Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Aonde cada time se encontra na metade da temporada (Parte II)

Rodgers vai ter tempo de sobra para concentrar no mustache agora



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Ao final da nona semana da NFL, chegamos em um ponto interessante: o momento que mais se aproxima, na NFL, da metade da temporada. Claro que, como a temporada tem 17 semanas, não existe realmente um ponto que seja a "metade", mas eu gosto da semana 9 porque é o primeiro momento na temporada onde cada um dos 32 times jogou pelo menos 8 vezes. Alguns poucos jogaram 9, mas não é o importante - o importante é que todos os times já chegaram pelo menos na metade das suas temporadas regulares, e então já começamos a ter uma visão mais clara do que cada time representa no cenário da NFL. Ent ão ao invés de fazer nossa habitual passagem pela rodada destacando os pontos mais interessantes, vamos fazer um giro pelos 32 times da NFL e vamos separar aquilo que nós sabemos sobre eles, a essa altura, e quais as questões que eles enfrentam indo para frente. Alguns, como vocês vão ver, já tem um papel claro na temporada... outros, nem tanto. Só para deixar claro que os times estão ordenados de acordo com as divisões, e não por qualquer critério.

Ontem, começamos com os 16 times da AFC. Hoje então é dia de falar dos times da NFC.


Dallas Cowboys

Quem teria imaginado, antes da temporada, que a NFC East ia ser a divisão mais fraca da NFL? Nenhum líder de divisão tem um record pior do que os 5-4 do Cowboys, e a única outra divisão com todos os times (tirando o líder) abaixo de 50% é a AFC North. Giants e Redskins tem se recuperado nas últimas semanas e o Eagles vem de uma boa partida contra o Raiders, então pode perder essa honra duvidosa nas próximas semanas, mas... por enquanto ainda é a pior divisão.

Sobre o Cowboys, eu preciso admitir, eu realmente gosto muito desse time. Algumas derrotas traumáticas, uma boa dose de azar e as eternas narrativas pré-determinadas que sempre parecem circular em torno desse time escondem o que na verdade é um bom time de futebol americano por trás: a Pythagorean Expectations do time é de 6-3, eles jogaram pau-a-pau com o melhor ataque da NFL antes de perder nos segundos finais para o Denver Broncos mesmo anotando 48 pontos, e eles estão a uma ou duas jogadas (em particular aquele holding do Tyron Smith contra o Detroit) de estar 6-3 ou 7-2 e serem os claros favoritos para vencer a divisão. A defesa está um pouco complicada com as lesões de Demarcus Ware e Anthony Spencer, mas o ataque está muito bem e Tony Romo está jogando talvez o melhor futebol americano da sua carreira. É um time muito sólido que tem tudo para chegar aos playoffs... até porque é possível que o campeão dessa divisão não precise ganhar mais que 8 jogos. Então tem isso.

Outra coisa a favor do Cowboys são os critérios de desempate. Atualmente, Dallas está um jogo na frente do segundo colocado da divisão Eagles (5-4 contra 4-5) mas Dallas tem uma enorme vantagem nos critérios de desempate: a equipe venceu os seus três jogos contra os adversários diretos dentro da divisão, o que pode ser importante caso haja um empate no final da temporada. O primeiro critério de desempate é o confronto direto e depois é o record dentro da divisão, e como Cowboys tem vitórias sobre os três outros times, está com uma boa vantagem em ambos os critérios - todos os outros times da divisão tem pelo menos duas derrotas dentro da NFC East enquanto Dallas está 3-0. Então em uma divisão apertada que pode chegar no final do ano com todo mundo 8-8, é uma vantagem considerável para os sonhos de playoffs do Cowboys.


Philadelphia Eagles

Por mais que muita gente adore atribuir os jogos ruins do Eagles - em particular os dois jogos consecutivos sem um TD de ataque antes da explosão contra o Raiders - ao ataque de Chip Kelly "não funcionar nos profissionais" ou alguma variação dessa besteira, o motivo pelo qual o time do Eagles as vezes fica estagnado no ataque é muito mais simples: o time não possui um grande QB. Michael Vick não tem as características ideais para jogar nesse esquema, mas vinha jogando bem e antes de sua lesão o Eagles tinha o segundo melhor ataque (em DVOA) da NFL. Depois de dois jogos muito ruins Nick Foles explodiu para 7 TDs contra a fraca defesa do Raiders, mas ele também não é o QB que o time precisa. O fato é que essa pessoa não está no elenco hoje, e portanto não tem como tirar o máximo desse ataque extremamente bem esquematizado hoje. Esse é o fator limitante para o Eagles nessa temporada e certamente o primeiro tópico que Kelly vai tentar resolver para o ano que vem.

