Smith conseguiu duas semanas atrás de 0.7 (embora para ser justo, o  QBR só foi incorporar "Buttfumble" como um critério após Sanchez se machucar... e Sanchez teve um 0.3 como calouro).

O fato é que o Jets é um time bem ruim esse ano. Seu saldo de pontos é o terceiro pior de toda a NFL depois do Jaguars, e a Pythagorean Expectations da equipe é de um time abaixo de 3-8. DVOA coloca o time como o 24th melhor da NFL graças a uma defesa Top5, mas com o segundo pior ataque. E no centro disso tudo está Geno, que continua com a tradição Mark Sancheziada da equipe - e isso sem entrar no mérito de que nas últimas quatro semanas, Geno tem um QBR de 4 (!!!). Nenhum QB no período tem menos de 20, via ESPN Stats & Info. Na verdade, se você SOMAR o QBR dele nessas quatro semanas, não passa de 23. Então se você tinha esperanças que o Jets ia sair do buraco agora porque tinha um QB de verdade no lugar do desastre que era Mark Sanchez... melhor pensar de novo.

Os dois amarelões da NFL


Tirando Manning-Brady, esse não foi um bom domingo para quem gosta de exagerar nas narrativas prontas, pré-determinadas e totalmente fora da realidade sobre algum time ou jogador. Isso porque dois QBs que são frequentemente chamados de amarelões ou então criticados por serem incapazes de vencer jogos no final conseguiram levar seus times a duas vitórias cruciais - adivinhe! - nos momentos finais de suas partidas. Tony Romo conseguiu uma campanha de FG para vencer os rivais de divisão Giants e recolocar o Cowboys no topo da divis ão, e Philip Rivers conseguiu anotar 41 pontos e um TD de virada no minuto final contra a melhor defesa da AFC em uma partida crucial para os sonhos do Chargers na temporada. Era uma vez quando os dois eram os grandes amarelões da NFL.

Olhando mais a fundo, é fácil ver que isso de "clutchness" é besteira nesses casos. Apesar do Cowboys ter tido um monte de tiros no pé em jogos apertados essa temporada, é difícil colocar demais a culpa nele. O jogo mais emblemático desses foi contra o Broncos, com o jogo empatado em 48 a 48 quando Romo lançou uma interceptação que deu a vitória a Denver, mas já escrevi muito sobre porque é viesado colocar a culpa da derrota no colo de Romo, que teve 500 jardas e jogou praticamente sozinho para manter o time na partida até aquele ponto. A outra derrota apertada que gerou muitas críticas foi contra o Lions, outra incrível, e na qual é impossível colocar a culpa em Romo: o Cowboys tinha 99% de chance de vitória até seu lineman cometer uma falta besta que parou o relógio e deu ao Lions 40 segundos a mais, e a defesa se implodiu na campanha final de Detroit, difícil ver aonde Romo tem alguma culpa. Na verdade, o Cowboys tem três jogos decididos por uma posse de bola ou menos na temporada e em dois desses Romo que conduziu a campanha da vitória nos segundos finais. Btw, nas últimas três temporadas Romo tem 11 campanhas decisivas no quarto período ou OT para vencer jogos, maior marca da NFL. Mas sabe, amarelão demais esse Romo.

Enquanto isso, Philip Rivers também recebeu críticas (em parte por causa da derrota na semana 1 para o Texans, mas essas fora merecidas) por ser a causa que faz o Chargers ser tão ruins em jogos decididos no final ou apertados. Claro, Rivers lidera a NFL com três viradas no quarto período ou OT e é segundo em campanhas para vencer o jogo em 4th/OT na temporada, mas isso não cansa as pessoas de apontarem para as dificuldades do Chargers em vencer jogos apertados como sendo culpa dele. Ele foi responsável contra o Texans, de fato, mas é difícil ver aonde ele teve culpa nas partidas contra Washington Redskins e Tennessee Titans: a defesa foi totalmente não inexistente no primeiro (inclusive tomando um TD na primeira campanha de OT) e dando o imenso azar do TD de Danny Woodhead ser revertido para uma 1st and goal na linha de 1 jarda, ver o jogo terrestre falhar duas vezes, e seu técnico decidir estupidamente chutar um FG ao invés de tentar converter a jogada; e na segunda precisou de uma campanha milagrosa da virada de Jake Locker nos segundos finais que ainda teve uma interceptação que teria matado o jogo sendo derrubada pelo defensor do Chargers completamente livre. Hmm, como isso é culpa dele mesmo? Isso sem falar que ele é segundo da NFL entre QBs qualificados em QBR atrás de Peyton Manning. Então se você quer jogar a carta do "Philip Rivers é amarelão e não sabe vencer jogos", ela simplesmente não é verdade.