Para 2013, aonde a temporada vai depende do quanto Foles (ou quem quer que seja o QB titular, que por enquanto é do Foles mesmo) vai conseguir render nesse esquema indo para frente. É possível que sua performance histórica contra o Raiders seja fruto de um bom jovem QB entendendo melhor o complicado sistema ofensivo do time contra uma defesa ruim, ou pode ser só um outlier contra uma defesa ruim também. Mas considerando o quão ruim é a defesa do Eagles, se o time quiser chegar nos playoffs, vai precisar da produção do ataque em altíssimo nível, e isso depende de Foles reproduzir ou não alguma coisa semelhante ao seu jogo contra Oakland. E se ele não conseguir, pode ter certeza que um QB vai sair para o Eagles no próximo draft.


New York Giants

Com duas vitórias seguidas, o Giants parece estar evoluindo e aos poucos deixando para trás aquele patamar horrível das primeiras partidas. Parte disso é resultado normal de alguns fatores além do seu controle regredindo para a média, parte disso é porque a linha ofensiva do time melhorou um pouco e tem dado mais tempo para Eli Manning lançar... e francamente, porque o time enfrentou dois adversários muito fracos e aproveitou a chance. Faz parte. 

Ainda é cedo para descartar o Giants, especialmente em uma divisão que eu acabei de dizer que pode ser vencida com um 8-8 ou 9-7 de record. Ano passado, o Redskins estava 3-6 antes de vencer sete seguidas, então ainda tem muito tempo para algo semelhante acontecer. Ainda assim, é improvável: a tabela do Giants ainda envolve jogos contra Lions, Chargers e Seahawks (e Packers, mas provavelmente sem Aaron Rodgers), sem falar nos confrontos dentro da divisão. Além disso, o time não tem sido bom o suficiente o ano inteiro: é o terceiro pior da NFL em DVOA, e o ataque terrestre ainda não existe. A chance está aberta, mas me parece muito pequena.

Talvez ainda mais preocupante para o Giants seja a enorme queda de produção de alguns jogadores que antes eram considerados os pilares para o futuro da equipe. Especificamente, Jason Pierre-Paul - que deveria tomar a liga de assalto como o próximo grande DE - não parece ter se recuperado das suas lesões nas costas, e em campo é apenas uma sobra do que era. A expectativa era que ele melhorasse ao longo do ano, mas não aconteceu, e agora essa é uma questão que o time precisa adereçar para o futuro. Hakeem Nicks, outro jogador que parecia ser uma solução a longo prazo, caiu enormemente de produção e não deve ficar para 2014. Então para um time que parecia ter uma base estabelecida para o futuro, isso ainda é mais preocupante do que o fracasso em 2013.


Washington Redskins

Outro time ruim de futebol americano, mas que tem evoluido nas últimas semanas e ainda sonha com uma vaga nos playoffs por jogar na NFC East!

O maior problema do Redskins no momento passa por aquele que antes era o grande salvador de Washington, o QB Robert Griffin. O fato é que Griffin não tem sido o mesmo depois de romper os ligamentos do joelho nos playoffs: seu aproveitamento nos passes caiu brutalmente (65.3% para 60.2%), as jardas por passe caíram para 7.2 (de 8.2, melhor marca da NFL em 2012) e seu TD/INT Ratio, antes de 4:1, agora está em 1:1, com 9 TDs e 9 INTs. Para ficar ainda pior, Griffin não se recuperou como corredor, ainda sem nenhum TD correstre mas liderando a liga entre QBs com 9 fumbles sofridos. Seu QBR de 42.2 o coloca em 26th entre 39 QBs qualificados. Isso é bem ruim.

Claro, é muito possível que tudo isso seja apenas um jogador que dependia muito do seu físico voltando de uma lesão grave, mas tem mais por trás. Em uma tentativa de poupar o corpo do seu QB, o Redskins decidiu que ia modificar o playbook do ano anterior - baseado muito mais em read options, bootlegs e jogadas que em geral tiravam RG3 do pocket e desmontavam defesas (mas o deixavam vulnerável a tackles), semelhante ao que ele usava na NCAA - para um mais convencional, com mais passes seguros do pocket. E RG3 não está se adaptando tão bem assim a esse novo estilo de jogo, cometendo muitos erros e com alguma dificuldade de ler as jogadas. É muita ingenuidade achar que RG3 só era bom por causa desse playbook e que não vai conseguir se adaptar nunca a esse novo estilo, talento ele tem de sobra, mas não é uma adaptação fácil mesmo para os melhores QBs, ainda mais um que não está fisicamente 100% ainda. 

Mas não é como se RG3 estivesse sozinho afundando o time - o jogo terrestre voltou a funcionar e o ataque está mais ou menos na média da NFL. A defesa, por outro lado, é a unidade mais frágil: Brian Orakpo nunca explodiu no pass rusher que se esperava e, apesar de Ryan Kerrigan continuar sendo um excelente jogador, o resto da defesa parece que regrediu depois de jogar acima do seu normal um ano atrás. Não é possível vencer na NFL com um ataque mediano e uma peneira de defesa, e a não ser que o time retome o ataque arrasador de 2012 - capaz de compensar a fraca defesa - não há muito a esperar desse time para 2013. E vale lembrar, o time não tem 1st round pick ano que vem.


Green Bay Packers

Perder seu QB titular já é ruim o suficiente. Perder seu QB titular quando ele é um dos cinco melhores da NFL é ainda pior. E tudo isso quando seu melhor jogador defensivo (Clay Matthews) está fora por tempo indeterminado com uma lesão no dedão (mais seu segundo melhor WR)... bom, é de acabar com qualquer time.

Antes da lesão de Aaron Rodgers, o Packers era um time estranhamente subestimado ao redor da NFL. Em parte porque algumas de suas vitórias não estavam sendo tão convincentes, mas não tinha nenhum motivo de fato para não acreditar que esse era um time de elite que poderia brigar com os Saints ou Seahawks da vida: eles possuiam um QB de extrema elite em Rodgers, um corpo de recebedores diversificado e completo (ainda que Randall Cobb esteja fora por mais algum tempo) e uma arma que o time não possuía até esse ano, um jogo terrestre muito competente baseado no excelente calouro Eddie Lacy. Mesmo depois de um jogo sem Aaron Rodgers, Green Bay ainda é o segundo melhor ataque da NFL depois do Broncos. Mesmo que a defesa tenha surpreendentemente sido uma das piores da temporada até aqui, a volta de Clay Matthews e um ataque tão explosivo deveria ser suficiente para fazer de Green Bay um forte candidatos ao título dessa temporada.

A lesão de Rodgers muda tudo. Os primeiros exames indicam que o Franchise QB de Green Bay ficará de fora pelo menos três semanas, e em uma divisão onde três times estão empatados no topo com 5-3 (Chicago e Detroit), essas três semanas podem fazer toda a diferença. A sorte do Packers é que são três jogos relativamente fáceis - Eagles, at Giants, Vikings - que o time pode ter esperanças de vencer mesmo sem Rodgers, mas esse é só o começo do problema. Não há nenhuma garantia que Rodgers volta depois de três semanas, pode ser que sim e pode ser que perca o resto da temporada. Então é importante garantir pelo menos duas vitórias nesses jogos sem seu melhor jogador, três derrotas podem tirar o time da briga pelo título de divisão, mas o que vai realmente determinar o futuro de Green Bay na temporada vai ser quando seu QB será capaz de voltar. Sem Rodgers, o time não tem chances nos playoffs.


Chicago Bears

Hey, é outro time que perdeu seu QB por algum tempo e está tendo que se virar com seu reserva! 

Ao contrário de Green Bay, Chicago não depende tanto de seu All-Pro/MVP QB por possuir um time mais completo: a defesa é acima da média (ainda que não a força que foi ano passado), seu jogo terrestre é mais consistente, e a linha ofensiva é melhor simplesmente não sendo um queijo suiço. Por isso que, apesar de Josh McCown ser um downgrade em relação a Jay Cutler, o Bears tem uma boa chance de sobreviver melhor sem seu QB - especialmente se McCown continuar jogando bem como foi o caso dos dois últimos jogos. O que preocupa é a defesa. Apesar da grande sorte no começo da temporada recuperando tantos fumbles, a sorte igualou e a defesa parou de forçar tantos turnovers. O resultado foram 45 pontos do Redskins e 20 do ataque do Packers com Seneca Wallace. A defesa de Chicago ainda é boa forçando turnovers, mas os dois safeties (Chris Conte e Major Wright) regredirem em relação ao ano passado e não é a mesma unidade compacta que não cedia uma jarda de espaço para seus adversários. Mas se Cutler voltar e o ataque continuar jogando nesse alto nível, esse vai ser um time perigoso chegando em Janeiro.