Um dia vou entender a mania de querermos atribuir esse papel de amarelão a todo mundo, mas por enquanto, espero que pelo menos quem leia isso comece a olhar mais o que acontece por trás das óbvias aparências e da fanfarra da mídia e dos fãs antes de ficar rotulando jogadores.

Playoffs e jogos importantes dessa semana


Agora que tudo embolou de vez na AFC, já que meu "melhor e mais louco cenário possível" de fato aconteceu. Tanto Broncos como Chiefs perderam suas partidas, o que deu origem a um dos melhores jogos dessa semana porque ambos os times continuam embolados na primeira posição. Patriots continua cada vez mais líder da AFC East. Redskins e Giants foram praticamente chutados da briga pela NFC East depois de derrotas, e agora Dallas e Philaldephia Eagles estão brigando lado a lado pela vaga.

Mas o que fez dessa semana tão interessante foram os wild cards, bem como os times que NÃO ganharam. Começando pelo Wild Card da AFC, a maluquice que eu previ semana passada de fato aconteceu: com Jets e Dolphins perdendo, e Steelers, Ravens, Titans e Chargers vencendo seus respectivos jogos, agora a segunda vaga do Wild Card para a AFC envolve um empate entre SEIS times diferentes (esses seis já citados), com mais Browns, Bills e Raiders apenas um jogo atrás da vaga. Ou seja, são NOVE times que estão a uma vitória de distância da vaga aos playoffs, esquentando ainda mais a briga. 

Na NFC, Lions e Bears perderam seus jogos e as chances de cada um de disparar na ponta da divisão, mas foram ajudados pelo empate (!!) do Packers com Minnesota, o que mantém a divisão ainda mais em aberto do que antes. E na briga pelo Wild Card da NFC, Niners e Cardinals foram os únicos a vencer suas respectivas partidas, abrindo um jogo de vantagem sobre seus competidores mais próximos (Eagles/Cowboys, Bears/Lions e 1.5 jogos sobre o Packers). Então com Broncos, Chiefs, Patriots, Saints, Seahawks e TALVEZ Bengals e Colts já com vagas garantidas nos playoffs, as vagas que sobram são essas: último wild card da AFC, a NFC East, NFC North e os dois wild cards da NFC, com mais disputas por vagas na AFC West e na NFC South.

Dentro desse contexto, quais então os jogos mais importantes da semana? Bem... 


Green Bay at Detroit, Thursday, 12:30 PM ET
E já começamos com um duelo direto dentro da divisão. O Packers está dessa vez apenas meio jogo atrás de Detroit (ou um jogo atrás com vantagem no critério de desempate, se preferir), e com Aaron Rodgers voltando aos treinos visando a semana 13 para uma volta aos gramados, esse é um jogo importante não só para passar a frente do rival (e eventualmente assumir a liderança caso o Bears perca para o Vikings) como para impedir que os adversários abram vantagem demais para os jogos decisivos da temporada, que o time deve contar com Rodgers. Não é como se uma vitória garantisse o título da divisão e uma derrota o enterrasse de vez, mas uma vitória aqui coloca o time em ótima posição com Rodgers voltando e jogo contra Bears ainda pela frente, e uma derrota pode colocar o time precisando de duas vitórias a mais que seus DOIS rivais na divisão. Então é um jogo que fará uma diferença considerável na briga pela NFC North.

Btw, vale destacar que no primeiro confronto entre os dois no Lambeau Field, o Detroit jogou sem Calvin Johnson, inativo algumas horas antes do jogo começar e que causou a linha de Vegas em aumentar SEIS pontos. Então agora é a vez do Packers ir a campo sem seu melhor jogador. Must-watch, ainda mais porque é quinta em horário bom para todo mundo no Brasil (15:30 de Brasília) e sempre da para dar aquele migué no trabalho por uma boa causa.


Pittsburgh at Baltimore, Thursday, 8:30 PM ET
Os critérios para desempatar empates de SEIS são confusos e complicados demais, então não vou entrar no mérito do que vai significar no ponto de vista direto da vaga uma vitória nesse confronto. O que eu sei e posso afirmar com certeza é o seguinte: esse é um duelo envolvendo uma das maiores, mais físicas e mais emocionais rivalidades da NFL nos últimos 10 anos, e que vale uma vantagem direta na briga por uma posição comum de disputa entre ambos os times com ainda o bonus de derrubar seu maior rival dessa disputa. Fica melhor do que isso? Eu sinceramente não sei. Sei que esse é outro dos muitos jogos obrigatórios de assistir dessa semana e que pode ser decisivo para daqui a cinco semanas.