O Bears é um dos três times empatados na liderança da divisão Norte da NFC nesse momento, então ainda tem muita coisa em aberto. Cutler ainda é dúvida para o futuro, alguns dizem que ele já pode voltar domingo e outros que não, então a verdade é que ninguém sabe ao certo. O calendário de Chicago não é particularmente difícil, mas ainda inclui confrontos diretos com Lions (de quem perderam e que ficam em desvantagem no critério de desempate com outra derrota) e Green Bay (em casa, na última rodada). Considerando que Rodgers e Cutler não percam mais tempo do que o esperado, esses dois jogos (mais Green Bay-Detroit) devem definir os times que irão aos playoffs.


Detroit Lions

Bom, antes de mais nada, o Lions tem Megatron. Isso já ajuda demais. Além disso, Matt Stafford está não só saudável como tendo a melhor temporada da sua carreira, completando 62.3% dos seus passes para 7.7 jardas por passe, com melhores marcas da carreira em TD% e Int%. Talvez mais importante, Stafford finalmente está conseguindo se manter produtivo sob pressão: antes da temporada começar, uma das preocupações com Staff era sua mecânica de arremesso, que muitas vezes ao longo da temporada 2012 tinha mudado para um lançamento lateral muito feio e pouco eficiente, e a questão era se isso era por causa da lesão no seu ombro ou só uma mania ruim. Mas até aqui, o QB do Lions tem mantido sua mecânica sob controle e usado esse lançamento lateral para sua vantagem, usando sua maior velocidade para escapar da pressão ou fazer passes mais velozes. A precisão não é ideal, mas tem funcionado bem para evitar a pressão, ganhar tempo e desviar de sacks.. e com Megatron, as vezes não é preciso um arremesso preciso, só colocar a bola no ar perto dele que ele pega. Junte a isso a Reggie Bush, cuja carreira ganhou vida nova em Detroit, e você tem um ataque muito perigoso mesmo com a falta de alvos além de Johnson.

Mas quem vai ditar aonde o Lions vai esse ano é a defesa. As pessoas adoram falar mal do Ndamukong Suh e sobre como ele é um jogador sujo, mas ele é um jogador espetacular que está na conversa para Defensive Player of the Year e lidera uma linha defensiva que tem sido muito boa. A defesa de Detroit, quando inteira, tem sido na verdade muito forte destruindo linhas ofensivas e atacando o QB, mas as lesões a jogadores como Chris Houston, Louis Delmas e Ziggy Ansah tem atrasado esse grupo. Mesmo com todo mundo ele não é elite, mas é bom o suficiente para complementar bem seu ataque. Mas para isso vai precisar que as lesões parem e que Suh continue sendo um monstro.

A situação do time indo aos playoffs é a mesma de Chicago e Packers, na verdade: 5-3 e com um confronto direto contra cada adversário, Detroit pelo menos tem a vantagem de enfrentar a tabela mais fácil entre eles, com jogos contra Vikings, Steelers, Giants e Bucs ainda pela frente. Considerando as incertezas em relação a Cutler e Rodgers, Detroit me parece nesse momento ter a vantagem na briga pelo título da divisão, nem que seja pela sua tabela favorável.


Minnesota Vikings

2012 foi a temporada que deu tudo certo, então 2013 foi a que deu tudo errado. Times lotaram a linha de scrimage para parar Adrian Peterson, e o time não conseguiu achar um QB para fazê-los pagar por isso... e olha que o time tentou três diferentes. Enquanto o ataque caia assustadoramente sem um QB competente, a defesa também regrediu enormemente, viu sua maior força dos últimos anos (a linha defensiva) cair de produção e sofrer para colocar pressão no QB adversario... e quando você junta uma defesa ruim e um ataque ruim, o resultado nunca é bom. Os três calouros que a equipe pegou na primeira rodada - Xavier Rhodes, Cordarelle Paterson e Sharif Floyd - também falharam em causar grande impacto em campo e teriam dificuldades de jogar em times com mais talento (embora Paterson tenha estado muito bem como retornador). 

Como qualquer time sem uma solução de médio prazo como QB, o Vikings termina a temporada pensando no futuro. Com uma escolha alta, o Vikings é uma das principais apostas a irem atrás de um QB nesse draft atulhado de talentos (a não ser no improvável caso de que queiram dar mais uma chance a Christian Ponder). Mas o time que parecia perto do título (erroneamente) ano passado agora é um dos piores times da NFL, e nem o melhor RB da sua geração vai salvar a equipe esse ano. E talvez ano que vem, se o time continuar sofrendo para desenvolver novos jogadores.


Atlanta Falcons

A temporada do Falcons é uma grande surpresa a 2-6, considerando que o time chegou na final da NFC ano passado e que investiu ainda mais para essa temporada. Mas na verdade, isso faz mais sentido do que parece. A estratégia de Atlanta era bastante simples: gastar o máximo de ativos e espaço salarial para formar um pequeno grupo de elite dentro do seu time, sacrificando outras áreas e a profundidade do seu elenco. A idéia era que a força desse grupo de elite - no caso seu ataque - compensasse a fraqueza da sua defesa e outras áreas. E ano passado isso funcionou muito bem: a defesa foi mal, mas o ataque foi espetacular e o time esteve a uma ou duas jogadas diferentes de irem ao Super Bowl. 

Esse ano, tudo deu errado e relevou o lado ruim dessa estratégia. Lesões em Roddy White, Steven Jackson e na linha ofensiva - e depois Julio Jones - tiraram do time sua principal força, e foi quando a falta de profundidade da equipe apareceu. Não só a equipe não tinha jogadores bons na reserva para cobrir esses buracos, como o enfraquecimento do ataque aéreo escancarou os diversos outros problemas da equipe, sua falta de defesa, seu jogo terrestre complicado e por ai vai. Esse é o problema de ter um time muito concentrado em alguns poucos talentos fenômenais, quando um deles se machuca, você fica exposto. Foi o que aconteceu com o Falcons, um time que precisa urgentemente reforçar sua defesa e a profundidade do seu ataque para o ano que vem. Por ora, eles provavelmente vão tentar aproveitar Matt Ryan e Tony Gonzalez para roubar uma vaga milagrosa nos playoffs... mas a 2-6 com uma divisão muito forte, me parece muito difícil.


New Orleans Saints

Esse provavelmente foi o time que mais evoluiu de um ano a outro mudando quase nenhuma peça importante, disputando essa honra com o Colts. Embora "peça importante" apenas dentro de campo, porque Sean Payton está de volta na lateral, e isso certamente tem muito a ver com a evolução do time. O ataque de New Orleans voltou a ser um dos melhores da NFL, misturando corridas, passes longos e todo tipo de jogada, se aproveitando das características de cada jogador de uma forma que poucos consegue (e Payton é um deles). Claro, ajuda ter Drew Brees comandando o seu time, mas mesmo a evolução em relação ao ano passado salta aos olhos. Os jogadores estão sendo mais bem utilizados, e isso maximiza as habilidades do seu QB. Esse ataque voltou a ser assustador, especialmente quando Jimmy Graham voltar a estar saudável.

Mas o que faz do Saints um time extremamente assustador e talvez o time mais "seguro" da NFL é o quão completo ele é. Seu ataque já era esperado que evoluisse com a volta de Payton, mas a defesa foi uma das piores em 2012. Agora ela não é uma das melhores, mas é boa, e isso é o suficiente para solidificar muito a equipe em todos os aspectos. A chegada de jogadores como Kenny Vaccaro, a evolução de Cameron Jordan e a chegada de Rob Ryan tiveram um efeito excelente nessa defesa, de forma que a grande fraqueza da equipe sumiu. E isso que faz deles tão bons: eles não tem falhas. Eles tem uma boa linha ofensiva, um grande QB que comanda um bom jogo aéreo, e um jogo terrestre útil e variado. A defesa é especialmente boa contra o passe, e não comete muitos erros. É um time extremamente completo. Ainda assim, agora o Saints tem concorrência na briga pelo título da divisão, e seu calendário não vai ajudar: ainda recebe 49ers e viaja até Seattle. Mas com dois jogos ainda por jogar contra o Panthers, esses devem ser os jogos a definir a divisão.


Carolina Panthers

Com uma exceção, o Panthers é o time mais quente da NFL no momento: são quatro vitórias seguidas, com uma diferença de 80 pontos nesse perído, 20 por jogo (49ers tem 5 vitórias seguidas a 23 pontos de diferença por jogo). Claro, é difícil usar isso para julgar de fato o quão bom o Panthers é simplesmente porque foram quatro jogos contra times muito ruins (Bucs, Viks e Falcons somam três vitórias totais, e o outro era Saint Louis), mas no fundo, não é essa a tarefa de times bons quando enfrentam times ruins, ganhar deles com tranquilidade? Essas vitórias não dizem tanto assim pelo nível baixo de dificuldade, mas ainda assim eles pelo menos fizeram o esperado de um time superior. Também não está certo descartar tudo isso como irrelevante só porque não foram bons adversários.