Tennessee at Indianapolis, Sunday, 1:00 PM ET
Esse jogo não só envolve dois times em busca dos playoffs, como também representa a última chance do Titans de sonhar com o título da divisão. Atualmente o time se encontra apenas dois jogos atrás do Colts na briga pela AFC South, mas uma derrota aqui praticamente acaba com os sonhos da equipe: a diferença abriria para três vitórias e o Colts ainda teria a vantagem nos critérios de desempate, o que significa que para vencer a AFC South o Titans teria que vencer seus quatro jogos e torcer para o Colts perder esses últimos quatro jogos. Praticamente impossível. Claro, não é só por isso que o Titans precisa dessa vitória urgente: o time atualmente é o detentor da última vaga do Wild Card da AFC, então uma derrota aqui vai derrubar o time uma vitória dessa briga de seis times, e acho que não preciso  explicar porque é muito mais difícil recuperar essa dianteira quando você precisa que cinco outros times percam e não só um ou dois. Então para o Colts é a chance de carimbar seu passaporte aos playoffs, e para o Titans é um jogo ainda mais importante. Titans perdeu o último jogo entre ambos por 3 pontos em casa, mas o Colts vem de derrotas humilhantes para Rams e Cardinals e não tem sido exatamente um juggernault nas últimas semanas. 


Denver at Kansas City, Sunday, 4:25 PM ET
Possivelmente o jogo da semana. Ambos os times estão 9-2, ambos os times vem de derrotas... e hmm, ambos os times também estão disputando diretamente o título da divisão E a 1st seed da AFC. Quem vencer a disputa (não o jogo de domingo, a disputa até o final) ganha a 1st seed e mando de campo, quem perder cai para a 5th. Considerável o que está em jogo nesse caso entre dois dos três melhores times da AFC.

O interesse direto na partida é maior por parte de Kansas City do que Denver. Embora obviamente quem perder vai estar em desvantagem na disputa, no caso de Denver eles possuem um consolo: eles possuem vantagem nos critérios de desempate. Então mesmo que percam o jogo e caiam uma vitória atrás de KC, eles só precisam vencer um jogo a mais nos quatro restantes para reassumir a ponta. Se Kansas City perder, perde de vez o critério do desempate e precisa de DUAS vitórias a mais que Denver nas quatro semanas restantes, o que é mais improvável. Então jogando em casa ainda, essa vitória é obrigatória para KC e importante para Denver, o que promete um jogão entre o melhor ataque e a melhor (mas surpreendentemente vulnerável essa semana) defesa da AFC.


Outros dois jogos importantes também envolvem duelos diretos pelo Wild Card: Jets e Dolphins (ambos 5-6 empatados no WC da AFC e rivais de divisão) e Cardinals-Eagles. O primeiro é um jogo simplesmente ruim, e o segundo - que talvez ganhe destaque no quesito "melhor jogo em termos de qualidade" com o duelo entre o on-fire Nick Foles e a excelente defesa de Arizona - não é tãaao interessante assim pelo conflito de interesses porque parecem estar envolvidos em duas brigas distintas, com Arizona sonhando com o wild card e Philadephia tendo como caminho mais curto aos playoffs o título da divisão. Então o interesse direto no duelo diminui, mas ainda é um bom jogo que merece ser visto. Muito futebol bom vindo por ai essa semana. Uma boa semana para ser fã de NFL. Aliás, mais uma.

4 comentários:

  1. Cara você é bom! Melhor comentarista sobre nfl no brasil! parabéns pelo trabalho e pelo blog!!! Gostaria de te dar uma sugestão para você falar sobre os melhores jogadores da liga na sua opinião atualmente em cada posição, seria bem interessante!!!!

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  2. Esse negócio de camisa pesando é uma bobagem sem tamanho. Se fosse assim teríamos ganho dos Ravens ano passado em Foxboro ou, melhor ainda, ganhado a falta final no grito contra os Panthers na semana passada. Aliás, como se os Broncos não tivessem grande tradição na AFC. Tem 2 títulos e 6 aparições no SB, além de muita torcida. No fim, uma bobagem mesmo.

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  3. Camisa chamada Bill Belichick só se for!

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    1. foi sim. Eu acho um erro, como já li em alguns sites, dizer que a decisão do BB não influenciou no resultado. O Denver moveu melhor as correntes na prorrogação mesmo contra o vento, e é provável que teria movido melhor ainda a favor, proporcionando pro cavalo do Pratter uma field goal range. Anyway, jogo épico, o mais difícil que já vi NE ganhar. Torcer pro Kansas nos dar a possibilidade de alcançar a seed 1. Tem que sonhar, mas quem sabe ?

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