Esse bom momento do Panthers, ao contrário do que muita gente espera com Cam Newton no ataque, começa na defesa. A secundária do time é fraca e cheia de jogadores secundários (perdão, não resisti), mas a linha de frente é um caso a parte. Liderados pelo Defensive Rookie of the Year de 2012 (e brilhante MLB) Luke Kuechly e por um forte candidato ao prêmio desse ano (Star Lotulelei), essa linha de frente está forte na conversa para ser a melhor da NFL. Ela é física demais contra o jogo terrestre e consegue chegar com facilidade no QB, e assim como o 49ers ano passado, ela consegue fazer isso sem dedicar ajuda extra em blitzes, o que permite que mais jogadores fiquem na cobertura para evitar expor sua fraca secundária. Enquanto essa linha de frente continuar dominando ataques, o Panthers vai continuar sendo um time forte... e isso antes de tocar no ataque, que voltou a se reencontrar nos últimos jogos atrás de fortes performances de Cam Newton e um bom jogo terrestre.

O problema do Panthers é que é difícil saber exatamente o quão bom eles são nesse momento. Eles começaram mal o ano e foram humillhados pelo Cardinals antes de sair nessa excelente sequência de quatro jogos, mas considerando o nível dos adversários, não é o suficiente para saber exatamente aonde eles se encontram. Os próximos jogos do Panthers são contra 49ers e Patriots, então depois dessas duas partidas poderemos saber mais sobre exatamente aonde esse time do Panthers se encontra. Uma das incógnitas mais perigosas da NFL.


Tampa Bay Buccaneers

O Bucs me lembra um pouco o Chiefs ano passado. Uma boa defesa cheia de grandes jogadores - Gerald McCoy, Darrelle Revis e LAvonte Davis estariam todos na briga para uma vaga no All-Pro Team a essa altura da temporada - e um ataque horrível, com um técnico pior ainda. No caso do Bucs, a questão ofensiva é menos falta de talento e mais um técnico nocivo: Vincent Jackson, Doug Martin e alguns jogadores bons de linha ofensiva não podem fazer parte de um time tão ruim. Assim como o Chiefs ano passado, outro time cheio de talento que foi muito mal, o Bucs esse ano me parece o tipo de grupo que com o técnico certo e um QB novo e mais estável poderia causar estragos - especialmente quando esse técnico a ser tirado é Greg Schiano, o pior da NFL na atualidade. Não descartem o Bucs tão cedo, especialmente se pegarem Bridgewater ou Mariota no draft que vem e voltarem com um técnico novo.


Seattle Seahawks

Isso pode parecer um pouco nitpicking quando falamos de um time que provavelmente é o melhor da NFC nesse momento, mas o que você acha do Seahawks depende do quanto você desconfia da dificuldade do Seattle em vencer times claramente inferiores nas últimas semanas. Alguns podem dizer que o que importa no final é a vitória, e não deixa de ser verdade, mas também é possível argumentar que o fato do time ter tanta dificuldade vencendo times ruins (Bucs, Rams e Texans) não mostra exatamente muita dominação. Com um pouco mais de azar, o time poderia facilmente estar 6-3 se não fosse a pick-six absurda do Matt Schaub, ou então um cara-ou-coroa contra o Bucs ou o Rams falhando ao entrar na end zone da linha de uma jarda. Por isso seu Pythagorean Expectations coloca o time com 6.5 vitorias, abaixo das 8-1 que o time de fato tem. Então isso pode colocar um pé atrás.

Por outro lado, o Seahawks tem mais credenciais de "melhor time da NFL" do que qualquer outro time tirando talvez Denver (o que não quer dizer que ele seja de fato). Sua defesa tem sido, até esse momento, uma das mais dominantes da NFL, segundo atrás apenas do Chiefs. Em particular, o time possui uma combinação mortal de secundária e pass rush: o pass rush não é perfeito mas não depende de apenas um ou dois jogadores (e portanto mais difícil de ser marcado) e consegue bons resultados, e sua secundária talvez seja a melhor da NFL, com um dos melhores safeties do mundo em Etan Thomas e um dos melhores CBs em Richard Sherman. A defesa é um pouco vulnerável pelo chão - foi assim que Bucs e Rams deram tantos problemas ao time - mas na hora de passar a bola nenhuma defesa oferece um desafio tão grande, seja pela versatilidade e profundidade da sua secundária como pelo seu bom esquema tático que parece maximizar as habilidades de cada jogador. A defesa do Chiefs provavelmente é a mais dominante da NFL nesse momento por sua capacidade de forçar turnovers e tornar a vida de QBs um inferno, mas para segurar um adversário em uma campanha final, não tem unidade mais confiável que a de Seattle.

O problema mesmo é a inconsistência do ataque. Marshawn Lynch voltou a ser humano essa temporada, com suas jardas por corrida caindo de 5 ano passado para 4.3 esse ano (btw, 4.3 ainda é muito bom, 5.0 que é de outro mundo), e principalmente, a linha ofensiva foi destruída por lesões, o que tirou bastante o tempo de Russell Wilson para passar a bola, o que força o QB a improvisar e correr muito mais do que seria o ideal, ao ponto de que ele parece as vezes pensar primeiro em correr e depois em passar - uma vitória para qualquer defesa que o enfrente. Então essa inconsistência - e o fato de que o time só jogou dois jogos dominantes o ano inteiro, contra 49ers e Jaguars, e isso já faz cinco rodadas -  torna difícil dizer que o Seahawks é tão superior aos demais times da NFC. Russell Okung ainda pode retornar essa temporada, e Percy Harvin ainda não estreou depois de machucar novamente o quadril, então não é também como se Seattle estivesse apenas ladeira abaixo. Seahawks é o melhor time da NFC na atualidade, mas isso não quer dizer que vá ser quando chegar Fevereiro.


San Francisco 49ers

Para usar uma das minhas frases favoritas de Eyeshield 21: "Em termos de pedra-papel-tesoura, de alguma forma eles estavam jogando apenas com pedra e tesoura". Foi o que aconteceu com o 49ers, que teve que jogar a primeira metade da temporada apenas com parte de seu elenco. Michael Crabtree estava fora, assim como Mario Manningham, limitando consideravelmente o jogo aéreo da equipe. Defensivamente, Patrick Willis jogava no sacrifício, Aldon Smith se ausentou da equipe e Eric Wright, Tank Carradine e Quinton Dial ainda não estavam saudáveis para entrar. Então o 49ers teve que se virar como pode durante isso, antes de receber todo mundo de volta para a próxima rodada, com exceção de Crabtree que deve voltar daqui a duas semanas. 

O fato é que o Niners fez muito bem mesmo sem tanta gente. O ataque do time é o sexto melhor da NFL em DVOA, e para toda a conversa de sophomore slump, Colin Kaepernick agora é o terceiro melhor QB da NFL em QBR. Nas últimas semanas, o time começou a usar seu playbook de verdade, com Kaepernick correndo para 110 jardas e 3 TDs nas últimas duas semanas e abrindo espaço para o jogo aéreo.. antes de Manningham e Crabtree voltarem para aumentar as opções do jogo aéreo. E enquanto isso, a defesa se manteve bem, com boas atuações dos calouros Corey Lemonier e principalmente o candidato a DROY Eric Reid, uma unidade Top10 mesmo sem um dos melhor pass rusher da NFL. Considerando que, desde as derrotas para Seahawks e Colts, o time está 5-0 ganhando os jogos por em média 23 pontos, é suficiente dizer que o time segurou as pontas muito bem enquanto espera a volta do resto do time.

O teto desse time depende do quanto a chegada desse pessoal vai afetar a equipe. Manningham não é uma estrela e Crabtree não deve estar 100% esse ano, mas ainda assim seriam upgrades em relação aos Kyle Williams e Marlon Moores que o time foi forçado a usar essa temporada, e essa maior variedade no jogo aéreo vai abrir ainda mais os espaços para Vernon Davis e Anquan Boldin, sem falar do jogo terrestre. Do outro lado, Aldon Smith está de volta junto com o resto dos reforços, então ainda que apenas Smith seria um titular entre esses (e Willis saudável, claro), eles adicionam para a rotação e mantém os jogadores mais frescos. Então realmente vai depender do quanto a chegada desses jogadores vai mudar no nível de jogo da equipe. Se adicionarem pouco em relação ao atual, ainda é um time muito bom que apresenta perigo chegando nos playoffs, bem balanceado entre ataque e defesa. Se os recém-chegados conseguirem ter o impacto que se espera deles, esse time pode chegar em Janeiro como o melhor da NFL. Vale a pena acompanhar o que vai acontecer com o time.


Arizona Cardinals

O Cardinals é um time que poderia estar brigando pelos playoffs se jogasse em outra divisão. Apesar de um ataque que conta com o extremamente inconstante Carson Palmer de QB, é um time que conta com uma defesa extraordinária, com o melhor CB da NFL (Patrick Peterson) e que está 4-1 em todos os jogos fora da NFC West, mas 0-3 dentro dela. E a 4-4, é um time que ainda briga pelo Wild Card, apenas 1 jogo atrás de Panthers, Bears e Packers. Não durmam no Cardinals.

O problema do Arizona, claro é que ele possui uma enorme disparidade entre ataque e defesa. Sua defesa é simplesmente dominante em todas as áreas: Tyrann Mathieu entrou muito bem, Peterson é um monstro, Daryl Washington é talvez o MLB mais versátil da NFL, e a linha de frente com Calais Campbell e Darnell Dockett é uma das melhores da NFL. Em resumo, é uma unidade que consegue fazer de tudo, marcar todo tipo de adversário e dominar oponentes - não a toa aparece 1st em DVOA na temporada. Infelizmente, do outro lado da bola, a situação é oposta: apesar de possuir uma ótima dupla de WRs e um RB emergente em Andre Ellington, o time não consegue produzir o suficiente. Palmer tem sido um dos piores QBs titulares da NFL em 2013, incapaz de dar a bola para seus WRs e produzindo interceptações demais (10 TDs, 14 INTs), e por algum motivo o técnico Bruce Arians insistiu demais com Rashard Mendenhall de RB (3.1 YPC) ao invés de usar Ellington (7.7 YPC). O primeiro não vai se resolver durante a temporada, e o Cardinals vai ter que adereçar durante a offseason. O segundo é mais fácil, e se o time conseguir tirar o máximo de Ellington e se focar mais em correr com a bola e usar o play action enquanto confia na sua defesa para boas posições de campo, pode causar barulho na reta final.

Na briga pelo WC, o Cardinals parece estar um nível abaixo dos seus concorrentes (Bears, Lions, Panthers, Saints, 49ers, Seahawks ou Packers), ainda mais tendo que enfrentar Niners e Hawks de novo (mais Colts), mas não pode ser descartado. E quando acabar o ano, pelo amor de deus, procurem um QB no draft ao invés de trocar uma escolha de segunda rodada pelo Nick Foles ou coisa assim.


Saint Louis Rams

Saint Louis é o elo frágil da NFC West, um time que está tendo dificuldade tanto no ataque como na defesa. Na verdade, sua defesa parece seguir o mesmo roteiro dos últimos anos: alguns talentos espetaculares como Robert Quinn, Chris Long e Alec Ogletree presos em um conjunto abaixo do esperado, preso demais a contratos enormes e ineficientes (Cortland Finnegan, alguém?). Como conjunto não tem funcionado porque a secundária não tem funcionado, e o ataque tem sido praticamente atroz -  a única pessoa que se salva é o calouro Zac Stacey, que acabou aparecendo como um bom RB.

Para o Rams, o importante é considerar a sua situação de QB depois da lesão de Sam Bradford. Essa situação eu expliquei em detalhes anteriormente, mas basicamente o time pode optar por cortar Bradford essa offseason e salvar mais de 10M em salary cap, ou então ficar com ele mais dois anos e pagar seu contrato imenso e absurdo na íntegra. Bradford nunca mostrou que pode ser um QB de qualidade na NFL, vinha em um ano ruim, e está preso a um contrato enorme por ter sido a última 1st pick sob o velho CBA, então essa offseason seria a chance do Rams de cortar esse vínculo e seguir em frente. Para ajudar, o time tem duas escolhas altas ano que vem no draft - sua 1st rounder e a do Redskins - então opções não vão faltar. Mas em 2013, não tem muito mais o que esperar desse time.

2 comentários:

  1. Você acha razoável crer que o Washington, caso perca mais 2 jogos (extremamente provável) abandone essa temporada e coloque RGIII pra se recuperar totalmente? Eu se fosse head coach ja teria feito isso há tempos, e ach oque mais duas derrotas deve convencê-lo que o Redskins não tem mais nada com essa temporada.

    Uma coisa que eu também jamais entendi é por quê o Packers é tão subestimado. Uma pena que a defesa não esteja indo bem, e seja tão terrível protegendo a red zone. Não torço pra ninguém em específico, mas quero ver o Packers nos playoffs e de preferência sem ter que jogar Wild Card. A droga disso é que eu também queria ver Bears E Lions nesses playoffs...

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    1. Não acho provável por dois motivos. Primeiro, porque o time não tem escolha de primeira rodada então não adiantaria muito tankar. Segundo, porque essa é uma chance da equipe recolocar o RG3 com ritmo, especialmente com ele precisando se adaptar a um playbook novo. Time já vai estar fora, pressão não vai mais ter, então é melhor deixar o RG3 aprendendo em campo do que tirar ele e tentar ensinar na offseason de novo. O que deveriam fazer é evitar suas corridas ao máximo caso isso aconteça.

      Também não entendo sobre o Packers (Tem até uma pergunta disso no próximo mailbag), eles são muito bons e ninguém presta atenção. Mas se for verdade que Rodgers perderá 6 jogos, acho que pode esquecer a temporada salvo muita sorte..

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